“NOMES”…

Depois de postar uma notinha de rodapé com a final do NBB, o jornalão publica hoje uma meia página de equivoco completo, pois, seguindo a tendência colonizada e subserviente de grande parte de nossa mídia esportiva (?), teima e força a opinião de que basquete seja um jogo individual, demonstrando sua mais absoluta ignorância sobre o grande jogo, pequeno para ela.

Mas lá para dentro da matéria, o Durant coloca as coisas nos devidos lugares, quando afirma: – “Todos estão falando sobre meu duelo com LeBron, mas é Thunder contra Heart(…) Não é um jogo de um contra o outro para vencer a série. Os times é que vão decidir tudo, e vai ser divertido”.

Como vemos, o jovem jogador tem um bom senso mais evoluído do que a turminha torcedora…e ignorante da realidade do grande jogo…

Sem dúvida alguma assistiremos logo mais o inicio da mais divulgada, incensada e cultuada série de peladas monumentais, protagonizadas por excelentes jogadores, as mesmas que em hipótese alguma serão emuladas pela equipe olímpica americana sob o comando do Coach K, isto porque, se assim  jogasse em Londres, não pegaria o caneco, pois jogar uma competição FIBA, com suas regras diferenciadas da NBA quanto aos embates e violações, complicaria sua participação frente a equipes mais afeitas às mesmas, além de se comportarem como equipes, e não como palco de solistas geniais.

Sei muito bem que esse enfoque levantará imensos e contrariados comentários, e mesmo aversões, mas mantenho esse ponto de vista, bem aproximado do grande professor, comentarista e brilhante jogador Wlamir Marques, quanto a essa inegável constatação, a de que há muito, a NBA desenvolve um jogo basicamente focado no individualismo exacerbado, como ponto de sustentação de apelo popular pela busca do estrelismo, da paixão pelos ídolos e materialização iconográfica.

Por conta dessa triste realidade, aqui pela terra tupiniquim, dirigentes e, às vezes, técnicos, que se reestruturam para o NBB5, correm aberta ou veladamente na busca dos “nomes”, dos melhores e mais ranqueados “1 a 5”, para comporem suas equipes, comparando-os posicionalmente, pareando-os, como personagens de futuros embates 1 x 1, sabedores que são de que a contratação de um bom numero deles por sobre as demais equipes, provavelmente os tornarão “imbatíveis”, pelo menos em suas concepções megalomaníacas, condições estas que fazem a festa de agentes inteligentes e oportunistas, principalmente num mercado que tende a crescer junto à relativa estabilidade econômica do país.

Claro, que num país em que um sistema único de jogo prevalece de forma incontestável e esmagadora, o enfoque descrito acima se encaixa com precisão cirúrgica, já que dificilmente contestado por qualquer outro modo de se ver e jogar o grande jogo, e concretizado pelo estabelecimento da mesmice endêmica técnico tática, que se faz presente desde sempre entre nós.

Kevin Durant, singelamente põe os pingos nos is, lá, na terra do basquete, dos contratos milionários, da Xanadú que grande parte de nossa mídia e torcedores sonha em pertencer, o de como deve ser visto, sentido e jogado o basquetebol, e não aquele que professamos subservientes e colonizados da forma mais fantasiosa e irreal possível.

Enquanto isso, muitos, muitos mesmos, jogadores jovens e veteranos são esquecidos por não terem “nomes” midiáticos, mas prontos e aptos para alçarem novos sistemas de jogo que os redimam e projetem do limbo em que se encontram, pela ignorância e submissão a um sistema único, mantido por uma confraria, um corporativismo técnico tático que nos oprime, humilha e fere de morte. Aliás, ontem mesmo nossos hermanos, por mais uma vez, nos lembraram disso.

Que nossa seleção fuja um pouco, ou o suficiente, desses grilhões absurdos e ignorantes, arejando nosso jogo, nossa defesa, nosso espírito empreendedor e corajoso, como se comportou a geração do grande Wlamir, com seu coletivismo e pluralidade. Torço por isso.

Amém.

Foto – Reprodução do O Globo de 12/6/2012. Clique na mesma duas vezes para ampliá-la.

A VITÓRIA INCONTESTE (E JUSTA) DE UMA MESMICE ENDÊMICA…

Com um ou dois minutos do segundo quarto de jogo, o Murilo cisma de trazer a bola da defesa para o ataque, quando bem no meio da quadra, ao tentar um corte, se atrapalha com a bola, perdendo-a para o Cipriano, que serve a um Arthur leve e solto numa bandeja inadmissível para uma decisão de campeonato. Foi naquele momento que ficou escancarado o destino final do jogo, no limiar de um segundo quarto, talvez, a decisão mais tranqüila de todos os NBB’s até agora disputados.

