TRÊS MOMENTOS…

210323_367775_dsc_5242-660x438P1040170dsc_06431

Foi um jogo de “dentro” x “fora”, vencido pelo Bauru, o que jogou preferencialmente dentro do perímetro, onde seus pivôs se afirmam cada vez mais, interagindo progressivamente com seus armadores, ainda que inseguros na movimentação coletiva das jogadas, ao não darem prosseguimento em seus deslocamentos, deixando os gigantes à própria sorte nos embates com os defensores, cujas sacrificadas tarefas seriam bastante minoradas se encontrassem seus municiadores em deslocamentos sagitais a cesta. Mas acredito que com o tempo aprenderão que a mobilidade de uma equipe tem de ser permanente e incisiva, por todo o tempo que durar cada investida ofensiva.

 

Com essa atitude, que revolucionaria nossa estratificada forma de atacar dentro do perímetro, caberia ao ala/armador, presente na maioria das equipes do NBB, compor com os dois pivôs a trinca de permanente deslocamento naquela complicada área interior, e se o mesmo fosse o especialista nos três pontos (papel do Fernando Fisher no Bauru) muito se oportunizaria a lançamentos mais livres e seguros, já que os passes sempre viriam de dentro para fora do perímetro.

 

Creio que o raciocínio dos analistas da LNB ao escolherem as seleções das rodadas, propositalmente, ou não, tem pautado por esse modelo, ou seja, uma dupla de armadores, outra de pivôs rápidos, e um ala armador pontuador, vide a seleções dessa rodada aqui descritas, num movimento que se implantado mudaria em tudo o nosso modo de ver e jogar o grande jogo, como anteviu a humilde equipe do Saldanha no returno do NBB2…

 

Quanto a opção de atuar mais fora do que dentro, tomada pela equipe do Paulistano (17/31 nos arremessos de dois pontos e 10/29 nos de três, contra 19/35 e 7/19 respectivamente por parte do Bauru), que é uma tendência convergente que se avoluma perigosamente em nossos campeonatos de uma forma geral, provou-se por mais uma vez (quantas mais vezes serão necessárias para convencer os adeptos das bolinhas, quantas?) que o jogo mais próximo das cestas sempre manterá índices de acertos mais confiáveis, pois menores desvios serão cometidos, aumentando em muito a precisão nas finalizações, mas que exigirá uma drástica mudança em conceitos didáticos e pedagógicos necessários em sua implementação efetiva, fatores que muitos técnicos hesitarão em assumir, uns pela exigência modificadora de seus métodos, outros pelo desconhecimento dos mesmos, que cursos de 4 dias da ENTB jamais suprirão…

 

Finalmente, tratando-se de um meio tido como profissional de alto nível, é inconcebível que técnicos sejam afastados por diretores, cedendo seus espaços aos assistentes técnicos, que por definição técnico estrutural tem de estar intrinsecamente alinhados, técnica, tática e administrativamente aos técnicos titulares, pois tal entendimento, aceitação e integração promove o indissociável principio de equipe transmitido aos jogadores, fortalecendo os vínculos voltados ao sucesso da mesma.

 

Então, tais substituições pecam pelo reconhecimento de que tais vínculos associativos inexistiam na pratica diária, revelando serem os mesmos uma fraude consentida, pois em caso contrário, a saída ou substituição do comando deveria incidir na comissão em seu todo, exatamente por não colimarem seus esperados resultados, e não substituírem uns pelos outros, que segundo as diretorias, alcançarão melhores resultados, ficando no ar a seguinte indagação – Por que não foram designados inicialmente?

 

Brinca-se muito de se fazer esporte em nosso país, e no de “alto nível” então, chega a ser espantoso, mas dentro da perspectiva existente e sacramentada desde sempre, o que é lamentável.

 

Tudo isso me faz lembrar a máxima de um técnico famoso que afirmou – “O bom nisso tudo é ser assistente, pois quem quebra a cara sempre é o técnico”- Bom para ele e para os que assim raciocinam, porém péssimo e trágico para o basquete brasileiro, que um dia, tenho a certeza, vencerá essa negra etapa do tapetebol e do Q.I. institucionalizado…

 

Amém.

