O QUARTO E QUINTO DIAS…

Quarto dia- Fizemos um treino matutino de fundamentos específicos para armadores e pivôs, numa tentativa de anteciparmos as etapas de ajustes entre as ações de fora e de dentro do perímetro, ações estas que necessitam de um bom espaço de tempo para serem dominadas, pois a coordenação entre os dois segmentos é difícil e exige que muito tempo seja despendido. Mas, o primeiro jogo sendo no dia seguinte, algo deveria ser tentado, mesmo com uma perda de precisão, acentuada pela quase certeza de que o armador chileno recém chegado teria poucas chances de participação, dado a pequenos detalhes burocráticos necessários a sua inscrição junto à CBB.

Três armadores é o mínimo necessário à rotação obrigatória no sistema que empregamos, e a ausência do bom jogador chileno teria de ser coberta por uma improvisação, no preparo de um ala, objetivando sua nova e difícil missão. Logo, nossa maior carência tática já se delineava para o jogo.

Os exercícios específicos constavam de dois pequenos circuitos delineados por cadeiras, onde as movimentações de armadores e alas pivôs tentavam recriar situações de jogo e suas peculiaridades.

Finalizamos a pratica com exercícios de arremessos, principalmente os DPJ (drible, parada e jump), e os lances livres.

No treino vespertino, a impossibilidade de utilizarmos uma quadra de jogo, emborrachada, e limpa com detergente de base oleosa, tornando-a perigosamente escorregadia, fez ruir nossa pretensão de aplicarmos e desenvolvermos as ações de coordenação entre os armadores, atuando fora do perímetro, com os alas pivôs dentro do mesmo, agregando mais um atraso na preparação técnico tática da equipe.

Quinto dia- Conseguimos o ginásio da Associação Atlética Cabofriense para o treino da manhã, cuja quadra de jogo apresentava somente uma das cestas em condições, permitindo sua utilização para exercícios em meia quadra. Enfatizamos ao máximo que podíamos o entrosamento entre armadores e pivôs móveis, repetido e detalhadamente, sabedores, no entanto, que muito e muito mais teríamos de praticar o novo sistema, diferenciado em tudo do que era realizado por todos os integrantes da equipe, mas num ritmo mais contido a fim de não nos desgastarmos para o jogo da noite.

Foi um treino de boa qualidade, no qual já começava a se desenhar as soluções ofensivas criadas pelos próprios jogadores, ao desenvolverem com mais precisão a leitura da defesa que enfrentavam, meta prioritária do sistema proposto.

Terminamos com uma longa exposição sobre os problemas técnico táticos que a equipe estava enfrentando, e os muitos obstáculos que ainda teria de enfrentar, para alcançar um patamar de boa qualidade nos jogos, assim como tornei claro a todo o grupo minha insatisfação sobre os graves problemas técnico administrativos que estava a enfrentar até aquele momento, quando não descortinava muitas e razoáveis probabilidades de vê-los equacionados pela direção administrativa da equipe. Afiancei meu compromisso de prepará-los da melhor forma possível dentro do escasso tempo disponível, visando os dois jogos da semana, difíceis e decisivos para a classificação ao playoff semi final, e também estabelecendo um prazo final na cobrança da promessa contratual estabelecida para a minha vinda e estada a Cabo Frio, que até o momento se exequibilizava pelo empenho deles próprios, os jogadores, nas reservas hoteleiras, na alimentação, para que o básico conforto de minha estadia fosse preservado, numa experiência inédita e tocante que experimentava na minha longa carreira de técnico e professor.

Perante tal realidade de descompromisso unilateral financeiro, anunciei constrangido e muito triste que manteria minha palavra e trabalho até o final do segundo jogo da semana, pois, ao iniciar uma reforma técnico tática de tal monta e importância no comportamento técnico de todos, tornava-se prioritário que os mesmos experimentassem, pelo prazo que fosse, as realizações e conseqüências de tão profundas atitudes e ações no sentido prático, aceitas e exaustivamente trabalhadas por eles até aquele momento. E ao preferir e optar por aquele desabafo algumas horas antes do primeiro jogo, bem sei, e avaliei, o impacto que poderia implodir o trabalho até ali realizado, mas, também, quis dividir com todos, o sentimento maior que amalgama os integrantes das grandes e verdadeiras equipes, o sagrado compromisso do comprometimento, compromisso este que me acompanhou por toda uma vida, e que seria preservado até o momento em que ela terminasse.

Acredito firmemente que todos compreenderam, e mesmo sem aceitarem o futuro desfecho, partiram para Macaé com a plena disposição de que todo o esforço despendido não teria sido em vão. E parti com eles.

Amém.

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COMEÇAR DE NOVO (OS TRÊS PRIMEIROS DIAS)…

Estou em Cabo Frio, e até hoje cedo afastado da internet pela incompatibilidade de meu laptop com a rede do hotel, sem a mais remota possibilidade de se darem bem.

Por isso, não tenho tido acesso ao blog nos últimos cinco dias, defasando-o lamentavelmente, no que peço sinceras desculpas.

E foi um dos jogadores que me propiciou a retomada do blog, ao me emprestar um Vivo 3G, que devidamente espetado me devolveu  o controle do mesmo.

E que formidável grupo de jogadores, que fazem de tudo para exequibilizar  sua equipe, desde a minha reserva no hotel, a alimentação de todos num restaurante conveniado, da reserva dos horários no ginásio municipal, até a manutenção de uma unidade de pensamento que une e fortalece a todos por um objetivo comum, o de disputar com orgulho e dedicação a Copa Brasil da região sudeste.

São onze ao todo, completando a equipe comigo na direção técnica, sem assistente, sem equipe de apoio, e contando com mais um abnegado na função de diretor plenipotenciário.

