DETALHES…

Data-Frase- “Fomos campeões sul-americanos, de Copa América, Pré-Olímpico, Pan-Americano e acho que só não ganhamos Olimpíada e Mundial por detalhe”.

Oscar Schmidt

No ótimo site Databasket a frase acima foi inserida no inicio da página de Noticias, e que, apesar de ter sido dita por um dos nossos mais representativos jogadores até os dias de hoje, deixa no ar uma questão não esclarecida: Qual detalhe, e por que não, detalhes?

Sem entrar no mérito da questão lembro-me de alguns poucos, humildes e já de muito esquecidos “detalhes”, que nos fizeram três vezes medalhistas olímpicos e duas vezes campeões mundiais, São meros “detalhes”, desculpem:

-Medalha de Bronze nas Olimpíadas de Londres (1948) : Técnico-Moacyr Brondi Daiuto; DETALHES- Adilio Soares de Oliveira ; Alfredo Rodrigues da Motta ; Alexandre Gemignani ; Affonsode Azevedo Évora ; João Francisco Braz ; Marcus Vinicius Dias ; Massinet Sorcinelli ; Nilton Pacheco de Oliveira ; Ruy de Freitas ; Zenny de Azevedo,”Algodão”.

-Campeão Mundial- Chile (1959) : Técnico-Togo Renan Soares; DETALHES- Amaury Antonio Pasos; Carmo de Souza,”Rosa Branca”; Edson Bispo dos Santos; Fernando Pereira de Freitas; Jathyr Eduardo Schall; José Maciel Senra,”Zezinho”; Otto Carlos Phol da Nóbrega; Pedro Vicente da Fonseca,”Pecente”; Waldemar Blatkauskas; Waldyr Geraldo Boccardo; Wlamir Marques; Zenny de Azevedo,”Algodão”.

-Medalha de Bronze nas Olimpíadas de Roma (1960) : Técnico-Togo Renan Soares,”Kanela”; DETALHES- Amaury Antonio Pasos; Antonio Salvador Succar; Carlos Domingos Massoni,”Mosquito”; Carmo de Souza,”Rosa Branca”; Edson Bispo dos Santos; Fernando Pereira de Freitas; Jathyr Eduardo Schall; Moysés Blas; Waldemar Blatkauskas; Waldyr Geraldo Boccardo; Wlamir Marques; Zenny de Azevedo,”Algodão”.

-Campeão Mundial- Rio de Janeiro (1963) : Técnico- Togo Renan Soares,”Kanela”; DETALHES- Amaury Antonio Pasos; Antonio Salvador Succar; Benedito Cícero Tortelli,”Paulista”; Carlos Domingos Massoni,”Mosquito”; Carmo de Souza,”Rosa Branca”; Friedrich Wilheim Braun,”Fritz”; Jathyr Eduardo Schall; Luiz Carlos Menon; Ubiratan Pereira Maciel; Victor Mirshawka, Waldemar Blatkauskas; Wlamir Marques.

Medalha de Bronze nas Olimpíadas de Tóquio (1964) : Técnico- Renato Miguel Gaia Brito Cunha; DETALHES- Amaury Antonio Pasos; Antonio Salvador Succar; Carlos Domingos Massini,”Mosquito”; Carmo de Souza,”Rosa Branca”; Edson Bispo dos Santos; Friedrich Wilheim Braun,”Fritz”; Jathyr Eduardo Schall; José Edward Simões; Sergio Toledo Machado; Ubiratan Pereira Maciel; Victor Mirshawka; Wlamir Marques.

Não creio que tenha sido uma questão de detalhes, mas sim ausência dos mesmos, e que sobravam nas equipes acima mencionadas, lembradas e imorredouras. Foram os detalhes qualitativos, ausentes na geração do grande jogador que a limitou nas competições maiores. Somente isto, detalhes, os verdadeiros.

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VERGONHA …

Em recente declaração o ex-Ministro dos Esportes Agnelo Queiroz afirmou- “ que pela primeira vez esporte é negocio de Estado”. E deve ser mesmo, pois o recente escândalo de convênios com ONGs ligadas a projetos desportivos preencheu as paginas dos principais jornais do país nesta semana, com aplicações não comprovadas de verbas, e até endereços fantasmas, que só no Rio de Janeiro alcançou a cifra de 16 milhões de reais em 2006. Uma só Federação, a de Capoeira Desportiva(?) embolsou 2,5 milhões! Em 2007 as cifras já alcançam os 4,6 milhões, em projetos que pretendem atender jovens carentes fora das salas de aula, preenchendo seus tempos livres com orientação esportiva, supervisionadas por instrutores capacitados. Um prato cheio para promoções de cunho político-eleitoreiro, tão a gosto de um negocio de Estado. Mas a realidade tem demonstrado que tais programas não tem condições de planejamento e administração para passarem por um crivo elementar de auditoria. São na realidade um sorvedouro de verbas publicas avidamente disputadas por aventureiros disfarçados de protetores e salvadores de nossa juventude da periferia. E quem são essas pessoas? Serão professores bem formados e treinados para liderarem tão árduo trabalho? Ou serão aqueles “abnegados” sempre dispostos ao lucro mais do que bem-vindo via cofres públicos? Perguntas não tão difíceis de responder neste infeliz país, onde esporte é negocio de Estado. E uma outra pergunta vem logo à tona- Onde se encaixam os CONFEFs e CREFs sempre tão dispostos a prender professores que se negam a pagar seus dízimos anuais, e cinicamente ausentes das bocas de túneis onde gabaritados técnicos de futebol riem de suas prosaicas autoridades, e não só no futebol…

