NA ARENA…

(…)Em termos de tática e filosofia de jogo, qual o maior desafio dos técnicos brasileiros para a próxima edição do NBB?
– São várias coisas. É preciso melhorar em alguns pontos, mas sem perder outros, como o jogo de velocidade. Agora, velocidade sem controle é um risco muito grande. Lidar com isso vai ser o desafio de todos os técnicos. E não podemos abandonar nunca os fundamentos do jogo. Eles são mais vitais que a própria tática (…).

Essa foi uma das respostas do técnico de Brasília na entrevista que concedeu ao Rodrigo Alves do Rebote em 12/06/09.

E é exatamente neste ponto que o basquete brasileiro vem perdendo sua identidade nos últimos vinte anos. Na preparação de nossos jovens e mesmo nas divisões adultas, onde a tática sempre antecede, e na maioria das vezes obscurece a pratica dos fundamentos do jogo. E o resultado está ai, escancarado a todos, numa curva descendente apavorante, em continuidade a um projeto de clinicas nacionais onde a padronização técnico tática é priorizada, e não o ensino sistemático dos fundamentos.

E o que vimos, por mais uma vez na Arena, onde Brasília e Flamengo disputaram a segunda partida do torneio final, senão a confirmação dessa curva descendente, projetada em falhas lamentáveis de fundamentos, de arremessos, de dribles e fintas, de posicionamento defensivo, de ausência quase total de movimentações ofensivas concatenadas e coerentes, e o pior, em reações ofensivas de jogadores a um dos técnicos quando substituídos, e mesmo a realidade dicotômica do que era pedido nos tempos pelos técnicos, daquilo que era colocado em pratica pelos jogadores, como num diálogo de surdos e muitas vezes cegos.

E nesse panorama repetitivo venceu a equipe que errou um pouco menos, e que mesmo no meio de um maremoto de arremessos de três conseguiu encontrar tempo e alguma oportunidade de arremessar de distâncias menores, e por isso mesmo, mais seguras.

O confronto está empatado, e o jogo desse domingo deverá ser aquele de maior importância, pois definirá uma liderança difícil de ser alcançada no caso de vitoria da equipe candanga, já que remete para o planalto central o jogo decisivo da serie, revertendo a vantagem inicial do Flamengo.

O de se lamentar a desorganização reinante, desde a venda de ingressos caótica no local da competição, até a invasão do setor 2 pela torcida da casa, totalmente entregue a cultura do futebol, com seus xingamentos, ao pisoteamento proposital das cadeiras onde deveriam estar sentados, assim como a névoa de poeira em suspensão por toda a Arena, numa flagrante ausência de manutenção e limpeza do local. A turma da rinite deve ter passado muito mal.

E que o lembrete do técnico de Brasília de que os fundamentos são mais vitais do que a tática, ele que faz parte da associação de técnicos da LNB, seja levado em alta conta, a começar por sua própria equipe, e pela divulgação e ampliação do mesmo aos demais técnicos espalhados pelo país, a fim de que possam participar, discutir e reorganizar o efetivo preparo fundamental em nossas divisões de base

Estarei torcendo para que logo mais na Arena tenhamos um jogo melhor tático tecnicamente, lamentando os grandes vazios que persistirão no grande recinto que poderiam estar preenchidos por escolares da região, tão abandonados pelas autoridades desportivas do estado.

Amém.

QUE DIA…

Começo o dia lendo no O Globo que o TCU aponta superfaturamento nos Jogos do Pan, onde até selo de garantia dos colchões da Vila Olímpica foram pagos pela Comissão, num total de 191.312,34 reais, assim como o aluguel dos condicionadores de ar por sete meses foi 31% superior ao preço do equipamento. Essas e outras mutretas explicam os bilhões de reais que ultrapassaram o orçamento inicial. Fico imaginando a festança que será com os 260 bilhões previstos para a Olimpíada 2016, ao invés de aplicarmos essa dinheirama simplesmente em educação.

Educação esta, que na cidade que se candidata à 2016, só metade dos alunos da rede pública conclui a 8ª série, e dos que seguem para o ensino médio somente 44,5% o conclui, menos que a média do nordeste brasileiro. Em suma, uma vergonha nacional (O Globo de 10/6/09, página 8).

Com tal aperitivo, fomos para frente da telinha acompanhar o primeiro jogo da decisão do NBB, entre Brasília e o Flamengo.

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70 ANOS (4)…


Este ano completo 70 anos, cinquenta e quatro deles envolvidos e enfeitiçados pelo grande jogo, pelo formidável basquetebol.

Estudei muito, e ainda estudo, lecionei, preparei, treinei e dirigi muitos jovens, em escolas, clubes e seleções, onde garimpei muito mais que títulos, grandes e eternos amigos, os quais guardo no fundo do meu coração.