Realmente são um grupo carente de quase tudo, mas que retiram dessa situação anômala toda uma força contagiante e promissora, na qual creio estar inserido neste exato momento, e se me perguntarem seriamente- Como, e porque?-  só teria uma resposta convincente a dar – Por que me contagiei pela bela promessa que todos eles representam.

Treinamos duro a três dias, como sempre gostei de treinar, partindo dos fundamentos, os velhos, tradicionais, básicos e sempre esquecidos fundamentos, sim senhores mestres do grande jogo, fundamentos com jogadores adultos, alguns para lá de veteranos, alguns que nunca treinaram dessa forma, mas todos, respeitosamente imbuídos da dura e sacrificada proposta que propus, sem falsas promessas, sem pseudos enganos, mas plena de sinceras e bem vindas esperanças.

Pela premência de tempo, já que na próxima terça feira enfrentaremos o Macaé em seus domínios, e na quinta, o Tijuca em casa, fomos obrigados a saltar algumas etapas do plano inicial de treinamento, etapas estas que pretendemos retomar na semana do carnaval.

E como já tinha feito quando dirigi a equipe do Saldanha da Gama no NBB2, passo a partir de agora a relatar dia a dia todo o trabalho de formação, organização e treinamento dessa corajosa equipe de Cabo Frio, bela cidade litorânea de meu amado estado do Rio de Janeiro, como um preito de respeito aos jovens técnicos do país, tão sequiosos de aprendizagem, não aquela de 4 dias assistindo palestras e relatórios estéries, e sim acompanhando uma real e impactante experiência, da qual podem e devem participar sempre que desejarem, mesmo cercada de carências materiais e orçamentárias, mais plena de força e coragem de enfrentar o novo, o inusitado, com responsabilidade e conhecimento.

E fico a pensar seriamente ao me debruçar por sobre a bela Praia do Forte, do quanto de potencial existente nessas belas e ricas cidades da costa fluminense, poderia influenciar, desenvolver e soerguer o grande jogo em nosso país, tão carente de novos rumos, de novos e determinantes desafios.

Então, vamos à luta, e quem sabe…

Amém.

OBS-Foto do circuito inicial de fundamentos, e o treino em si.

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OS DIFERENCIADOS…

‘Aqui não queremos mais um, mas o diferenciado’, diz técnico da sub-19

Em Minas, jogadores passam por rotina puxada com Neto e Magnano para saber se estão aptos a jogar e suportar a pressão de defender o time principal

Por Danielle Rocha Direto de São Sebastião do Paraíso, MG


Há menos de uma semana, as famílias foram deixadas para trás, e a rotina mudou. O endereço passou a ser um hotel em São Sebastião do Paraíso, de onde 16 meninos partem duas vezes por dia em busca do sonho de vestir a camisa da seleção brasileira adulta. A caminhada até a Arena Olímpica dura cinco minutos e é feita rigorosamente sem atrasos. Lá, José Neto, Rubén Magnano e uma comissão técnica completa aguardam pelos jogadores, entre 15 e 18 anos, para ajudá-los a desenvolver suas potencialidades. Além de todos os testes e treinamento puxado, é preciso também seguir uma cartilha nos próximos seis meses. No vestibular do basquete, só passa quem tiver maior capacidade de suportar a pressão.

– Aqui não queremos mais um jogador, queremos o diferenciado. Esses meninos foram observados por mim e pelo Rubén, e foi muito importante ter o aval, o feeling dele durante o processo de escolha porque ajudou a formar uma geração vitoriosa na Argentina. O objetivo é desenvolvê-los, adaptá-los às posições que se enquadram melhor, para que possam chegar à seleção principal mais para frente. Todos têm potencial para estourar e já entenderam o que queremos deles. O basquete internacional exige cada vez mais versatilidade. O mundo procura isso para tornar o jogo imprevisível – disse Neto, técnico da seleção permanente sub-19.


É preciso também mostrar atitude e responsabilidade, apesar da pouca idade. Como Magnano gosta de dizer, não se trata um quartel e nem de um mosteiro, mas algumas regras precisam ser seguidas. Uma delas é comunicar sempre as saídas.

– Eles não vão ser vigiados e não vamos privá-los de fazer coisas. Mas é preciso seguir horários e só podem sair na folga para alguma cidade vizinha se tiverem a autorização dos pais. Também iremos cobrar e acompanhar os estudos porque estamos formando pessoas. Aqui seremos técnicos, pais e irmãos. Eles vão aprender a dividir as coisas, e o grupo vai crescer com as diferenças de histórias de cada um. Há gente aqui que veio de família com vida muito difícil e está pegando esse desafio com fome, como uma oportunidade de mudar.

Para que não haja excesso no empenho, os jogadores estão sendo acompanhados pelo fisiologista Rafael Fachina, que montou um programa inspirado no que é feito nos laboratórios olímpicos da Austrália e da Inglaterra. Todos serão foram mapeados e serão reavaliados a cada dois meses com testes que indicam o índice de fadiga, a potência, capacidade de reação a estímulos, velocidade e agilidade.


– Costumo dizer que sou para eles como a telemetria na Fórmula 1 e a bússola para o marinheiro. Os testes dão o caminho para o preparador físico e o treinador. Nós podemos saber o que está limitando a evolução deles, que modelos táticos podem ser aplicados para aquele momento e fazer treinamentos individualizados. Os aparelhos de musculação que estão para chegar foram escolhidos especialmente para o tamanho deles e todos estão sendo filmados diariamente para que os movimentos sejam mais bem avaliados e corrigidos. Há meninos com faixas etárias diferentes e será um desafio muito grande.

A partir da próxima segunda-feira uma nutricionista e um psicológo se juntarão ao grupo. Os treinos ficarão mais fortes e sobrará pouco tempo para pensar em outra coisa que não seja basquete. Se alguém reclama? A resposta vem em forma de sorriso e um “tem que ser assim mesmo!”

