AH, OS FUNDAMENTOS…

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Se um jogador corre em alta velocidade driblando uma bola, olhando para ela (e não a vendo em visão angular), sem alternar ritmos e pequenas negaças, ou mesmo mudando de direção com troca de mãos, sem a cabeça erguida e olhos visionados perifericamente quando em estreita presença adversária, semi pressionado, perdendo ou mesmo tropeçando na mesma, poderemos dizer com propriedade, que ele não domina o drible, o mesmo ocorrendo quando executa passes paralelos à linha final, ou o faz sem uma finta antecedente, que não conhece bem as técnicas do passe, ou quando troca de mãos num corte sob pressão, sem concomitantemente executar um passo atrás,  estabelecendo a distância mínima necessária para ultrapassar a marcação, sua inabilidade nas fintas, ou que, num rebote, ofensivo ou defensivo, visa prioritariamente a bola, em vez do posicionamento antagônico, e mais, quando em posicionamento e deslocamento defensivo frente a um habilidoso atacante, permite situar seu centro de gravidade na borda, ou fora da área ocupada e delimitada por seus pés na quadra, concluiremos enfaticamente que, de fundamentos ele pouco sabe, ou mesmo entende, pois pouco ou nunca foi ensinado a dominá-los com alguma propriedade.

Podemos ir um pouco mais longe quanto aos arremessos, onde empunhaduras, controles direcionais, domínio do eixo diametral, e pleno conhecimento dos ângulos de incidência e reflexão em impactos nas tabelas, cedem o mais absoluto espaço à estética, à beleza gestual, ao “estilo”, às majestosas enterradas, ou à volúpia descabida dos longos, temerosos e altamente imprecisos arremessos de três, quando, na contramão de toda essa maquiagem, desequilíbrios e variações limites do centro de gravidade podem ser altamente compensados pelo pleno conhecimento da arte de arremessar uma bola à cesta, bastando para tal o mais pleno ainda conhecimento das técnicas inerentes ao mesmo, e as maneiras mais efetivas e eficientes de ensiná-los, tanto quanto os demais fundamentos do grande jogo.

Somemos a todo este conhecimento dos fundamentos individuais, às variáveis inerentes aos fundamentos coletivos, onde a verdadeira base de uma equipe é forjada por igual, quanto ao domínio técnico do ferramental de todos os seus componentes, os fundamentos, é que poderemos aquilatar o potencial da mesma para desenvolver e dominar sistemas de jogo, ofensivos e defensivos, que sem aqueles não funcionarão, sequer no mais rasteiro nível primário, quanto mais nas megalomaníacas “estratégias de prancheta”, foco inatingível e fantasioso de técnicos que teimam aprender a dominar os caminhos do grande jogo por osmose.

Então, frente à realidade dos números estatísticos que têm sido apresentados nos recentes embates na LDB, e nos campeonatos internacionais sub’s 17, 18, 19, e não sei mais quantos outros, masculinos e femininos, poderemos concluir, e mesmo projetar uma realidade nada encorajadora para um futuro logo ali na esquina, 2016, onde deveriam ser alcançados os resultados de um bem planejado e desenvolvido projeto de soerguimento do basquetebol nacional, em vez da reafirmação de uma política de favorecimentos e corporativismo voltados ao interesse de uns poucos, rudemente dissociados dos muitos que poderiam estar inseridos no grande e ansiado projeto da formação de base, sem a qual iremos, inexoravelmente, de encontro ao fiasco e ao fracasso, com a mais absoluta certeza.

Complementando, dois exemplos práticos, começando com nossa, e ainda na luta classificatória, seleção feminina sub 19, que amanhã cedo joga suas esperanças contra a forte equipe francesa, num jogo que, mesmo de longe e sem qualquer registro visual, tem apresentado uma razoável proposta ofensiva, minimizando os arremessos de fora do perímetro, e priorizando o jogo interno, conseguindo bons resultados, mas que conta contra si uma media absurda de mais de 20 erros de fundamentos por jogo, prostrando ao solo seus esforços de tentar ir mais além, num equivocado carrossel de repetidos erros e óbices na preparação de nossos equipe de base, mas que poderá,  no caso de uma difícil, mas não impossível correção de técnicas individuais ( muito difícil de acontecer por se tratar de hábitos pouco efetivados, e somente enraizados através um longo aprendizado), assim como uma drástica mudança na forma de jogar “dentro” da defesa francesa, sem dúvida alguma, o grande obstáculo.

O outro exemplo fica bem claro nos números apresentados na segunda fase da LDB, se comparados com os da primeira fase, aqui descritos:

 

– Arremessos de 2 pontos – 1519/3257 (46.6%)

– Arremessos de 3 pontos –   497/1685  (29.4%)

– Lances Livres                 –  1053/1631 (64.5%)

– Erros de Fundamentos    –  1031 (23.9 por jogo)

Nota – Números de 88 jogos, pois dois deles não foram publicados pela liga (Goiânia x Limeira e Ginástico x Vitoria-ES)

 

Se somarmos e tabularmos com os jogos da primeira fase, teremos:

 

– Arremessos de 2 pontos – 3136/6986 (44.8%)

– Arremessos de 3 pontos –    968/3388 (28.5%)

– Lances Livres                 –   2220/3352(66.2%)

– Erros de Fundamentos    – 2327 (26.4 por jogo)

 

Logo, o retrato não é nada animador, ainda mais se tratando de uma divisão sub 22, mas que aceita jovens desde a sub 17, e que inclusive tem como participante uma equipe, Limeira, que apresenta os seguintes números em 8 jogos, numa convergência espantosa:

 

-Arremessos de 2 pontos – 67/157 (42.6%)

– Arremessos de 3 pontos – 50/187 (26.7%)

– Erros de Fundamentos   –  78 (15.6 pj)

 

E também uma equipe que não venceu um único jogo, Vitoria-ES, perdendo-os com placares muitas vezes acima dos 30 pontos. Por conta de tão eloquentes exemplos, fico pensando quão equivocada foi a determinação da LDB obrigando a permanência por duas temporadas dos jogadores nas equipes participantes, num critério punitivo para muitos deles, pela mais do que deficiente fraqueza de algumas franquias em seus projetos técnicos na preparação dos mesmos.

