O REINO DAS “BOLINHAS” X…

Pela terceira vez consecutiva a equipe do Pinheiros converge em seus arremessos, com 14/28 de três e 14/23 de dois, sempre para mais nas bolinhas de três, e vence os jogos, empata a série, e provavelmente a vencerá, claro, convergindo cada vez mais, ante a incrível incapacidade defensiva fora do perímetro da equipe de Limeira. Mais incrível ainda a sequência de três arremessos do jovem Lucas no quarto final, recolocando sua equipe num jogo quase definido, tendo entrado exatamente para isso, arremessar de três, e sem contestações…

Acompanhei o jogo pela internet, no jogada a jogada, mas creio que o técnico Magnano o tenha assistido ao vivo, afinal a Copa América está às portas de sua realização, e um jogo onde possíveis convocados estavam presentes se torna obrigação para quem os vai julgar, menos quanto aos fundamentos de defesa, desconhecidos e ausentes para a maioria deles.

Pensando melhor, que bananosa está metido o diligente e competente argentino, frente à realidade de uma endêmica hemorragia que se estabelece a cada ano que passa, imune a qualquer tentativa de estancá-la por parte dos técnicos que ai estão, corporativados com tal situação, deixando para ele o terrível impasse, que se por um lado o empurra para a aceitação pura e simples, por outro o desafia a controlá-la na direção de um basquete mais próximo da forma como deve ser jogado, e …defendido.

Agora, se você vai a um ginásio assistir uma saraivada de 56 bolas de três (11/28 e 14/28), sabendo que na próxima provavelmente o número poderá ser bem maior, aprova e aplaude o que vê, corroborado pela mídia exultante, concordes na “grande qualidade” do que testemunharam, temo pelo grande jogo, e temo mais ainda com a possibilidade de que o nosso selecionador aprove também, pela irredutível institucionalização do reinado das bolinhas.

Mas como tenho afirmado constantemente, há os que gostam, e como…

Amém.

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O REINADO DAS “BOLINHAS” IX…

De repente o técnico de Limeira se enfurece, esbraveja, cai em si, amansa e cobra de sua defesa as seguidas penetrações dos atacantes adversários, exigindo mais atenção e combate. Até ai tudo bem, a não ser por um pequeno detalhe (ah, os detalhes…), a equipe do Pinheiros esmagava a sua com arremessos de três (foram 17/36 de três, e 17/19 de dois, numa absurda convergência, talvez recorde na Liga…) nunca contestados (vide foto em que o defensor dá as costas ao arremessador), talvez pela má performance do jogo anterior, quando seu adversário arremessou 12/33 de três e 15/33 de dois, dando sérias pistas de como agiria dali para frente. Tivesse trocado dez daquelas bolinhas de três por dez de dois pontos, cedendo algumas penetrações e teria vencido o jogo, numa continha aritmética básica.

Como na partida anterior conseguiu fechar o miolo de seu garrafão, ofereceu uma única alternativa a seu oponente, o bombardeio de fora, já que sua inoperância tática no jogo interno é um fato constrangedor. Ora, essa prevista possibilidade em tudo e por tudo culminaria em outra possibilidade, a de que os acertos evoluíssem, ainda mais quando absolutamente não contestados.

E não deu outra, perdendo, ai sim, a grande possibilidade de fechar a série em 3 x 0, numa conquista marcante, mas dificultada daqui para diante.

Agora, é de pasmar que uma equipe que nos dois últimos jogos comete um 28/69 em bolas de três e 32/52 de dois consiga levar de vencida uma outra pelo absurdo fato de não contestar seus longos arremessos, sequer tentar, permitindo um verdadeiro “tiro aos pombos”, na acepção do termo…

Como vemos, aos poucos evoluímos para uma dupla armação, um jogo interior mais eficiente e dinâmico, mas por outro lado ainda nos mantemos escravos dessa incúria suicida e autofágica dos três, cuja permissividade defensiva raia ao mais completo absurdo.

E ao final desse grotesco espetáculo ainda teríamos mais um capítulo da série “Contestando hierarquias”, com discussões públicas e indisciplinas contundentes, num espetáculo para lá de…

Mas há quem goste…

Amém.

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ERROS (CAPITAIS) DE A/C…

 

Não tenho como norma comportamental pressionar ou mesmo interferir em arbitragens durante os jogos em que participo como técnico, em respeito ao jogo, a seus participantes, ao público presente ou conectado à mídia, e a mim em particular, já que tal atitude gera a tranqüilidade fundamental ao bom exercício profissional, necessária para diagnosticar e retificar com presteza, possíveis falhas técnicas e táticas que ocorrem em uma partida importante.