A afirmação do ex-Ministro dói ainda mais quando vemos a decadência progressiva de nossas escolas, onde, como nos paises mais desenvolvidos do mundo, o esporte deveria se constituir em conjunto com as artes e as disciplinas básicas no maior negocio de Estado, a educação de um povo. Mas não entre nós, onde um Ministério do Esporte, com suporte de um COB politizado se apossa de uma das vertentes mais poderosas no processo educativo dos jovens, atraídos pelo seu potencial de agrado e aceitação popular, para “administrar” verbas jeitosamente distribuídas a apaniguados e seguidores de suas políticas de Estado. Os resultados ai estão numa versão preliminar, e que se avultarão na medida em que a sociedade aprofunde as sindicâncias necessárias. O prejuízo será de grande monta, mas nunca para àqueles que se beneficiaram ao som dos berimbaus da vida.

E por que esse grande negócio de Estado não foi desenvolvido e entregue à gestão escolar, sob a égide do MEC? Claro, que as dificuldades de desvio de verbas seriam tremendamente mais difíceis, e até certo ponto impossíveis dentro da esfera escolar, assim como não beneficiariam a politicalha eleitoreira que só o esporte pode prover num curto espaço de tempo. Pois escola denota tempo, muito tempo, muito trabalho, na maioria esmagadora de suas funções sem qualquer reconhecimento e projeção publica. Educar um povo, gerações e gerações, nunca deu votos a nenhum político, mas silenciou a ignorância, afastou o analfabetismo e projetou, silenciosa e inexoravelmente as grandes nações ao encontro de um futuro rico e seguro de suas potencialidades, numa verdadeira égide democrática, constituindo-se no mais puro e verdadeiro negocio de Estado, ao som de suas canções, seus hinos e suas esperanças, e não ao som rústico e monocórdio de um berimbau.

INDO EM FRENTE.

Jogando com firmeza e desenvoltura, a equipe de Franca se classificou para as finais da Liga Sul-americana. Foram duas convincentes vitórias, demonstrando o quanto mudou em sua forma de jogar, atuando na contramão das demais equipes brasileiras. Ao abandonar as figuras dos pivôs trombadores, substituíndo-os por outros possuidores de velocidade e destreza, e ao adotarem uma formação com dois autênticos armadores, que mesmo atuando como alas, moviam-se habilidosamente graças ao grande domínio dos fundamentos de drible e passe, assim como na precisão dos arremessos de três pontos. Franca pode se orgulhar de possuir três armadores especialistas nesse tipo de arremesso, assim como um ala, que apesar de veterano conseguiu acompanhá-los naquelas funções, acredito que por força de muito treinamento e dedicação. Também possui reservas, que apesar de muito jovens se encaixam muito bem aos mais veteranos, formando um todo respeitável e altamente competitivo. Sua melhora defensiva foi marcante, principalmente quando contava com os três armadores em quadra, sufocando os atacantes argentinos, principalmente fora do perímetro, prejudicando muito seus longos arremessos e os passes para seus pivôs. Dominou os rebotes nos dois lados da quadra, principalmente o ofensivo, provando quão vantajosa foi sua opção em pivôs velozes e menos pesados. Somente um pormenor preocupa, a manutenção dos vícios enraizados pela utilização do passing game, que inclusive fez parte indissolúvel na formação de seus jogadores desde as categorias de base, fazendo com que ajam de uma forma quase sempre padronizada, principalmente na armação de jogadas comandadas por sinais, mais do que nunca conhecidos. Esse pormenor predispõe a equipe adversária a uma prontidão ante o que irá se desenrolar, facilitando a defesa, basicamente quando joga na antecipação. A chegada dos armadores na zona de ataque deveria desencadear ações sem qualquer tipo de interrupção, principalmente quanto a sinais e esperas nos posicionamentos dos demais jogadores. Fluir um ataque sem qualquer pista do que pretende realizar é a arma mais poderosa e letal que uma equipe bem treinada pode empregar em qualquer momento de um jogo, dando à mesma a vantagem da surpresa e do inusitado.

Enfim, se for dada continuidade a esse tipo de trabalho, e se seu técnico se mantiver na postura comedida e reflexiva que vem mantendo nos últimos jogos, pelo menos quanto à forma de dirigir e se relacionar com os jogadores, provando o acerto desse comportamento, a sua outra faceta de pressionar as arbitragens em suas decisões mais difíceis, anula em parte o comportamento anterior, numa dualidade que o todo da equipe só tem a perder, em qualidade e equilíbrio. A postura de um líder não pode e não deve ser contestada por um oscilante comportamento, pois o reflexo do mesmo altera o da equipe dentro da quadra.

