EQUIVOCADAS ATITUDES…

Chego ao ginásio, com enormes filas para a compra de ingressos, dirijo-me à porta dos jornalistas e dou-me conta que esqueci minha credencial em casa, mas como tenho 73 anos…

O primeiro jogo já se encontrava no quarto final, e pelo placar parecia estar muito disputado. Mas, ao reencontrar os técnicos Aristônio, Miguel Palmier e o José Geraldo, perco-me num papo animado e basqueteiro de costas para a quadra, e quando me dou conta do jogo o Pinheiros já estava doze pontos à frente a dois  minutos do  final, e um armador tijucano investindo por três ataques sucessivos em busca de uma cesta de doze pontos, quando poderia coordenar ataques de dois e até três pontos, quando aumentariam as chances de sua equipe tentar igualar o jogo. Despeço-me dos amigos, e me refugio numa afastada cadeira para o segundo jogo.

O ginásio já estava abarrotado, calorento, húmido e poeirento, mas animado como num jogo de futebol, cânticos inclusive. Engraçado, bem ali perto dormitava um maracãnanzinho, justa casa do basquete brasileiro, local que foi construído para o Mundial de 53, e onde dez anos depois conquistou nosso basquete o bi campeonato mundial. E vem o vôlei reivindicar o templo para eles, enviando o basquete para uma arena perdida num canto da Barra, inacessível para a maioria…

Jogo por começar e o que vejo incrédulo, a repetição (que ameaça virar rotina, e se tiver transmissão de TV então…) de um petit comitê entre juízes, técnicos e diretores das franquias, para discutir o que, meus deuses, o que? Como vai ser a arbitragem, os critérios, etc e tal? Que tal suspender a bola e dar início a um jogo com regras definidas desde sempre, que tal? Quem não as cumprir penalizado será, simples assim. Mas não vi um único policial presente, ou ser requisitado, a não ser em frente ao ginásio…  Saem da reuniãozinha os dois técnicos às gargalhadas, como prefaciando o lamentável espetáculo de vedetismo que veríamos dali para diante. E foi tanto exibicionismo gratuito, com invasões descabidas de quadra, que um dos comandantes acabou justamente excluído do jogo, deixando em seu lugar um pacato e comedido assistente que lá pelas tantas começou, “contagiado” pela massa ululante, o tradicional balé gestualistico de praxe. E o excluído comandante, parece não se dar conta de que está à frente de uma torcida de…FUTEBOL, em sua esmagadora maioria, mordida com os fracassos de sua básica e primaria paixão, isso mesmo, o FUTEBOL, e que se não for muito bem administrada de dentro para fora da quadra, poderemos ver, em breve, invasões altamente perigosas, haja vista que o respeito a não existência histórica e tradicional de uma barreira física que a separa do recinto de jogo pode ser rompida num piscar de olhos, com resultados muito graves.

No outro banco, mais um representante da genial geração de novos técnicos, pressionando ao extremo juízes nitidamente coagidos por eles e pela ensurdecedora massa humana, nervosa e comprimida, perdendo um tempo precioso para perceber que a dupla armação do adversário, forçando o jogo interior, não encontrava balanceamento pela utilização de um único armador, e olhe que um dos melhores jogadores para operar uma dupla armação estava no banco, o Munõz que estreava na equipe, e que só foi utilizado em revezamento com o Elinho, quando ante a opção de seu adversário pela dupla armação não respondia à altura, principalmente quando cabia a um jogador inábil na defesa exterior, o Eddy, exercer, por sua estatura, as anteposições aos arremessos de três, nitidamente batido em todas as tentativas, por sua lenta recuperação nas coberturas. Mas o importante era a pressão na arbitragem, numa atitude que relatei tempos atrás sobre a inconsciente síndrome do álibi às possíveis derrotas, que foi um dos mais sérios problemas que consegui contornar e erradicar de alguns jogadores do Saldanha. Nosso jovem técnico precisa descer rapidamente do enganoso pódio da hipnotizante exposição pública, para se concentrar única e exclusivamente nas minúcias do jogo, fugidias e excludentes se não captadas rápida e pacientemente (o binômio Diagnose/Retificação), e que não se coadunam com exibicionismos gratuitos, inócuos e equivocados. Fiquei desapontado vendo o excelente Muñoz fazendo sinais de jogadas, dando passes lateralizados e profundos, e correndo por trás de uma gigantesca defesa, no mais puro padrão do sistema único, quando deveria se encontrar permanentemente no foco das ações, preferencialmente dividindo o perímetro com o outro bom armador da equipe, assim como agiu seu oponente, que por isso venceu com maestria e precisão.

Pelo que vejo, e com alguma satisfação, já começamos a entender como válida a dupla armação, e o jogo interno sucedâneo à mesma, com a utilização inteligente dos rápidos alas pivôs que já temos, que quando aprenderem (ou forem ensinados…) a marcar pela frente, e se movimentar com mais velocidade no perímetro interno, jogando de frente para a cesta, originando o quase completo desaparecimento dos paquidérmicos cincões, estaremos dando um estratégico salto de qualidade na arte de praticar o grande jogo, e mesmo que o desafio que lancei caia no conveniente esquecimento de vaidosas mentes, já me permite constatar que a “descoberta” de que existem formas de jogar diferentes do sistema único, coercitivo e castrador, se faz presente, o que é inspirador e altamente esperançoso. Que sigam as novas conquistas, sem vedetismos, e com mais precisas e sutis ações criativas e ousadas.

Amém.

Foto – Divulgação CBB. Clique na mesma para ampliá-la.

