O REINADO DAS “BOLINHAS” VI…

“O emotivo superou o basquete”, foi o que disse o Ruben Magnano à TV após o jogo, definindo com precisão a realidade do mesmo, numa contundente contra mão ao clima feérico e grandiloquente dos responsáveis pela transmissão adjetivando a partida como fantástica, do mais alto nível, a prova da grandeza do basquete brasileiro, agora pertencendo à elite mundial, e outros mais elogios inócuos e irreais.

Jogo iniciado, juiz antenado, discursos didáticos a torto e a direito, quando motivado, ou provocado por uma falta técnica, o técnico pinheirense esbraveja com o midiático juiz – “Cansei de ser roubado, até aqui dentro…” Tá me chamando de ladrão?” – “Não, é o outro…” num diálogo lamentável, transmitido em som estéreo, à cores, e em rede nacional, e que em nenhum momento foi sequer citado pelos comentaristas de plantão.

Segue o jogo, com três arremessos de três convertidos pelo pivô Alírio, numa tácita demonstração de como jogaria a equipe brasiliense, aberta e penetrante, favorecendo seu jogador mais talhado para esse tipo de ação, o Alex.

Mas erros de fundamentos seguidos do outro pivô, o Cipriano, permitiu que a equipe paulista encostasse no placar, mas com a saída do Figueiroa que vinha jogando em dupla com o Paulo, a equipe retornou ao sistema único, terminando o primeiro tempo quatro pontos atrás (36 x 40).

Foi um primeiro tempo terrível, onde a convergência se fez presente para ambos os lados, com 6/13 nos arremessos de dois pontos e 4/13 nos três para o Paulistano, e 6/14 nos dois e 7/11 nos três para Brasília, numa tendência progressiva que se confirmou ao fim do jogo, quando a equipe paulista perpetrou um 13/28 nos dois e 8/33 nos três, com a equipe candanga assinalando 17/28 e 11/22 respectivamente, para um final apoteótico de 55 tentativas de três e 22 erros de fundamentos, num jogo muito mais próximo da definição do Magnano, do que a viagem no imaginário dos que transmitiam um jogo que somente eles viram.

No intervalo, numa entrevista, o jogador Nezinho discorre sobre a arbitragem, seus dúbios (em sua opinião) critérios, e o excesso de “papo” de jogadores e juízes, o que tumultuava demais a partida. No entanto, no quarto a seguir o mesmo jogador se perde em discussões e contatos com um dos juízes( foto), numa contradição flagrante ao seu depoimento anterior. Enfim, a tão decantada relação didática entre juízes e jogadores havia se transformado em uma autêntica baderna, inconcebível para um jogo de tal importância.

No quarto final, sem que a equipe paulista contestasse os longos arremessos de seu adversário, viu a contagem se expandir até um final de 81 x 62 para a equipe do planalto central, mas não antes de aos 6:53min para o fim da partida (foto), ante uma tentativa de reação, o jogador Marcos levar um “toco de aro” retumbante, além de sua equipe teimar nos arremessos de três (foto), quando teria mais do que suficiente tempo para de 2 em 2 se aproximar dos candangos, que desta forma irão, por mais uma vez, decidir o campeonato contra um surpreendente São José, num absurdo jogo único e em quadra neutra, em troca de uma transmissão em rede aberta da emissora líder no país.

Mas não podíamos encerrar esse artigo sem mencionar mais uma aberração às regras do jogo, quando em lances livres um câmera invade a quadra, se coloca logo atrás do jogador (foto) que irá executar o arremesso, num flagrante desrespeito às mesmas, atitude que não encontra guarida nos grandes campeonatos do resto do mundo, mas conta com o beneplácito de nossos juízes.

Amém.

Fotos – Reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O REINADO DAS “BOLINHAS” V…

Não me contive e resolvi assistir o jogo ao vivo no Tijuca, mas podendo também assistir o jogo de Brasília pela TV. Combinei ir para o apartamento da minha filha, que fica praticamente ao lado do ginásio tijucano, e seguir para o segundo jogo, mesmo sabendo que a entrada seria difícil por ser um ginásio pequeno para uma imensa torcida. Temendo não conseguir entrar, não assisti as prorrogações em Brasília, tirando de mim a possibilidade de fazer um comentário isento e o mais preciso possível.

No entanto, algo me chamou a atenção no jogo do planalto central, talvez motivado pela ausência do Shamell, mas que mudou completamente a forma de jogar do Pinheiros, uma dupla, participativa e altamente eficiente armação, sabendo jogar com seus pivôs, principalmente o Fiorotto, forma impossível de ser desenvolvida com a presença centralizadora e pontuadora do lesionado e ausente jogador. Figueroa e o Paulo encheram os olhos de quem os viu jogar, numa inter ajuda permanente e instigante, demonstrando sim, que dois armadores de ofício podem, e deveriam sempre jogar juntos, ampliando as opções do jogo interno, ajudando-se mutuamente ante defesas pressionadas, e acima de tudo, garantindo qualidade nos passes, nos dribles, nas fintas, na defesa e pontuando complementarmente, e não prioritariamente, como sempre agiu o ausente Shamell, um pseudo ala com qualidades que o poderiam firmar  como um armador de superior qualidade na liga.