Apesar da maratona de jogos que a equipe vem enfrentando nas três competições em que participa, podemos dizer que a mesma alcançou um patamar qualitativo muito acima das demais, e nem mesmo algumas poucas derrotas, normais em longas competições, desmerecerão sua elogiável tentativa, agora sedimentada, de um avanço técnico que muito precisamos em nosso basquetebol, mestre na mesmice e na medíocre repetição de erros passados. Espero que continuem e evoluam para alcançarem sistemas de jogo que façam justiça à nossa maneira de ser e de jogar o grande jogo. Amém.

CORAJOSAS INOVAÇÕES.

E o Final Four chegou ao final, e com uma bela apresentação da estupenda equipe da Florida University, que deteve com maestria o ataque de Ohio e seu vetusto Greg Oden. A grande e bem-vinda novidade foi a confirmação de que nem todos professam o passing game na terra americana, e que novos e promissores ventos começam a soprar em direção a uma maior similitude do jogo ultra tradicional do basquete universitário americano com o praticado na Europa. O drible consciente e incisivo, sempre voltado em direção à cesta, assim como os passes semi-cegos desenvolvidos durante, ou logo após um processo de corta-luz, em ações antecipativas a qualquer reação defensiva, dotaram a equipe da Florida de um arsenal letal de pequenas escaramuças fora do perímetro, através seus habilidosíssimos armadores, e próximo á cesta nas constantes mudanças de direção de seus altos, rápidos e também habilidosos alas e pivôs. Não fosse o tempo de posse de bola de 35 segundos e teríamos um sistema de jogo muito próximo ao dinamismo das equipes européias, que muitos classificam de academicamente lentas. Um placar de mais de 80 pontos não pode ser caracterizado como de um jogo lento e controlado, ainda mais sob tal regime de posse de bola. Acho profundamente interessantes certos depoimentos de analistas sobre reformas, descobertas e lançamentos de modernas táticas e sistemas de jogo, sem que determinem, expliquem e demonstrem os teores dos mesmos. Simplesmente os anunciam, mas não enunciam, debatem, mas não explicam, promovem, mas não justificam. Revoluções táticas e sistemas modernos e avançados são anunciados e divulgados sem um mínimo de clareza do que realmente se tratam, a não ser pela insistência de que um ou outro jogador de maior talento os lideram e desenvolvem em suas equipes. No basquete universitário americano, de pétreas tradições, mudanças e novos ares custam muito a desabrocharem, pois o princípio que rege o inabalável prestígio dos técnicos, não só no seio das equipes, mas também no âmago das comunidades que as mesmas pertencem, torna o novo, o inédito, o avançado, um prato de difícil assimilação, pois põem em risco conquistas de muitos anos, tanto pelas instituições, como pelos técnicos.

Florida inovou em dotar sua equipe de grande velocidade em todos os seus setores, ao jogar com pleno equilíbrio tanto fora, como dentro do perímetro, e principalmente, por ter exercido a mais perfeita definição de defesa linha da bola, fosse marcando individual, zona ou pressão toda a quadra, indistintamente, sorrateiramente, em trocas permanentes por toda a partida. Ohio acertou sua única bola de três pontos nos 5 minutos finais do jogo. Seu técnico soube escolher os jogadores certos e adequados às suas propostas, ensaiadas na temporada passada, e sedimentadas na que ora findou, ambas conquistando os campeonatos. Fico imaginando o que poderiam alcançar se continuassem por mais uma ou duas temporadas, já que quase todos poderiam fazê-lo pelos regulamentos da NCAA, mas que desde já um movimento de dissolução do plantel, dos jogadores pelo draft profissional, e do assedio que seu excelente técnico passou a sofrer pelas universidades derrotadas, ameaçam sua continuidade. Pena, pois tal continuidade poderia, enfim, ditar os caminhos para o soerguimento internacional do basquete americano, e não deitar de lado a pequena revolução que desencadearam nesses dois anos de inovador trabalho. O peso dos dólares da liga maior são poderosos argumentos neste mundo globalizado, e agentes e investidores não perderão tempo com picuinhas olímpicas e mundias , afinal de contas seu torneio é conhecido como Basketball Worldchampionship, e estamos conversados.