Enfim, todo o panorama acima descrito e enumerado, tem como denominador comum um único fator, a ausência quase geral de um domínio aceitável dos fundamentos do jogo, sem os quais estaremos sendo levados para cada vez mais fundo na mesmice endêmica que nos tem esmagado, neles e nos sistemas, aliás, pelo único sistema que professamos contrita e colonizadamente falando. Não à toa a NBA acaba de selecionar um bom numero de nossos mais talentosos prospectos para moldá-los à sua imagem e semelhança num formidável Camp em São Paulo, e já providencia a “musculação” de um ingênuo Bebê, para trilhar o caminho dos lesionados Nenê, Varejão, e outros mais que arriscam sua integridade em troca de alguns milhões de dólares, que devem valer o sacrifício para os mesmos, e principalmente para os que os empresariam, sem ter de levantar uma única grama de ferro, noves fora os eternos enamorados da liga americana, bailando e embalados em seus sonhos de fictícias e infantis quimeras projetadas na carreira dos mesmos, bem, muito bem ao largo do que aqui existe de real e factível, além da flagrante constatação de que para a grande maioria daqueles jogadores pertencentes à liga matriz, a seleção nacional jamais será uma prioridade, talvez uma midiática concessão…

Temo que cada vez mais nos afastemos do que deveria estar sendo desenvolvido junto aos nossos jovens, a verdadeira e transcendental estratégia visando o soerguimento do grande jogo em nosso país, mas quem sabe para, 2020…

Até lá, que os bondosos e ainda pacientes deuses nos ajudem.

Amém.

Foto – Divulgação FIBA. Clique na mesma para ampliá-la.

DE 2 EM 2 = 96 PONTOS…

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Constatar que num campeonato mundial, uma seleção brasileira, ainda mais feminina, arremesse numa partida inteira, e contra uma seleção tradicional como a Coreia, somente duas bolas de três pontos (0/2), e mesmo assim atinge, de 2 em 2 e de 1 em 1 os 96 pontos (o resultado foi de 96×81), é uma alvissareira notícia, empolgante mesmo, pois confirma o que venho defendendo a anos aqui nesse humilde blog, e provei na quadra de jogo no NBB2, que a hierarquia dos arremessos se inicia do mais perto, para o mais distante, não só pelo fator precisão, muito mais pela participação coletiva de toda uma equipe, que para exequibilizar uma cesta de curta distância necessita do trabalho dedicado de todos, e não da exibição extemporânea de “falsos especialistas” da mais complexa arte do basquete, os arremessos de longa distância, campo restrito a muito poucos “realmente” especialistas.

E mais, que a estratégica necessidade de se valorizar cada sacrificado e trabalhoso ataque com pontos mais precisos e de frequência elevada, ao contrário da quase sempre baixa produtividade dos longos arremessos, deveria obrigatoriamente priorizá-los, numa escalada mais profícua e eficiente, e acima de tudo lastreada pelo bom senso tático, e por que não técnico também.

Mas apesar da manutenção de um elevado e incrível número de erros de fundamentos (23 para cada equipe), propiciando inclusive inacreditáveis 27 roubadas de bola (15/12), o simples e objetivo fato da conquista de tão elevado placar sem a conversão de uma única bolinha (as coreanas tentaram e conseguiram um 2/17), por si só demonstra uma clara evolução na perfeita leitura de uma inquestionável verdade, a de que deve toda qualificada e bem treinada equipe procurar sempre a otimização de cada ataque realizado, façanha esta somente atingida através conclusões as mais precisas possíveis, campo irrestrito dos arremessos de médias e curtas distâncias, reservando-se os de longa distância àqueles poucos versados jogadores nos mesmos, e mesmo assim em situações construídas para que sejam realizados nas mais perfeitas situações de liberdade e equilíbrio, sendo dessa forma corretamente definidos como ações complementares, talvez suplementares, jamais prioritárias para quaisquer equipes, de divisões que forem, principalmente em seleções.

Torço para que tão ansiada e esperada conquista não se torne um fator simplesmente pontual, e que se transforme realmente num patamar construído, pensado e praticado em direção ao domínio da eficiência e da elevação na arte de jogar o grande jogo, como deve ser jogado.

Amém.

Foto – Divulgação FIBA. Clique na mesma para ampliá-la.

ROMÊNIA TAMBÉM?…

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Enfim, conseguimos perder para a Romênia, que sempre foi um país unificado, logo, a desculpa de que a Iugoslávia e a Rússia geraram nações fortes no basquetebol, justificando nossas freqüentes derrotas para os mesmos, não se aplica nesse caso, inaugurando mais um ciclo de equívocos que vem caracterizando nossa desdita sempre focada nos “detalhes”, ainda mais quando se trata da badalada seleção de novos, dirigida e orientada pela cúpula técnica da seleção principal, sendo todos os jogadores universitários de carteirinha, que, a exemplo da matriz americana, estudam para valer num período, e treinam num outro, como deve (?) ser, a fim de disputarem uma Universiade, que é uma competição séria e tradicional no universo acadêmico a que pertencem aquelas nações comprometidas para valer com a educação de seus cidadãos.

