CONTROVERSOS CONCEITOS…

Primeiro quarto – 24 x 2 – De um lado uma seleção brasileira atuando duramente na defesa, e contra atacando ferozmente. Do outro, um amontoado canadense desconexo e claramente ausente da competição, como que não a encarando para valer, conotando uma falsa impressão de domínio absoluto por parte de uma seleção com ainda alguns, e sérios problemas a serem resolvidos, como por exemplo, a teimosa continuidade dos arremessos de três, quando as ações dentro do perímetro se impunham, e se fizeram sentir nos quartos subseqüentes.

Segundo quarto – 19 x 16 – Ante a possibilidade de uma contagem avassaladora e vergonhosa na competição, mesmo tratando-a amistosamente  ( propositalmente?), a seleção canadense se estabelece para um confronto mais equilibrado, forçando com a tardia resolução o abrandamento de um placar inesperado.

Terceiro quarto – 17 x 20 – Eis que, ante uma defesa mais atuante e resoluta, revertendo o placar nesse momento do jogo, nossa seleção revela aqueles pontos nevrálgicos que nos tem atormentado nas últimas competições, inclusive sob o comando argentino, e cuja freqüência se torna preocupante, tais como: a instabilidade defensiva de alguns e importantes jogadores, incapazes de manterem o foco defensivo, aposta maior do técnico, por mais de um quarto de jogo, daí a intensa rotação dos mesmos, muito mais pelos fatores de concentração mental, do que de ordem física, cujas conseqüências podem se tornar trágicas quando no confronto para valer daqui a alguns e poucos dias em Mar del  Plata. A quase total ausência nos rebotes ofensivos, principalmente quando arremessos de fora do perímetro são intensamente tentados, numa demonstração da pouca mobilidade e velocidade de nossos pivôs (vejam as fotos…), fator que se não corrigido (e duvido que o seja, pelas características táticas da equipe, que não encontram respostas condizentes de pivôs muito apartados da cesta), ocasionará perdas cruciais nas fundamentais retomadas de bola, ainda mais numa equipe que preza “as bolinhas” acima de tudo, e neste caso em particular, a troca de 3 por 2 deveria ser a opção exigida, pois arremessos de curta e media distâncias por serem mais precisos otimizariam as tão sacrificadas oportunidades ofensivas, na maioria das vezes desperdiçadas nas aventurosas tentativas de três. Pode-se vencer, e bem, partidas de 2 em 2 pontos, por que não?

Quarto final – 28 x 32 – complementando um segundo tempo favorável aos canadenses, mais seriamente empenhados, desnudou-se de vez uma realidade indiscutível, a de que temos ainda muito o que aprender e assimilar dos conceitos do competente técnico argentino, principalmente quanto a um coletivismo desconhecido de alguns e importantes jogadores, já que produtos de uma imperfeita formação de base, onde o “me garanto” transcende o “nos garantimos”, produto maior do conceito básico de equipe, na qual, o pleno conhecimento e domínio dos fundamentos nivelam e igualam a todos em torno do mesmo, e sem os quais, nenhum sistema de jogo poderá ser estabelecido com confiabilidade, consistência e rigor.

Temos sérias e preocupantes lacunas que dificilmente poderão ser corrigidas no atual momento, não sei se por exigências contratuais, empresariais, ou mesmo de Q.I., mas fatos são, nossas deficiências na armação, onde numa competição de tal importância o fator experiência deveria ter sido obrigatoriamente observado, já que temos no país armadores possuidores de tais atributos, e que foram postergados em troca de uma renovação fictícia e comprometedora, assim como quanto aos pivôs, que frente ao dinamismo proposto aos mesmos pelo técnico argentino, incoerentemente foram selecionados aqueles que conotam uma antítese a tal conceito, já que pesados e lentos, deixando de lado outros mais rápidos e ágeis, o que os tornariam mais presentes no âmago do perímetro interno, mas sem a grife de atuarem fora do país, com as exceções do Huertas e do Spliter, justificando a mesma.

Mesmo assim, acredito que possamos evoluir um pouco, mas talvez, não no sentido de nos sentirmos seguros e tranqüilos quanto a uma classificação olímpica, mas certamente no pleno conhecimento de que, e de uma vez por todas, devemos nos concentrar num autêntico e estratégico trabalho de base, mas não esse que aí está, coercitivo e egocentrado num sistema único, garantidor de uma pseudo elite que tem como propósito, também único, o de manter o rentável nicho em que se encontram encastelados desde sempre.

Mas acredito e tenho a mais absoluta fé de que dias melhores hão de vir, para o soerguimento do grande jogo, enfim.

Amém.

PS-Clicar nas fotos para ampliá-las

Fotos-Reproduções da TV.

O RACHÃO…

Certamente se torna muito difícil analisar uma partida de basquetebol, quando ao final da mesma a diferença ultrapassa os 50 pontos, e o incrível, entre duas seleções nacionais. Ainda recordamos o recorde de pontuação infringido ao Vitoria pelo Flamengo, no último NBB3, em 54 pontos, como algo imponderável, e agora, 56 da seleção esmagando o México. Em ambos, um basquete unilateral, e obviamente fictício.

Logo, gastos com passagens, hotéis, alimentação, arbitragem, pessoal de apoio e manutenção de um ginásio, em absolutamente nada soma ou contribui para uma diagnose precisa do atual momento de uma seleção às vésperas de um pré olímpico fundamental, e nem mesmo se apresenta como um campo fértil de observação para a efetuação dos cortes finais na equipe.

Na verdade, nosso competente técnico se encontra perante um enigma, que pode ser explicitado na seguinte premissa, a indefinição Spliter, fora de atividade prática desde o término da temporada americana, ausente de todo o treinamento até agora realizado, e “ligeiramente” indefinido para o quadrangular de Foz do Iguaçu, quiçá a grande competição em Mar Del Plata ( seria o álibi definitivo e providencial…).

