APERLTA , APERLTA…

“Aperlta, aperlta…” , gritava o possesso técnico instruindo à beira da quadra para que seu atleta Biro tentasse barrar as sucessivas investidas dribladas e fintadas do armador de Franca,que àquela altura estava adorando a “aperltação” que sofria, já que se desvencilhava com facilidade e podia efetuar suas assistências e arremessos precisos de dois e três pontos, desequilibrando o jogo, mas que poderiam ser um pouco mais dificultados se em vez de “aperltar” , seu marcador flutuasse um ou dois passos atrás, sem no entanto perder o controle exercido sobre o tronco do excelente armador, que por ser a parte do corpo com menor velocidade de deslocamento, tornar-se-ia possível mantê-lo num razoável campo defensivo, ao dificultar sua livre investida à cesta. Uma simples correção de postura (sempre os fundamentos…) e atitude poderia ter equilibrado as ações, em vez de berros equivocados de “aperlta, aperlta…” .

Logo a seguir a equipe de S.Bernardo cai numa defesa por zona 2-3 contra um ataque 1-3-1. Pronto, a festa se consumou com o Drudi, como um dos “uns” concluindo o que quis e o que não quis. E para culminar, o mesmo Drudi, agora se especializando na defesa à frente do do pivô, lançou-os, tanto o Argentino, como o Bambú, para fora do garrafão para terem a posse de bola, quebrando decisivamente o jogo interior, um dos pontos fortes da equipe do ABC.

Com pequenas, e incisivas mudanças técnico-táticas, a equipe de Franca vai se distanciando da mesmice que campeia no cenário do basquete nacional, principalmente ao inverter o seu próprio sistema de atuar, mas guardando na memória de seus jogadores todos os movimentos e jogadas que praticaram por longos anos, como um antídoto no enfrentamento de seus oponentes ainda aferrados ao velho e enraizado sistema de jogo. Como numa engenharia reversa, a equipe de Franca praticamente ”advinha” as linhas de passe formuladas pelos seus adversários, exatamente por tê-las empregado à exaustão, somando-se a este formidável progresso, a aplicação da verdadeira defesa linha da bola, que é a única que permite a permanente marcação dos pivôs pela frente, já que o sistema de flutuação lateralizada assim o permite com precisão e confiabilidade.

Um outro fator determinante foi a escalação do jogador Felipe, que apesar de muito alto tem um apreciável controle dos fundamentos de drible, fintas e passes, além de saltar e se situar muito bem nos rebotes, e arremessar com razoável precisão. Sem alarde, estamos vendo nascer uma nova plêiade de armadores com boa estatura e diversificação nos fundamentos, dotando-os de habilidades insuspeitadas até bem pouco tempo. Outro ponto a favor de Franca.

Finalmente, estamos testemunhando uma nova classe de prancheta, a taquigráfica. Impressionante a velocidade com que determinados técnicos deslizam em sua superfície amorfa como se estivessem num núcleo computacional, onde milhares de bits se comunicam a velocidades inimagináveis a um cérebro comum, como comuns são os cérebros de seus jogadores. E ainda mais quando todos sabemos que a grande lerdeza do sistema ocular em sua comunicação seletiva aos centros nervosos, torna o entendimento taquigráfico das novas e palpitantes pranchetas, absolutamente ininteligível.

E mais engraçado, é que o técnico de Franca, ao praticamente aposentar a taboinha pseudo-mágica, devolveu a relação olho no olho entre técnico e jogadores, que é o único canal possível de entendimento técnico, tático e comportamental dentro da real estrutura humana, onde o poder da linguagem, enérgica ou coloquial, ainda determina e qualifica as relações entre seres iguais. Mais um ponto, o decisivo, para Franca.

Seja qual for o resultado do próximo jogo, creio que os caminhos abertos por Franca, e seguidos por Minas, apesar do tropeço na Liga das Américas, motivado por uma quebra de planejamento ao incluir um estrangeiro destreinado dentro de uma equipe homogeneizada , fragmentando-a na reta final do torneio, já nos dão algum alento de dias, se não melhores, esperançosos e arejados. Torço de coração para que continuem o bom trabalho.

Amém.

PASSEANDO PELO INTERIOR…

“Essa é para os pessimistas, técnicos ou mesmo analistas que teimam em proclamar a decadência do basquete brasileiro. Que venham até aqui em Franca para constatarem a pujança do nosso basquete. Que dêem uma volta no interior de São Paulo, Baurú, São Bernardo, São Caetano, Piracicaba, Assis, Araraquara, para verem a renovação do nosso basquete, que está mais vivo do que nunca”.

Com esse preâmbulo ufanista o comentarista da ESPN Brasil iniciou seus trabalhos no primeiro jogo da decisão do Campeonato Paulista, em Franca. Só sinto a sua não menção de outros centros tão ou mais importantes do que São Paulo, principalmente em sua época de grandíssímo jogador que foi, como o Rio de Janeiro, hoje relegado a um basquete de aluguel de camisas, Belo Horizonte com seu clube de uma nota só, como o sul do país outrora recheado de participantes, e hoje relegado a uma ínfima parte do que foi, servindo de mercado a jogadores não aproveitados por seu megalópico estado. E por que não mencionar o nordeste, com sua tradição rompida de sempre apresentar bons valores, assim como o centro oeste, onde nem a grande capital do país consegue se impor em massa praticante, sobrevivendo de uma equipe que se manterá enquanto o senador zero voto a mantiver por capricho e interesses comerciais. Por que então não mencionar o óbvio? O de que a injeção de verbas privadas e de prefeituras no estado mais rico da nação é a razão de tal sucesso, que diga-se de passagem, já foi bem maior num passado recente? De mencionar em termos finais e justos de que São Paulo faz parte de um país onde educação e esporte não andam de mãos juntas como deveria ser, ao se testemunhar auditivamente os coros de “juiz vai tomar no…” e “ juiz filho da…” entoados por pais de família e seus filhos no ginásio da auto-proclamada capital do basquete brasileiro, para espanto do restante da população tele-ouvinte dos demais e olvidados estados, fatores menores e destituidos da importância capital representada pela pujança paulista ? Convenhamos peclaro comentarista, não soam bem tais colocações, ainda mais se tratando de um professor de tão alto e reconhecido gabarito.