SENTADO DE FRENTE PARA O COMPUTADOR…

Na ausência do que realmente comentar, frente à pétrea mesmice técnica e  tática que caracteriza o nosso basquetebol, uns poucos, porém importantes tópicos podem ser mencionados, como a entrevista dada pelo técnico Aloizio Ferreira, o Lula, ao blog Bala na Cesta, em 8/1/13, da qual destaco uns parágrafos interessantes para uma analise bem superficial, já que o entrevistado critica ao fim da entrevista o fato de que –  “A tecnologia atual melhorou enormemente muita coisa, mas também viabilizou a possibilidade de qualquer interessado fazer análises profundas apenas sentado a frente do computador, sem ao menos sentir as condições reais do campo de trabalho e dos jogos.” Bem, como além de profundamente interessado no grande jogo, sendo também professor e técnico do mesmo, e de estar, por falta de opção na direção de equipes, sentado à frente de um computador, redigindo e editando o Basquete Brasil, do qual não me afastaria mesmo atendida a opção acima, é que passo às análises das matérias publicadas na semana.

Comecemos por alguns parágrafos da entrevista do técnico Lula:

(…) Temos também a participação dos técnicos da base nestes treinos, para que todos nós tenhamos a mesma filosofia de jogo, respeitando as características de desenvolvimento de cada idade. Outro fator que cuidamos com atenção é a carga de treino de cada atleta, procurando respeitar que a soma total de todos os treinos semanais seja compatível com a capacidade de cada atleta. (…)

Como vemos, uma boa idéia como essa tropeça na imposição da famigerada “filosofia de jogo”, que trocada em miúdos quer dizer que o sistema único, com suas definições de posições e jogadas marcadas têm de ser preservado desde a formação, preterindo o livre jogar e pensar lastreados pelos fundamentos do jogo, que obrigatoriamente deveriam ser os focos abordados na idade de formação, e não filosofias de jogo.

(…) Hoje quem quiser ser campeão do NBB5 certamente terá que evoluir técnica e taticamente em relação ao NBB4. As mesmas estratégias que deram certo na temporada anterior com certeza não serão suficientes para o sucesso nesta. (…)

Como isto é possível se desde o NBB2 nenhuma forma diferente de jogar o grande jogo sequer foi tentada? Porque confundir propositalmente estratégias com técnicas e táticas de jogo que são fatores dispares?

(…) Outra medida importante que a LNB adotou no NBB5, e que abre portas enormes para as análises técnicas e táticas, é que todos os jogos realizados são lançados num arquivo virtual com acesso para todos os técnicos. Isto viabiliza, para todos os treinadores, a oportunidade de estudar seu adversário acessando os jogos da última rodada. (…)

Todos os técnicos, como? Na realidade para a elite diretiva do NBB/ LNB, ou não? Caso esteja enganado, onde está publicado o link de tão importante arquivo, que se realmente público faria evoluir a modalidade em seu todo, e não uma elite fechada, onde? Público mesmo são os jogos que veiculei aqui nesse humilde blog…

(…) Acredito que é uma questão de tempo e teremos uma boa evolução técnica e tática no NBB. Claro que precisamos de outras ações, pois o NBB trabalha com a elite da modalidade, e o trabalho de base é fundamental. Vamos precisar muito que ENTB continue no seu projeto de formação dos técnicos, e que cada entidade do esporte, ministério, COB, Confederação, federações, secretarias estaduais e municipais façam sua parte e se integrem para um trabalho harmonioso. (…)

Eis um bom ponto da abordagem feita pelo técnico Lula, com uma restrição, o papel da ENTB na efetiva formação de técnicos, que em hipótese alguma pode ser pautada em cursos de 4 dias de palestras e prática insuficiente. Pensar, planejar e inserir conhecimentos práticos e teóricos demanda tempo e paciência, além de acompanhamento permanente e persistente. Uma escola não é balcão de apostilas.

(…) Em contrapartida, técnicos brasileiros que formam pólos de desenvolvimento do basquete, ou mudam o perfil de equipes de ponta do basquete brasileiro, como vemos claramente em equipes do NBB, não recebem o mesmo destaque por parte de quem julga. Nós, técnicos brasileiros, temos enormes defeitos e vícios que devemos correr atrás para melhorarmos, mas há um enorme problema na forma que somos analisados. A tecnologia atual melhorou enormemente muita coisa, mas também viabilizou a possibilidade de qualquer interessado fazer análises profundas apenas sentado a frente do computador, sem ao menos sentir as condições reais do campo de trabalho e dos jogos. (…)

Fora a equipe dirigida pelo entrevistado e pela do Paulistano e Minas, que investiram nos jovens, mas mantendo o sistema único de jogo, que perfil técnico tático originou qualquer pólo de desenvolvimento em nosso basquetebol a não ser a adequação de uma bem vinda dupla armação dentro do referido sistema ? Como explicar o altíssimo número de erros de fundamentos nas equipes de elite?

Outro impactante tópico se originou de uma matéria publicada no blog Bala na Cesta de 7/1/13, onde o jogador Fúlvio declarou:

(…) Peço desculpas à torcida de SJC por ter sido expulso de jogo “injustamente”. É muita blindagem para uma arbitragem despreparada. Não pode gesticular, falar, reclamar! E eles fazem o que querem sem consequência por seus atos” (…)

Que outra desculpa poderia ter sido dada pelo jogador, assim como a maioria dos jogadores brasileiros, quando vêem jogo após jogo seus técnicos gesticularem, falarem e reclamarem permanentemente das arbitragens, numa pressão inconcebível e indesculpável em uma divisão de elite. Com exemplos assim, por que não adotá-los ?