Fotos – Divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

A VITÓRIA DA CONVERGÊNCIA (OU A DERROCADA DEFENSIVA)…

P1040002P1040003

 

Assisti aos dois jogos, fiz muitas reproduções fotográficas da TV, mas somente me deu vontade de veicular quatro imagens, que não mostram jogadas dentro ou fora dos perímetros, que não mostram a derrocada defensiva de equipes consideradas (?) de elite, dirigidas por técnicos de mais alto nível ainda, segundo os analistas e comentaristas, nem tampouco as enterradas magistrais e os tocos, que segundo eles mesmos definem a essência do grande jogo…

Mas, nenhum deles, durante as transmissões, e certamente nos comentários de logo mais, dirão algo que possa explicar os dados que constam na frieza estatística que estampo nesse artigo, onde as duas equipes vencedoras convergiram acintosamente perante pastiches defensivos, vergonhosos, comprometedores, na permissividade de seus técnicos ante tanta mediocridade,. sem falar na fraqueza de seus comandos ante jogadores que simplesmente os ignoravam solenemente, fosse qual fosse o idioma que falassem, sem que se comunicassem, ajustassem ou mesmo aceitassem um mínimo de coerência coletiva, de comprometimento técnico, e acima de tudo, tático.

P1040041P1040024

Então, para que tantas gargalhadas jubilosas por uma vitória que em tudo e por tudo negava sua propalada virtude de estrategista do jogo pensado, calculista, metódico e cirúrgico que o envolve numa aura de intocabilidade, agora despida pelo fato de, assim como seu conterrâneo na seleção nacional, aceitar o nosso vício fundamentado na inestancável hemorragia de três, superando as conclusões de dois, rendendo-se a uma realidade que mais adiante, frente a equipes decididas a contestá-la, cobrarão com juros tanta incoerência?

No segundo jogo então, com o vencedor também convergindo frente a uma equipe que numa dianteira de vinte e dois pontos, conseguidos em sua maior parte no jogo interno, se deixa violar seguidamente lá de fora, sem contestá-los e abdicando de sua maior arma, o jogo coletivo interior, para ao final tentar penetrar uma equipe renascida, perdendo bolas infantis e arremessos longos, frutos do abandono coletivista que a manteve na dianteira por tantos pontos, como ser possível?

Quando em duas semifinais decisivas de um campeonato dessa envergadura, os dois classificados à final o conseguem convergindo em seus números de arremessos, algo transcende à realidade dos mesmos, o fato inconteste de que numa modalidade de defesa e ataque constantes e permanentes como nessa, um dos fatores mencionados inexiste, ou é abandonado, numa resolução dentro da quadra, de fora, ou de ambos os segmentos que compõe uma equipe, inclusa a ação defensiva exterior, que com sua ausência deflagra o flagelo maior, o reinado das bolinhas, que é a solução mais fácil, já que descompromissada com complexas movimentações  de técnica individual.

Logo, risos de um lado, raiva do outro, vibração de um e decepção estampada, são produtos de jogos de basquetebol bem jogados, mas que não foi o que vimos e testemunhamos nessa noite de quarta feira…de cinzas.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

CHAME QUALQUER UMA , POR..!

 

P1030876P1030891P1030892

 

Sempre defendi, treinei e utilizei a dupla armação e os homens altos enfiados e transitando dentro do perímetro em todas as equipes que dirigi, da base a elite, e por um único motivo, dinamizar ao máximo o jogo interior, mais seguro e eficiente do que o exterior, ainda mais com o advento dos três pontos, que instalou em nosso país uma forma de agir e jogar o grande jogo, responsável por uma distorção que nos tem prejudicado de forma contundente nas duas últimas décadas, mas que, felizmente, parece encontrar em alguns técnicos a resposta que já se fazia tardia, um comportamento voltado ao jogo mais seguro e coerente com a maior das finalidades do mesmo, a diminuição dos erros ofensivos, que é um fator determinante para os bons resultados, se conjugado com um ainda mais consistente sistema defensivo, garantidor dos mesmos.

Para que conseguíssemos atingir tais propósitos treinávamos muito, dos fundamentos aos sistemas, cuidando prioritariamente das leituras de jogo, no intuito de evitarmos, ao máximo, improvisações táticas naqueles momentos em que, somente as de cunho individual poderiam definir o destino de um duro jogo.

Tal comportamento evitava as cobranças despropositadas, quase sempre em momentos de intensa pressão, onde a calma e o bom senso devem imperar absolutos, onde pedidos e exigências cedem espaço a coerência de uma boa preparação.

