O “COTIDIANO” DO GRANDE JOGO…

P1040134P1040135P1040137

“Ela faz sempre tudo igual/ Me sacode às seis horas da manhã/ Me sorri um sorriso pontual”, é um trecho de Cotidiano, de Chico Buarque, e que bem retrata o NBB6 nessas rodadas iniciais, com sua estratificada mesmice técnico tática, que com certeza se estenderá até o jogo final transmitido gloriosamente pela TV dona do pedaço…

E a tendência é a de continuar como está, afinal de contas, empregos estão garantidos por mais uma temporada, sem invenções táticas e outros penduricalhos técnicos que bons (?) americanos não possam suprir…

Mas o engraçado é ver um quinteto com três gringos sendo instruído e pranchetado em português, e as caras que fazem “entendendo” tudo, são de morrer de rir…

Enfim, vida, não, NBB que segue, impoluto em sua saga de bem servir as “sobras” do irmão do norte, agregando valores de “alto nível” ao nosso basquetebol, e pena que adiando sine die a utilização de nossos jovens, e mesmo de alguns veteranos bem melhores que a maioria deles, mas que não conotam “prestígio” a equipes, seus donos, agentes, empresários e os estrategistas poliglotas (?) sempre de plantão…

Continuaremos na “solene e importante” companhia de chifres de varias matizes e idiomas, polegares, cabeças, hi/lows, picks, camisas, hang looses, e sei lá mais quantas “táticas” vinculadas ao sistema único, cartilha dogmática de um basquete enclausurado em sua própria armadilha, permissiva e de comum acordo nas fragilíssimas defesas, como num modelo corporativo voltado à mesmice endêmica garantidora do que aí está, e se manterá por um longo tempo…

Por conta dessa realidade, e por ser um profissional que em hipótese alguma comungo com tal absurdo travestido de “novo”, é que me dou o direito de daqui para diante selecionar mais ainda, e num grau bem mais elevado, o que comentar, filtrando situações que realmente agreguem progresso técnico e tático ao nosso combalido basquetebol, e não ficar me reportando monocordicamente às tantas e repetitivas exibições de mediocridade explícita e implícita no âmbito do que deveria ser o grande jogo, e não o que aí está escancarado a todos, infelizmente…

Desculpem os poucos leitores desse humilde blog, mas não disponho de mais tempo, precioso desde sempre, para perder com brincalhões e arrivistas, e sim destiná-lo àqueles que realmente amam, prestigiam e buscam aprender sobre o grande jogo. E assim será. Amém.

P1040145P1040147

 

 

 

 

 

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

“TIRO AOS POMBOS”…

esporte_olimpicos_estranhos_001

Daqui a pouco Brasília CEUB e Aguada decidirão a Liga Sul Americana em Montevidéu, e vai ser um deleite assistir duas equipes que avançaram à grande final perpetrando números de assustadoras convergências em seus arremessos (Brasília vencendo o Boca Juniors com 18/33 de dois pontos e 13/34 de três, e o Aguadas despachando o Bauru com 14/29 de dois e 13/35 de três), numa orgia desenfreada de bolinhas permitidas por defesas acéfalas e vergonhosamente passivas, numa clara demonstração de que sistemas de jogo que denotam grande esforço em sua aprendizagem e treinamento, cedem cada vez mais espaço aos “especialistas de três”, e o mais instigante, vencem…

            Fico ansioso, não de assistir a um jogo de qualidade (impossível nessas circunstâncias até certo ponto trágicas…), mas sim de testemunhar ao vivo e a cores o espetáculo feérico que se anuncia nas mãos de “atiradeiras profissionais”, livres e soltas para sua faina de “tiro aos pombos”…

            Mas, vamos que um dos contendores resolva defender seu perímetro externo com  um mínimo de eficiência, e provavelmente teremos um vencedor, mas, se ambos fizerem o mesmo, talvez, tenhamos um jogo…

            Esperemos para ver…

            Amém.

CHAME QUALQUER UMA , POR..!