Finalmente, uma definição lapidar do momento político por que atravessa o basquetebol na fase pré-eleição em que se encontra, feita pelo professor e técnico José Medalha em carta aberta enviada ao Clipping do Basketball  do jornalista Alcir Magalhães em 9/1/13:

Amigos do basquetebol.
Estamos as vésperas de mais uma eleição para CBB. Conheço bem o processo. Fui ate candidato em 2004 iniciando um movimento chamado MUDA CBB.  Na época tinha o apoio de 04 presidentes considerados independentes, Maués do Pará,  Admilson do Piauí , Carlinhos de Alagoas e Cel. Julião do Ceará.. Com a candidatura mais forte então de outro opositor, Helio Barbosa, tentamos nos unir para promover a mudança tão esperada desde aquela época. Aprendi uma coisa, no atual processo não adianta entrevista, planos, projetos, etc. Os 27 donos dos votos é que decidem. A adesão de Chakmati tem tanto valor quanto a de outro presidente de uma federação menor. Analisando o atual momento tenho certeza de uma coisa, Carlos Nunes será reeleito, para o bem ou para o mal do nosso basquetebol, ou para continuar do jeito que está.

Jose Medalha

Perfeito, simplesmente disse tudo. Então o que se esperar de tal pleito?

 

Ah, ia me esquecendo uma declaração inédita de um técnico da elite, no Globo Esporte de 9/1/13, contratado para elevar sua equipe a novos e vencedores patamares, explanando detalhes de seu planejamento:

(…) No nosso planejamento inicial, quando apontamos os jogos em que podemos vencer, nós não colocamos nem esse jogo contra o Franca, nem o próximo contra o Uberlândia (no sábado, dia 12) na nossa lista. Claro que a gente fica esperançoso em fazer bons jogos, mas é realmente muito complicado vencer adversários desse porte. Essas equipes têm um grupo de trabalho de, pelo menos, quatro anos e o nosso trabalho está começando agora, então é complicado querer algo desse nível – (…)

Mesmo sentado à frente de um computador, dizer mais o que, em qualquer plano ou profundidade ?

Amém.

Fotos – Sites Bala na Cesta e GloboEsporte. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UMA TÊNUE ESPERANÇA…

Queria começa o ano publicando algo positivo, alentado, progressista, e acima de tudo, realmente novo, como o ano que se inicia, repleto de esperanças em dias melhores.

Leio então tudo que posso sobre o nosso basquetebol, deixando de lado o que nos chega de fora, antítese de nossa realidade, desde a organização ao jogo em si, pois somente vejo uma maneira de irmos além, concentrando nossos esforços no soerguimento do grande jogo, aqui, bem aqui em terras tupiniquins, e não no eldorado quimérico e fantasioso que alguns teimam em nos empurrar goela abaixo, certos do continuísmo colonialista a que nos acostumaram e impuseram desde sempre.

Centro então na LDB recém finda em sua rodada classificatória inicial, afinal estaremos focando o futuro da LNB, de nossas seleções, de novas concepções de jogo, do amanhã, do 2016 enfim.

Mas algo de muito sério aconteceu, nenhuma imagem foi vinculada, nenhum jogo foi visto por quem lá não estiveram, em Brasília ou em Belo Horizonte, somente relatos de alguns blogueiros, e as indefectíveis estatísticas.

E os relatos e analises beiravam o ufanismo, afinal de contas se tratava da juventude em quadra, com tempo apreciável de jogo, muitos dos jogadores já participantes do NBB, numa demonstração de técnica e bons fundamentos, coletivismo e brilhantismo individual.

Nada pude ver, somente ler e olhar para tabelas estatísticas tão frias, quanto a dureza que passavam. Por que não veicular os jogos na mídia, ou no You Tube e o Vimeo que se prestariam muito bem para isso, sem narrações, comentários e afins, somente as imagens de todos aqueles jovens em ação, a fim de que pudéssemos realmente aquilatar a quantas andam nossas promessas do amanhã, que a essa altura de suas vidas, já deveriam ser donos de uma boa e apreciável técnica e um quase pleno domínio dos fundamentos, já que na ante sala da liga maior, ou não?

Então, peguei lápis e papel e fui perscrutar as ditas cujas, e olha que deu um trabalhão, mas teimoso que sou fui até o fim. O que encontrei? Olha minha gente, foi de assustar, tanto quanto aquele estrangeiro que decidiu ser técnico aqui na terrinha, bolou um magnificente projeto para estar na elite em 3 anos, conseguiu o registro de técnico (provisionado?…), fato que seria absolutamente impossível de um estrangeiro conseguir em sua terra natal, malhou sem piedade o sistema educacional brasileiro, embarcou para BH, xingou seus próprios jogadores em português e na língua dos bálcãs, se enroscou com os juízes, foi expulso e tomou a primeira suspensão de 4 jogos pela LNB, num recorde a partir de agora imbatível, numa atuação lastimável e comprometedora. E não me venham falar que estou faltando à ética, pois não o considero técnico de coisíssima alguma, sequer aspirante, quanto mais do grande jogo.

Voltando às estatísticas, pude colher algumas pérolas, formidáveis pérolas, e que explicitam não estarmos tão bem como apregoaram analises de jogos que poucos assistiram, numa falha imensa, pois não espelhava uma realidade soprada aos ventos, a de que nossa renovação estaria garantida, etc e tal…

Vejamos algumas delas:

– Arremessos de 2 pontos: Classificadas: 651/1264 (51.5%)

Não classificadas:  140/502  (27.8%)

– Arremessos de 3 pontos: Classificadas: 181/589  (30.7%)

Não classificadas:  145/600   (24.1%)

 

– Lances livres:                   Classificadas: 441/739   (59.6%)

Não classificadas:   356/588   (60.5%)

 

– Rebotes:                          Classificadas: 1036 (média de 129.5)

Não classificadas:   1007 (média de 111.8)

 

– Assistências:                     Classificadas:  372  (média de 46.5)

Não classificadas:    233  (média de 25.8)

 

– Erros:                               Classificadas:  375  (média de 46.8)

Não classificadas:     527  (média de 58.5)

Como podemos observar, jogadores de uma divisão sub 22 ainda estão muito aquém, em sua grande maioria dos padrões básicos necessários à divisão superior, onde as marcas de 70% nos arremessos de 2 pontos, 60% nos de 3, 80% nos Lances livres são, ou deveriam ser exigidas, com um numero bem parelho nos rebotes e uma desproporção acentuada nas assistências, demonstrando divergências no jogo interior, e mais grave e emblemático no número astronômico de erros de fundamentos básicos, pois deveríamos computar também os arremessos nessa conta, afinal é o primeiro deles, o ato de arremessar à cesta.