Mas como dizia, perdemos o 5º lugar para os romenos, e disputaremos o 7º  hoje com os estonianos, numa participação medíocre em se tratando de uma seleção composta por jogadores com boa experiência em competições de alto nível, como o NBB…

Neste ponto, convido o leitor a dar uma boa olhada na tabela acima, com os dados contabilizados nos sete jogos até aqui realizados, quando enfrentamos, chineses, finlandeses, lituanos, canadenses, prestando atenção em alguns “detalhes” para lá de interessantes, como o fato de obtermos 60% de eficiência nos arremessos de 2 pontos (166/276), contra 43% (117/272) de nossos oponentes, e 32% nos de 3 pontos (52/164), contra 28% (43/156), numa clara evidência de um melhor e mais confiável jogo interior, que se continuado fosse teríamos ido mais longe na competição. Basta olharmos o excesso de alguns jogadores nos arremessos de 3, com marcas de 11/32, 9/29, 8/20, 2/14, 5/18, 2/13, 1/9, para atestarmos o alto grau de aventuras nas bolinhas cometidas e consentidas por uma seleção nacional, que em nenhum momento sofreu um basta por parte de seus técnicos, permitindo que uma equipe que atinge a marca de 302 pontos dentro do garrafão, contra 186 dos adversários nos cinco primeiros jogos, opte por arremessos de três da forma mais dispersiva e irresponsável possível, em vez de concentrar maciçamente  seus pontos no jogo interior, onde sua eficiência era mais marcante e decisiva, para de 2 em 2 vencer partidas. Mas seu técnico, campeão nacional, afirmava numa outra ocasião em uma entrevista, que contava com os arremessos de fora por parte de seus especialistas, pois o que valia era a qualidade e não a quantidade das bolinhas. Pelo visto falharam ambas, para menos e para mais na seleção, o que é de lamentar.

Ah, e em tempo, acabamos de perder para a Estônia (quando detonamos 7/30 nos 3…), leram bem? ESTÔNIA!!!!

Estamos roubados, e mal pagos, mas merecemos, e como…

Amém.

Fotos – Divulgação Universiade. Clique nas mesmas para ampliá-las.

ALTO NÍVEL…

 

(…) A terceira edição da Liga de Desenvolvimento de Basquete começou no dia 24/06, com as partidas do subgrupo A1, que já deram uma excelente demonstração de que a competição está com um altíssimo nível. Agora, é a vez das dez equipes do subgrupo A2 medirem forças entre si e mostrarem que é a melhor (…) Trecho do artigo publicado no site da LNB no dia de hoje.

 

Bom, é a opinião da Liga, mas será que corresponde a verdade dos fatos, ou dos números, já que jogo nenhum foi mostrado a publico, mesmo que pela internet, unzinho que fosse, para que o restante daqueles que realmente se interessam pela melhoria e o progresso do grande jogo pudesse atestar o “altíssimo nível” anunciado, e não ficarem frente a números que se situam na direção inversa do mesmo?DSC_0360-640x426

 

Então, recordemos os números finais do grupo A1 na competição:

 

– Arremessos de 2 pontos – 1617/3729 (43,3%)

 

– Arremessos de 3 pontos –    471/1703 (27,6%)

 

– Lances Livres                 –   1167/1721(67,8%)

 

– Erros de fundamentos     –   1296 (28,8 pj)

 

 

 

Aguardemos os jogos do grupo A2 para atestarmos, ai sim, a efetiva demonstração que se constitui numa competição exemplar, como anunciada pela LNB, o que real e honestamente não acredito, mesmo, pois percentuais de arremessos muito abaixo das médias razoáveis para a faixa etária em competição, e o absurdo número de erros de fundamentos, 28,8 em média por jogo, nos deixam apreensivos quanto à qualidade técnica de uma geração, que assim como as que a precederam, foram direcionadas prioritariamente aos sistemas coreografados, do que ao exercício básico do jogo, seus fundamentos.

 

Mas dia virá em que essa lastimável tendência deverá ser revertida.

 

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

 

 

UMA SIMPLES QUESTÃO DE TREINO E LIDERANÇA, DA BASE À ELITE…

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Pois é, basqueteiros de plantão, o que prevíamos aconteceu, a seleção Sub 19 masculina não se classificou no Mundial de Praga ao perder para a Rússia, somente vencendo uma partida das cinco disputadas, restando agora disputar do 9º ao 12º lugar na magna competição.

Se olharmos com alguma atenção os números deste jogo, fica evidenciado de cara um fator indiscutível, nossos jogadores mal sabem arremessar em cesta, e pasmem, dos dois pontos, já que dos três, era sabido de muito que nem desconfiam como executá-los com um mínimo de eficiência, mas dos dois? Nesse jogo contra os russos, arremessamos 24/58 de dois, 5/15 de três e 15/22 de lances livres, e os russos, 21/36 de dois, 10/25 de três e 10/17 de lances livres, ou seja, tivemos 22 arremessos de dois a mais e 10 de três a menos do que eles, que desta forma conseguiram 30 pontos de três, contra 15 dos nossos, e que muito poderiam ter sido compensados se convertêssemos pelo menos a metade dos 34 erros nos dois, e até vencido se soubéssemos defender um mínimo fora do perímetro de onde os russos chutaram 10/25 de três, já que ambos erraram sete lances livres.

Somemos a essa lamentável deficiência os 16 erros de fundamentos (e olhem que os russos erraram 21…), para vermos com clareza tudo aquilo que comento de longa data, o fato de não exercermos o pleno domínio dos fundamentos, numa preparação que prioriza a formatação e padronização de sistemas de jogo, em detrimento da ferramenta básica, que quando lembrada é para ser entregue a estrangeiros, aqui e lá fora, num tipo de planejamento voltado ao gasto interesseiro de verbas, que deveriam ser empregues na melhoria e treinamento de nossos jovens técnicos, através um bem planejado programa de formação, e não cursos expositivos de 4 dias de arquibancada, sem as exigências de estágios práticos por um bom tempo, com acompanhamento qualificado em seus locais de trabalho, única maneira de bem formá-los.