Mas tais declarações nos remete a uma outra constatação, e essa sim, é de transcendental importância para o futuro do grande jogo entre nós, a realização da Copa de São Paulo, atração elevada à quinta potência pelo comentarista, incluindo uma sutil menção de que se a CBB não age em função da melhoria do basquete , a Associação de Clubes de Basquete, fundada pelos mesmos clubes que fundaram e depois traíram a NLB, estabeleceria os novos rumos a serem tomados, basicamente por São Paulo, que recentemente reconduziu o presidente de sua federação para mais um período de comando, exatamente pelo apoio dado a essa Copa. Mas não podemos esquecer que esse mesmo dirigente estabelecerá um dos votos de maior peso na próxima eleição para a presidência de CBB, onde até bem pouco tempo acumulava uma Vice-Presidência de Relações Internacionais, da qual se resignou teatralmente por divergências irreconciliáveis com o grego melhor que um presente.

Então, ficam e pairam no ar duas incógnitas, daquelas bem felpudas, que somente felpudas e matreiras raposas serão capazes de equacionar. A primeira diz respeito às convocações para as seleções brasileiras, para aqueles jogadores que não participarem do Campeonato Nacional, mas participarão da fortíssima Copa de SP. Lembremo-nos dos preteridos jogadores que atuavam na NLB, um dos quais, vivamente se transferiu para uma das equipes do Campeonato Nacional, gerido pela CBB, e que por causa dessa atitude foi relacionado para o Pré-Olímpico de triste memória. Como reagirá a FPB ante a possibilidade já posta em ação anteriormente? Ou existirá um acordo de cavalheiros irreconciliáveis para dirimir tal dúvida, numa ação de raposas premiadas?

A outra, mencionada acima, o voto paulista, que com sua força inquestionável, arrastará outros estados menos votados, mas sempre prontos a usufruírem as benesses advindas dos mesmos, conotando uma forte possibilidade de quebra no continuísmo diretivo cebebiano, mas que poderá estar atrelado a interesses quase nunca clarificados aos não iniciados nos mistérios que envolvem o desporto nacional ? A derrocada carioca nas últimas eleições, mais a continuidade da direção capixaba, somada a de São Paulo, pulverizou o perigo ensaiado pelos nove votos contrários na última eleição na CBB, tornando menos árido o caminho para a recondução, e conseqüente continuismo da política atual, absurda e irresponsável.

Qual a influência que verdadeiramente será exercida pela Copa de São Paulo dentro das perspectivas que ouso mencionar, e lembrar, para o soerguimento do basquete brasileiro? Qual relação entre CBB e Federação de Clubes será desencadeada na confrontação de campeonatos, que outrora derrotou a NLB ?

Acredito que enquanto o poder dos estados, e seus votos mágicos e poderosos, coexistirem ligados aos interesses de uma elite de raposas de alta estirpe, nosso bom comentarista, excelente professor e extraordinário ex-jogador, poderia propor que não só visitássemos o interior de seu estado na constatação de seu poderio, como incentivasse a todos para também passearem pelos demais estados, quando muito para, ao conhecê-los, estabelecerem a verdadeira compreensão de que não basta somente um deles ser a potência que é, sem o soerguimento dos demais. A revolução de 30 já deveria ter ensinado que separatismo não leva a lugar nenhum, mesmo na concordância e reconhecimento do poderio de seu estado, belo estado, natal.

O jogo foi excelente, com Franca demonstrando o poder de atuar com dois armadores de qualidade, e agora, maravilha, jogando fora do perímetro, estirpando aquelas maratonas que os obrigavam a perderem o foco das jogadas em estéreis bloqueios dentro e nos limites finais do mesmo, num auxilio permanente de armação, equilíbrio defensivo e acionamento efetivo dos homens altos jogando mais próximos aos rebotes. Aos pouco novas soluções ofensivas se farão presentes, eliminando também aos poucos os ridículos e engessados chifres, punhos, polegares, e outras bobagens afins, propiciando a aposentadoria mais do que tardia do terrível e constrangedor monólogo da prancheta, assim como microfones de lapela. Fica faltando a negativa de que microfones sejam empurrados goela abaixo dos técnicos naqueles momentos em que a privacidade se torna fundamental para o entendimento e acerto das ações dentro da quadra. Seria o mesmo que qualquer técnico se apossasse do microfone de um analista e comentarista para retirar do mesmo a oportunidade de exercer seu trabalho, sem interferências e sem despropositados palpites.

Estou curioso para testemunhar o desenrolar do que vem por aí, na forma bem ou mal acabada de uma Copa, e suas boas ou más conseqüências para o basquetebol, não só aquele bem jogado em São Paulo, mais o de todo o país.

Amém.

SEM-VERGONHAS ? OU SERÁ QUE…

Foi uma cena para Kafka nenhum botar defeito. Num inglês agressivo e desrespeitoso um técnico argentino desanca seu jogador americano, praticamente culpando-o do fracasso da equipe àquela altura do jogo, meio de um segundo quarto, quando toda a equipe falhava bisonhamente na defesa e no ataque. A equipe de Uberlândia simplesmente não se deu conta de que, ao utilizar o mesmo sistema de jogo do Flamengo (Ufa! Não mudam nunca…), sem contar, no entanto, com jogadores da mesma qualidade técnica, se viu pressionada e inferiorizada na quadra, já que não abdicava do enfrentamento desproporcional. A única chance de tentar equilibrar as ações, seria a quebra de ritmo, ou seja, frear o ímpeto rubro-negro cadenciando ao máximo o ritmo de jogo, aproveitando, também ao máximo, os 24 segundos de cada posse de bola. Mas o que se via e notava era a tentativa de acompanhar a velocidade ofensiva do Flamengo, aspecto que, à partir do segundo quarto, aniquilou toda e qualquer possibilidade de equilíbrio das ações. E quase ao final deste mesmo quarto, outro tempo é pedido pelo argentino, e ai a cacetada é geral, pois o mínimo que se ouviu foi a de que tivessem vergonha na cara, e que não abdicassem das faltas pessoais, que tinham sido “somente” duas até aquele momento.

