OS PSEUDOS…

Confusão formada, jogador mais influente da equipe excluído e automaticamente suspenso para a segunda partida, equipe nervosa e agressiva junto a arbitragem, técnicos brasileiros pseudamente revoltados, dirigentes também brasileiros dando carteiradas e fotografando as cenas absurdas, jogador paraguaio-argentino com um sorriso insuspeito insuflando a torcida, numa comunhão de valores historicamente inverossímil, e no fundo, em off, a torcida aos brados , compassados – Argentina, Argentina, Argentina… E todos nós, na distância televisiva, achatados nas poltronas sem ação ante tanta estupidez, despreparo e falta de vergonha na cara, desculpe, com uma tocante exceção, a figura imponente de um jogador que foi até lá para simplesmente jogar basquetebol, Alírio.

A equipe do Flamengo inicia o jogo com um armador e dois pseudo armadores responsáveis pelas ações ofensivas e coordenação defensiva, mas com um indisfarçável detalhe, já que dois deles ( os pseudos…)sob a mínima pressão defensiva se perdem em lateralidades, pois não são dribladores ambidestros, e fracos nas fintas de 1 x 1, e mais, absolutamente não tem atitude defensiva, permitindo que nos cruzamentos entre os dois armadores argentinos fora do perímetro a recuperação se faça por trás do companheiro, e não entre ele e o atacante, atitude técnica que, além de evitar a troca, mantém o mesmo sob vigilância a curta distância, evitando os arremessos de três. Mas estes são detalhes ínfimos para os que se consideram o máximo.

E foi exatamente no momento em que a equipe brasileira, tendo em quadra os seus dois armadores verdadeiros, exercia uma reação no placar, quando acertou a sua defesa e atacava com mais opções, é que os luminares rubro-negros iniciaram o projeto – Cuidado, vocês vão ter que jogar no Maracanãnzinho! Ouviram bem? Na nossa casa, onde o buraco é mais embaixo!! –

Acontece, que antes de desencadearem o projeto coercitivo, esqueceram que duas partidas teriam de ser jogadas no cercado do vizinho, onde o buraco não fica embaixo, e sim a 3.05 metros de altura, e no qual eles acertam com precisão cirúrgica de quem entende do riscado, e de projetos…

Hoje jogarão a segunda partida, na qual, pela ausência de um dos pseudo armadores, se verão obrigados a jogar, mais do que nunca, em rígido conjunto, onde as ações de armação de jogadas e precisão defensiva se farão de extrema necessidade, se transformando em um campo fértil de criatividade e técnica apurada nos fundamentos, principalmente os de drible, fintas e passes no ataque, e agressividade na defesa, aspectos intrínsecos a armadores de formação.

Se uma vitória não for alcançada no périplo pelas terras argentinas, mesmo que, por força coercitiva, ou não, da torcida rubro-negra que deverá lotar o Maracanãnzinho, duas vitórias serão insuficientes, pois a decisão será levada de volta para o sul, onde, como já se viu, os buracos ficam em cima, ao alcance dos melhores jogadores, da melhor equipe.

Estrategicamente falando o Flamengo foi uma lástima na Argentina, apesar de técnico-taticamente ter alguma condição de enfrentamento, claro, se privilegiasse os jogadores mais adequados às situações reais de jogo, e não às falsas premissas que teimosamente muitos ainda defendem, como a notória ascendência fundamentada em nomes, codinomes e pseudas qualidades, garantidoras de espaços e capitanias hereditárias, vícios exemplificados de cima para baixo, desde seleções e comissões técnicas, passando ao largo do comando central e inamovível, foco de todo um processo de declínio e total ausência de legitimidade. Uma pena.

Amém.

UM LEMBRETE ÀS VIUVAS…

Semana animada essa no ambiente basquetebolístico, com o grande Oscar provocando os iniciados e os calejados com afirmações tipo – “Os nossos jogadores são coadjuvantes na NBA (…). (…) Eles não decidem o fim do jogo, e a seleção brasileira só vai ser boa quando tiver jogador que decide”. Certo ou errado, tocou nos brios da turma que vê na NBA todo um projeto de vida, todo um sonho a ser vivenciado e tornado real através jogadores patrícios, representantes dos anseios quiméricos da referida turma. Os dólares, a projeção estelar, o showbiz, são apelos fortes demais para não serem desejados, mesmo que por delegação de um sonho. E logo ele, do alto de sua decisão de negar participação na grande liga, em função prioritária de vestir a camiseta 14 da seleção brasileira, o grande Oscar, autor do supremo crime de negar a materialização do grande sonho dos que hoje renegam sua escolha patriótica, vem a público externar uma opinião na contramão de seus detratores? Apesar dos pesares , de opiniões passionais, de rompantes desequilibrados, de impaciência política, de decisões intempestivas, esse grande jogador traçou seu destino com precisão milimétrica, viveu uma realidade, e não um sonho delegado por quem não mereceria materializá-lo, a classe deslumbrada que nega sua origem terceiro-mundista, e que não perdoa quem discorde de suas quimeras, envoltas na idioma do LeBron e do Odon, só para lembrar dos gatões.

E como se tornou lei para essa turma, de que o basquete somente toma forma definitiva de uma arte, se praticada pelos deuses do norte, um contra ponto estalou no âmago das consciências esclarecidas daquela região mágica, numa matéria publicada pelo portal UOL nessa terça-feira, sob o titulo – Técnicos querem nova postura na seleção de basquete dos EUA.