Em tempo- O sistema de jogo da Florida, inovador ante os rígidos padrões das demais equipes se fundamentava nos seguintes princípios:

A- Sua defesa seguia os princípios da linha da bola com flutuação lateralizada, fosse marcando individualmente, fosse por zona, e sempre quando exerciam a defesa por toda a quadra. A flutuação lateralizada, ao contrário da longitudinal à cesta, poucas chances oferece ao adversário para os arremessos desmarcados de três pontos, já que obriga os passes em elipse, onde a recuperação linear defensiva propicia uma anteposição imediata e equilibrada, assim como situa seus defensores em posições de interceptação, que ocorreram em muitas situações, propiciando alguns dos contra-ataques que definiram a supremacia no marcador. B- No ataque, o jogo de duplas com incidência de corta-luzes externos colocavam o receptor do passe antecipado de frente para a cesta, obrigando a cobertura defensiva, anulando a dobra sobre o pivô, deixando-o sempre na situação de 1 x 1, que foi fatal para Ohio. C- Dispôs permanentemente os três homens altos em triângulo no garrafão de Ohio, dominando o rebote ofensivo em muitas ocasiões. D- Exerceu o rodízio de seus pivôs, principalmente visando a marcação do Greg Oden, que não agüentou o embate no transcorrer da partida. Somente num ponto a equipe da Florida falhou em algumas ocasiões, a saída da marcação pressão, provando que nada é perfeito em se tratando de uma competição desportiva.

CÚMPLICES DO CAOS.

Nos últimos meses muito se tem dito e escrito sobre o futuro da seleção brasileira nos próximos compromissos do Pan e do Pré-Olímpico. A numerosa comissão técnica afiança que a equipe brasileira disputará os dois torneios com sua força máxima, inclusive com os vultosos seguros garantidos e as verbas para pagamentos asseguradas. Não será por falta de dinheiro que a seleção não se apresentará completa. Mas, será que tal prognóstico representa a verdade? Teremos os grandes astros vestindo, enfim, a gloriosa camiseta? Ou, tudo não passa de fogos de artifício iluminando com suas cores o imaginário do torcedor comum, do articulista

de primeira viagem, do cronista empolgado, ou mesmo, do mais empedernido macaco velho de plantão? Sem duvida o macaco velho já viu todo esse colorido em outros carnavais, e dificilmente se deixará levar por tais leviandades. Já se discutiu dos porquês da negativa sistemática do Nenê, assim como das grandes dificuldades que nossos jogadores terão para se desvincularem de suas equipes da NBA, quando das épocas das competições, passando pelos básicos seguros, as gratificações pecuniárias, até seus relacionamentos com a comissão técnica. Claro, que o fato de vestirem o uniforme brasileiro, perante tantas prioridades discutidas, analisadas e bem pesadas, fica um tanto fora das grandes discussões e mencionadas prioridades, a não ser por um minúsculo pormenor, quase invisível, inaudível, até certo ponto ridículo, o fato de que tal uniforme, mesmo desacreditado e humilhado pela incúria das últimas lideranças, ainda pode servir de vitrine para catapultar candidatos à estrelas nos cenários milionários da NBA e dos grandes clubes europeus. Em uma entrevista dada ao Denver Post de ontem, transcrita pelo site Globosport.com>Basquete, o jogador Leandrinho do Phoenix Suns, assim se refere ao jogador Nenê que se nega jogar pela seleção-“Ele não quer ir.

Eu disse a ele que agora não é preciso pensar no que é certo e no que é errado. Temos que ir lá e jogar basquete, garantir vaga nos grandes torneios e pensar nos amigos que estão no Brasil à procura de uma oportunidade para jogar. Precisamos ajudar esses caras. E a única forma de ajudar é jogando pela seleção e levantando o basquete brasileiro”.

E pensar que num passado nem tão distante assim, jogar pela seleção era o ápice que qualquer jogador poderia aspirar, se orgulhar, se comover, sentindo-se cidadão e exemplo para os jovens desse infeliz país. Hoje, serve de vitrine na promoção de amigos e apaniguados, inclusive seus numerosos técnicos, que abdicam de suas lideranças em concluios visando dirimir e aparar divergências, numa perigosa e comprometedora inversão de valores, como a declaração do jogador Marquinhos ao mesmo site-“O Lula me ligou, e botamos um ponto final na história”. Ou seja, um dos técnicos da comissão liga para um jogador dissidente e acerta uma posição que deveria percorrer o caminho inverso, pois comando é via de mão única, garantia de isenção e postura decisória. Exatamente pela falta quádrupla desse posicionamento, que determinados jogadores se colocam como xerifes e lideres de um grupo fechado, opinando inclusive sobre normas comportamentais de quem deve ou não jogar pela seleção.

Creio que não devemos mais perder tempo na procura do que ocorre de errado no âmago de nossa seleção. Falta-nos os mais primários princípios que regem a atividade coletiva, ou sejam, liderança, conhecimento, competência, doação e por que não, por que não, patriotismo, sentimento que se sente cada vez mais impotente ante a avalanche de dólares e euros correndo e escorrendo por entre os dedos de alguns poucos jogadores e seus sagazes e frios empresários, para os quais globalização não pode ser freada ou tocada por sentimentos inferiores. Se passássemos a ver o desporto com os olhos esperançosos de um povo educado e culto, a crueza da globalização até poderia coexistir com os sentimentos de nação. Mas essa é uma história que ainda teremos de escrever. Até lá, o posicionamento do Leandro, do Nenê, da comissão técnica e dos dirigentes é que definem o nosso malfadado presente.

O PODER DOS TÉCNICOS…SE UNIDOS.