Legal e altamente didático, pois a prioridade àquela altura inicial do jogo era a de conter o adversário com faltas pessoais, e não com técnica defensiva, que era o que deveria estar sendo exigida em continuidade ao treinamento apurado a que sujeitou a equipe na preparação para um campeonato nacional, a não ser que, esse tipo de treinamento não tenha sido exaustivamente praticado. Mas mesmo que não o tenha sido, nada justificaria a enxurrada de bílis lançada contra os intimidados jogadores. Daí para frente, com as responsabilidades derrotistas lançadas às costas dos jogadores, foi só um passar de tempo até o encerramento humilhante e desproporcional. Quanto ao técnico, que deve ser visitante assíduo de nossa terra, já que domina razoavelmente o português, ganhou, em sua opinião, pontos favoráveis perante os que o contrataram, já que definidos ficaram, também em sua opinião, os reais fatores de tão elástica derrota, trombeteados em rede nacional e à cores, quão sem-vergonhas e ineptos são os jogadores que dirige. Lamentável e comprometedor, e logo vindo de um representante do melhor basquetebol jogado e praticado na America do Sul, provando mais uma vez que, mais sem-vergonhas do que foram tachados os jogadores de Uberlândia, são os nossos técnicos que, com sua desunião e omissão, permitem que situações vexaminosas e pusilânimes como essa ocorram em nossa terra, exatamente pela ausência de um movimento associativo, como o existente na pátria do irado técnico, que seria, sem dúvida alguma, enquadrado pelo código de ética existente e atuante ao sul do Prata, se tal situação lá ocorresse.

Mas algo de altamente positivo aconteceu ao final da partida. Ao ser entrevistado pelo SPORTV, o armador Alexandre do Uberlândia deu um testemunho inteligente, elucidativo, calmo, coerente e profundamente humano ao julgar a participação de sua equipe no jogo. Concordou pela existência de falhas, até de atitudes, mas garantiu que após o estudo dos tapes da partida, tudo fariam para melhorar, para caminhar de encontro a dias e atuações melhores. Foi um testemunho de alguém que pode ser criticado de algumas formas, mas nunca tachado de sem-vergonha, como aduziu genericamente seu técnico e líder.

Preocupa-me sobremaneira os rumos que estão sendo orientados unilateralmente de nosso futuro técnico-tático, da nossa preparação de base, totalmente fora da influência de nossos técnicos, mais preocupados em advogarem uma falsa indignação à crescente influência estrangeira, mas movimentando-se em torno das futuras comissões técnicas das seleções, num jogo de características interesseiras e muralistas, onde desde sempre encontramos a maioria dita e auto-proclamada como de elite, sem um mínimo de comprometimento classista, o que garante a curto prazo empregos e colocações no restrito campo de trabalho, mas que, a médio e longo prazo lançará a todos, e infelizmente arrastando uma nova geração órfã de lideranças, para o fosso comum do fracasso e do descrédito perene, para jubilo da quadrilha que assaltou o desporto brasileiro, basquetebol incluso.

Com a tomada da FEBERJ pela situação cebebiana, e as vitorias continuistas e situacionistas nas federações paulista e capixaba, muito em breve dos nove votos contrários ao grego melhor que um presente, restarão dois ou três, se tanto, dando continuidade ao desastre mais do que implantado no âmago do basquetebol brasileiro. E a reboque dessa catástrofe, o cordão desunido e oportunista dos técnicos nacionais somente aguarda a distribuição das parcas migalhas que sobrarão do banquete dos mochos da vida.

Não, de jeito nenhum, sem-vergonhas jamais serão os esforçados jogadores de Uberlândia, mas sim aqueles que permitem que um estrangeiro desqualificado venha a eles e na posse de um de seus empregos esfregue em suas caras quão sem-vergonhas são, pela desunião e pela ausência criminosa de liderança aos jovens que se iniciam e amor ao grande jogo.

Amém.

ILUSÕES…

Quando num pedido de tempo, com o placar já bem negativo, o armador Facundo questiona aos brados a eficiência do americano recém contratado, mencionando o fato de já ter se passado um mês sem que o mesmo aprendesse uma jogada sequer, tendo como resposta, em inglês, claro, que o respeitasse para ser respeitado, configurou-se em todas as dimensões quão alto pode ser o preço a ser pago por uma equipe, até recentemente tida e havida como a mais equilibrada no parco cenário técnico brasileiro, pela ilusão de ter em suas fileiras um representante do imaginário técnico-tático, aquele fator transcendental às grandes conquistas, e que mesmo no desconhecimento da língua portuguesa, propicia à direção técnica da equipe a suprema benesse de fazer passar suas magnas instruções em dois idiomas simultaneamente, numa ilusória demonstração de poder e cultura. E o mais irônico, foi o fato de tal admoestação publica ter sido feita no mais puro espanhol, sem um único ranço de portunhol.

Na véspera, a equipe mineira já apontava falhas na antes bem equacionada coordenação tática, já que a base de sete bons jogadores, teve de ser refeita para o aproveitamento do gigante americano, misto de pivô de choque, com ala de decisão, numa aproximação canhestra das características do pivô argentino Gonzales, mas sem o entrosamento e qualidade deste junto a equipe. Notou-se claramente a insatisfação e incômodo de alguns jogadores à sua presença e insistência nos arremessos de três, e conseqüente afastamento dos rebotes ofensivos, fragilizando em muito a luta isolada e corajosa do pivô Maozão. Some-se a isto, a tendência altamente competitiva entre jogadores americanos, que tanto na equipe mexicana, como na argentina, são mais qualificados do que o da equipe mineira, no entendimento do quanto isso influiu na volúpia em que se entregou aos arremessos para provar seu valor, mas sem levar em conta o pouco ou quase nenhum entrosamento coletivo, e a má forma física e técnica ostentada no presente. Sem dúvida nenhuma, a quebra na homogeneização duramente conquistada em treinos e jogos com uma escalação movida pela ilusão do americano, certamente pago acima de muitos jogadores, que garantiria os rebotes preciosos, esbarrou na anulação de seu esforço reboteiro pela enxurrada de arremessos de três, despropositados e falhos na maioria das vezes.