P1030914

P1030924P1030915

Por tudo isso, não posso compreender o que leva um técnico a exigir aos gritos que um seu jogador cometa falta proposital ao constatar a falência de seu sistema defensivo, ou que chame uma jogada de ataque, qualquer uma que seja, frente à dura realidade de que nenhuma delas era obedecida pelos americanos peladeiros de sua equipe, apesar dos esforços de seu razoável armador, vitima da insânia dos mesmos e de sua bronca em particular…

Outro exemplo que já vem se tornando corriqueiro é o do “assistente auto participativo”, aquele que se intromete na fala do técnico, sempre empunhando a famigerada prancheta, desenhando soluções não mencionadas pelo titular, e que fatalmente não funcionarão, pois a finalidade ali não é que dê certo, e sim que se façam presentes, afinal se trata de uma equipe, ou não? Nunca o tapetebol foi tão presente como agora…

Quanto aos jogos da semana, nada de diferente do usual, com a costumeira e já estabelecida enxurrada dos arremessos de três, a constante monocórdia do sistema único, mas com algo diferente, a generalização da dupla armação, e uma ainda tênue tentativa de jogo interior, fator que se implantado para valer, desenvolveria em muito nossos homens altos, colocando-os ao nível dos estrangeiros, aumentando, em muito, nossas chances no cenário internacional, sem dúvida alguma.

Mas para tanto, técnicos teriam de ensinar, instruir e trabalhar minuciosamente seus jogadores nos treinamentos, para durante os jogos os orientarem à luz da tranqüilidade e honesta cumplicidade, muito aquém da agressividade e coerção, e destinando a seus assistentes o papel que lhes cabem, o de simplesmente assessorar e não ditar regras e comportamentos…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e legendadas. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O CANTO DAS PRANCHETAS…

P1030849P1030845

 

De inicio as criticas eram meio veladas, sutis, mas eram feitas com muita educação e gentileza. Agora são mais incisivas, até certo ponto irônicas, postulando uma inegável verdade, a de não darem certo, ou mesmo, serem descartadas no levantar dos bancos. Menciono as instruções via pranchetas, vicio alastrado e efetivado na maioria esmagadora dos técnicos desse enorme país, da base à elite, e que aos poucos encontram avaliações e criticas na mídia televisiva, como as do inicio desse artigo, de nunca darem certo, principalmente nos momentos decisivos de uma partida nervosa e tensa, onde o foco deveria ser reforçado no ajuste de pequenas falhas e decisões, jamais em estratégias e táticas de última hora, como as exibidas por câmeras ávidas em algo que absolutamente inexiste para todos aqueles que realmente conhecem o grande jogo, a jogada mágica e vencedora…

De uns tempos para cá, já vemos e ouvimos opiniões mais próximas da verdade, como – “Eu que joguei por muitos anos em alto nível não entendi nada do que foi mostrado, imagine os jogadores cansados e nervosos… você vai ver que não farão nada daquilo que foi exposto e pedido…”

Viu? Olha lá, o americano recebeu e queimou dali mesmo, e o pior…errou!

Exemplos como esse fazem o lugar comum da “era pranchetária”, onde litros e litros de tinta são gastos para não representarem nada menos do que “demonstração de conhecimento tático e prova de sabedoria”, pois estratégias e táticas são preparadas, discutidas, analisadas nos treinos, quando toda uma equipe se volta para o entendimento coletivista, treinando os fundamentos individuais e coletivos, e detalhando os sistemas como exercício básico para uma consciente e efetiva leitura de jogo, destinando os pedidos de tempo aos fatores comportamentais, técnicos e psicológicos emanados de um oponente no calor da disputa, quando importantes detalhes podem e devem ser corrigidos, e até alterados na busca do equilíbrio tático e de produção individual.

Mas não, como se desfazer de uma presença maciça de microfones e câmeras enfocando um estrategista empunhando uma prancheta e rabiscando os caminhos da vitória? Abrir mão de um tempo de TV desse nível, e em primeiro plano, jamais, pois o marketing é fundamental…

Então, é o que vemos em todos os jogos, aquele biombo estendido entre os técnicos e seus jogadores, evitando ao máximo a proximidade do olhar solidário e companheiro entre comando e jogadores, exercendo um linguagem unilateral e dogmática, quebrada algumas vezes através jogadores mais ousados e dispostos a não engolirem passivamente o que é imposto, mas reagindo em grupo ao não propugnarem nada do que viram e ouviram, dando razão integral ao comentarista velho de guerra de outros e memoráveis tempos.