Se observarmos a pelada (desculpem, quis dizer “rachão”…) de hoje, toda a supremacia da equipe, exemplificada nos 35 x 5 do terceiro quarto, se fundamentou numa forte defesa interior ( atenção ao quase certo jogo exterior dos caribenhos, ainda uma falha nossa gritante …), onde pesados pivôs não encontraram dificuldades ante a fragilíssima ofensiva azteca, distribuindo passes médios e longos aos velozes alas e armadores nacionais, em contra ataques indefensáveis, mas somente um dos grandões os acompanhavam, o Rafael. Se for esta a estratégia do Magnano, que vem de encontro a uma nossa tradicional característica, o apoio de um pivô nas velozes conclusões ofensivas só se fará presente através o Rafael e o Spliter, já que os demais são lentos e pesados demais. Agora imaginem o impacto ocasionado por uma possível ausência do Spliter?  E como foi infeliz a opção de escolha da turma de peso radicada na pátria das paellas, quando aqui mesmo pivôs velozes e elásticos, como o Teichmann, o Morro, o Estevan, bem melhores tecnicamente do que os convocados, principalmente pela opção de jogo agora esboçada, bem contrária à “de choque” inicial? Ou ainda teimaremos na idéia de que peso, corpulência e cara feia por si só garantem garrafão, na defesa e no ataque? Ainda mais saindo um palmo do chão, numa clara predisposição aos rebotes pela ocupação horizontal de espaços, onde DPJ`s e arremessos de três, que fatalmente serão utilizados contra nós, os manterão à distância daquelas ofensivas?

Em Foz do Iguaçu, mesmo que ainda escamoteadas, as equipes terão de fechar suas opções, pois na semana seguinte os confrontos serão para valer, sem retornos e desculpas. O Magnano que é sagaz e muito inteligente se verá frente a duas opções, um time com um Spliter meia bomba, ou um sem bomba nenhuma. Com ele, um Rafael de apoio ou rodízio, sem ele, só o Rafael. E neste caso, o jogo ficará mais moroso, cadenciado, acadêmico, pois deslocar tonelagem pela quadra se tornará lugar comum, e o jogo exterior cairá no colo dos cardeais e sua artilharia infernal…se as ‘bolinhas” caírem…

Ter um time nas mãos quando em treinamento passível de cortes, é uma situação. Outra, é quando a bola subir para a viagem sem volta, para constatarmos se realmente o controle será exercido em toda sua dimensão.

Torço para que o grupo tenha realmente aceito e comprado a estratégia de preparo e jogo do bom argentino e sua liderança de grife, pois em caso contrário, bem, 2016 está logo ali…e garantido.

Um último e significativo aspecto – Os rasgados elogios à forma de jogar no terceiro quarto, feitos pelo Magnano à equipe, numa clara manifestação de que o academicismo campeão olímpico, aqui no nosso caso, ficou bem para trás. Coisas do grande jogo.

Amém.

UM DESFOCADO COLETIVISMO…

E num determinado momento, o Marcelo arremessa de três…e erra. Rebote ofensivo voltando a bola para o Marcelo que, de novo arremessa de três…e erra. Novo rebote ofensivo, volta de bola para o Marcelo que, agora de dois, e mais uma vez…erra.

Daí para diante, com a porteira aberta, tome chute de três, pois se ele pode e fica na quadra, porque eu não posso?

Pedida de tempo, Magnano preocupado, algumas ponderações, e a equipe retorna jogando mais dentro do perímetro, com os pivôs, demonstrando que o treinamento não fechou a equipe em torno de sua proposta coletivista, e que ainda muito caminho tem de ser percorrido até que tal concepção se arraigue no imaginário de nossos craques, ante a viciosa realidade que os acompanha desde a formação de base. Correr e chutar, chutar e correr mais ainda, é a condição que mais os identificam desde sempre, onde o sentido defensivo sequer é considerado como algo básico (Por quê? Se correr e chutar designam tal comportamento? ), e de tal maneira neste jogo isso foi evidenciado, que a fraquíssima equipe mexicana não se cansou de arremessar do perímetro com algum sucesso, o que se tornará um desastre anunciado se tal passividade se repetir ante as metralhadoras caribenhas em Mar Del Plata.

No meio tempo, entrevistado, Guilherme afiança que a intensidade ofensiva sendo mantida, e com as “bolinhas” voltando a cair, em conformidade com o que é pedido pelo Ruben, tudo irá melhorar, e não deu outra, pois nosso ala pivô desandou a arremessar de três com algum sucesso, e a equipe se afastou no placar. Mas, sinceramente falando, duvido bastante que seja essa a vontade prioritária do Magnano, ainda mais agora que se defronta com um Spliter vai mais não vai, um Paulão paquidérmico, perante o qual o Josuel parece uma sílfide, três pivôs de força, e somente isso, força, e uma armação cada vez mais indefinida, se com um ou dois armadores, daí sua análise pontual de testá-los dois a dois, ontem com os dois espanhóis, e quem sabe amanhã com os dois que atuam na terra?

No entanto, a nave está se encaminhando para a tríade de comando dos cardeais, Alex, Marcelo e Guilherme, com um dos pivôs de força, ou o Spliter se sair do vai ou não vai desestabilizador e atordoante, e um armador de ofício para alimentar a inesgotável sede artilheira de sempre, pois lá no fundo, se lembrarmos bem, é uma trinca que chega às últimas grandes competições em boa forma, sem contusões aparentes, e que defendem seus feudos como ninguém. Agora, se preenchem as exigências e anseio técnico tático do argentino, é outra conversa, e sempre lembrando que o Marcos ainda se encontra em divida com os cardeais pela catilinária de Porto Rico, sendo na época (lembram-se?) fortemente criticado por eles. Mesmo assim corre por fora, agora mais maduro, e quem sabe, para o seu bem, mais calado, mas… conivente?