-O “fracasso” em competições recentes, como o bronze no Jogos de Atenas-2004, provocou uma série de reflexões sobre a seleção norte-americana de basquete. Para o técnico Mike Krzyzewski, uma mudança de comportamento será fundamental para que a equipe recupere o prestígio e o sucesso nas Olimpíadas de Pequim-, foi o primeiro parágrafo da matéria. “Eu acho que nos últimos anos, nós fomos arrogantes sobre o jogo, sobre aquilo que chamávamos de nosso jogo”,opinou o treinador. “Não é o nosso jogo, é o jogo mundial, e nós temos que jogar um jogo diferente quando estamos em partidas internacionais”.

É o relato de um dos mais prestigiados técnicos universitários, e atual técnico da seleção, e que encontra apoio em um de seus assistentes, Jerry Colangelo, do Phoenix Suns, que entende que a distância entre o “dream team” e outras seleções acabou quando a NBA abriu as portas para a entrada, em massa, de atletas de outros países.

“Eu costumo dizer que o basquete é o mais coletivo dos esportes. Quanto mais você joga com os outros, mais você melhora. Ficou provado nas Olimpíadas de 2004 que um bom time pode bater um time de estrelas”.

Como podemos atestar pelos relatos acima, nossos irmãos do norte estão em plena vigência de um plano de modificações profundas, em busca de um encurtamento que os separam do basquete jogado pelo resto do mundo, aquele que a média dos americanos faz questão de desconhecer, mas que no último campeonato universitário deu as primeiras e decisivas mostras de que tudo farão para que as próximas gerações retomem seu lugar no concerto das nações. E o Colangelo arrematou : “Nós pedimos a eles (os jogadores) que se comprometam a jogar pelo seu país, não apenas a jogar”, revelou. “Nos dois últimos anos, nós vimos nosso projeto se desenvolver a tal ponto que, não importa se é o LeBron James, o Kobe Bryant, o Jason Kidd ou qualquer outro jogador no time, todos eles se sentem parte de uma equipe”.

O Oscar tomou essa decisão duas décadas atrás, perdendo a oportunidade, apesar de convidado, de jogar na NBA. Hoje, as grandes estrelas americanas, com sua participação garantida na grande liga, iniciam um comprometimento junto a seleção de seu país, sem antes se submeterem a um novo tipo de atitude técnico-tática, que em breve se esprairá por todo o basquete jogado em seu país, na tentativa de rivalizar com o restante do mundo, tendência esta já adotada no último campeonato da NCAA, que em breve se verá forçada a admitir as regras internacionais, último óbice às suas pretensões de soerguimento internacional.

Enquanto isso, aqui na tropicália, as viúvas do basquete pasteurizado da NBA, reinvidicam uma pseuda supremacia técnico-tatica do mesmo perante e para nossa realidade, com o fervor dos colonizados culturais, escravos das enterradas tribais nem sempre politicamente corretas. A grande ironia, é que a contra ofensiva a essa tendência que os levaram a derrotas contundentes, parte deles mesmos, num mea culpa pranteado e constrangedor, diria até humilde.

Seria muito bom que nossos jogadores assumissem a seleção quando convocados, para, a exemplo dos americanos, serem solicitados a jogarem pelo país, e não somente jogar, e não transformarem a seleção em vitrine de projeção e oportunidade de grandes contratos. Esses são os pontos que lastreiam o posicionamento do Oscar, quando confrontado pela realidade de nossa seleção, e que os mais ferrenhos de seus opositores ousam negar, muito mais agora com o depoimento dos técnicos da seleção americana.

Certo, errado, controvertido, emocional, passional, não importa sua condição de ex-jogador, e sim, que no assunto seleção brasileira ele está com carradas de razão quando localiza a ausência de liderança dentro e fora da quadra, como o grande problema a ser enfrentado, principalmente por aqueles que teimam em utilizar a seleção como vitrine para seus inflados egos, jogadores e não jogadores.

Amém.

VERDADEIROS OU PSEUDO ARMADORES?

E a equipe do Flamengo conseguiu ir a final do Sul-Americano, brilhantemente aliás, vencendo a excelente equipe do Boca Juniors de forma convincente, apesar da enorme dúvida que se estabeleceu, ao retroceder taticamente perante sua ação demolidora de véspera, quando venceu o mesmo adversário por quase 30 pontos de diferença. Isto porque, utilizando-se de dois armadores puros, como o Fred e o Hélio, levou de roldão a forte defesa do Boca, sedimentada pela boa técnica nos dribles e nas fintas dos dois, que inclusive, deram uma enorme contribuição, por conta de sua velocidade e visão periférica, ao ampliar e exeqüibilizar um sistema defensivo eficiente e fora do corriqueiro padrão empregado pelas demais equipes brasileiras, ou seja, a defesa linha da bola, que se empregada em toda a sua potencialidade, principalmente na marcação permanente dos pivôs adversários pela frente, teria atingido sua eficiência máxima. Mas, para uma primeira etapa na utilização da mesma, saíram-se bem os jogadores rubro-negros, que pelo seu esforço e dedicação mereceriam ser instruídos, treinados e incentivados à defesa dos pivôs da forma correta, pela frente.