Por conta desse posicionamento, e enfrentando uma equipe muito forte em sua volúpia pontuadora, mas falhando na defesa interna, os paulistas levaram o jogo em perfeito equilíbrio até, acredito, ao final eletrizante e atípico para seus padrões até agora, ao qual não pude testemunhar, pois tive de me deslocar rapidamente para não perder o jogo que definiria a outra vaga na final do NBB4.

Por sorte consegui um lugar atrás de uma das cestas, para ao lado do meu filho assistir uma batalha e tanto. E de saída uma surpreendente similitude com o modo de atuar do Pinheiros em Brasília, uma autêntica dupla armação liderada pelo Helio e um mais surpreendente ainda Marcelo, numa função onde não possui muita qualificação, mas onde atuou com bastante enfoque no jogo interior, servindo os pivôs com passes precisos e de qualidade, e pontuando de media distância com eficiência.

Mas aos poucos, o pivô Caio começou a pagar caro por sua lesão no tornozelo, assim como se ressentia de uma forma física adequada a uma competição tão exigente, e praticamente parou em campo. Foi o suficiente para a equipe paulista encostar no placar, desgastando sobremaneira o excelente Kammerichs, brigando sozinho na taboa carioca.

Mas foram nos quartos finais que algo a muito esperado concorreu para a superioridade dos rubros negros, a eficiente participação do ágil e veloz pivô Hayes, que em dupla com o Kammerichs e mais adiante com o Teichmann dominaram os rebotes, concluíram com sucesso, e com precisos passes de dentro para fora permitiram arremessos de seus companheiros mais equilibrados e precisos. A equipe do Pinheiros somente pode contar com um sobrecarregado Murilo na briga dos rebotes, já que o outro bom jogador nesse fundamento, o Chico, abria muito para arremessos de três pontos, esquecendo que de dois em dois pontos poderiam, ele e sua equipe, se aproximarem e até virarem o placar a seu favor. Mas a volúpia e sangria dos três pontos estando enraizadas profundamente na realidade do nosso basquete anulam uma evolução técnico tática que se faz tardia para o grande jogo tupiniquim.

Foram dois jogos com alguns números assustadores, que nem as desculpas de que se tratavam de partidas nervosas e decisivas, retiram das mesmas uma brutal carga de preocupações, principalmente no quanto destas influências irão desaguar na seleção olímpica, com sua proposta de um basquete mais solidário, eficiente e preciso.

Foram 53 erros de fundamentos (24 no Rio e 29 em Brasília), e espantosos 95 arremessos de três (41 e 54 respectivamente), num desperdício absurdo de esforço por parte de jogadores que ainda não compreenderam (ou mesmo não saibam) o quanto comprometem a qualidade do jogo, em tentativas despidas de um mínimo de controle técnico e objetividade tática.

Precisamos reaprender a jogar em dupla armação, para que dominemos o perímetro externo em toda a sua extensão, assim como voltarmos a valorizar o jogo interno, através jogadores altos, velozes e flexíveis, abandonando de vez os pesados e lentos cincões  de um oficio que, mesmo as grandes seleções mundiais estão aposentando, pois com velocidade, flexibilidade e apuro nos fundamentos, quem sabe, nos tornemos também eficientes defensores, contestadores de dentro e fora do perímetro, decretando a urgente diminuição desta maldita hemorragia que nos desgasta e expõe frente ao trágico reinado das bolinhas.

Hoje teremos definidos os finalistas, e estou torcendo, timidamente, que as duplas armações retornem em grande, e que nossos bons pivôs sejam municiados permanentemente, tornando o jogo mais técnico e menos comprometido com erros inconcebíveis. Vamos a eles.

Amém.

Foto – PM. Clique na mesma para ampliá-la.

A DURA E CRUEL REALIDADE…

Creio com convicção que muito do que se diz e se fala da educação em nosso país aí está retratada no mais definitivo argumento dessa realidade, a falência e conseqüente dilapidação de uma profissão sustentáculo das grandes nações deste desigual e injusto planeta, que encontra em nosso país o mais baixo índice salarial na escala de todas as carreiras básicas.

Nos últimos três anos que antecederam minha aposentadoria na Faculdade de Educação da UFRJ, lecionei Didática, Prática de Ensino e Tecnologia Educacional para alunos da Educação Física e da Pedagogia, sendo que para este segmento a maioria dos alunos era composta daqueles que não conseguiram acesso em cursos de Engenharia, Medicina, Odontologia, Economia e demais bem situados no plano da alta rentabilidade, optando pela Pedagogia como última oportunidade de alcançarem uma graduação universitária. Por conta disso a produtividade acadêmica destes alunos era de baixa qualidade, face ao desinteresse e à baixa estima que os assaltavam durante o curso. Era extremamente difícil mantê-los interessados e motivados a continuar os estudos, frente à alta incidência de reprovações e desistências.