E como disse, La nave vá, ondulante e instável, sob o comando de um bom, experiente, laureado e sagaz técnico, da pátria da milonga, prima em primeiro grau da malandragem tupiniquim, a mesma que tem nos comprometido nos últimos 20 anos, não só dentro, mas muito mais, e decisivamente, fora das quadras do grande jogo.

Longe de mim o derrotismo, perto de mim a esperança de bons e pródigos jogos na terra irmã, torcendo para que as “bolinhas”, não só do Guilherme, mas de todos eles, caiam, nem que de um ponto de cada vez, já que o apregoado e desejável jogo coletivo deva ficar para 2016, já que desfocado, no momento.

Amém.

NOTA- Tenho recebido insistentes comentários apócrifos, principalmente de um leitor(?) que se assina EU. Se não enviar um email que não seja falso, como o enviado, e assinar seu nome, nada feito, pois anônimos aqui nesse blog não têm guarida. PM.

O VITÓRIA DO ALARICO…

Fiquei muito triste com o relato do Doutor Alarico Duarte sobre a situação da equipe do Vitória para o NBB4. A ausência de patrocínios por parte do empresariado do Espírito Santo põe em risco total a participação, não só do Vitória, como do CETAF, a dois meses do inicio da competição, no que seria um brutal retrocesso naquela modalidade tão querida do simpático e torcedor povo capixaba.

No entanto, gostaria de tecer algumas ponderações a respeito, já que dirigi a equipe no returno do NBB2, num trabalho aqui minuciosamente relatado, e que marcou profundamente todos aqueles jovens técnicos, que ao acompanharem aquela sofrida saga, puderam testemunhar através os relatos do dia a dia da equipe, e mais adiante vídeos de seus principais jogos, os formidáveis progressos técnicos alcançados, assim como a grande contribuição tática com a introdução do sistema de dupla armação e três alas pivôs móveis, cujas influências se fazem sentir até hoje em suas divisões de base, muito bem preparadas e dirigidas pelo professor Washington, meu assistente na época.

Infelizmente, aquele projeto inovador voltado a uma equipe composta por jogadores subvalorizados  pela mídia nacional, foi erradicado quando do NBB3, onde uma falida e improvável parceria com a Metodista de São Paulo, originou uma série de resultados de triste memória, como a última colocação no Campeonato Paulista, a não classificação para os playoffs no NBB, e os recordes negativos de contagem alcançados naquela competição, fatores que certamente colocaram os patrocínios para a equipe numa faixa de rejeição para o próximo NBB4.

Mas algo tem me chamado a atenção, além do impacto promovido por aquela equipe no NBB2, sempre lembrada com admiração, o fato de que aqueles excelentes (apesar de esnobados pelas grandes equipes) jogadores, que não tiveram, assim como eu, a oportunidade de treinar e jogar, com principio, meio e fim, numa competição de tamanha importância, ainda poderem ser reunidos, pois, com a exceção do Casé, não estão ligados a equipes da LNB, e sim disputando campeonatos regionais, que não os impossibilitam de participar da mesma, e tenho quase certeza ( desculpem a ousadia…) de que aceitariam o desafio, após a instigante experiência que tiveram no NBB2 pelo Saldanha da Gama, se seguramente contratados para realizá-la, e em concordância ao projeto técnico tático original. E como as restrições ao meu nome( a começar por esse humilde blog…) são de escalão superior(?), que o Washington pudesse desenvolver o projeto de onde foi interrompido e retroagido à mesmice de amarga memória, pois não conheço mais ninguém que tivesse a coragem de desenvolvê-lo, e com potencial probabilidade de romper com o que ai está sacramentado a mais de 20 anos.

Não seria um projeto caro, talvez bem inferior ao R$ 1,5 milhão, projetados pelo Doutor Alarico, mas rico em possibilidades e empenho, já que preenchido e defendido por excelentes jogadores, que provaram serem unidos e participativos. Amiel, Roberto, De Jesus, Rafael, João, Muñoz, André, quem sabe o Casé e o Gaspar, o Matheus e os mais jovens da terra, formariam um time a ser respeitado, pois proprietários de um sistema de jogo que somente eles professariam e praticariam, logo, diferenciados das restantes equipes. Se provaram isso no pouco que puderam jogar com o mesmo, por que não agora, mais experientes, vividos e calejados, naquela que seria a última tentativa de emergirem dessa terrível mesmice, por que não?

Faço votos para que o Vitoria e o CETAF superem tantas dificuldades, mas indo um pouco mais além do que somente se fazerem presentes na disputa, ao desenvolverem novas formas de jogar o grande jogo, com audácia e coragem, o que duvido muito possa vir a ocorrer nas demais equipes, preocupadas que estão em nomes, ribaltas midiáticas, e o sistema único. Precisamos investir e mudar conceitos, e quem sabe, o modesto Vitoria possa dar o salto providencial, aquele ensaiado com méritos no NBB2. Assim espero, como renitente torcedor que sempre fui, sou e serei do grande jogo.

Amém.

30 DIAS DEPOIS…

Enfim, pude ver a seleção em ação após 30 dias de treinamento intensivo, e mesmo assim via internet, num jogo contra a fraquíssima equipe da Venezuela, e absurdamente contando somente com nove dos quatorze jogadores que permanecem disputando posições no grupo final.

É lamentável que após tanto tempo treinando, e agora jogando, problemas burocráticos ainda pendentes, retire do técnico argentino a possibilidade de ver na prática o resultado de seus esforços no comando da seleção, e isso às vésperas de um pré olímpico decisivo.