 

P1030876P1030891P1030892

 

Sempre defendi, treinei e utilizei a dupla armação e os homens altos enfiados e transitando dentro do perímetro em todas as equipes que dirigi, da base a elite, e por um único motivo, dinamizar ao máximo o jogo interior, mais seguro e eficiente do que o exterior, ainda mais com o advento dos três pontos, que instalou em nosso país uma forma de agir e jogar o grande jogo, responsável por uma distorção que nos tem prejudicado de forma contundente nas duas últimas décadas, mas que, felizmente, parece encontrar em alguns técnicos a resposta que já se fazia tardia, um comportamento voltado ao jogo mais seguro e coerente com a maior das finalidades do mesmo, a diminuição dos erros ofensivos, que é um fator determinante para os bons resultados, se conjugado com um ainda mais consistente sistema defensivo, garantidor dos mesmos.

Para que conseguíssemos atingir tais propósitos treinávamos muito, dos fundamentos aos sistemas, cuidando prioritariamente das leituras de jogo, no intuito de evitarmos, ao máximo, improvisações táticas naqueles momentos em que, somente as de cunho individual poderiam definir o destino de um duro jogo.

Tal comportamento evitava as cobranças despropositadas, quase sempre em momentos de intensa pressão, onde a calma e o bom senso devem imperar absolutos, onde pedidos e exigências cedem espaço a coerência de uma boa preparação.

P1030914

P1030924P1030915

Por tudo isso, não posso compreender o que leva um técnico a exigir aos gritos que um seu jogador cometa falta proposital ao constatar a falência de seu sistema defensivo, ou que chame uma jogada de ataque, qualquer uma que seja, frente à dura realidade de que nenhuma delas era obedecida pelos americanos peladeiros de sua equipe, apesar dos esforços de seu razoável armador, vitima da insânia dos mesmos e de sua bronca em particular…

Outro exemplo que já vem se tornando corriqueiro é o do “assistente auto participativo”, aquele que se intromete na fala do técnico, sempre empunhando a famigerada prancheta, desenhando soluções não mencionadas pelo titular, e que fatalmente não funcionarão, pois a finalidade ali não é que dê certo, e sim que se façam presentes, afinal se trata de uma equipe, ou não? Nunca o tapetebol foi tão presente como agora…

Quanto aos jogos da semana, nada de diferente do usual, com a costumeira e já estabelecida enxurrada dos arremessos de três, a constante monocórdia do sistema único, mas com algo diferente, a generalização da dupla armação, e uma ainda tênue tentativa de jogo interior, fator que se implantado para valer, desenvolveria em muito nossos homens altos, colocando-os ao nível dos estrangeiros, aumentando, em muito, nossas chances no cenário internacional, sem dúvida alguma.

Mas para tanto, técnicos teriam de ensinar, instruir e trabalhar minuciosamente seus jogadores nos treinamentos, para durante os jogos os orientarem à luz da tranqüilidade e honesta cumplicidade, muito aquém da agressividade e coerção, e destinando a seus assistentes o papel que lhes cabem, o de simplesmente assessorar e não ditar regras e comportamentos…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e legendadas. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ANTIGO E O NOVO…

P1030811P1030815P1030820P1030824P1030827

No último pedido de tempo de seu adversário, o setentão técnico do São José empunha a prancheta, pela primeira vez naquela partida, mas nada P1030828anota na mesma, e com um impulso para trás, levanta-se de sua cadeira e demonstra ali mesmo como um defensor deve se comportar frente a um adversário pronto para um arremesso de três, certamente uma tentativa a ser feita pela equipe do Paulistano naquela apagar de luzes de uma partida que, frente a tantas ausências por contusões e penalização, tinha tudo para se situar em inferioridade ante o classificado às finais do Paulista, completo e embalado.

 

Não precisou rabiscar nada, simplesmente demonstrar como agir ante um longo arremessador, ainda mais quando pertencente a uma equipe que, na semi final acima mencionada, convergiu com 13/28 arremessos de dois, e 13/30 de três, frente a um Pinheiros não muito longe disso, com 14/30 e 10/25 respectivamente, numa orgia de bolinhas que vai se tornando lugar comum para ambas as equipes, e a maioria das demais naquele campeonato mencionado como o melhor e mais técnico do país.

 

Venceu o jogo privilegiando o jogo interno um pouco mais do que seu oponente, pois também arremessou algumas bolas longas intempestivas e fora de um contexto baseado em menos erros de fundamentos e maior ritmo e controle de jogo, principalmente por ter de lançar jogadores muito jovens contra um finalista da terra, e o mais emblemático foi a armação do seu jogo ficar nas mãos de jogadores rotulados de 3 para cima, pois o Alex e o Gustavo a realizaram com bastante competência, ajudando em muito o Laws, que viu um pouco facilitado seu trabalho com aquelas inesperadas funções, ainda mais por não terem encontrado, em nenhum momento, uma anteposição mais enérgica e coletiva por parte dos armadores do Paulistano.