Recebo um e-mail do amigo Pedro Rodrigues de Brasília comentando sobre a próxima criação da Associação de Técnicos do Distrito Federal, estando seus estatutos já em mãos de um advogado para que a mesma venha a atender os ditames legais para o seu funcionamento. Eis uma excelente notícia, dando uma clareada no nebuloso céu do nosso basquetebol. Técnicos capixabas também se organizam para fundarem sua associação, faltando somente que a APROBAS, com sede em São Paulo, se reestruture como uma associação regional, e não nacional como se auto-promoveu desde sua fundação quatro anos atrás. Teríamos três estados importantes liderando essa nova realidade, a união associativa de seus técnicos, com todas as benéficas implicações que adviriam da mesma, nos aspectos profissionais, técnicos e até certo ponto políticos também. Seria de suprema importância que os técnicos dos demais estados seguissem os exemplos acima citados, inclusive trocando opiniões sobre as melhores formas de redigirem seus estatutos, obedecendo a suas regionalidades, estabelecendo os processos administrativos e técnicos dentro de suas realidades e posses, e integrando suas realizações e experiências visando o bem comum, para um futuro e hoje exeqüível banco de dados, que seria a pedra filosofal da futura associação nacional, aquela que realmente representaria os desejos e expectativas dos técnicos deste imenso país, pertencentes aos centros mais desenvolvidos, e aos de menor calado, igualando a todos no recebimento das melhores técnicas, as mais decisivas inovações, que seriam aplicadas dentro das possibilidades de cada um, dentro do realismo de seu dia a dia. As trocas experimentais e a publicação democrática de seus trabalhos e experiências, circulariam mais desenvoltas, dando a todos as oportunidades de estudo, reflexão e desenvolvimento profissional. Com o poder da Internet, cada site de uma das associações seria a matéria prima para o encontro de nossa verdadeira dimensão basquetebolistica, independendo de regionalismos e restrições econômicas e sociais, para a consecução daquele objetivo maior, a verdadeira compreensão do que venha a ser o basquete brasileiro. Sugiro que as três associações que ora estabelecem suas criações, que organizem um kit-associação, composto de espelhos de regimentos e estatutos, de setores que comporão as mesmas nos aspectos administrativos e técnicos, assim como sugestões para a captação de recursos para os seus funcionamentos, a fim de que os técnicos dos demais estados, na posse desses elementos, possam vir a constituírem organizações dentro de suas realidades regionais, mas aptas para o conveniente intercâmbio de idéias e realizações, sem as quais a futura associação nacional não poderia se estabelecer dentro de ditames democráticos, base inalienável de seu verdadeiro papel discursivo na busca do soerguimento do nosso basquetebol.

Conclamo todos à luta por estes ideais associativos, mesmo sabedor do grande atraso que ostentamos com relação aos países que hoje lideram a modalidade no mundo, mas sempre lembrando que no tempo passado em que éramos os lideres mundiais, associações de técnicos deram os primeiros e decisivos passos para se estabelecerem entre nós, fui inclusive o idealizador e um dos fundadores da primeira delas, a ANATEBA, e só não frutificaram por obra e força da CBB, contrária às lideranças que se estabeleciam, e que faziam sombra às suas medíocres direções. Mais do que nunca precisamos unir conhecimentos e ações que promovam uma verdadeira revolução no fundo do poço em que nos meteram, para de lá sairmos fortes e determinados à retomar nosso lugar no mundo do basquetebol. Amém.

ANATOMIA DE UM ARREMESSO III

Nos dois artigos anteriores sobre a anatomia de um arremesso, pudemos conceituar alguns princípios de controle direcional da bola, através o domínio do eixo diametral determinado no momento da soltura da mesma em direção à cesta. O posicionamento dos dedos polegar e mínimo em paralelo ao nível do aro, e eqüidistante dos bordos externos do mesmo, garantindo por projeção o idêntico posicionamento do eixo diametral da bola, estabelece o correto direcionamento do arremesso, em concordância com os dois outros fatores inclusos, a força e a trajetória. Aos demais dedos cabe a aplicação progressiva de força e aceleração, fazendo com que a bola gire inversamente em torno do eixo diametral estabelecido à partir daquele momento. Quanto mais distante da cesta, mais estes princípios de direcionalidade se tornam críticos, pelos mínimos desvios angulares responsáveis por imprecisões no lançamento.No entanto, sejam arremessos longos ou de media e curtas distancias, um outro fator se estabeleceu entre nós como de relevante importância, a estética do arremesso, onde o corpo e membros inferiores e superiores deveriam se manter em total equilíbrio estável, num todo harmonioso e elegante. Claro que nos longos arremessos este posicionamento poderia até estabelecer poucos desvios de trajetória e direção, mas nas medias e curtas distancias, principalmente nos arremessos após paradas bruscas e em total elevação, dificilmente os equilíbrios corporais se manterão sob controle, fator que para muitos tornam restritivas as tentativas nestas condições. Mas é exatamente neste ponto que o domínio do eixo diametral se torna fundamental, pois permite que se façam lançamentos precisos mesmo nas piores condições de equilíbrio corporal, bastando que se desenvolva a habilidade de manter o eixo sob controle direcional, em obediência aos princípios abordados e explicados anteriormente. Para ilustrar esse domínio, escolhi um arremesso curto em um dos jogos das finais da NCAA dessa temporada( fig.1), onde podemos observar que o eixo vertical x-y, que passa pelo centro de gravidade do jogador, situado na região pubiana, em ângulo reto com o solo, determina o grande desequilíbrio espacial do mesmo, mas, que mesmo assim, os dedos polegar e mínimo (fig. 2) se ajustaram nos princípios de direcionamento ( a-b), mantendo o eixo diametral paralelo ao nível do aro(c-d).