E mais uma vez, a ilusão do fator americano fez desvanecer o sonho perfeitamente viável de uma conquista a muito esperada pelo basquetebol brasileiro, que com um pouco mais de trabalho na melhoria dos fundamentos do jogo, poderá provar que podemos competir de igual para igual com qualquer equipe, mesmo que um bom argentino seja o porta-voz dessa verdade, explanada a viva voz e em bom espanhol, na presença de um complacente e calado técnico brasileiro.

Mas não só de ilusões brasileiras vive o basquetebol, temos também as ilusões espanholas, bastando acessar o site Draft Brasil, onde podemos acompanhar uma entrevista radiofônica dada à jornalistas espanhóis pelo técnico nomeado para dirigir a seleção brasileira no próximo Pré-Olímpico, Moncho Gonsalve. Nessa entrevista, nada transcende mais do que o seu estado permanente de ilusão ante a oportunidade jamais prevista de aos 63 anos, e já aposentado, ver-se diante de tal desafio. Vale à pena ir ao site, e constatar a verdadeira e monumental dimensão do que venha representar o termo ilusão.

Para facilitar a compreensão de todos, eis a definição de ilusão contida no Dicionário Espanhol – Português Michaelis-

Ilusión , [ Ilus’jon ] sf ilusão ; engano ; fantasia . Harcerse = es. Criar expectativas.

Que os deuses nos ajudem, pois até o sentido etimológico conspira contra nosotros.

Amém.

QUEM DIRIA…

Dois técnicos da ex-comissão técnica da seleção brasileira se defrontaram ontem pelo campeonato nacional, na direção das equipes de Brasília e do Minas Tênis. Quando se esperava um comportamento técnico-tático à imagem daquele empregado na seleção, e defendido às raias do parodoxismo pelo líder da quadra comissão, onde a utilização de um único armador constituiu-se na base do sistema de jogo em todas as competições de que participou, foram todos surpreendidos com a sistemática de jogo fundamentada em dois, e até três armadores por parte da equipe de Brasilia, já que a equipe mineira já vinha se utilizando dessa forma de atuar desde o ano passado, estando num processo de implantação e sedimentação das reformas propostas.

E o técnico de Brasilia ousou inovar, mantendo em quadra, por todo o tempo uma formação com dois armadores e três homens altos no rodízio interno. Mas tudo isso alimentado pelo sistema usual, onde os chifres, punhos, cabeças, e não sei mais quantas denominações de jogadas pranchetadas com esmero, se mantinham incólumes à nova proposta, antítese àquela utilizada na seleção nacional. Mas já foi uma bem vinda evolução, pois agilizou e flexibilizou a equipe, dotando-a de velocidade ofensiva e disposição defensiva, particularidades pertencentes a armadores de formação.

Com as duas equipes equipadas de bons condutores de bola, razoáveis nos passes, e dispostos pela boa técnica às penetrações longitudinais às cestas, o jogo ganhou em emoção e empenho, apesar de ainda limitados às coreografias de praxe, motivadas pelo engessamento técnico-tático do sistema adotado por todas as nossas equipes, fundamentado no modelo NBA. Mas aos poucos, a tendência, torço eu, é a de que os técnicos brasileiros passem a se interessar por novos sistemas fundamentados nessa disposição tardia, mas não definitiva, de se libertarem daquelas amarras coloniais, e se lançarem à experiências que realcem e otimizem a nossa tradicional tendência à improvisação e criatividade, lastreadas por um melhor e mais objetivo preparo nos fundamentos, independente de categorias ou faixas etárias, como o pré-requisito básico e fundamental para o jogo.

No artigo passado, menciono a opinião do técnico espanhol nomeado para dirigir a seleção no próximo Pré-Olímpico, que concorda ser possível e admissível jogar-se com dois armadores e três alas-pivôs baixos, ou mesmo três pivôs móveis, sistema já utilizado por grandes seleções mundiais, e que exige tão somente tempo e vontade técnica para implantá-lo, ainda mais num país como o nosso, pleno de criatividade e amor ao risco competitivo.

Claro, que nos comentários do jogo em questão, como em todos os outros com a participação das equipes de Franca e do Minas Tênis, tais implicações técnico-táticas sequer são destacadas pelos analistas televisivos como determinantes à nossa evolução, mas que, sem dúvida alguma destacarão com alarde, todas e quaisquer tentativas a esse respeito, se as mesmas partirem do espanhol escolhido e nomeado pelo grego melhor que um presente, quando e se aplicadas à nossa seleção. O fato de ter sido eu o único no campo prático e acadêmico a pautar por essa mudança, que na realidade é uma reminiscência outrora praticada e sedimentada entre nós, esquecida e varrida para baixo do tapete da história como algo a ser execrado e abolido, na tentativa de obscurecer e minimizar nosso passado de glórias internacionais, permite que me ponha na vanguarda resistente, na trincheira enfim, como um dos últimos moicanos(melhor seria, caiapós…)que teimosamente se negaram a assimilar impunemente o prét à porter que nos impingiram goela abaixo nos últimos vinte anos, e que, como um pequeno milagre de resistência vê surgir das cinzas calcinadas a esperança de um nunca tardio soerguimento, mesmo que através a voz e testemunho de um desconhecido, e por isso mesmo, descompromissado espanhol, que com sua ascendência européia (lembrar que o euro está bem mais valorizado que o dólar sagrado…)sempre encontrará eco nas hostes tupiniquins, reduto fervoroso e contrito do mais abjeto colonialismo técnico e cultural, lapitopis caipiras incluídos.