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COISAS VIRTUAIS…

O jornalista Giancarlo Giampietro publicou no portal UOL uma entrevista que fez com o auto-convocado jogador Alex, sobre a seleção que irá disputar o Pré-Olímpico em Atenas, em julho deste ano.

Perguntado a respeito do novo técnico, o espanhol Moncho Monsalve, assim se manifestou um dos lideres da seleção em Las Vegas : “Estava vendo nas entrevistas dele pela Internet – com o pessoal da Espanha, Marcelinho e Oscar. Não o conheço e não dá para criticar sem conhecer o trabalho dele. O mais importante é a classificação”. Como vemos, o nosso valoroso jogador evita criticas ao novo técnico sem primeiro avaliar seu trabalho na seleção, desconhecendo seu passado e somente conotando real importância à classificação da equipe para as Olimpíadas, num testemunho de quem se sente absoluto na convocação, e na pseudo liderança que costuma ostentar em entrevistas pela mídia. Aguardarei ansioso suas colocações técnicas e administrativas após o estágio probatório do espanhol, quando, ai sim, exporá suas opiniões à respeito do inditoso treinador, previamente rebaixado pela maior importância que dá à classificação.

“ Vamos ter quatro semanas de treinos. Acho que primeiro é conversar, reunir todo mundo na apresentação. O técnico vai chegar, e vamos ver o que ele está planejando. Temos de tentar combinar o jeito que vamos jogar e ver o que está errado – e não ficar cada um por si (…)”. Então, como podemos depreender com tais e profundas opiniões, mais uma das célebres reuniões (será secreta desta vez?…) se fará presente, inclusive, para examinar o planejamento do técnico, para daí em diante combinarem a forma de jogar, claro, corrigindo erros. Mais quais? Os possíveis (na ótica dos participantes da reunião…)contidos no planejamento, ou os secretos discutidos em Las Vegas?

Continuando :”(…) Sempre mudamos tudo o que combinamos, jogamos diferente e partimos para a individualidade. A gente fica um pouco desesperado, afoito. Tem de ter paciência, ir de pouquinho em pouquinho”. Ora, ora, o que temos aqui explicito em todas as letras? O fato de que obediência técnico-tática jamais passou pelas cabecinhas coroadas dos cardeais com respeito à ascendência técnica da extinta comissão de quatro técnicos. Jamais, e ainda tiveram o desplante de promoverem uma reunião espúria e irresponsável, e ainda mais secreta, onde peitaram a comissão e determinaram o cada um por si que se viu, e agora temos a confirmação pelo teor da entrevista. Que se cuide o novo técnico, cujo orgulho maior é o de ostentar a áurea de bom interlocutor e psicólogo de causas difíceis junto aos jogadores que dirigiu, mas que terá de se defrontar com um grupo de líderes que se compraz, fruto de um apoio descompromissado de uma parte da mídia, com os verdadeiros e legítimos caminhos que deveriam pautar o soerguimento do nosso basquetebol, em abocanhar lideranças sem terem o mínimo preparo e condição moral de fazê-lo, pois desrespeitam e ferem de morte os princípios de comando e disciplina, inerentes aos atletas de verdade, fatores que conotam as verdadeiras equipes.

Perguntado sobre as ocorrências em Las Vegas, e o que deveria ser evitado este ano, respondeu : “Problemas a gente não teve. Muita coisa que passou lá era virtual. Criaram picuinhas para ter um clima desfavorável a seleção. Pecamos porque a gente perdeu”. Incoerência parece ser sua marca registrada, pois suas declarações anteriores desmentem tal afirmativa. Afinal de contas, como explicar o fato descrito de que sempre mudavam o combinado, partindo para a individualidade, originando nos detratores picuinhas para provocar um clima negativo a seleção, viabilizadas pelo fato de terem cometido o pecado de perder? E mais, que muita coisa ocorrida era virtual? Mas como virtual (…Diz-se daquilo que, por meios eletrônicos, constitui representação ou simulação de algo real. Dic.Aurélio), se tais fatos foram transmitidos pela TV, inclusive a triste coação sofrida por uma jornalista que se atreveu a inquirir os técnicos e jogadores sobre a reunião secreta que acabara de acontecer, sendo ofendida e pressionada? Virtual? Uma ova que foi.

“(…) Pessoalmente, profissionalmente já estamos bem. A gente tem de se dar bem na seleção também, conseguir alguma coisa importante”. Que bom que atingiu a estabilidade, mas não custa nada perguntar quantas reuniões secretas organizou, ou ajudou a organizar nos Hornets e agora no Maccabi, para confrontar e avaliar as comissões técnicas dessas equipes? Pois afinal de contas a reserva nas mesmas não está a altura de seus predicados técnicos. Duvido que alguma, virtual ou não.

Finalmente, sobre as declarações do Marcos acerca dos fatos de Las Vegas, respondeu : “Ele não deveria ter falado coisas que não devia(…)”. Concordo se fossem, como afirma com convicção, virtuais, simulações da verdade, mas que provaram ser exatamente o contrário, mostraram a realidade do nosso basquete onde jogadores se convocam, se escalam e se reúnem para confrontar comandos e lideranças, atribuindo qualificações e reprovações dentro de equipes e seleções, claro, as tupiniquins, pois lá fora se vestem de anjos barrocos, em nenhum momento, virtuais.