Pode parecer incrível, mas tivemos um jogo, Minas e Vitoria, com 54 erros de fundamentos, 43 entre Bahia e Palmeiras e Suzano e Vitoria, ou mesmo 38 entre São José e Bauru, e uma grande quantidade de jogos que ultrapassaram os 30 erros. Tais números são incompatíveis numa divisão anterior à elite, comprometedora mesmo, demonstrando um ainda pouco apreço que muitas equipes destinam ao preparo básico e necessário dos fundamentos do jogo, e não estamos falando da formação de base bem mais atrás.

Por outro lado, tivemos equipes bem preparadas nos mesmos, como Flamengo e Pinheiros, respectivamente cometendo 25 e 29 erros entre as classificadas e Paulistano (36), Londrina (36) e LSB (37) entre as não classificadas.

Esperamos que nas chaves finais, as equipes reservem um bom tempo no preparo dos fundamentos, na redescoberta do DPJ, substituíndo as aventuras arrivistas dos arremessos despropositados de três pontos, e que também se aprimorem nas técnicas de defesa, de rebote e, principalmente, na leitura de jogo, não aquela visando obedecer coreografias de chifres, punhos e congêneres, e sim as que denotam os verdadeiros talentos, sabendo utilizar suas habilidades, ato contínuo às situações de jogo que se lhes apresentam, com presteza, velocidade e inteligência, bases postulares da criatividade, e do livre pensar., e que os técnicos, os verdadeiros, respeitem essa linha limítrofe, que bem separa o verdadeiro jogador do repetidor de esquemas e jogadas, formatado e padronizado, inanimado enfim.

Torço para que nessa fase, a LNB possa se livrar das amarras globais, veiculando em Stream ou pelo You Tube ou Vimeo, jogos da LDO, a fim de que todos possam aquilatar, analisar e divulgar o grande jogo por todo esse enorme, desigual e ainda muito injusto país. E por que não, o NBB também, como fiz com o Saldanha no NBB2 (videos alocados no espaço Multimidia deste blog), estando esses importantes documentos para analise, estudo e sugestões a todos aqueles que realmente o amam e o querem bem.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

 

 

UM HUMILDE PRESENTE NATALINO…

  • ·  Rodolpho 22.12.2012

Por que uma equipe tricampeã, que vive convergindo, mudaria o estilo?

Comentando o artigo CORNO ABAJO, CORNO ARRIBA, publicado no dia 12 deste mês, o leitor Rodolpho fez a instigante pergunta acima, que sem dúvida alguma poderá suscitar intensos debates, claro, se colocados frente à realidade do nosso basquete em sua crueza e a nula pretensão a vôos maiores, que não os de  consumo interno, e nada mais.

Vencer por três vezes consecutivas a liga maior, com praticamente a mesma constituição de equipe, convergindo sistematicamente, e praticando um sistema de jogo padrão a todas as equipes, gera uma perplexidade impar, pelo fato inconteste de que nesses três NBB’s nenhum adversário tenha se insurgido contra tal domínio, aceitando as conquistas como algo inexorável e definitivo…

Mas será que foi sempre assim? Afinal a grande equipe sofreu derrotas pontuais, algumas até surpreendentes, e disputou playoffs equilibrados apesar das usuais e corriqueiras convergências, mas sempre se impôs quando sua predominância sofreu contestações, e convergindo desde sempre.

Então, como tirar a incisiva razão contida na pergunta do Rodolpho, como?

Também não se pode negar uma evidência contundente, a de que dentro do cenário do basquete brasileiro, onde todos os seus personagens cultuam um único estilo, ou sistema de jogo, nenhuma equipe o pratica com mais propriedade que a de Brasília, cientes de suas habilidades na forma de atuar e desenvolvê-lo, como algo enraizado e amalgamado em sua forma lapidar de atuar no mesmo, com os jogadores talhados e encaixados em suas posições de forma exemplar.

Jogando, convergindo, e vencendo, por que mudar de estilo?

Se depender da vontade deles, nunca, mas se forem forçados a enfrentar de forma massiva um basquete alternativo e eficiente, cujos caminhos e atalhos dentro da quadra não sejam de seu pleno conhecimento e domínio pela mesmice endêmica implantada na modalidade, ai sim, teriam de mudar e se adaptar a novos conceitos, senão deixariam de reinar absolutos e cardinalícios.

Mas como isso poderia acontecer, se nenhum passo dado na direção de profundas mudanças técnico táticas têm sido tentado e aplicado na consecução de tão necessário objetivo, como?

Bem, esse passo já foi dado, comprovado, valentemente provado na quadra, na bola, no confronto direto e vencedor, mas como toda ação revisionária e corajosa, foi rapidamente abafada como algo a ser evitado, esquecido e jogado para baixo do tapete da história, como extemporâneo, acidental, aventureiro e pontual, afinal de contas não se mexe em time que está ganhando…

Mas neste encontro com a história não ganhou, quis convergir e não conseguiu, pois foi contestado o jogo inteiro, quis impor sistemas de defesa e não conseguiu encaixar nenhum, quis determinar sua forma de jogar no ataque e esbarrou numa linha da bola poderosa e sufocante, enfim, perdeu e perdeu-se em nossa realidade técnico tática a única oportunidade de que algo de realmente novo e instigante pudesse evoluir a partir daquele grande encontro, daquele grande jogo.