Dessa forma, afasta-se a necessidade do equilíbrio perfeito e estético como fatores necessários ao correto direcionamento da bola, e dá-se lugar ao posicionamento da mão impulsionadora como responsável pelo mesmo, não importando o posicionamento do corpo quanto ao equilíbrio espacial. São fatores que subvertem bastante certos princípios arraigados nas rotinas de treinamento da maioria de nossos técnicos e jogadores, que se bem orientados e com um bom conhecimento de causa poderão incutir e desenvolver maiores recursos de arremessos , mesmo que não muito ortodoxos. Acredito que valha à pena treinarmos tais tipos de arremessos, quando muito na tentativa válida de acrescentarmos recursos de controle e domínio de bola em sua sempre enigmática trajetória para a cesta. Sei que vale, pois muito os treinei e ensinei, com excelentes resultados. Tentem também, pois os arremessos conscientes passam pelo completo conhecimento de seus princípios e comportamentos espaciais.

A NBA E SUA CLAQUE.

Após três etapas o torneio da NCAA vai se aproximando do Final Four,

quando será definido o grande campeão da temporada. Com as transmissões da ESPN e do site da NCAA pude acompanhar com bastantes minúcias a maior parte dos jogos, fator restritivo à maioria dos jovens brasileiros que não possuem TV à cabo ou Internet em banda larga.

Mas mesmo assim, muitos deles acompanharam os jogos beneficiados pelo horário acessível. Em se tratando de uma competição universitária,

num país que leva o esporte à serio, esperava-se que os comentaristas brasileiros destes jogos enfatizassem a grande e decisiva importância que a dualidade esporte-educação representa na vida de todos aqueles jogadores.

Em uma única intervenção, um deles mencionou que a participação nas equipes exigiam de cada atleta um grau de no mínimo 2 pontos de aproveitamento escolar, numa escala de 1 a 5 pontos. Recentemente, em um filme passado entre nós, que retratava a vida do Coach Carter, este exigia sob contrato que os seus jogadores atingissem 2,5 pontos na escala para poderem jogar pela equipe de sua escola. E este foi o único momento que se tocou no assunto. Os demais comentários sempre se pautaram nas oportunidades que todos aqueles jogadores estavam tendo para entrarem no mundo da NBA, ou nas ligas européias, com seus salários que se aproximam cada vez mais daquela. A insistência nestes pontos, totalmente direcionados à profissionalização foram comuns a ambos os comentaristas, que exaustivamente apontavam aqueles que mais chances teriam em ser draftados pelas equipes profissionais, e pelo fato de que para muitos deles ao serem derrotados estariam se despedindo da vida atlética, como se aquele torneio não tivesse outra finalidade que a escolha dos melhores para a NBA e as ligas européias.Ironicamente, alguns comerciais descreviam exatamente este ponto, o de que todos aqueles jogadores poderiam se tornar médicos, advogados, professores , físicos ao término de sua participação desportiva, vencendo ou não os torneios. Mas estavam em inglês, limitando sua compreensão pela maioria de nossos jovens espectadores, e que não mereceram em nenhum momento um comentário que fosse à respeito de suas importâncias. Para os comentaristas o fator relevante era o estágio que alguns daqueles jogadores estariam obrigados a fazer nas universidades antes de poderem se transferir para as equipes profissionais, onde os milhões seriam mais importantes que um diploma superior. Exatamente pelo afrouxamento da obrigatoriedade da complementação do curso superior, que a NBA vem enfrentando uma acentuada queda na disciplina e no relacionamento dentro das quadras, motivadas pelo baixo preparo intelectual de muitos daqueles jogadores que, em numero cada vez maior, ascendem ao profissionalismo vindo diretamente das escolas secundárias e de países europeus, africanos e latinos. O desporto universitário americano têm uma histórica relevância na vida daquele país, não só na formação de grandes atletas, como em suas inserções no mercado de trabalho de alto nível para àqueles que não puderam seguir os caminhos do profissionalismo, ou sejam, a grande maioria. Perdem uma preciosa oportunidade os nossos comentaristas em colocarem em primeiríssimo plano o fator educacional e formativo dos jovens jogadores, em vez de se estenderem em opiniões de quem deveria ascender à NBA, como se para a realidade do basquete brasileiro fosse essa a única esperança para os nossos aspirantes a craques. Quantos de nossos ranqueados jogadores nos Estados Unidos e Europa preenchem seus tempos livres investindo em um curso superior, mesmo como ouvintes? Ou o mais importante é o sucesso da moda em seus ipods ou o penteado e a roupa de grife como marcas pessoais? Sabemos que com extremos sacrifícios, muitos de nossos atletas de elite, e não só no basquete, investem em sua educação, até na área superior, sem o apoio que deveriam ter de seus clubes, e que servem de exemplos a serem seguidos, mas, numa oportunidade impar, pois através um meio de comunicação massivo como a televisão, comentaristas se perdem em projeções de quem será draftado ou não pela NBA, em vez de enfatizarem o que realmente representa o March Madness para aquelas multidões que abarrotam os ginásios e a super audiência televisiva, compostas de antigos jogadores, seus familiares, ou mesmo alunos daquelas universidades, que com suas bandas e líderes de torcidas promovem o grandioso espetáculo de amor e reconhecimento que possuem de suas escolas, e, principalmente, o que devem às mesmas em preparo para as suas vidas, vencendo ou perdendo os torneios.