E porque tranqüila? Vejamos:

– Apesar da desnecessária, porém habitual enxurrada de bolinhas de três, com a equipe de São José arremessando 5/23, e Brasília 6/26, num jogo que estava sendo decidido dentro do perímetro por parte dos candangos, mesmo assim 20 ataques seus ficaram inoperantes pelas, repito, desnecessárias e aventureiras tentativas, ao passo que pela incapacidade de insistir e forçar o jogo interno, São José, perpetrou 18 tentativas que se perderam pela imprecisão e desmedida pressa ante um placar que se alargava a cada minuto da partida.

– Jogadores viciados nas bolinhas, como Guilherme e Arthur, foram decidir o jogo em precisos DPJ’s, boas reversões, e melhores ainda penetrações por sobre uma defesa temerosa em perder seu melhor jogador com faltas, em dobras imprecisas que deixavam brechas imensas para arremessos curtos e médios, precisos e mais equilibrados, por parte de uma experiente e veterana equipe.  Mesmo com tal vantagem, e como afirmei acima, por puro hábito, tentaram os jogadores da capital, arremessos  completamente fora de um contexto que os favorecia pelas enormes fendas na defesa sanjoanense.

– Outrossim, com uma defesa focada no âmago de seu perímetro, afastando o Murilo da tabela, ou cercando-o nas disputas dos rebotes, inviabilizando-o ofensivamente, e vigiando fortemente o armador Fúlvio, que ao bloquear na altura do peito um arremesso de três do Nezinho, bem no inicio do jogo, viu-se daí por diante motivo de uma ação defensiva e ostensiva por parte do armador candango, como num ajuste de contas pelo bloqueio recebido, intenso e decisivo na inoperância de seu opositor. Com tais ações defensivas, a equipe de Brasília garantiu seus contra ataques precisos e indefensáveis, reinou dentro do perímetro adversário, e só não venceu com mais diferença por ainda não saber estancar uma persistente e crônica hemorragia de três.

Outro fator preponderante nesse jogo foi o absurdo, por exagerado, número de erros de fundamentos, 27, sendo que 17 de São José, o que demonstrou sua imprecisão e nervosismo.

Como nervosismo em uma equipe finalista, e até bem pouco tempo a de melhor produtividade da Liga, como?

Pela ausência de uma consciência tática efetiva para o enfrentamento de uma equipe, que como ela, jogava da mesma forma, agia com semelhantes jogadas, variava ofensivamente com notória previsibilidade, e se utilizava magistralmente da rodagem de seus encanecidos jogadores básicos. A equipe de São José falhou onde não poderia falhar de modo algum, na defesa, na rotação estratégica, e principalmente, na presunção de que um jogo aberto a favoreceria pela notória ausência de contestação dos longos arremessos por parte de um adversário, que, exata e inteligentemente, resolveu contestá-los na decisão, bem lá fora do perímetro, e mais ainda, concentrando seus maiores esforços lá dentro, bem lá dentro de seu garrafão.

Por conta destes aspectos acima relacionados, alguns pontos ficaram bem claros, e mostrados na série de fotos que fiz ( sim, lá estive), que contam um pouco do jogo, mas suficientes na demonstração do quanto variou Brasília em sua forma de jogar ( se utilizou inclusive da dupla armação e jogo interior de pivôs), em oposição à completa ausência de definição tática por parte de uma equipe indecisa e fragilizada por não ousar, criar, e acima de tudo, arriscar sair da mesmice endêmica ( será que se mantêm daqui por diante?) que afasta da formação de base exemplos de como jogar o grande jogo de forma diferenciada, inusitada e criativa, portal que elevaria nossas chances no cenário internacional.

Observemos as fotos:

1 – Inicio de jogo. Ataque linear de Brasília. Notar afastamento do    Murilo no combate direto ao Alírio.

2 – Ataque totalmente aberto do São José, com defensores na Linha da Bola fechando o garrafão, e dobra lateral no Fúlvio, comandados pelo Alex.

3 – Fúlvio eleva erroneamente a bola acima da cabeça, com poucas opções de passe para o interior. Notar o correto bloqueio no Murilo, uma constante em toda a partida.

4 – Ataque interior de Brasília, com os três homens altos e dupla armação fora do perímetro.

5 – No 3º quarto insistência do São José pelo jogo aberto, inócuo e inferiorizado, com seu pivô afastado da cesta. (Desculpar foto desfocada).

6 – Neste 3º quarto Brasília abandona um pouco o jogo interior, voltando às temerárias bolinhas, como essa do Nezinho, o que aproximou o placar em 6 pontos.

