AMARGA CRONOLOGIA…

14h57 min.- Ligo para a CBB ( 2544-3193 ), atende uma voz feminina. Peço para falar com o presidente Grego. Pedida a identificação respondo – prof.Paulo Murilo. Entra aquela indefectível musica metalizada que me faz esperar por uns 2 minutos. O ramal está ocupado. O Sr. Poderia tornar a ligar em 5 minutos? Pois não, o farei, obrigado.

15h09 min.- Torno a ligar. Identificação e música incidental, a mesma metalizada da primeira ligação. Passam-se 2 minutos e à comunicação de que o ramal está ocupado sucede uma consulta se havia a possibilidade de um retorno por parte do presidente Grego. Cedo meu telefone e desligo. Como possuo 2 números de telefone em casa, solicito aos familiares que não utilizassem o numero que cedi à CBB. Pronto, linha livre para o retorno que…

São 01h45min. da madrugada quando redijo essa pequena cronologia telefônica de esperas e ausências. O retorno não aconteceu, e como para bom entendedor meia palavra basta, o café e as duas horas de conversa sobre basquetebol foram-se às calendas gregas, e com passagem só de ida.

Que pena, e que desperdício. Da minha perda de tempo redigindo um bem pensado roteiro de sugestões, e da parte do grego melhor que um presente perdendo também o seu escasso tempo de atarefado dirigente num convite público que nunca pensou honrar.

Mas nem tudo se perde onde persistem princípios de honestidade e franqueza, e por conta dos mesmos mantenho as sugestões, somadas as dos desportistas em seus comentários, para que sua respeitada e competente diretoria, do alto de suas conquistas e notório conhecimento técnico, possa filtrar algum pormenor, por minúsculo que seja, dos temas propostos, dos quais abro mão e conseqüente copyright, para que seja utilizado, estudado, ou convenientemente engavetado, que é uma norma corriqueira nessa confederação.Só não me responsabilizo pela sugestão do leitor Gustavo, mas que democraticamente não retiro dele boas razões em publicá-la.

No mais, agradeço pelo convite feito em Brasília e esquecido no Rio, onde logo mais se iniciam os jogos finais de um campeonato carioca, onde somente uma equipe é carioca ou fluminense, e que espelha com nitidez como a CBB trata aqueles estados que ousam se antepor a seus desmandos. Resta a saudade do velho Seu Chico, com seu café bem coado, aromático e sincero. Saudades.

Amém

TEMO QUE…

No final dos anos 70, uma torcida de futebol inovou na forma de torcer dentro dos estádios, com torcedores enlaçados uns aos outros, pulando em ondas laterais, e entoando gritos de exaltação aos seus ídolos apolíneos dos gramados. Era uma pequena torcida da comunidade gay torcedora do Cruzeiro de Belo Horizonte, que inspirou e difundiu essa forma carnavalesca e exuberante de incentivar seus ídolos e sua paixão. O resultado da festança foram os reforços estruturais de ferro implantados em nosso principais estádios para suportar as oscilações provocadas pela movimentação da massa torcedora, a começar pelo Mineirão e o Maracanã, e que em muito pouco tempo se transformou em um comportamento extremamente agressivo por parte de outro tipo de torcida, que no aproveitamento daquela dinâmica desenfreada capitalizou a forma de torcer, a uma outra forma de subjugar pelo caos e pela confusão reinante no seio das mesmas, o poder coercitivo de muitos criminosos, escudados e protegidos pelas vagas incontroladas e por isso mesmo protetora de suas ações criminosas. A obrigatoriedade para que qualquer torcedor assista os jogos sentados em seus lugares, como é norma obrigatória em todos os estádios europeus, asiáticos e norte-americanos, inviabiliza esse comportamento, que muito em breve provocará embates sangrentos dentro dos estádios brasileiros, como já ocorrem fora dos mesmos, e que custou a vida de um torcedor semanas atrás.

Mas porque este preâmbulo? Aos poucos estas manifestações vem se instalando em nossos ginásios em jogos de basquetebol e futsal. São torcidas organizadas que incentivadas por dirigentes que lucram politicamente ao apoiá-las, já se insinuam dentro dos ginásios com suas atitudes e comportamentos advindos dos campos de futebol. O torcedor morto que mencionei atrás estava se dirigindo para um jogo de basquetebol no Ginásio Caio Martins em Niteroi, onde se defrontariam as equipes do Vasco e do Flamengo, quando num confronto na Praça Quinze foi agredido e morto selvagemente.

Ontem, no segundo jogo classificatório às finais do Campeonato Carioca, o que mais foi ouvido pelo telespectador, foram os encômios deslumbrados do comentarista da ESPN ante o espetáculo arrepiante dado pelos torcedores saltitantes e descamisados de ambas as equipes, cujo presidente de uma delas, e utente desbragado do pseudo prestígio da mesma, lá se encontrava presente. Mas, ao final da transmissão, ao contrário de outras estabelecidas pela emissora, onde algumas entrevistas e comentários técnicos finais são corriqueiros, a mesma foi encerrada abruptamente para minimizar ao máximo a visão da invasão da torcida da equipe vencedora que ao tomar a quadra de jogo transgrediu um dos preceitos comportamentais mais tradicionais e históricos de nossos desportos, o de que torcedor de basquetebol não invade as quadras, daí a inexistência clássica de alambrados e fossos divisórios.

