RESPECT…

 

Toca o telefone, e a voz do outro lado é incisiva – Como é Paulo, resolveu jogar a toalha? – Silencio, e rebato –  Ainda não, mas pensando bem, o que inspira a escrever cara, se nada, absolutamente nada acontece de realmente importante? Enfeitam o santo com prendas, bolas incrementadas, comércio de camisas estrangeiras, tiaras e pulseiras, estrangeiras, tênis grifados, estrangeiros, clínicas com estrangeiros, dançarinas estrangeiras, artigos técnicos estrangeiros, largamente copiados e copidescados por certa mídia dita especializada, agindo e interagindo como se lá estivessem, inclusive sugerindo e opinando receitas técnico táticas aos gringos, os mesmos que só ouviram ligeiramente falar do Neymar, e que não estão nem aí para pitacos terceiro mundistas, mas que não abrem mão de teimar dominar um mercado num país de mais de 200 milhões de incautos consumidores de um mercado que inicia sua decadência lá mesmo, na matriz…

Continuarei aqui na trincheira, tomando conhecimento de algumas manifestações inteligentes que, teimosamente ainda chegam em parcos emails, como este:

Nome andre dias
Email andre.mattedi@ufba.br
Telefone
Menssagem Caro prof. Paulo Murilo,

A entrevista publicada com o técnico Larry Brown no Bala reitera várias de suas teses!

– Que lembram posições, conceitos e formulações teórico práticas larga e profusamente publicados neste humilde blog, a mais de 12 anos, incansável e repetidamente, na esperança sempre presente de poder, ao menos por uma vez mais, poder repetir a fugaz experiência no NBB2, e que somente agora constata a utilização rudimentar dos mesmos, por um ou outro estrategista mais disposto a algo diferenciado, ousado, e com a dose de inteligência que os norteava desde sempre, bem ao contrário de uma declaração do nóvel comandante rubro negro, no O Globo de 19/8/18, pág 51, quando afirma – (…) Eu me sinto preparado para estar aqui. O elenco que o Flamengo montou é moderno, com jogadores capazes de fazer mais de uma função e atléticos, capazes de correr a quadra inteira. São inteligentes dentro da quadra, que é uma característica do basquete atual (…) , discurso que de imediato levanta uma questão – Não era inteligente o basquetebol que antecedeu sua augusta presença, seu genial e fantástico conhecimento do grande jogo? Pena que nos seja negada corporativamente a oportunidade de   antepôr na quadra uma primária e mais do que nunca inteligente resposta, que sempre existiu e aconteceu num não tão distante passado do grande jogo em nosso país, interesseira e politicamente escamoteada por uma geração de estrategistas colonizada pela inalcançável matriz, que nos quer somente ancorados em seus interesses comerciais, jamais os técnico táticos, tendo como anteparo as discrepantes barreiras econômicas, sociais, educacionais e culturais que nos separam, e que continuarão a nos separar, ou não?…

Também sinto saudades dos grandes e profícuos debates que ocorreram nestes 14 anos de Basquete Brasil, inclusive com excelentes jornalistas, como este com o Giancarlo Gianpetro, agora replicado, num momento em que se faz necessário, pois exprime a faceta mais inteligente no âmbito do grande jogo aqui praticado, que nunca deixou de existir, contrariando o posicionamento acima externado, negando o exigido respect pela tradição histórica do grande, grandíssimo jogo por nós praticado desde sempre…

Amém

ENCRUZILHADA E OPÇÕES…

terça-feira, 6 de agosto de 2013 por Paulo Murilo 2 Comentários

Tenho me divertido muito nos últimos dias com a leitura de alguns blogs sobre o futuro técnico e tático do nosso basquetebol, muito mesmo. Como que num estertor terminal de um conceito que todos professam, profundamente lastreado no sistema único de jogo com suas posições estratificadas de 1 a 5, cujas nomenclaturas bailam de armador puro a finalizador, escoltas de várias matizes, alas de força ou de finalização, pivôs light ou heavy, toda uma setorização que beira ao ridículo, mas que se sustenta através o pragmatismo funcional de uma forma de jogar com domicílio no hemisfério norte e canhestramente copiado por estas colonizadas plagas, vide a quase absoluta migração da mídia especializada para os lados dolarizados da NBA, cujos tentáculos se voltam para o nosso país em busca de um mercado deslumbrado e ávido em consumir tecnologias de ocasião, seja lá as que forem…