Que venham os dois armadores e conseqüentes reservas, os três pivôs moveis, rápidos, atléticos e flexíveis, todos trabalhando e evoluindo com inteligência nos seus perímetros, muito bem preparados nos fundamentos, defendendo com técnica e rigidamente na linha da bola, arremessando com firmeza e direcionalidade dos dois( preferencialmente…) e dos três pontos, atuando com equilíbrio mental e atenção coletiva, e principalmente, com amor e patriotismo, como exemplos de disciplina e retidão a serem orientados e imitados pelas gerações que os sucederão, à margem de “grupos fechados”, lideranças cardinalícias, traições ao comando e envolvimento dopante. Somos um país forte e gerador de esperanças, aqui e lá fora, mas que infelizmente, no caso do grande jogo, ainda dependerá injusta e unilateralmente de um guia que no habla nuestro idioma. Pero, tenemos lo portunhol para…

Amém.

A MESSIÂNICA PREVISÃO…

Em mais uma excelente entrevista do Fabio Balassiano do Rebote, com o já nomeado técnico da seleção masculina Mocho Monsalve, podemos pinçar alguns detalhes, não só importantes, como esclarecedores. “Há problemas claros no jogo de cinco contra cinco, na defesa e na condução de bola. É preciso ter mais equilíbrio e cadência”, bem no espírito europeu de jogar, antítese do estilo nosso de atuar, principalmente por parte dos jogadores mais experimentados e rodados , com sérias deficiências nos fundamentos de ataque, e principalmente de defesa. “O primeiro ponto que vou enfatizar é a defesa. Defesa forte impulsiona um jogo de transição de qualidade e um contra-ataque bem feito. É preciso criar um jogo mais eficiente para os pivôs também (…). Quanto aos fundamentos, este será um grande problema, porque terei pouco tempo, infelizmente. Mas temos como minimizar isso”.

Eis ai o grande obstáculo a ser enfrentado por um técnico que confessa-“Nunca treinei uma equipe de ponta”. O que é preocupante, não pelo fato de ser de ponta, e sim por não ter tido essa oportunidade em seu país de origem, com todo o conhecimento e domínio que a vivência ambiental propicia visando experiências, tentativas, erros e acertos, muito ao contrario do que irá enfrentar do outro lado do Atlântico, liderando jogadores com uma formação diametralmente oposta aos seus mais puros e estabelecidos conceitos de jogo, de técnicas e táticas, de comportamentos e atitudes dentro e fora das quadras. E principalmente destituídos dos princípios que embasam suas certezas e conceitos, os fundamentos do jogo.

Para minimizar essa deficiência, com o pouco tempo de treinamento e preparo, somente uma atitude técnica poderá tomar, a maximização do passing game, tendo inclusive dado uma sutil pista ao mencionar – “Outro fator que quero que os atletas entendam é o do “um passe a mais”, que possibilita um arremesso mais seguro e que, inclusive, o Marcelinho Machado conhece.Muitos alegam que ele é um chutador voraz, mas quando jogou comigo ele se adequou ao estilo”. Isso mesmo, um passe, e outro e mais outro até o arremesso seguro, eliminando quase por completo o drible e as fintas com bola, que são os fundamentos mais carentes entre a quase totalidade dos jogadores tidos, e ditos de ponta. Ou seja, estabelecendo a manutenção do estilo universal e globalizado de jogo, com a extirpação radical do drible em função do jogo de passes “mais um”, garantindo e estabelecendo a cadência e o controle das ações em quadra.

Mas, um óbice dos mais herméticos nosso Mocho terá de enfrentar com a carência de tempo para o treinamento dos fundamentos, o fato determinante de enfatizar a defesa, que como estamos fartos de mencionar, lembrar, destacar, e por que não, enfatizar também, depende única e exclusivamente de treinamento fundamental, posicional, repetitivo e de longa duração, principalmente no aspecto de seu emprego coletivista. Fica então a pergunta, será que 35 treinos e 4 jogos de preparação serão suficientes para minimizar tais deficiências, substituiondo-as por um sistema confiável e seguro? Ainda mais quando ao fim da entrevista assegura- “Não tenho dúvida de que conseguiremos a vaga olímpica. Depois saberemos se vamos brigar por medalhas. Prefiro ir passo a passo, até porque sou ótimo com palavras, mas estou aí para ser julgado pelos meus resultados dentro da quadra, não?

Espero honestamente que também seja ótimo no preparo e nos sistemas que pretende empregar, e não somente ótimo com as palavras.

Finalmente, usando uma prerrogativa de quem é ótimo com palavras, deixa no ar uma interrogação quanto ao relacionamento que manterá com os jogadores, passando ao largo da insurgência dos mesmos contra a antiga comissão técnica de graves e profundas conseqüências comportamentais, numa curta afirmativa menciona Pat Riley : “quem quer participar do circulo, que esteja dentro. Quem não quer, que saia e tudo bem”. Ou seja, já propõe o circulo fechado, o nosso bem conhecido grupo fechado, que tantos problemas nos tem causado nos últimos anos sob os auspícios e liderança de conhecidos cardeais.

E a grande pergunta do Fabio se fez presente – “Muita gente gostaria de ver o Brasil jogando com três pivôs. Isso é possível?”

“Claro que sim ! O Varejão e o Murilo têm capacidade para fazer a posição 3. Hoje, no mundo, times jogam com dois armadores , três alas baixos, três pivôs. Nada é impossível, desde que haja treinamento e construção de espaços”.

Que engraçado, tenho solitariamente defendido esse conceito que sempre empreguei em todas as equipes que dirigi, masculinas e femininas, de base e adultas, em colégios, clubes e seleções, já tendo publicado exaustivamente dezenas de artigos com o assunto, para vir um estrangeiro tornar factível e exeqüível tão óbvio e decisivo princípio técnico-tático, confirmando o que defendo, e que já vejo timidamente ainda, surgir no âmago de algumas equipes, de ainda poucos técnicos, mas que após tais declarações deverá se espraiar pelo país, pois afinal de contas é o técnico da seleção brasileira que assim o diz, desabrochando de forma primaveril aquele sentimento reconfortante de espírito colonizado, aquele que ainda não nos livramos finalmente. O povo tem razão ao afirmar que “santo de casa não faz milagres”. Que venha então o nosso redentor com suas ”novas e inéditas” idéias, se antepondo às nossas retrógradas e carcomidas imagens do grande jogo.

Amém.