Prevejo que mais essa hecatombe assaltará o já tão combalido basquetebol brasileiro, o que afastará definitivamente os verdadeiros apreciadores e torcedores da modalidade dos ginásios, acelerando em muito seu inexorável destino ladeira abaixo. Amanhã no Maracanãnzinho , nas finais desse torneio uma só providência deveria ser tomada pela policia que deverá estar presente em grande numero, a obrigatoriedade de que todos os torcedores presentes se mantenham sentados em seus lugares, em seus assentos numerados, providência esta que refrearia em muito a agressividade emanada de gangues, que só se sentem poderosas e inexpugnáveis quando aos saltos e enlaçadas grupalmente entoam seus hinos agressivos e insultuosos, acobertando seus covardes lideres diluídos em seu seio, num pastiche da torcida pioneira, a pequena torcida do Cruzeiro, que se manifestava daquela forma pública como proteção aos embates preconceituosos das torcidas adversárias. Ela não só derrubou muitos conceitos, como abalou as estruturas de muitos estádios do país, exigindo reformas e muito dinheiro gasto. Hoje, os tempos são outros, onde a nascente violência se instala no meio desportivo, o futebol em particular, mas que poderia ser ainda refreada dentro de nossos ginásios, antes que alguma tragédia venha a se consumar, ao largo dos arrepios emotivos do grande campeão.

Amém.

CONVITE FEITO, CONVITE ACEITO…

Amanhã sem falta ligo para o Grego e comunico aceitar seu convite feito em Brasília para um café e duas horas de conversa sobre basquetebol. Se o convite for mantido, volto àquela casa depois de muitos anos, mais propriamente desde 1992, quando lá estive para ofertar uma cópia de minha tese de doutoramento, com tema focado no grande jogo, mais propriamente nos arremessos, e que nunca foi sequer lida por quem quer que fosse, e hoje, se ainda existir, deve se encontrar num fundo de gaveta qualquer, ou no arquivo morto daquela entidade. Pena, pois tem sido referência de alguns estudos e pesquisas…lá fora. Mas, se a conversa prosperar, terei em mente tão somente apresentar uma serie de dez temas, que poderiam ajudar, se bem compreendidos e desenvolvidos, no soerguimento do nosso basquete, numa perspectiva de médio a longo prazo, guardadas as condições mínimas para seus desenvolvimentos.

Eis os temas:

1 – Incentivar, e mesmo promover a criação das Associações de Técnicos em cada um dos estados , que autonomamente colaborariam com o desenvolvimento do basquetebol, mantidas as características sócio-econômicas, educacionais e tradicionais de suas regiões,e que para atingir tais objetivos contariam com um Kit-Estatutos, e um Kit-Internet, preparados por uma comissão de técnicos experientes, no intuito de acelerar o processo e manter um grau razoável de compatibilidade administrativa e técnica. A CBB poderia bancar esses 27 Kits que poderiam ser desenvolvidos e distribuídos a baixo custo, principalmente se utilizar software livre.

2 – Dividindo o país em quatro regiões, a saber: Norte-Nordeste, Centro-Oeste, Leste e Sul, colegiados de técnicos, com participação rotativa, adequariam seus campeonatos estaduais das divisões de base, mirins, infantis e Infanto-Juvenis, a princípios didático-pedagógicos visando a massificação possível, com ligas colegiais e os clubes, e introduzindo algumas modificações nas regras, tais como, posse de bola de 40, 35 e 30 segundos nas categorias menores,liberando os 24 seg. do juvenil em diante, assim como a defesa por zona, também do juvenil em diante. A criação dos campeonatos estaduais de sub-19 e sub-21, visando abrir o leque de possibilidades no surgimento de novos valores. Nas duas divisões menores, a participação obrigatória de todos os jogadores em pelo menos um quarto da partida, e nunca mais de dois quartos sucessivos( remember o mini-basquete…), e a paralisação imediata da partida quando o placar ultrapassasse os 30 e 40 pontos de diferença, evitando danos na aprendizagem e busca de resultados artificiais e de cunho auto-promocionais.

3 – Desenvolvimento de um programa funcional e de baixo custo para a coleta de dados estatísticos que possam ser avaliados por conceitos de coeficiente de produção, e não por analise percentual pura e simples, adequados a cada divisão de base, cujos parâmetros deverão ser estudados, avaliados e divulgados através experimentações e pesquisas de campo, por comissões de professores e técnicos das quatro regiões propostas. Os dados recolhidos em todos os campeonatos regionais e nacionais alimentarão o Centro de Computação que deverá ser implantado na CBB, sob supervisão das associações de técnicos e a futura associação nacional, e onde ficarão guardados os dados necessários ao desenvolvimento técnico-científico da modalidade, objetivando seu progresso e a formação das seleções nacionais.

4 – Substituição dos Campeonatos Brasileiros de Seleções, pela participação dos clubes ou colégios campeões estaduais, com a seguinte classificação: Mirins e Infantis – 27 campeões nacionais, onde o deslocamento das equipes não ultrapassarão as fronteiras de seus estados. Infanto-Juvenis – 4 campeões nacionais, um de cada região. Juvenís, Sub-19 e Sub-21 – 1 campeão nacional por categoria, com decisões em sedes estaduais sob o regime de rodízio.

5 – Em cada campeonato regional e nacional, encontros de técnicos ocorrerão para discussões técnico-táticas, preparação de atletas, formação e formulação de equipes, publicação de trabalhos e conseqüente divulgação dos mesmos, assim como assuntos referentes a patrocínios e campanhas que visem o desenvolvimento da modalidade. Clinicas de aperfeiçoamento serão responsabilidade dos núcleos regionais, como forma de diversidade técnico-tática, e não como a pasteurização que vem sendo implantada pelo núcleo da CBB.