Sinto saudades de todos, e na impossibilidade geográfica, material e econômica de reuni-los para agradecer o quanto aprendi com todos , publicarei a cada semana uma foto das muitas equipes de que fiz parte ao ladodeles e delas também, irmanados que fomos pela pureza e a beleza de um jogo sem igual, pedindo que, se possível, mandem uma noticia, por mais breve que for, de como estão, o que fazem, e de como o basquete os ajudou em suas vidas.

Ficarei imensamente feliz em reencontrá-los, mesmo virtualmente, pois o respeito, a amizade e os sentimentos fraternais não sentem as distâncias e independem das presenças.

Um abraço agradecido a todos,             Paulo Murilo.

Fotos- Equipes Juvenil e Infanto Juvenil do CR Flamengo – 1964-5

Email- paulomurilo@infolink.com.br

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O TÉCNICO DE SUCESSO…

No dia 16 de julho, às 17 horas, proferirei a conferência de abertura do 3º Congresso de Treinadores de Língua Portuguesa, que transcorrerá em Lisboa, com o tema – O que é ser um treinador de sucesso – e cujo sumário apresento à seguir a todos aqueles que verdadeiramente amam sua profissão, e particularmente o basquetebol, como um preito de respeito e admiração por seu trabalho, e profunda dedicação.

O TÉCNICO DE SUCESSO- Não propriamente o maior vencedor de torneios e campeonatos, grandes ou de menor expressão, e sim alguém visceralmente comprometido com a tarefa de educar através do desporto, preparando bons cidadãos, ótimos atletas, e equipes competitivas, todos dentro dos mais altos padrões sociais, éticos e desportivos, no seio da sociedade em que vive e atua, sempre com presteza, conhecimento e profissionalismo.

O mundo em que vivemos, repleto de injustiças e insensibilidade, anseia por mudanças, principalmente aquelas nações relegadas ao estigma terceiromundista, que no limiar de um novo século ainda não encontraram soluções que reduzam tantas e profundas diferenças com as demais nações desenvolvidas.

A Educação é um dos caminhos redentores, base e sustentáculo de uma sociedade mais justa e igualitária, e o desporto um dos elementos voltados a estes objetivos, com sua proposta aglutinadora e profundamente democrática.

O professor e técnico desportivo foi, é e continuará sendo o agente propulsor de alguns destes importantes objetivos, e para tanto deverá ser preparado e instruído com afinco, atualizado e reciclado permanentemente à luz dos conhecimentos científicos, didático pedagógicos e incondicional acesso à informação virtual.

O professor e técnico desportivo assim preparado, experiente, estudioso e participativo, sempre trilhará o caminho do possível e alcançável progresso de seu povo, através seus alunos, seus atletas, suas comunidades e equipes. E quando um destes segmentos atingir objetivos e metas planejadas, poderá ser considerado professor e técnico de sucesso, se bem que tal projeção não seja tão importante e crucial como se propala, pois o sucesso deve ser definido como um bem realizado trabalho, nada mais do que um bom e recompensador trabalho. Notoriedade e fama ficarão por conta de outras, e quase sempre descartáveis circunstâncias.

Espero representar com honra e dignidade professores e técnicos deste esperançoso país.

Amém.

DOS 15 AOS 19 ANOS…

Padronizaram o sistema técnico tático das seleções de base, dos 15 aos 19 anos no masculino e no feminino.

Padronizaram a preparação física, os testes de aptidão e performance das seleções de base, dos 15 aos 19 anos.

Estabeleceram que a prioridade nos treinamentos é a assimilação dos sistemas de ataque e de defesa, dos 15 aos 19 anos.

E por decorrência, relegaram a pratica dos fundamentos a um segundo plano, dos 15 aos 19 anos.

Proclamam que muito em breve tais padronizações alcançarão o status de referência para todo o território nacional.

E que tais referências servirão de base didático pedagógica da futura Escola de Treinadores.

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70 ANOS (3)…


Este ano completo 70 anos, cinquenta e quatro deles envolvidos e enfeitiçados pelo grande jogo, pelo formidável basquetebol.

Estudei muito, e ainda estudo, lecionei, preparei, treinei e dirigi muitos jovens, em escolas, clubes e seleções, onde garimpei muito mais que títulos, grandes e eternos amigos, os quais guardo no fundo do meu coração.

Sinto saudades de todos, e na impossibilidade geográfica, material e econômica de reuni-los para agradecer o quanto aprendi com todos , publicarei a cada semana uma foto das muitas equipes de que fiz parte ao ladodeles e delas também, irmanados que fomos pela pureza e a beleza de um jogo sem igual, pedindo que, se possível, mandem uma noticia, por mais breve que for, de como estão, o que fazem, e de como o basquete os ajudou em suas vidas.