Nele, como uma equipe com media de arremessos de três acima das 25 tentativas, convergindo com os de dois pontos em muitas oportunidades na faixa acima das 30 tentativas, somente conseguiu 3/15 nos três pontos, com seu adversário ficando nos 4/11 de três, e um placar de 75 x 76, praticamente 15 pontos abaixo de sua media usual?

Como? Enfrentando algo de realmente novo, instigante, e que se continuado contribuiria para uma mudança de estilo dos tricampeões (dois pontos já estão sendo mudados a partir daquela experiência, a dupla armação e o intenso jogo interior adotado por ainda poucas equipes da liga, mas que fatalmente evoluirá com o passar do tempo…), sugiro a todos que revejam um documento primordial e inspirador, no qual uma defesa contestatória e pressionada, e um ataque de intensa dinâmica interior, alimentado por uma mais intensa ainda dinâmica exterior, e que foi relegado por querer ousar demais, por querer penetrar o corporativismo daqueles que não admitem mudanças, sequer experimentais. Se por um acaso se interessarem por dupla armação, ai está o como realizá-la com pleno conhecimento do que venha a ser leitura de jogo, e se forem mais adiante em seu interesse, constatem o que venha a ser jogar com três pivôs móveis na acepção do termo. E por conta dessa realidade injusta e até cruel para com o grande jogo, a mesmice permanecerá, e com ela as convergências, para que afinal concordemos na manutenção do que ai está. Mudar o estilo, pra que?

Ah, o jogo está AQUI. Vejam como se poderia obrigar um adversário a pelo menos considerar uma mudança de estilo, oferecido como uma humilde lembrança para este natal, honesta e muito bem preparada, e não como um presente antecipado de um outro natal dado pela equipe líder ao último colocado no campeonato daquele NBB2, segundo declaração do jogador Rossi após sua derrota, na bola, no sistema, na convergência e na sua arrogante magoa.

Amém.

Vídeo – Jogo do Saldanha da Gama x Brasília pelo NBB2.

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CORNO ABAJO, CORNO ARRIBA…

Quatorze vezes de três

Brasília bombardeia Limeira com arremessos de longa distância e conquista terceira vitória no NBB 2012/2013

Muito bem, vista assim, a chamada da matéria no blog da LNB nos parece uma elegia à grande eficiência dos candangos nessa forma de jogar o grande jogo, no entanto, peca nos por quês de assim jogar, omitindo uma simples evidência, a de que para atingir tal feito, nenhuma oposição defensiva foi oferecida, sequer tentada, por ambas as equipes e cuja explicação vai contida nos números da partida, aqueles que não são nunca analisados, aqueles que remetem exibições desse porte a seus devidos e constrangedores fatos.

Foram 64 tentativas de três pontos, para somente 22 acertos, logo, 42 errados, leram bem, 42!! Um basquete sério não pode tolerar tal insânia e falta de respeito, não só ao jogo, mas principalmente ao público, que comparecendo em massa assistiu simplesmente um duelo de pseudos especialistas que em 64 tentativas erraram 42. Duro não? E pergunto, quantas arremessariam se devidamente marcados, responsavelmente marcados, tecnicamente marcados? Inadimissivel que um Nezinho, arremessando da altura do peito, verdadeiros tiros de meta, conseguisse um 5/9 de eficiência, ou um Alex desperdiçando tempo e paciência com uma performance de 1/6, enfim, que uma equipe galardoada como a mais temível da liga bombardeasse e se deixasse bombardear (Limeira acudiu com um 8/30 de três…) num jogo de liga maior? Estamos mal, muito mal, defensivamente então, pré agônico, a caminho do terminal…

E não é preciso nem comparecer num ginásio, para visualizar as contidas, e as extemporâneas torcidas de técnicos coniventes com tão descabido “sistema de jogo” a cada bolinha lançada, muitas vezes a menos de 2 metros de suas posições imperiais ao lado da rinha, impolutos e seguros de suas determinações, isso mesmo, conluio, pois se duas equipes cometem o desvario de 64 bolinhas, que não são 10 ou 20, são 64, e não intervêm, é porque apóiam e incentivam tais procedimentos. Logo, podemos concluir que se tal hemorragia se alastra no âmago do nosso basquetebol, é devido à tolerância e aceitação da mesma por muitos técnicos (?)…

Uma equipe que converge sistematicamente (nesse jogo arremessou 20/29 de dois pontos e 14/34 de três) e vence campeonatos também de forma sistemática, é a prova cabal de que nos abstemos, em concordância corporativista, ou não, de exercer o primado básico do grande jogo, o da defesa, da arte de defender, que muito, muito além da opinião abalizada de alguns, que se referem à mesma como “impulso e vontade”, ou o domínio de alguns “Cs”, exige um preparo técnico muitas vezes superior em conhecimento, domínio e precisão que a ofensiva em si, pois exige dos jogadores algo que a maioria deles, assim como ex jogadores hoje técnicos, desconhecem, o domínio pleno e amplo dos fundamentos, entre os quais, na posição mais relevante se encontra a arte da defesa, que se bem e convenientemente treinada, nenhum tiro de meta sequer seria disparado sem a devida contestação, unzinho sequer, pois o artigo primeiro do bem defender define que, jamais deve-se bloquear arremessos de campo, arriscando-se a faltas desnecessárias, e sim tentar de todas as formas permissíveis e possíveis alterar a trajetória dos mesmos, aspecto crucial na diminuição, e até negação de sua eficiência. Parece simples, não? Sim, somente parece, mas definitivamente não é, concordam senhores técnicos?