Infelizmente para nós, culturalmente superiores a eles, o que importam são os milhões, ou os poucos caraminguás que possamos amealhar das sobras que dispensam no dia a dia. Globalização e colonialismo é isso ai minha gente.

Prefiro o acesso via Internet, mesmo com seus irritantes congelamentos, mas pelo menos vejo e escuto os jogos em sua verdadeira dimensão, e não como palco de uma enorme e pungente frustração que assaltam nossos diligentes jornalistas, incapazes de usarem seu formidável instrumento de trabalho em prol de uma juventude, mesmo restrita pelos canais privados, mas ávida por mensagens, exemplos e incentivos que verdadeiramente enriqueçam suas vidas, fundamentadas no estudo, na arte e nos desportos, base cultural de um povo. NBA é detalhe para uns poucos. Educação é tudo para a maioria, pois faz parte dos direitos inalienáveis de toda nação que se considera séria.

NENÊ RIDES AGAIN…

E ai está o Nenê de volta, não para jogar pela seleção da qual afirma sentir falta, mas para condicionar tal participação após ocorrerem mudanças no comando do basquete nacional. Na reportagem no O Globo de ontem, comenta-“Sinto a necessidade de apontar o que está errado. Sinto falta de jogar pelo Brasil. Falaram muito sobre mim, houve especulação, mas sinto saudade, sou brasileiro e nunca virei as costas para o meu país”. Mais adiante continua-“Está mais do que na hora de se fazer a autocrítica e tentar salvar o basquete. Temos bons jogadores, potencial e público. Basta que os que comandam se mexam, conversem e resolvam os problemas. Que deixem a vaidade de lado, para o esporte retomar seu caminho e crescer, antes que seja tarde demais”.Acrescenta mais-“ O mundo inteiro joga basquete, em parte, como conseqüência da internacionalização da NBA.A liga começou a abrir espaço para os estrangeiros quando viu que havia basquete fora dos Estados Unidos, e quando viu que todos estavam jogando e que havia qualidade”. E finaliza-“A diferença é grande entre o Nenê que chegou e o Nenê que está hoje na NBA, não somente física, mas de amadurecimento. Na NBA, ou você é profissional ou não vai longe. Precisa mostrar resultados, mostrar serviço todos os dias”. Em síntese, este é seu o posicionamento, justificando o distanciamento da seleção para o Pan, e também para o Pré-Olímpico.

Comentemos um pouco acerca de tais declarações. De alguma forma Nenê deve sua projeção à seleção, pois foi num Goodwill Games na Austrália que despertou interesse nos olheiros americanos. Foi para os Estados Unidos como um ala-pivô de grande mobilidade e velocidade, habilidades estas destacadas por um físico atlético excelentemente equilibrado, e por isso, com as articulações bem dimensionadas às exigências de sua posição. Lá, desvirtuaram suas características, e por conseguinte seu físico, tornando-o um brutamontes para o exclusivo jogo under basket. Deu no que deu, suas articulações não suportaram o esforço e se romperam, e o pior, deixou-o à meio caminho entre ser um ala, ou um pivô de choque. No processo de engorda, negou-se a participar em seleções, já que o preparo eram em pré-temporadas, onde o acúmulo de proteínas, vitaminas e outras inas, são um lugar comum ao acesso restrito e doloroso à maior mina desportiva do mundo, onde os milhões se contam para mais dos 20 dedos que compõem o corpo humano. O outro pivô, Baby, não tomou os devidos cuidados nos prazos de validade e efeitos dos tais aminoácidos, e levou uma suspensão de dois anos da FIBA. Na quarta temporada, recuperado da séria cirurgia, 17 kg mais magro, e por isso atenuando bastante os esforços nas articulações dos joelhos, e atuando, por estar mais veloz, como um ala-pivô, vem fazendo jus aos 60 milhões de dólares de seu contrato. Em sua ótica de menino pobre do interior, nada que possa vir a ameaçar seu atual posicionamento deve ser esquecido, inclusive, e mais do que relevante, arriscar seu tênue equilíbrio físico-mental, em uma competição que possa por em risco o que alcançou com tantos sacrifícios e renúncias.

