O QUE COMENTAVAM EM 2010…

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Nosso basquete está em alta, dizem os especialistas, subindo em audiência e presença (claro que na Arena da Barra não conta…), com transmissões nas TVs aberta e fechada, na WEB, em blogs (proporção de 20 -1 para a NBA), e até em alguns artigos na mídia impressa, ensaiando aqui e acolá um movimento de reconquista pelo segundo lugar na preferência popular, ainda precoce, mas que impressiona bastante…

Um destes veículos informativos, exatamente aquele incluído no painel da LNB, o  Territõrio NBB, que discutia e reportava os aspectos técnicos e táticos das equipes, com suas seleções da rodada, entrevistas e editoriais, deixou de circular, sendo substituído por uma página denominada Chuá, graciosa e popularesca, mas que soma muito pouco, ou nada, para o desenvolvimento técnico do grande jogo, num momento pós olímpico decisivo para o crescimento da modalidade no ciclo que se inicia para 2020…

Tenho postado teimosa e seguidamente aqui nesse humilde blog, artigos técnicos, dos fundamentos às táticas, aos sistemas defensivos e ofensivos de jogo, sempre preconizando pelo novo, pelo inusitado, pelo criativo, pelo corajoso, levantando uma premissa, uma bandeira, defendendo a tese de que somente voltaremos ao cenário internacional no momento em que passemos a jogar de forma diferenciada do basquete globalizado e pasteurizado que aí está, largamente difundido pelas redes comprometidas com o modelo NBA, como se fosse o mesmo o supra sumo do jogo, quando o é pelo fator comercial e financeiro, poderoso e hegemônico, tornando-o inalcançável sob esses padrões…

Mas muito além das postagens aqui publicadas, um outro fator as enriqueciam, o fator prático em quadra sucedendo teorias estudadas e pesquisadas por muitos e muitos anos, em equipes de base e adultas, sempre divulgando e ensinando suas aplicações práticas, divulgando-as na medida do possível, pois tecnologias custam caro, estando além dos limitados recursos de um professor. Por isso, a página técnica da LNB faz tanta falta, pois de gracinhas bastam as transmissões e comentários da grande maioria da turma que pensa estar transmitindo um jogo, quando na realidade o tem transformado em um “alegre” momento de descontração, bem típico do pouco que entende e domina os meandros do grande jogo…

E foi numa das páginas daquele espaço perdido, que reencontrei uma matéria, sobre o até hoje, sete anos depois, único sistema de jogo que ousou quebrar a mesmice endêmica que já se instalava no NBB2, que é mantida, e agora, profundamente sedimentada, com pouquíssimas exceções, em nosso indigitado basquetebol, vítima indefesa dos estrategistas com suas infames pranchetas, da praga autofágica dos arremessos de três, da busca desenfreada pelas enterradas “monstros”, do corporativismo que elimina toda a possibilidade de quebra do que aí está implantado, mas que tenta copiar, ou adaptar, ou mesmo inventar soluções canhestras do que foi experimentado naquele NBB2. Estamos no NBB9, e pouco ou nada foi mudado de verdade, a não ser o olho gordo na vaga do hermano que se foi, para, enfim, gloriosamente inaugurar a era  Curry entre nós, especializados que pensamos ser na fina arte do arremesso de fora, aquele que nivela talentos com medíocres, aqueles que transformam o grande jogo num concurso de tiro aos pombos, pela incapacidade de dominar os fundamentos, o drible, os passes, as fintas, os rebotes, a defesa, as corridas e paradas pluridirecionais, os bloqueios, o coletivismo, o conceito de equipe, e não do estrelismo a que estão levando o basquetebol, através daqueles que ainda teimam transformar um jogo coletivo em individual, era inaugurada no pós pan americano de Indianápolis, e hoje venerando sua continuidade “via Curry”. Por que preocupações com “detalhezinhos” como os tais fundamentos, se lá de fora tudo pode ser resolvido, ou não? Claro, claríssimo que se a grande maioria das equipes pensa dessa forma, a relação erro/acerto se torna bem distribuída, gerando esses monstrengos apelidados de “emocionantes e sensacionais” jogos, onde a técnica, noves fora…