WWW. "VAI SE ….". EDU

O jogo estava duro, disputado e imprevisível, quando num minuto determinante do terceiro quarto um bom jogador argentino da equipe de S.Bernardo converte dois arremessos sem qualquer oposição defensiva. O técnico de Assis pede um tempo, e mesmo sabedor , por consentimento, da existência de um microfone em sua lapela, profere um discurso que vai da “p… daquele argentino”, até um “vai se f…”, dirigido ao seu jogador destacado para a marcação do habilidoso portenho, num destempero condenável pela forma e pelo desrespeito, não só a um de seus comandados, como ao telespectador sintonizado na transmissão. E tudo isso contando com o beneplácito do comentarista da ESPN Brasil, para o qual o desabafo era natural e até necessário naquela circunstância de jogo, palavrões e ofensas inclusas.

Coincidentemente, à partir daquela descarga biliosa a equipe de Assis não mais se encontrou na quadra, num momento em que a intervenção mais determinante por parte de seu comandante teria sido o da procura da calma e da introspecção coletiva, na busca de soluções práticas, e não cobranças e agressões gratuitas e despropositadas bradadas em um microfone em rede nacional. E o narrador televisivo ainda se sai com a didática explicação de que aquela reação se justificava, pois “estava sendo jogada a sobrevivência da equipe, a última chance do ano…”, como se esses fatores comuns a qualquer competição desportiva, justificassem os atos cometidos e discursados. É realmente doloroso que pensem dessa forma distorcida e irreal.

Ao final do jogo, o técnico vencedor ao afagar um jogador adversário comenta coloquialmente que o mesmo tinha jogado “pra c….”, e numa ação rápida tenta encobrir com a mão o microfone em sua também autorizada lapela, sabedor no entanto que o dano já havia sido transmitido em rede nacional.

Dois profissionais, dois professores, que ainda não entenderam serem possuidores de um poder quintuplicado de influência e poder de formação opinativa, principalmente entre os mais jovens, quando têm conectadas suas reações, truculências e atitudes coercitivas a um sistema televisivo e radiofônico de altíssima sensibilidade, que não deixam tais comportamentos se perderem em seus mais ínfimos pormenores, nos mais crus dos detalhes, e na mais absoluta imposição unilateral, aquela que destina ao ouvinte tão somente a constatação do quanto ainda teremos de evoluir para galgarmos os degraus da desportividade, da educação e da cultura.

Preocupa-me o fato inconteste de que esses comportamentos vêm sendo impostos gradativamente, numa aceitação não muito velada por parte de alguns técnicos em concluio com emissoras de televisão, focando e difundindo a idéia de que se trata de um comportamento comum e natural, e que deve ser aceito como tal. Protesto veementemente contra essa pretensa realidade, que somente espessará a já densa cortina de estupidez e baixo nível em que se encontra o basquetebol em nosso país. Pensem bem, avaliem sua importância, e julguem com isenção seus atos, atitudes e influências a toda uma geração de jovens que nunca deveriam se defrontar com um “vai se f…”, toda vez que cometerem um erro técnico, uma falha humana, uma ausência de experiência, fatores inerentes a quem pratica o jogo, e que mereceriam um “vamos conversar”, simples e óbvio para quem se predispôs a orientar,treinar e educar através do esporte.

Amém.

O CONJUNTO DA OBRA…

Uma entrevista imperdível a concedida pelo grego melhor que um presente ao jornalista Fabio Balassiano do REBOTE. Depois de lê-la, podemos avaliar com a mais absoluta precisão os porquês da debacle do basquetebol brasileiro nas duas últimas décadas. Raia ao cinismo mais deslavado, à incúria de quem não está nem aí para o desporto, suas finalidades, sua real missão. O que realmente importa é a viagem a Europa para assistir um sorteio, claro, entre afazeres turísticos mais importantes. É a afirmativa jocosa e debochada de sua última declaração ao jovem jornalista – “(…) Estamos trabalhando duro para atingir nossos objetivos. Vou continuar por muito tempo ainda à frente da CBB”.

Respondendo à pergunta antecedente, de como avalia sua gestão, e como encara as críticas, se sai com essa pérola – “Críticas são sempre bem-vindas, desde que construtivas. Acho que julgar a minha gestão só por uma classificação olímpica no masculino é errado. Devo ser julgado pelo meu modelo de administração, pelos resultados nas categorias de base, pelo conjunto da obra”.

Meus deuses, o cara é assombroso, pois sua retórica raia ao absurdo, ao inenarrável, senão vejamos : Comecemos pelo modelo de administração, onde, nessa mesma entrevista deixa escapar, propositalmente ou não, a influencia de cima para baixo de suas opiniões abalizadas sobre a futura proposta técnico-tática a ser adotada pela seleção brasileira que disputará o Pré-Olimpico na sua amada Grecia, determinando-a à revelia do técnico espanhol escolhido para liderá-la – “Será sempre a nossa concepção de jogo, mas com valores europeus. Ninguém vai mudar a nossa maneira de jogar, com chutes de três, transição e velocidade. Ele poderá adaptar isso a uma maneira mais européia, com mais consistência, cuidado com a bola nas mãos, cinco contra cinco…”

Se assim vai ser, para que convocar um técnico que pertence a uma escola antítese desse posicionamento? “ Ele conhece todos os nossos jogadores e poderá implantar a sua filosofia de jogo. É um disciplinador, mas muito aberto ao dialogo”. Que modelo de administração é esse que um presidente de confederação dá as cartas sobre o comportamento técnico-tático de uma seleção? E o que é pior, contradizendo os princípios arraigados da escola européia que preconiza o jogo cadenciado, defensivo e profundamente coletivista? Onde quer chegar o insigne doutor em administração esportiva, onde? Parece, que pelo longo tempo que prediz ficar à frente da CBB, estamos ver nascer o verdadeiro mentor técnico de nossas seleções, fato que enfim revela o porque da manutenção e priorização dos conceitos emanados por um grupo de técnicos que em clinicas sucessivas tentam impor um modelo de jogo fracassado e perdedor, desde as categorias de base, pelo país afora.