Hoje acredito que aquele triste quadro tenha se avolumado, e que, face ao desestímulo de ordem salarial tenda a se agravar de forma definitiva tal realidade.

Hoje, quando nos deparamos com o acintoso despreparo de nossos técnicos desportivos advindos da universidade, e agravado por aqueles que a ela não pertenceram, e ao olharmos detidamente os gráficos que ilustram a reportagem, podemos de pronto avaliar o porquê da baixa qualidade do ensino no país, o mesmo país que ousa promover suntuosos e vultosos empreendimentos desportivos, sem ao menos ter e promover uma política nacional voltada a Educação, e conseqüente valorização das suas reservas intelectuais, seus professores.

Mantê-los na mais baixa escala salarial do país, confirma uma perversa política direcionada à manutenção de seu povo também abaixo de uma escala, na qual sua manipulação sócio política atende os mais altos interesses de uma classe política alinhada com outros interesses hegemônicos que nos esmagam e espoliam.

Em minhas turmas de Educação Física e da Pedagogia lembrava  que éramos o único país ocidental onde nem a esquerda e nem a direita desejavam o país educado. A direita, garantindo o poder pela ignorância do povo, a esquerda querendo-o mais ignorante ainda para usá-lo como massa de manobra para assumir o poder. E é exatamente o que vem ocorrendo com a ascensão da esquerda em nosso país, que após sua vitória adotou o lema direitista para se manter no poder. Um povo educado não se submeteria a uma escala de valores enumerada nessa reportagem, pois sequer elegeria esse tipo de governantes que se estabeleceram de forma tão rasteira. Duas gerações bem educadas e preparadas nos dariam uma outra dimensão de nacionalidade auto sustentável, e não escrava de bolsas disto e daquilo, pois não se deveria dar peixes a ninguém, e sim ensiná-los a pescar.

No microcosmo do desporto, situações que estamos vivendo em nosso basquetebol são o reflexo direto de tão dramática situação em que se encontra a educação no país, o preparo de nossos professores e o progressivo desinteresse dos alunos, fruto da vergonhosa e deprimente classificação postada na reportagem.

Fico muito triste com tudo isso, pois num dia do passado me senti um predestinado pela opção conscientemente tomada, a de ser um professor, um professor do meu país.

Amém.

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O QUE DIZER HELENO?…

CLIPPING DO BASQUETE

 

———- Mensagem encaminhada ———-
De: heleno lima <helenolima@hotmail.com>
Data: 19 de maio de 2012 13:57
Assunto: RE: BASQUETE ARGENTINO DA UM SACODE NA SELEÇÃO BRASILEIRA SUB-15 MASCULINA
Para: clippingdobasquete02@gmail.com

 

Trabalhei muito nestas categorias. A diferença de um ou dois anos é muito grande. Diferenças que desaparecem com o tempo à medida que ficam mais velhos. Nós levamos uma equipe com quatro jogadores de 15 anos, sete jogadores de 14 anos e um de 13 anos.
Podem ter certeza isto explica tudo. Se foi estratégia foi errada. Não é possível que tenhamos somente quatro jogadores de 15 anos em condições de defender nossa seleção da categoria. Tem que haver uma explicação coerente a respeito disto. Levar uma diferença dos portenhos (Uruguai e Argentina) de 64 pontos não tem cabimento. Existe algo errado nisto. Gostaria de ouvir o Prof. Paulo Murilo que entende disto mais do que eu.  Prof. Heleno Lima

 

 

 

O Clipping do Basquete do Alcir Magalhães veiculou a matéria acima, que culmina com o pedido do técnico Heleno Lima para ouvir minha opinião à respeito. Trabalhamos juntos no vencedor projeto do Olaria AC nos anos oitenta, com praticamente todas as categorias, do infantil à primeira divisão, com muita seriedade e competência, num tempo em que a formação de base, não só no Rio, como em muitos estados brasileiros, fluía e se desenvolvia, abastecendo as divisões superiores com jogadores bem treinados nos fundamentos e nos sistemas de jogo, com ótimos técnicos e professores, até o momento em que a modalidade se viu afastada dos clubes pela falta de incentivos e investimentos, até alcançar o estado de penúria em se encontra.

 

Some-se a esta realidade, outra mais perversa ainda, a decadência do ensino do basquete nas escolas superiores de educação física, que deixaram de oferecer três semestres da modalidade, assim como em outras, como o vôlei, o handebol, o futebol, a natação, o atletismo, passando-as a um mínimo insignificante, substituído-as por disciplinas voltadas às áreas médicas, como as fisiologias, biomecânicas, psicologias, etc., que passaram a ocupar as grades horárias prioritariamente, numa formação voltada à saúde, como resultado das anexações das escolas aos centros de ciências da saúde, em vez dos centros de formação de professores, onde estavam historicamente sediadas. A realidade é que hoje a maioria destas escolas formam paramédicos de terceira categoria, fornecendo pessoal a academias e consultórios, como força de trabalho explorada pelas holdings do culto ao corpo que se espalham velozmente por todo o país, e com uma agravante a mais, com uma formação mais voltada aos cursos de bacharelato do que os de licenciatura, numa inversão absoluta de valores voltados ao processo educacional do país, com o abandono das escolas para a educação física e os desportos.