6 – Mobilização dos antigos ícones da modalidade, das associações de veteranos estaduais, de autoridades que praticaram o grande jogo, da sociedade civil, das organizações militares, estatais e patronais, para que todos juntos soergam o basquetebol entre nós, e inclusive fazendo parte ativa das comissões técnicas propostas.

7 – Que através convênios com entidades patronais, universidades, forças armadas, governos estaduais, municipais , industrias e comercio, possam ser implantados em forma condominal 4 centros de treinamento de alta técnica, um em cada região antes mencionada, no intuito maior de para lá serem enviados aqueles talentos pós-juvenis, que complementarão seus estudos e se qualificarão para as seleções nacionais. Como as instalações já são existentes, daí a sugestão de convênios, a implantação não atingiria valores vultosos, e que muito beneficiaria o projeto de soerguimento. Os profissionais destinados a esses centros seriam escolhidos por mérito pelas comissões técnicas das associações estaduais, e mais adiante pela associação nacional.

8 – Que através um bem planejado setor bibliográfico, divulgado pela rede internet, na forma de jornal, boletim ou blog diário, toda a informação técnica, de projetos a pequenas pesquisas, de estatísticas a relatórios de equipes e seleções bem qualificadas, de comentários a experiências regionais, por mais distantes que se situem no mapa nacional, todas essas informações circulassem regularmente para que todo e qualquer progresso técnico-tático, didático-pedagógico, fosse absorvido pela comunidade de professores e técnicos espalhados por esse imenso país.

9 – Que já se planejasse a produção semi-profissional de material técnico na forma de vídeos,CD’s, DVD’s e CD’S de áudio, a serem destinados a técnicos e professores, como uma das estratégias para a divulgação e massificação da modalidade.

10 – Que a implantação desses pequenos projetos, por serem factíveis dentro da nossa realidade, e que para tanto somente nos falta a vontade política em realizá-los, nos faça retomar o caminho das grandes conquistas que atingimos no passado, saindo do limbo cumulativo em que nos encontramos.

Esses seriam, ou serão os pontos que abordarei nas duas horas de conversa e troca de idéias, iniciados ou terminados com o café proposto, apesar, e com pesar, de não ter o velho Seu Chico a servi-lo.

Amém.

UM CAFÉ,E DUAS HORAS DE…

Quadra encharcada, interrompendo a partida decisiva do Sul-Americano de Clubes em Brasília. Enquanto os muitos funcionários patinavam no dilúvio na tentativa de enxugá-la, me distraio um pouco na leitura de um jornal local encostado atrás de uma das tabelas. De repente sinto uma mão pesada no meu ombro, e um “como vai Paulo?” Viro-me e encontro o grego que me sorri. Devolvo o cumprimento, e antes que estabelecêssemos conversação um dirigente estrangeiro se antecipa e o afasta um pouco, tempo necessário para que eu peça ao Heleno Fonseca Lima, próximo a nós, que fizesse parte do colóquio que se avizinhava. Afinal, foram mais de 5 anos que não nos dirigíamos diretamente, sendo que nos últimos três exerci com veemência um ciclo critico neste blog, em anteposição à sua administração junto à CBB. Atendido o dirigente, nosso grego melhor que um presente inicia a tão aguardada aproximação dialética, iniciando-a com um preâmbulo devastador: “Paulo, você é um professor respeitado, e que luta pelo bem do basquete, assim como eu, e que não tem pretensões à seleção brasileira, e sim…”. Um momento, grego, interrompi-o prontamente- Quem afirmou isso a você? Não fui eu,pode ter a certeza, pois como qualquer profissional dedicado ao basquetebol em sua parte técnica, servir a uma seleção de meu país jamais poderia ser desconsiderado, por princípio e por mérito. Sei que não o serei, mas jamais abdicarei desse direito.!” Todos afirmam que o fato de não dirigir equipes no nacional o incapacita para a função”. Engano seu grego, qualidade não é medida por essa ótica, e sim pela somatória de experiências e muito estudo, que não é em absoluto condição somente minha, muitos as tem nesse país.”Então me aponte alguém aqui presente!” Só aqui na sua frente tem dois, e mais dois la na tribuna. Já são quatro. Imediatamente o Heleno reage dizendo estar aposentado como técnico. Emendo afirmando que seria um ótimo supervisor, no que ele concorda em termos. E a conversa então toma outro rumo, quando enfoco a vinda de um técnico estrangeiro para a seleção. Prontamente o grego afirma que aquele profissional, que será escolhido por ele em janeiro, terá como função prioritária complementar uma nova comissão técnica, suprindo-a com a experiência européia em grandes competições, e que logo à seguir o pré-olímpico passaria o comando a um brasileiro, e que o preço a ser pago em nada desequilibraria as finanças da CBB, pois segundo ele, até de graça alguns técnicos se ofereceram para dirigir a talentosa seleção brasileira, na opinião de muitos, externadas pessoalmente quando de sua recente estadia na Espanha. Conclui que o passo já foi dado, só não avaliando, ou imaginando a extensão e os resultados práticos do mesmo.