Na verdade, o motivo escamoteado do público interessado na seleção, aponta para o não pagamento dos seguros de alguns dos jogadores, os mais valorizados, deixando-os como torcedores de arquibancada, num momento importante da preparação da equipe, que se confirmado tratar-se-ia de uma falha imperdoável e altamente comprometedora, digna de uma administração caótica e equivocada.

Quanto ao arremedo de jogo, alguns pontos podem ser enfocados, tais como:

– A equipe vai adotar o sistema único de jogo, adaptando um dos armadores como um ala, atitude que foi largamente utilizada pelas equipes do NBB, o que leva a crer que três serão os armadores constantes da lista final, e onde o Huertas e o Rafael se manteriam, restando a última vaga a ser disputada pelo Nezinho, o Benite e o Raul, pois a ausência nos jogos até agora disputados do Rafael, reforçam o fato de que seu seguro está sendo providenciado, assim como o do Paulão, pois em caso de possível corte por deficiência técnica, que num prazo de 30 dias qualquer técnico notaria, tais esforços quanto ao mesmo não seriam levados adiante, como estão, ou parecendo estarem sendo.

– Definindo o sistema de jogo, como aquele que os jogadores estão mais do que ajustados em suas funções de 1 a 5, demonstra o técnico argentino que seu esforço maior deverá estar direcionado ao sistema defensivo, principalmente dentro do perímetro, onde parece acreditar que serão decididos os jogos no pré olímpico, daí sua predileção pelos pivôs de força, como o Caio e o Rafael, permitindo maiores liberdades ao Guilherme, e certamente ao Spliter, apostando na velocidade de contra ataques, tão ao gosto do jogador brasileiro, e isso ficou bem claro, pelo menos no jogo de hoje, quando a trinca do Brasília foi complementada pelo Caio e o Marcelo, nos melhores momentos dessa forma de jogar.

– Mas, sempre o indefectível mas, duas equipes que adoram jogar fora do perímetro, Porto Rico e Dominicana, duelarão com nosso ponto mais fraco, mais claudicante, a praticamente inexistente anteposição aos arremessos de três, os quais são poderosíssimos nestas duas equipes, assim como a Argentina, fator este, que aparentemente não foi corrigido nestes 30 dias.

– Acredito que no próximo torneio de Foz do Iguaçu, tais tendências se materializarão, porém bem mais reforçada pelas presenças dos cinco jogadores até agora indesculpavelmente ausentes, num modelo de gestão desportiva simplesmente lamentável.

– Finalmente, duas, e mais do que repetidas, constatações, a de que o Marcelo continua arremessando o que quer nos três pontos, e o fato de que o Alex agora arremessa o lance livre dentro dos 5 segundos regulamentares, em vez dos 11 segundos nos jogos do NBB, sob a proteção desvelada de nossos árbitros de renome internacional.

– Ah, a também constatação de que o Raul e o Nezinho, sob intensa pressão viram as costas para o defensor, pois incapacitados na sequência drible, passo atrás concomitante ao corte, arma fundamental e básica de todo armador de alta qualidade, principalmente numa seleção nacional. Nada posso mencionar sobre o Rafael Luz, pois não o vi jogar, assim como sobre o Benite, que muito antes do defensor dele se aproximar já arremessou, de que distância for, comprometendo bastante seu depoimento público de querer se tornar um armador puro.

Bem, após 30 dias de intenso treinamento, pouco, ou nada mudou em nossa forma de jogar, a não ser uma certeza que se espraiou no imaginário de nossos analistas e torcedores, de que o fator osmótico advindo do bom técnico argentino, junto aos nossos jogadores, possam transformá-los em vencedores olímpicos, tal qual como ele o foi brilhantemente em Atenas.

Mas não basta tocar, e sim fazê-los jogar de uma forma diferenciada de um sistema que todas as equipes se utilizarão em Mar Del Plata, inclusive a de seu próprio país. Essa seria nossa grande e decisiva oportunidade, ao quebrar e romper essa mesmice esmagadora e óbvia.

Amém.

OBS- Clique na imagem para ampliá-la (Foto Deportes-Venezuela)

UM TALENTO MVP…

Inicialmente parabenizo as jovens equipes brasileiras por tão honrosos e promissores resultados nos campeonatos Mundial Feminino sub-19 e Sul Americano Masculino sub-17.

Como não tenho por hábito comentar o que não vejo, já que ilações advindas de análises estatísticas passam ao largo da dura realidade dos jogos, seus aspectos táticos e suas minúcias técnicas, é que me proponho tão somente emitir algumas considerações sobre o único jogo transmitido pela TV, onde a seleção brasileira enfrentou a norte americana numa das semifinais do Mundial.

Alguns críticos já vinham apontando, pela análise das estatísticas dos jogos, os altos números de erros de fundamentos, assim como os baixos índices de arremessos e as falhas consecutivas do sistema defensivo, que em síntese, retratam a nossa crua realidade ante a teimosa e já cansativa priorização dos sistemas de jogo e da preparação física, por sobre o ensino e a pratica dos fundamentos.

E a visualização destes pormenores, confirmou pela enésima vez, os repetidos óbices em nossa preparação de base, pois triste se torna a confirmação de que, acima de qualquer prioridade que vise o pleno domínio das técnicas individuais, prevalece desde sempre a imposição tática, advinda de um sistema único de jogo, maciçamente coreografado por técnicos que prezam mais seus coercitivos comandos, do que o domínio absoluto, e por isso mesmo altamente criativo (o que mais temem…), dos fundamentos individuais das jovens jogadoras.