 

Claro que a formação de base se ressente profundamente dessa formação nas universidades, refletindo tal despreparo didático pedagógica nas formações de base de todas as modalidades, que não encontram na maioria dos clubes os subsídios mínimos para suprirem tão vasta deficiência de ensino.

 

Por conta de tal situação, ex-jogadores e até leigos são transformados em técnicos formadores, deficientes em tudo o que se refere ao processo educacional de jovens, mas sempre prontos ao sucesso rápido que os catapultem às divisões superiores e melhores salários, situações estas que os poucos convenientemente bem formados não conseguem equiparar, não só por serem minoria, como, e principalmente, por se tornarem onerosos por suas qualificações legais. Por conta desta distorção, a maior parte dos jovens iniciantes ficam pelo caminho, e aqueles poucos que conseguem prosseguir o fazem eivados de defeitos e limitações, basicamente no instrumental mais precioso para a pratica e o domínio do grande jogo, seus fundamentos.

 

Outro e incisivo fator define tal situação com grande precisão, a padronização formatada de cima para baixo no preparo daqueles poucos egressos de uma formação altamente deficiente, por parte de federações alinhadas com uma confederação mentora de um único sistema de jogo, cuja maciça divulgação se faz através de clinicas e de cursos patrocinados por uma ENTB totalmente voltada ao mesmo, onde o planejamento, a aprendizagem e fixação do sistema suplanta em muito o ensino, que deveria ser maciço, dos fundamentos,  no que deveria ser o objetivo central a ser alcançado, pois nivelaria todos os jovens jogadores, independendo de funções, estaturas e posições, no pleno conhecimento das técnicas individuais e coletivas que os tornariam aptos aos sistemas de jogo que mais adiante conheceriam e treinariam, sempre respeitando suas individualidades e amadurecimento físico e emocional, variantes que oscilam de individuo para individuo.

 

Por tudo isso caro Heleno, é que sempre me insurgi contra esta situação altamente irresponsável, e muitas vezes criminosa, por parte daqueles que ousam querer implantar formatações e padronizações em crianças e adolescentes, da forma mais absurda e, torno a afirmar, irresponsável possível.

 

Os 64 pontos acumulados por nuestros hermanos, refletem esssa catástrofe, com a mais séria das conseqüências, por se tratar do futuro do grande jogo, da categoria competitiva inicial, e que não merece ser tratada de forma tão abjeta. Se mudanças têm de ser feitas, é por ai que deverão começar, pela entrega da formação a pessoas qualificadas, altamente qualificadas, as mais qualificadas que possamos recrutar, de uma comunidade que pertencemos, eu e você num passado não tão distante assim, a comunidade daqueles que real e responsavelmente conhecem, estudam, pesquisam, divulgam e ensinam o basquete como deve ser ensinado. E você, como eu, sabemos que existem esses profissionais, só que nunca lembrados, sequer consultados, por quem deveria fazê-lo.

 

Heleno, frente a esta realidade, o que mais dizer?

 

Amém.

Fotos- Divulgação CBB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

ESTÃO APRENDENDO…

E não é que estão aprendendo, ou melhor, estão tomando jeito? Defesa existente na maior parte do jogo, ataques centrados no interior do perímetro, contra ataques quando possível, e milagre dos deuses, somente 9/17 arremessos de três, 17/32 de dois, e 23/25 nos lances livres. Foram estes os números do Flamengo, contra um tradicional 9/33 de três da equipe paulista, que praticamente impossibilitada de penetrar a forte defesa rubro negra, fartou-se nas bolinhas de três, quase sempre contestadas, daí o alto numero de arremessos imprecisos e desequilibrados.

Somemos a tudo isso outro importante e determinante fator, a atitude coletivista do Marcelo, que em conjunto com o Helio e o Jackson, formaram uma verdadeira linha de passes para os pivôs, que em troca voltavam bolas em ótimas condições para finalizações precisas e equilibradas dos três, vamos aqui conceituar, armadores.

São José tentou resistir o mais que pode, mas as sucessivas faltas de seu pivô Murilo, a inconstância e flagrante falta de ritmo de um Jefferson retornando de lesão, e uma ciranda de passes lateralizados pela fortíssima defesa interior dos cariocas, impediram qualquer tentativa de reverter um resultado mais do que anunciado pela firmeza do jogo rubro negro.

Foi uma vitoria lapidar, pois expôs uma determinante vontade de modificar um sistema de jogo viciado e escravizado aos longos e imprecisos arremessos, e ao crônico abandono de pivôs talentosos e eficientes, que reencontraram a equipe ao se tornarem participantes ativos da mesma no plano ofensivo, determinando um parâmetro de força que, se repetido nos próximos jogos tornará essa equipe muito difícil de ser batida, principalmente se seu adversário teimar no jogo de entorno, afogado em passes inócuos, arremessos profusos de três pontos, e uma defesa focada nas dobras e pouco participativa e atenta nos rebotes.