7 – Por outro lado, a continua ausência do Jefferson na ajuda ao Murilo nos rebotes, fator determinante na derrota de sua equipe.

8 – Outro momento de ausência de foco interno do São José.

9 – Completa ausência de contestação de um arremesso de três do Guilherme, com seu defensor com os braços completamente arriados, uma constante de toda a equipe no confronto.

10 – Exemplo maior e constante de ausência de jogo interior ante o posicionamento defensivo de Brasília.

11 – A solitária briga do Murilo no rebote. Indesculpável.

12 – Mais uma tentativa de três de São José sem rebote corretamente colocado, outra e determinante constante no jogo.

13 – E mais outra com o Murilo bem contido por um eficiente Alirio, Chico fora e Fúlvio deslocado para uma improvável tentativa de rebote.

14 – Jogo ganho, hora de Brasília emular seu oponente, abrindo seu ataque, prova de sua maturidade e total domínio sobre o sistema único de jogo.

15 – A turma do Basketeria em ação.

16 – O redator aqui exercendo sua inatacável opção de vivenciar o grande jogo.

 

Foi uma vitória inquestionável e justa, da equipe mais experiente e madura, numa competição em que não encontrou um basquete diferenciado que a pudesse derrotar como foi um dia, exatamente por ter se deparado com um no NBB2, onde se sagrou campeã,  e nas competições internacionais onde o sistema único tem galgado uns degraus a mais do que entre nós. Se não nos ajustarmos a essa realidade, já poderemos arriscar a consecução de um tetra para o NBB5, consolidando definitiva, conceitual e irreversivelmente o sistema que tanto nos limita e oprime.

Amém.

Fotos – Paulo Murilo. Clique nas mesmas para ampliá-las.

OS (UTÓPICOS) CAMINHOS DO NOVO…

O blog Território LNB publicou no passado dia 29 uma matéria bastante interessante….e enigmática, Uma seleção na final do NBB, pois em suas entrelinhas deixa em suspenso o seu ponto fulcral, ou seja, o como fazer.

Sem dúvida alguma a escolha dos jogadores que comporiam a formação em dupla armação e trinca de alas pivôs, determinaria uma fortíssima equipe base, assim como os demais componentes da mesma, cuja rotatividade a dotaria de imensas variações táticas, não fosse um único fator restritivo, o como formá-la.

Fazer e formar, ou fazer acontecer e a forma de exequibilizar um projeto tão ao largo do que existe e está implantado na realidade do nosso basquete, eis a questão.

Num cenário tão enraizado como o técnico tático do nosso basquete, com o seu imutável e monocórdio sistema único de jogo, qualquer mudança em seu âmago implicaria uma verdadeira revolução de costumes, de formas, de pensamento, de ação conjunta, e mais ainda, individual, com implicações e conseqüências verdadeiramente imprevisíveis quanto a comportamentos, jamais como fator evolutivo frente aos mesmos. Mudar custa muito, pois exige renúncia espontânea, entrega consciente, absoluta confiança nos novos valores, insistência e perseverança para alcançá-los e conquistá-los.

São exigências na busca do novo, do instigante, do ousado, do corajoso, mas acima de tudo, do incerto, porém desejado futuro.

E para tanto são exigidos novos conceitos pedagógicos, novos enfoques didáticos, nova estratégia comportamental e tática.

Claro que, a busca de novos e abrangentes caminhos, exigem lideranças, conceitualmente novas, e não adaptadas ao pré existente, ao status vigente. Por isso é que não bastam seleções de jogadores que comporão o novo posicionamento, a nova forma de atuar e jogar, sem o acompanhamento de quem os guiarão pelos novos caminhos, aqueles em que acreditam, conhecem, estudam, pesquisam e ensinam com a mais absoluta certeza do que fazem, e para onde querem ir, alcançar, conquistar, estabelecendo novos valores, novas percepções, novos e arejados tempos.

Então, podemos, enfim, definir e concluir  que não basta exercitarmos um novo conceito tático em torno de uma seleção de jogadores, se não o referendarmos com uma direção comprometida  e compromissada com o mesmo,  inserida em seus princípios reformuladores, em tudo e por tudo na contra mão do que está profundamente estabelecido no basquetebol do nosso país.

Fica então em suspenso uma última indagação:  Quais técnicos e professores poderiam estabelecer tais mudanças ao se defrontarem ante novas didáticas de ensino, pertencentes a uma específica pedagogia voltada à dupla armação e triplo jogo interno? Acredito que muito, muito poucos, excluindo-se desta ínfima comunidade o bom técnico apontado no artigo para orientar a hipotética seleção, por não professar, aplicar ou ensinar em tempo algum o sistema proposto, provavelmente por não acreditar no mesmo, direito inalienável seu.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

QUANDO AS PERNAS FALHAM (OU NUNCA FUNCIONARAM)…

– “É jogo para pouca tática e muita disposição”, afirma o jogador Helio do Flamengo antes do jogo.