P1030847P1030850

Nesse jogo, na hora mais decisiva dois tempos foram pedidos, um pela equipe de Bauru, que não precisava de prancheta para orientar os jogadores às penetrações e insistência no jogo interior, aproveitando a lerdeza do Paulão e a inexperiência do Lucas, e outro pela equipe de Franca, que a cinco pontos de diferença, com trinta e poucos segundos a jogar, deveria seguir na busca dos pontos seguros, pedidos pelo técnico, porém via prancheta, vendo o americano de sua equipe receber o lateral e dali mesmo tentar os três pontos. Poderia ser dito que o referido jogador, por não entender bem o português, e muito menos o que estava grafado na prancheta, queimou como veio, errando e anulando as possibilidades ainda existentes de buscar a partida, assim como poderia ser dito que àquela altura do jogo, uma conversa mais direta e incisiva (em inglês?) atenderia melhor as necessidades do momento…

Enfim, aproxima-se o momento em que tal discussão terá de apresentar um desfecho, quando técnico e jogadores passassem a se entender pela palavra bem colocada, pelo olhar compreensivo e confortador, pela troca de experiências práticas complementando os mundos interiores e exteriores de uma quadra de jogo, onde as verdades são mais sentidas do que movidas por grafismos midiáticos.

Mas algo de muito positivo deve ser anotado, a cada vez mais freqüente busca pelo jogo interior, que em conjunto da hoje quase unanimemente aceita dupla armação, nos aproxima de um jogo mais solidário e democrático, oportunizando a todos os jogadores, independendo de estatura e posições, exercerem seu potencial e talento, fatores esses que devemos festejar e parabenizar.

Poucos anos atrás demonstrei tudo isso no NBB2, junto ao atual técnico do Uberlândia, e agora pelo do São José, todos septuagenários, mas sabedores do que fazem, e principalmente do que dizem, e não do que rabiscam. Desconfio seriamente de que precisaríamos de mais alguns, a fim de reencontrarmos o caminho pelo soerguimento do grande jogo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

 

 

 

UMA DECISÃO DE PESO…

P1030727

Num playoff, segundo a tradição, cada jogo conta e vivencia uma história diferente, onde o derrotado de hoje vence amanhã, não importando muito os números dos placares. Bem, se verdade fosse, as conhecidas “varridas” de 3 x 0 não existiriam, pois a grande realidade nesses sucessivos encontros, onde as equipes professam um mesmo sistema, onde atacar contra zona se torna um exercício de frustrações, é que vencem aquelas que exercem um forte e consistente posicionamento defensivo, principalmente nas contestações aos longos arremessos, e que se utilizem ao máximo que puderem do jogo interior, onde as perdas de eficiência nos arremessos atingem os mais baixos índices. Mais ainda, quando, pela similaridade dos sistemas utilizados por todas, vencem as que ousam um pouco mais do que suas oponentes, mudando um detalhe aqui, outro ali, ou o inimaginável (para a oponente…), muda tudo, a começar pela formatação e padronização que atuam desde sempre…

 

Coragem em inovar, arriscar, confiando em suas bases de bons fundamentos, de velocidade, de imprevisibilidade, são fatores determinantes na busca pela vitória. Agora, se uma equipe peca nos fundamentos, na velocidade e na previsibilidade de como atua, então não pode, e nem merece vencer, ao preço que for.

P1030739

 

Logo, para a segunda partida não bastará a Bauru repetir a forma de como venceu, assim como Franca não poderá repetir a lentidão de como atuou seu setor interior, nem atacando, e muito menos defendendo, mas ambas deveriam investir na precisão de seus arremessos curtos e médios, abrindo mão da maioria dos exibicionismos em enterradas midiáticas, e principalmente em bolinhas irresponsáveis e mais midiáticas ainda, mesmo estando em grande vantagem no marcador. Já é tempo de investirmos em seriedade, responsabilidade e precisão, aquela que de 2 em 2, de 1 em 1 vencem jogos, vencem campeonatos, e marcam positiva e tecnicamente a beleza do grande jogo.

Amém.

 

P1030740P1030730Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

“CORNO ALTO”…

P1030713P1030717

 

Começou, com uma arena às moscas, uma transmissão televisiva equivocada, pois era um jogo de basquetebol, e não uma exibição pictórica, onde a descrição – “A enterrada que é o ponto máximo do basquete”- emoldurava uma delas executada pelo Alexandre, e conotada mais adiante como o “lance da partida”, mostrando quão diminuta é a visão do grande jogo para essa turma…

Assim como a pequena audiência presente na grande arena, pequena foi a qualidade do jogo, onde, nem mesmo a nova liderança argentina na direção da equipe candanga conseguiu estancar a hemorragia dos três (10/32), numa confrontação direta e incisiva a seus métodos de jogo mais cadenciado, estudado e paciente. Com uma dupla armação formada pelo Osimani e o Nezinho, até que a forma Hernandez de jogar se fazia presente, mas com muito pouca objetividade ofensiva, e muito menos defensiva, propiciando a equipe carioca se distanciar no marcador, ironicamente se utilizando não de dois, e sim três armadores, onde o argentino Laprovittola  fazia uma estréia bastante convincente.

