“É um grupo que não foi formado agora, vem sendo convocado a algumas temporadas, formando uma base bem sólida dentro da filosofia de trabalho da Comissão Técnica. Temos grandes jogadores que vestem com orgulho a camisa do Brasil e estão dispostos a representar muito bem o nosso país nos Jogos Pan-Americanos do Rio de janeiro e no Pré-Olímpico”.
“O Pan será muito importante para o Marcelinho. Ele é o único que pode ser tricampeão e ainda vai estar jogando em casa”.
“O Pan-Americano vai servir como preparação para o Pré-Olímpico, mas é claro que é uma preparação que tem uma importância muito grande”.
“O João Paulo está sendo observado há algum tempo e é um jogador muito forte, que pode ser um pivô de força, algo que todo time precisa”.
“O Paulão, por exemplo, é um jogador juvenil, mas que já treinou com o grupo. O Rafael jogou uma Copa América e o Caio foi até o Mundial”.
São declarações do técnico da seleção brasileira junto à imprensa logo após apresentar a lista de convocação para as duas competições. Na mesma, somente dois jogadores são armadores puros, sendo que os demais poderão ser adaptados como alas-armadores, assim como a maioria dos pivôs relacionados são da categoria “pivôs de força”, e não pivôs velozes e ágeis.
Conclusões- Teremos de volta a “filosofia” de uma comissão técnica derrotada e pior, prontinha para repetir os erros incomensuráveis de um passado bem recente. À começar pela manutenção dos cardeais, aqueles jogadores donos de posições indisputadas e porta-vozes de uma ética peculiar denominada “grupo fechado”, a tal base sólida mencionada pelo técnico chefe.
Em conformidade com a “filosofia” implantada e marmorizada, atuaremos com um só armador, treinado na arte dos sinais, emanados das coreografias mais do que manjadas do repertório técnico-tático repetitivo e de amplo conhecimento da mais simplória equipe que enfrentaremos, todas magistralmente desenhadas numa folclórica prancheta de triste e permanente presença. E no caso desesperado de atuarmos com dois armadores, testemunharemos adaptações sempre prontas a tropeçarem e atropelarem a bola no afã de exercerem sobre a mesma uma técnica que simplesmente desconhecem.
Entrementes, sequer foram relacionados, ao menos para um treinamento preliminar, um grupo de armadores que vêm apresentando excelentes performances em suas equipes, tais como o Fulvio, o Matheus, o Fred e até mesmo o veterano Helio, que na companhia de outro veterano, o ala Rogério, se encontram numa forma técnica apreciável. Mas claro, todos afinados com uma forma diferenciada de atuar contrastante com a retrograda “filosofia” da douta comissão.
Fica patenteada a continuidade da utilização de pivôs de força, situação antagônica às nossas tradições de velocidade e destreza, para as quais nossa biotipologia é tão bem direcionada, mas que não encontra eco no seio dos donos da verdade basquetebolística, sendo que alguns dos que integrarão a delegação final sequer entrarão em quadra, a exemplo do ocorrido no mundial passado. A atração exercida pela presença de massas físicas nos bate-bolas de apresentação, representam, como fetiches, uma atração incontrolada nessa comissão, que por conta disso deixam de fora jogadores que realmente representassem nossa real e indiscutível força.
Força esta que somente se faria presente se liderada por um técnico que representasse lidimamente uma forma de jogar que beneficiasse nossos valores e tradições, que se encaixam perfeitamente com o movimento inovador que vêm se antepondo ao modelo NBA no mundo, principalmente do lado europeu, e que é ferrenhamente defendido e empregado em nossas últimas seleções nacionais, com resultados deploráveis.
Enfim, testemunharemos mais uma etapa de desmando técnico, tático e ético protagonizado, não por uma comissão conivente com cardeais e aspirantes a títulos romarizantes, onde milésimos gols e tricampeonatos pessoais se antepõem aos verdadeiros objetivos concernentes a uma seleção nacional, mas sim a uma pseudo-liderança representada por uma entidade falida no âmbito técnico, e principalmente no administrativo, já que eminente e nefastamente política. Gol mil para o grego melhor que um presente, e sua comitiva de áulicos e incompetentes. Isso é Brasil.