Todo professor bem formado e informado sabe muitíssimo bem que pré e pós adolescentes, dificilmente podem ser classificados esportivamente como diferenciados nas modalidades coletivas, e quando muito se encaixariam na definição de talentosos, onde muito poucos darão seguimento às suas potencialidades, e em muitos casos, nenhum.

Durante os sombrios anos da guerra fria, os países do leste europeu e a China continental saíram em busca dos jovens desportistas diferenciados, e em nome dessas pesquisas muitas barbaridades foram cometidas pelos cientistas da performance e da medalha a qualquer custo. Muitos ainda sofrem os efeitos colaterais advindos daquela política que tinha como objetivo a propaganda do regime vigente.

Muitos destes países, após a derrocada comunista se voltaram para a educação de alta qualidade de seus jovens, e já começam a garimpar resultados em todas as áreas, das ciências exatas às humanas, nas artes e no desporto.

Em terras tupiniquins, ainda se propaga o lema – “Aqui não queremos mais um, mas o diferenciado”, numa tosco review do fracasso totalitário, quando deveríamos nos lançar de encontro às soluções educacionais que sucederam aquela malograda experiência da guerra fria, e com uma vantagem incomensurável, a de não ter sofrido as agruras por que passaram aqueles povos e seus jovens.

Mas não, a sede de resultados e possíveis medalhas em 2016, empurram jovens nos braços de uma aventura cientifica falida no passado, centrando em 16 jovens objetivos que deveriam ser formulados à massificação da modalidade, nas escolas, nos clubes, nos parques, e não numa cidadezinha mineira à sombra de uma elitização desproporcional e absurda.

-“O objetivo é desenvolvê-los, adaptá-los às posições que se enquadram melhor, para que possam chegar à seleção principal mais para frente. Todos têm potencial para estourar e já entenderam o que queremos deles. O basquete internacional exige cada vez mais versatilidade. O mundo procura isso para tornar o jogo imprevisível”.

Leram bem essas afirmações, vislumbraram o foco da questão, o objetivo básico dessa aventura que está sendo perpetrada junto a jovens de 15 a 19 anos?

Primeiro, desenvolver e adaptar a turminha de diferenciados nas posições de 1 a 5 como determina e exige o basquete internacional que busca (equivoco deslavado…) a versatilidade e a imprevisibilidade do jogo?

Mas como ser isso possível num universo técnico tático em que todos jogam e atuam iguais dentro de suas mini capitanias hereditárias de 1 a 5?

Exatamente por esse fator igualitário é que se insurge matreiramente o diferencial físico,com suas valências “cientificamente” impostas através testes que visam acentuar e referendar tal diferencial.

Logo, o raciocínio mais simplista confere ao estado atlético a supremacia nas posições especializadas de 1 a 5, numa apologia definitiva dos embates 1 x 1 que encontram na NBA seu ícone incontestável.

Jogar e atuar diferentemente da matriz internacional sequer passa nas extraordinárias e inteligentes mentes que dirigem e formam nossos jovens nas seleções, pois para que isso fosse factível muita coisa teria de ser mudada, estudada e pesquisada de verdade, trabalhos estes incompatíveis com a mesmice endêmica que professam. Por que mudar o que corporativistamente é aceito por todos? Para que complicar o que tem e vem garantindo polpudos empregos a uma elite que domina nosso basquete nos últimos 20 anos? ( E como um profissional altamente qualificado como o Rubén Magnano se submete a ceder seu aval, “seu feeling” a escolhas pessoais do técnico da equipe?)

-“Também iremos cobrar e acompanhar os estudos porque estamos formando pessoas”.

Mas como ser isto possível se –“A partir da próxima segunda feira uma nutricionista  e um psicólogo se juntarão ao grupo. Os treinos ficarão mais fortes e sobrará pouco tempo para pensar em outra coisa que não seja basquete. Se alguém reclama? A resposta vem em forma de sorriso e um “tem que ser assim mesmo!”.

Se eu fosse um dos pais desses jovens reclamaria veementemente, aliás, sequer permitiria que um filho meu servisse de cobaia a experimentos inspirados em laboratórios olímpicos da Austrália e da Inglaterra, ainda mais aos 15-19 anos.

E pensar que já dominamos a arte de formar excepcionais jogadores de basquete, contando com o conhecimento e o domínio do grande jogo por parte de grandes mestres, vendo-o praticado em todo território nacional, e agora entregue a cientistas e…

Definam vocês…

Amém.

DANDO AS CARTAS…

SELEÇÃO MASCULINA INICIA TESTES FÍSICOS
07/02/2011 22:38 h

Os 16 atletas da seleção brasileira de desenvolvimento realizaram testes físicos específicos para a prática do basquete. O fisiologista Rafael Fachina e o preparador físico Diego Falcão utilizaram fotocélulas para marcar o tempo dos atletas no teste de velocidade. Os jogadores ainda serão avaliados na plataforma twin plates da Globus, que tem como objetivo analisar os saltos.

“Estamos finalizando a primeira fase de avaliações. Os testes servem para verificarmos a resistência e a velocidade dos jogadores. Com os resultados, teremos informações de cunho científico para direcionamento do treino e também fazer um mapa do atleta, para que o preparador saiba o que esperar fisicamente de cada um. Alguns atletas já possuem um ritmo muito bom e outros estão começando a parte do treinamento de alto nível. Após esta primeira etapa, que tem objetivo diagnóstico, faremos mais duas baterias para controle e evolução da performance”, comentou Rafael Fachina.

“Cerca de dois anos atrás o nível de um jogador era bem inferior, mas isso já evoluiu bastante. Nosso dever é continuar e aperfeiçoar essa mudança. Outro objetivo será o de transformá-los em grandes atletas, não só na estatura que já possuem, mas em jogadores rápidos, ágeis e funcionais para o exercício da modalidade. Com isso, teremos um time com velocidade e forte defensivamente.