Foi um jogo que abre e promete novas perspectivas de jogo, na medida em que perseverem e acreditem que o grande jogo pode ser jogado de formas diferenciadas de um sistema único coercitivo, retrógado, e corporativista. Torço ardentemente que a mudança que tanto aguardamos esteja perto, muito perto de se tornar realidade, uma bem vinda realidade.

Amém.

Fotos de Fernando Azevedo. Clique nas mesmas para ampliá-las.

MALDADES…

Maldade 1 – Inadmissível que um juiz publicamente “cobre uma aula em dobro, por ser particular” (foto 1) a um técnico que não se impõe a tais intimidades, pois nem de brincadeira (sadia e amigável, segundo o comentarista de TV) um juiz de verdade deveria confundir seu trabalho arbitral com amenidades voltadas ao burlesco. Jogo de alta competição não deveria se prestar a tais e constrangedoras “licenças poéticas”.

 

Maldade 2 – Jogo empatado, e a escolha para desempatá-lo foi uma bolinha de três perpetrada pelo atacante do Pinheiros (foto 2), um dos pivôs da equipe, e que errou. Mas o que não foi sequer comentado para valer foi que antecedendo essa bolinha, duas jogadas foram verdadeiramente decisivas. Com três pontos à frente e faltando 28seg a equipe de Joinville tem um lateral a seu favor, cobrado infantilmente pelo armador Kojo com um passe paralelo à linha final (erro básico de fundamentos), e por isso sendo interceptado, originando o arremesso de três do jogador Marcos, empatando o jogo. Coincidentemente, o jogador americano se machuca, não sei bem se no rosto, ou na perna, ou mesmo no tronco. O certo é que não retornou para a prorrogação, um dos motivos da derrota de sua equipe. Pode ser que a contusão tenha sido séria, mas que “apagou” a grotesca falha, com certeza…

 

Maldade 3 – Num jogo ríspido e físico, Brasília derrotou Bauru, se classificando para a semi final. Numa disputa de rebote, o encorpado pivô Jeff de Bauru ao oscilar seus braços em defesa da capturada bola, por pouco não atinge o jogador Alex, que se indispôs com o mesmo. Mais adiante, o cardeal desfere uma bofetada no pivô (só que esta atinge o oponente), sendo punido com falta técnica, quando, pelas regras do jogo deveria ser excluído (nesse caso o juiz não concedeu “aula particular”), e pouco depois um forte encontro de costados (foto 3) entre o Jeff e o Arthur, jogada comum em jogos dessa ordem, quase deflagra um conflito desnecessário e passional. Terminado o jogo, discursos explicativos e eivado de atitudes mal educadas e fora do contexto (foto 4), mas omitindo ter sido beneficiado com 24seg além dos 30seg a que teria direito nos seis lances livres que cobrou seguidamente com média de 9seg para cada(uma falta e duas faltas técnicas), no que não foi penalizado pela “didática arbitragem”. Lamentável.

Maldade 4 – Uma jogadora (foto 5) que foi induzida sistematicamente pelo sistema único em que foi treinada desde sempre, a correr desenfreadamente, como todos os nossos armadores o fazem desde a formação de base, mas uma das poucas realmente ambidestras na condução de bola, se expõe ao doping para, que maldade, correr mais ainda, como forma compensatória à sua pouca estatura. Houvesse outros sistemas de jogo optativos, onde a leitura de jogo propiciasse ações criativas, ousadas, corajosas, pausadas, sem pressa, pensadas, diversificando talentos e cultura desportiva, e dopings dessa forma seriam inexistentes. Pura maldade essa ditadura do sistema único, onde opções cedem todo o espaço às formatações e padronizações que esmagam e atrofiam o livre e democrático pensar, e fazer.

Maldade extra – “Agora chega, tratemos de jogar para que m….. não venham dizer que o time não tem comando, chega, chega. Primeiro vamos ganhar, e ao final…vamos ver”. Instruções do técnico de Brasília em seu último pedido de tempo, quando se deu conta que suas atitudes e de seus jogadores contra a arbitragem, estavam propiciando uma forte reação de seu adversário.

Creio que m….. não são bem os que, por força do ofício, comentam e criticam, e sim aqueles que dão sérios motivos para serem analisados, e por que não, criticados em seus “rompantes” nada profissionais, já que em funções públicas e fartamente divulgadas, e que devem ser respeitosas e educadas.