 

Mas, a grande lição que ficou desse jogo, foi a postura técnica, onde, de um lado um técnico de 73 anos demonstrava, mesmo sem o conhecimento tático completo de uma equipe assumida dias antes (pediu a todos que fizessem o que estavam acostumados, para não gerarem confusão…), que o poder do conhecimento dos atalhos e dos fundamentos do jogo, em tudo e por tudo auxilia e socorre de verdade jogadores no árduo campo da luta, com detalhes e minúcias que definem e decidem ações individuais, complementando as coletivas, face a situações onde o profundo conhecimento do jogo realmente influi em seu resultado, ao contrário de um prospecto de técnico, que aos 33 anos não possui a vivência teórico prática que o separa em 40 anos de seu oponente, quando o controle emanado de esquemas táticos grafados nervosamente em uma prancheta, jamais substituirá o relacionamento olho no olho emitido por alguém profundo conhecedor de seu mister, desencadeando firmeza e confiança em jogadores ávidos por incentivos a sua criatividade e livre, pensado e responsável comportamento nos momentos de uma decisão, fatores que, em hipótese alguma podem ser produto de rabiscos em uma midiática prancheta.

 

Espero que o experiente e competente técnico Edvar Simões venha suprir com sua enorme experiência no comando de equipes de elite, um vácuo existente pela premência imatura de uma mídia e realidade nacional, que força e promove falsas e inconsistentes renovações numa atividade onde o estudo, pesquisa, vivência e aprimoramento somente se solidificam através o longo caminhar de uma existência, onde os privilégios do QI político e corporativista  não encontram condições de prosperar ante o mérito.

 

Com ele e mais o Helio Rubens, quem sabe com mais alguns, saiamos dessa mesmice endêmica e doentia em que estão transformando o grande jogo no país, cada vez mais formatado e padronizado de 1 a 5…

 

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

NOS FALTA VERGONHA NA CARA (ATÉ QUANDO?)…

 

(…) “Os objetivos são os mesmos: crescer e fortalecer o basquete no Brasil. Para isso precisamos de uma liga forte. A liga brasileira tem feito um trabalho muito bom, e o NBB está crescendo. A gente precisa ter times fortes e ídolos locais, além de duelos interessantes como o próprio Brasília x Flamengo. Crianças e adolescentes vão se interessar pelo esporte e depois procurar o melhor basquete do mundo que é a NBA. Então a gente só tem a tirar proveito de uma liga forte no Brasil – disse o diretor geral da NBA no Brasil, Arnon de Mello.(…)

                      ( Trecho da reportagem do jornalista Marcos Paulo Rebelo no Globoesporte.com de 11/11/13)

 

É isso mesmo que está ai em cima, com todas as letras, ou seja, dar algum apoio a nossa caloura liga, para encaminhar os novos adeptos da modalidade tupiniquim de encontro à liga hegemônica, a que dá as cartas, técnica, tática, cultural e globalizadamente. Não à toa essa turma da NBA encontra fortíssima oposição e rejeição na Europa, e por isso indo de encontro aos mercados emergentes do oriente e aqui no que consideram o quintal deles, e começaram nomeando como seu representante o cara que destilou a entrevista acima…

Mas o que impressiona é o apoio que determinada mídia que se considera a arauto do grande jogo no país, atrelando-se a reboque da turma lá de cima do hemisfério, que na maior franqueza expõe seu objetivo maior – Crianças e adolescentes vão se interessar pelo esporte e depois procurar o melhor basquete do mundo que é a NBA. – e assinam embaixo, na maior…

E não advogo patriotismo e civilismos, e sim vergonha na cara, somente isso, vergonha na cara…