Continuando o papo, que aquela altura já raiava à veemência, argüi da necessidade da existência das associações regionais de técnicos, que evoluiriam mais tarde para uma nacional, com responsabilidades autônomas de aconselhamento, preparação e treinamento de novos técnicos, e influência na escolha meritória de selecionadores nacionais, a exemplo das maiores potências atuais do basquetebol, como também para uma modificação estrutural nos cursos de atualização que visassem a diversidade técnico-tática, e não a fracassada homogeneização de um sistema de jogo estendido a todas as categorias de base, e que respeitasse os aspectos regionais do país. Também o lembrei da importância de controle estatístico mais condizente com a realidade técnica, assim como uma bem elaborada divulgação de bibliografia pertinente às reais necessidades dos muitos e muitos técnicos espalhados e tão abandonados em seu labor.

Com o jogo há muito em andamento, convidou-me o grego a passar na CBB para um café e umas duas horas de papo que eu teria para convencê-lo de alguns meus pontos de vista, que seriam ou não aceitos na medida direta de minha argumentação. Antes de nos despedirmos, sugeri que trocasse o nome do pequeno auditório da CBB de James Naishmith para Togo Renan Soares, o maior e mais laureado técnico de nosso país, numa singela, porém correta homenagem a quem muito fez pelo basquete nacional. Foi nesse ponto que ficamos sabendo, eu e o Heleno ainda participante da conversa, que a arena da Barra da Tijuca não foi batizada com o nome do grande Kanela, como o vizinho Parque Aquático Maria Lenk, por exigência de futuros arrendatários da mesma, para divulgá-la com suas marcas e projetos comerciais.

Ficou o convite, ficou a dúvida, a grande dúvida do quanto poderei colaborar com o nosso basquetebol, junto a uma administração que critico fortemente, tanto na forma, como nos princípios democráticos que deveriam pautar toda e qualquer administração desportiva, como nos países que nos tem vencido, aqui mesmo na America do Sul, nos últimos 20 anos. O que poderei influir durante e após duas horas de debates, ou monólogo, com alguém que age e pensa como ele? Terei alguma chance de convencimento, ou simplesmente me exporia a um retrocesso na estratégia que venho desenvolvendo nos últimos anos, na lenta e paciente missão de despertar os grandes, porém entorpecidos nomes do grande jogo, e os jovens em sua disposição idealista e até utópica, e por isso mesmo eivada daquela heróica honestidade, sua marca indelével ? Honestamente, não sei, apesar de lá no fundo ainda pulsar um tantinho de esperança em dias melhores, em melhores idéias, em qualidade, em ética.

Mas um fato, importantíssimo para mim, vem à lembrança, o café. Não mais aquele servido pelo inesquecível Seu Chico, o mesmo Chico mordomo das seleções, e funcionário prestimoso na nossa EEFD/UFRJ, que envergonhado e constrangido me comunicou que eu havia sido preterido para a seleção brasileira feminina que se apresentaria na França em jogos contra a Tchecoslováquia para o COB avaliar a presença ou não do basquete feminino nas Olimpíadas, com a argumentação do diretor técnico na ocasião de que eu era inadequado por ser baixo e feio, história que contei em artigo anterior. Acredito que o café de agora possa ter outro sabor, talvez bem mais amargo. Na dúvida…

Amém.

A FARSA…

“Campeonato com times de aluguel. Essa foi a frase que mais ouvi quando o assunto era Estadual do Rio de Janeiro. Claro que não é o ideal, mas foi o que a atual direção da Federação conseguiu fazer para tentar levantar o moral do basquete carioca”. Assim se manifestou um jornalista de São Paulo a respeito desse arremedo de campeonato carioca, tramado e executado pela camarilha que se apossou da FBERJ, sob a batuta do grego melhor que um presente, para a satisfação e gáudio de muitos daqueles que renegam e fazem questão de esquecer o que representa e sempre representou o basquete carioca no cenário brasileiro, cujo moral jamais se abaterá ante tanta pusilanimidade, tanta covardia, tanta incompetência e falta de caráter.

Outrossim, torna-se comprometedor assistir-se equipes das mais tradicionais e respeitadas no desporto nacional, servindo de cobaias para equipes sem tradição nenhuma nesse mesmo cenário, cujo intuito é o de se prepararem para a competição maior, de preferência ostentando uma publicidade garantida pelas camisas tradicionais, publicidade e exposição estas ausentes em suas próprias. E o pior, repetindo o mesmo comportamento no campeonato mineiro, na mesma época e datas. Que vergonha, que crime hediondo, já que regulamentos e estatutos são torpemente renegados em nome de interesses inconfessáveis e mafiosos. Leis de transferências e estágios probatórios são colocadas de lado no afã de adequar competições aos interesses dessa gente, toda ela voltada ao continuísmo político, cujos votos mantenedores têm de ser conquistados e garantidos sob quaisquer pretextos, legais ou ilegais. O que Fluminense e Vasco da Gama ganham com essa farsa? Que frutos serão aqui gerados por essas equipes chupins? Ou pensam que a presença de alguns integrantes pagos de facções de torcidas de futebol representam os verdadeiros aficionados do grande jogo? Ou pensam que 1/3 de platéia no acanhado ginásio do Clube Municipal representam os cariocas que amam o jogo? O que pensa essa gente desqualificada?