P1030700P1030712

Mais adiante, do terceiro quarto em diante, e estando mais de 15 pontos atrás, a equipe da capital do país resolveu utilizar o jogo caótico de seu quarteto de fé, que a sua maneira encostou no placar, e só não virou a partida pela volúpia nas bolinhas, quando se focasse no avanço de 2 em 2 teria forte chance de vitória.

Mas de certa forma, a ausência da metade de sua artilharia de três, Marcelo e Marcos, permitiu um jogo interior mais intenso e um pouco menos de arremessos longos (9/23), equilibrando a produção tática da equipe carioca, estreando com vitória, fator muito importante como moeda de pressão a uma diretoria que vem atrasando salários e premiações de alguns meses até o presente.

Fora a utilização explicita da dupla armação pelas duas equipes, o restante da formulação tática de ambas se manteve atrelada ao sistema único, com sua jogadas marcadas e sinalizadas, inclusive com novas denominações, como “corno alto”, enriquecendo linguisticamente a longa linhagem dos “chifres”…

P1030721P1030724

Entretanto, na transmissão da ESPN do campeonato paulista em seus playoffs semi finais, pudemos testemunhar algo de inédito em nosso basquetebol, pelo menos para mim, a renuncia de um técnico em orientar seus jogadores no momento mais crucial do jogo, o minuto final, passando a prancheta a seu auxiliar, e encontrando no comentarista da emissora a justificativa mais impactante daquele comportamento – “nesse momento a equipe precisa de orientação tática e não de enquadramentos, palavrões e chamadas às falas, que deixam os jogadores mais nervosos e inseguros…” – dando a entender que a troca de funções era benéfica para a equipe, que acabou perdendo o jogo de maneira incontestável, empatando a serie em 1 x 1. Esqueceu, no entanto, a outra função do técnico em questão, a de peitar e pressionar a arbitragem em seu todo ao final do jogo, numa atitude lamentável e comprometedora. Mas em se tratando, segundo o mesmo comentarista, como o mais importante e líder campeonato do país, tais comportamentos passam ao largo do bom senso, sendo assimilados como “situações normais de jogo”…No que discordo veementemente.

No mais, a mesmice de sempre, repetitiva, num moto contínuo infindável, lamentavelmente…

Amém.

DE BOLINHAS E MICROFONES…

P1030625P1030630P1030633

E cada vez mais os microfones invadem os pedidos de tempo técnico, quando um movimento mais brusco de cabeça pode levar o técnico e sua prancheta para a enfermaria, mas a noticia no foco da ação, transmitindo táticas ou mesmo palavrões e impropérios, tem de ser veiculada, ao preço que for, num espetáculo caipira sem similar no mundo globalizado do grande jogo. Fico imaginando um Bob Knight cercado daquela forma, e qual seria sua reação, mesmo agora idoso e aposentado…

 

O mais engraçado é constatar a ansiedade dos analistas e comentaristas, no afã de serem informados sobre as “estratégias” ali formuladas, abastecendo seus comentários sobre o que ouvem, e não pelo que vêem e testemunham no andamento do jogo, quando concordar e discordar baloiçam aos ventos de suas convicções e conhecimentos técnicos, ficando meio perdidos quando as traquitanas eletrônicas são rechaçadas por técnicos que se concentram em seus jogadores , suas equipes, e não na assistência midiática que o cerca. Realmente, é, e soa muito engraçado…

 

E por conta de tantas e equivocadas contradições, florescem opiniões abalizadas de que muitos erros de arremessos e de fundamentos em inícios de jogo são cometidos por ainda estarem os jogadores em processo de aquecimento, ainda muito nervosos, ou mesmo ansiosos em demonstrar domínio e experiência de jogo, alcançando a produção normal lá pelo segundo quarto, ou mesmo no terceiro, e se a partida for a decisiva, lá pelo quarto…

 