Vergonha na cara de um governo abjeto que nomeia ministérios, comitês disso e daquilo, conselhos e autoridades olímpicas para repassarem bilhões da sacrificada economia popular para empreiteiras, marqueteiros, publicistas, hoteleiros, e não sei mais quantos apaniguados, colocando de lado o verdadeiro e único motivo de uma competição olímpica, a demonstração da pujança educacional e atlética da juventude de uma nação, reserva intelectual e econômica da mesma, representando-a no que tem de real e positivo, minimizando e coisificando sua importância e existência, relegando-a a posição de recepcionista de nações que aqui vem tomar conta da festa, a começar pela proprietária da liga que agora nos impõem comportamentos e submissão…

Vergonha na cara daqueles que jamais a tiveram, já que frutos do oportunismo, arrivistas e aventureiros que são ao comandarem federações e confederações como propriedades privadas, capitanias hereditárias hediondas e pusilânimes…

Vergonha na cara de uma sociedade que permite a humilhante posição destinada aos professores, marginais de uma situação absurda e suicida para a nação, e não o alicerce estrutural da mesma…

Vergonha na cara de todos aqueles que se beneficiaram positivamente da atividade desportiva em sua formação cidadã, e que se omitem em ajudá-la estrategicamente, mas que “colaboram” encobertos pelo anonimato nas mídias da grande rede, covardes, ingratos e omissos que são…

Vergonha na cara de uma política, ou ausência dela, que alija da escola a educação física, os desportos, beneficiando as grandes holdings do culto ao corpo, que tudo fazem e farão para não perder essa monumental clientela que lhe é colocada no colo por maus brasileiros, criminosos que são…

Vergonha na cara, de falsos desportistas que planejam e instalam projetos subvencionados pelo dinheiro público, onde “orientam e educam” jovens pelos caminhos da porrada, da submissão traumaticamente imposta, e mais ainda, pelos que financiam e liberam verbas para tais projetos, deixando no ar quais os objetivos pretendidos…

Vergonha na cara, somente isso, uma simplória e indignada vergonha na cara…

Amém.

P1030745 2579672-2532-rec-001

 

 

 

 

Em tempo – Vejam o que se publica na matriz do norte sobre educar pela pancada (aqui)…

Fotos – Reproduções da TV, O Globo, Bala na Cesta. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UMA DECISÃO DE PESO…

P1030727

Num playoff, segundo a tradição, cada jogo conta e vivencia uma história diferente, onde o derrotado de hoje vence amanhã, não importando muito os números dos placares. Bem, se verdade fosse, as conhecidas “varridas” de 3 x 0 não existiriam, pois a grande realidade nesses sucessivos encontros, onde as equipes professam um mesmo sistema, onde atacar contra zona se torna um exercício de frustrações, é que vencem aquelas que exercem um forte e consistente posicionamento defensivo, principalmente nas contestações aos longos arremessos, e que se utilizem ao máximo que puderem do jogo interior, onde as perdas de eficiência nos arremessos atingem os mais baixos índices. Mais ainda, quando, pela similaridade dos sistemas utilizados por todas, vencem as que ousam um pouco mais do que suas oponentes, mudando um detalhe aqui, outro ali, ou o inimaginável (para a oponente…), muda tudo, a começar pela formatação e padronização que atuam desde sempre…

 

Coragem em inovar, arriscar, confiando em suas bases de bons fundamentos, de velocidade, de imprevisibilidade, são fatores determinantes na busca pela vitória. Agora, se uma equipe peca nos fundamentos, na velocidade e na previsibilidade de como atua, então não pode, e nem merece vencer, ao preço que for.

P1030739

 

Logo, para a segunda partida não bastará a Bauru repetir a forma de como venceu, assim como Franca não poderá repetir a lentidão de como atuou seu setor interior, nem atacando, e muito menos defendendo, mas ambas deveriam investir na precisão de seus arremessos curtos e médios, abrindo mão da maioria dos exibicionismos em enterradas midiáticas, e principalmente em bolinhas irresponsáveis e mais midiáticas ainda, mesmo estando em grande vantagem no marcador. Já é tempo de investirmos em seriedade, responsabilidade e precisão, aquela que de 2 em 2, de 1 em 1 vencem jogos, vencem campeonatos, e marcam positiva e tecnicamente a beleza do grande jogo.

Amém.