Que os bons deuses nos protejam, virtuais ou não.

Amém.

UMA BOA PERSPECTIVA…

Aos poucos, devagarzinho, quebrando resistências, convencendo os céticos (e como os há entre nós…), conquistando adeptos, provando ser possível, e por que não, desejável, vemos aceita a possibilidade de jogarmos com dois armadores puros, numa formação básica, por algumas de nossas equipes de ponta. Infelizmente, e por razões de uma globalização técnico-tática, que nos foi imposta por uma geração de técnicos comprometida com os ditames técnicos advindos da NBA, a utilização de dois armadores ainda se enquadra no sistema de jogo padrão, onde a utilização de um único armador é a regra geral, que agora vem sendo adaptada substituindo-se um dos alas por outro armador de formação. Sistemas de jogo, onde a utilização plena de dois armadores atuando permanentemente fora do perímetro, integrados e ajudando-se mutuamente, tanto ofensiva, como defensivamente, inexistem em nossas equipes, escravizadas e habituadas ao sistema padrão.

Mas aos poucos algumas soluções vão surgindo, principalmente através o cada vez mais evidente entrosamento de algumas duplas, como o Helio e o Mateus em Franca, o Valter e o Ratto em Brasilia, o Fred e o Helio no Flamengo, alguns exemplos de que a formula da dupla armação de uma equipe pode ser tornar viável e bastante efetiva.

Sempre a defendi, por usá-la à exaustão em minhas equipes, adaptando soluções técnico-táticas específicas às características individuais de cada jogador daquelas posições, sempre complementados por três homens altos atuando permanentemente dentro do perímetro, em sintonia com os de fora, numa progressiva busca pelos melhores posicionamentos na recepção dos passes, nas ajudas às penetrações, na escolha dos melhores arremessos, no posicionamento multíplice nos rebotes, na ajuda permanente na defesa, e na busca incessante por novas e eficientes soluções técnico-táticas, por parte deles, os jogadores, que estão no campo da luta, enfrentando suas dúvidas e desafios ante adversários em constante mutação posicional, onde cada movimento ou jogada jamais é repetida, jamais guarda qualquer semelhança com às que a antecedem, seja na defesa, seja no ataque, tornando a experiência de jogar basquete numa perene e extraordinária descoberta de suas possibilidades individuais em concordância com as coletivas, compondo a essência desse único e apaixonante grande jogo.

O jogo dessa noite, entre o Flamengo e o Boca Juniors, espelhou um pouco a realidade exposta acima, na qual, dois excelentes armadores ditaram o ritmo e a correta direção que a partida teria de tomar em busca de uma vitoria inconteste e de promissora importância para o nosso basquetebol. Espero que nossos técnicos estudem a fundo possibilidades de jogo que aperfeiçoem o emprego da dupla armação, principalmente com a adoção de novos sistemas, que fujam do padrão que nos foi imposto ( e ainda continua a sê-lo através as clinicas oferecidas e aceitas pelas federações alinhadas com a CBB, numa atitude centralizadora e unilateral, emanada pelo mesmo grupo que nos tem empurrado o sistema padrão goela abaixo nos últimos vinte anos de obscurantismo e retrocesso atroz.).

Torço para que a equipe do Flamengo repita a bela atuação desta noite, quando muito, para provar que, com um pouco de audácia e vontade de mudar, a distância que nos separa da excelente organização argentina pode ser reduzida, mesmo por uma pouca, porém progressiva tomada de novos rumos, em busca de um tempo perdido, que já se prolonga em demasia. Assim espero.

Amém.

A FINAL…


A final foi eletrizante, assim como o espetáculo em seu todo, do ginásio à torcida, da organização e da divulgação competente pela TV e pela internet. Só não teço elogios à arbitragem, que deixou o “pau rolar” embaixo das cestas, numa atuação cujos critérios jamais passariam sob o crivo da FIBA. Numa arbitragem fundamentada nas regras internacionais, muitos, mas muitos jogadores sairiam com as 5 faltas pessoais antes do término do primeiro tempo de jogo. Exatamente por essa razão é que os grandes pivôs americanos se dão mal nas competições internacionais, pois a carga corporal que exercem sobre os atacantes, mesmo bloqueados corretamente nos arremessos, fazem dos defensores barreiras faltosas do peito para baixo pressionando-os lateral e intencionalmente, numa ação faltosa pelos critérios das regras internacionais. Se os americanos realmente desejam se rivalizar com as equipes internacionais, principalmente as européias, terão de adequar suas regras bem particulares aos critérios das regras internacionais, pois em caso contrário seus esforços de cadenciar os jogos, largamente empregado pela grande maioria das 64 equipes finalistas, cairão num vazio irrecuperável, aumentando a grande distância que ainda os separam da forma internacional de jogar.

Foi um espetáculo onde os fundamentos do jogo atingiram um grau de quase perfeição, nos dribles, passes, arremessos curtos e longos, rebotes e principalmente uma entrega na arte de defender inigualável, somente criticável se a colocarmos ante os padrões das regras internacionais, no que concerne à marcação dos pivôs e dos atacantes que penetravam no âmago defensivo. Dentro dos padrões e critérios que defendem e empregam, perfeitos.

