AO PROFESSOR EULER…

A respeito do artigo HOJE… publicado em 18/2, recebi esse comentário do leitor Fred Euler: 

fred euler

23/02/2021 22:20

Para Basquete Brasil

Por que você não contribui com todo esse conhecimento,  só critica?

Gostei do comentário, simples e objetivo, num questionamento merecedor de uma ampla e esclarecedora resposta, norma sempre respeitada nesse humilde blog, desde que formulada e assinada, onde jamais um anônimo mereceu sequer ser mencionado, e que foram algumas centenas. O respeito ao assumido, responsável e democrático contraditório sempre terá voz nesse espaço, ao preço que for…

Então, vamos lá: 

Uma convincente resposta já foi aqui publicada em 2015, porém com uma ressalva atualizada, a de que crítica pode ser contra ou a favor de uma situação discursiva, de uma dúvida, um sério problema, ou mesmo um simples ponto de vista técnico, político ou pessoal, desde que atenda o direito de resposta sempre que solicitado, fato esse que nunca foi acionado nesses 16 anos de Basquete Brasil, assim como nunca fui questionado nos mais de 50 anos como professor e técnico, no plano pessoal, jurídico e técnico, numa cabal demonstração de coerência e ética profissional desde sempre…

Eis o artigo – 

MACACO, DESCULPE, ORANGOTANGO VELHO E EXPERIENTE…

sexta-feira, 11 de setembro de 2015 por Paulo MuriloEditar post2 Comentários

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Fiz direito as contas do tempo que lido com o grande jogo, quando tudo começou em 1948 no Grajaú TC, onde o conheci pela primeira vez, e como estou com 75 anos, lá se vão, hum, façam as contas…

Até os 13 anos o assistia fascinado, torcendo e aprendendo a amá-lo, dia após dia, até que tentei praticá-lo na escolinha do grande Geraldo da Conceição, lá mesmo no GTC (Geraldo ainda ensina em Brasília aos 90 anos, fantástico…), e depois no CRVG com o célebre Fu Manchú, que reencontrei em Belo Horizonte no Brasileiro Juvenil de Seleções em 68, quando dirigi a equipe de Brasília, vencedora da chave dos perdedores (5o lugar), levando a Taça com o nome dele, que muito doente ainda pode comparecer para entregá-la, num reencontro emocionante…

Mas pouco produzi como jogador, principalmente pela baixa estatura, e o interesse mais voltado para as técnicas e táticas do jogo (isso aos 14/15 anos…), aspecto esse que me abria um amplo leque de possibilidades de estudo e descobertas. Mais adiante, cursando a ENEFD, pude sedimentar o sonho de abraçar a técnica, que já praticava na Escola Carioca de Basquetebol, criada por mim e pelo Luis Peixoto, pai do Peixotinho, nossa primeira cria, e onde floresceu o Paulo Cesar Motta, ambos chegando a seleções brasileiras…

Dai para diante foi um torvelinho de emoções, fortes emoções, trabalhando na base e na elite, em clubes de renome, como Vila Izabel, Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense, Olaria, Barra da Tijuca, seleções cariocas, brasilienses, estagiando, por concurso, em universidades americanas, dando clinicas pelo DED MEC em estados brasileiros, lecionando em escolas de ensino primário e secundário, universidades, aqui e na Europa, onde me doutorei, para finalmente ter uma breve e instigante experiência na LNB (NBB2), também me graduando na ECO/UFRJ em Jornalismo, e finalmente, a criação deste humilde blog em 2004, um dos motivos que provocou minha interdição na direção de equipes, entre outros mais recônditos, na Liga Nacional…

Pois bem, porque todo esse preâmbulo a um simples artigo, por que?…

Primeiro, para lembrar a muitos que 56 anos antes do meu despertar para o grande jogo, ele já era cultuado, admirado, amado, e praticado com fervor pelo mundo, o tornando o desporto coletivo mais divulgado dentre todos,desde sempre, logo, com toda uma história técnica e tática a ser observada, aprendida e apreendida por todos aqueles que, realmente, o quisessem compreender e entender toda a sua dimensão de esporte maior, ainda mais se desejasse ensinar e divulgá-lo às gerações sucedâneas através seu/meu  parco conhecimento, numa humilde constatação de sua riqueza técnica e cultural…

Segundo, para lembrar a outros muitos também, que julgam e agem como se o grande jogo tenha sido criado quando de suas vindas ao mundo, numa atitude arrogante e presunçosa, passando a ideia de que o dominam total e enfaticamente, num posicionamento falseado e muito distante da realidade do que pensam e julgam conhecer, pois copidescar e “interpretar” articulistas estrangeiros não vale na maioria das vezes, absolutamente não vale, mas…

