ANÁLISES E EQUÍVOCOS…

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Olhando bem essa primeira foto, constata-se o grande equivoco que ela representa, pois o grande Gasol nada representaria sem o apoio decisivo de seus armadores, isso mesmo, armadores no plural, que em determinados momentos da final eram três, todos abrindo os caminhos para a evolução triunfal do ala pivô, com seus arremessos curtos de alta precisão, seus ganchos tecnicamente corretos e as mil e umas bandejas, frutos de seu exemplar posicionamento nos rebotes, tudo isso no ataque, pois na defesa, sua velocidade aliada a de seus companheiros, antecedia as jogadas e ações dos adversários, que sucumbiam frente, não só ao grande jogador, mas ante toda uma equipe empenhada em…isso mesmo, defender, contestar dentro e fora do perímetro com antecipação, e por isso mesmo, vencer com todos os méritos…

Indo mais além, teria sido essa a foto que retrataria um jogador, não com um 4 na camisa, e sim um 14, conterrâneo nosso, que foi um dos dois únicos a tentar transformar um jogo coletivo em individual, estando um deles no limiar de encerrar sua carreira no Lakers…

A segunda foto, repete o que a maioria de nossos entendidos teima em negar, a inexistência de diferenças entre armadores,  onde 1 e 2 representam apenas posições dentro do sistema único, que é o ícone tático para essa turma, quando, na realidade de algumas das equipes de ponta no mundo FIBA, e uma ou duas NBA, exercem as mesmíssimas funções de armação, envolvendo o perímetro externo com o dobro de ações e soluções ofensivas, principalmente na alimentação do jogo interno, originando performances de alto nível de seus alas pivôs, como no caso lapidar do Gasol…

Sem esse apoio, inclusive de um terceiro armador utilizado inteligentemente pelos espanhois, o MVP do europeu não atingiria o nível que atingiu, também, magistralmente…

Olhando detidamente essa segunda foto, podemos avaliar o quanto ainda temos de avançar no entendimento e compreensão do grande jogo em nosso país, onde um Bebê é lançado por analfabetos de basquetebol, no colo de um técnico espanhol que o fez optar pelo pivô, quando ansiava a ala, tendo os mesmos 2,14m do Gasol, a mesma flexibilidade, velocidade e envergadura, mas não a opção de escolha (agora mesmo na matriz, deve estar sendo convenientemente malhado por fora e por dentro para ser mais um cincão…), pois afinal de contas, que espanhol gostaria de ver um brasileiro evoluir no mesmo sentido de seu herói?

E não seria esse o mesmo caminho do Caboclo, em oposição ao projeto canadense de formar seus futuros selecionáveis nos colleges americanos, enfrentando, quem sabe, a sanha dolarizada de aventureiros agentes? E quantos mais dos nossos percorrem, e ainda percorrerão tão equivocados trajetos, onde a grande maioria fica à margem do processo evolutivo do grande jogo?

Mas a foto ai está, mostrando a premiação do quinteto titular da competição maior européia, com três armadores e dois alas pivôs, para desespero da turma adepta do 1 ao 5…

Mas o mais emblemático, é a força descomunal que os analistas especializados exercem no sentido de deificar um só jogador, como se ele fosse, sozinho, capaz de vencer todas as partidas, mencionando sua genialidade funcional e atlética, quando na realidade, na mais objetiva das realidades, faz o mesmo parte de uma geração brilhante de armadores e alas, tão habilitados em pontuais ações de pivô como ele, sem o brilhantismo e a perceverança catalã que ostenta, mas que distante do coletivismo de sua equipe, pouco representaria ao final dos embates. Logo, o grande MVP Gasol é o mais legitimo produto de um conceito de jogo que por aqui a maioria não aceita, sequer ousa tentar, já que escravizados a um sistema que anula a livre iniciativa, a criatividade, amarrados a lideranças coercitivas e emparedadas em pranchetas midiáticas…

Quando me estendo nesse assunto, talvez por ser um dos raros técnicos que o tenha praticado de verdade dentro das quadras tupiniquins, da formação de base a elite, tentando divulgar a dupla armação e a tripla ação interna de alas pivôs ágeis e velozes, exatamente próxima ao que acabamos de assistir no pré europeu, sucedendo a vitoriosa caminhada do coach K e suas seleções americanas (as femininas inclusive), culminando uma revolucionaria e estratégica mudança de conceitos de jogo, é pelo fato inconteste de que sempre acreditei na livre iniciativa, no livre pensar, e consequentemente no poder da criatividade e da improvisação consciente, aquela adquirida pelo pleno domínio dos fundamentos do jogo, embasando sistemas ofensivos e defensivos frutos de uma mais consciente ainda leitura de jogo, alma mater de uma verdadeira equipe em busca de coesão e autêntico coletivismo…

Uma terceira foto espelhando um belo trabalho de duas décadas de dedicação a base e brilhantes resultados decorrentes de um coerente planejamento a longo prazo, em oposição às mesmas duas décadas de fracassos e criminosa omissão na direção do nosso indigitado basquetebol,infelizmente…

Amém.

Fotos – Divulgação FIBA. Clique nas mesmas para ampliá-las.



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