Amém

Fotos – Reproduções da TV, e divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O MOMENTO DECISIVO…

Como já venho afirmando a um longo tempo, a mesmice técnico tática que se estabeleceu no nosso basquetebol, praticamente eliminou a criatividade dos jogadores, ao se estabelecerem enclausurados em posições de 1 a 5, mimetizando coreografias pranchetadas, parecendo que nunca foram treinadas pelos estrategistas de plantão, numa orgia de rabiscos que  quase sempre são esquecidos, ou sequer entendidos, por jogadores que os olham entediados e descompromissados, já que realizam o oposto na volta ao jogo, e onde os “vamo lá”, “peguem forte”, “façam os movimentos”, “rodem a bola”, “façam a chifre, a dois invertida, a três revertida, a quarenta e quatro, a trinta e dois, a… “ sabe-se lá mais quantas sacadas de ocasião, tentam impor algo somente existente em seus pontuais devaneios, pois tais situações seriam dispensáveis se exaustiva e detalhadamente fossem dissecadas nos treinos, em vez dos rachões de praxe, e onde todos os envolvidos descobririam que as mesmas são irrepetíveis, já que submetidas a um fator decisivo, a realidade  defensiva por parte de adversários, cuja existência é, também de praxe, omitida da realidade expositiva de uma irreal prancheta.
Algo muito sério, no entanto, preocupa mais do que todo esse arsenal de siglas, códigos e encenações, a teimosa e monocórdia insistência pela busca do “movimento perfeito”, aquele que deve ser recriado indefinidamente sempre que solicitado, pois na fria ótica das pranchetas, ele ali está representado na ordem direta de sua pseudo perfeição, mas com um único e poderoso porém, o da impossibilidade de que qualquer movimento possa ser repetido, quando muito adaptado, jamais revivido.
E por conta de tal evidência, foi que em 15/2/2005, quando tal tendência já se manifestava, que publiquei o artigo Mestres do Olhar e do Movimento, que agora reproduzo, pois o momento por que passa o grande jogo em nosso país, tem de se desvencilhar desse vicio, que o prejudica e entrava de maneira altamente preocupante:

MESTRES DO OLHAR E DO MOVIMENTO.
Este foi o título de uma reportagem sobre a exposição que explora as afinidades entre o escultor Alberto Giacometti e o fotógrafo Henri Cartier-Bresson publicada no O Globo no dia 17/1/2005. O texto menciona, entre várias coincidências, a vontade de ambos de congelar um momento em movimento. Disse Giacometti- “Toda a ação dos artistas modernos está nessa vontade de captar, de possuir alguma coisa que foge constantemente”. Já Bresson assim se manifestou-”Jogamos com coisas que desaparecem, e quando elas desaparecem, é impossível fazer com que elas revivam”. Eis duas afirmativas que caem como um diáfano véu sobre as cabeças da maioria de nossos técnicos. Sonham de olhos abertos com a perpetuação dos movimentos que extrapolam de suas pranchetas mágicas, como se fosse possível a perenização das jogadas estabelecidas pelo sistema de jogo que empregam. Sempre que estabelecem contato com os jogadores repetem, e repetem, até a exaustão os mesmos movimentos, as mesmas soluções, clamam pela obediência à jogada, á rotatividade da bola, com uma intransigência que beira ao fanatismo. É como se fosse uma grande coreografia, onde a repetição das jogadas mortais é o supremo objetivo a ser alcançado. Mas, como mencionaram Giacometti e Bresson, os movimentos acontecem na mesma proporção em que desaparecem, e nunca são iguais, por isso viviam em busca de sua captação, a qual Bresson definiu como o”decisive moment”, o momento decisivo, único, fugaz e precioso se captado. Essa foi sua grandeza, pois foi o fotógrafo que mais o registrou no século XX. Nossos técnicos precisam, com urgência, entender que se uma jogada se repetir, com alto grau de frequência, pode-se afirmar que o sistema defensivo do adversário inexiste pela extrema fraqueza de seus integrantes. Um sistema ofensivo é de alta qualidade, não se der certo seguidamente, e sim se estabelecer situações que desequilibrem, pela imprevisibilidade de suas ações, o esquema defensivo do adversário. A repetição sistemática de jogadas produz situações com alto grau de previsibilidade, e retiram dos jogadores a espontaneidade de suas ações, colocando-os numa situação de meros repetidores de movimentos pré-estabelecidos por seus técnicos.
E se os defensores forem de boa qualidade, rapidamente se anteporão aos movimentos ofensivos, anulando sua eficiência. São nesses momentos que se estabelecem as diferenças entre uma equipe bem treinada de outra não tão bem preparada. Quantos são os técnicos que nos coletivos de preparação para os jogos, os interrompem para orientar sua defesa em função de seu próprio ataque pré-estabelecido? Que sempre orienta seus jogadores na busca do inusitado, e não do conhecido? Que mesmo tendo um sistema fechado de jogo, propugna por rompê-lo sempre que possível, pois essa sempre será a ação desencadeada pelo adversário? Enfim, que reconhece ser a busca, não de um, mas de vários “momentos decisivos”, o fator a ser alcançado com afinco e dissociado do círculo vicioso coreografia-prancheta? Por praticar fotografia por longos anos, e de ter tido em Henri Cartier-Bresson um exemplo a ser seguido é que desde muito cedo procurei entender e praticar o”decisive moment” com algum sucesso, mas que pela compreensão de seu significado, pude levar a meus jogadores um vasto leque de opções que visassem o encontro dos mesmos. “Jogamos com coisas que desaparecem, e
quando elas desaparecem, é impossível fazer com que elas revivam”. Cada jogada constitui um princípio e um fim em si mesma, e são irrepetíveis. Precisamos entender esse mecanismo para nos libertar das jogadas mágicas e das pranchetas milagrosas.
Meus queridos colegas, precisamos encontrar novos caminhos, pois esse que aí está sendo trilhado por vocês não levará a lugar nenhum, perdão, sabemos onde ele vai dar…
Amém.
Foto – Um exemplo de um único e irrepetível momento decisivo, num aniversário de minha filha Andrea com seu padrinho Luis dos Santos.
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O NÓ TÁTICO…