Enfim, se esse é o caminho que a confraria corporativada destina para o nosso infeliz basquetebol, jamais o foi, e jamais será o meu, fato que um dia remoto de 2010 o Território NBB reconheceu ao publicar esse artigo lapidar…

E inserido no texto duas outras matérias são mencionadas e publicadas, que valem a pena recordar, junto a uma outra do Bala na Cesta , e essa outra que publiquei desafiando a turma a mudar nossa maneira de jogar, no que fui solenemente esnobado, mas “lembrado” com a adoção da dupla armação e os alas pivôs móveis, adaptados ao sistema único, bastante diferente à fluidez original que testei naquele NBB2. e que infelizmente não me foi permitido dar continuidade a um trabalho realmente inovador, que teria ajudado bastante no desenvolvimento tático do grande jogo em nosso pais, antecipando em cinco anos o que aplaudem hoje nas performances do Warriors no  quesito fluidez ofensiva, porém sem a orgia dos três, que avidamente herdamos. Duvidam?   Eu não, jamais, e o provei…

Amém.

Foto – Divulgação CBB, Clique na mesma duas vezes para ampliá-la.

 

 

O INDEVASSÁVEL LIMBO…

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Nos últimos 60 anos assisti e participei de inúmeros jogos entre Vasco e Flamengo, em todas as divisões, da base a elite, em ginásios acanhados e grandes arenas, sempre bem disputados, quentes, aguerridos, mas jogados dentro das regras do jogo, dentro e fora das quadras, com torcidas participantes, mas nunca agressivas, como as de hoje, produtos diretos do futebol, com sua delinquência marcante e perigosa, acoitadas e apoiadas por dirigentes interessados politicamente nas mesmas, coercitivas e voltadas aos interesses continuístas daqueles que as patrocinam desde sempre. Invadiram os ginásios, com sua insânia despropositada, porém voltadas aos resultados positivos a qualquer preço, incentivadas a pressões sobre as arbitragens e aos adversários por técnicos comprometidos com a vitória, e somente a vitória, ao preço que for…

Então, assistimos com transmissão televisiva aberta e fechada (um luxo…), numa arena para 16 mil pagantes, a duas das mais representativas equipes “de camisa” do país, se defrontarem no maior campeonato nacional para…ninguém, absolutamente ninguém em suas suntuosas bancadas, por obra de um grupo criminoso incluso profundamente nas “torcidas organizadas”, afastando jovens e famílias do convívio desportivo, numa apropriação miliciana de um direito democrático a que todo amante e apreciador do esporte sempre teve o direito de participar…

Solução? Sim, somente uma, a responsabilização e afastamento deste câncer das quadras, juntamente com os que os patrocinam, conhecidos que são, de longa data, punindo determinados técnicos e dirigentes que os insuflam durante os jogos, com a desculpa de que mobilizam o “sexto jogador” em quadra, recurso manjado e perigoso para aqueles que não enxergam nada além do que a vitória nem sempre justa e merecida…

Houve um tempo, de que participei, em que faltas técnicas eram endereçadas a torcidas beligerantes, e que quase sempre freavam seus ímpetos agressivos, que poderiam causar a perda do jogo para sua equipe, hoje restritas a objetos lançados a quadra, se reconhecida sua origem…

Recentemente, nas olimpíadas aqui no Rio, assisti a um jogo explosivo entre Brasil e Argentina, numa arena completamente tomada por ardentes torcedores de ambos os países, creio, inclusive, com mais argentinos que brasileiros, e que transcorreu dentro dos padrões da mais alta competição, não havendo sequer uma agressão entre os torcedores, num belo exemplo de civilidade e educação desportiva. Dias atrás, numa arena vizinha, ocorreu exatamente o inverso, já que vazia e triste, para um espetáculo mais vazio e triste ainda, protagonizado pelas equipes alcunhadas pela marca do “clássico das multidões”, irônico, não?…