Fecho este comentário afirmando após ler as declarações do técnico do Flamengo que define sua equipe como praticante de uma forma diferente de jogar, que enquanto chifres (das mais diversas formas), punhos, camisas e outras mais coreografadas jogadas forem desenhadas em sua prancheta, nada de diferente estará se antepondo ao sistema único, agora enfeitado por uma linguagem ibérica interessante e inovadora, as jogadas “corno abajo e corno arriba”… Isto sim é que é progresso, e de além mar, aleluia…

Amém.

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MAIS UMA EQUIVOCADA CONCEPÇÃO DE JOGO…

Bem no momento em que a dupla armação encontra um tímido apoio e utilização em algumas equipes da liga, mesmo que um dos armadores execute as funções de um ala do sistema único, numa adaptação que o mantêm incólume em sua estrutura de jogadas armadas de forma universal, padronizada e formatada ao total controle e comando de seus técnicos, mas que por força da presença técnica de armadores de oficio, vinha sendo restabelecido um primado a muito esquecido pela quase totalidade das equipes, o jogo interior, o jogo ainda insipiente de pivôs atuantes e participativos, e não meros catadores de rebotes.

Pois bem, nem foi aquecida esta forma de jogar coletivamente o grande jogo, minorando um pouco a densa hemorragia dos arremessos despropositados de três, inclusive através alguns pivôs, como numa reação ao monopólio dos atiradores, para surgir uma nova “concepção de jogo” que tende a mantê-los ao largo das tão midiáticas finalizações, a La Kobe Briant, que vem quebrando recordes seguidos de cestas, enquanto sua equipe amarga derrotas sucessivas. Aponto esse exemplo vindo da NBA, pelo simples fato de que a grande maioria de nossos jogadores e técnicos adotam da maneira mais canhestra possível, a forma universal em que jogam e dão as cartas, técnicas, táticas e comportamentais.

E a nova, mágica e formidável concepção de jogo se espraia velozmente em nossas criativas equipes através o armador “super cestinha”, aquele que quebra recordes, encesta como ninguém, até mesmo vence jogos frente às inexistentes defesas externas e internas de nossas equipes, culminando tanta maestria mantendo os homens altos fora das conclusões diretas, fixando-os naquele comportamento tático de todo sempre, o de apanhadores profissionais de rebotes, e ponto.

Porém, o mais emblemático fator interveniente nessa tendência, é o posicionamento favorável dos técnicos a esse tipo de comportamento técnico, avalizando ações e atitudes cada vez mais presentes nos jogos deste NBB5, comportamentos estes que contundem e fraturam decisivamente o ansiado equilíbrio entre o jogo externo e interno de uma equipe que se deseja equilibrada e competitiva pela junção e interdependência de seus segmentos mais básicos, os armadores no perímetro externo e os alas e pivôs no interno. No momento em que um destes segmentos se individualize, principalmente o da armação, nada que se compare a uma equipe coesa poderá ser alcançado, sequer projetado.

Pena que tanto talento seja desperdiçado em nome de uma concepção tão equivocada de jogo, mesmo originando alguns sucessos, tão efêmeros, quanto enganadores. Honestamente, não acredito que armadores/cestinhas possam enfrentar defesas bem postadas, principalmente em jogos internacionais. Porém, se o brilho fugaz alcançado em nossos campeonatos atende a egolatria tupiniquim, então estamos muito bem servidos, lastimavelmente…

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

VÍCIOS DO COTIDIANO…

Festas e homenagens pelos mil jogos da LNB, justas por sinal, não tanto pela escolha de um dos jogos da rodada para representá-los, que bem poderia ter sido por sorteio, a fim de que todas as franquias pudessem ter tido acesso hipotético ao mesmo, e que pelo retrospecto não muito desportivo dos escolhidos, fizeram jus ao histórico de confusões e equívocos em seus embates anteriores.

Foi um jogo conturbado e feio, muito feio, motivado pelo domínio técnico do Flamengo, com sua dupla armação e ainda inconstante jogo interior, somadas a uma cada vez mais eficiente defesa, provocando em seu oponente os tradicionais esgares e rompantes contra a arbitragem, como justificativa a um desempenho técnico tático decepcionante, e desnudando uma premente necessidade de recomposição em seu desgastado plantel, principalmente na armação e no pivô.

Somemos a este cenário uma arbitragem conectada à mídia, que a continuar desembocará num som ambiente, como na NFL, e como tal despontando estrelas querendo dividir o espetáculo com os únicos e verdadeiros personagens, os jogadores, numa escalada em busca do proscênio, a que um deles já está instalado como comentarista de, pasmem, técnicas e táticas de jogo…

E deu no que deu, lamentavelmente, obscurecendo homenagens e a festa programada, num burlesco pastiche com data a ser convenientemente esquecida, principalmente pela imagem “edificante” de uma encarada grotesca e ridícula entre dois dos candidatos a astros, e mais, comprometedora e infeliz…

No Paulista, um quinto jogo que vem sedimentando uma tendência altamente perigosa para o grande jogo, e que nos ameaça seriamente remeter de volta ao quadro de uma equipe jogar para um único de seus jogadores, aquele que “joga o máximo” faz duplos-duplos, faz chover e trovejar, mete mais de 30 pontos, mas perde o jogo, e sendo o armador se torna mais catastrófico ainda…

De algum tempo para cá a mídia especializada e altamente técnica, vem enaltecendo jogadores nacionais na NBA e no europeu, com a seguinte e monocórdia novena – Fulano arrasa em seu jogo, mas a equipe perde…

– Beltrano domina o jogo, mas não suficiente para sua equipe vencer…

E outras mais denominações para brilharecos individuais por sobre derrotas coletivas, num doloroso e constrangedor relato de quem sequer desconfia do que venha a ser desporto coletivo, equipe, ou um singelo time. Informo a todos que no grande jogo todos vencem ou perdem, todos, sem exceções, e que o fato continuo e repetitivo de um jogador estabelecer 30, 40 pontos, ou 20 rebotes e tocos explica de forma contundente os porquês de derrotas, claro, em se tratando de confrontos entre equipes de alto nível.