Mas não, se em muitos casos, nossas seleções de base são entregues a jogadores a pouco retirados das quadras e travestidos de técnicos, sem um mínimo de preparo e experiência didático pedagógica no campo das técnicas de ensino e aprendizagem, como se exigir que jogadores por eles orientados se caracterizem pela excelência na pratica dos fundamentos, que é a coluna mestra da pratica do grande jogo?

E por essa estrada poeirenta ainda transitaremos por longo tempo, talvez tempo demais para nos defrontarmos com a realidade olímpica daqui a poucos anos, onde, desgraçadamente veremos coroada a suprema ignomínia de sermos vencidos ante erros que teimamos em não corrigir, em nome do clientelismo, do apadrinhamento, da sedimentação de um corporativismo mafioso e absolutamente irresponsável, mas que gera continuísmos e vultosos lucros.

Mas temos obrigatoriamente de admitir que somente transporemos tantas e históricas deficiências, se pararmos um pouco que seja, perante a exigência maior de um movimento associativo dos técnicos, liderados por aqueles que realmente representam a classe, por sua tradição e reconhecido trabalho, e que sempre se negaram a erguer as bandeiras do oportunismo e do imediatismo midiático e enganador, daqueles que realmente conhecem, estudam, respeitam e amam o grande jogo, de verdade. É o que nos resta.

Amém.

Foto – Divulgação FIBA. Clique nas mesma para ampliá-la.

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FUNDAMENTOS?…

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Parece brincadeira, pode parecer brincadeira, mas é sério, muito sério o que está acontecendo com os nossos jovens, cada vez mais “especializados” em armadores puros, armadores definidores, alas-armadores, armadores escoltas, alas-pivôs, pivôs de choque, e não sei quantas denominações caberiam a mais dentro do sistema único, aquele que é seqüenciado de 1 a 5 dentro dos padrões formatados e padronizados pelo tal sistema, e cada vez mais entronizado no triste dia a dia da garotada que ainda teima em gostar de um jogo, cujo domínio se encontra, não dentro da quadra, mas fora dela, tendo como veiculo de ligação prosaicas e ridículas pranchetas, voltadas às coreografias de passos pretensamente marcados coercitivamente impostos pelos “estrategistas” em permanente plantão no nosso combalido grande jogo.

 

Trata-se de uma trágica brincadeira, cujas consequências ai estão escancaradas nas estatísticas de um velado e escondido torneio da LNB, denominado de Liga de Desenvolvimento do Basquetebol, patrocinado por verbas do Ministério dos Esportes, e indevidamente organizado pela Liga, quando deveria sê-lo pela CBB, pois cabe a ela a formação de base no território nacional, tendo a ENTB para respaldá-la.

 

Mas a Liga partiu para uma LDB Sub-22, com equipes que congregam jovens a partir dos 17 anos, tendo como mote a possibilidade de revelar valores para a Liga principal, e inclusive permitindo que muitos deles que já militam na elite participem do mesmo, num erro estratégico considerável a tal ponto que, em vista dos catastróficos números estatísticos apresentados nas três primeiras rodadas, resolve dar clínicas aos participantes, jogadores e técnicos, clínicas de fundamentos…

 

Mas espera aí, os vinte técnicos dessas equipes não foram recentemente graduados pela ENTB em seu nível II, assim como participaram de uma clínica patrocinada pela Liga com a presença do técnico Magnano? E que tal grau os qualificavam (com registro e carteira) para orientar, ensinar e dirigir jovens nos fundamentos e sistemas de jogo? Então o que justifica agora tão urgente ingerência numa função especifica da ENTB? Creio que respostas deveriam ser bem analisadas, principalmente à luz de algumas estatísticas da LDB (único vínculo do secreto torneio com os interessados nas jovens promessas tupiniquins), tais como:

 

Após as três rodadas iniciais, nossos futurosos jogadores aprontaram-

 

– 553/1214 (45.5%) em arremessos de 2 pontos.

 

– 155/585   (26.4%) em arremessos de 3 pontos.

 

– 463/650   (71.2%) em lances livres.

 

– 440 erros fundamentos (media de 29.3 por jogo)

 

E lá na Republica Checa, nossos jovens Sub-19 conseguiram perpetrar  um 6/30 nos arremessos de 3, 11/25 nos de 2 e 10/15 nos lances livres, cometendo ainda 15 erros de fundamentos, quando os sérvios nos derrotaram arremessando 5/17 nos 3, 19/37 nos 2 e 12/18 nos lances livres, errando muito também nos fundamentos, 16 vezes., deixando transparecer que a hemorragia dos três ainda flui em nosso basquetebol, com a crescente condescendência dos técnicos, incapazes de num longo treinamento (dois meses no caso da seleção) fazerem suas equipes jogarem no perímetro interno, preferindo apostar nas bolinhas, que no caso da seleção, não caíram…

 

Mas cairão nas próximas rodadas, afinal de contas é bem mais fácil (?) chutar lá de fora, sem maiores preocupações com fintas, dribles e passes, já que somos os tais nesse “fundamento”, além do outro incensado pela mídia, as enterradas…Só fico na expectativa de saber se os adversários vão deixar, mas isso é o de somenos importância, afinal de contas não existem problemas que uma boa prancheta não resolva.