Triste comparar tal domínio por parte das americanas (a maioria ainda com 17 anos), no drible, fintas, passes, arremessos, rebotes, postura defensiva, contra ataques, movimentação ofensiva incisiva, em contraste com nossas gritantes carências nestes mesmos pontos, porém singelamente tentados serem equiparados pela pujança física e enorme talento de nossas jogadoras, frente a uma igualdade  negada às mesmas por uma geração de técnicos voltada para dentro de suas vaidades, suas absurdas pranchetas (e aqui cabe um pormenor, pois pedidos de tempo foram transmitidos pela TV, quando nitidamente a técnica americana situava em sua prancheta aspectos e comportamentos técnicos individuais que deveriam ser tomados por suas jogadoras, ao passo que nosso técnico se estendia permanentemente sobre a movimentação de jogadas, o aspecto coreográfico que tanto menciono, quando as falhas a serem dirimidas seriam de caráter puramente individual, mas como as mesmas não são levadas em conta por nossas comissões desde sempre, sua coerência, apesar de altamente falha, foi mantida), apesar do pouco preparo nos meandros detalhistas dos fundamentos, onde cursos de 4 dias de duração(onde são graduados, classificados, ou mesmo provisionados) jamais os colocarão a par do que representam para o completo conhecimento do grande jogo.

Mas apesar de tantas deficiências, foi uma de nossas jogadoras a MVP da competição, não que se caracterizasse como eximia praticante dos fundamentos (onde tem serias deficiências), mas sim por sua pujança atlética, liderança e espírito guerreiro, e que mesmo com uma importante falha na mecânica do arremesso, ainda terminou a competição como a cestinha e melhor reboteira. Fico imaginando esse esplêndido talento  devidamente corrigido e fortemente preparado nos fundamentos, seria inigualável. E como exemplo de uma de suas carências, observemos alguns detalhes em seu arremesso, belo esteticamente, falho tecnicamente.

Nas fotos acima, comparemos a jogadora americana Hartley com a Damires no ato do arremesso em suspensão. Detalho o posicionamento das mãos no clímax do lançamento, e o que constatamos? Damires empalma a bola com sua longa mão, onde o contato com a mesma vai das falanges até as falangetas, oferecendo uma sucessão de entraves desestabilizadores quando da soltura final, com perda de força e direcionamento (alguns de seus arremessos sequer chegaram ao aro), pelo simples fato de não saber, ou nunca ter sido orientada e ensinada, que o controle tátil de uma esfera tem de ser exercido através pontos referenciais que envolvam a bola com equilíbrio e eqüidistância, ou seja, tocando-a somente com as falangetas dos dedos, como o exemplificado pela americana. E assim como a Damires, nossas outras jogadoras apresentaram falhas nos arremessos, inclusive bandejas, além, muito além de não dominarem a ambidestralidade básica nos dribles, tornando nossas armadoras, alas e pivôs previsíveis em suas esparsas investidas defesa a dentro.

Enfim, pelo seu talento inato e cru, alcançaram um brilhante terceiro lugar, e neste ponto deveríamos nos perguntar – E se nestes seis meses de treinamento, fossem 3/5 dos mesmos dedicados à técnica individual, cerne do futuro coletivismo, já que o nivelamento técnico se faria sentir, para ai sim, irem em busca de um sistema de jogo que realçasse suas habilidades e criatividade, em vez de saírem pelo mundo para  angariar “experiência”, mascarando reais deficiências, sedimentando um sistema anacrônico, pelo simples fato de não funcionar sem o suporte do básico, os fundamentos?

Eis uma instigante pergunta, com resposta favorável na medida em que competência, experiência e conhecimento do grande jogo seja a pedra de toque na orientação e ensino de nossa tão relegada formação de base.

O talento de nossos jovens já se faz merecedor de uma preparação mais cuidadosa, competente e responsável. Assim deve ser, e com o beneplácito dos deuses, o será, um dia…

Amém.

PS- Clique nas fotos para ampliá-las, e Control-Shift ++ para maior detalhamento. (Fotos FIBA)

“CHIFRE”…

(…)”Então fica a esperança de que com o título de ontem e com a produção de cinco armadores de bom nível que os jovens de um modo geral sejam bem trabalhados em seus clubes e nas seleções de base. De novo: não é que não tenha jogadores aqui (seria bobeira demais pensar nisso). Há, e há aos borbotões ainda. A questão é como lapidá-los e formá-los”.

Este é o parágrafo final do artigo Brasil revê grande safra de armadores, publicada por Fabio Balassiano em seu blog Bala na cesta, em 24/7/11.

“A questão é como lapidá-los e formá-los”, apregoa o excelente jornalista, e aqui, desta humilde trincheira ouso responder que nunca serão lapidados e formados a permanecer esse absurdo e retrógado sistema único de jogo, que os transformam em sinaleiros e maratonistas, e de uns tempos para cá, finalizadores, em vez de articuladores e organizadores de uma verdadeira equipe de basquetebol.

Observem bem a foto acima, na qual fica exposto todo o equivoco que a caracteriza, quando vemos um armador de seleção brasileira ereto e com a bola inerte em sua mão, atitude de quem acaba de receber um passe, e com a outra mão sinaliza um indefectível “chifre”, nomeada e sedimentada jogada que até os esquimós já conhecem, numa atitude que consume, na melhor das hipóteses, uns 3-4 segundos, de um total de 24 a que sua equipe tem direito de posse de bola a cada ataque, e durante toda uma partida, num desperdício de tempo absurdo e indesculpável. E mais, logo após um passe lateralizado, lá vai nosso comandante percorrer uma trajetória circular por trás da defesa adversária, num percurso aproximado de 20 metros, repetidos monocórdicamente a cada ataque realizado, num outro e lamentável desperdício, o físico. E mesmo quando driblando, o comportamento é o mesmo, na perda estúpida de um tempo crucial.