– “O jogo se ganha com o coração, na vontade, e às vezes a estratégia fica de lado”, declara o jogador Fúlvio no intervalo do jogo.

Com um cenário desse, o que esperar taticamente de um jogo tão importante?

E não deu outra, que como num cartão de visitas, deu-se uma bolinha de três por parte do Fisher, seguida de outra do Marcelo, inaugurando um jogo fundamentado nas afirmações dos jogadores acima, e continuado até o quarto final, quando a equipe carioca, em vez de voltar ao jogo interior, para de 2 em 2 pontos retomar a partida, preferiu as “bolinhas de 5 pontos”, como se a hipotética e sonhadora existência delas fosse real. Somemos a esse panorama uma constatação avassaladora, não mais a incapacidade técnica e fundamental de defesa, individual e coletiva, mal de que padecem muitos e muitos jogadores e equipes brasileiras,  aumentada pelos muitos anos percorridos de estrada por alguns deles. Querer, e em alguns casos saber defender, difere frontalmente do poder, física e tecnicamente, defender. A capacidade de se postar fisicamente no ato de defender, onde a mobilidade dos membros inferiores têm de ser levada a extremos, somada a uma aguçada percepção de tempo e espaço, não são qualidades que dispensem condicionamentos físicos e mentais ordenados,  extremamente treinados e afiados.

Pagamos demais para ver o que acontece, principalmente quanto aos arremessos de fora do perímetro, como numa aposta inter pares de quem acerta mais e erra menos, como num desafio permissivo em ambos os contendores, atitude esta somente factível quando jogam de forma igual ou semelhante, onde as oportunidades se dividem igualmente, e que seria diferente na forma e nos resultados se algo inovador, insólito, corajoso e realmente diferente, fosse colocado neste carrossel girando sempre na mesma direção, com as mesmas luzes, a mesma e monocórdia melodia, o mesmo e medíocre destino, o girar indefinidamente sobre si mesmo.

Tímida e receosamente, algumas de nossas equipes tentam a dupla armação, que seria uma valida tentativa de incrementar o jogo interior com mais e precisas técnicas, num acréscimo de qualidade fundamental e de inteligentes ações táticas, e por que não estratégicas, já que profundas mudanças seriam incrementadas, fugindo celeremente da mesmice técnico tática que tem nos escravizado a longo e longo tempo.

A equipe de São José, errou muito menos, marcou melhor, principalmente no perímetro interno, onde contou com rebotes de qualidade com o Murilo e o Chico, e contra ataque superior, onde o Fúlvio e Laws brilharam intensamente, e com uma ressalva de peso, pois arremessaram 27/42 de dois pontos, e admissíveis 10/16 de três, contra 26/49 e 7/23 respectivamente por parte dos cariocas.

No próximo sábado poderemos atestar algumas evoluções importantes para o basquete brasileiro, quando duas das equipes que se notabilizaram por suas artilharias de fora do perímetro, se enfrentarão numa final. Caso São José volte a optar pelo seu poderoso e eficiente jogo interno e nos contra ataques, frente a uma equipe que marca inconsistentemente, mas ataca com sofreguidão a partir do perímetro externo, e que penetra com assiduidade e precisão, reforçando e posicionando sua defesa, terá boas chances de vitória, mas que para tanto precisará proteger das faltas seu farol de referência, o Murilo, pois será por aí que Brasília, com seu mais do que experiente plantel, apostará suas fichas, num jogo com táticas previsíveis e tradicionais. Vence aquele que quebrar tal evidência. Quem viver verá.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

O REINADO DAS “BOLINHAS” VI…

“O emotivo superou o basquete”, foi o que disse o Ruben Magnano à TV após o jogo, definindo com precisão a realidade do mesmo, numa contundente contra mão ao clima feérico e grandiloquente dos responsáveis pela transmissão adjetivando a partida como fantástica, do mais alto nível, a prova da grandeza do basquete brasileiro, agora pertencendo à elite mundial, e outros mais elogios inócuos e irreais.

Jogo iniciado, juiz antenado, discursos didáticos a torto e a direito, quando motivado, ou provocado por uma falta técnica, o técnico pinheirense esbraveja com o midiático juiz – “Cansei de ser roubado, até aqui dentro…” Tá me chamando de ladrão?” – “Não, é o outro…” num diálogo lamentável, transmitido em som estéreo, à cores, e em rede nacional, e que em nenhum momento foi sequer citado pelos comentaristas de plantão.