E são essas clinicas que o nosso grego melhor que um presente tanto prestigia e incentiva, que formam os alicerces do preparo futuro de nossas seleções de base, que o contradizendo , não vence mais nada internacionalmente, perdendo inclusive para Uruguai e Venezuela, já que para a Argentina se tornou lugar comum. Então, como pretende ser julgado ante tais resultados técnicos, e atuação administrativa? E se avaliarmos a divulgação de todos esses resultados, pelo triste, capenga e pessimamente informado site da entidade, além de um serviço, diria desserviço, de estatística pretensamente sofisticado, e que deve ser bem caro, e que não avalia absolutamente nada em termos técnicos, ai mesmo que seu modelo de administração afunda de vez. “Criticas são bem-vindas, desde que construtivas”. E desde quando as aceitou, ou sequer parou para ouvi-las? Eu mesmo fui convidado por ele em Brasilia para uma conversa sobre basquetebol, e até hoje aguardo o retorno telefônico ?. E quantos outros bem intencionados e competentes basqueteiros foram parar na geladeira de sua insensibilidade não só administrativa, como técnica? Quantos ?

E para culminar e retratar uma administração sinistra e diabólica, que tal escalar a seleção que nos representará no Pré , quando afirma com todas as letras, EM PORTUGUÊS CLARO, como titulou sagazmente o Balassiano sua excelente matéria, ao responder se não seria mais prudente o Moncho vir ao Brasil o quanto antes , para conhecer a nossa estrutura, ver como andam os treinamentos, ver os jogos? “Ele virá, mas não temos pressa. Os jogadores da seleção, com exceção do Marcelinho, atuam fora do Brasil. Ele não precisa vir para cá, portanto. Tem de ficar na Europa mesmo, analisando nossos atletas e os adversários”.

Logo, pessoal das equipes que disputam nosso glorioso nacional, o badalado e bem disputado paulista, ponham as barbas de molho, e treinem com afinco visando, possível e longinquamente, Londres 2012, já que para já as cartas estão na mesa, olvidadas e jogadas para baixo do tapete as tristes manifestações de traição explicita e subversão da ordem dentro de uma equipe nacional, que inclusive já foram mencionadas e criticadas pelo Moncho, e prontamente desmentidas pelo técnico que o antecedeu, numa cabal demonstração de ainda se encontrar afinado com os princípios superiores de administração conjunta, implantação de um sistema absurdo de jogo, e divulgação do mesmo nas clinicas de lavagem cerebral, constituindo a mais terrível herança que uma liderança nos tenha imposto nas duas últimas décadas, num verdadeiro e apocalíptico conjunto da obra, a tal que o helênico presidente quer ser lembrado e julgado, mas cujos veredictos só serão conhecidos numa data de vaga lembrança. Afinal, é dele mesmo o conceito que vale- “Estamos trabalhando duro para atingir nossos objetivos. Vou continuar por muito tempo ainda à frente da CBB”. O saudoso Caixa d’Água já tem seu herdeiro.

Amém.

DEBATES – DEFESA INDIVIDUAL…

O assunto a ser debatido à partir de agora é a defesa individual, o tal fundamento que muitos definem como o grande tabu entre nós. E inicio tomando com o base o artigo que publiquei em 19/02/2005, DEFENDER É PARA QUEM SABE…

Espero bons debates, boas idéias e melhores estratégias de treinamento.

“Prezados telespectadores, afirmo que 70% de uma defesa é fundamentada na vontade de defender por parte dos jogadores”. “Querer defender” é a chave do sucesso! Fico curioso em saber o que representam os 30% restantes, mas as explicações não são dadas no restante dos comentários. E ai fico imaginando como ser possível se ter a posse e o domínio de 70% de um conhecimento qualquer.Não seriam 20, ou 25, quem sabe 30%? E olhe que conhecer 30% de um assunto com alguma importância social,política ou técnica,pode ser considerado um excelente feito,imaginem 70%!! Só um iluminado conseguiria tal marca,e em se tratando de uma habilidade psicomotora nem se fala, beira à genialidade pura. Todo jogador almeja defender bem, e procura honestamente se esforçar para consegui-lo,mas nem sempre querer é poder,pois precisa ser ensinado, treinado,aferido, e novamente treinado, ano após ano, em sua formação básica, orientando sua querencia ao conhecimento das macro habilidades necessárias na movimentação defensiva. Mas aponte-nos quem, em um país que preza tão somente os cestinhas,os enterradores de bolas, e de jogos,e os bloqueadores de arremessos,quem são aqueles que teimam em ensinar a verdadeira arte de defender?Muito poucos, talvez os conte nos dedos de uma das mãos,se tanto! Macro habilidades? O que significam? Comecemos explicando o que vem a ser micro habilidades, também definidas
como “sintonia fina”, que são aquelas imperceptíveis ações musculares que direcionam,
controlam e equilibram a bola durante os ajustes necessários a um bom arremesso. Tomemos um manche de vídeo game em um jogo de pilotagem como um razoável exemplo de ação da micro musculatura. Ao movê-lo, como em um jato supersônico real, pouco ou quase nenhuma movimentação do mesmo é notada. No entanto, todo um controle direcional
de grande complexidade, dada a elevada velocidade,é exercido pela ação da micro musculatura de braços,mãos e dedos,com um elevado desgaste físico-mental proporcional ao tempo em que a atividade é exercida. Pilotos de jatos supersônicos sofrem intensamente esse desgaste provocado pela alta concentração mental e ação continua da micro musculatura,que são elementos que agem conjuntamente. Treinar arremessos após atividades estafantes são incentivadas por técnicos como uma forma de aumentar a resistência dessa musculatura, o que é contestado por muitos técnicos. A macro musculatura é responsável por pequenos,porém bem visíveis movimentos que antecedem a ação das grandes massas musculares,principalmente em movimentos de grande intensidade,de grande explosão. A macro musculatura dita, controla e desencadeia a movimentação que será exercida pelas grandes massas musculares, e por isso deve ser treinada com afinco, atenção e muita repetição.A ação defensiva efetiva deve ter como treinamento básico o pleno conhecimento,e conseqüente controle, sobre as ações e limites da macro musculatura.Como o defensor sempre reage a uma ação do atacante, quanto menor for a distância entre estas duas ações,mais eficaz será a atitude defensiva. Os muito bem treinados conseguem, em algumas situações,a antecipação à ação ofensiva, constituindo-se no ideal a ser alcançado.Nenhum treinamento defensivo se compara ao “shadow”, ou movimentação em sombra, quando o pugilista se defronta com sua sombra projetada em uma parede, ou perante um espelho,ou da forma mais sofisticada,que é,de olhos cerrados travar um combate fictício com um adversário somente visível por ele mesmo, em situações às mais eficazes que sua mente possa produzir.O defensor de basquetebol tem que agir em treinamento como um pugilista atento,sagaz e eventualmente antecipativo às ações do atacante. Sua macro musculatura se manifestará em ações negaciadas, unidirecionais, e até antecipativas, antes que as massas musculares desencadeiem as ações de efetivo bloqueio e deslocamentos pelo terreno de jogo. Para ser considerado um bom defensor, o atleta necessitará de um longo e trabalhoso conhecimento sobre suas ações corporais conjugadas com seu poder de concentração mental,e somente treinamentos específicos o farão adquirir tais habilidades, e fundamentais conhecimentos.Por isso afirmo com grande conhecimento de causa, por ter preparado muitos talentosos jogadores,necessários a bons e eficientes sistemas defensivos, que defender não é para quem quer,é para quem sabe,conhecimento este que deveria se constituir ao longo da carreira de um jogador em um percentual o mais próximo que lhe for possível dos 70% da ação,reservando-se os restantes 30% à vontade de defender.Creio que o comentarista se enganou e trocou os valores,mas isso acontece…