Terceiro, para relembrar algo de muito serio que teimo em publicar sequencialmente nessa humilde trincheira, o fato inconteste de que sempre existiram bons, alguns ótimos, e péssimos dirigentes , e fui testemunha da ação de muitos na direção da modalidade no país, porém com uma fulcral diferença relacionada aos dias atuais, a existência a época de grandes e verdadeiros técnicos e professores de basquetebol, na base e na elite, garantidores de gerações com eficiente formação nos fundamentos, e brilhantes na direção das equipes da elite, onde apresentavam sistemas de jogo proprietários, evoluídos, inéditos, e acima de tudo, corajosos e criativos,,,

…Muito diferentes da mesmice endêmica que vem nos assombrando a duas obscuras décadas de mediocridade e compulsivo corporativismo, estendido ao comportamento formatado e padronizado entre os jogadores de todas as faixas etárias, e por que não, consubstanciados pelo apoio da maioria da mídia especializada, a que sabe como ninguém discernir sobre as técnicas do grande jogo, sem, no entanto, jamais explicá-las à luz de seus significados táticos e estratégicos, num en passant cansativo de 5 x 5, 1 x 1, exaustivamente treinadas jogadas, box one, punhos, chifres, picks, zona 2-3, e outros mais chavões repetitivos que nada esclarecem, e nem são cobrados, já que o padrão é o mesmo para todos, desde os posicionamentos de 1 a 5, até a utilização do sistema único por todos, indistintamente, da base a elite, e por que não, nas seleções também, alcançando como resultado o nível em que se encontra o grande jogo entre nós…

Com as escolas de educação física diminuindo a cada dia a carga horária da aprendizagem e prática dos desportos (substituindo-as pelas da área biomédica…), incapacitando seus licenciados e bacharéis ao competente ensino dos mesmos, com cada vez mais ex jogadores sem o mínimo e adequado conhecimento didático e pedagógico assumindo a formação de base, e crefs provisionando leigos para a mesma função, com uma ENTB esquematizada ao continuísmo do que aí está, pouco ou nada avançaremos no soerguimento do basquetebol nacional…

Então, não se trata somente de más administrações, que como afirmei antes, às tivemos boas, ótimas e péssimas desde sempre, mas nunca, em tempo algum tivemos por tanto e seguido tempo um conceito técnico tático de tão baixa qualidade como agora, fruto da coisificação proposital e corporativista de uma geração de técnicos compromissada com o que de pior puderam e quiseram imitar da matriz do norte, sem sequer tentar adequá-la a uma realidade econômica, social e cultural diametralmente oposta a nossa, sob qualquer critério que se possa avaliar e comparar, levando ao desastre em que nos deparamos inermes e fragilizados…

Por tudo acima exposto, façam o favor de racionalizar tentativas de  querer unir má administração com técnica de jogo, como ação e reação de um mesmo princípio, de um mesmo conceito de fato, um conjunto indissolúvel de ações geradoras do produto vigente, ao não esquecerem que dirigentes não formam, treinam e desenvolvem jogadores, seja na base, seja na elite, ou mesmo num processo de massificação da modalidade, que por conta e risco da formatação e padronização implantadas coercivamente pelo corporativismo técnico vigente, e que oblitera toda e qualquer tentativa de evolução que fuja do existente, explica com sobras o descalabro técnico do grande jogo aqui implantado , e onde a mesmice endêmica vigora e reina absoluta, no âmago da nossa cruel realidade…

Iniciei, desenvolvi, estudei e pesquisei o grande jogo convivendo com essa imutável realidade, que somente transmudou o jogo quando da implantação abusiva e deletéria do Q.I., desalojando o mérito como a forma correta e justa visando o progresso, com seus resultados muitas vezes vencedores, e não contumazes perdedores como agora, onde uma péssima administração se torna justificativa de fracassos técnicos, numa inversão de valores assustadora, pois não responsabiliza direta e contundentemente aqueles que fazem também o grande jogo acontecer, os jogadores, os técnicos, e uma mídia enaltecedora da mediocridade tupiniquim, contrastando com sua feérica bajulação e endeusamento de uma cultura antítese da nossa, sob qualquer critério analítico que se queira mencionar, formando a coluna mestra de tudo aquilo que pulsa e acontece de injustificável nas quadras desse enorme e injusto país…

Concluindo, o momento trágico por que passamos, apesar da enorme falha administrativa existente, se origina basicamente na falência do aspecto técnico, tático e estratégico do jogo, que nem uma maravilhosa administração anularia, já que dominada por uma clã compromissada e comprometida com um triste e desalentador corporativismo, e com a manutenção da mesmice endêmica em que afundaram, todos, inclusive os gringos, que se fecham a qualquer iniciativa de mudança, do surgimento de algo que ponha em risco seu retrógrado posicionamento, ferindo de morte o grande jogo, grandíssimo jogo, sendo esse o maior dos obstáculos que trava seu soerguimento e desenvolvimento, que se continuado nos levará por um caminho sem volta, não mais para 2016, já perdido, mas sim, para os subsequentes ciclos olímpicos dessa infeliz “pátria educadora”…

Amém.