Quando vemos o Botafogo participando de uma competição nacional feminina, com uma equipe formada de jogadoras infantis, infanto-juvenis, juvenis e três adultas, numa composição que os regulamentos oficiais restringem o fator idade, como justa proteção de crianças e adolescentes em competições e embates com adultos. Assim como vem ao conhecimento público as extremas deficiências técnicas e econômicas que um tradicional Fluminense ostenta junto à sua equipe feminina, com inclusive lanches de pão com nescau, substituindo refeições básicas e normais para atletas, é que avaliamos o quanto de carências enfrenta o basquete carioca, mas que mesmo assim não se justifica o tratamento de “barriga de aluguel” como divulga a imprensa candanga.

Mas apesar de tudo, nada justifica tal subserviência a interesses espúrios, a não ser a sedimentação de um bem urdido plano para fazer calar a histórica resistência do carioca a todo e qualquer principio de governo que privilegie o obscurantismo e a tirania, não só política, como, e principalmente, intelectual. Calar a resistência aos desmandos da CBB e seus acólitos , torna-se de transcendental importância para a sobrevivência dos que agora, e de a muito tempo comandam o nosso basquetebol, e que tiveram na última eleição liderando os nove votos dissidentes a gloriosa FBERJ, casa de grandes desportistas, excelentes técnicos e inesquecíveis jogadores, que não podem ser desmerecidos pelo muito que criaram, estabelecendo uma imorredoura e sublime moral, aquela que sempre estará elevada, em contraponto àqueles que a negam e aviltam, estes mesmos que a assaltaram recentemente, empunhando votos comprados sob as baforadas de um infame charuto. Mas não há mal que sempre dure, é uma lei da vida, é a lei do retorno. Quem viver, verá. Amém.

ANATOMIA DE UM ARREMESSO IV

Sempre que discussões sobre arremessos são estabelecidas, um pormenor técnico vem à baila, as pegas. Entendamos como pegas as formas e encaixes das mãos por sobre a superfície da bola no ato e exercício do arremesso, seja com uma ou duas mãos impulsionadoras. Com o auxílio de imagens procuraremos discernir os diversos tipos de pegas que tornam possíveis os arremessos, mais propriamente, os efetuados com uma das mãos. As fotos aqui mostradas foram as mesmas que compuseram um artigo publicado pela Revista Brasileira de Educação Física e Desportiva, Nº9 em 1970, sobre “Alguns aspectos dos fundamentos”, e algumas que compuseram a tese de doutoramento “Estudo sobre umefetivo controle da direção do lançamento com uma das mãos no basquetebol”,defendida em Lisboa na FMH/UTL em 1992.

 

Ao final do artigo,e para maior compreensão do que venha a ser um perfeito controle do eixo dametral da bola em sua trajetória à cesta, acesse o link à seguir, e entenda de uma vez por todas o porque do arremesso longo de três pontos ser especialidade de uns poucos jogadores, aqueles que se aproximam da precisão repetitiva e constante somente possivel, no caso da infalibilidade, a um bem programado robô.

http://onecityatatime.wordpress.com/2007/08/26/basketball-shooting-robot-at-the-carnegie-science-center-in-pittsburgh/

 

 

DEBATES – ARREMESSOS

Continuando a série Debates, abordaremos nas próximas duas semanas o tema Arremessos, que tantas discussões e poucos estudos desencadeiam opiniões nem sempre convergentes, principalmente nos arremessos longos, os famosos tiros de três. Muito aprenderemos com as experiências práticas de professores e técnicos espalhados por esse imenso país, pródigo em talentos, quase sempre esquecidos e desprestigiados, mas que podem contar com esse espaço para divulgar e discutir seus trabalhos, claro, se assim o desejarem.

Dou a partida republicando o artigo O que todo jogador deveria saber6/10,publicado em 21 de maio de 2006.

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 6/10.