Mas tal posicionamento pode gerar comentários após jogos muito difíceis, onde alguns fatores negativos podem e devem ser discutidos à imagem das leis do jogo, a fim de que as mesmas possam ser aplicadas com a máxima isenção e justiça que as qualificam.

Algumas vezes postei nesse blog comentários sobre arbitragens, principalmente focando alguns pormenores que maculam a boa aplicabilidade dos fundamentos do jogo, como os artigos referentes ao Duelo de Habilidades nos Encontros das Estrelas do NBB, principalmente nas sequências de dribles e fintas, onde erros de execução falseiam os vencedores finais dos mesmos, e que muitas vezes não são coibidos nos jogos da Liga, e que mais recentemente foram motivos de pequenos e elucidativos vídeos, postados pelo Sportv nos intervalos de suas transmissões, e comentados pelo ex arbitro internacional Renato dos Santos.

Então, num jogo decisivo de playoff, entre São José e Minas, faltando 2.7seg para o encerramento do mesmo, um jogador comete duas infrações simultâneas, ao conduzir e andar com a bola por mais de duas passadas, observado frontalmente por três juízes, que nada marcam, propiciando um passe ao armador Fúlvio, que sofre falta e define o jogo com seus dois lances livres convertidos. Em outras palavras, a arbitragem influiu decisivamente no resultado de um jogo disputado ponto a ponto, e que daria certamente a vitoria ao Minas, pois com um lateral a seu favor e faltando 2.7seg somente restaria a seu adversário o recurso da falta, e praticamente quase nulas chances de reverter o placar.

Se muito tem se falado, às claras, ou não, o conceito de arbitragem caseira (A/C) se mantém como um estigma que deve ser expurgado de nossa tão decantada arbitragem, ainda mais no âmago de uma Liga que se predispôs a soerguer o grande jogo no país, e que ontem foi minimizado por um erro colossal, castigando a equipe que não o cometeu.

Amém.

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O LABIRINTO…

É como se de repente você se encontrasse num labirinto, se perdendo por um longo tempo em busca de uma saída, sabedor que somente existe uma, e que em muitos casos nem mesmo essa única possibilidade de fuga é encontrada. Nesse ponto, dois são os comportamentos possíveis, o de abdicar da incessante e angustiante procura, conformando-se com a desdita, aderindo aos que lá também se encontram, entregues e amorfos, ou continuar na busca corajosa e ousada, que mesmo ante uma impossibilidade, acena com a esperança dos que crêem e perseveram até o fim, sem entregas, sem concessões.

Desde sempre o sistema único nos tem limitado outros e grandes vôos na direção de um basquete mais técnico, ousado, inovador, corajoso, criativo, mantendo-o manietado a pequenos e insidiosos dogmas, a “filosofias” de um mesmo e monocórdio conceito de basquetebol, com suas jogadas hiper padronizadas, sinalizadas, formatadas num padrão aceito por técnicos e jogadores, todos em volta de uma estrela midiática, a prancheta, na qual são apostos rabiscos, borrões, hieróglifos ininteligíveis, mas que congrega à sua volta todo um padrão de impessoalidade e ausência do contato do olhar, impedido pelo biombo retangular estendido à frente de uma equipe carente de um olho no olho, de um recado ao ouvido, de um roçar amistoso e decisivo de mãos numa hora de nervosismos e inseguranças, onde gritos, rosnados e coerções deveriam dar transito absolutamente livre à calma gestual, ao diálogo justo e pertinente, simples e objetivo, congregando humores e carências, na busca do equilíbrio e do bom senso, pois na hora do vamos ver, vencem aqueles que dominam  seus nervos com a frieza dos que sabem para e como ir de encontro à vitoria.

Por tudo isso é que propugno pelo diferente, pela propriedade de algo oposto aos que todos fazem e praticam, caracterizando dessa forma o sentido grupal do novo, do instigante, do imensurável.

Ser proprietário de algo só seu é o caminho mais seguro para a evolução de um segmento social e desportivo, que se espraiado pelas demais equipes, com suas variáveis e soluções, conotam o progresso de uma modalidade mestra nas estratégias, sistemas e conceitos de jogo, impar frente às demais modalidades do desporto coletivo.