Nunca li tanto conhecimento, vasto e aprofundado (?), sobre o grande jogo, mas o de lá, não o daqui, divulgado em todas as mídias, muito bem patrocinadas e financiadas, numa ascendente influência e dominação que deveria preocupar seriamente nossas lideranças desportivas, e mesmo as educacionais.

Então, a tendência analítica do que aqui se pratica técnica e taticamente, presa que está aos cânones mais do que solidificados do tal e absurdo sistema único (e tem gente que jura com os dedos em chifre, que está mudando, evoluindo…), é de simplesmente avaliar e comentar o que vêem sob a ótica do que sabem, ou pensam saber sobre o mesmo, unicamente o mesmo.

Temos então, no caso da seleção masculina adulta, opiniões que se concentram, não na condição do conhecimento e domínio técnico dos jogadores selecionados sobre os fundamentos, os diversos sistemas, a leitura de jogo, e sim do que são capazes de produzir em suas posições de 1 a 5 (acho que bem mais do que 5…), como peças estanques de uma engrenagem a serviço de um esquema formatado e padronizado (aí está a ENTB para confirmar…), e não um corolário de conhecimentos que os tornariam aptos a novos experimentos táticos, e por que não, estratégicos.

Neste ponto sugiro a releitura do artigo aqui publicado e muito bem comentado Papeando com o Walter 2…(Artigo 600), no qual muito do que deveríamos saber e dominar sobre a dupla armação se torna básico pela tendência, mais do que evidente, de que seja essa uma das opções do técnico Magnano em seu profícuo trabalho na seleção, assim como, forçado pela desistência dos grandes pivôs de choque convocados, e que optaram pela NBA, volta seus olhos para aquele outro tipo de pivô, da nossa sempre lembrada e vitoriosa tradição, os de velocidade, flexibilidade, e acima de tudo, multifacetados.

Sem dúvida alguma teremos de ir de encontro a esse novo (?) tipo de pivô, melhor, ala pivô, e para meu gosto, pivô móvel, rápido dentro do perímetro, ágil na recepção dos passes, flexível no drible, nas fintas e nos arremessos de curta e média distância, assim como na defesa antecipativa, veloz e inteligente, e que ao se deslocar permanentemente ganha em impulso extra para os rebotes, que muito além do impacto físico, prioriza a colocação rápida e espacial nos mesmos, vencendo em muito a lentidão e peso dos tão amados “cincões”, e o mais importante de tudo, jogando de frente para a cesta.

No amalgamento dos armadores com esses novos arietes, se destina a nossa retomada, o soerguimento de uma tradição vencedora que muitos teimam em omitir, pois pagariam o preço de tornarem a conhecer a nossa história, e não a dos outros, com a finalidade de nos impingi-la goela abaixo, como a verdade a ser seguida, digerida, sacramentada.

Sugiro também a releitura do artigo O que todo pivô deveria saber, que muito elucidaria a correta forma de atuar e jogar de um jogador de tal importância inserido num correto sistema de jogo, aberto e democrático.

Mas Paulo, e as bolinhas de três, nossa “grande arma”, como é que ficam?