Nosso infausto basquetebol pena para valer seu limbo indevassável, agregando cada vez mais seu monocórdio destino, atrelado firmemente a mesmice endêmica técnica e tática, onde a média de erros de fundamentos  já ultrapassa os 27 por partida, e a avalanche incontrolável dos arremessos de três raia ao inconcebível, como no recente Paulistano x Mogi, com os seguintes números – 12/24 arremessos de 2, e 12/37 de 3 para o Paulistano, contra 16/24 e 11/35 respectivamente para o Mogi, vencedor da pelada por 78 a 77. Por que pelada? Exatamente pelos 30/52 arremessos de 2 e os inacreditáveis 23/72 de 3, numa prova cabal de absoluta falta de comando, estratégia e tática primária de jogo numa liga maior, onde o primado básico da defesa inexiste, assim como a capacitação técnica arremessadora mais ainda, lamentável…

Finalmente, e mais ainda comprometedor ocorrerá no próximo dia 2 de fevereiro na sede da FIBA na Suiça, onde dirigentes atuais e futuros da CBB serão arguidos sobre o amanhã do grande jogo em nosso enorme e injusto país, que infelizmente vê seu comando contestado pela federação maior, atestando toda sua incúria e capacidade diretiva eivada de equívocos e comprometedoras gestões, beirando a desonestidade, compadrio e corporativismo até certo ponto criminoso. Quem sabe, sob nova direção possamos alçar novos voos, se observarem uma regra primária de administração, o envolvimento e comprometimento com o realmente novo, dirigentes, ações, gerências, sistemas e estratégias, não dando guarida aos vícios, aos viciosos e oportunistas, todos aqueles que se escondiam e ainda se escondem sob o manto do anonimato político, do apoio interesseiro, falsas eminências pardas prontas para o bote ao butim, e sim prestigiando aqueles que sempre propugnaram pelo novo, pelo corajoso, pelo audacioso, embasados pelo estudo, pela pesquisa séria, pelo trabalho inovador, pelo conhecimento teórico e prático, pela honestidade, de cara lavada, sempre, e acima de tudo, pelo mais autêntico e inabalável amor e respeito pelo grande, grandíssimo jogo.

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma duplamente para ampliá-la, na dimensão exata de sua contundente realidade e crueza.

COINCIDÊNCIA, OU NÃO? QUEM SABE…

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No artigo anterior, entre vários fatores discutidos, um em particular sobressaiu quando do jogo de ontem entre Mogi e Flamengo, a defesa exercida pela equipe carioca, que foi capaz de contestar a contumaz artilharia mogiana, fazendo com que somente 4/31 fosse alcançada, sem deixar muitos pontos frágeis dentro do perímetro, exercendo duas ações bem definidas, a recuperação do homem batido nas tentativas de bloqueio de seu adversário, fazendo-o na recuperação defensor frontal do pivô postado ao lado da cesta, obrigando a armação mudar o possível passe de lado, pois a anteposição frontal não o permitia com segurança, quebrando sua proposta tático ofensiva, e mantendo os atacantes chutadores sob permanente pressão, obrigando-os a tentativas desequilibradas e fora do seu contexto. Duas ações bem próximas do que venho defendendo há muito tempo, pois definem em parte o que venha a se constituir uma defesa linha da bola com flutuação lateralizada, e não perpendicular a cesta, em oposição ao posicionamento da bola…

Nesta situação defensiva, não importa muito a disparidade de estatura entre um defensor em recuperação após ser ultrapassado, indo cobrir frontalmente um dos pivôs envolvidos no ataque, pois seu posicionamento frontal em constante movimentação desencoraja passes ao mesmo, até os por cobertura, que por serem elípticos, são lentos e passíveis de pronta cobertura linear, propiciando o equilíbrio defensivo, mesmo após ser rompido fora do perímetro (maiores detalhes aqui)…

Postei seis anos atrás vídeos da equipe que dirigi no NBB2, um deles, onde a perfeita síntese dessa forma de defender, comprovava a eficiência da linha da bola com flutuação lateralizada (nesse jogo o adversário não conseguiu uma assistência sequer), ação próxima utilizada pelo Flamengo no jogo de ontem, que não foi mais efetiva por ter alguns jogadores refratários ao deslocamento defensivo lateral, exatamente o aspecto técnico fundamental para o pleno sucesso da mesma. Por isso, justificou-se o relativo sucesso dos jovens jogadores colocados em ação, pois seu elã e ardor defensivo contribuiu em muito na eficiência da equipe…