Outra efeméride foi a estréia em quadras cariocas de uma equipe nordestina (?) com sotaque do sudeste, jogando no mais puro e tradicional sistema único, patrocinada por uma gigante que tenta deslanchar nas comunicações lá de cima, e claro, pelo governo de seu estado, também. Quem sabe nos próximos anos vejamos um cearense pairando no céu dessa equipe…

Finalmente, constatamos, apesar dos nada empolgados e empolados adjetivos quando da escalação das equipes por parte dos narradores e comentaristas da TV, a “nova” nomenclatura nas posições – Fulano na posição 1, armador, beltrano na 2…armador… me divertindo à valer, frente a uma evidência que transcende a seus conhecimentos abalizados…

Graças aos deuses e ao bom senso, já vemos na maioria de nossas equipes a dupla armação, e o encaminhamento, ainda tímido e receoso de um jogo interior praticado por alas pivôs de grande mobilidade e flexibilidade, mas que aos poucos deverá ser reconhecida como arma poderosa e altamente conveniente à nossa constituição biotipológica e senso criativo de nossos jovens, bastando aprofundá-los no ensino e prática dos fundamentos do grande jogo.

Bem sei que assim será… um dia.

Amém.

Fotos – Reproduções de Tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.

RESCALDOS DE CORRIENTES…

Terminado o Sul Americano em Corrientes, um campeonato que se vence perdendo, fator que contradiz uma modalidade esportiva que sequer aceita empates, podemos rebuscar algo no rescaldo de uma competição repleta de contradições e malfeitos.

Comecemos pelos famigerados técnicos argentinos, todos eles fascinados e direcionados ao epicentro de suas intervenções, a gloriosa prancheta. Sei não, mas gostaria de vê-las surrupiadas em um jogo entre eles, para medir a intensidade de suas reações sem o apoio de suas muletas. Morro de rir com a grafotecnia em seus pedidos de tempo, principalmente quando silêncios monásticos do Hernandez a antecede, fazendo-o penetrar de cabeça no inerme retângulo plástico no solo à sua frente. Creio que mais do que nunca deveríamos conhecer de fato a turma que cuida da formação de base argentina, aquela mesma que fez o Magnano declarar na escada do avião que o trouxe de Atenas, que tudo devia àqueles formadores, os verdadeiros artífices da grandeza dos hermanos. Técnicos, desculpem, estrategistas burocráticos também os temos por aqui, quiça melhores do que alguns deles. Já os formadores…

Infelizmente, o Troféu Guiness das bolinhas (acima de 60 tentativas) ficou por lá mesmo, mas com um condigno representante tupiniquim, o Brasília com seus inacreditáveis e absurdos 13/35 torpedos e tiros de meta do Nezinho (que não daria unzinho sequer se marcado em proximidade, pois o executa entre a cintura e o peito…), e o bem intencionado Peñarol garantindo a vantagem de 13 pontos do hermano que jogaria contra o Flamengo, com seus também comprometedores 9/29 de três, contabilizando um jogo com 22/64 bolinhas, levando o Guiness de ruindade e pusilanimidade.

Um pouco mais tarde, um vencedor Flamengo, mais na garra e empenho, principalmente na entrega defensiva, do que na técnica de jogo, demonstrando uma das verdades mais impactantes do nosso atual basquete, a incapacidade de planejar, treinar e preparar homens altos para atuarem nos pivôs móveis jogando de frente para a cesta, numa repetição teimosa, cansativa e desgastante de ações de costas para a mesma, sob a imóvel assistência do restante da equipe, torcendo de uma privilegiada posição na quadra de jogo para que dê certo, num alheamento inconcebível e primário. Caio, Alexandre e Shilton, mereciam ser preparados para os embates frontais, e não na tatibitate progressão em marcha à ré a que são destinados mediocremente.

Finalmente, um último garimpo em um diálogo do mais puro e genuíno conhecimento da complexidade do grande jogo, entre o narrador e o comentarista do Sportv quando de uma singela, porém segura bandeja do pivô Ronald do Brasília:

– “Essa era para enterrar, afundar, cravar com estilo, não fulano?”

– “Sem dúvida nenhuma, o espetáculo exige isso, o público vibra, se levanta, e promove o jogo…”

– “É isso mesmo, toco e cravada é a essência do jogo, fulano”

– “Concordo beltrano, inclusive já conversei com ele a respeito. Nos Estados Unidos qualquer moleque treina para isso, e vocês, jovens iniciantes que nos assiste, treine as enterradas, 50 vezes, e depois mais 50…”

– “Precisamos disso, sem dúvida sicrano…”

– “Inclusive sou ferrenho defensor da cesta mais baixa para as mulheres, pois também enterrariam como os rapazes…”

Juro que o diálogo aconteceu, revejam o tape, agucem os ouvidos, mas assistam sentados para não serem enterrados, afundados, cravados no solo infértil da descrença em dias melhores para o grande jogo entre nós, pois ainda acredito que o arremesso seja a essência do jogo, tendo inclusive escrito uma tese de doutorado sobre o mesmo.

Fico triste e preocupado com esse tipo de mensagem aos jovens, ainda mais partindo da emissora que se auto define como a mola mestra da educação nesse imenso, injusto e desigual país.

Amém.

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A RECAIDA…

Pior que uma gripe, é a recaída, que se não debelada origina uma pneumonia muitas vezes fatal. O jogo de hoje apontou essa recaída, que enquanto subsistir, nada de produtivo ocorrerá para os lados da Gávea, podendo mesmo originar uma débâcle definitiva.