Ironicamente, foi na falha de um dos fundamentos básicos que a equipe de Memphis perdeu a partida, nos lances-livres, principalmente os quatro perdidos a um minuto do final, quando colocaria, na conversão de um deles, os quatro pontos necessários que anularia uma reação de Kansas, mesmo convertendo um arremesso de três. Ao contrário, com a perda dos lances-livres permitiu o empate de Kansas a 2 segundos do final, quando uma falta durante o drible do atacante resultaria tão somente em dois lances, cristalizando a vitoria. Na prorrogação, a equipe de Kansas, embalada e incentivada pela brilhante reação, manteve os nervos sob controle e venceu merecidamente o campeonato.

No entanto, convenhamos que ainda falta um detalhe de primordial importância para que o basquete universitário americano sirva efetivamente de base, para o conveniente e decisivo papel de reconquista do prestigio internacional nas grandes competições internacionais, já que histórico campo de experiências técnico-táticas, impossíveis de acontecer na NBA, com seus critérios de profissionalismo exacerbado, que dificilmente mudarão, ou seja, a adoção das regras internacionais em sua plenitude, pois caso contrario, não atingirão seus objetivos.

Amém.

COLETIVISMO X INDIVIDUALISMO…

Na semana recém finda, assisti pela TV algumas competições esportivas, como um jogo do europeu de futebol, onde a equipe do Barcelona foi derrotada, e varias partidas do campeonato universitário americano de basquetebol. No jogo da equipe espanhola, chamou-me a atenção um comentário do analista da emissora sobre o comportamento retraído e silencioso do técnico holandês da equipe, sentado calmamente em seu banco, sem manifestações ostensivas na beirada do campo. O comentarista criticava aquela atitude passiva, argumentando da necessidade que o mesmo teria de agir, nem que fosse gestualmente, como uma satisfação aos torcedores, ao “demonstrar” trabalho e interesse pela equipe que passava por uma situação de derrota. Ou seja, defendia a síndrome da luz-vermelha, quando um técnico ao flagrar uma câmera focada em si (quando ligada emite uma luz vermelha ao lado da lente) imediatamente se põe ao lado do campo gritando e gesticulando para passar a idéia de participação ativa no jogo, mesmo sabendo ser impossível que seus brados sejam ouvidos por quem quer que seja dentro de campo. Mas ficam os gestos agressivos e passionais, que tem garantido muitos contratos pela sua “participação ativa” perante os dirigentes, mesmo sabendo ser inócua na realidade do jogo. O testemunho do comentarista põe em evidência, não só para ele, mas para uma grande parte da imprensa esportiva, como valorizam o mís en scéne oportunista e revelador de uma corrente de técnicos, mais preocupados com sua posição no mercado de trabalho, do que a equipe que dirige. Esquecem que o trabalho de um técnico é realizado nos treinamentos, intensamente, e em uma ou outra substituição que se faça necessária, além dos ajustes que poderá fazer nos intervalos dos jogos. Pererecar, dançar, saltitar, em atitudes de péssima coreografia ao lado de campos e quadras, além do ridículo a que se expõem , nada acrescentam às suas equipes, a não ser a demonstração da pouca qualidade técnica de seus treinamentos, onde deveria preparar a equipe, sem gestos, discursos ou câmeras focando seus inflados egos.

Outra intervenção abalizada criticava a tendência de alguns técnicos defenderem a preparação das equipes de basquetebol focadas basicamente na pratica dos fundamentos, privilegiando as individualidades, em vez do coletivo, que segundo sua opinião, levada pelo poder da mídia televisiva a uma quantidade enorme de cabeças jovens país afora, é a que deve prevalecer, no que é acompanhado por boa parte da critica basquetebolística nacional, num lamentável equívoco, pois omitem pela ignorância o fato inconteste de que a base coletiva de uma equipe é fornecida pelo preparo e pleno domínio por parte dos jogadores, dos fundamentos do jogo, sem os quais nenhum movimento técnico-tático obtém sucesso.

Dois enfoques equivocados, plena e estruturalmente equivocados, mas que preenchem rotineiramente muitos dos comentários feitos e emitidos por uma parcela da imprensa descomprometida com as bases autênticas do desporto, porém extensamente comprometida com as modas e os conceitos globalizados que privilegiam o espetáculo em função da educação e dos princípios sociais dos mesmos.

Nesta segunda-feira, assistiremos ao jogo final do campeonato universitário americano, na presença de 50 mil torcedores e alguns milhões espalhados pelo mundo, num espetáculo onde os princípios e as tradições universitárias americanas atingem o mais alto grau, quanto a importância do desporto na formação integral dos jovens daquele país, e onde não testemunharemos coreografias ao lado da quadra por parte dos técnicos envolvidos, e muito menos a negação da qualidade individual dos jogadores, que estarão inseridos no coletivismo de suas equipes, coletivismo esse garantido e lastreado pela competência e segurança de seus jogadores pelo pleno domínio dos fundamentos do grande jogo.

De um lado a Universidade de Kansas, sólida em seu preceito de jogo coletivo, pausado e altamente seletivo nos arremessos. Por outro, a Universidade de Memphis, com sua exuberante individualidade levada á excelência nos fundamentos de todos os seus jogadores, onde o coletivo massivo cede vez à improvisação, somente factível através o mais qualificado e sedimentado domínio dos mesmos, prenunciando uma batalha entre o determinante coletivo, contra o instigante individualismo responsável . Quem sabe nossos sábios comentaristas possam justificar alguns de seus equivocados pareceres, perante as duas realidades que comentarão, ambas tendo um condutor comum, seja no coletivismo, seja no individualismo, o domínio dos fundamentos.