Numa equipe jogando da forma acima citada, bolas de três suplementarão o sistema, e não o tornarão escravo das mesmas, numa inversão de prioridades, e sim na busca da precisão, que é o objetivo maior a ser alcançado, além de eliminar de vez aquele tipo de jogador pseudamente “especializado” que é facilmente encontrado em determinadas e repetidas zonas da quadra, parado e acenando em busca de um passe que o torne imprescindível… Importante é saber para quem…

Enfim, acredito estarmos no limiar de uma grande escolha, ou a manutenção da mesmice endêmica que nos tornou escravos de um sistema absurdo e anacrônico, até mesmo para seus inventores lá de cima, ou a busca e encontro de algo não tão novo assim, mas que nos tornariam proprietários de um modo de jogar o grande jogo absolutamente único, e quem sabe, vencedor…

E não perdendo o bonde da história, me pergunto curioso e instigante onde andarão o Cipolini, o Gruber e o Murilo nessa convocação, já que os mais ágeis, rápidos e flexíveis pivôs móveis que possuímos e à disposição? Onde?

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

 

2 comentários

  • Giancarlo Giampietro08.08.2013· 
  • Olha, professor,
  • como não há identificações de quem seja ridículo, corre-se o risco de vestir uma carapuça que não seja a sua, mas… Já que um dos termos citados no artigo é um que já utilizei recentemente ou costumo utilizar, não tem como não se sentir atingido. Fica bem claro. Então vamos lá, vestindo.
  • “Armador puro”.
  • Bem, “puro”, no meu conhecimento limitado da língua, é um adjetivo. Adjetivo que, desta maneira, viria para qualificar o substantivo “armador”, da mesma forma que “ágil”, “alto”, “magro” e até mesmo “pesado”. Não se trata de uma conotação “ala-de-força”, ou algo assim. “Qualificar”, para mim, não quer dizer “petrificar”, “amordaçar”, ou “estratificar”.
  • A intenção do termo “puro” é indicar que estamos falando de um armador classudo, muito mais preocupado em ajudar seus companheiros, daqueles com vocação natural para a coisa, mesmo, que nascem com essa propensão. Sabemos que existem esses tipos por aí e alguns deles infelizmente nunca pegaram numa bola de basquete na vida – ou na de handebol, vôlei ou futebol, ficando no meio do caminho por mortes ou outras decisões econômicas. É gente que nasce com um dom, com uma qualidade que dificilmente vai ser ensinada em treinos de fundamentos ou estudo de DVDs. Você melhora, mas tem limite.
  • Esse armador puro pode ser muito mais preparado em fazer o time jogar do que um Larry Taylor, um Nezinho ou um Arnaldinho, mas isso não quer dizer que ele não vá finalizar, rebotear, defender, correr, sorrir ou espirrar. Isso me parece algo bem simples de entender.
  • Além disso, pensando em gramática, na essência, se somos contra nomenclaturas, o ideal seria abstrair tudo. Não demoraria a chegarmos a uma conclusão de que nem “armador”, nem “pivô”, nem “ala”, nem “ala-pivô móvel” fazem sentido também. Não deixam de ser todas essas nomenclaturas, posições ou funções? Guards e/ou forwards? Etc. etc. etc. O quanto isso é ridículo ou não? Tudo depende do ponto de vista, e não importa se estamos falando de técnicos, jornalistas ou meros curiosos. Não nos esqueçamos que há gente de esquerda e direita que acha realmente ridículo, para não dizer estúpido, o ato de pingar uma bola com a mão e atirá-la ao cesto. Que o esporte é o circo.
  • Ideia com a qual obviamente não concordamos.
  • * * *
  • Quanto a outras colocações um tanto escrachadas no que se referem a NBA, me sinto no direito de preservar minhas questões particulares – adiantando apenas que, não, não ganho dólares da liga, nem tenho conta nas Ilhas Cayman. Uma pena? Vai saber, que o destino nos julgue mais pra frente.