Segue o jogo, com três arremessos de três convertidos pelo pivô Alírio, numa tácita demonstração de como jogaria a equipe brasiliense, aberta e penetrante, favorecendo seu jogador mais talhado para esse tipo de ação, o Alex.

Mas erros de fundamentos seguidos do outro pivô, o Cipriano, permitiu que a equipe paulista encostasse no placar, mas com a saída do Figueiroa que vinha jogando em dupla com o Paulo, a equipe retornou ao sistema único, terminando o primeiro tempo quatro pontos atrás (36 x 40).

Foi um primeiro tempo terrível, onde a convergência se fez presente para ambos os lados, com 6/13 nos arremessos de dois pontos e 4/13 nos três para o Paulistano, e 6/14 nos dois e 7/11 nos três para Brasília, numa tendência progressiva que se confirmou ao fim do jogo, quando a equipe paulista perpetrou um 13/28 nos dois e 8/33 nos três, com a equipe candanga assinalando 17/28 e 11/22 respectivamente, para um final apoteótico de 55 tentativas de três e 22 erros de fundamentos, num jogo muito mais próximo da definição do Magnano, do que a viagem no imaginário dos que transmitiam um jogo que somente eles viram.

No intervalo, numa entrevista, o jogador Nezinho discorre sobre a arbitragem, seus dúbios (em sua opinião) critérios, e o excesso de “papo” de jogadores e juízes, o que tumultuava demais a partida. No entanto, no quarto a seguir o mesmo jogador se perde em discussões e contatos com um dos juízes( foto), numa contradição flagrante ao seu depoimento anterior. Enfim, a tão decantada relação didática entre juízes e jogadores havia se transformado em uma autêntica baderna, inconcebível para um jogo de tal importância.

No quarto final, sem que a equipe paulista contestasse os longos arremessos de seu adversário, viu a contagem se expandir até um final de 81 x 62 para a equipe do planalto central, mas não antes de aos 6:53min para o fim da partida (foto), ante uma tentativa de reação, o jogador Marcos levar um “toco de aro” retumbante, além de sua equipe teimar nos arremessos de três (foto), quando teria mais do que suficiente tempo para de 2 em 2 se aproximar dos candangos, que desta forma irão, por mais uma vez, decidir o campeonato contra um surpreendente São José, num absurdo jogo único e em quadra neutra, em troca de uma transmissão em rede aberta da emissora líder no país.

Mas não podíamos encerrar esse artigo sem mencionar mais uma aberração às regras do jogo, quando em lances livres um câmera invade a quadra, se coloca logo atrás do jogador (foto) que irá executar o arremesso, num flagrante desrespeito às mesmas, atitude que não encontra guarida nos grandes campeonatos do resto do mundo, mas conta com o beneplácito de nossos juízes.

Amém.

Fotos – Reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O REINADO DAS “BOLINHAS” V…

Não me contive e resolvi assistir o jogo ao vivo no Tijuca, mas podendo também assistir o jogo de Brasília pela TV. Combinei ir para o apartamento da minha filha, que fica praticamente ao lado do ginásio tijucano, e seguir para o segundo jogo, mesmo sabendo que a entrada seria difícil por ser um ginásio pequeno para uma imensa torcida. Temendo não conseguir entrar, não assisti as prorrogações em Brasília, tirando de mim a possibilidade de fazer um comentário isento e o mais preciso possível.

No entanto, algo me chamou a atenção no jogo do planalto central, talvez motivado pela ausência do Shamell, mas que mudou completamente a forma de jogar do Pinheiros, uma dupla, participativa e altamente eficiente armação, sabendo jogar com seus pivôs, principalmente o Fiorotto, forma impossível de ser desenvolvida com a presença centralizadora e pontuadora do lesionado e ausente jogador. Figueroa e o Paulo encheram os olhos de quem os viu jogar, numa inter ajuda permanente e instigante, demonstrando sim, que dois armadores de ofício podem, e deveriam sempre jogar juntos, ampliando as opções do jogo interno, ajudando-se mutuamente ante defesas pressionadas, e acima de tudo, garantindo qualidade nos passes, nos dribles, nas fintas, na defesa e pontuando complementarmente, e não prioritariamente, como sempre agiu o ausente Shamell, um pseudo ala com qualidades que o poderiam firmar  como um armador de superior qualidade na liga.

Por conta desse posicionamento, e enfrentando uma equipe muito forte em sua volúpia pontuadora, mas falhando na defesa interna, os paulistas levaram o jogo em perfeito equilíbrio até, acredito, ao final eletrizante e atípico para seus padrões até agora, ao qual não pude testemunhar, pois tive de me deslocar rapidamente para não perder o jogo que definiria a outra vaga na final do NBB4.