Acredito firmemente que, em se tratando de uma divisão de elite, tais flutuações de técnica e humores não devessem existir, pois afinal de contas estão no ápice de suas formações, vindos de uma base sólida (?), quando o primeiro arremesso é tão ou mais importante que o último, não fosse a somatória dos mesmos o fator que definirá o destino do jogo, quando arremessos de três pontos são disparados e falhados nas primeiras posses de bola, e que entram no rol das desculpas de inicio de jogo, mas que lá pelos quartos finais sem “dúvida alguma” cairão em pencas na cesta adversária, que é um aspecto que transcende a técnica e entra no fator mercadológico e de auto valorização profissional. Logo, errar dessa forma no início de jogos determina na maioria das vezes seus resultados, importantes ou não, decisivos mais ainda, onde os fatores responsabilidade,  compromisso, engajamento se tornam cruciais, base que são do coletivismo, do espírito de equipe.

 

Então, noves fora os erros apontados, por que não conotar seriedade desde o primeiro lançamento à cesta, por que não?

Nesse jogo entre Franca e São José, quando o duelo dos três determinou cinco acertos para cada equipe, num total de tentativas de apenas onze para os francanos e exorbitantes vinte e seis para os sanjoanenses, que desperdiçaram quinze tentativas a mais, ironicamente foi um arremesso inverossímil de três do jogador Cauê de Franca, lançando de antes do meio da quadra a segundos do final do segundo quarto, que determinou a vitoria de sua equipe por 63 x 61, provando que não importando quando, todo e qualquer arremesso é aquele decisivo para qualquer jogo que se presuma sério.

Na Liga Sul Americana, Bauru, com seu técnico mais comedido nas críticas e palavrório, dominou a boa equipe argentina do Boca, se utilizando da maior arma de seu rival, o jogo interior, abrindo mão de sua notória artilharia exterior (5/15 nos três) de forma decisiva, delegando a seu adversário o perímetro externo, onde perpetraram 7/30 em bolinhas, e arremessando 20 bolas de dois a menos que os paulistas, fazendo pender o fiel da balança a seu favor, numa demonstração bem clara de que arremessos próximos à cesta conotam mais precisão e vitórias como devem ser conquistadas, de 2 em 2, de 1 em 1, deixando os longos, imprecisos e aventureiros arremessos como arma suplementar de uma equipe bem treinada e preparada, e não como base estrutural de seu comportamento técnico, e acima de tudo, tático.

Aos poucos, bem devagar, parece que avançamos para alcançar parâmetros técnicos e táticos mais inteligentes e coerentes para o soerguimento do grande jogo em nosso país, bastando tão somente mais estudo, e muito, muito trabalho, principalmente na base da pirâmide, na formação, e não invertendo-a, como viemos agindo nas duas últimas décadas.

Espero e torço para que o bom senso seja restabelecido, já era tempo.

Amém.

 

 

 

99-L-Tischer-2-660x385P1030637

 

 

 

 

Fotos – Reproduções da TV e divulgação da LNB. Clique nas mesmas

para ampliá-las.

 

A RESENHA…

P1030531P1030549

 

Semaninha difícil essa, com obras inadiáveis na casa, faxina generalizada nas toneladas de papéis e documentos antigos, escaneando alguns por sua importância em futuros artigos, mil peças de computadores ultrapassados dos filhos e meus, projetos para o seguimento do blog e ações no grande jogo, e nos intervalos tentar ficar atualizado no basquete nacional, tirando uma casquinha de raspão no internacional, mais por hábito do que precisão, mesmo.

E o que vimos foi decepcionante, não, mais do que isso, corriqueiro, insípido, mesmo do mesmo, que entra ano, sai ano e não muda, inclusive por conta dos novíssimos “nível III” formados, formatados, padronizados e devidamente provisionados pela empresa ENTB/CBB/Confef/Cref, auto elegida responsável pelo soerguimento do basquete nacional, o que duvido consiga fazê-lo da forma que optou, engessando mentes e atitudes, solidificando o que aí está esparramado para quem quiser testemunhar  o desastre perpetrado e perpetuado.