  • Mas o ponto importante aqui: o senhor não sabe qual a rotina dos outros jornalistas (“blogueiro” seria só uma posição), que ganha o que e de quem para tocar a vida adiante. São pontos essenciais para se considerar antes de fazer qualquer tipo de comentário. Tenho certeza de que a vida de um jornalista do Jornal do Commercio difere da que um rapaz do jornal A Tarde leva, ou do Zero Hora, ou da Folha, ou do correspondente brasileiro de El País. Pelo simples fato de que as realidades são diferentes, envoltas por lutas (não confundir com bandeiras) diferentes no dia-a-dia. Que veículo investe em quê? Quais são os objetivos?
  • De todo modo, o espaço é sempre público e pode-se questionar ideologias e meros gostos. Porque fulano escreve sobre basquete, não é obrigação nenhuma que outro da mesma espécie vá assinar embaixo de tudo que lê. Abomino o corporativismo. Então há, claro, espaço, sim para críticas, correndo sempre o risco de nos tomarmos pela arrogância. Há quem seja limitado no entendimento, há quem seja limitado para pontuar um texto. Cada um lida com as limitações do jeito que dá, por vezes sem sucesso.
  • Da minha parte, nunca fui um nacionalista, o que não quer dizer que não goste do meu país, a despeito das sacanagens de sempre que nos atormentam. Não obstante, também não me apego a fronteiras. Não vou deixar de ler Dostoievski ou Raymond Chandler para viver só de Machado de Assis (meu autor preferido) ou me apeagar a um Paulo Coelho. Vale o mesmo para cinema, teatro, música, sociologia, antropologia. E o basquete?
  • Acredito que paixões, conhecimento, estudo extrapolam qualquer fronteira. NBA, Irã, China, África, Austrália… Pouco importa, se é basquete, tou dentro. Do contrário, levando o raciocínio a sua origem, o Brasil nem mesmo teria de se meter a jogar um esporte inventado, ao menos oficialmente, por alguém de nome Naismith.
  • * * *
  • Como o artigo é rico, e a saraivada não para, tenho mais observações a serem feitas.
  • Sobre a análise de jogos, não vou entrar no mérito de quem é melhor ou faz melhor, porque para isso está muito claro e sempre dei links de artigos seus em textos no blog.
  • Só me incomoda um pouco, e aqui falo até mesmo como leitor, o fato de que, aparentemente, apenas o seu conceito de jogo seria possível ou factível para o basquete brasileiro – ou mesmo o basquete como um todo. Se as críticas ao “sistema único” são factíveis e, mais que isso, válidas, adotar apenas o sistema que o senhor defende também seria bastante limitado, não? Esta é A Maneira Correta de se jogar?
  • Claro, diante da pasteurização predominante (o que não significa 100%), o que o senhor propõe seria diferente. Mas esta, imagino eu, não é também a única alternativa possível para Brasil, Japão, Jacareí ou New York Knicks. Não creio que toda cabeça pensante concorde.
  • Segundo: se um time pratica determinado basquete, é natural que as pessoas vão comentar esse basquete praticado. Ir além e propor outras coisas tornam artigos maiores. Sempre melhor oferecer algo diferente, original – o que não quer dizer autoral também.
  • Mas isso não invalida o comentário acerca de determinado jogador ou time. No caso de Lucas Bebê, realmente é de se pensar se ele não poderia ser um jogador muito mais completo. Por outro lado, se o técnico pensa que sua função é coletar rebotes e proteger o aro, por que alguém haveria de avaliá-lo de outra maneira? Existe um contexto mais factual, material que precede e/ou acompanha análise.
  • * * *
  • Por fim, um blog, uma coluna, um texto, um folhetim, um panfleto, um programa de TV… Todos eles podem ter enfoques diferentes. Há quem faça mais entrevistas. Há quem se dedique a crônicas. Há aqueles que escrevem de modo chato para um, de modo “genial” (palavra da moda) para outros. Não existe o que é certo, nem errado neste caso. Cada um na sua, cada macaco no seu galho. Volta, comenta, lê e, neste caso, responde quem quiser.
  • Segue a vida.
  • Abs,
  • Giancarlo.
  • Basquete Brasil09.08.2013·
  • Olha Giancarlo, muito legal seu comentário, e o que mais me alegrou foi o fato de ter sido essa a primeira vez nos nove anos desse humilde blog, a ter um comentário/resposta jornalístico de tal ordem e valor, provando com sobras sua real finalidade, a de discutir aberta e democraticamente o grande jogo em toda a sua dimensão e importância, onde a discordância fundamentada torna sadio o debate, trazendo em seu corpo a busca incessante do conhecimento e do nem sempre provável consenso, encaminhando-o ao encontro do almejado bom senso.