Por sorte consegui um lugar atrás de uma das cestas, para ao lado do meu filho assistir uma batalha e tanto. E de saída uma surpreendente similitude com o modo de atuar do Pinheiros em Brasília, uma autêntica dupla armação liderada pelo Helio e um mais surpreendente ainda Marcelo, numa função onde não possui muita qualificação, mas onde atuou com bastante enfoque no jogo interior, servindo os pivôs com passes precisos e de qualidade, e pontuando de media distância com eficiência.

Mas aos poucos, o pivô Caio começou a pagar caro por sua lesão no tornozelo, assim como se ressentia de uma forma física adequada a uma competição tão exigente, e praticamente parou em campo. Foi o suficiente para a equipe paulista encostar no placar, desgastando sobremaneira o excelente Kammerichs, brigando sozinho na taboa carioca.

Mas foram nos quartos finais que algo a muito esperado concorreu para a superioridade dos rubros negros, a eficiente participação do ágil e veloz pivô Hayes, que em dupla com o Kammerichs e mais adiante com o Teichmann dominaram os rebotes, concluíram com sucesso, e com precisos passes de dentro para fora permitiram arremessos de seus companheiros mais equilibrados e precisos. A equipe do Pinheiros somente pode contar com um sobrecarregado Murilo na briga dos rebotes, já que o outro bom jogador nesse fundamento, o Chico, abria muito para arremessos de três pontos, esquecendo que de dois em dois pontos poderiam, ele e sua equipe, se aproximarem e até virarem o placar a seu favor. Mas a volúpia e sangria dos três pontos estando enraizadas profundamente na realidade do nosso basquete anulam uma evolução técnico tática que se faz tardia para o grande jogo tupiniquim.

Foram dois jogos com alguns números assustadores, que nem as desculpas de que se tratavam de partidas nervosas e decisivas, retiram das mesmas uma brutal carga de preocupações, principalmente no quanto destas influências irão desaguar na seleção olímpica, com sua proposta de um basquete mais solidário, eficiente e preciso.

Foram 53 erros de fundamentos (24 no Rio e 29 em Brasília), e espantosos 95 arremessos de três (41 e 54 respectivamente), num desperdício absurdo de esforço por parte de jogadores que ainda não compreenderam (ou mesmo não saibam) o quanto comprometem a qualidade do jogo, em tentativas despidas de um mínimo de controle técnico e objetividade tática.

Precisamos reaprender a jogar em dupla armação, para que dominemos o perímetro externo em toda a sua extensão, assim como voltarmos a valorizar o jogo interno, através jogadores altos, velozes e flexíveis, abandonando de vez os pesados e lentos cincões  de um oficio que, mesmo as grandes seleções mundiais estão aposentando, pois com velocidade, flexibilidade e apuro nos fundamentos, quem sabe, nos tornemos também eficientes defensores, contestadores de dentro e fora do perímetro, decretando a urgente diminuição desta maldita hemorragia que nos desgasta e expõe frente ao trágico reinado das bolinhas.

Hoje teremos definidos os finalistas, e estou torcendo, timidamente, que as duplas armações retornem em grande, e que nossos bons pivôs sejam municiados permanentemente, tornando o jogo mais técnico e menos comprometido com erros inconcebíveis. Vamos a eles.

Amém.

Foto – PM. Clique na mesma para ampliá-la.

O REINADO DAS “BOLINHAS” IV…

24seg  para o término do jogo, Brasília vencendo por 3 pontos, bola de posse do Pinheiros, que parte para o ataque com seu armador Figueroa, que até aquele momento havia arremessado 1/4 bolinhas de três, e que executa uma outra com 4seg de ataque, errando frente a uma forte contestação, quando poderia, como armador que é, ter trabalhado a bola um pouco mais, a fim de liberar um seu companheiro melhor colocado, e que por essa precipitação, deu a vitoria aos candangos.

No entanto, como conceituar uma partida decisiva de playoff com 55 arremessos de três pontos, sendo que a equipe paulista cometeu um inacreditável 11/32 de três, e um 13/28 de dois, optando por um jogo externo com a mais absoluta incompetência convergente? Simplesmente inaceitável.

A equipe candanga, que desta vez resolveu jogar, apertou a defesa interna, e um pouco também a externa, suficiente para elevar o nível de imprecisão das bolinhas paulistas, e levou para Brasília a condição impar de poder fechar a série na próxima sexta feira.