 

Então, a seleção de nossos melhores Sub-19, ao lado de nossos melhores e mais representativos jovens na faixa dos 17 aos 22 anos presentes a essa LDB, representam o que temos de melhor, exceto naqueles detalhezinhos sem importância, já que aprendê-los e dominá-los toma muito do tempo reservado às jogadas, às estratégias, ao sistema único, pelos que pretensamente os ensinam, e para os que deveriam aprender a essência do jogo, os fundamentos, “sabiamente” substituídos pelas bolinhas de três, que se caírem, não tem para ninguém…

 

Amém.

 

Fotos – Divulgação LNB e FIBA.Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

Fotos –  Com um pouco de atenção observem alguns detalhes (sei que insignificantes…)sobre falhas nos fundamentos, como condução da bola, pegas espalmadas nos arremessos, pronação  inversa…

 

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OS PORQUÊS…

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Durante esse pequeno recesso contado no artigo anterior, recebi um email de um assíduo leitor me perguntando na bucha – Professor, por que motivo o senhor não dirige mais uma equipe do NBB, e mesmo da LDB, afinal são 41 equipes e não tem lugar para o senhor em nenhuma? Sinceramente não entendo os motivos, sejam eles quais forem. Por favor, me esclareça.

Bem, tenho nesses últimos anos, desde o NBB2, quando dirigi o Saldanha da Gama, também tentado encontrar os reais motivos para esse degredo, desde a conversa que mantive com um dos gestores da Liga durante o 1º Encontro dos Técnicos da LNB em Campinas após o NBB2, quando fui sutilmente instado a deixar de editar o Basquete Brasil que, na opinião dele não se coadunava com a função de técnico atuante, num equivoco brutal, pois foram os 49 artigos (e aqui o primeiro deles) que postei no dia a dia daquela inesquecível experiência midiática, um dos motivos de ali me encontrar, junto aos demais técnicos, para discutir o grande jogo e sua divulgação junto ao tão esquecido publico entusiasta do mesmo.

Claro que jamais aceitaria aquela sugestão, como não aceitei, mantendo o blog, ampliando-o nas discussões de caráter educacional, assim como discutindo política desportiva, cobrando dos poderes o sempre ausente apoio às causas da educação de qualidade, direito inalienável do cidadão (hoje, graças aos deuses, cobrado em praça pública pela juventude do país…)

E nestas discussões questionei veemente e indignadamente os descaminhos que apontavam para o acumulo de equívocos que se desdobravam em nome do esporte dito de alto nível, em detrimento da formação de base nas escolas e clubes do país, culminando com a terrível aventura olímpica, sorvedouro de sacrificadas divisas direcionadas aos ávidos bolsos daqueles que nem de longe se interessam por educação e cultura de um pobre povo, e sim os vultosos lucros que poderiam advir da ignorância do mesmo, mantido propositalmente à margem do processo educativo, facilitando a consecução da hábil manobra.

Também mantive o cunho critico à mesmice endêmica que nos tem dominado no aspecto técnico tático, discutindo, e até desafiando nossos técnicos para que mudassem seus posicionamentos, dirigindo-os a uma evolução formativa e competitiva de maior alcance, de maior desenvoltura.

Claro que desagradei a grande maioria, mas nem tanto quanto a determinados políticos, que inclusive tentaram me desqualificar, mesmo nos comentários do blog, tendo recebido as respostas que julguei merecedores.

E nesse ponto é que pude estabelecer as pontes de interesses contrariados, ligando as técnicas inovadoras do jogo que propunha, e a manutenção das criticas ao modelo político administrativo existente no cenário desportivo nacional, em contrafação a de alguns políticos, poderosos por manipularem grandes verbas governamentais, sempre almejadas por confederações e federações desportivas, em seus projetos milionários e de distribuição muito bem escalonada junto aos espertos e oportunistas de plantão, em troca de obrigatórias contrapartidas, entre as quais meu afastamento compulsório das quadras, com certeza…

Então, quando vi estampada no site da LNB, a foto da homenagem à personalidade do ano no basquetebol, dirigida ao político que de uma tacada destinou 14 milhões de reais a uma falida CBB, (aqui descrita no magnifico artigo do Fabio Balassiano no seu blog Bala na Cesta), garantindo a continuidade da terrível administração da mesma, assim como destinou mais alguns milhões para a LNB manter a LDB em função por mais três anos, porém mantida escondida numa remota cidade de Minas Gerais, sem imagens, mesmo pela internet, somente (in) visível através gélidas estatísticas, (que, aliás, mostram logo na primeira rodada o absurdo número de 155  erros de fundamentos nos cinco jogos realizados, com a media incrível de 31 pj, mostrando com precisão que em matéria de fundamentos as equipes estão muito mal treinadas e preparadas, principalmente quando na porta de entrada da elite do grande jogo, onde errar dessa forma é absolutamente inadmissível, numa realidade em que, sem dúvida alguma, pulularão pranchetas a granel, focadas na padronização e formatação do sistema único, pelas  mãos de  “estrategistas” de primeira viagem,  é que entendi a origem do veto, para o degredo injusto, cruel, pois tira de mim o direito ao trabalho, para o qual sou altamente qualificado, e no qual tanto poderia ajudar no soerguimento do grande jogo, numa ação pusilânime, covarde enfim.

Mas daqui desse cantinho, dessa humilde trincheira, onde corporativismo mafioso nenhum pode me atingir, continuarei a trabalhar pelo grande jogo, já anunciando a continuidade da Oficina de Aprimoramento do Ensino de Basquetebol na última semana de julho (de 26 a 28), que realizarei no inédito formato de receber em minha casa até três técnicos que se interessem em participar de um  prolongado fim de semana (de sexta a domingo), onde, como o ocorrido na primeira Oficina, mergulharemos fundo nas entranhas desse magnífico e complexo jogo, com somente um horário fixo a cada dia, o de começar, já podendo contar com um mini ginásio em minha residência, que fez muita falta na primeira Oficina, e que pretendo repetir, se interesse houver, a cada mês. No próximo artigo detalharei a Oficina.