E que esse exemplo seja seguido em nosso país pelos lideres técnicos das gerações que se iniciam na pratica do basquete, sem serem sugestionadas e estigmatizadas por conceitos técnico-táticos preestabelecidos, e sim orientadas a um preparo sensível, prolongado e qualificado das bases do jogo, os fundamentos, que consolidados serão a base futura de sistemas, tanto ofensivos, como defensivos. A negação dessa evidência somente corrobora a nossa proverbial tendência à minimização do competente ensino dos fundamentos, em beneficio de um coletivismo mantenedor do sistema único, no qual a prancheta representa e reflete o narcisismo de seu mentor.

Amém.

FUNDAMENTOS (SEMPRE ELES…)…

Foi um final emblemático. A equipe de Brasília, após uma reação eficiente e brilhante, tirando uma vantagem apreciável da equipe argentina do Regatas Corrientes no placar, e que mesmo desfalcada de seus dois jogadores americanos conseguia manter o controle do jogo, conseguiu o impossível, perder um jogo ganho por retirar dos dois armadores que sempre foram mantidos em quadra a tarefa de comandar a equipe nos momentos decisivos. Foram duas ações ofensivas, a segundos do final, que desmontaram todo o esforço despendido pela equipe até aquele momento, jogando fora uma vitoria importantíssima, ainda mais em um jogo em seus próprios domínios,

A primeira jogada, que deveria ter como condutor mestre um dos dois armadores em quadra, teve um desenrolar lastimável, pois o pivosão de Brasilia, que adora arremessar de três pontos, vem até fora do perímetro, para um possível corta-luz, abandonando o posicionamento próximo à cesta, crucial naquele momento do jogo, mas recebe um passe, e de costas para a cesta, toma uma atitude de quem se preparava para um passe ou um drible, mas mantendo a bola dominada na altura do peito, com as mãos paralelas ao solo, e os cotovelos afastado do corpo, num posicionamento totalmente errado à luz dos mais comezinhos princípios dos fundamentos (sempre eles…) do jogo. Ato continuo, pela brecha escancarada entre o braço e o corpo, esgueirou-se a mão do marcador argentino, que num sutil toque de baixo para cima tira a bola do controle do fortíssimo e pesado pivô, originando um contra ataque que deixa sua equipe a um ponto da equipe da casa.

A segunda jogada, logo a seguir, coloca o bom ala de Brasília do lado direito da quadra, e que de posse da bola inicia uma penetração por dentro do garrafão driblando com sua insegura mão esquerda, fluindo para uma armadilha tripla montada pelos argentinos, que somente ampararam a bola perdida pela incúria de quem não tem fundamentos ( sempre eles…) sólidos no drible. Outro contra-ataque argentino e fim de jogo.

E em nenhuma das duas jogadas finais que decidiram a partida, quaisquer dos dois ótimos armadores em quadra tiveram a bola em suas mãos, para exercerem o mais solido de seus fundamentos, o drible, a posse de bola que poderia decidir o destino do jogo.

Ironicamente, seu técnico, que sempre propugnou a utilização de um único armador, inclusive em sua longa passagem pela seleção brasileira, tem mantido a formação com dois armadores nessa sua nova equipe, com resultados animadores e eficientes, mas que assistiu a derrota da equipe protagonizada pela ausência de ambos no momento decisivo, cassados que foram por dois jogadores que falharam na execução básica dos fundamentos (sempre, e sempre eles…), anulando seus esforços e sacrifícios no desenrolar de um jogo em que tiveram a enorme oportunidade de vencerem em casa uma semi-final sul-americana.

Fica então a grande pergunta, aquela que a maioria dos técnicos, jornalistas e entendedores do grande jogo, se negam a fazer – devem os jogadores adultos, mesmo em idade mais avançada, treinarem, e por que não, aprenderem princípios e formas baseadas nos fundamentos do jogo? A maioria sequer considera a possibilidade, dando absoluta preferência aos movimentos táticos e as jogadas pré-estabelecidas, esquecendo o preceito básico de que sem o pleno conhecimento e domínio dos fundamentos, nada do que treinarem surtirá efeitos decisivos naqueles momentos em que o “saber fazer” definirá o rumo de qualquer jogo.

E como colaboração desinteressada àqueles dois jogadores que falharam bisonhamente, aqui vão duas orientações de quem por muitos e muitos anos preparou jovens e adultos no mister de jogar basquetebol, a não tentarem  ganhar jogos no impulso e no instinto, pois só improvisa quem sabe e domina a tarefa que se predispôs a realizar.

Sempre que dominar a bola, esteja de frente, de lado ou de costas para a cesta, mantenha-a SEMPRE abaixo da cintura, preferencialmente abaixo dos joelhos, pois dessa forma seu marcador, se quiser tentar roubá-la, terá de sair de seu equilíbrio estável pela projeção do corpo em direção à mesma, tornando-se, inclusive, suscetível a um corte ou uma finta veloz e de difícil, senão impossível, recuperação.