Fico pensando como ser possível que numa decisão de playoff, uma equipe vença três quartos do jogo, e num terceiro quarto leve um 30 x 9 devastador, no que foi definido pelo comentarista do Sportv, como um “nó tático” da equipe de Bauru sobre a de Sorocaba, nominando uma justificativa à enxurrada de arremessos de três neste quarto, como algo decorrente de jogadas armadas com a finalidade de que as bolinhas definissem praticamente o jogo. Mas não mencionou que, na verdade, a equipe sorocabana apostou no “pagar para ver”, no afã de blindar o perímetro interno, abdicando totalmente da marcação do externo, permitindo, ou mesmo autorizando o massacre, pois nossas equipes, e por que não, nossos técnicos em sua maioria, não concebem defender internamente sem a utilização de dobras, numa atitude suicida e irresponsável. O nó tático se restringiu a somente isso, uma quantidade de arremessos de três não contestados em nenhum momento, num 12/28 absurdo por parte de Bauru.

Mas no quarto final, quando a equipe de Sorocaba resolveu marcar um pouco mais lá fora, e se aproximar a oito pontos no marcador, é que vimos o tal do nó ser brecado pelo indignado técnico de Bauru, e trocado por um seguro jogo interno, e, inacreditável, passando o nó, ou seja, o desenfreado festim de bolas de três, a ser utilizado por Sorocaba, perdendo por conta desse equivoco, a oportunidade de recuperar de dois em dois pontos, uma partida que poderia ter tido outro desfecho, não fosse a ciclópica crença de que um nó, digo, uma hemorragia de bolinhas vence a maioria dos jogos realizados neste país.

Jogos como este, solidificam cada vez mais na mente de nossos jovens, a imagem dominante dos longos arremessos, sua pseudo superioridade técnica, personificando o “nó tático” defendido enfaticamente pelo estreante (?) comentarista, quando na dura realidade, expõe a nossa falência defensiva, omitida desde as categorias de base, obscurecidas pelos mesmos nós táticos pertencentes à nossa realidade de eternos “pagantes para ver”.

No outro jogo, entre Uberlândia e Tijuca, algo correlato e de triste e monocórdia repetição ocorreu, um 11/22 de arremessos de três por parte dos mineiros, sobrepujando os 3/21 dos cariocas, numa prova irrefutável de que o tal “nó tático” de muito já estabeleceu sua identidade definitiva, a de que o reinado das bolinhas aí está para ficar, com as bênçãos do comentarista-técnico, ou técnico-comentarista (dualidade que nunca consegui bem estabelecer), assim como da grande parte da comunidade basquetebolistica de nosso país, para a qual, desatar nós nada representa se comparado ao lamentável reinado…

Enquanto isso, assinamos definitivamente um termo de incapacidade na formação de armadores, afinal estaremos salvos em Londres pela naturalização do Larry, porta escancarada para outras naturalizações para 2016, afinal de contas, adquirir talentos prontos é bem mais fácil e rentável do que simplesmente formá-los…

Mais uma vez fico pensando se não seria mais vantajoso tentar naturalizar o Magnano, claro, se o interessasse, e que aqui bem para nós, duvido que topasse, pois seus “nós táticos” rezam numa outra cartilha, a do trabalho e incontido amor pelas coisas e povo de seu país, onde formação de base é coisa muito, muito séria, ou não?

Finalmente, devemos sempre ter em mente que imediatismos jamais levam ao progresso, somente acalentam um certo tipo de “desportista” para o qual não importam os meios, e sim os fins, na doentia busca da vitoria a qualquer preço, num preito à vaidade irresponsável e imatura.

Amém.