Além disso, deixar cada um com o melhor nível possível de condicionamento, claro que de acordo com a resposta biológica individual”, disse o preparador físico da seleção de desenvolvimento, Diego Falcao.

18 de Janeiro de 2011 Comente Adicionar aos favoritos Enviar a um amigo Imprimir

NBB

Que tal minha gente, formidável, não?

Sou do tempo em que preparávamos jogadores através doses maciças de fundamentos, com seus posicionamentos exagerados, tanto nas flexões, como nas extensões dos membros inferiores, dos alongamentos nos passes, do controle sutil e básico do centro de gravidade nas paradas, partidas, dribles e fintas com e sem a bola, do posicionamento nos rebotes, onde o saltar mais alto na maioria das vezes cedia o domínio da bola ao mais bem colocado, no controle e domínio do binômio tempo/espaço, da exigência posicional a fundo nos deslocamentos e acompanhamentos defensivos, das longas sessões de arremessos que acompanhavam uma estrita e bem detalhada progressão pedagógica, dos duelos 1 x 1, onde o drible, a finta e a defesa eram exigidos ao máximo em seus fundamentais detalhes, onde as praticas em duplas, trincas e quadras aprimoravam resistências físicas e mentais, onde os técnicos exerciam seus conhecimentos do grande jogo, de seus fundamentos, de seus reais e decisivos objetivos, e quando uma ou outra deficiência de ordem física se manifestava pelas diferenças naturais aos jovens, em obediência e concordância a seus ritmos biológicos, atividades de reforço e de cunho aeróbico, e mesmo anaeróbico, eram utilizados complementarmente aos exigentes fundamentos. E grandes gerações assim foram formadas, vencedoras em mundiais e olimpíadas, plenas de saúde e força, jogadores de altíssima qualidade em que se transformaram, e não somente atletas como o são fabricados nos dias de hoje.

Preparadores físicos definem quem salta, quem corre mais, quem resiste aos trancos, quem arremessa de maiores distancias, quem pode se transformar “em jogadores rápidos, ágeis e funcionais para o exercício da modalidade”, orientando e fornecendo ao “preparador”(?) “informações de cunho científico para direcionamento do treino”, como se fosse a peça mestra e maestra da equipe em seu todo, como cientistas que julgam ser, acima de qualquer liderança, mais propriamente, acima do Técnico Principal, que pelo seu lado abdica servilmente de seu comando e total responsabilidade, permitindo que sua equipe seja transformada num bando experimental de atletas, e não, de jogadores de basquetebol.

“Discurso de velho, de ultrapassado, etc, etc, mas esquecendo que, mais do que eles todos sou um Doutor em Ciencias do Esporte, cuja tese versa coerentemente sobre…Basquetebol, e não “Twin plates da Globus”, seja lá que  nome for, mas que bem sei serem absolutamente incapazes de ensinar, vejam bem, ensinar convincente e decisivamente um jovem a driblar, passar, arremessar, defender, rebotear e jogar em equipe, o grande jogo.

Mais uma geração de jovens promissores estará se transformando cientifica e laboratorialmente em atletas de “alta performance”, mas que continuarão a tropeçar nos dribles e nas fintas, a arremessarem orgiasticamente dos três pontos, a passarem fora do tempo, a disfarçarem que defendem, a praticarem o sistema único de suas vidas, “especializando-se” nas posições de 1 a 5, e sendo hipnotizados e manipulados pelas indefectíveis pranchetas, que definem e ordenam o que fazer e como se comportarem como grandes, eficientes e científicos atletas que o instaram a pensar que são, mas que sequer desconfiam do que poderiam vir a ser se jogadores fossem, se como eficientes, inteligentes, criativos e autônomos jogadores fossem ensinados e preparados a se comportarem, a se independerem, tornando-se dessa forma, plenos no conhecimento de si mesmos e na aceitação do espírito comunitário e de uma verdadeira concepção do que venha a ser uma equipe de basquetebol. E ainda fico imaginando se toda essa bateria de testes científicos tivessem sido aplicados num Shaquille, num Jordan, num Bodiroga, num Duncan, num Bogues, com suas dilexias, estaturas e obesidades juvenis, nenhum teria sido aprovado.

Mais uma vez incorreremos no erro, no supremo e suicida erro de substituir o preparo fundamental de jovens jogadores, a plena continuidade de seus estudos, pela premissa cientifica de quem absolutamente nada entende do grande jogo, absolutamente, nada, mas que praticamente, dão as cartas, em nome da ciência.  Mas que ciência, a do jogo? Creio que não…

Amém.

SURGINDO…

Foi uma vitoria fundamentada na inteligência, do grande conhecimento de uma forma de jogar, que mesmo sendo plenamente conhecida, e altamente previsível, encontrou respostas objetivas e espantosamente óbvias.

Obviedade esta que foi negligenciada pela equipe do Pinheiros, que partindo do principio de que sua constituição estelar, de alta capacitação técnica em todas as posições, seria por si só suficiente para estabelecer supremacia territorial, se viu surpreendida por um outro e decisivo fator, o emocional.

Emoção aquela que define comportamentos físicos e técnicos, onde duas enterradas pinherenses sofrem o “toco de aro”, e uma outra sutilmente não concretizada determina o fim do jogo através uma singela bandeja do Bambu, após primoroso passe de um Eric que arrastou dois marcadores para fora do garrafão temerosos  de que penetrasse, como fez durante todo o jogo. Terminar uma partida tensa e emotiva como aquela com uma singela bandeja, e não uma enterrada midiática, nos conduz a uma reflexão do quanto se perdeu, e se perde de eficiência num jogo, num campeonato, com tresloucados arremessos de três, e tentativas individualistas de enterradas, cujas motivações passam pelo apoio de narradores, comentaristas, cinegrafistas e diretores de vídeo, todos defensores do que creditam como as “grandes atrações do jogo”.