Vez por outra tentam um bloqueio frontal com a ajuda de um pivô, que se desloca das proximidades da cesta, sua colocação básica e estratégica, para fora do perímetro, a fim de tentarem algo próximo de um corta-luz de facílima defesa, restando aos indigitados protagonistas arremessos desesperados de três pontos, ou uma desbalanceada penetração.

Então, como fazer com que esse armador produza algo baseado em uma percepção aguçada e treinada de leitura de jogo, se perde um tempo precioso fazendo sinais, arrumando seus companheiros nas estratificadas posições, e correndo maratonas sem a posse da bola, e fora do foco direto das jogadas? Como? Desobedecendo a coreografia estabelecida e pranchetada por seus técnicos, que se tentadas os fazem fregueses assíduos dos bancos de reservas? Ou simplesmente abdicando de uma ousada e pensada atitude tática, para preservar seus minutos em quadra? Sem dúvida alguma, nossos armadores que não são lapidados, mas sim formados, não, formatados a um comportamento obediente desde muito, muito cedo, talvez sequer se conscientizem da existência de outras formas de jogar e atuar, se percorressem outros sistemas, e mesmo outras cabeças que os lapidassem e formassem.

No mesmo blog Bala na Cesta de hoje, uma ótima entrevista com o grande Dirk Nowistzki, nos transporta a um universo bem distinto do nosso, e completamente dispare à realidade da própria NBA, de onde se originou o sistema único que nos adotamos com a sofreguidão de uma religião absolutista, mais ainda quando ele afirma: “Acabei percebendo com o tempo que não precisava de tiros longos para ser um jogador dominante e que precisaria me tornar mais versátil se quisesse ter vida longa na NBA. Quando cheguei na liga precisei me acostumar com o jogo de contato que há por lá, e acabei me esquivando um pouco disso nos tiros de três pontos. Além disso, tive que me tornar um passador e um defensor melhor, além de adquirir técnicas de infiltração, coisa que não tinha quando era um novato”. E sobre a armação da equipe: “Sobre o Carlisle, ele teve o mérito de ter fechado e unido o grupo como nunca havia visto na liga. Além disso, e isso vejo pouca gente falar, deu grande liberdade para o Jason Kidd armar – e acho que isso deu resultado, né.”

E mais poderia dizer se abordasse a formidável dupla armação que propiciou toda aquela gama de criatividade aflorada no Jason, no Terry e no Barea, arma letal que impulsionou os homens altos para dentro das defesas adversárias, e dando ao Dirk a oportunidade de expor todo o seu enorme e formidável repertório de ações ofensivas.

Sim meu prezado Fabio Balassiano, lapidar e preparar nossos armadores é um dos caminhos que temos de percorrer para soerguermos o grande jogo entre nós, mas como fazê-lo sob a égide e domínio de um sistema totalmente manobrado de fora para dentro das quadras, em todo o país, em todas as faixas etárias, em todas as divisões, e que se perpetua através cursos de 4 dias na formação(?) de até agora, 490 novos técnicos, através uma ENTB que não enxerga um palmo além dos narizes de seus doutos líderes, utentes e destacados defensores do sistema em questão?

Quando desde sempre defendi, difundi, preparei e lapidei armadores para atuarem em duplas, se ajudando e socorrendo em todas as instâncias de um jogo ferozmente arraigado e manipulado a técnicos e pranchetas de passos marcados, o fiz com a deliberada atitude de quem respeita acima de tudo, a técnica individual através os fundamentos do jogo, e mais ainda, através o poder de criação, somente acessado por aqueles que prezam a arte do discernimento, do livre arbítrio, que são os fatores inerentes ao progresso de um núcleo humano, de uma equipe desportiva ( aqui um exemplo prático).

Sim, temos talentos aos montes, jovens que poderiam liderar suas equipes com a força e o embasamento de seus fundamentos e de sua criatividade, mas, infelizmente, poucos são aqueles que detêm o conhecimento para lapidá-los e treiná-los, já que expurgados do meio por não rezarem da cartilha que ai está implantada e cristalizada.

Finalmente, afirmo com convicção, de que se não abrirmos as portas para novas formas de jogar e de preparar nossos jovens, dificilmente tornaremos a nos ombrear no plano internacional, pois de 1 a 5, o mundo lá fora tem bem melhores e mais preparados jogadores do que nós, essa é a mais pura realidade.

Amém.

ABAIXO DA EXCEPCIONALIDADE…

  • ·  Basquete Brasil 15.07.2011 (6 dias atrás).

Concordo com você quanto a qualificação de nossos jogadores para o Pré, Will, mas somente se o Magnano subverter bastante a mesmice técnico tática de nossa seleção, talvez o único argumento que a coloque em supremacia ante as seleções rivais, e para tanto a dupla armação e a escalação de pelo menos dois de nossos pivôs deva ser priorizada, e ainda, a possibilidade, perante tais perspectivas, de uma convocação de armadores de oficio, que temos muito bons, a fim de iniciarmos a campanha com quatro deles (duas duplas, ou no mínimo três deles) na equipe. Creio que ainda temos tempo suficiente para um enfrentamento qualitativo entre os atuais selecionados (Huertas, Raul, Benite), com jogadores como Valter, Helio, Eric e Rafael, todos bem mais experientes, ofensiva e defensivamente do que, por exemplo, o Raul, numa posição onde a vivência é primordial. Claro, que na opção da dupla armação, pois se, infelizmente, optar pela armação de um homem, o que ai está poderá dar para um gasto sobejamente conhecido por todos os nossos concorrentes na Argentina (…).

Acima, num comentário agregado ao artigo O Álibi, onde a não participação do armador Larry Taylor se prenunciava de difícil solução, antevi sérias dificuldades que enfrentaria o Magnano na formação final da seleção nacional, mencionando que novas convocações pudessem ser feitas, pois afinal, tratava-se de uma seleção prestes a enfrentar o duro e pedregoso caminho de um Pré Olímpico.