 

P1030740P1030730Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A INJUSTA AUSÊNCIA…

Dentro de poucas horas se inicia o NBB6, e a mídia especializada nos inunda de previsões, sobre os jogadores experientes que consideram os expoentes da liga (aqui ) (aqui), os jovens prospectos (aqui), os técnicos (aqui), e as equipes em geral, opinando com a insuspeitada desenvoltura de técnicos de ponta, com anos, décadas de labuta, quando na realidade o mais idoso deles não ultrapassa os 30 anos, demonstração eloquente do quanto conhecem e dominam os meandros do basquetebol, deixando no ar a certeza de que, pelo menos eu, nada ou pouco sei sobre o grande jogo, no caso, pequeno para mim…

Mas esquecem um sutil pormenor, ou melhor, o omitem, o de nenhum deles ter experimentado, por um dia que fosse , o mister de tê-lo ensinado, detalhando seus mistérios a jovens ansiosos em aprendê-lo, amá-lo, assim como quando adultos, orientando e liderando-os nos bastidores do treinamento, no campo de luta, dividindo o amargor das derrotas e o suave e tenro sabor das vitórias, ambos os sentimentos indissociáveis entre si, pois dependentes e intrínsecos desde sempre, fatores absolutamente essenciais ao pleno conhecimento de uma modalidade ímpar, especial no campo desportivo, e que transcende o simples oficio de opinar, prever, determinar, condicionar uma opinião pública sedenta de paixões e necessitada de respostas que as preencham ao preço que for, inclusive alguns deles…

Por tudo isso, me sinto no direito de incluir algo que vem faltando desde o NBB2, tendo inclusive lançado à luz daquela fugaz, porém poderosa experiência em Vitória, um desafio público aos técnicos, para que os mesmos evoluíssem em direção ao novo, ao inusitado, ao corajoso caminho que pudesse nos soerguer da mesmice endêmica que tanto nos empobrece e coisifica, mas  pouca coisa acrescentaram ao jogo, inclusive os estrangeiros contratados a peso de ouro, numa repetição incoerente e assustadora.

E esse algo vem precedido de uma dolorosa evidência, fruto do desconhecimento técnico e tático sobre a proposta posta em prática por aquela equipe, nas condições adversas a que foi submetida, e sem a mais absoluta oportunidade de continuidade no NBB3, NBB4 e 5, pois de forma alguma foi permitida a sua continuidade, a começar pela minha própria na liga, mesmo em equipes da LDB, ou qualquer outra ascendente à mesma.

Portanto, exceto o Rafael, que está agregado ao Goiânia na condição de reserva na armação, nenhum dos jogadores daquela equipe do Saldanha da Gama disputará o NBB6, num desperdício injustificável e absurdo, o que me faz apontá-los como os grandes ausentes dessa competição, e somente sinto não poder ter cumprido a promessa de treinar e liderá-los na equipe que se propusesse a enfrentar aquele que teria sido o grande desafio dentro da LNB, o de terem a oportunidade de disputar juntos uma competição com principio, meio e fim, sobraçando um sistema de jogo proprietário e inovador, num duelo justo e limpo ante o sistema único que nos impuseram desde sempre.

Sei que não tenho procuração de nenhum daqueles jogadores para defender essa tese, mas mesmo assim ouso fazê-lo por uma simples e consciente razão, a de que sempre acreditei num sistema diferenciado, num sistema que unisse ideias e criatividade, enfim, que fosse o espelho de um grupo unido, amigo e comprometido com o verdadeiro espírito do grande jogo.

Perdoem-me todos vocês, mas não pude, nem me foi permitido concluir o nosso sacrificado e corajoso trabalho. Sei o quanto vocês são bons e formidáveis jogadores e seres humanos, pena que os que decidem e administram sejam tão cegos e insensíveis, talvez por não gostarem, por não compreenderem, o verdadeiro significado do que venha a ser uma equipe de verdade, do que venha a ser o grande jogo.

Amém.

Foto – Equipe do Saldanha da Gama no NBB2. Clique na mesma para ampliá-la.

OLYMPUS DIGITAL CAMERA

A RESENHA…

P1030531P1030549

 

Semaninha difícil essa, com obras inadiáveis na casa, faxina generalizada nas toneladas de papéis e documentos antigos, escaneando alguns por sua importância em futuros artigos, mil peças de computadores ultrapassados dos filhos e meus, projetos para o seguimento do blog e ações no grande jogo, e nos intervalos tentar ficar atualizado no basquete nacional, tirando uma casquinha de raspão no internacional, mais por hábito do que precisão, mesmo.