Mas o espetáculo não poderia estar completo sem mais uma feérica participação da arbitragem antenada, que, fugindo de uma atribuição administrativa que deveria ter sido tomada muito antes do inicio da partida, retardou-a para que os nomes das equipes constassem do placar, pois os tradicionais “Local” e “Visitante” não poderiam lá estar. Depois, durante todo o transcurso do jogo travou diálogos didáticos com o jogadores, como se tratassem de infantos ou juvenis, e não experientes e calejados participantes, inclusive de seleções nacionais, tendo inclusive, marcado uma reversão de posse de bola pela inobservância do limite de 8seg  para a transposição da defesa para o ataque pela equipe de Brasília, e num momento chave do jogo, mas em momento algum interferiu nos 9seg em média de todos os lances livres executados pelo Alex. Infelizmente nossa arbitragem está se transformando num espetáculo de lastimável mau gosto, retirando em muito a seriedade de uma função de pouco papo e ação pura na aplicação das regras do jogo. Não bastassem as exibições espalhafatosas de muitos técnicos, temos agora a presença verborragicamente didáticas nas arbitragens.

Mas, legal mesmo foi a entrevista inicial do técnico de Brasília ao ser perguntado do porque o pivô Alírio sairia no quinteto titular. “Como a defesa do Pinheiros poderia repetir com sucesso o fechamento do garrafão aos seus pivôs, o Alírio, que também é bom de três pontos, tentaria com seus arremessos “abrir” a defesa dos paulistas”. Sim, sua equipe perpetrou um 8/23 arremessos de três, mas frente aos 11/32 de seus oponentes venceu o jogo por dois pontos, que poderiam ter sido muito mais se seus pivôs jogassem como devem jogar os pivôs, lá dentro, e não aqui fora fazendo o que não sabem, ou melhor, pensando que sabem.

Enfim, de hemorragia em hemorragia de três, lá vai a barca de resultados singrando um basquete equivocado e absolutamente pobre. O Magnano que lá estava deve, por mais uma vez, colocar sua barba rala de molho, pois as feras das bolinhas já já estarão em suas mãos, que não são de um mago ou mágico, mas de um técnico com a função ingrata de domá-las e educá-las para executarem um basquete, pelo menos aceitável , solidário, e acima de tudo responsável. Torçamos para que consiga.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

OBVIEDADES…

Vai prosseguindo o NBB4 e seus playoffs, onde pudemos ver pela TV três jogos, dois do Flamengo com São José, e um do Pinheiros com Brasília, e pela primeira vez aqui no blog me recuso a comentá-los como sempre fiz, pois o que testemunhamos não merece maiores análises técnico táticas, e muito menos estatísticas.

Mas Paulo, pelo menos o segundo jogo do Flamengo foi empolgante, com um São José arrancando uma vitória na prorrogação, e isso não conta? Claro que conta, e o efeito de tal vitória se estendeu ao terceiro jogo de forma contundente.

Então o que faltou acontecer para que um comentário mais abrangente pudesse ser feito? Vejamos:

– No segundo jogo da serie, o Flamengo que iniciou com uma excelente opção de jogo interior, comandou a partida, que teria tudo para ser facilitada, dada a inconsistência defensiva do Pinheiros ante um jogo próximo à sua cesta eficiente e objetivo, além de se defrontar com uma defesa disposta às contestações fora do perímetro, ponto fortíssimo dos paulistas. De repente, numa prevista recaída a partir do terceiro quarto, os cariocas voltaram ao seu jogo tradicional, e deu no que deu.

– No terceiro jogo, inicio carioca com o jogo interior, mas com um Caio visivelmente lesionado, sendo repetidamente substituído por um oscilante Vagner, e tendo um Kammerichs se desgastando progressivamente, sem que os outros dois bons pivôs da equipe, o Teichmann e o Átila fossem acionados na rotação. Resultado? Voltaram ao jogo tradicional centrado no Marcelo, dando a grande brecha por onde os paulistas penetraram com competência, virando a série em 2 x 1. Até agora não consegui entender o não acionamento de todos os pivôs da equipe carioca, ainda mais num momento decisivo do campeonato, assim como a quebra de um sistema que provava ser  eficiente, pela teimosia de alguns jogadores voltados às suas performances, e não as da equipe  num todo. Os resultados ai estão.

– No segundo jogo entre Pinheiros e Brasília, a equipe candanga, por ter perdido o vôo, não apareceu para jogar. Espero que no terceiro apareça, afinal, trata-se de um playoff, e a mesma tem um título a defender.

Espero poder contar um pouco mais na próxima rodada, por que estas duas somente refletiram a mesmice endêmica que teimosa e persistentemente nos assola desde sempre. Fortes emoções, prorrogações, ginásios transbordantes, velam sutilmente a dura verdade do nosso momento técnico tático, no umbral de uma decisiva competição olímpica. Temos de evoluir.