Foto – Veiculada para internet.

2 comentários

  • Gil Guadron
  • 13.09.2015
  • · 
  • — John Wooden —
    Ex – entrenador de UCLA …Campeón por 10 ocasiones de la NCAA … Un verdadero pedagogo…filósofo..
    ” Siempre prefiero considerarme como un profesor , por sobre ser coach…pues cada uno de nosotros somos profesores de alguien ; posiblemente de nuestros hijos , de nuestros amigos , quizás alguien bajo su supervisión…de tal manera que de una forma u otra , usted está enseñando por sus acciones”.John Wooden .
    Coach Wooden en sus campamentos en los veranos de muchísimos años , …enseñó basquetbol a miles de jóvenes..
    Coach insistió en la ejecución correcta de los fundamentos .
    Coach Wooden muy gentilmente aceptó la solicitud de psicólogos instruccionales de tener la oportunidad de observar y estudiar sus métodos, permitiéndole la oportunidad de estar presentes por toda una temporada .
    Las conclusiones obtenidas de dicho estudio son…actualmente…puntos de referencia en la metodología de nuestro deporte.
    En 1977 leí su libro. ” THE WOODEN – SHARMAN METHOD..A Guide to Winning Basketball “…y mi vida como entrenador … .como persona … .como profesor…se vio enriquecida enormemente.
    ” El entrenador exitoso esta interesado en encontrar la manera correcta de hacer las cosas…y no hacerlas , simplemente porque él dice , muchas veces se debe escuchar a los jugadores “.
    Sus libros..” PRACTICAL MODERN BASKETBALL “. ,” THEY CALL ME COACH ” , ” UCLA OFFENSE “….” COAH WOODEN ‘S PYRAMID OF SUCCESS…y el clásico pedagógico escrito por uno de sus ex – jugadores ” YOU HAVEN’T THOUGHT UNTIL THEY HAVE LEARNED . John Wooden ‘s Teaching Principles and Practices “…enriquecerán su perspectiva como persona…como profesor y como entrenador.
    ” Mis jugadores llegan a UCLA con un único propósito — de obtener su grado académico –..si ellos no están interesados en la educación…no deberían estar en la Universidad.. estoy orgulloso que probablemente somos la universidad que gradúan el mayor número de jugadores en el país “.
    Desde mi punto de vista Coach Wooden , con quien tuve la oportunidad de cruzar unas palabras..fue tan gentil … sereno , amable..
    Entonces tratando de conocer un poco más del coach Wooden, y aprovechando que Larry Farmer , ex – jugador de UCLA.. quien a principios de los 90?se entrenaba en la Universidad de Loyola en Chicago , asistí a estudiar sus métodos tanto en los entrenos del equipo como en los campamentos de verano , y conversamos sobre Coach Wooden !! .
    Finalizo con la definición de éxito del coach Wooden : ” Es la paz interna , la que es el resultado directo de la interiorización que usted hace , al saber que usted hizo el mejor de sus esfuerzos..llegando a ser lo mejor de lo que usted es capaz de llegar a ser “…
    Coach Wooden…fue mucho mas que un ..simple tecnico.
    Con respectos
    Gil Ovidio Guadron Herrera.
  •  
  • Paulo Murilo
  • 13.09.2015
  • · 
  • Perfeito Gil, Wooden foi o mais impactante professor e técnico do grande jogo desde sempre, e seu imperecível legado ainda, e por longo tempo, inspirará muitas gerações de jogadores e técnicos, pelo exemplo, dedicação e absoluta entrega.
    Um abração Gil, Paulo.

Nos mais de 1500 artigos publicados, creio ter contribuído com minha experiência e trabalho aos mais jovens, e os mais experientes também, pesquisando, estudando, lecionando e treinando equipes e futuros professores, dando a mim a sagrada prerrogativa da crítica, construtiva e fundamentada em todo esse labor. AGORA, SE MUITOS SE NEGAM, POR SE JULGAREM SUPERIORES E INATINGÍVEIS A ACEITAR A MESMA, QUE SE MANIFESTEM, OU CONTINUEM CALADOS, COMO O FIZERAM ATÉ A DATA DE HOJE.

No mais, obrigado por seu questionamento. Um abraço. Paulo Murilo.



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