Por outro lado, a equipe paulista pecou mais uma vez ao optar declaradamente pelos longos arremessos, naquelas situações básicas em que uma definição pelos dois pontos equilibraria a farra inconsequente dos três, uma marca inerente a equipe, que por isso mesmo se coloca como refém permanente de uma forma de jogar beseada no “ se cairem” vencemos, senão…

Não caíram por terem sido contestados, não equilibraram por não defenderem, e teimaram no individualismo de seus três americanos em quadra, um dos quais já ensaia seu eterno confronto com os técnicos que tentam convencê-lo a jogar em, e para a equipe, duvidando que consigam…

Coincidentemente, ou não, mais um fator técnico defendido, estudado e aplicado por mim nas quadras, a defesa linha da bola lateralizada, parece que ensaia se estabelecer por aqui, assim como as já reconhecidas e aceitas duplas armações, e alas pivôs ágeis e atléticos interagindo no perímetro interno em constantes deslocamentos, exequibilizando sistemas de jogo dinâmicos, fluidos e criativos, abrindo um enorme campo para a improvisação consciente, porém ainda limitados a influências exógenas que entravam seu desenvolvimento, tais como a ainda primária e precária didática no preparo técnico tático de equipes, e de seus fundamentos básicos de jogo, plenamente retratada pela presença limitadora e midiática de pranchetas que nada acrescentam, a não ser uma patética demonstração de “fórmulas mágicas” que não funcionam, jamais funcionarão, a não ser como autopromoção pseudamente “profissional”…

Amém.

Foto – O de sempre. Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

ERAM OUTROS TEMPOS (?)…

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Tenho me divertido bastante lendo comentários, e até artigos, de leitores em alguns blogs especializados de basquetebol, que de uns tempos para cá deixaram de lado simples análises e opiniões técnico táticas empregues em nosso território, para enveredarem no espinhoso e tendencioso caminho das verdades a serem adotadas aqui, e pasmem, lá fora também, para o desenvolvimento do grande jogo, é claro, sob suas altamente especializadas experiências no campo prático, visando mudar sua estrutura e modo de ser praticado daqui para frente, numa audaciosa e pretensiosa interpretação do que avidamente absorvem de uma imprensa estrangeira, que se sabe muito bem formada, e mais ainda,  informada pelo que existe de melhor na grande rede, não poupando laudas nos osmóticos “esclarecimentos” que garimpam pura e simplesmente, sem sequer se aterem para o fator primário que incide em qualquer aspecto evolutivo, a experimentação, a ida ao campo da prática, fundamentando estudos e pesquisas sérias, e não o palpite puro e simples, como os incensados por todos eles, os desvarios de três, ou as enterradas de quem não sabe, nem domina a arte do arremesso, fundamento maior do grande jogo…

Vejam esse trecho de um artigo publicado:

(…) O segundo ponto é um fato: o chute médio está em declínio — provavelmente consequência dos outros dois fatores. Apesar de ainda haver uns poucos especialistas de média distância, como (…), a opinião dominante hoje é que esse arremesso é ineficiente. A lógica é simples: chutar de média distância é arriscado (marcadores chegam a tempo, exige habilidade, etc.) e a recompensa são só 2 pontos. Assim, é melhor uma jogada na cesta (bandeja/enterrada), que tem mais chance de sucesso.(…)

Os dois fatores mencionados pelo leitor comentarista são o espaçamento ofensivo e o arremesso de três, ambos produtos largamente beneficiados pelas regras defensivas que diferenciam as leis de jogo da NBA e da FIBA, tornando os americanos os únicos no mundo a praticarem um basquetebol diferente dos demais, e o que é pior, tentando torná-lo único, o que dificilmente conseguirão, pois sua existência somente se torna possível dentro da realidade socioeconômica em que vivem, além de outros fatores sociológicos e de gênero (modismo atual…) bem particulares na conflagrada sociedade inter racial que não se entende por lá, desde sempre…