No ato de progressão à cesta, principalmente sob pressão e de encontro ao âmago da defesa contrária, e se tiver mesmo que fazê-lo, faça-o driblando com sua mão mais precisa, que se não for nenhuma das duas, passe a bola para quem tem a devida competência de executar a ação com mais eficiência que você, pois afinal, o reconhecimento dessa, que poderá ser uma corrigível deficiência através treinamento árduo, somente beneficiará a equipe da qual você faz parte, cujo sucesso dependerá de atitudes de auto-reconhecimento e renuncia, de todos em função dos que dominam os fundamentos. No momento decisivo a precisão é que define um jogo.

Enfim, por mais uma vez, a deficiência no conhecimento e domínio dos fundamentos “entregam” um jogo praticamente ganho, repetindo situações às dezenas que testemunhamos ano após ano, inclusive em jogos de nossas seleções nacionais. O que nos falta para corrigirmos essa, que na minha humilde opinião, é a mais nefasta e constrangedora deficiência? O que nos falta? Respondam, luminares do basquete nacional.

Amém.

NCAA X FIBA…

Teremos no próximo fim de semana a decisão do Final Four, onde as quatro melhores equipes universitárias da NCAA mostrarão porque são finalistas, num torneio que movimenta milhões de dólares na mídia, e sedimenta a tradição esportiva do mundo escolar norte-americano. É na escola que a juventude americana trava conhecimento e se insere nos princípios éticos e de cidadania, conjuntamente com as artes e as disciplinas curriculares, que garantirão seu futuro e o de seu grande país. Dos milhares de participantes, somente 48 jogadores atingiram o ápice da competição, dentre os quais somente uns poucos darão continuidade em suas carreiras desportivas em competições profissionais, mas de posse de um diploma valioso para a inserção no mercado de trabalho, assim como os demais que não chegaram as finais.

UCLA, Kansas, North Carolina e Memphis, são as equipes classificadas, as mais fortes, técnica e fisicamente, sem, no entanto se constituírem em massas disformes e inchadas. Ao contrário, são fortes e atléticos, com grande mobilidade e flexibilidade, haja vista as defesas impactantes e pressionadas, todas num ritmo de intensidade muito acima das demais concorrentes. Sem dúvida nenhuma, foram as equipes com maior poder defensivo na competição, principalmente nos bloqueios dos arremessos curtos e na presteza em que diminuíam os arremessos de três dos atacantes.

Por outro lado, apresentaram uma plêiade de armadores de enorme potencial, tanto em assistências, como nas finalizações, sem contar o enorme controle de bola nos dribles e nas fintas, por um tempo acima dos 30 seg. , já que não seguem a regra dos 24 seg. da NBA e da FIBA. Nota-se perfeitamente o enorme esforço que essas equipes, assim como as demais 64 finalistas, em cadenciarem o jogo, em confronto com a tendência do jovem americano de acelerarem as manobras de ataque, principalmente nos contra-ataques, tendência de larga e histórica tradição do basquete universitário.

Mas existe a necessidade vital do basquete americano de voltar à primazia no campo internacional, pressionados pelos resultados negativos nas grandes competições da FIBA, e para tanto necessitam assimilar o quanto possam da maneira européia de jogar, cadenciado e com altíssima seleção de arremessos, principalmente os de três pontos. E foi o que se viu nessa grande competição, ataques pausados, estudados à exaustão, fortíssima defesa, e grande presteza nos arremessos de três.

Mas algo de especial ainda se mantém inalterado, a combatividade viril embaixo das cestas, numa movimentação corpo a corpo jamais permitida pelas regras internacionais, e que se tornaram o terror dos grandes pivôs americanos em torneios com a aplicação das mesmas. Outro fator restritivo é o completo domínio técnico-tático dos treinadores sobre qualquer movimentação de ataque, onde a exigência de atuação é garantida pelo tempo de 35 seg. que as equipes tem para suas ações ofensivas, ao contrário das equipes mundiais que tem de se ajustar aos parcos 24 seg.a que têm direito.

Acredito que em muito pouco tempo, as equipes universitárias se voltem para as regras internacionais, com seus critérios de marcação de faltas, e suas regras aceitas e reconhecidas pela comunidade internacional, se quiserem encurtar o grande espaço existente pela busca de vitorias no concerto das demais nações. Mesmo os grandes profissionais da NBA encontram grandes dificuldades nos embates sob as regras da FIBA, principalmente pela existência das defesas zonais e coberturas permanentes às penetrações, aspecto este omitido em suas próprias e particulares regras.

Mas pelo visto até agora, grandes modificações de comportamento técnico-tático puderam ser observadas nessa temporada universitária, como um consenso de técnicos, voltados às necessárias adaptações de seus jogadores às exigências de um tipo de atitude individual, e por que não, coletiva, que os capacitem positivamente para o confronto internacional, cujas repetidas derrotas não foram digeridas pelos grandes técnicos locais.

Mas enquanto permanecerem com suas regras particulares, mesmo adaptando e restringindo certas características de velocidade em seus jogadores, somente uma mudança definitiva nas regras os farão novamente competitivos e presentes nas grandes competições mundiais, pois a base na qual se apóiam e onde são imbatíveis continua intocada em sua qualidade e precisão, o ensino dos fundamentos do jogo, respaldo de suas tradições e conceitos educacionais.

