LAMPEJOBOL…
Tenho agora somente uma hora para redigir esse comentário, pois terei de atender minha filha para um exame pré operatório que tem de realizar daqui a um pouco. Cheguei muito tarde e extremamente cansado da odisseia que enfrentei ontem junto a meu outro filho, frente a uma arena cheia de armadilhas para um homem de 77 anos com um joelho comprometido, que me levou ao solo por duas vezes pela escuridão de uma pirambeira pintada de negro, escondendo mínimos degraus invisíveis a olho nu. Mas sobrevivi e aqui estou para comentar a absurda atuação de uma equipe nacional absolutamente ingovernável por um simples e irrecorrível fato, o de não possuir o mais recôndito indício de sistema de jogo, mesmo tentando atuar no sistema único, que vigora a solta nesse grande torneio, pelo menos através das equipes que vi atuar, sedimentando, ou não, essa observação logo mais, quando assistirei as equipes da outra chave classificatória, já tendo em mente a grande exceção, a equipe americana dirigida pelo coach K…
Então, o que vi nessa tarde de um basquete tão ambíguo e surpreendentemente negativo, para nós? Vi o produto direto do que não se deve fazer numa seleção nacional, preterindo jovens em função de veteranos decadentes, com poucas honrosas exceções, Nenê, por exemplo, e um inclassificável Leandro, com sua forma peladeira de atuar, quando um sistema, ou arremedo de sistema, teima em barrar sua vocação internacionalmente reconhecida de “tocar fogo” em sistemas de jogo, aqui e lá nas terras do norte, transformando-o em uma alternativa do caos, que de tão abstrata confunde técnicos, jogadores, comentaristas e público, fazendo-o entoar um “eu acredito” por sobre um leite incompetentemente derramado, através uma comissão técnica composta de quatro (!!!!) luminares do basquete tupiniquim, confrontados com uma realidade que não enchergaram ao substituir o Beep Beep, justamente quando fez nove pontos seguidos da mais pura pelada do aterro, por um jovem grandão que ainda terá de aprender muito, antes de envergar com merecimento a pálida camisa nacional, negada um mês atras, e cada vez mais distante da outrora vencedora listrada de verde e amarelo…
Quando no placar acima dos mais de 12 mil assistentes clamava uma diferença vergonhosa de 32 pontos de diferença para os consistentes lituanos, deu-se a partida de uma das mais incríveis reviravoltas de que fui testemunha, onde o Leandro chutou para o alto o proclamado jogo coletivista que vem (?) sendo implantado a seis anos nas mãos do hermano, teimoso e cegamente tentado, mas que, frente a uma realidade calcada no domínio de certas capitanias hereditárias presentes nas convocações, ano após ano, onde a mesmice é imperativa, tanto por parte dos donos das posições (e nesse ponto destaco a mídia apoiadora desde sempre…), como pela obtusa limitação imposta pelo sistema único, padronizado e formatado para todos os níveis, como um dogma absoluto e imutável, fatores estes que nos tem levado a situações constrangedoras, como a que assistimos ontem entristecidos empoleirados numa arena inimiga de morte dos mais idosos…
Perdemos para uma equipe que joga junta, acertando e errando jogadas, porém dentro de um sistema comum a praticamente todas que aqui atuarão, mais forte e decisivamente lastreadas num domínio quase perfeito dos fundamentos, ao contrário dos nossos consagrados astros, que pecam no domínio básico dos mesmos, principalmente nos passes, dribles, fintas, rebotes arremessos e posicionamento aceitável nos rebotes, ou seja, todos os princípios que regem o grande jogo, o que anula a predisposição nata à luta, e ao ímpeto do “vamo que vamo” visceral daqueles que, propositalmente ou não, tiveram negados os ensinamentos sobre suas ferramentas básicas de trabalho, os tão esquecidos e abjurados fundamentos…
Desculpem, nada mais falarei sobre o atentado que assisti, a ver o confronto entre jogadores que representam seu país pelo mérito e domínio dos elementos do jogo por um lado, e jogadores “embalados e empurrados” por uma frenética torcida, porém órfãos de um sistema ordenado de jogo, por outro, muito, muito pouco para enfrentarem uma competição dessa envergadura, ainda mais em solo pátrio…
Saberemos o desfecho na continuidade da competição, onde, em hipótese alguma mereceremos assistir a entrada de um jogador para efetuar um arremesso de três, e somente aquele, e sair ato contínuo por ter errado, ficando no ar a pergunta- e se tivesse acertado? Lamentável, constrangedor, e pensar que atitudes como essa vieram das cabeças de quatro técnicos (?) regiamente pagos e sentados num banco olímpico…
Já nem torço mais para que os deuses de plantão nos ajudem e protejam, a não ser que o espírito contestador e peladeiro dê as cartas de vez nessa absurda pantomima…
Amém.
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Joguei no primeiro time formado pelo Prof Paulo Murilo. Jogamos como Escola Carioca de Basket e depois no Vila Isabel. Foi um tempo maravilhoso. O meu amor pelo basket dura ate hoje, aqui nos EUA depois de 52 anos – tinha 17 na epoca e agora com 69. Se o nosso querido tecnico ler essas palavras, me escreva. Grande abraco. Eddy Hallock