Somente depois de três temporadas após a pequena revolução causada pela personalíssima forma de atuar da humilde equipe do Saldanha da Gama no NBB2, é que já vemos sendo implantadas umas poucas opções técnico táticas defendidas e praticadas por aquela equipe desde sua experiência em Vitoria, como a dupla armação, que mesmo sendo inicialmente utilizada no âmago do sistema único, dotou o mesmo de uma substancial melhora técnica, através armadores mais capacitados nos fundamentos, de uma sintomática diminuição dos arremessos de três por parte de algumas equipes, assim como uma lenta, porém progressiva adoção de pivôs mais ágeis e rápidos, em vez dos massivos cincões que ainda habitam o imaginário colonizado de muitos de nossos técnicos, dirigentes, agentes e jornalistas especializados (?) do grande jogo,  ainda imersos no labirinto em que se entronizaram na busca absurda e inócua de pertencerem ( e alguns “acham”que pertencem, de verdade…)a uma filial sucedânea de uma NBA que de forma alguma está interessada em nós pelo desporto e a educação popular, e sim pelos lucros que podem reverter à matriz, onde os maiores compradores de seus produtos da grande loja  na quinta avenida em NY são os…brasileiros.

Enfim, se por uma lufada de sorte e competência, a ENTB se reestruturar em torno de propostas realmente evolutivas, se uma associação de técnicos for estabelecida com seriedade e profunda ética, e se nossos técnicos se dispuserem a enfrentar e procurar uma saída do autofágico labirinto em que se encontram em sua maioria, ai sim teremos alguma chance de evoluirmos na direção de uma já tardia retomada, a da nossa tradição de excelência técnica e acima de tudo criativa, e não subserviente e passiva como atualmente se encontra, numa mesmice endêmica e perigosamente terminal.

Olhando com atenção para as fotos aqui postadas, podemos imaginar o quanto de perda de tempo temos sido assaltados, perante grafismos que nada mais representam do que os sinuosos e enganosos meandros de um labirinto que compõe o mais triste de todos os cenários que emolduram o grande jogo em nosso imenso e injusto país, o nada na direção…do nada.

Amém.

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QUASE LÁ…

Parece que estamos quase lá, a alguns passos de um novo pensar o grande jogo, jogando-o taticamente melhor, apesar de ainda necessitarmos melhorar, e muito, nos fundamentos do jogo.

Dupla armação se solidificando, auferindo qualidade às equipes, e acreditem ou não, uma bem vinda fuga aos mastodontes de costas para a cesta, dando lugar a pivôs ágeis e rápidos, sem deixarem de ser fortes, porém pouco diferenciados de seus companheiros de equipe, tanto em velocidade, como em habilidades também, e jogando de frente, nas penetrações e finalizações.

Franca, Uberlândia e Pinheiros provaram nesse final de semana que podemos, e devemos transitar para essa nova concepção de jogo (fato revelador serem as mesmas lideradas pelos técnicos mais experientes em atividade…), que ficará melhor ainda ladeada por uma outra conquista se marcarmos melhor, com técnicas defensivas eficientes, pessoais (como a marcação frontal dos pivôs…) e coletivas, ambas treinadas a não mais poder, e não confiadas à “disposição e entrega”, qualidades estas que pouco funcionam na ausência de conhecimentos básicos das técnicas de como exercê-la. Fundamentos de defesa e ataque é o que nos falta incrementar em doses maciças, independendo se na base ou na elite, pois trata-se do insubstituível ferramental  de todo jogador que se preza.

Mas algo de muito especifico ainda tem de ser repensado, profundamente estudado, ferozmente combatido, a hemorragia dos três pontos, que deveria ser estancada e substituída pela compreensão de seu real significado, que deveria ser a de uma opção pontual de jogo, e não uma finalidade do mesmo.Acredito, como sempre acreditei e propugnei na teoria e na extensa prática, que essa maneira de arremessar não se coaduna com a correta e sempre busca pela melhor forma de jogar basquetebol, pois prima pela maior imprecisão se comparada com os arremessos de media e curta distância, que potencializam e se tornam mais eficientes, mesmo que de 2 em 2 e 1 em 1. Os arremessos longos, se bem contestados, alvo das boas e eficientes defesas fora do perímetro, fatalmente anulam tão decantada qualidade dos mesmos, além de limitarem, por conveniência, o acesso às verdadeiras técnicas conseguidas e alcançadas pelo domínio dos fundamentos. Uma equipe bem treinada nos fundamentos, sempre será mais qualificada do que aquela que pretensamente domine uma determinada tática de jogo, sem o conhecimento básico e fundamental necessário para a  fluidez do mesmo, e isso é uma verdade inquestionável.