Bem, creio que respondido o email do leitor, posso dar por encerrada essa discussão, face aos esclarecimentos dados, e certamente compreendidos, mas nunca aceitos por mim. Vida que segue…

Amém.

Foto – Divulgação LNB.  A personalidade do ano no basquetebol…

RESCALDO DE UMA FESTA…

Um bom artigo do Fabio Balassiano no seu Bala na Cesta de ontem, faz um balanço do que foi o NBB5, sua importância, suas conquistas, e sua dimensão no cenário desportivo brasileiro, assim como, análises das equipes, jogadores e técnicos que se destacaram na competição.

Pouco a acrescentar, mas algo a ser lembrado sempre, e muitas vezes esquecido, acredito que por sua juventude, alinhada a da maioria de seus colegas blogueiros, o fator técnico tático calcado na longa experimentação e aplicação prática de gerações anteriores de técnicos que muito acrescentaram ao desenvolvimento do basquetebol em nosso país, como numa bibliografia quase sempre negligenciada, e algumas vezes inexistente por não mencionada por utentes de seus ensinamentos, roteiros e vivências reais, como se a realidade técnica e tática atual independesse do que já foi feito, como se existisse a partir do momento em que analistas e técnicos descobriram o grande jogo em suas vidas.

E quando rememoram feitos passados e reutilizados no presente, privilegiam o que vem de fora, das esferas americanas, européias, argentinas, esquecendo que aqui mesmo, berço de um bicampeonato mundial e três medalhas olímpicas, muitos técnicos inovaram em seu árduo mister de fazer acontecer um jogo quase sempre desprestigiado e negligenciado pela mais completa ausência de uma política desportiva nacional, voltada à formação e a divulgação do grande jogo.

Agora mesmo, está acontecendo uma pequena revolução na forma de jogar e atuar no âmago da LNB, com algumas de suas franquias reorientando seus sistemas de jogo, suas táticas, mas ainda pecando muito no ensino de suas técnicas do jogo individual e coletivo, como a utilização inteligente da dupla armação, do jogo interior através a utilização de pivôs móveis, ágeis, atléticos e muito velozes interagindo com seus armadores dentro do perímetro, tentando defender o perímetro externo com mais assiduidade e combatividade calcada no treinamento especifico e correto em fazê-lo, ensaiando ainda timidamente uma defesa frontal dos pivôs adversários, sugerindo ainda que muito distante, a troca consciente dos arriscados, inconseqüentes e imprecisos arremessos de três pelos de dois pontos, equilibrados, precisos e decisivos num sério jogo de basquetebol, numa projeção do que poderá vir a acontecer de progresso em nossa maneira de ver, sentir, ler, pesquisar e estudar fórmulas mais práticas de jogo, levando-o ao processo mais difícil, mas não impossível de ser atingido, sua simplificação, sua síntese técnico tática, somente alcançada por quem e por aqueles que realmente conhecem o grande jogo.

Mas essas conquistas não estão nascendo agora, como na vitória do Flamengo no NBB5, ou como na ascensão de uma jovem equipe como a de Franca, como no ainda inseguro, porém promissor Bauru, ou mesmo pelos oscilantes Uberlândia, São José e Paulistano, que são as equipes prestes a se desvincularem do sistema único, a partir do momento em que se descobrirem capazes de tão grande e icônico salto, rumo a uma realmente nova forma de jogar.

Como tudo na vida tem um princípio, uma raiz, uma razão de ser e acontecer, seguindo o inexorável ritmo da evolução, do aprimoramento e da sedimentação, novos ares terão de ser profundamente inspirados, alimentando o conhecimento, a história, respeitando o antecedente, a origem, as raízes.

Desde sempre respeitei e reverenciei os clássicos e míticos mestres que me inspiraram, orientaram e ensinaram o caminho das pedras, do estudo, da pesquisa, do conhecimento enfim, aos quais permanentemente menciono e retransmito suas heranças, suas lembranças, suas vidas.

Ao me retirar da Arena no sábado, sem antes não deixar de cumprimentar o Domenici da LNB, caminhei sozinho até meu carro, deixando para trás o burburinho, a festa e as comemorações de mais um campeão do NBB, mas convicto de ter cumprido a humilde missão de, na teoria e na prática, ter mostrado com ações e fatos ser possível inovar sobre algo tão antigo como o basquetebol, com pinceladas sutis sobre uma dupla armação, um jogo mais dinâmico dentro do perímetro, sobre uma defesa linha da bola com flutuação lateralizada, permitindo uma eficiente defesa frontal ao pivô adversário, sobre o mais absoluto distanciamento  das arbitragens, sobre o comedido e calmo comportamento ao lado de uma quadra, sobre o convencimento de que dois arremessos de dois pontos geram mais eficiência e precisão do que um midiático de três, sobre a enganosa perda de  tempo praticando enterradas e não arremessos DPJ, os que ganham jogos, e finalmente reconhecer nos que me antecederam o cerne imorredouro que guindou o basquete ao patamar que hoje ostenta, o grande, grandíssimo jogo.

E lá fora da grande Arena, me entristeci, não por lá não estar comemorando, não, e sim por me ser vetada a possibilidade de poder participar do jogo de minha vida, que segue, dessa humilde trincheira, reverenciando os que merecem, de verdade.

Amém.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAOLYMPUS DIGITAL CAMERAFotos – Teoria defensiva da Linha da Bola com flutuação lateralizada e Pratica dos Fundamentos do jogo (Equipe do Saldanha da Gama – NBB2)Clique nas mesmas duas vezes para ampliá-las.