Que o ato de arremessar uma bola à cesta com precisão,exige de seu executante um bom número de habilidades,onde se destaca uma em particular,o controle direcional.Desde sempre,o ensino dos diversos tipos de arremessos sempre se pautou basicamente nas mecânicas do movimento,que em muitos métodos e escolas,mais se ligavam aos estilos conceituais,quase sempre de fundamentação estética.Em outras palavras,o ponto forte da aprendizagem era mais centrada no estilo e na estética gestual do arremesso,em vez do efetivo conhecimento e decorrente tentativa de controle sobre o objeto a ser lançado,a coadjuvante bola.Uma esfera quase perfeita,extremamente nervosa por sua constituição físico-elástica, com um centro de gravidade difícil de ser controlado pelo seu grande volume,e que mesmo sendo das mais lentas as suas respostas em vôo quando comparadas com as de outros desportos,mantêm seus comportamentos no mais completo desconhecimento pela maioria de nossos jogadores,principalmente aqueles que se consideram “mestres”na grande arte dos arremessos,sejam curtos,médios ou longos.Imaginem o maior daqueles foguetes da NASA,o Titan por exemplo,que ao se desprender da torre de lançamento,detonando todo o seu poder de ascensão,sofre uma pane no menor de seus instrumentos,o giroscópio,que é aquele que em termos finais mantém o leviatã na direção correta,e que privado de seu direcionamento simplesmente aborta sua missão.Força,potência,volume descomunal,carga preciosa,anos e anos de pesquisas e trabalho deixam de ter importância pela falha de um aparelhinho que direciona tudo aquilo.No arremesso de basquete ocorre o mesmo,pois de nada valem o estilo e a estética,assim como as mecânicas corporais envolvidas no processo,se o controle direcional da bola vier a ser falho.Façamos um pequeno teste explicativo,de acordo? Então fechemos os olhos e imaginemos um aro de cesta,a bola em uma de nossas mãos,pronta para ser arremessada.Executemos o lançamento e ao mesmo tempo observemos que no momento que a bola abandona a mão ela se encontra girando para trás(o famoso back spin),e que esse giro se situa em torno de um dos eixos diametrais da mesma,e que se mantêm até o seu objetivo,a cesta.Muito bem,agora,dando continuidade à observação,construamos uma bem definida imagem,a saber:Que esse eixo diametral esteja o mais paralelo possível ao nível do aro da cesta,e o mais eqüidistante também possível de seus bordos externos.Qual então a decorrência dessa imagem? Recordem, e se quiserem repitam a visualização,e então concordem(espero que sim…)que naquela situação física a bola encontrará seu direcionamento perfeito,fator colimador básico para que os outros comportamentos,força,trajetória e sinergias musculares determinem o sucesso da tentativa,e o insucesso pelo desvio,mesmo ínfimo,de seu direcionamento. Esse conhecimento,derruba aqueles conceitos baseados nos estilos e na estética,dando lugar a movimentos antagônicos aos mesmos.Aquele jogador,que no jargão do basquete,arremessa “caindo do cavalo”,pode ser muito bem sucedido de tiver desenvolvido um grande e poderoso senso de direção em sua mão impulsionadora, independendo ou não de se encontrar em equilíbrio instável.Com o controle sobre o eixo diametral,até os arremessos de tabela podem ser controlados eficientemente,assim como aqueles em que a bola ao tocar a ponta frontal do aro revertem na cesta,isso mesmo,revertem,pois se estão imbuídos de um giro inverso ao encontrarem um obstáculo, o aro,invertem sua rotação,já que uma força num sentido gera outra em sentido contrário de igual intensidade,deixarão de ser criticados por muitos que o consideram um erro.Finalmente,chegamos a um instigante impasse,como controlar o poderoso eixo diametral da bola? Dou 3 pistas,e deixo o restante da análise para o próximo artigo: 1- As menores alavancas,a do pulso e a dos dedos,que ao fletirem longitudinalmente à bola imprimem na mesma a rotação inversa,que nada mais é do que o processo de aceleração,necessário à uma transferência progressiva de força,e que determina o eixo em questão. 2- As duas funções básicas dos dedos da mão impulsionadora,onde o polegar e o mínimo determinam o posicionamento do eixo e seu alinhamento ao nível do aro,e os outro 3 dedos,responsáveis pela aplicação da força progressiva,responsável pelo giro inverso da bola em torno do mencionado eixo. 3- O toque final na bola,executado por um,dois ou os três dedos centrais da mão impulsionadora.As várias combinações posicionais dos cinco dedos constituem o determinismo e conseqüente comportamento do eixo diametral no trajeto da bola à cesta,mas isso é outra história.Treinem,estudem e pesquisem em si mesmos as possibilidades descritas acima,e é bem plausível que não necessitem esperar o próximo artigo para obterem as respostas.Boa sorte.

ETCETERA E TAL…

“Criticar muitas vezes é válido, criticar São Paulo é um prazer, é um orgasmo”. Com essa afirmativa, entre outras, o presidente da Federação Paulista de Basquetebol se demite da função de representante da CBB na Confederação Sul-Americana de Basquetebol (Conbsulbasket), através uma carta endereçada à CBB e postada no site da FPB(www.fpb.com.br) em 19/11/07. Consubstanciando argumentos que o levaram a tão dramático desfecho, um se destaca entre todos : “Os clubes nada mais querem do que cuidar da venda do campeonato, do contrato da televisão, do contrato das bolas, etc. Ele não admite, não se sabe porque”. Bem, incluídos no mencionado “etc” é que se escondem os verdadeiros motivos da já cansativa e deprimente pendenga interpares, a luta sem tréguas pelas chaves do cofre. E na atual situação, a propriedade das mesmas é daquele que foi eleito pelo voto federativo, tendo como cabo eleitoral mais representativo a mesma FPB que o elegeu em troca do comando técnico de todas as seleções nacionais, inclusive no concernente às clinicas técnicas que impregnam até a data de hoje o nosso basquete de uma padronização técnico-tática que nos levou ao atoleiro em que nos encontramos, justificando sua afirmativa auto responsável : “Triste esporte esse o nosso. Sem títulos, sem participações internacionais, batido até nas Categorias de Base, aleijado de Olimpíadas e Mundiais, Mundial sub 21, Mundial Juvenil, etc…Sem falar em Panamericanos e Sulamericanos tanto no masculino quanto no feminino. Falta preparação adequada. Falta trabalho sério. Muita invenção e pouca prática(…)”. Estranho monólogo, de quem omite o fato de que todo esse estrago foi arquitetado por comissões técnicas…paulistas! As mesmas que comandaram e comandam todas as seleções citadas como fracassadas, e que lá se perpetuaram lastreadas pelo voto dominante e garantidor da atual e longeva administração cebebiana. Recentemente os clubes paulistas lideraram a fundação da NLB, e agora a ABCB, exatamente para tentarem o controle das chaves do cofre, incluindo os “etc” não muito divulgados, mas que devem valer muito, haja visto o empenho ciclópico que desenvolvem em sua conquista, e dos quais a direção da CBB não admite sequer dividir, quanto mais divulgar. É a verdadeira Caixa de Pandora. Ainda menciona a perda de patrocinadores por parte da caótica, é bem verdade, CBB, mas não menciona a traição desses mesmos clubes contra a NLB, condenando-a ao esvaziamento financeiro pela perda dos patrocínios decorrente da debandada em direção aos braços da…CBB. E agora, com a ABCB, que deveria confiar no vasto poder que poderia adquirir se resolvesse unir, não só os clubes paulistas, mas os de todo o país, em torno de um trabalho que se sabe demorado e paciente, visando influenciar as federações para uma reviravolta de políticas e ações efetivas, na busca da mudança maior e mais relevante, aquela que realmente definiria e mudaria a situação falimentar que hoje vivemos no grande jogo, a eleição para o cargo confederativo de um nome que liderasse tão ansiada emancipação. E antevendo tão possível possibilidade, e por conseguinte, uma possível perda de tão acalentado sonho, é que a vivíssima e inteligente raposa dissidente (às vezes, o que é muito raro, elas se desentendem para consumo externo, já que os laços da matilha são, por sobrevivência da espécie, indissolúveis) se insinua como paladina dos altos interesses basquetebolisticos da grande terra da garoa, como líder de um movimento que deve se acautelar, pois no caso da NLB foi a dita e felpuda raposa a primeira a se manifestar contrária à mesma, sob a égide protetora da raposa mestra que, podemos mais uma vez lembrar, para consumo externo se fizeram de antagônicas,que liquidaram a novel liga com os mesmos argumentos que hoje endossam sua carta de renúncia. Ou alguém duvida que as felpudas se revezarão no posto? Planejamento à longo prazo é com elas mesmo, rainhas absolutas da dissimulação e do engodo, e tudo regado a Johnny Walker 12 anos, porque nem raposas são de ferro.