E quando menciono ter sido a conquista de Limeira fruto do pleno conhecimento de uma forma de jogar, que teve em seu técnico um dos maiores representantes dentro de  quadra do sistema único, onde liderou equipes e seleções em suas armações de jogo, referendo sua agora incontestável qualidade de repetir suas atuações fora da mesma, para o qual,”chifres”, “punhos”, “cabeças”, “Hi-lo’s” etc, não apresentam segredos e restrições, principalmente se seus adversários atuarem, como atuam, de forma idêntica, exceto pelo fato de não “alcançarem” seu conhecimento teórico prático do sistema, infelizmente, único, que nos tolhe e esmaga quando posto à prova nas grandes competições internacionais.

Somemos ainda o fator antecipativo, ou seja, a capacidade de uma equipe, profunda conhecedora do sistema único, do técnico aos jogadores, de seus caminhos e atalhos percorridos por longos anos de intensa pratica e memorização, de antever situações analogamente empregadas pelos adversários, antecipando suas ações através atitudes defensivas enérgicas e velozes, para entendermos como Limeira, com uma equipe de jogadores menos badalados pelas mídias profissionais e amadoras, conseguiu com brilho superar equipes tidas como superiores.

Pena, muita pena, que um talento que surge no cenário técnico, não cumpra um bom estágio na formação, a verdadeira escola e laboratório para sistemas, de treinamento e de jogo, esquecendo que sua bela performance se escuda numa situação de mesmice técnico tática em que nos situamos nos últimos 20 anos, nos quais reinou como um de seus artífices, e que nem sua declaração de pretender se aperfeiçoar junto ao Magnano quando de sua participação na Sub-17 nacional, poderá substituir uma experiência a ser obrigatoriamente vivida para quem, um dia, pretenda e deseje liderar uma seleção sênior.

A experiência válida é a experiência vivida, principio imutável na formação, desenvolvimento e concretização de um objetivo profissional de vida, seja em que campo for. Saltar etapas não se coaduna com o conhecimento de uma função, de uma profissão, pois viola os principios e fundamentos da credibilidade, vindos da sociedade e, principalmente, de si mesmo.

Mas uma sutil brecha poderia viabilizar tal transposição de etapas didáticas, pedagógicas e técnicas, a introdução de novos conceitos, de novos e ousados sistemas, de novas concepções técnico táticas, que nos tirassem definitivamente deste marasmo, deste incompreensível limbo em que patinamos a longos anos, mostrando ao mundo algo antagônico ao sistema NBA, ao sistema único, repetindo o extraordinário salto do vôlei ao inaugurar o sistema hibrido entre a força européia e a velocidade asiática, que os levou e guindou ao olimpo internacional, onde também já estivemos, fruto da audácia e da ousadia em inovar, jamais copiar impunemente.

Prezado Demétrius, parabéns pela conquista, merecida e brilhante, de sua comissão técnica, diretores, e de seus abnegados jogadores, e me perdoe pela mensagem aqui contida, sincera e acima de tudo, honesta.

Amém.

DE DOMINGO A DOMINGO…

De domingo a domingo consumindo o produto basquetebol, do Flamengo x Pinheiros ao vivo, numa temperatura sufocante pelo imposto horário das 15:30 hs no Tijuca TC, a um Limeira x Vitoria televisivo ao meio dia de hoje, entremeados por jogos do campeonato paulista, onde Pinheiros se destacou, Franca sucumbiu, e Limeira e Araraquara se degladiaram pelas semi finais.

A destacar algumas considerações:

– A equipe do Pinheiros, que ao vencer convincentemente o Flamengo e Franca, foi imediatamente alçada pela mídia ao status de grande, e quase perfeita equipe, a nível latino-americano, que “com duas sólidas contratações”  se transformaria em potencia, mas que hoje mesmo, perdeu para a renovada e jovem equipe do Minas, fazendo a bola dos especialistas baixar um pouco, mas que deveria nem ter sido alçada precocemente.

– O festival avassalador dos arremessos de três desencadeado por todas as equipes, como que querendo provar suas capacitações, mesmo após o acréscimo de 50cm na distância de arremesso, chegando às culminâncias no jogo(?) de hoje entra Limeira e Vitoria, quando a equipe capixaba arremessou 33 bolas de três, somente 6 a menos que suas tentativas de 2 pontos.

– A frenética exibição televisiva das pranchetas e seus rabiscos ininteligíveis. Meu filho André, que jogou basquete e é um competente designer gráfico, me pedia silêncio para tentar entender os grafismos nas pranchetas, confessando sua incapacidade em decifrá-los. Fico sempre imaginando o desespero dos jogadores nas mesmas circunstâncias, e ainda ter de jogar contra defensores que nunca são mencionados, nem por um borrãozinho da hidrocor nas estelares pranchetas, que para meu espanto, teve uma delas hoje destruída, acredito eu, por não ter sido capaz de passar aos jogadores, com a devida clareza, a tática genial de seu mentor, e logo ela, coitadinha, a super star televisiva…

– A comprovação definitiva, mesmo com a inclusão de novos técnicos, na idade e na experiência, de que o sistema único tão cedo cederá seu monopólio a qualquer manifestação técnico tática que se insurgir no cenário tupiniquim, custe o preço que custar, mesmo que o novo técnico da seleção argentina, Sergio Hernandez, venha a público afirmar numa reportagem do Site UOL com o Ruben Magnano, “que os jogadores que vão para a NBA sem passar pelo basquete europeu não têm muita consistência tática”, no que concorda o Magnano –“É uma realidade. Na NBA se joga por função. Concordo totalmente com o que disse o Sergio(…)”. (…) “Isto é muito importante. O fato de ter jogadores da NBA não te garante nada. Eles estão há 10 meses fazendo apenas uma função. Você os incorpora à seleção e pega este garoto, que você viu fazendo mais coisas em outra oportunidade, para incrementar o volume de jogo do time(…)” Imaginem agora, como se sente um técnico campeão olímpico no comando de uma equipe cujo campeonato nacional é totalmente dominado pelo sistema técnico tático da NBA, e seus jogadores são especializados nas posições de 1 a 5? E que as seleções de base municipais, estaduais e nacionais garantem a continuidade dessa perversa realidade?