  • Então, discordando ou não, exercitemos uma tréplica, que de acordo com sua vontade se estenderá ou não para mais adiante.
  • Carapuças a serem vestidas inexistem no texto, pois a mencionada setorização se prende ao aspecto posicional, onde variadas terminologias visam exclusivamente a formatação e padronização de uma maneira única de ensinar, treinar e jogar o grande jogo, negando ao mesmo a generalidade tática que o tornou complexo e belo de praticar e assistir.
  • O termo armador puro foi ouvido pela primeira vez por mim através uma definição que o velho Togo Renan fazia a armadores da época, em particular o Fernando Brobró, o Barone e o Peixotinho, a qual não concordava, mesmo vindo do grande e mítico técnico. Logo, os termos que enumero definem a mencionada setorização, e não aqueles que fazem uso deles em seus comentários.
  • Por outro lado, em nenhum dos mais de mil textos publicados fui contrário às várias funções que são assumidas e desenvolvidas pelos jogadores, e sim que os mesmos se fixem em uma ou duas, como o exigido pelo sistema único, mas que sejam preparados e treinados em todas, mesmo que no transcorrer do processo técnico tático a que estão ligados optem, ou sejam orientados a determinados papéis, mas sempre aptos a exercerem os demais quando solicitados, com um mínimo de eficiência possível.
  • E na busca dessa pluralidade é que pude desenvolver e estudar sistemas de jogo autorais, por que não se verídico, na luta arduamente travada para que tal busca pelo novo, pelo inusitado, servisse de mote técnico comportamental para todos aqueles envolvidos na função de soerguer o grande jogo entre nós.
  • Além do mais, nunca, em tempo algum de minha longa vida, impus ações e comportamentos a quem quer que fosse, principalmente os técnicos, mas que procurassem desde sempre um caminho todo seu, único, se possível autoral.
  • Logo, quando menciono armadores e pivôs móveis estou definindo uma estratégia de ação, e não um corolário de funções, aquelas que você menciona não fazerem sentido como nomenclaturas de funções e posições, inclusive as minhas duas, se levadas ao termo, podendo inclusive, serem taxadas também de ridículas, no que concordo. Para mim a verdadeira posição de um jogador é a 12.345, com as devidas capacitações e oscilações inerentes à mesma.
  • Continuando, não vejo como escracho, críticas que faço a insinuante penetração da NBA em nosso país, que se mantida e desenvolvida da forma que se apresenta, fatal e historicamente tenderá ao esmagamento das tentativas que façamos para soerguer o basquetebol nacional, cada vez mais esvaziado de bons articulistas, de eficientes e determinantes jornalistas, fazendo com que o peso de sua influência dolarizada e globalizada não encontre barreiras que se imponham a tais desígnios, e nesse ponto também não podemos ignorar que tal estratégia de mercado fatalmente transitará pelos portais midiáticos que apoiam e patrocinam seu projeto de ação, e que de forma alguma o beneficiará com a gratuidade comercial.
  • Muito bem sei e avalio a função profissional de um jornalista, a qual também pertenço, por formação, mesmo lutando algumas vezes na arte de pontuar um texto (olha a carapuça aí, prezado colega…), mas reconhecendo suas agruras e eternas dificuldades, não só profissionais, como éticas, acima de tudo.
  • Num ponto somos discordantes de fato, pois sou profundamente nacionalista, atitude a que cheguei após percorrer e conhecer quase todo esse nosso imenso território, sempre trabalhando e estudando, assim como percorrer o de outros muitos países, igualmente estudando e trabalhando, pois se bem me recordo, somente uma única vez o fiz em turismo, e mesmo assim por conta de uma conferência em Portugal, que me destinou passagens para esse único evento. Todo esse conhecimento e descoberta, me fez convicto do inesgotável potencial desse nosso país/continente, rico e poderoso por seu diverso gentio, por sua unidade linguística (única no mundo e sua grande força), e por sua herança de paz e amizade, aonde o grande jogo chegou um dia a ser a segunda paixão esportiva de seu povo, inquestionavelmente.