A ARENA DO FLAMENGO…

DSCN1832Estamos em plena arena, repleta de rubro negros, absolutamente convencidos de que daqui a um pouco se tornarão campeões nacionais, independendo de quem esteja do lado contrário, A chegada e o credenciamento foram tranqüilos, mas uma surpresa me aguardava, o wi-fi não funcionava, logo hoje que estava preparado para mais um pequeno salto, redigir e publicar um artigo na cena do grande jogo. Mesmo assim, logo que chegar em casa, aqui perto, o colocarei no ar, com certeza.
Entrando na área reservada a imprensa, me vejo cumprimentado pelo Lauria do Basketeria, que me me faz uma pergunta incisiva – Quem ganha hoje Paulo?
Minha resposta foi breve – Como já publiquei, vence quem souber jogar melhor “ lá dentro” , em velocidade e com dois ou mais homens participando da batalha interna. Uberlândia tem melhores pivôs e bons armadores. Flamengo tem um jogo exterior comparável, mas um contra ataque mais eficaz. Logo, o domínio da tabela defensiva é primordial, assim como a busca incessante pelos rebotes ofensivos, importantes para uma segunda chance num mesmo ataque. Enfim, vence quem apostar suas fichas no jogo perto das cestas, atacando ou defendendo. Ah, um outro fator importante, a massa torcedora e inflamada dos cariocas, apesar de não conotá-lo como decisivo, pela larga experiência dos jogadores da equipe mineira,
Então, vamos ao jogo, mas antes uma sugestão aos organizadores da Liga, que tal musica brasileira popular, alegre e descontraída, tão ao gosto dos cariocas,e não um batidão irritante e sem propósito?
Inicialmente vejo a equipe do Flamengo mais tensa, e os mineiros mais relaxados, fazendo jus a maior experiência de seus principais jogadores, prenunciando um confronto onde o controle emocional ditará os contornos do jogo, principalmente no aspecto defensivo.
Começa o jogo, e os rubro negros optam declaradamente pelo jogo interno, com o Caio jogando de costas para a cesta, e o Marcos e o Kojo abastecendo-o bastante. Como é marcado por trás facilita em muito seu trabalho.
Terminado o primeiro quarto o que vemos: Nos 2 pontos o Uberlândia conseguiu um pobre 1/12 , e nos 3, 4/7 numa clara opção pelo jogo externo, ao passo que os cariocas com seus 7/13 e 0/5 respectivamente, pelo interno, com defesas fortes, principalmente por parte dos mineiros nas contestações aos lançamentos de 3 dos cariocas. Em compensação, no jogo interno, ante uma defesa clássica por trás ao pivô Caio, priorizaram jogar “lá dentro”, como deve ser, além dos 7/8 nos lances livres, contra 1/2 dos mineiros.
No segundo quarto continua a ineficiência dos arremessos de três dos cariocas (0/7), compensados em parte com seus 5/7 nos dois onde as opções táticas iniciais se mantêm intocadas.
E vem um terceiro quarto onde a equipe rubro negra resolve retornar às bolinhas, ante uma defesa negligenciada dos mineiros, “apostando” nos erros, no que se deram mal,pois sofreram um 5/6 devastador, contra 1/7 de sua própria lavra. No jogo interior mais ou menos que se equivaleram.
No quarto final se intensifica o jogo interior do Flamengo, forçando a defesa mineira para dentro de seu garrafão, quando por alguns momentos optou por uma zona pontual, logo desfeita pela eficiência das bolinhas externas que encontravam espaço suficiente para serem concretizadas, inclusive chegando ao exagero contumaz (6/26, contra 11/27 dos mineiros).  Nos dois minuto s finais ficou bem claro que a opção rubro negra pelo jogo majoritário na cozinha do seu grande adversário se fez profundamente mais eficiente, ante um bom time mineiro que escolheu as contumazes bolinhas, vindo, por mais uma vez,  comprovar que de 2 em 2  se constroem bons placares, grandes vitórias, valorizando o arremesso mais eficiente e preciso, destinando as bolinhas para aqueles poucos especialistas, e não os midiáticos de plantão. Enterradas? Muito poucas, e que pouco influíram no resultado final.
Afinal de contas, o grande jogo precisa se reencontrar, e nada melhor que perante as 16364 pessoas que entupiram a grande arena, construída para o desporto e não para convescotes  e shows perdidos nesse longínquo recanto do Rio.
Esperemos que o espetáculo de hoje tenha provado que o esporte, em particular o grande jogo, tenha retornado aos inesquecíveis momentos do Maracanãzinho, onde fomos bi campeões mundiais, onde se encontra o verdadeiro templo do basquete brasileiro, que me desculpem a turma do vôlei e a de Franca, e que agora delega à Arena como digna sucessora.
Em tempo, a brilhante aula de defesa linear ante arremessadores de distancia, como a executada por Uberlândia, pena que resolvessem apostar no  erro dos também longos arremessos dos rubro negros nos  quartos finais, perdendo o jogo.
Parabéns a equipe do Flamengo que jogou de forma correta sem ser empolgante, sem firulas e espetáculos pirotécnicos para a torcida, jogando sério , dentro do perímetro e mostrando aos mais jovens que se iniciam que “enterradas” e bolinhas irresponsáveis têm de encontrar seu destino inexorável, o lixo, e nada mais. E mais um adendo, quando no terceiro quarto o Marcos solto na linha de três dispara seu petardo para baixo, nas mãos do Caio para uma bandeja, vi que  naquele momento o Flamengo sedimentava o caminho para a vitória.
Bem, até segunda ordem, o maltratado e explorado Rio de Janeiro volta a ser a capital do basquete, como nunca deveria ter sido esquecida.
Agora parto par o Centro Coreográfico do Rio de Janeiro na Tijuca , para acompanhar minha filha que coordena o III Congresso Brasileiro de Dança Moderna, onde dirige, coreografa e dança como a grande mestra que é.
Até a próxima decisão leitores. Saio feliz por constatar que aos poucos reencontramos o nosso verdadeiro modo de jogar e atuar, com responsabilidade, eficiência,  dupla armação, jogo interior e exterior quando possível, mostrando nosso verdadeiro estilo a tanto esquecido.
Amém.