O Pinheiros, agindo e jogando em dupla e escancarada armação ( e quem ainda ousa contestar que o Shamell não é armador, já que junto ao Smith e o Paulinho armaram e lançaram seus pivôs Mineiro, André, Fiorotto e Araujo para o miolo da defesa argentina), contando ainda com o ala Marcio inspirado, todos atuando livres e em permanente movimentação, contestando os lançamentos argentinos, e só não mais fizeram graças a um 11/26 nos três pontos, e 15 erros de fundamentos.

E o que dizer do jogo entre Franca e Uberlândia, com a s mesmas características de soltura e fluidez ofensiva, ao lado de uma defesa forte e combativa, e aqui nesse jogo em particular, utilizadas por ambas as equipes, mas com os senões dos 14/45 nos arremessos de três e 23 erros nos fundamentos.

Podemos então afirmar com satisfação que algumas equipes da nossa elite já se comprometeram eficientemente com a dupla armação, com o avanço significativo do jogo interior, através pivôs e alas altos, rápidos e ágeis, e com a melhora mais significativa ainda de seus setores defensivos, faltando somente que outras mais adiram a esse novo tempo, agregando um maior cuidado aos fundamentos, aos arremessos de media e curta distância (que são aqueles que vencem os jogos…), ao estancamento da mortal hemorragia dos três, transformando essa refinada especialidade (que é para muito poucos, mesmo…) num válido e pontual recurso, e não uma opção de jogo, e deixando as arbitragens em paz com seu difícil e exclusivo trabalho,  não buscando nas mesmas os álibis que as inocentem(?) das falhas técnicas, derrotas e oportunos “detalhes”, tão usuais e corriqueiros em nosso meio.

Que o grande jogo, enfim, reencontre seu perdido caminho na estrada dos últimos vinte e cinco anos de sua história nesse imenso e injusto país.

Amém.

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Foto 1 – Uma opção interior seria a mais indicada.

Foto 2 – Cena rara do técnico Helio Rubens acessorando seu assistente.

Foto 3 – A equipe campeã da Liga das Americas. Parabéns.

A INSINUANTE SÍNDROME (OU A BUSCA DE UM ÁLIBI)…

Tive este problema no Saldanha, e que problema, problemão. Mas com muita conversa, troca de idéias, e dando o exemplo no banco, trabalhando e deixando, esse o termo, deixando os juízes trabalharem em paz, fui afastando os jogadores de uma síndrome que assombra o nosso basquete marqueteado, a ponto de promover juízes a estrelas globais, atrelados a microfones de lapela, e seguidos sofregamente pelas câmeras ao sinalizarem corriqueiras faltas pessoais, e imaginem o espetáculo nas faltas ante desportivas e diálogos “didáticos” com os jogadores…

 

Reclamar de juízes, assídua e persistentemente está se tornando corriqueiro em nossos campeonatos, e o mais preocupante é que se alastra com a ação coercitiva sobre os mesmos por grande parte dos técnicos, determinando um aval de consentimento a seus jogadores no mesmo sentido.

 

Lembro-me que após o segundo jogo em São Paulo no NBB2 perguntei a um jogador o por que de tantas reclamações aos árbitros, e escutei a seguinte resposta – se não funcionarem agora, estaremos projetando para os futuros jogos…  Bem, não dei mais oportunidades a este tipo de raciocínio, conclamando a todos que evitassem tal comportamento, iniciando com meu próprio exemplo de não pressionar arbitragens em hipótese alguma.

 

Mas algumas recaídas ainda aconteciam, porém em bem menor número. Observei que partiam sempre de alguns jogadores que ainda não haviam atingido o preparo físico e técnico dos demais, como uma busca inconsciente de um álibi que justificasse uma possível derrota, face a seu despreparo, fatores que o colocavam na defensiva, onde a transferência de culpa focaria a arbitragem como a maior referência da mesma.

 

Com o aumento exponencial do preparo físico atingido pela maciça pratica dos fundamentos, e conseqüente maior firmeza na consecução técnica do sistema diferenciado de jogo que adotavamos, foram as reclamações rareando até praticamente sumirem, sempre referenciadas pelo exemplo vindo de um banco tranqüilo e focado no jogo, e não preocupado com a arbitragem.

 

Observo com bastante preocupação que alguns de nossos melhores jogadores se comportam dessa maneira, quem sabe na busca do álibi salvador que os inocentem frente a derrotas, como acima expus, principalmente aqueles que se aproximam de uma idade mais avançada, onde o preparo físico se ressente bastante, prejudicando em muitos casos a produção técnica dos mesmos, principalmente no aspecto defensivo, onde as exigências físicas são mais evidentes.