Afirmar e induzir os novos praticantes de que o chute médio está em declínio por ser ineficiente, raia ao grotesco, a ignorância, não só pela afirmativa, como ao fato, este sim, real e indiscutível, de que seja o mesmo o único a sobreviver, quando da evolução defensiva eficiente nos dois perímetros, com a adoção das flutuações lateralizadas à cesta em defesas linha da bola (sugiro que estudem com afinco esse pormenor…) vier a acontecer muito em breve, pois sucedendo a uma evolução ofensiva, segue-se obrigatoriamente uma defensiva, tornando o jogo um carrossel em permanente e dinâmica evolução, e não a implantação da mesmice endêmica em que nos encontramos,exatamente por não evoluirmos em ambos os componentes desta equação, ataque e defesa, estratificando-os aos interesses corporativistas daqueles que nada sabem, e nada querem saber do grande jogo, fator genérico de quem somente se interessa em manter o feudo econômico em que se estabeleceram, todos, estrategistas, jogadores, dirigentes, mídia, e porque não, leitores entusiastas também…

Afirmar que- “A lógica é simples: chutar de média distância é arriscado (marcadores chegam a tempo, exige habilidade, etc.) e a recompensa são só 2 pontos. Assim, é melhor uma jogada na cesta (bandeja/enterrada), que tem mais chance de sucesso”, é propugnar que para o chute de três as contestações se tornam impossíveis, e que para esse tipo de arremesso não é exigida grande habilidade, etc. numa clara demonstração de total desconhecimento do que venham a ser habilidades, domínio e controle corporal e óculo manual necessários aos arremessos de média e longa distâncias, aumentando exponencialmente suas dificuldades a cada centímetro acrescidos para sua execução. Sugiro neste ponto, caso se interessem de verdade em aprender, o que duvido, que leiam os artigos agora sugeridos, a fim de uma vez por todas entenderem o que venha a ser arremessar uma bola de basquete, para aí sim, situar os arremessos dentro da complexa estrutura de um jogo de basquete, muito além dos palpites gratuitos que divulgam pela grande rede…

O arremesso de longa distância é uma arte para poucos, e se contentar com 40% de acerto somente é possível pelo fato de ambos os contendores aceitarem o repto, vencendo aquele que meter a última, apagar a luz e ir embora. Se o espaçamento defensivo ante o de seu adversário contestar tais arremessos, e se fragilizar para as penetrações para bandejas e enterradas, conseguidas de forma mais fácil (e mesmo assim muitos erram), fatalmente evoluirão para defesas mais articuladas nos perímetros, que é uma ação coletiva de alta complexidade, mas necessária, e que fará com que os arremessos de média e curta distâncias ressurjam com força, pois resultantes dos embates 2 x 2, e até 3 x 3, hoje rarefeitos e restritos ao 1 x 1, principalmente na liga maior, como resultante de regras que impedem determinadas coberturas aos que penetram em direção à cesta…

O jogo interior precisa ser redescoberto por nossas equipes e seus estrategistas pranchetados, e acredito que alguns poucos já começam a desconfiar que exista de verdade, e vou dar uma pequena e bem recente pista, acontecida ontem mesmo em Brasília, quando a equipe do CEUB venceu o Flamengo com os seguintes números – 34/47 de bolas de dois, 8/25 de três, 68 pontos dentro do perímetro interno, 24 de fora e 3 lances livres, e o Flamengo 26/46, 6/22 e 13/16 respectivamente, com 46 pontos internamente, cuja diferença  praticamente marcou o resultado do jogo, demonstrando que de 2 em 2 pode-se vencer jogos alcançando elevadas contagens, derrubando a premissa de que o custo benefício dos arremessos de três superam os de dois, o que até admito quando todo um estruturado NBB aceita a  mesmice endêmica que foi implantada e aceita por todas as equipes que o compõe (houve uma exceção…), seguindo a conceituação técnico tática estabelecida pela CBB em suas seleções de elite e de base, em mais de 25 anos, espelhando de cima para baixo o padrão que anulou todo um trabalho de longos e longos anos estabelecido pelos magníficos técnicos que nos lideraram naquela espetacular fase que trilhamos a nível mundial, sendo eleito o quarto país mais desenvolvido no grande jogo no século XX…

Sinto muito se me mantenho não muito simpático aos poucos leitores que me honram com sua audiência, mas em hipótese alguma posso me omitir a essa campanha que tenta nos levar para as hostes de um outro jogo, irreal e inalcançável para nossa realidade de país carente do básico, a educação de seus jovens, cada vez mais massacrados em seus direitos constitucionais, vítimas perenes de políticas equivocadas, criminosas e entreguistas, onde até o grande jogo vem se inserindo com ganância e a pusilanimidade de muitos…

Amém.