Foto-Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

FRANCAMENTE…

A cada dia que passa mais difícil se torna escrever sobre o nosso basquetebol, já nem falo pelos equívocos e desmandos da CBB, e sim pelos jogos do NBB, com sua dinâmica rame-rame, repetitiva, cansativa, a tal ponto que, por mais experiente e tolerante que seja, me falta paciência e ânimo para testemunhar tanta mesmice, tanta acomodação ao corporativismo técnico tático que nos coisifica, não só aqui, mas lá fora também.
Ontem mesmo, no primeiro pedido de tempo que o novo e estreante técnico do Uberlândia pediu, solicitou a “chifre” aos seus jogadores, só que não fiquei sabendo se “para cima” ou “para baixo”, no que daria no mesmo, pois eles não executaram nenhuma delas, incluindo as “camisas”, “cabeças”, e demais variações de um “samba de uma nota só”, incoerente e desafinado.
Nada que possamos relatar de novo, novinho, curioso, moleque, insinuante, ou mesmo, corajoso, nada, absolutamente, nada, nadinha…
Mas péra lá Paulo, e o jovem e exuberante Paulistano, não conta?
Bem, se convergir em muitos de seus jogos (número de arremessos de 3 próximos, iguais ou superiores aos de 2 pontos, e que não é prerrogativa somente dessa equipe), número elevado e ineficiente dos mesmos pela incapacidade de atuar internamente, apesar de contar com bons e promissores pivôs, contar com armadores que tentam e teimam em ser definidores e pouco passadores, exercer em muitas partidas uma eficiente defesa, mas drenar seus esforços em ataques inócuos e precipitados, passar seu jovem técnico, intranqüilidade a seus jogadores através uma postura agressiva e excessivamente “participativa”de fora da quadra, inclusive com arbitragens, quando maior e decisivo comedimento atingiria resultados opostos e melhores pela imagem transmitida de tranqüilidade e auto domínio,  podemos considerar com bastante convicção, que pouco contou para a melhoria de nosso jogo, mesmo.
E pensar que a seleção para o sul americano, básica e obrigatoriamente jovem, contará com uma liderança que privilegia as “bolinhas”, em detrimento de um jogo mais preciso, mais seguro próximo à cesta, onde armadores alas e pivôs pudessem exercer seus fundamentos igualitariamente? Por mais este importante fator, reafirmo que não, pois a não tão jovem equipe do Paulistano ficou a dever algo de realmente inédito, incisivo, insinuante, marcante e exemplar, como um novo sistema, ou uma forma diferenciada de jogar o grande jogo.
O campeonato vai se afunilando, assim como a mesmice endêmica, num modelo que se repete a cada bola ao alto, e outra, e mais outra, num moto continuo desesperador.
Claro que existe muita emoção e jogos duros, afinal algumas equipes se equivalem, mas, e os fundamentos, a base formativa, a diversidade técnico tática, por onde andam, se é que existem, por onde? Sinalizem a “chifre” e “vamo que vamo…”
Amém.

Fotos  reproduzidas da TV (Clique nas mesmas para ampliá-las)- Jogo interno e externo (fotos 1 e 2) dentro do sistema único, inclusive com os pivôs apartados da cesta. Helio Rubens( foto3),um dos poucos técnicos que com sua vasta experiência poderia, se quisesse, mudar um pouco do que aí está.

 

O PINNOCK…

Um minuto e dezessete segundos para o encerramento do jogo, três pontos à frente a equipe de Brasília. Ataque bola para o Arecibo, bola para o “talentoso” Pinnock que dribla em direção ao garrafão. Se esquiva da marcação e executa um primoroso passe picado na direção de seu pivô bem no meio do garrafão, mas que… não estava lá! Isso mesmo, o talentoso Pinnock deu um passe a um companheiro inexistente, originando um contra ataque candango, e determinando a derrota de sua equipe. Com um Pinnock do outro lado, equipe nenhuma deve temer derrota de espécie alguma…

Como a equipe do CEUB encontrou a mala esquecida na aduana venezuelana, aquela com seu sistema defensivo, pode exercer esse importante fundamento de forma um pouco mais eficiente, o necessário para levar para o planalto central as finais da Liga Américas, se ainda pretender bancá-la, o que seria muito bom para o basquete brasileiro em sua ainda trôpega tentativa de soerguimento. Pena que a caótica equipe de Arecibo e seu inacreditável talento Pinnock lá não estará, pois seria um divertimento de primeira linha…

No jogo de fundo, nem mesmo, e este sim, verdadeiramente talentoso armador uruguaio Leandro Morales, atrapalhado todo o tempo por um Martinez centralizador, conseguiu levar de vencida uma equipe mediana argentina, que contando com duas efetivas lideranças, de seu excelente técnico, e de um veterano Wolkowyski reluzindo técnica e experiência, somando precisão a um bom conceito de equipe, fez da colcha de retalhos nominada de Crocodillos, uma perfeita moldura do que não se deve fazer para participar de um torneio de tal envergadura, ou seja, contratar “nomes” de véspera, como se os mesmos, por melhor que fossem, mas sem qualquer entrosamento com a equipe, pudessem levantar um troféu de uma modalidade onde o coletivismo é a base estrutural de uma verdadeira equipe.

Temo, no entanto, que frente às duas equipes argentinas nas finais, o reduzido time candango não seja suficiente para levá-las de vencida, pois peca basicamente na armação, contando somente com um solitário Nezinho, que nem sempre está inspirado, principalmente quando consegue ser bloqueado na altura de seu peito em seu tiro de meta, digo, arremesso de três pontos. Seus reservas são fracos e inexperientes, assim como seus alas. De pivôs são bem servidos, todos eles complementando um quarteto de boa técnica e vastíssima rodagem.

No entanto, com 15000 torcedores em volta, quem sabe possam conseguir o bi campeonato? Se não mantiverem o “pagar para ver” tradicional, quem sabe…

Amém.

Foto-Divulgação FIBA Américas. Clique na mesma para ampliá-la.