A bola está com vocês. Ao trabalho !

WWW.P.Q.P.EDU

Nos jogos em Franca e Assis, para gáudio do narrador da ESPN Brasil, três dos técnicos envolvidos nas partidas permitiram que microfones de lapela fossem fixados, para que os telespectadores tivessem em suas casas, além da imagem, os discursos técnico –táticos, como se estivessem dentro da quadra junto aos mesmos. E ai começaram as emoções anunciadas freneticamente pelo narrador, e acredito, pela ausência de comentários, com a não concordância do espetáculo lastimável apresentado, por parte do comentarista, que sendo um respeitável professor, ex-técnico e jogador brilhante, não poderia estar de acordo com tão constrangedora situação.

Foram dois jogos, nos quais esses três técnicos abusaram dos palavrões (alguns deles jocosamente mencionados pelo narrador, como se engraçados fossem…), das pressões absurdas nas arbitragens, nos esgares atônitos, no palavreado chulo e na maioria das vezes irônicos, inclusive com seus próprios jogadores, nas chamadas bruscas e sem sentido quanto ao comportamento técnico das equipes, em instruções ininteligíveis e muitas vezes dignas de um Champolion, e o pior, muito pior, as coreografias grotescas, ridículas e pretensiosas ao lado, e muitas vezes dentro da quadra de jogo, numa demonstração da mais absoluta falta de um sentido real e equilibrado de comando, interagindo mais como um animador de colônia de férias, do que um técnico na acepção da palavra.

E de repente, um clímax se faz presente num dos festivos e nada amigáveis pedidos de tempo, quando no meio de uma peroração raivosa um de nossos técnico-artistas, já que em cadeia nacional, ao vivo e à cores, esbraveja por sua prancheta- Quero a prancheta !! – E a dita, quando lhe é entregue é brindada com um simplório X grafado com energia, e nada mais, um enigmático X, aposto por quem nada tinha a falar naquele momento, principalmente através sua preciosa e mágica prancheta. E seus jogadores retornam à quadra sob a égide de um simples X em suas mentes. Claro que o desenrolar da jogada subseqüente teve a mesma transparência do X proposto, ou seja, nada.

E como premio maior da segunda noite, os agora bem informados e atuantes telespectadores, testemunhas participativas de um jogo dito e anunciado como basquetebol, foram agraciados com um retumbante P.Q.P. enunciado sílaba após sílaba, tal qual um tenor operístico trovejando da ribalta, através o técnico que à partir de fevereiro importará 50 jovens de diversos estados do país, para intronizá-los nos segredos do grande jogo, como se fosse o único ungido com os conhecimentos que deveriam ser de todos aqueles técnicos responsáveis pelos mesmos, mas que infelizmente vêem peneirados seus jogadores com o beneplácito da CBB, P.Q.P. à parte.

E nesses momentos, introspecto meus pensamentos, minhas convicções, algumas verdades que apreendi com o passar do tempo, inexorável, mas verdadeiro, validando alguns conceitos, vivências, e invalidando outros tantos, passando a limpo a arte de viver e conviver. Ainda me vejo sentado no banco, apreciando o resultado de uma boa preparação, vendo os jovens jogadores evoluírem em acertos e alguns desacertos , dando aos mesmos um tempo para se reencontrarem, para fazerem jus ao preparo criterioso que tiveram nos exaustivos e esclarecedores treinamentos, nos quais aprenderam a ler o jogo, a encontrarem soluções compatíveis aos seus níveis evolutivos, ao uso da inteligência, da perspicácia, do livre arbítrio, dos pedidos de tempo olho no olho, e não grafando Xis em uma absurda prancheta, assim como ainda me vejo, para espanto incrédulo de muitos assistentes nada falar em pedidos de tempo de adversários, mantendo-me afastado daquele momento em que nada poderia acrescentar do que havíamos treinado, propiciando aos jogadores um momento único e privado, o momento em que a introspecção se faz presente, mesmo no seio de um grupo.

Mas isto parecerá absurdo a esse novo modelo de técnico, performático, estrelado, paparicado por uma mídia embevecida pelo nada, pelo espetáculo perpetrado à margem de nossas quadras, como se eles fossem as estrelas do espetáculo, e não seus jogadores atuando de escadas para suas performances ridículas e constrangedoras, emolduradas por um sonoro e bombástico P.Q.P.!!!!

Que os deuses ajudem nossos jovens, nosso basquetebol.

Amém.