Ficarei imensamente feliz em reencontrá-los, mesmo virtualmente, pois o respeito, a amizade e os sentimentos fraternais não sentem as distâncias e independem das presenças.

Um abraço agradecido a todos, Paulo Murilo.

Fotos- Equipes da 1ª Divisão e Juvenil da A.A.Vila izabel – 1963/5

Email-paulomurilo@infolink.com.br

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IMPROVISANDO…

Em 3 de outubro de 2004 publiquei o artigo SÓ IMPROVISA QUEM SABE , onde traçava um paralelo entre o estilo musical do jazz e o comportamento de jogadores de basquetebol no ato de improvisar em torno de um tema central definido no caso musical, e nas ações decorrentesde um sistema básico de jogo e suas infinitas possibilidades de jogadas fundamentadas no conhecimento comportamental dos adversários e no perfeito domínio dos fundamentos.

Leia-o com atenção, e depois acesse aqui para seguir uma brilhante exposição do músico Winton Marsalis, o mesmo que estabeleceu a pesquisa de opiniões contidas e discutidas no artigo acima indicado.

E agora, você que é técnico, professor, jogador, jornalista, ou mesmo um simples entusiasta do grande jogo, reflita com isenção e espírito desarmado, o quanto de belo e complexo define um jogo que em hipótese alguma pode ficar limitado e acorrentado a esquemas coreográficos e de rigidez técnico comportamental, exercidos por técnicos que se definem através de equivocados comandos, explicitados confusamente em prosaicas pranchetas e seus hieróglifos rabiscados.

E que de uma vez por todas deixem fluir a criatividade alcançada através exaustivos treinamentos, conhecimento real do processo técnico tático, e do mais profundo domínio dos fundamentos básicos do jogo, que são os autênticos e indiscutíveis fatores para a constituição séria e confiável de uma verdadeira equipe.

Claro que não é para qualquer um ter de assumir tal responsabilidade, pois como afirmei no inicio, só improvisa quem sabe.

Amém.

NOSSA REALIDADE…

As semi finais começaram, e para variar, sem novidades, infelizmente. Joinville e Flamengo fizeram uma partida muito fraca, aspecto restritor a maiores e detalhadas análises.

As quatro equipes classificadas, assim como Franca, vêm se utilizando da dupla armação com relativo sucesso, umas por todo o tempo, no caso de Minas e Joinville e da não classificada Franca, e as outras duas, Flamengo e Brasília de forma intermitente. Aponto estas cinco equipes como aquelas que tentam fugir do sistema único de jogo, dinamizando-o e acrescendo maior qualidade técnica nos passes, dribles e posicionamento defensivo. Num universo de quinze equipes ainda é muito pouco.

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70 ANOS (2)…

Este ano completo 70 anos, cinquenta e quatro deles envolvidos e enfeitiçados pelo grande jogo, pelo formidável basquetebol.

Estudei muito, e ainda estudo, lecionei, preparei, treinei e dirigi muitos jovens, em escolas, clubes e seleções, onde garimpei muito mais que títulos, grandes e eternos amigos, os quais guardo no fundo do meu coração.

Sinto saudades de todos, e na impossibilidade geográfica, material e econômica de reuni-los para agradecer o quanto aprendi com todos , publicarei a cada semana uma foto das muitas equipes de que fiz parte ao ladodeles e delas também, irmanados que fomos pela pureza e a beleza de um jogo sem igual, pedindo que, se possível, mandem uma noticia, por mais breve que for, de como estão, o que fazem, e de como o basquete os ajudou em suas vidas.

Ficarei imensamente feliz em reencontrá-los, mesmo virtualmente, pois o respeito, a amizade e os sentimentos fraternais não sentem as distâncias e independem das presenças.

Um abraço agradecido a todos, Paulo Murilo.

Foto- A Escola Carioca de Basquetebol – 1961

Email- paulomurilo@infolink.com.br

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CONVOCATUS EST…

Concordo inteiramente com o posicionamento do Fabio Balassiano em seu artigo de hoje sobre a convocação da seleção brasileira adulta (http://balanacesta.blogspot.com/) que já deveria estar se preparando para a Copa America sem maiores protelações. Esse erro já havia sido cometido quando do Sul Americano que antecedeu o Pré Olímpico, onde um tempo precioso de treinamento foi perdido, em contraste aos rogos da comissão por mais datas e espaço para treinamentos.

E o mais importante e impactante é o fato de ser tratar de uma seleção brasileira, tão carente de autênticos valores, mas que esnoba o mundo com uma seleção B, como se a riqueza de talentos vicejasse aos borbotões entre nós. Realmente, não é qualquer país basqueteiro que se dá ao luxo de formar duas seleções adultas, o que nos deixa pretensa e arrogantemente na dianteira técnica mundial.

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