 

Por outro lado, o excesso de exposição midiática dos juízes, em tudo e por tudo contribui para que os álibis sejam buscados, inconscientemente ou não, já que as discussões e entreveros são permitidos, numa autêntica síndrome na busca dos mesmos, que justifiquem fracassos e omissões.

 

Creio que a simples formula adotada pela humilde equipe do Saldanha tenha sido positiva e proveitosa, saudada que foi com o testemunho do juiz Piovesan ao se aproximar de mim ao final de um dos jogos dizendo – Professor, parabéns pelas mudanças que fez, tornando nosso trabalho mais eficiente e produtivo, muito mais que uma equipe o senhor tem aqui uma família.

 

Precisamos combater essa síndrome, que prejudica em muito o desenvolvimento do grande jogo entre nós, principalmente pelo exemplo nada educativo dado aos mais jovens.

 

Amém.

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WEEK MADNESSS…

Que semana pessoal, muito basquete, muito trabalho no preparo da Oficina, e acima de tudo, uma crença inabalável no futuro do grande jogo.

Pode parecer incoerente acreditar firmemente no nosso soerguimento, frente à realidade técnico tática em que nos encontramos, surpreendentemente igual à maioria das equipes da NCAA, conforme estamos podendo observar nesse March Madness com farta transmissão da ESPN+, onde o sistema único e a avalanche dos três pontos parecem ter encontrado quase uma unanimidade antagônica ao esforço do Coach K na tentativa de  modificar o basquete de seu país para o enfrentamento fora de suas fronteiras, a começar por sua Duke, se enquadrando à maioria de suas congêneres.

Tal constatação somente poderá ser explicada frente à realidade de uma NBA cada vez mais voltada às ações individuais, onde as situações de 1 x 1 encontram sua referência máxima na grande liga, que necessita contar com as especializações de 1 a 5 daqueles jogadores que aspiram lá chegar, vide a triste realidade dos muitos que abandonam seus cursos universitários para se  aventurar ao encontro dos vultosos e seletivos contratos que podem conseguir a curto prazo, e que conta com a vasta linha de formação de base advinda das escolas e universidades do país, para supri-la inesgotavelmente.

O grande esforço do Coach K parece que ficará restrito, ou não, às seleções para Mundiais e Olimpíadas, como forma alternativa ao enfrentamento competitivo sob regras internacionais, claramente adversas a forma como jogam em seu país.

Com a Europa ironicamente adotando cada vez mais o sistema único, num pseudo preparo para os confrontos com os americanos, mas sob as regras internacionais, criou-se um impasse, muito mais uma charada de difícil compreensão, mas enigmaticamente presente.

E nós, como eternos e incorrigíveis colonizados (agora mais do que nunca com a NBA aqui presente em jogos de pré temporada e materiais desportivos franqueados aos magotes…) seguiremos no sistema único, em vez de rompermos definitivamente com o mesmo, a começar pelo preparo da base, numa cruzada que poderia nos catapultar a grandes conquistas, as mesmas e visionárias genialmente previstas pelo Coach K em suas últimas vitórias internacionais e de alguns poucos, muito poucos insurgentes à mesmice endêmica que nos asfixia há décadas, aqui mesmo em terras tupiniquins.

E o que vimos na cornucópia de jogos nesta semana cor de laranja, senão uma sucessão de equívocos da quase totalidade das equipes brasileiras no NBB, na Liga das Américas, na LBF (meus deuses, que basquete é aquele que jogam?), bem assessoradas por uma NCAA que regride ao reboque da grande liga, apesar de seu incontestável charme e tradição, vide suas arenas abarrotadas em contraste com o imenso vazio na LDA, numa desvairada competição de arremessos de três, deslumbrantes enterradas e performáticos individualismos em confronto direto com o coletivismo, essência maior do grande jogo.

Enfim, estamos perdendo o trem da história, ainda mais agora com a continuidade diretiva, administrativa e técnica em nossa entidade confederativa, liderando um ciclo olímpico de quatro anos, quando exigiria pelo menos três para formarmos uma geração realmente competitiva dentro das escolas e clubes de todo o país, e não através um processo seletivo do pouco que temos (ou julgamos ter…), liderados por estrategistas e oportunistas, ocupando o lugar de professores e técnicos de verdade, bem formados, experientes e abertos ao novo, ao instigante, ao corajoso, numa antítese ao que ai está, formatado, padronizado e atrelado a um  modelo utópico e inalcançável por nós, econômica, cultural e politicamente.