Exemplos abundam no enriquecimento técnico tático dos atuais e futuros prospectos de técnicos, principalmente no quesito de transferência de informações, onde pranchetas e palavrões se unem num pás de deux  de dar inveja aos mais renomados bailarinos, pois cada vez mais se fundem nos tempos técnicos, onde “p.q.p’s, caral…, porr..” se tornam vocabulário corriqueiro (ué, por onde anda a empresa?), justificado por comentaristas que o definem como “maneira enérgica e correta para chamar jogadores à razão”, empurrando goela abaixo dos mesmos rabiscos com jogadas “exaustivamente” ensaiadas nos treinos (duvido…) em suas pranchetas em closes televisivos (afinal são as estrelas do espetáculo…), e agora cercadas de microfones, afirmando sua condição de… de que mesmo? Ah, e agora jogadores são chamados de burros, ao vivo e a cores…

Busco no site da LNB as resenhas e números da LDB, por teimosia, pois a enxurrada dos arremessos de três e o elevadíssimo número de erros de fundamentos continuam sua escalada em ginásios desertos de torcedores e de jogo coletivo, mas “revelando” os futuros talentos que alimentarão a liga maior, com o individualismo exacerbado, porém cultuado pelos estrategistas de plantão. Já, já, o conceito “jogou bem, mas o time perdeu”, em voga pelos admiradores dos jogadores brasileiros no exterior, aportará por aqui, na vã, porém lucrativa ação empresarial de agentes em busca de altos ganhos e notoriedade…

DSC_4780-640x360

DSC_4562-315x177

Mais adiante, a celeuma sobre o convite da FIBA para o mundial do ano que vem, com os altamente especializados dirigentes da CBB enumerando argumentos para que tal convite se materialize, nenhum dos quais se refere ao fator técnico, aquele que conquista vagas dentro da quadra, do campo de luta, local dos verdadeiros desportistas, vencedores pelo mérito, argumento negado pela política rasteira e pusilânime de quem se utiliza do desporto como degrau às suas conquistas sócio econômicas, campo fértil daqueles que odeiam o grande jogo, e que jamais permitiriam que o mesmo se soerguesse da vala em que se encontra, pois se o fizesse correriam o perigo de vê-lo reocupar o lugar de onde nunca deveria ter sido afastado, e que hiberna no consciente coletivo de todo brasileiro que ama o desporto de verdade.

Comprar e suplicar por um convite imerecido beira às raias do inconcebível, da vergonha, da covardia em tentar o espinhoso caminho dos campeões, o sagrado campo onde as verdades se glorificam e consagram, o da competição, simples e justa.

Amém

07e2c198d30cfdd337738c532b11aa76_XL

 

 

 

UMA QUESTÃO DE ESTRUTURA E LIDERANÇA…

P1030370P1030374P1030382P1030389P1030393P1030375P1030377P1030378-001

A última foto da sequência acima por si mesma definiria esse artigo, se somente ela estivesse presente, o que pouparia tempo gasto em leitura técnica, e nada a mais que os blogs alta e profundamente especializados em sistemas e táticas de jogo venham a publicar, atualizando o pouco conhecimento que adquiri nos últimos 50 anos de convivência com o grande jogo.

 

Na realidade, a equipe grega venceu convincentemente o jogo por alguns fatores:

 

– Mesmo em pré temporada faz parte de uma realidade técnica do mais alto nível, onde treinamento e adequado preparo alcançam padrões de elevada qualidade.

 

– Como sua preparação ainda se encontra no começo, propôs a si mesma um jogo mais cadenciado nos longos deslocamentos, mas sem abdicar da velocidade nos passes e nas fintas próximas à cesta.

 

– Exerceu com firmeza a defesa do homem da bola, às vezes em dobra, dificultando bastante os passes iniciais e os arremessos de três, não os evitando, o que é o correto, e sim alterando suas trajetórias, facilitando inclusive seus rebotes quando falhos, e que foram muitos.

 

– Marcou internamente se utilizando da técnica do  slide (caramba, será que a turma jovem pesca isso?), ou seja, passando os atacantes de mão em mão, como na passagem de bastão num revezamento, não importando muito as diferenças de estatura nas trocas, pois se trata de uma equipe alta, veloz e ágil.

 

– Atacou sempre controlando os 24 seg. e escolhendo com precisão o momento de lançar, sempre após um corta luz, ou uma finta incidente.

 

– Contou com o apoio lúcido e tranquilo de um técnico arguto e econômico em suas manifestações, e que demonstrou nos dois jogos que realmente lidera seus jogadores com educação e respeito, e sua comissão também.

 

Quanto à equipe paulista, a visão da inicialmente mencionada última foto, expõe com detalhes e clareza os por quês das derrotas, na mais pura, definitiva e esclarecedora questão de débil estrutura técnica e de liderança, que são  fatores  determinantes para o pleno sucesso de uma equipe competitiva, seja em que nível a mesma se situar, da base à elite, simples assim…

 

Amém.