E o que vimos foi decepcionante, não, mais do que isso, corriqueiro, insípido, mesmo do mesmo, que entra ano, sai ano e não muda, inclusive por conta dos novíssimos “nível III” formados, formatados, padronizados e devidamente provisionados pela empresa ENTB/CBB/Confef/Cref, auto elegida responsável pelo soerguimento do basquete nacional, o que duvido consiga fazê-lo da forma que optou, engessando mentes e atitudes, solidificando o que aí está esparramado para quem quiser testemunhar  o desastre perpetrado e perpetuado.

Exemplos abundam no enriquecimento técnico tático dos atuais e futuros prospectos de técnicos, principalmente no quesito de transferência de informações, onde pranchetas e palavrões se unem num pás de deux  de dar inveja aos mais renomados bailarinos, pois cada vez mais se fundem nos tempos técnicos, onde “p.q.p’s, caral…, porr..” se tornam vocabulário corriqueiro (ué, por onde anda a empresa?), justificado por comentaristas que o definem como “maneira enérgica e correta para chamar jogadores à razão”, empurrando goela abaixo dos mesmos rabiscos com jogadas “exaustivamente” ensaiadas nos treinos (duvido…) em suas pranchetas em closes televisivos (afinal são as estrelas do espetáculo…), e agora cercadas de microfones, afirmando sua condição de… de que mesmo? Ah, e agora jogadores são chamados de burros, ao vivo e a cores…

Busco no site da LNB as resenhas e números da LDB, por teimosia, pois a enxurrada dos arremessos de três e o elevadíssimo número de erros de fundamentos continuam sua escalada em ginásios desertos de torcedores e de jogo coletivo, mas “revelando” os futuros talentos que alimentarão a liga maior, com o individualismo exacerbado, porém cultuado pelos estrategistas de plantão. Já, já, o conceito “jogou bem, mas o time perdeu”, em voga pelos admiradores dos jogadores brasileiros no exterior, aportará por aqui, na vã, porém lucrativa ação empresarial de agentes em busca de altos ganhos e notoriedade…

DSC_4780-640x360

DSC_4562-315x177

Mais adiante, a celeuma sobre o convite da FIBA para o mundial do ano que vem, com os altamente especializados dirigentes da CBB enumerando argumentos para que tal convite se materialize, nenhum dos quais se refere ao fator técnico, aquele que conquista vagas dentro da quadra, do campo de luta, local dos verdadeiros desportistas, vencedores pelo mérito, argumento negado pela política rasteira e pusilânime de quem se utiliza do desporto como degrau às suas conquistas sócio econômicas, campo fértil daqueles que odeiam o grande jogo, e que jamais permitiriam que o mesmo se soerguesse da vala em que se encontra, pois se o fizesse correriam o perigo de vê-lo reocupar o lugar de onde nunca deveria ter sido afastado, e que hiberna no consciente coletivo de todo brasileiro que ama o desporto de verdade.

Comprar e suplicar por um convite imerecido beira às raias do inconcebível, da vergonha, da covardia em tentar o espinhoso caminho dos campeões, o sagrado campo onde as verdades se glorificam e consagram, o da competição, simples e justa.

Amém

07e2c198d30cfdd337738c532b11aa76_XL

 

 

 

QUEM SEMEIA (E BEM)…

P1030448P1030431P1030435

“A NBA vai investir bastante aqui, e precisamos aproveitar isso…”(Jornalista Fabio Sormani durante a transmissão da Rede TV do jogo exibição da NBA).

 

(…) “O Brasil é um mercado muito importante para a NBA, por ser líder na América do Sul e pelo potencial de sua economia, ao redor do mundo. No futuro, vejo a possibilidade de um jogo de temporada aqui.”(…) (Adam Silver, futuro presidente da NBA, na matéria A História em Quadra, do jornalista Claudio Nogueira, no O Globo de 12/10/2013).

 

Muitas outras matérias foram publicadas na mídia impressa, e fartamente divulgadas pela mídia televisiva, numa verdadeira romaria rumo ao templo sagrado (para a maioria delas) do basquete internacional, a onipresente NBA, mas que por motivos não esclarecidos, como deveriam ser, deixaram de lembrar que o jogo praticado por aquele potentado financeiro, pouco tem a ver com o praticado pelo restante dos países, sob a égide da FIBA, a começar pelos fatores econômico, social e político do mesmo, que o torna um modelo restrito à grande potência do norte, praticamente impossível de ser implementado fora de suas fronteiras, a não ser como consumidores de uma realidade como a de exibições comerciais como a que tivemos na Arena HSBC (que originariamente deveria ter sido batizada de Togo Renan Soares…).