Mas lá no fundo ainda acredito que algo de realmente novo possa emergir de dentro de tanta mediocridade, pois todo processo evolutivo pode tardar, mas não falha, ai estando a natureza, a ciência e a vida comprovando essa irrefutável verdade.

Amém.

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Uma Nota – Com muitos ou poucos interessados, estarei na próxima quinta feira, dia 28, no ginásio de esportes da UERJ, às 8hs da manhã, quando da recepção e inscrição dos mesmos, para às 9hs iniciar a I Oficina de Aprimoramento de Ensino do Basquetebol. Até, lá.

DE HANG’S E ZIPPERS…

Em seus dois últimos jogos (contra o Palmeiras e hoje contra o Suzano), a equipe de Brasília arremessou 40/66 de dois pontos (22/35 e 18/31 respectivamente), e 31/67 de três (14/30 e 17/37 no jogo de hoje), contabilizando 80 pontos em arremessos de dois, e 93 nos de três, numa convergência que realmente assusta pelo seu ineditismo, deixando no ar as seguintes questões: – Frente a tão esmagador esquadrão, seus adversários simplesmente se deixam vazar inermes frente à artilharia de três, ou a equipe candanga atingiu o mais alto grau de eficiência naqueles longos e especializadíssimos arremessos?

Seria de importância vital que nossos mais abalizados analistas parassem um pouco de endeusar bolinhas e enterradas, para situarem essa inédita tendência liderada pela equipe campeã nacional, em direção a mais completa inversão de prioridades no básico quesito das finalizações à cesta, que sempre propugnou serem os arremessos de curta e media distancia aqueles com os maiores percentuais de acerto a cada ataque efetuado.

Respondida essa questão, poderemos confrontá-la com o que vem ocorrendo, por exemplo, com a equipe de Bauru, que no jogo de hoje contra Limeira, venceu pelo placar de 83 a 82, arremessando somente 6/11 de bolas de três e 23/45 de dois pontos, além de atuar por toda a partida numa veloz, técnica e desconcertante dupla armação, e uma dinâmica ação dentro do perímetro através seus ágeis alas e pivôs, sendo que três de seus mais atuantes jogadores são egressos da equipe campeã no recente torneio da LDB. Apesar de ainda falhar na defesa externa do perímetro, quando facilitou que uma convergente Limeira arremessasse 21/33 de dois pontos e 12/30 de três, permite que possamos projetar um futuro promissor para essa equipe a partir do momento que aprimorar seu sistema defensivo, se utilizando da última reformulação técnico tática que falta acrescentar às suas bem estabelecidas dupla armação e a recente redução drástica nos arremessos de três, situando-os como uma opção tática e não uma prioridade de jogo, que seria a marcação permanente dos pivôs adversários pela frente, atitude perfeitamente ao alcance de uma equipe forte e jovem, e que obrigaria os adversários que enfrentasse a radicais mudanças em seus sistemas ofensivos.

Entretanto, em Buenos Aires, Flamengo e Pinheiros resolveram, por mais uma vez, duelarem nas bolinhas, com 19 tentativas para cada um, nas quais a equipe paulista converteu 11 contra 7 dos cariocas, abandonando ambas o bom jogo interno que desenvolveram em alguns momentos da partida, mas que cederam a vez ao confronto insano das temerárias bolinhas, com o consentimento de ambos os técnicos, propiciando ao jogador Smith do Pinheiros uma façanha de 7/8 nos três, frente a uma falência defensiva rubro negra de envergonhar a quem propugnava ser seu setor defensivo o grande trunfo da equipe.

Finalmente, nos dois jogos das equipes brasileiras no dia de hoje, os paulistas sucumbiram ante uma equipe argentina marcando e contestando muito forte, que é uma tradição de suas equipes, e tendo em seus jogadores americanos a base estrutural de seu ataque interior, apoiados por armadores e alas argentinos com sólidos conhecimentos dos fundamentos e leitura de jogo. Agora, em se tratando da equipe carioca frente a um conglomerado equatoriano, que incorporou dois jogadores estrangeiros dois dias antes de embarcarem para Buenos Aires, simplesmente esnobando-os defensivamente, foram castigados ante um time peladeiro, apesar de contar com bons jogadores, que nitidamente escolheram o caminho da extrema individualidade pela ausência de um mínimo de conjunto, e a quem resolveram enfrentar com jogadas cognominadas de Hang Loose, e uma inédita Zipper 2. Fico imaginado como seria a Zipper 1. Simplesmente lamentável…