Amém.

DEBATES – FINTAS

Terceiro capítulo da série Debates, com o enfoque nas fintas.Espero que todos participem com suas experiências e estudos, a fim de que possamos evoluir nesse tão importante fundamento. Para dar a partida no debate, republico o artigo O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 3/10, publicado em 24/04/2006. Bom trabalho e ação!

24 Abril 2006

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 3/10.

Inicialmente visualizemos 3 áreas ofensivas,a saber:Área 1- A zona dos 3 pontos e a que antecede a mesma.Área 2- A zona situada entre a linha dos 3 pontos e os limites externos do garrafão. Área 3- O interior do garrafão. Tendo em mente que as percentagens de acertos nos arremessos aumentam quanto mais próximos da cesta estiverem os atacantes,a dedução lógica é que as áreas 2 e 3 deverão ser aquelas onde 70,e até 80% das ações ofensivas deverão ser exercidas.A área 1,deverá ser exclusiva daqueles jogadores cuja especialização nos dribles e arremessos de 3 seja inconteste. Trata-se de uma realidade indiscutível, um axioma,e é o grande desafio aos técnicos, ou seja,a capacidade que os mesmos tenham na montagem de seus sistemas,e no perfeito aproveitamento das reais capacidades de seus jogadores.Estes,conscientes desta realidade,deverão ser preparados nos fundamentos para exercerem em pleno suas também reais qualificações,o que exemplificaremos a seguir: DRIBLE E FINTA- Quando na área 1,o jogador de posse da bola,driblando-a,fintar o defensor,JAMAIS deverá abortar sua progressão em direção às áreas 2 e 3,já que sua ação estabelece uma superioridade numérica ofensiva ao anular um dos defensores,atitude que armação de jogada nenhuma poderá ser definida como prioritária.A mesma situação deverá ser estabelecida quando da penetração,após uma finta,de um jogador sem a bola.Esta deverá ser a ele passada pois a superioridade numérica naquela zona o beneficiará de imediato.A movimentação sem a bola de jogadores dentro das áreas 2 e 3,se efetuadas concomitantemente às de seus companheiros na área 1, SEMPRE encontrará um deles em condições de recepção, principalmente se estiver do lado contrário à posição da bola.Tanto na anteposição de uma marcação individual, como por zona, o rompimento da primeira linha de defesa, situada na área 1,torna-se o objetivo mais imediato a ser alcançado,principalmente pela premência de tempo limitado aos 24seg regulamentares.Trocas de passes seguidos nesta área somente beneficia os defensores,e abrevia a qualidade dos arremessos, exatamente pela mesma premência.Outrossim,dada às dificuldades à chegada da bola em boas condições de espaço na área 3,torna a 2 aquela cujas possibilidades de um bom e equilibrado arremesso ocorrer amiúde,e que pela proximidade à cesta oferece boas e determinantes chances de sucesso.As ações ofensivas dentro da área 2 de a muito vem sido negligenciadas por jogadores e técnicos,obliterados pela enganosa vantagem dos 3 pontos,com suas altamente duvidosas percentagens de acerto.DRIBLE E FINTA DOS PIVÔS- Eis um dos grandes tabus do nosso basquete.Estabeleceu-se entre nos a figura do pivô estático, massudo, e com características próximas aos trombadores americanos.Sua finta se caracteriza pela progressão de costas para a cesta,conquistando pela força bruta os espaços necessários ao arremesso.Rotineiramente é punido por falta ofensiva,e dificilmente encontra espaço inicial para exercer o drible progressivo.Na possibilidade de receber um passe em movimento,por estar situado do lado contrário à bola,muito de facilitação encontraria,exatamente por se descortinar à sua frente espaço suficiente a uma boa ação ofensiva.Mas para tanto,sua movimentação dentro da área 3 deverá ser constante e contínua,em conjunto com os alas,ou um outro pivô, num diálogo de alta freqüência.Passes de fora para dentro,ou seja,da área 1 para a 2 e a 3, constituirão as armas mais eficazes dos armadores em funções normais,e decisivas se romperem a primeira linha defensiva situada na mesma.Todas essas ações caracterizam uma efetiva contrafação ao passing game,pois elimina as movimentações periféricas e estéreis da bola,em função de um objetivo dirigido e centrado à cesta. Numa ação direta, poucos passes são efetuados, substituídos pela constante movimentação dos jogadores sem a bola,e partindo do principio de que os defensores ao reagirem às ações ofensivas se situarão um tempo atrás dos atacantes,é que as grandes vantagens dessa proposta se faz clara e compreensível.Com menos passes e menos distâncias a serem percorridas pela bola,mais tempo sobrará dos escassos 24 seg. para melhores, táticos e eficientes,por equilibrados,arremessos,tanto de 2,prioritariamente,quanto de 3, opcionalmente.Enfim,na medida que os jogadores estiverem bem preparados nos fundamentos,dominando e compreendendo seu equilíbrio,a dinâmica do drible e das fintas,e com absoluto controle nos passes e arremessos,teremos dado partida a um mais desenvolvido sentido de técnica e conhecimento tático.Mas se fazem necessárias sérias mudanças em nossa atual, globalizada e engessada maneira de jogar,escrava de um sistema castrador e totalmente voltado ao mais improvável,por impreciso,elemento do jogo,o arremesso compulsivo dos 3 pontos,principal e abusivamente empregado pela maioria de nossos jogadores,e não por aqueles poucos realmente especialistas nessa difícil arte.Pena,e constrangedor que a maioria de nossos técnicos,por desconhecimento,alguns, boa-fé,poucos,e oportunismo,muitos, segreguem dos jogadores os verdadeiros objetivos do jogo,principalmente aqueles que nos fizeram campeões a mais de duas décadas atrás.Já é tempo de mudarmos,para sobrevivermos.