De domingo a domingo presenciei, assisti e testemunhei o terrível estágio em que nos encontramos, ainda e teimosamente convivendo com as enterradas, os tocos e os arremessos de três como a sublimação do jogo, segundo a mídia dita especializada, a realeza das pranchetas e suas mensagens caóticas e cifradas, e a cada vez, e proposital separação do que venham a ser técnicos formadores e técnicos ( ou treinadores) estrategistas ( e aqui cabe uma leitura de um artigo do Prof. Ronaldo Pacheco sobre o assunto, publicado no blog rodrigo.galego desta semana), aqueles com anos e anos de trabalho e estudo junto aos jovens, e também aos adultos, e estes, promovidos após cessarem suas atividades atléticas, provisionados, e prontamente elevados à condição de técnicos de elite e de seleções, numa inversão de valores que assombra e põe em dúvida a seriedade do grande jogo entre nós.

Agora, basquete NBB somente em janeiro, um bem vindo descanso visual ante tanta poluição de três pontos, colossal despreparo e desconhecimento dos fundamentos básicos do jogo, e das estelares e “indispensáveis” pranchetas televisivas.

Amém.

PS- Fico imaginando se a um singelo pedido meu, o velho Noel fizesse, como régio presente de natal ao nosso pobre basquete, com que sumissem as pranchetas estelares… Pelos Deuses, esquece, esquece, não quero testemunhar e me sentir culpado pelo suicídio coletivo que …

DRIBLANDO A MESMICE…

“Paulo, já vi que você não vem aqui na Arena. Se mudar de idéia me telefone, tenho um convite para a tribuna para você”( o amigo Pedro Rodrigues ontem ao telefone…).

Confesso ter inventado uma resposta, tal como o perigo que estaria correndo tendo de trafegar às 23 horas, numa cidade acuada pelo medo, ao voltar para casa, e coisas e tais. Mas a verdade verdadeira não foi expressamente dita, a de não agüentar mais assistir um jogo, vários jogos, estruturalmente fundamentados numa mesmice técnico tática irritante, arrepiante. E o Pedro deve ter compreendido, entendido minha ausência, conclusão lógica de nossas longas conversas pelos celulares da vida, recheando contas telefônicas bem fornidas.

Mas, como todo entusiasta em basquete, em desporto educacional e competitivo, exceto os “excepcionais e altamente educativos” campeonatos ( inclusive mundiais…) de Poker e MMA, vinculados impunemente por nossas mídias jornalísticas, ligo a TV e assisto os jogos deste sul americano de clubes, preocupado, profundamente preocupado, se na idade que estou, tenho o direito de desperdiçar um tempo precioso para analisar algo cujo grau de previsibilidade atinge o inenarrável.

Todas as equipes jogando iguais, TODAS, com  pequeníssimas adaptações nas formações iniciais, com a utilização de dois armadores (um deles substituindo um ala de formação), numa padronização formatada ao longo dos últimos 20 anos, variando um pouco também na velocidade de execução. E o incrível, com a novel adesão das equipes argentinas, apesar da inquestionável supremacia no domínio dos fundamentos que ostentaram nestes mesmos últimos 20 anos, agora comprometidos pela mesmice nebiana, pela utilização do sistema único de jogo, preocupados em seguirem os caminhos trilhados pelo Ginobili, Oberto e Scola, esquecendo que não jogaram dessa forma ao serem campeões olímpicos e vice mundiais.

Minha perplexidade aumenta mais ainda ao acompanhar jogos do campeonato brasileiro sub 17 em Santa Maria, veiculado pelo site Multiweb, no qual todas as equipes, TODAS, seguem o modelo padronizado e formatado pelas clinicas da CBB e pelos técnicos de nossas seleções de base e principal, e com um alarmante índice de erros de fundamentos, que beira ao inacreditável.

Enfim, perante um cenário de tal ordem, creio não ter o direito de me deslocar a uma deserta Arena, a preços extorsivos e correndo reais perigos no asfalto, agora freqüentado pela bandidagem do tráfico, para testemunhar algo que de olhos fechados posso relatar:

– O armador fulano gesticula um sinal, passa ao lado, corre para o fundo da quadra, ao mesmo tempo em que o ala (ou o armador improvisado) beltrano recebe um bloqueio do pivô sicrano fora do perímetro (agora acrescido de mais 50cm, tornando o afastamento do mesmo da zona de rebote mais crítico…), originando ou não um indefectível pick and roll, de defesa primaria se feita com atenção, ou a continuidade de mais passes visando os mais indefectíveis ainda arremessos de três, e nos limites dos 24seg, uma penetração afobada e desequilibrada, ações estas repetidas ad infinitum pelas duas equipes, quebradas em algumas situações de contra ataque, originadas pelas constantes falhas de nossos “especialistas” nos três pontos, ou nas primarias violações e erros crassos de fundamentos que cometem.

E como num moto contínuo de mediocridade explicita, segue o grande jogo sua via crucis, emblematicamente emoldurado pelo sistema único, pela panacéia a que nos condenaram assistir, situação por mim negada, pelo menos in loco.