Com o Flamengo afastado do quadrangular final da Liga das Américas, basta uma vitoria simples do Pinheiros contra os equatorianos, para lá estarem, mas que se cuidem e mantenham toda sua atenção à defesa, pois o Mavort já provou que contra nós não precisa ter um grande conjunto, bastando a utilização do forte jogo interior que ostenta e as individualidades facultativas de uma equipe, como muitas outras que participam desse torneio, cujos integrantes se reúnem nos aeroportos para disputá-lo, o que significa que perder para uma delas deixa muito mal a quem muito investe na formação de uma suposta equipe de primeira linha.

Amém.

Fotos – 1 e 2 – Duelando de três com um placar de 80 x 83…

– 3 – A dupla armação de Bauru

– 4 – Hang Loose e Zipper 2…

Fotos reproduzidas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las

 

O QUE REALMENTE INCOMODA…

 (…) Deixamos muito de marcar. É muito difícil jogar contra uma equipe como o Bauru sem defesa – disse Neto ao site oficial do Flamengo (…) em 10/3

 (…) Não me preocupo com a quantidade e sim com a qualidade. O dia que tivermos dois arremessos de três e 500 de dois forçados, aí sim, vou ficar incomodado. Temos ótimos arremessadores de fora e procuramos explorar bem isso” (…) em 8/3.

 

Pois bem, teve 6/17 de três e 23/47 de dois e perdeu um jogo em que seu adversário conseguiu 13/24 e 20/42 respectivamente, tendo suas bolinhas contestadas em sua maioria e permitiu livre ação do oponente lá de fora, e o pior, “dentro” também, e decisivamente.

A equipe paulista tanto contestou os arremessos de três dos cariocas, principalmente os do decisivo Marcos, que mesmo marcado por um Larry com a metade de seu tamanho, aproximando-se ao máximo de seu drible antecedente ao arremesso, tirando seu notório enquadramento (ação esta mantida pelo Gui mais adiante), que optou junto aos seus companheiros pelo jogo interno, onde a lentidão do Caio, frente aos velozes pivôs teve bloqueadas diversas tentativas de cesta pelas seguidas dobras que sofreu, permitindo os decisivos contra ataques que definiram a partida.

A equipe do Flamengo não soube explorar e concluir seus ataques interiores (confiando em sua artilharia externa…), ao contrario de Bauru, que imprimindo grande velocidade sobre a lentidão defensiva do Caio, e mais adiante a fraqueza posicional do Shilton, viu o placar se estender a seu favor sem maiores contestações, mesmo nas conclusões exteriores, que eram executadas na mais absoluta liberdade, como as do Gui, com seus longos, elevados e ousados arremessos de três, demonstrando que se encaminha celeremente para se tornar um especialista nessa difícil e eletiva forma de arremessar.

Enfim, provou a equipe carioca que encontra enormes dificuldades no jogo ofensivo interno, quando enfrenta dobras sobre o lento, apesar de muito técnico, Caio, e a pobreza fundamental do Shilton, tendo somente no Alexandre sua válvula de escape naquela zona restritiva, além dos contra ataques motivados pelas falhas ofensivas de seus adversários e lampejos do Benite e do Kojo nas esparsas penetrações.

A direção técnica do Flamengo deveria se preocupar, e muito, com a substancial melhoria de seu jogo interior, mesmo que custe “500 forçados arremessos de dois”, em vez de apostar suas fichas nos seus quantitativos e qualitativos (?) arremessos de três, que como pudemos ontem atestar, podem ser efetivamente contestados por quem se determinar a fazê-lo. Bauru topou, e venceu, muito bem, aliás…

No outro jogo, entre o Tijuca e a Liga Sorocabana, que só consegui assistir o primeiro tempo, algo de muito grave chamou a atenção dos poucos torcedores que lá continuaram, a triste e inacreditável atuação do técnico (?), ou gerente, ou proprietário da equipe paulista, sempre dentro da quadra sob os olhares compassivos dos juízes, gritando, vociferando e ofendendo publicamente seus próprios jogadores, como o americano Dawkins, pequeno e mirrado armador americano, retirado da quadra embaixo de impropérios e dedos na cara pelo enorme e musculoso trei…sei lá que definição dar. Gostaria de vê-lo agir daquela lamentável forma com um cara do seu tamanho, como um daqueles fracos (tecnicamente) jogadores de sua equipe, tão massudos como ele. Aliás, não acredito que os mesmos se equiparassem em grosseria e mau exemplo ao seu, vamos assim dizer, técnico…Simplesmente lamentável.