 

 

 

Fotos (legendadas) – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

QUANDO P.Q.P…E CAR…À GRANEL NÃO É O SUFICIENTE…

P1030325P1030333P1030341P1030344P1030349P1030347P1030353P1030358

Estava credenciado pela FIBA para reportar a competição, mas um mal estar já contornado me fez ausente em Barueri, mas bem presente na Fox Sports à cores e com generoso som stereo, o suficiente para testemunhar (talvez no ginásio não o faria…) um dos festivais de descompasso diretivo mais instigante que assisti em muitos anos de quadra, e que foi, para mim, o responsável pela débâcle pinheirense, ante um Olympiacos pouco treinado e ainda entrosando suas novas contratações para a temporada européia que se avizinha.

A equipe do Pinheiros, face aos bons valores que possui, falha cruelmente na proposta de um sistema de jogo incapaz de fazer frente a uma razoável defesa européia, que contesta arremessos externos, e se situa com relativa precisão na colocação dos rebotes (foram 40 contra 26 dos paulistas), teimando exatamente na artilharia de fora (10/33 de três e 15/38 de dois, com 19/12 nos lances livres) esquecendo de jogar com seus pivôs, exatamente ao contrário da equipe grega, que premiou seu vistoso e eficiente jogo interior com 27/38 arremessos de dois pontos, suficientes e não exagerados 7/18 nos três e 6/11 nos lances livres, somente falhando nos 22 erros cometidos (os paulistas erraram 11), principalmente nas seguidas tentativas de curtos passes entre seus pivôs ainda desentrosados, o que demonstra uma tendência técnica que ensaia fortemente se utilizar nas exigentes competições de seu continente, caracterizando a positiva proposta e influência de seu técnico nesse estilo eficiente de atuar.

Do lado paulista, muita vontade e luta, e nada mais, pois nota-se com clareza a ausência de uma sólida proposta técnico tática, onde a “filosofia do vamo que vamo” impera absoluta, na qual se esbaldam o Paulo e o Shamell, e quando não funciona, exatamente por ser óbvia e previsível, encontra nos pedidos de tempo o fator que leva a todos para baixo da auto estima coletiva, forçada pelos coercitivos argumentos dos p.q.p’s, car… e congêneres, numa constrangedora afronta aos jogadores e aos ouvintes telespectadores, num horário noturno, e fico imaginando o impacto junto aos jovens quando da segunda partida no domingo às 11hs da manhã…

Sem dúvida alguma estamos assistindo o apogeu do reinado das bolinhas, a pouca importância no correto ensino dos fundamentos, e a perda de uma geração de altos jogadores, entregues à faina exaustiva e insana de coletores de sobras dos pseudos especialistas daquele insidioso reinado, e para quem duvidar da continuidade do mesmo, basta dar uma olhada em alguns  números da LDB, onde encontramos equipes, como a de Limeira que nas duas últimas rodadas contabilizou 26/80 arremessos de três (num deles perpetrou um espantoso 16/45 de três contra  9/25 de dois, ou seja, arremessou 20 bolas a mais de três pontos do que de dois!!) e 21/48 de dois pontos, e sob o integral apoio de seu técnico, merecedor de uma reportagem no blog da LNB, fora outros resultados semelhantes de outras equipes da nova geração que alimentará a liga de elite daqui a um pouco.

Logo, o que temos testemunhado nas grandes competições, como essa Copa Intercontinental, nada mais representa do que e da forma como praticamos o grande jogo, sob a ótica distorcida de um sistema unificado e soberano, onde os fundamentos são propositalmente negligenciados em nome de uma condução extra quadra formatada e padronizada, na maioria das vezes de maneira coercitiva e até ofensiva, como o exemplo maior que tem sido oferecido com frequência ao país, de impropérios de baixo calão em rede nacional, “justificados” pelos narradores e comentaristas, como uma enérgica e necessária intervenção técnica, como se tal ação se justificasse por si mesma, o que é uma enorme e injustificável falácia, escorada e fundamentada que se encontra a uma realidade que tentamos de muito esconder, a de que estamos muito longe de ostentar a grandeza de outrora, onde tínhamos técnicos de verdade, sistemas de verdade, jogadores de verdade, resultados de verdade, e não essa mentira disfarçada, mal copiada e envolta nos véus do escracho e do desrespeito publico, publico este que deixou vazia a metade do belo ginásio de Barueri, e com entrada franqueada. Quem sabe domingo…

Amém.

Fotos – Reproduções legendadas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.