Foto-Arena festiva.

 

OS DOGMAS E A FORÇA DO HÁBITO…

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André Raw: oi pai, foi mal tinha um amigo meu aqui e não pude ver suas mensagens.

 Sim, eu vi o jogo, achei a sportv online.

 Achei que o Murilo bobeou em uma falta e a outra não foi. Ficou com 4 e o  técnico deixou ele no banco com medo de perdê-lo,

 dai o time desestabilizou.

 Deveria ter colocado ele mesmo com 4

 e proibido de fazer a 5.

 

Pelo Skype, desde Los Angeles, meu filho André teceu os comentários acima sobre o quinto jogo do playoff entre o Flamengo e o São José, e que se encaixa com precisão ao comentário que farei daqui para diante.

Bem, comecemos lembrando que a existência de alguns conceitos dogmáticos seguidos pelos técnicos nacionais, oriundos de uma unanimidade sobre a utilização do sistema único, com suas imutáveis posições de 1 a 5, gerou alguns comportamentos táticos padronizados e formatados como verdades absolutas, que têm de ser praticados sem discussões, entre os quais se encontra aquele que retira de quadra jogadores que cometem 2, 3 ou 4 faltas, para serem relançados mais adiante, quando seriam(?) importantes para a equipe, como nos minutos finais, ainda mais quando são os craques do time.

Em muitas ocasiões importantes subverti tal comportamento, e inclusive publiquei um artigo onde consta tal decisão (veja aqui), pois, como afirmo no mesmo, jogador no banco não marca pontos, ainda mais se for um dos principais pivôs da equipe, e o fato da mesma se tornar alvo de uma facilitação defensiva por sua limitação em faltas, fazê-lo marcar o pivô adversário pela frente (mas, na frente mesmo!), cobrindo-o quando necessário (atividade que deve ser treinada à exaustão, mesmo!), por uma equipe exercendo uma defesa linha da bola com flutuações lateralizadas (detalhes aqui), permitiriam que o mesmo se mantivesse em jogo por um longo período, principalmente naquele em que a supremacia no placar estivesse presente.

Mas não, como dogmaticamente nossos pivôs têm de marcar por traz, o destino do banco por faltas é inexorável, numa pobreza de atitude técnica, e principalmente tática, lamentável.

Talvez, tenha sido esse fator aquele que determinou a derrota de São José, que enfrentava um adversário duro, e jogando dentro do perímetro também, onde a velocidade do Murilo e do Jefferson colocava o Caio em maus lençóis na defesa, compensada em parte por sua boa presença no ataque.

Com as duas equipes priorizando o jogo interno, o que transformava o jogo num duelo empolgante, e o mais importante, próximo às cestas, os dois períodos iniciais transcorreram com equilíbrio e indefinição quanto ao resultado final do jogo.

A partir do momento em que o Murilo foi retirado por um longo período, e a equipe carioca passou a priorizar o jogo externo, frente à completa ausência de contestações aos longos arremessos, principalmente através o Duda (6/11 nos três), o destino da partida foi decidido ironicamente, pois um jogo que vinha sendo disputado arduamente no perímetro interno foi decidido “lá de fora” com bolinhas a granel, desmarcadas e nunca contestadas, demonstrando que esse outro dogma, o das bolinhas, segue incólume, porém alimentado pela dolorosa e irresponsável ausência defensiva às mesmas.

Mas como a turma “do que o que importa é a vitória” não está nem aí para técnicas, táticas e estratégias, segue o barco das “individualidades” bem acima do coletivo, numa caminhada que fatalmente desembocará em nossas seleções, onde um bom técnico argentino terá, ou continuará tendo, um trabalho hercúleo para convencer “especialistas” a marcar e a interagir coletivamente no ataque, tarefa que se choca com o maior dos dogmas, o de que para a maioria esta é a forma e o estilo do nosso jogo, para gáudio daqueles que nos enfrentarão lá na frente, certamente em 2016…

No próximo sábado teremos a grande decisão, incompreensivelmente em um único jogo, onde o menor erro, a mais tênue indecisão acarretará uma derrota irrecuperável, fazendo com que o jogo em si ceda precioso espaço ao nervosismo e a erros em profusão, fator que seria amenizado numa decisão de cinco jogos, como deveria ser num campeonato dessa dimensão.

Tempos atrás sugeri, por escrito, à LNB, que numa situação como essa, onde uma emissora de TV exige que a decisão seja em jogo único, que os dois finalistas participassem de um playoff de três jogos, cujo vencedor garantiria jogar a decisão no seu ginásio, numa formula que se não perfeita, daria ao menos, oportunidade das equipes se enfrentarem frente a seus torcedores, ajustassem seus sistemas, e se preparassem para a final televisiva com um razoável domínio tático e psicológico ante uma decisão de tal envergadura. Infelizmente não foi a sugestão levada em consideração, o que foi uma pena.

Torço para que essa partida represente e projete algo de novo para o nosso basquetebol, principalmente no aspecto tático, já que Uberlândia, com seu hoje equilibrado jogo interior e exterior, enfrentará uma equipe forte no jogo externo e apenas razoável no interno, porém com forte contra ataque, e contando com o apoio de uma torcida que deverá se aproximar dos 15 mil pagantes, fator importante numa decisão. Espero que tudo corra bem, e em paz.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Fotos – Do jogo interior (1 e 2), ao reinado das bolinhas (3 e 4).