Foto –  Hank Luizetti, o jogador que em 1936 revolucionou o jogo com seu jump shot, eterna e decisiva influência no grande jogo.

O ESCATOLÓGICO ACHISMO…

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Eis-me de volta para mais um ano de presença ante o grande jogo, para satisfação de uns poucos, e muita raiva e desprezo da maioria, principalmente daqueles que consideram a data de seus nascimentos coincidentes com o do basquetebol, negando o pequeno espaço de tempo que os separam de um certo James Naismith que o inventou um pouquinho antes, em 1893…

Pois é, já fazem treze anos que aqui estou nesse humilde espaço, teimando em pesquisar, estudar e reverenciar os que me antecederam na estrada de pedras, depois de a percorrer por mais de 50 anos, aprendendo muito mais do que ensinando, perdendo mais do que ganhando, trabalhando muito além do exigido, como todo professor e técnico que se preze, ainda mais quando natural de um país que não o valoriza, relegando-o às sobras de verbas gastas em suntuosidades megalópicas, onde o roubar se tornou endêmico, onde a ignorância é imposta como projeto político, onde os valores culturais e a ética se tornaram dispensáveis…

Então, creio ter justificado alguma ausência no espaço, não pela idade que alcancei, mas pela mais absoluta falta do que mais prezo, e sempre propugnei, apliquei e desenvolvi fora e dentro das quadras, a permanente e incansável busca pelo novo, pelo inusitado, pelo desafio, única forma de manter a mente e o espírito alertas, desde sempre, não só em mim, mas principalmente, nos alunos e atletas, que os tive a perder de conta, porém lembrados e cultuados, cada um deles, dos quais tenho imensas saudades…

Vamos então a alguns fatos, mesmo aqueles que me desagradam, que ferem o bom senso, que magoam os sentidos, que ofendem o grande jogo:

– Comecemos com o NBB, onde a insânia dos três pontos nunca esteve tão presente, fruto da inexistência defensiva fora do perímetro, preocupados que estão estrategistas e jogadores com a evolução dos atuais homens altos dentro do mesmo, quando defendê-los pela frente, numa verdadeira e lateralizada linha da bola, criaria o equilíbrio de forças necessário à contestação dos longos arremessos, fator técnico de difícil e complexo aprendizado, sendo por isso mesmo o grande prêmio a ser alcançado pelos verdadeiros praticantes do grande jogo, tanto os que aprendem, como os que ensinam. Alguns números emprestam a relevância a esse princípio, como os acontecidos em jogos recentes, onde num Ceará x Bauru, 23/68 foram os arremessos de dois pontos, contra 28/70 de três, ou num Mogi x Ceará, com 29/60 de dois e 31/78 (isso mesmo, 78 arremessos de três!!!!!), e muitos jogos com mais de 50 tentativas de fora, numa autofagia indescritível de ruindade basquetebolistica, tudo somado a média absurda de 25 erros de fundamentos por jogo, salvo muito poucas exceções. Duvidam? Façam as contas, por favor…Ah, um exemplo derradeiro? Paulistano x Vasco, 29/63 de dois, 20/55 de três e 25 erros de fundamentos. Definitivamente tem algo de errado com nosso basquetebol…

– Em dois meses acontecerá a eleição na CBB, onde duas chapas já declaradas e oficializadas se defrontarão dentro de regras estatutárias, retrógradas e viciadas, porém com um fator novo, o de uma delas ser composta por pessoas fora do contexto da casa, que garantiu anos e anos de um continuísmo destruidor de tudo aquilo que garimpamos duramente por anos e anos de trabalho, formada por pessoas ligadas a modalidade, mas não pertencente a situação, que se vencedora for, quem sabe, impulsionará o grande jogo a tempos melhores e mais sadios, se além de se ater ao implemento de modernas técnicas gerenciais e de desenvolvimento massivo, se dedicar ao verdadeiro óbice que nos estrangula a quase três décadas, o fator técnico, que no frigir dos ovos, é a verdadeira função confederativa, dolosamente esquecida e vilipendiada pela política do escambo, do apadrinhamento e do corporativismo de uma minoria lá encastelada, onde os interesses pessoais e econômicos se sobrepõem ao jogo em si, ao grande jogo…