Mas como professor e técnico de inabalável otimismo, ainda mantenho a tênue esperança de poder, um dia, testemunhar o desvanecimento dessa mesmice, para que tenhamos e usufruamos de dias melhores para o grande jogo.

Amém.

PENEIRA NA ESCOLA…

PROCESSO SELETIVO NO COLÉGIO MELLO DANTE
22/11/2010 20:50 h

O Colégio Mello Dante, de Mogi das Cruzes (SP), realiza peneira para formação de suas equipes de base, no dia 12 de dezembro, voltadas as categorias descritas abaixo, nos seguintes horários:

pré mini e mini, nascidos em 1999 e 1998, das 09h00 ás 10h30
mirim e infantil, nascidos em 1997 e 1996, das 10h30 ás 12h00
infanto e cadete, nascidos em 1994 e 1995, das 12h00 ás 13h30

Os interessados deverão comparecer no horário relacionado à sua faixa etária, munidos de RG e com trajes esportivos.

O Colégio Mello Dante fica localizado na avenida Francisco Rodrigues Filho, 2070, no Jardim Nova Mogilar, na cidade de Mogi das Cruzes (SP). As dúvidas poderão ser sanadas com o professor Caio, através do telefone (11) 9791-7097 ou ainda pelo e-mail caiobueris@bol.com.br.

O Colégio Mello Dante é reconhecido pela Educação diferenciada, atenção individual e formação integrada dos seus alunos. “A fórmula utilizada pelos educadores pode ser resumida em três aspectos: acompanhamento individualizado, disciplina bem definida e sistema de avaliação quantitativa e qualitativa”.

Veiculado no blog Databasket em 22/11/2010, não acreditei quando li, pois inverte totalmente o principio educacional e formativo do jovem no âmago da escola, em sua função divulgadora e incentivadora dos desportos como parte indissociável do processo educativo, e não a sua utilização como vetor de especialização (e consequente pré profissionalização através bolsas de estudo), nas primeiras fases da maturação infantil, à margem da verdadeira função da atividade sócio desportiva, como objetivo a ser alcançado em conjunto com as demais disciplinas formais.

A proposta de massificação das atividades físicas e desportivas no âmbito escolar, como parte integrante da educação de qualidade, e fomentadora de uma futura geração de talentos egressos da mesma, morre em seu nascedouro se ações desencadeadas e emuladas pelo exemplo acima, transformarem as escolas em destino de peneiras desportivas, negando sua função básica e estratégica de prover uma educação ampla e generalista a todos os alunos a ela relacionados e vinculados, e não agindo como um clube, onde o resultado esportivo em muito supera e suplanta as finalidades da atividade desportiva como integrante do processo educativo de todos, e não de uns poucos, que lá irão se submeter a uma seletiva peneira.

Em sua essência, uma ação totalmente desprovida de lógica e de conceituação educativa, finalidade básica e indissociável da escola, como direito constitucional de todo jovem e futuro cidadão. Uma coisa é formar equipes constituídas dos alunos de uma escola, como evolução natural das aulas de educação física, independendo de títulos e conquistas, outra é a organização de peneiras como a anunciada pelo colégio em pauta, numa flagrante confissão de que o foco a ser explorado é o da competição elitista, e não o da afirmação de um processo educativo formal, igualitário e justo.

Se essa é a proposta de massificação a ser desenvolvida e divulgada pela escola, que os deuses nos ajudem, protegendo-nos dos previsíveis resultados que advirão se ampliado para todas.

Amém.

PS- Numa nota de hoje, 26/11, no mesmo blog, uma outra escola, Colégio Amorim, também em São Paulo, anuncia uma peneira correlata.

TERRIVEL JOGO, NUM ÁRIDO CENÁRIO…

Chego na Arena às 10:45, deserta, com 21 carros no estacionamento, na vastidão daquele estacionamento árido e descampado, ao custo de 15 reais, isso mesmo, 15 reais! Vou até a bilheteria, deserta, compro um ingresso para idoso, os mesmos 15 reais do estacionamento, surreal!

Adentro a enorme e colossal Arena, e… as fotos contam uma verdade dolorosa em pleno domingo, numa radiosa manhã de sol, praticamente deserta, com uma torcida diminuta orquestrada por um animador trajado a La NBA, e um DJ movido a batidão, onde a única música sugerida em nosso idioma foi o hino nacional, e mais nada que lembrasse nossa criativa e majestosa identidade musical. Cultura globalizada é isso ai, sem maiores dúvidas. Lamentável.

E o jogo meus deuses, o jogo!

Mas que jogo, se somente uma equipe se apresentou para o embate, não sendo certamente a equipe do Vitória, agora sem as desculpas do primeiro jogo na liga, quando perdeu de 53 pontos para o Pinheiros, de se apresentar com somente um de seus titulares, assessorado por juvenis, já que as inscrições dos demais não haviam se concretizado administrativamente.

Neste jogo, contra a equipe do Flamengo, lá estavam todos, exceto o armador Muñoz, assim como ausente estava o Duda por parte do anfitrião.

E o resultado? Derrota por 54 pontos, absurdos e inadmissíveis 54 pontos, por mais forte que fosse o adversário, pois ali se defrontavam equipes da elite do basquetebol nacional, e não juvenis imberbes.

E os porquês para tão acachapante derrota, se ambas as equipes jogaram sob um mesmo sistema de jogo, aquele tradicional, enraizado e granítico sistema único de jogo, onde as posições de 1 a 5 são padronizadas e possuídas como capitanias hereditárias por especializados jogadores e seus mentores técnicos? Isso mesmo caro leitor, pelo simples fato de nesse perverso sistema vencerá sempre aquela equipe que tiver os melhores jogadores em cada posição de 1 a 5, onde os confrontos 1 x 1 são um produto final para cada situação de jogo, durante o tempo em que for jogado, como mini jogos do 1 contra o 1 adversário, o 2 contra o 2, e sucessivamente até o 5 contra o 5, numa antítese do jogo coletivo, aquele resultante de uma equipe cujos jogadores dominam uma única posição, a 12.345! Mas isto é exigir demais do corporativismo implantado pela esmagadora maioria de nossos técnicos de ponta, com uma ou duas exceções, no seio dos quais a prancheta é a personagem principal de suas intervenções coreografadas.