Mas, sempre o mas, como se situar perante a opinião pública de seu país, aquele que afirma amar e nunca esquecer, e até sentir saudades de jogar pela seleção? Pessoalmente, ou assessorado, não importa a forma, a saída, muito boa saída, é o ataque à administração caótica da CBB, com alguns rasgos de apôio aos outros jogadores e jogadoras que se antepõem a tal situação, principalmente quanto aos seguros e diárias não pagas, assim como as não tão veladas críticas à comissão técnica da seleção. Quanto às demais observações de caráter administrativo, até mesmo de política desportiva, cai no lugar comum de que tudo está errado, e que os verdadeiros desportistas deveriam abrir mão de suas vaidades e se unirem para a salvação do basquete brasileiro. Só uma ressalva, nenhum dos que aqui estão, dentro, ou fora das quadras, sequer sonham em se aproximar do que ganha para alimentar suas também vaidades, como os penteados, uniformes de grifes, e emissão de pontos de vista que nem de longe pensa em praticar, pois ao tentar fazê-lo poderia por em risco o que amealhou com seu trabalho nos últimos 3 anos. Seus argumentos, mesmo superficiais dialeticamente falando, se tornam poderosos na medida que adiam sine-die todo e qualquer posicionamento definitivo. Querem culpados pela atual situação do basquete brasileiro? Procurem e queixem-se ao mais próximo bispo de plantão. E quando o tal bispo escutar, auscultar e resolver a questão estarei pronto para envergar a gloriosa jaqueta verde amarela do meu amado país, milhões à parte e garantidos.

That’s the question.

PS- A internacionalização do basquetebol foi garantida desde a sua criação no seio da ACM, organização que levou aos mais recônditos lugares do planeta o grande jogo e sua mensagem coletivista. Se os americanos custaram, por teimosia e isolacionismo(vide as regras), reconhecerem sua existência out murals, é outro negócio, e que negócio!

MUDANDO CONCEITOS.

Nada mais prazeroso para um analista do que testemunhar a gradual e segura evolução de uma equipe brasileira, que foge do padrão imposto ao nosso basquetebol pela quase totalidade das equipes, indistintamente, se de base ou elite. A equipe de Franca, seguramente fugiu da mesmice técnico-tática que nos tem afligido nos últimos anos, ironicamente pelas mãos e ações de personagens que em muito ajudaram na implantação do sistema único de jogo, responsável pela débâcle do nosso basquete, e que alcunhavam pomposamente de “basquete Internacional”. O que vemos e assistimos atualmente, é uma equipe que de certa forma se auto-subverteu, pois composta basicamente por técnico e jogadores profundamente arraigados ao velho e tradicional passing game, de repente, como um pequeno milagre, inclusive pela evolução de veteranos jogadores, provando que nunca é tarde para acrescentar novas técnicas e movimentos, partem para uma renovação de conceitos técnicos, em antítese ao que apresentavam nos últimos anos. Jogar com dois, e até três armadores, e com homens altos habilidosos, rápidos e em deslocamentos constantes no perímetro interno, sem dúvida nenhuma tem apresentado excelentes e convincentes resultados, inclusive agora, no campo internacional. Na defesa então, os resultados têm sido magníficos, pois se utilizando de uma atitude antecipativa na linha da bola, somente possível em uma equipe composta em sua totalidade por jogadores flexíveis e velozes, solidificou um sistema defensivo antes frágil e de presença constante no combate ao PG, que é maciçamente utilizado no globalizado basquete mundial. Para que a consistência defensiva se tornasse eficiente por toda uma partida, falta ainda corrigir alguns posicionamentos em campo, principalmente na marcação à frente dos pivôs, com o conseqüente aperto da marcação do homem da bola, evitando ao máximo que esta chegue em boas condições de passe no âmago do garrafão. Ofensivamente, a ação dos armadores deveria se desenrolar com os mesmos bem mais próximos, ajudando-se mutuamente, inclusive nos corta-luzes, evitando dessa forma que um dos pivôs saia do garrafão para executar tal movimento de bloqueio, desfalcando o rebote ofensivo, e prejudicando um mais preciso posicionamento para a realização do mesmo. No jogo dessa noite contra a equipe do Uruguai, muitas dessas modificações técnico-táticas concorreram eficientemente para o sucesso do grupo, bem dirigido por um técnico que aos poucos abandona a intempestividade, substituindo-a por um posicionamento mais reflexivo e declaradamente evolutivo. A equipe de Franca resgata aos poucos a nossa maneira de ser e de jogar, o que é muito bom, e nos dá esperança de dias melhores. Espero que não fiquem por aí, e que não desistam de evoluir, para que possamos de uma vez por todas enterrar “os conceitos modernos do basquetebol internacional” tão difundido e divulgado por seu bom técnico, que corajosamente reavalia seus conceitos, o que é elogiável. Torço para que a equipe francana vença a inércia e abra novos caminhos ao nosso sofrido e maltratado basquete. Amém.