Amém.

Em tempo – Foram 30 erros de fundamentos no jogo entre o Flamengo (17) e Bauru (13). Incomoda, ou não?

Fotos – Divulgação da LNB e reprodução da Tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O FATOR TÉCNICO…

Técnica, táticas, sistemas, estratégias, jogadas, todo um mar de (des) conhecimento que cercam atitudes, discursos, posicionamentos, omissões, vazios testemunhos, vazias conclusões…

A CBB tem um antigo/novo presidente, que não seria mais novo/antigo do que seu oponente perdedor, iguais, xipófagos da mesmice administrativa que nos vem esmagando nos últimos 20 anos, e com uma resultante técnica que dificilmente será ultrapassada, o continuísmo técnico tático que ai está,  formatado e padronizado desde sempre, da formação de base às seleções, expurgando qualquer resquício de algo novo, instigante, ousado, corajoso, que o confronte e rivalize…

A LNB, com sua LDB recém finda, projeta um futuro mais amplo para os jovens abaixo dos 22 anos, porém um fator tem de ser encarado com rigor, ou seja, a proibição de todo aquele jogador, independendo de idade, que fazendo parte de equipes da LNB em seus NBB’s façam parte das equipes da LDB, quando ai sim, estaremos promovendo o desenvolvimento daqueles que aspiram lá chegar, e não utilizando os já graduados na liga superior, para auferirem títulos que perdem em valor se comparados com a verdadeira finalidade de uma liga de desenvolvimento, a de propiciar o amadurecimento de novos valores, que é o fator técnico que realmente importa para o soerguimento do grande jogo…

Mas algo tem de mudar, tem de ser redimensionado no cenário da técnica formativa da base, e das equipes ranqueadas, onde declarações equivocadas podem rapidamente desencadear o fator técnico agora exposto, senão avaliemos o testemunho do técnico do Flamengo após a fácil vitoria de sua equipe contra a Liga Sorocabana, numa matéria de Fernando H.Lopes para o blog Bala na Cesta de 8/3/13, comentando o fato de sua equipe ter arremessado mais bolas de três pontos do que de dois, numa convergência de arremessos que grassa célere e perigosamente em algumas equipes da liga maior:

(…) O técnico José Neto, por sua vez, disse que não se preocupa muito com a quantidade excessiva de chutes de fora da equipe (para se ter uma ideia, só o ala Duda tentou 10 bolas longas, acertando três). “Tivemos uma quantidade grande de arremessos de três, mas todos foram bem trabalhados. Não me preocupo com a quantidade e sim com a qualidade. O dia que tivermos dois arremessos de três e 500 de dois forçados, aí sim, vou ficar incomodado. Temos ótimos arremessadores de fora e procuramos explorar bem isso”, afirmou o comandante rubro-negro (…).

Convenhamos ser um argumento completamente destituído da mais ínfima lógica, já que todo o trabalho para que os longos arremessos eclodissem se restringiram ao “chegar e chutar”, ou simplesmente trocar dois ou três passes circundantes e arremessarem, ante a mais completa ausência defensiva externa, em vez de aproveitarem a circunstância da maciça presença defensiva no perímetro interno, para desenvolverem um eficiente jogo de pivôs, mesmo como preparação para embates mais fortes no futuro, quando realmente precisarão desse tipo de ação, frente a defesas bem postadas (…) O dia que tivermos dois arremessos de três e 500 de dois forçados, aí sim, vou ficar incomodado (…)

Bem, nesse caso, incomodada e de forma grave deverá ficar sua equipe, que se privada dos longos arremessos ante defesas de verdade, tiver de atuar no âmago do perímetro interno sem o domínio e o conhecimento técnico e tático necessários, como ocorre, não só com a sua, mas na grande maioria das equipes da liga, que absolutamente pouco sabem como jogar “lá dentro”, e que pensam saber jogar “lá de fora”…

O fator técnico é o grande enigma que teremos de solucionar para que nosso basquetebol volte às grandes competições com boas margens de sucesso, tanto as nacionais, como, e principalmente, as internacionais. Até lá, seria prudente e de bom senso que certas declarações ficassem presas ao sábio e inteligente mutismo…

Amém.

Fotos – O Presidente reeleito da CBB e a reunião da Comissão Técnica da LDB discutindo a nova forma de competição .