Inaceitável uma equipe que na véspera vira um jogo impossível, atuando dentro do perímetro e abdicando dos imprecisos arremessos de três, e que hoje retornou com força redobrada aos antigos hábitos como se nada tivesse ocorrido de especial um dia antes, demonstrando tacitamente o quanto de vaidade e auto suficiência campeiam no seio da equipe.

Se ontem foi perpetrado um incrível 0/15 nos três pontos, hoje foram 6/22, um a mais no saldo negativo, demonstrando com clareza o quanto de distanciamento foi praticado às colocações de seu técnico ao pedir dedicação defensiva e jogo interior, exatamente como pedira nos dois quartos finais do jogo de ontem. Comparando com os números da equipe de Brasília, 10/22 nos três pontos, constatamos que praticamente foi travado um jogo dentro de outro, cuja diferença de quatro arremessos positivos a mais, definiu a diferença no placar final, 11 pontos, com um troquinho de mais um ponto, confirmando a máxima de quem fizer a última, leva o jogo, pois todas as 44 tentativas foram executadas na mais plena liberdade, onde até pivôs se esbaldaram fora do perímetro.

Somemos a tudo isso, o incrível número de 35 erros de fundamentos, principalmente nos passes, onde até nesse fator a equipe candanga errou um pouco menos (15/20), sacramentando uma vitoria merecida, apesar da péssima qualidade de jogo praticado por ambas.

Podemos estão considerar alguns fatores preocupantes nas duas equipes, onde o pouco comprometimento dos jogadores rubro negros com relação à liderança técnica e tática  de seu comandante torna-se excludente em face do distanciamento de alguns dos nominados jogadores, simplesmente tomando para si o destino de um jogo em contrafação ao que lhes era solicitado, confirmando o grande e penoso trabalho que o aguarda na tentativa de disciplinar a equipe a um padrão de jogo aceitável. Será uma tarefa difícil e desgastante, mas não impossível.

Na equipe de Brasília, cada vez mais se tornam claras as deficiências que apontei no artigo de ontem, A Arte de Ler o Grande Jogo, onde uma equipe fraturada ainda se mantêm competitiva por força da enorme experiência de sua base composta por jogadores de seleção brasileira, mas que se não reforçada poderá se esvair ante as enormes exigências técnicas e físicas presentes nas futuras competições.

Enfim, foi um jogo de muitas fraquezas e deficiências, que bem reflete o atual estágio do grande jogo em nossa terra. Precisamos melhorar, e muito…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las. Notar o retorno do reinado das bolinhas, e um incrível erro de passe do Alirio postado fora do perímetro, um dos 20 cometidos por sua equipe.

A ARTE DE LER O GRANDE JOGO…

Pouco a se dizer, muito a se pensar, cuidadosa e racionalmente, afinal é a equipe três vezes campeã nacional, e praticamente com a mesma base de jogadores. Logo, experiência e vivência de quadra não falta à mesma, sob qualquer enfoque que submetamos analisá-la.

 

Desde o inicio do jogo, constatou-se um fator altamente restritivo na armação da equipe, unitária no meu ponto de vista com o Nezinho, dupla até na descrição do narrador da TV, quando mencionou o Alex como um segundo armador, tarefa na qual não ostenta o menor pendor, dada às suas características de explosivo finalizador. Talvez sua habilidade defensiva, característica dos armadores, mas fiquemos somente nisso.

 

Com a dispensa do trator Lucas, sua taboa ficou nas mãos de um Guilherme pouco saltador, um Marcio pesadão e um Ronald inexperiente, avultando os problemas de fora do perímetro antes discutido, onde somente o Arthur, com sua inata velocidade amalgama aqueles dois setores da equipe.

 

Logo, faz-se necessário ter na equipe um par de bons jogadores, um armador de alta competência na leitura de jogo, e um pivô que una velocidade e explosão, gerando o ansiado equilíbrio ora em falta, já que o Isaac ainda tem muito o que aprender. E mais, que pudesse realmente jogar em dupla armação aproveitando a sua já comprovada mobilidade ofensiva no entra e sai do perímetro, dividindo um pouco a voracidade dos tiros de meta do Nezinho, disfarçados de arremessos de três, e ampliando as contestações aos longos arremessos de seus adversários fora do mesmo.

 

Não sou, nem tenho propensões a empresário ou agente, mas fico surpreso quando vejo que ao final das contratações pelas equipes do NBB jogadores como o armador Muñoz e o pivô André, ambos da Metodista, que fizeram um campeonato paulista irrepreensível fora da Liga, além de ver preteridos jogadores como o Rafinha, Jesus e Roberto por americanos de baixa qualidade, pelo simples fato de conotarem um falso e enganoso “prestigio” às equipes contratantes, fico realmente pasmo, pois além dos que aqui menciono, muitos outros são esquecidos, mas não a tal ponto da equipe campeã nacional ter a solução de suas pendências aqui mesmo no país, mas não exequibilizadas.

 

Acredito firmemente que os dois jogadores mencionados inicialmente atenderiam com sobras a equipe candanga, pois leitores de jogo com a habilidade e inteligência tática de um Muñoz, temos muito, mais muito poucos aqui no país, assim como a eficiência e coletivismo de um sempre sub avaliado André, que com seus 2.8 m de estatura dinâmica e veloz, em muito auxiliaria a equipe do planalto central, ou qualquer outra que precisasse otimizar sua forma de jogar.

 

Enfim, problemas sérios advirão para a equipe de Brasília, se não forem preenchidas com qualidade e precisão as brechas expostas em sua estrutura de jogo.

Quanto aos argentinos, fizeram o de sempre quando jogam contra nós, contestando os arremessos, errando poucos fundamentos, e por conseguinte, otimizando o mesmo sistema único utilizado também por nós. Nada de novo.

 

Amém.

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