FROM BRASILIA…

O ginásio é pequeno e desconfortável. Tem uma boa quadra de jogo, razoável iluminação, e um detalhe tão inusitado, como constrangedor, banheiros químicos postados atrás das duas tabelas, com as devassáveis portas voltadas para a quadra e para a assistência. Não foi por acaso que em todos os dias de competição não observei a utilização dos mesmos( 6 femininos, e 3 masculinos) por uma torcedora sequer presente aos jogos.
Deslize lamentável da organização.
Seis equipes presentes, duas brasileiras, duas argentinas, uma venezuelana e uma paraguaia, todas jogando de forma idêntica, como se somente existisse um único sistema de jogo no universo do basquetebol, como se somente o sistema globalizado pela influência da NBA fosse o permitido empregar.Dessa forma, a sucessão de jogos se tornavam clones dos que o antecediam, tanto no aspecto ofensivo, como na consequente anteposição defensiva. Somente um sutil fator rompia a linearidade comportamental das equipes, a já influente, e até certo ponto reacionária utilização de dois, e até três armadores na composição da maioria das equipes, principalmente as que melhores se prepararam para o torneio, a argentina do Boca Juniors, a venezuelana do Duros e a brasileira do Minas, esta se utilizando de três armadores nos momentos mais decisivos de seus jogos. A equipe de Brasília, ao perder seu armador Ratto por lesão no terceiro jogo, e ao não confiar no jovem reserva para substituí-lo, lançando em quadra um norte-americano ausente de competições por três anos, viu-se inferiorizada no confronto direto com os demais contendores, abastecidos que estavam com armadores de qualidade superior, e que mesmo utilizando o sistema tradicional e lamentavelmente incorporado à realidade do basquetebol jogado pelas equipes presentes, conotavam às mesmas qualidade nos dribles, nas fintas e nos passes, fatores inerentes aos armadores de formação.
E de repente, nos dois dias finais, chuvas devastadoras transformam o ginásio em uma piscina digna de um jogo de Polo Aquático, aumentando a lista de deficiências em um local onde se realizava um torneio internacional, confirmando sua mais completa inadequação à uma competição de tal magnitude. Lamentável e constrangedor.
Venceu aquela equipe que apresentou um razoável estágio de treinamento, de preparo individual e coletivo, e que ousou jogar com dois e até três armadores, e dois homens altos e atuantes no perímetro interno, que é o lugar de destinação para os mesmos, e não arremessando de três pontos como alguns aventuraram à exaustão, e ao fracasso. Venceu a melhor equipe, com inteira justiça, o Minas Tênis Clube.
Para encerrar, a presença maciça dos dirigentes das confederações sul-americanas, com alguns deles, num cercado meio vip, consumindo abertamente doses de uisque, disfarçadas em copos plásticos circundados por garrafas de agua mineral, numa demonstração de pouco caso e desrespeito ao local, transformando-o em um pub de fim de noite. Lamentável exemplo.
E a peregrinação candente do presidente da CBB na busca de apoio a seus projetos de soerguimento do grande jogo, em anteposição à flagrante dissensão dos muitos presidentes de federações ali presentes, assim como jornalistas de todas as midias, como se justificando pelas grandes mudanças que pretende desencadear no mundo da bola laranja, a começar pelo técnico estrangeiro que aqui aportará em janeiro, para o gáudio de uma claque de deslumbrados, trazendo a soberba “inovação” do sistema prét-a-porter que já empregamos nos últimos 20 anos, só que agora falado e imposto numa lingua que não a nossa, e que não sairá muito barato.Trés chic, e regado a Johnny Walker 12 anos.
Amém.