Vale a pena acompanhar essas finais, assim como o grande esforço que fazem para retroalimentarem um sistema poderoso e extremamente bem organizado,apesar de defasado perante o “resto” das nações, que enquanto forem assim consideradas pela sua tradicional arrogância, encontrarão cada vez mais obstáculos às vitorias, deixados em seus caminhos por aqueles representantes do…”resto”.

Amém.

LIÇÕES DO NORTE…

Com o término da fase classificatória para o torneio dos dezesseis finalistas da Loucura de Março da NCAA, podemos tirar algumas oportunas conclusões, pois com as facilidades das transmissões via internet, praticamente pude observar todas as 64 equipes que dela participaram.

Após tantos e tantos jogos, em quatro dias de intensa atividade, com belos e grandes ginásios permanentemente cheios, disciplinadamente irretocáveis, público e jogadores, de saída algo ficou claro e cristalinamente exposto, a uniformidade técnico-tática de todas as equipes participantes, jogando rigorosamente iguais em seus sistemas de jogo. Com o tempo de posse de bola de 35 seg. essa similitude ficou ainda mais patente, pois o jogo de armadores, de posse de bola driblada, e de construção de jogadas visando basicamente os arremessos de três pontos, foram comuns a todas as equipes, tanto as de pequena tradição, como as grandes e ranqueadas. Uma ou outra se diferenciava somente no aspecto dinâmico, com o incremento da alta velocidade nos contra-ataques, ao contrário da grande maioria que preferencialmente cadenciava o jogo. O tradicional jogo de pivôs não encontrou nessas finais o mesmo apelo e preferência de temporadas anteriores, numa tentativa de aproximação da forma de jogar e atuar das equipes européias. As declarações do Coach K, após o fracassado campeonato mundial, quando afirmou que os Estados Unidos precisava aprender a jogar como os europeus, por que dessa forma poderia vencê-los no futuro pela força de sua base de formação de grandes valores, bastando somente se adaptar ao jogo cadenciado do velho mundo.

E então o que vimos e constatamos, foi uma atitude de consenso por parte dos técnicos dessas universidades, fazendo suas equipes atuarem da forma mais cadenciada possível, onde a ação dos armadores nunca foi tão decisiva como nesses novos tempos de adaptabilidade e aprendizado, como uma aposta num futuro, no qual a reconhecida capacitação nos fundamentos do jogo tornarão as futuras equipes americanas plenamente igualadas às da Europa, com um diferencial a mais a seu favor, a inquetionável supremacia nesse campo.

No aspecto defensivo, nunca se viu tanta variação entre defesas individuais e zonais, assim como sua tradicional tendência às pressionadas quadra inteira, por parte de todos, como um bem orquestrado projeto visando a retomada da supremacia histórica de seu basquete no mundo, e que foi perdida pelo isolacionismo espontâneo e a arrogância de muitos que se escudaram na supremacia da era NBA, com seus astros milionários, imbatíveis e míticos. Com as perdas irreparáveis nas últimas grandes competições internacionais, uma luz de alerta foi acionada, deflagrando um movimento de soerguimento, que só poderia ser exequibilizado pela estrutura que fundamenta todo o basquete americano, inclusive a NBA, o desporto de base, tanto o escolar, como o universitário.

Nesses primeiros dias de competição classificatória, sobressaíram os armadores, responsáveis pelo apelo da cadencia tática, os arremessadores de três pontos, e a ressucitação da jogada clássica, drible, parada e jump de dois pontos, jogada essa quase extinta pelo advento dos pivôs de força com seu jogo interior, além do já mencionado jogo visando basicamente os três pontos. Em tudo e por tudo o mais próximo possível da forma de jogar européia, com uma e definitiva diferença, motivada pela posse de bola de 35 seg., a capacitação técnico – pratica dos armadores, que são a alma do basquete europeu, onde atuam em duplas, quando, ante ao prolongado tempo de posse de bola, se vêm forçados a uma concentração mental bem superior se estivessem sob o regime de 24 seg. de posse da mesma. Trata-se de uma atitude inteligente e perspicaz, pois forçando os armadores a um exercício de domínio mental, torna-os mais efetivos quando da mudança aos padrões da regra internacional, iguais aos da NBA quanto ao tempo de posse de bola. Paralelamente a essa tendência, nota-se um aumento significativo na qualidade dos arremessadores de três pontos, largamente empregados nessa fase de classificação.

Enfim, mais uma vez os técnicos universitários americanos dão um exemplo de uniformidade técnico-tática, atendendo às necessidades de modificações na forma de preparar e fazer jogar os jovens que serão os responsáveis pelo futuro daquele tradicional e brilhante basquetebol.

Enquanto isso, aqui na terra de Macunaíma, mantemos a forma de jogar, copiada ao extremo do conceito NBA, e que nem mais os mesmos aceitam jogá-lo, e que aguardam as novas gerações de universitários para definitivamente se equipararem, e possivelmente vencerem os europeus e argentinos. Assim pensam e assim agem, uniformemente em torno de um objetivo comum, baseado na formação de novos valores, através o único dos sistemas válidos, o domínio integral e decisivo dos fundamentos.

Quanto a nós, nos perdemos em testes de exaustão “yoyo”, aplicados em púberes de 13-14 anos. Que os deuses nos ajudem.

Amém.