Nesse quadro de altos interesses comerciais e financeiros futuros, toda uma logística vem sendo implementada pacientemente, desde os escritórios da grande Liga no país, a uma aparentemente modesta investida em clínicas e workshops técnicos, assim como surfando na crescente onda de blogs voltados às suas franquias, e mais recentemente com um site comercial de produtos das mesmas, culminando com a gigantesca promoção desse amistoso, quando deslocaram para cá um batalhão de profissionais – (…) “Nós não teríamos trazido tanta gente (cerca de 400 pessoas) e toda essa infraestrutura se não tivéssemos uma expectativa em relação ao mercado (…)” (da mesma matéria assinalada acima), e que agora menciona o fator massificação da modalidade como sua próxima tarefa (?), o que aliás sempre pensei ser da conta da CBB…

Por todos esses fatores, a figura de proa, emblemática até, para capitanear tão ambicioso projeto, teria de passar pelo Delfin, com sua influência junto aos jovens, como exemplo a ser seguido de jogador, cidadão e profissional dedicado, não fosse por um pormenor (?), o fator Oscar…

Que de tão poderoso junto à volúvel mídia, e mesmo sendo convidado pela Liga a ser homenageado por sua carreira e conquistas (mais recentemente sendo entronizado no Hall of Fame deles), não poupou os nebebianos pela negativa de servirem à seleção nacional, sentando a clava nos mesmos e tachando-os de “caloteiros”, numa explosão em hora das mais inadequadas para o projeto NBA, que de tal forma sentiu a pancada que o técnico do Wizards, Randy Wittman veio em socorro – Se as pessoas ficaram chateadas por causa da seleção nacional, eles deveriam me culpar. Isso (dispensa da seleção) era o que eu queria que ele fizesse. Então, se o Brasil tem que atribuir a culpa a alguém, não culpe o Nenê, mas me culpe – declarou o comandante em entrevista coletiva.(do blog Basketeria).

Sem dúvida alguma, um projeto de tal dimensão necessita ser lastreado por ícones da modalidade, principalmente os naturais do país visado, não sendo surpresa alguma que no próximo evento venham treinar, digo, jogar os Spurs e os Cavaliers, por motivos óbvios…

Mais ainda, preparemo-nos para uma avalanche de reportagens, tópicos, entrevistas, ensaios, sobre o segundo a segundo (minutos, horas, dias, semanas serão insuficientes) na vida dos gênios (que de vez em quando por aqui passam para “relaxar”), da grandeza das arenas, do conforto dos ambientes, e da qualidade, nem sempre presente, dos jogos, das equipes da icônica liga, em detrimento cada vez mais crescente da nossa, do nosso basquete, dos nossos jovens, cada vez mais distantes de uma boa e eficiente participação em 2016, que está logo ali na curva da próxima esquina de uma história dolorosa de ser contada…

P1030440P1030443P1030437

Finalmente, o jogo, mais do que amistoso, comercial até em seu desfecho cinematográfico numa bola perdida…de três!! Irônico, vamos concordar…e que nada apresentou do que o sistema único (vejam as fotos, ou o vídeo se gravaram), na formação e até nos “punhos” que tão bem e colonizadamente  adotamos…ah, e uma aplicação das regras onde conduções foram bem marcadas, mas as andadas colossais, nem pensar.

Termino apontando uma possibilidade nada desprezível, numa semana em que se noticia que todos os jogos da liga italiana serão transmitidos em rede aberta, cuja possibilidade, não de algo parecido, mas razoável, pudesse ser feito em nosso injusto país, como bem demonstrou a Rede TV, que se numa ação de mestre se aliasse à ESPN na transmissão aberta do esporte brasileiro, do basquete brasileiro, a quantas levaria o grande jogo e demais modalidades para junto dos jovens, e que lição que se faz já tardia, seria dada na potencia global que os esnoba e diminui desde sempre, em favor de MMA e automobilismo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

QUANDO P.Q.P…E CAR…À GRANEL NÃO É O SUFICIENTE…

P1030325P1030333P1030341P1030344P1030349P1030347P1030353P1030358

Estava credenciado pela FIBA para reportar a competição, mas um mal estar já contornado me fez ausente em Barueri, mas bem presente na Fox Sports à cores e com generoso som stereo, o suficiente para testemunhar (talvez no ginásio não o faria…) um dos festivais de descompasso diretivo mais instigante que assisti em muitos anos de quadra, e que foi, para mim, o responsável pela débâcle pinheirense, ante um Olympiacos pouco treinado e ainda entrosando suas novas contratações para a temporada européia que se avizinha.