Um mês antes, publiquei o artigo O Apogeu da Mesmice, ou o Renascer do Grande Jogo, onde menciono os possíveis caminhos técnico táticos, que poderiam ser trilhados pelo técnico Magnano na condução da seleção, cujo ponto de mais flagrante sensibilidade seria a definição sobre o(s) armador(es) da mesma, e de como se comportaria ante uma simples ou dupla armação:

(…)Mas para tanto, nosso hermano necessitaria de profundos ajustes em sua relação de convocados, a começar pela armação, pois se não temos (é o que afirmam os experts, e que discordo veementemente…) jogadores suficientemente experientes para o sistema único de um armador, teríamos na dupla, onde a ajuda continua no levar a bola, atuação em toda a extensão do perímetro, e agilização  do sistema defensivo, um suporte que em muito compensaria tal deficiência, já que na ajuda contínua a mesma seria vantajosamente compensada. Mas, Benite e Raul ainda não possuem a maturidade funcional, assim como o Nezinho peca pelo individualismo crônico,  o Leandro, Marcelo e o Alex, também pecam nas qualidades ambilaterais exigidas para a função, sobrando tão somente o Huertas e o Larry, que dificilmente, por suas características o faria optar pela dupla armação, e mais ainda se o Larry não for, e a prova é que o Fúlvio, o Helio e outros bons armadores que temos sequer foram cogitados(…).

E se configurou o que tinha previsto com a mais do que certa ausência do Larry, deixando o bom técnico argentino um tanto “pendurado na broxa”, e de tal forma, que assessorado bem ou mal (fico com a última hipótese…), vai em busca de um jovem armador de somente 19 anos para o lugar do americano de 30, deixando pairar no ar sua não convicção nas qualidades dos armadores previamente convocados e em ação nos treinamentos, convencido de que sua participação no campeonato espanhol, assim como o Huertas, o tornara capacitado a tão especifica e altamente técnica função. No entanto, jamais poderemos omitir o fato real de que tem somente 19 anos, jogando numa posição que até mesmo o Rubio se ressentiu na finda temporada, também aos 19 anos, e que muitos criticaram pela pouca evolução…

Utilizando uma simples ou dupla armação, nossa seleção necessitará de um comando firme, lúcido, experiente e maiúsculo dentro da quadra, função (ões) esta (as) somente exercida (s) por jogadores experientes e vividos, como o Huertas atual, e alguns dos bons e experientes armadores que temos aqui atuando, e que foram (como sempre…) esquecidos e mesmo ignorados.

Torno a enfatizar que se uma equipe utente da armação simples se ver diante da fragilidade técnica de um seu formidável armador, por ser em tese o único disponível, e, por conseguinte não podendo participar com o máximo de seu condicionamento físico por toda uma competição com tal desgaste, não será um reserva de 19 anos que equilibrará a situação, a qual poderia ser razoavelmente contornada com a utilização de dois experientes e rodados armadores, que bem poderiam se situar num estágio abaixo da excepcionalidade, ajudando e amparando-se permanente e decisivamente naqueles momentos de pressão e definição, fatores que nos tem roubado vitórias redentoras nos últimos anos.

Não conheço na prática o novo convocado, mas conheço de sobra todos aqueles que não o foram, numa escolha que poderá se transformar num autêntico tiro no pé. Torço para estar enganado, de coração, mas…

Amém.

A PREDIÇÃO DE UM FORUM…

Muito se tem falado e comentado sobre sistemas de jogo nestes últimos tempos, e qual deles melhor se adequariam ao modo de agir, pensar e jogar do jogador brasileiro. São debates apaixonados e muito pouco ligados a uma evidência inquestionável, a de que discutem, como muito poucas variações, um sistema único de jogo, aqui implantado a mais de 20 anos, e continuado através uma difusão maciça, desde as categorias de base, até nossas seleções representativas, o sistema NBA, considerado o supra sumo das ações técnico táticas no universo do grande jogo.

Desde sempre discordei desse sistema, desse modo de agir e pensar o basquete, pois o mesmo se fundamenta numa realidade somente existente no basquete americano, com sua base voltada aos fundamentos e o sistema em si, através muitos milhares de praticantes nas escolas e universidades, e de modo parecido nos países europeus, com suas prioridades voltadas à educação, onde o desporto ocupa um lugar de primordial importância no processo da formação integral de seus jovens.

Ante tão profícuas e evidentes questões, nossa realidade se situa na contra mão daquele primeiro mundo, numa contundente constatação de que não possuímos e sequer dominamos um mínimo de conhecimentos básicos, não só no campo desportivo, como, e principalmente, no aspecto acadêmico em geral, nos situando, infelizmente, na situação de puros imitadores dos resultados finais alcançados por aquelas nações, sem os estágios probatórios das etapas necessárias por que passaram ao longo de décadas, como se o fato de pularmos etapas nos alinhassem aos mesmos nos conhecimentos e na produtividade, num ledo e triste engano.

Então, e no caso do basquetebol, discutir sistemas de jogo, dissociado da formação básica nos fundamentos, soa falso e sem propósito, já que sistemas, sejam lá quais forem, somente se materializam e exequibilizam quando têm como base sólida de apoio, o pleno domínio dos fundamentos, sem os quais perdem todo o sentido prático.

Portanto, desde muitos anos atrás, quando do preparo das muitas equipes que dirigi, o foco prioritário sempre foram os fundamentos, o pleno domínio dos mesmos, para todos os jogadores, fossem baixos ou altos, fossem armadores, alas ou pivôs, de equipes infantis ou de elite, todos, aprendendo de forma igual, com os mesmos requisitos e exigências, sem exceções, para mais adiante, optarmos por sistemas que melhor se coadunassem com as características de cada um, e não mergulhando-os num sistema único, padronizado e engessado a jogadas pré estabelecidas e coreografadas. E assim foi por longos 50 anos, apostando na capacidade que cada jogador se desenvolvesse no domínio, leitura e amor ao grande jogo.