E por conta dessa realidade, montam-se as equipes por nomes, por especialistas ( ou o que pensam ser…) de 1 a 5, restritos àquelas exigências padronizadas para cada posição, nas quais determinados fundamentos ( assim pensam em sua maioria…) podem ser relevados em comparação às demais posições, o que no frigir dos ovos determinam uma pobreza de domínio dos mesmos, que atingem limites inconcebíveis. Drible, fintas, passes, posicionamento defensivo, rebotes e arremessos, são negligenciados em função das posições que pretensamente imaginam dominar, tornando-se reféns daqueles mais bem preparados nas mesmíssimas posições.

Neste cenário, uma equipe que propugnasse o enfoque prioritário nos fundamentos, e o sucedâneo coletivismo advindo dos mesmos, já que um nivelamento técnico individual se faria sentir durante a preparação da mesma, através um sistema, qualquer um, que priorizasse a participação indistinta de todos os seus integrantes, numa forma democrática de jogar o grande jogo, sem dúvida alguma jamais se submeteria a derrotas de tal teor, jamais, fosse a equipe que fosse.

Enfim, foi uma manhã frustrante, num cenário árido e desprovido do calor humano, minimamente representado ante o gigantismo daquela Arena, onde o valor do meu ingresso foi o mesmo para estacionar o carro, numa prova de que muito ainda nos falta para atingirmos metas mais ambiciosas.

Quanto ao jogo, a mim valeu mais pelo reencontro com alguns atletas que dirigi, com o Washington e o Marcos, assistente e fisioterapeuta respectivamente, e a entrega pelo DeJesus de minha mala que havia ficado em Vitoria desde março. Foi um ótimo reencontro, mas um jogo para esquecer.

Amém.

Clique nas fotos para ampliá-las.

A MESMICE ENDÊMICA…

Inicio de jogo, e em quatro ataques sucessivos da equipe de Brasília algo me grudou na tela, pois ali se esboçava um autêntico sistema de dois armadores e três pivôs móveis, com movimentação interna de grande intensidade, permitindo aos armadores uma seleção de passes que culminavam em arremessos de curta e média distâncias eficientes e precisos, todos executados pelos pivôs de ofício, Lucas Tischer e Cipriano, e os de ocasião, Guilherme e Artur. Não atoa foi o Alex o recordista de assistências na rodada.

E tão rápido como foi estabelecida essa forma de atacar, foi a mudança para o sistema tradicional, que mesmo assim continuou a servir o Tischer com bolas bem aproveitadas por ele.

E mais rápida ainda o abandono das jogadas armadas, substituídas pelos contra ataques e o esquecimento do jogo com os pivôs até o fim da partida, numa resolução tática que cobrou um alto preço a toda a equipe e espelhado no resultado final negativo, frustrando minha expectativa de ver algo de novo solidificado em nossas quadras, como essa fugaz volta ao jogo interior.

Do outro lado uma equipe francana decididamente atuando sob dupla armação, por todo o tempo, priorizando a velocidade e o jogo de penetrações e arremessos de três pontos, que nem mesmo a enxurrada de bolas de três do Nezinho conseguiu reverter um resultado, até certo ponto justo, ante tais e enigmáticas opções candangas.

E no tocante ao Nezinho, verdadeiramente absurda sua liberdade de ações em arremessos longos, com os pés praticamente no solo, e com uma angulação de tiro baixa e tensa, facilmente bloqueável, claro, se marcado de perto, fator este, que se bem aplicado, facilitaria  uma vitoria mais elástica, sem necessidade de um tempo extra.

Enfim, se a equipe brasiliense somente se utilizou de um sistema de ataque que a derrotou no NBB2, mesmo sendo a campeã em seu final, como um teste prático para futura utilização, provou a eficiência do mesmo, e a plausibilidade de sua utilização, mesmo por parte de jogadores conhecidos por suas predominâncias individuais e pouco afeitos ao coletivo puro e simples. Com três pivôs experientes, como Tischer,  Alirio, e Cipriano, além de Guilherme e ocasionalmente Alex e Artur, estarão  perfeitamente equipados para mudar sua estrutura tática, que se situaria num patamar mais eficiente se pudessem contar com mais um armador de qualidade em sua formação definitiva.

Para um inicio de liga, um jogo entre essas duas equipes que tênuamente ensaiam mudanças importantes em suas formas de jogar, contrasta com a mais absoluta mesmice das demais, em suas frenéticas buscas de melhores jogadores nas posições 1, 2, 3, 4 e 5, como exige o figurino prét a porter implantado entre nós a longos e penosos anos, além, mais do que claro, da continuidade da hemorragia dos arremessos de três, mesmo com o acréscimo de 50 cm na distância para sua execução, o que aumentou na mesma proporção a preguiça dos defensores em ir lá para evitá-los, numa estúpida negativa em trocá-los pelos de dois, somada a omissão de técnicos perante tal escolha de seus comandados, e o aberto incentivo da mídia televisiva no apoio aos mesmos.

Infelizmente, as mudanças técnico táticas ainda demorarão muito a acontecer em nosso basquete, refém de um corporativismo absolutamente seguro de seu poder impositivo e coercitivo, principalmente contra toda tentativa de radicais inovações, que possam expor sua fragilidade formativa e executiva. Essa é a lei.

Amém.