A equipe do Pinheiros, face aos bons valores que possui, falha cruelmente na proposta de um sistema de jogo incapaz de fazer frente a uma razoável defesa européia, que contesta arremessos externos, e se situa com relativa precisão na colocação dos rebotes (foram 40 contra 26 dos paulistas), teimando exatamente na artilharia de fora (10/33 de três e 15/38 de dois, com 19/12 nos lances livres) esquecendo de jogar com seus pivôs, exatamente ao contrário da equipe grega, que premiou seu vistoso e eficiente jogo interior com 27/38 arremessos de dois pontos, suficientes e não exagerados 7/18 nos três e 6/11 nos lances livres, somente falhando nos 22 erros cometidos (os paulistas erraram 11), principalmente nas seguidas tentativas de curtos passes entre seus pivôs ainda desentrosados, o que demonstra uma tendência técnica que ensaia fortemente se utilizar nas exigentes competições de seu continente, caracterizando a positiva proposta e influência de seu técnico nesse estilo eficiente de atuar.

Do lado paulista, muita vontade e luta, e nada mais, pois nota-se com clareza a ausência de uma sólida proposta técnico tática, onde a “filosofia do vamo que vamo” impera absoluta, na qual se esbaldam o Paulo e o Shamell, e quando não funciona, exatamente por ser óbvia e previsível, encontra nos pedidos de tempo o fator que leva a todos para baixo da auto estima coletiva, forçada pelos coercitivos argumentos dos p.q.p’s, car… e congêneres, numa constrangedora afronta aos jogadores e aos ouvintes telespectadores, num horário noturno, e fico imaginando o impacto junto aos jovens quando da segunda partida no domingo às 11hs da manhã…

Sem dúvida alguma estamos assistindo o apogeu do reinado das bolinhas, a pouca importância no correto ensino dos fundamentos, e a perda de uma geração de altos jogadores, entregues à faina exaustiva e insana de coletores de sobras dos pseudos especialistas daquele insidioso reinado, e para quem duvidar da continuidade do mesmo, basta dar uma olhada em alguns  números da LDB, onde encontramos equipes, como a de Limeira que nas duas últimas rodadas contabilizou 26/80 arremessos de três (num deles perpetrou um espantoso 16/45 de três contra  9/25 de dois, ou seja, arremessou 20 bolas a mais de três pontos do que de dois!!) e 21/48 de dois pontos, e sob o integral apoio de seu técnico, merecedor de uma reportagem no blog da LNB, fora outros resultados semelhantes de outras equipes da nova geração que alimentará a liga de elite daqui a um pouco.

Logo, o que temos testemunhado nas grandes competições, como essa Copa Intercontinental, nada mais representa do que e da forma como praticamos o grande jogo, sob a ótica distorcida de um sistema unificado e soberano, onde os fundamentos são propositalmente negligenciados em nome de uma condução extra quadra formatada e padronizada, na maioria das vezes de maneira coercitiva e até ofensiva, como o exemplo maior que tem sido oferecido com frequência ao país, de impropérios de baixo calão em rede nacional, “justificados” pelos narradores e comentaristas, como uma enérgica e necessária intervenção técnica, como se tal ação se justificasse por si mesma, o que é uma enorme e injustificável falácia, escorada e fundamentada que se encontra a uma realidade que tentamos de muito esconder, a de que estamos muito longe de ostentar a grandeza de outrora, onde tínhamos técnicos de verdade, sistemas de verdade, jogadores de verdade, resultados de verdade, e não essa mentira disfarçada, mal copiada e envolta nos véus do escracho e do desrespeito publico, publico este que deixou vazia a metade do belo ginásio de Barueri, e com entrada franqueada. Quem sabe domingo…

Amém.

Fotos – Reproduções legendadas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.