Finalmente, em 2010 dirijo uma equipe na LNB, que por ser da elite despertou uma enorme curiosidade pelo fato de treinar fundamentos e jogar de “forma diferente”, quando na realidade o fazia fora dos rígidos e engessados padrões que nos impuseram nos últimos 20 anos, tanto em sua preparação baseada nos fundamentos, como no sistema de atuar com dupla armação e tripla atuação no perímetro interno, o que despertou alguns interessantes debates, como esse fórum que surpreendentemente descobri ao percorrer os muitos existentes no blog Draft Brasil – Um pouco de táticas e algumas reflexões que apesar de não ser muito extenso, descobre uma forma não usual de discussão, pois situa o sistema por nós utilizado, numa possível utilização por equipes da NBA, sem mencionar como possível utente do mesmo aquela que veio a se sagrar campeã esta temporada, a equipe do Dallas, que se utilizou de um sistema correlato, cujos detalhes em muito se assemelhavam ao nosso, quebrando de uma vez por todas o rígido sistema da grande liga, num processo que teve no Coach K, quando da direção da seleção americana, vencedora do último mundial, o seu grande incentivador.

Vale a pena dar uma olhada no fórum, quando muito, para avaliarmos o quanto de positivo avanço técnico tático incrementou aquela grande equipe, no âmago do grande e portentoso basquetebol que praticam, ao mesmo tempo compararmos o que ocorreu com o “basquete diferente” desenvolvido pelo Saldanha no NBB2, varrido e jogado para baixo do tapete da história, como uma contravenção indesculpável e inimaginável dentro dos medíocres padrões que teimamos em seguir, disseminar, formatar e padronizar no país, muito mais agora através uma ENTB investida nessa tenebrosa e suicida continuidade, numa progressão aritmética que já alcança 490 técnicos graduados no nível 1 em 3 cursos de 4 dias, autêntico e dantesco recorde mundial, tendo antes graduado em seu curso inicial técnicos de nível 3,  também em 4 dias. E pensar que estudo, pesquiso, ensino, divulgo e pratico o basquete a mais de meio século, e sequer imagino, por não me importar, o nível a que pertenço, já que me situo e considero um humilde professor e técnico, com muito ainda por aprender, e ensinar o grande jogo.

Amém.

O ÁLIBI…

O Pré Olímpico bate às portas, e já saberemos se marcaremos, ou não,  os passaportes para Londres, depois de 16 anos de sentida ausência nas quadras olímpicas.

Mas antes, e desde sempre, estabeleceu a CBB um roteiro da mais absoluta e deslavada incompetência, na teimosa e delirante mania de pré definir uma seleção que somente existe no imaginário de seus luminares, especializados numa espécie de álibi às custas de pretensas e conhecidas  ausências de competições desse porte, pois contratos milionários não podem ser postos em risco pela aventura de defender um país onde o basquetebol é mercadoria de terceira categoria, tendo uma administração de quinta.

Viagens aos Estados Unidos, Canadá e Europa levaram nas classes executivas e hotéis de primeira linha, técnicos e dirigentes, com a missão redentora de ouvirem ao vivo e à cores, os testemunhos de tão importantes personalidades, quando um simples e objetivo email, convocando-os à defesa de seu país seria o caminho óbvio a ser tomado, pois ante a presença bajuladora, e a vinda após convocação, um único fator se faria presente, a efetiva vontade e disposição de participar.

No entanto, tais viagens encenaram um pastiche operístico, o de estabelecer para o público torcedor aquela que deveria ser a seleção ideal, real e reconhecidamente capaz (?) de nos levar a Londres, alimentado-o com falsas (porém bem articuladas…) ilusões, quando a realidade dos fatos apontavam na direção contrária,  agora desmascarados, de que tal encenação simplesmente alimentava o álibi de um possível fracasso, perante o qual as culpas e desvios teriam de ser convenientemente justificados pelas ausências agora anunciadas através… email’s, numa desigual contrapartida.

Acredito firmemente que o técnico Magnano tenha se apercebido da situação que se desenhava à frente, e aproveitando o momento sugeriu a convocação do excelente Larry, mesmo sabedor dos prolongados trâmites por que passam aqueles que desejam a naturalização em nosso país (o jogador Shamell já a tenta a anos…), robustecendo o álibi a uma possível desclassificação olímpica, já que quatro jogadores básicos estariam fora da disputa, o Nenê, o Leandro e o Larry, além da impossibilidade médica do Anderson.

Pronto, consciências libertas ante uma possível derrota, já que grande parte do nosso pretenso poderio estará ausente, ficarão expostos à linha de fogo aqueles que atenderam a convocação, e que sei lutarão com a valentia e a técnica de que são possuidores, e que mesmo sub valorizados, sempre honraram a camisa do país, e cujo único álibi é estarem sempre presentes quando convocados.

Então, ficamos assim acordados, temos um substancial álibi se tudo der errado, afinal de contas, estamos “definitivamente” sem nossa força (?) maior, e um maior ainda, se “repentinamente” nos classificarmos.

Sem dúvida alguma é mágica essa palavrinha, álibi, ainda mais nas mãos de profissionais na arte de utilizá-la.

Amém.

 

ALIBI (á), s. m. Presença de uma pessoa em lugar diverso em que se perpetuou o crime de que ele é acusado; (p. ext.) justificativa ou escusa aceitável. (Do lat. Álibi.)

(Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa)

PS-Dirimindo qualquer dúvida, esse artigo foi postado às 0:42 da madrugada de 14/7/11.