Amém.

Foto – Divulgação GloboEsporte

ESTÃO APRENDENDO…

E não é que estão aprendendo, ou melhor, estão tomando jeito? Defesa existente na maior parte do jogo, ataques centrados no interior do perímetro, contra ataques quando possível, e milagre dos deuses, somente 9/17 arremessos de três, 17/32 de dois, e 23/25 nos lances livres. Foram estes os números do Flamengo, contra um tradicional 9/33 de três da equipe paulista, que praticamente impossibilitada de penetrar a forte defesa rubro negra, fartou-se nas bolinhas de três, quase sempre contestadas, daí o alto numero de arremessos imprecisos e desequilibrados.

Somemos a tudo isso outro importante e determinante fator, a atitude coletivista do Marcelo, que em conjunto com o Helio e o Jackson, formaram uma verdadeira linha de passes para os pivôs, que em troca voltavam bolas em ótimas condições para finalizações precisas e equilibradas dos três, vamos aqui conceituar, armadores.

São José tentou resistir o mais que pode, mas as sucessivas faltas de seu pivô Murilo, a inconstância e flagrante falta de ritmo de um Jefferson retornando de lesão, e uma ciranda de passes lateralizados pela fortíssima defesa interior dos cariocas, impediram qualquer tentativa de reverter um resultado mais do que anunciado pela firmeza do jogo rubro negro.

Foi uma vitoria lapidar, pois expôs uma determinante vontade de modificar um sistema de jogo viciado e escravizado aos longos e imprecisos arremessos, e ao crônico abandono de pivôs talentosos e eficientes, que reencontraram a equipe ao se tornarem participantes ativos da mesma no plano ofensivo, determinando um parâmetro de força que, se repetido nos próximos jogos tornará essa equipe muito difícil de ser batida, principalmente se seu adversário teimar no jogo de entorno, afogado em passes inócuos, arremessos profusos de três pontos, e uma defesa focada nas dobras e pouco participativa e atenta nos rebotes.

Foi um jogo que abre e promete novas perspectivas de jogo, na medida em que perseverem e acreditem que o grande jogo pode ser jogado de formas diferenciadas de um sistema único coercitivo, retrógado, e corporativista. Torço ardentemente que a mudança que tanto aguardamos esteja perto, muito perto de se tornar realidade, uma bem vinda realidade.

Amém.

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SIMPLES E OBJETIVO…

O primeiro quarto foi um horror, que nem a desculpa de que em decisões os nervos afloram, convencia, mais ainda quando jogadores mais do que experientes estavam em quadra. Flamengo e Uberlândia são equipes compostas de veteranos, e alguns mais do que veteranos. O engraçado é que ambas se marcavam firmemente, evitando as bolinhas, vigiando as infiltrações, mas…errando a não mais poder.

Veio o segundo quarto e, surpresa das surpresas, a sempre afoita equipe rubro negra postou-se em forte defesa, dentro, e intensamente fora do perímetro, brecando a grande arma do Uberlândia, as bolinhas de três, indo mais além quando resolveu jogar com seus bons pivôs, vencendo ao final dos quartos iniciais por 39 x 28. Nessa fase, a equipe carioca tentou 0/2 arremessos de três pontos, algo surpreendente e inusitado, provando que de 2 em 2 poderiam alcançar os 40 pontos, com mais precisão e segurança, otimizando seus ataques e valorizando seus esforços defensivos.

Mas, veio a recaída no terceiro quarto, quando as equipes desembestaram a chutar de três, como que numa volta a um hábito solidamente enraizado, e perpetraram os cariocas um 0/7 até que conseguiram acertar a primeira bolinha na metade do quarto. A sucessão de erros provocou uma reação mineira bastante perigosa, quando aconteceu o mais inesperado ainda, o Flamengo voltou a jogar com seus pivôs e a evitar os arremessos desnecessários, além de voltar a marcar forte fora do perímetro. Resultado? Venceu um jogo inicialmente difícil por 77 x 62, e classificou-se às semifinais.

Fica no ar uma indagação – Por que não jogam sempre assim, por quê? Mesmo no sistema único, a opção pelo jogo seguro e preciso se torna factível na medida em que a equipe opte pela simplicidade e objetividade das ações ofensivas, abdicando dos arremessos arrivistas e, principalmente, optando pelo jogo de equipe, tornando-a unida e participativa.

Enfim, se for repetida essa atitude técnico tática, poderemos testemunhar uma equipe seriamente candidata ao titulo da liga. Aguardemos então.

Amém.

Foto de Fernando Azevedo. Clique na mesma para ampliá-la.