  • Mas assim como você, jamais neguei acesso à literatura, música, cinema, dança e teatro internacionais, mas sempre privilegiando o nosso, sempre.
  • Num ponto, sou intransigente, a forma como a NBA se impõe no mundo, com sua mensagem dominante e política, pois é a única modalidade de desporto coletivo realmente internacional praticada e amada pela população americana, a tal ponto que faz com que seu governo a apoie sem maiores restrições como embaixadora de sua influência dominante, e que inclusive vem sutilmente afastando e protelando da mesma o temível fantasma dos escândalos ligados ao doping, em ações e intervenções desenvolvidas pelo senado americano, mas que inexoravelmente alcançará esse nicho privilegiado muito em breve.
  • Finalmente, o ponto crucial de sua intervenção, muito especial, aliás:
  • (…) Só me incomoda um pouco, e aqui falo até mesmo como leitor, o fato de que, aparentemente, apenas o seu conceito de jogo seria possível ou factível para o basquete brasileiro – ou mesmo o basquete como um todo. Se as críticas ao “sistema único” são factíveis e, mais que isso, válidas, adotar apenas o sistema que o senhor defende também seria bastante limitado, não? Esta é A Maneira Correta de se jogar?(…)
  • Ora, prezado Giancarlo, parece que você ou não leu, ou esqueceu muitos dos artigos aqui publicados sobre esse instigante assunto, a dupla armação e os três pivôs móveis, quando através, textos, vídeos, fotos e estatísticas provei e comprovei na teoria e na pratica o sistema proposto, mas nunca, em tempo algum considerei-o único, absoluto para o nosso basquetebol, e muito menos para a modalidade como um todo, e sim como uma proposta balizadora e experimental que servisse de partida a outras propostas, outros sistemas, outras concepções de jogo, fugindo do conceito único que tolhe o desenvolvimento do grande jogo, aqui, e por que não, lá fora também, vide que a pequena revolução instaurada pelo Coach K nas seleções americanas veio duas décadas após eu mesmo, Prof. Paulo Murilo, ter iniciado os estudos, desenvolvimento, treinamento e execução dessa proposta aqui mesmo, em terras tupiniquins, e jamais reinvidicando patentes, já que produto natural do desenvolvimento harmônico de um jogo diferenciado por sua complexidade e inesgotável criatividade, sendo passível de evoluções paralelas além fronteiras.
  • Quando bato e insisto em novas concepções técnico táticas para o nosso basquetebol, viso prioritariamente o combate à imitação pura e simples, ao aprendizado osmótico, vício contraído por muitos de nossos técnicos, jovens ou veteranos, assim como a reverência e aceitação passiva de modelos que não nos dizem respeito como povo, como nação, mesmo em se tratando de uma modalidade esportiva, quer queiram muitos, ou não, que concorre para o aprimoramento acadêmico de nossos jovens, onde a premissa de utilização de um único sistema de jogo, rouba dos mesmos a mais importante parcela de seu desenvolvimento, a capacidade criativa, livre e democrática do livre pensar, amar e jogar o grande jogo, o jogo de suas vidas.
  • Terminando, concordo plenamente que toda e qualquer mídia deve poder se expressar diferentemente, sendo essa uma das razões que originaram esse nosso muito bem vindo debate, onde a liberdade e a responsabilidade sejam preservadas e defendidas pelo preço que tivermos de pagar desde sempre.
  • Muito obrigado pelos comentários e críticas Giancarlo, e espero que divergências não nos afastem dessa humilde trincheira, aberta a todos que defendem a plena liberdade de expressão.
  • Um abraço.
  • Paulo Murilo.

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