Finalmente, não posso nem devo deixar passar uma preocupante tendência, a da elevação de um outro jogo, com regras próprias, com interesses hegemônicos, não só esportivos, como comerciais, políticos até, de outro país, junto a nossos jovens, com promessas de transmissões em rede aberta, eivado de comentaristas amparados e escorados por toneladas de computadorizadas informações, nas TVs e na internet, onde comentam “a fundo” o que absolutamente não conhecem no sentido prático, num escatológico achismo que fere de morte o nosso ainda cambaleante NBB, este sim, tão necessitado de discussões opinativas visando seu desenvolvimento técnico e tático, e que pertence a uma realidade antítese daquela que tentam nos empurrar a fórceps, bem sabendo que é um produto de outra espécie de sociedade, resultante de políticas educacionais e culturais inexistentes aqui, numa forçação de barra profundamente irresponsável e até certo ponto, perigosa…

Conheço a NBA desde os anos sessenta, quando lá estive estudando, e desde aquela época concordava não ser aquele o caminho que deveríamos trilhar, pois totalmente fora da nossa realidade esportiva, educacional, econômica, cultural e política, não fosse àquela época, em plena convulsão racial, ser nomeada embaixadora americana para os países do mundo a equipe dos Harlem Globetrotters, na tentativa governamental de atenuar os graves efeitos da integração no plano socioeconômico fora de suas fronteiras, pois somente o basquetebol tinha penetração mundial, e não os restritos football (o deles), baseball, ice hockey. Hoje os interesses são outros, todos de bases mercadológicas, sem dúvida alguma…

Bem, fico por aqui, prometendo ser mais presente aqui no blog, já que grandes eventos nos aguardam, mas que não sejam jogadas monstros, tocos, e hemorragias dos três. O grande jogo merece coisa melhor, bem melhor…

Em tempo – Agora mesmo assisti a partida Mogi x Bauru, descrita como da mais alta técnica, incensada e comentada como o verdadeiro basquete brasileiro, mas que apresentou ao seu final estes inacreditáveis, comprometedores e constrangedores números – 36/52 arremessos de 2 pontos e, acreditem, 19/72 de três, com a equipe perdedora do Bauru perpetrando 13/19 de 2 e absurdos 10/42 de 3, sendo que num dos pedidos de tempo o técnico da equipe pediu jogo mais no interior do perímetro, sendo demovido pelos jogadores que optaram pela artilharia insana de fora, tudo isso emoldurado por 24 erros de fundamentos. Inacreditável…

Amém.

Foto – Foto captada na internet. Clique na mesma para ampliá-la.

 

A MESMICE CONFRONTADA…

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E de repente já não me sinto tão sozinho nessa inglória luta, depois de garimpar o texto abaixo do técnico Marcus Hygino curtido pelo Miguel Palmier (dois que jamais se esconderam ou se camuflaram no anonimato) no Facebook, fazendo eco ao que publico a anos nesse humilde blog, apontando o verdadeiro fator que nos tem levado ladeira abaixo nas competições internacionais de relevo, e não esses torneios meia boca contra equipes que se encontram em aeroportos, jogando em ginásios semi desertos, num carrossel de mesmice técnica que bem reflete nossa realidade, da base a elite, onde a criatividade, o improviso consciente e o coletivismo baseado nos fundamentos, nos sistemas corajosos e inovadores, se perdem na mediocridade e ausência quase total de sólidos conhecimentos sobre o grande jogo, por parte de uma geração de estrategistas com suas midiáticas pranchetas que expõem o seu real, confiável e convincente domínio dessa complexa modalidade, ou seja, muito, muito pouco, quase nada…

Somemos a essa indiscutível evidência o apoio indesculpável de uma mídia surda e cega aos palavrões cada vez mais frequentes nos pedidos de tempo, acompanhados de gritinhos e esgares “motivacionais”, folclóricas dancinhas ao lado das quadras, insufladas e propositais pressões nas arbitragens, levando um perigoso e irresponsável recado a torcidas cada vez mais agressivas, completamente ao largo dos princípios éticos esportivos inerentes ao grande jogo desde sempre. E nesse ponto, vamos ao texto do Marcus:

O que acontece com os técnicos de basquete que atuam no Brasil? Pude ver, praticamente todos os jogos do NBB, tanto na Band, quanto no Sportv. Não sei se algum de vocês escutaram falar do termo, “TUDO JAPONÊS”, pois é, as equipes da NBB, com raríssima exceção por causa de um ou outro jogador, utiliza muito bem esse jargão! Que isto? Se mudar todas as equipes de camisa, vamos observar que todos, mas absolutamente todos fazem a mesma coisa. Não se vê um contra ataque, não se vê uma transição bem feita, não se vê nenhum jogo sem bola, não se vê nenhuma equipe abrindo espaço no 5 x 5, só se vê finalizações descabidas e totalmente erradas pro momento do jogo, equipes em quadra sem tesão de jogar, pivot toda hora saindo pro chute, feio, tudo muito feio! Com raras exceções( por isto que o Marcelinho Machado jogará até os 60 anos), jogador não sabe nem utilizar o passe adequado, driblam em demasia e todo final de ataque, digo TODOS OS FINAIS de ataque são fechados em 1 x 1! E para finalizar, avisem a todos os técnicos que a utilização da “PRANCHETA”, não é obrigatório, é um recurso de auxílio em situação especial! Passa a ser ridículo e cômico, como em todo tempo técnico, só passam orientações na dita cuja!

Creio que nada mais precisa ser dito…

Amém

Foto – A imagem do caos. Reprodução da TV.

 

O EDUCADO E AMÁVEL JOÃO ROSSI…

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Terminado o jogo no Pinheiros pelo NBB2, quando na direção do Saldanha, após 19 dias de intenso treinamento, estando a equipe na lanterna da competição, apresentando uma forma totalmente diferenciada de atuar, na contra mão de todas as equipes da liga, e mesmo perdendo por 11 pontos depois de liderar os três quartos iniciais, estava recolhendo meus haveres no banco, sozinho, pois toda a equipe já se encontrava no vestiário, quando um senhor de camisa vermelha se aproxima e se apresenta – Sou João Rossi, dirigente esportivo do Pinheiros, e quero felicitá-lo pela bela apresentação de sua equipe, inclusive sou leitor de seu blog, e gostaria que soubesse que as portas do clube estarão sempre abertas para recebê-lo – Agradeci lisonjeado, ficando com a inteira certeza de que estava trilhando um caminho factível, mesmo sendo incomum, ainda mais pelo reconhecimento da figura maior da direção daquele mítico clube, que acabara de nos vencer…

Dois dias depois vencemos o Paulistano em seu ginásio, reforçando em mim e a todos a certeza de que reverteríamos aquela incômoda posição. No entanto, no retorno a Vitória vi acontecer um indesejado retrocesso com o afastamento compulsório de três dos mais importantes jogadores da equipe, nos lançando em três semanas de derrotas, a maioria das quais não teriam acontecido se o grupo tivesse permanecido coeso e unido, não mesmo…

Porém, com muita garra e empenho nos treinamentos conseguimos alinhar três vitórias seguidas, contra equipes já qualificadas nos playoffs, inclusive a que venceria a competição no mês seguinte, o poderoso Brasília…

Terminada a competição, tendo sido apontado em blogs basqueteiros como o técnico do ano, comparecí ao encerramento solene daquele NBB2 no Pinheiros, para a entrega dos prêmios concernentes a competição, para após o mesmo, acontecer o Congresso dos técnicos e assistentes num hotel fazenda em Campinas por três dias. Foi naquela solenidade que reencontrei o educado e amável João Rossi, estando eu acompanhado do diretor do Saldanha, Alarico Duarte. Foi então, que na presença do mesmo, o João Rossi reiterou o convite para me transferir para o seu clube, me parecendo pela transparência do momento que ambos já conheciam o teor da oferta, esperando somente a minha decisão, que não poderia ter sido outra que não reforçar o compromisso de enfrentar o grande desafio em Vitória, como havia prometido ao Alarico, a toda a equipe e torcida vibrante. O que aconteceu depois é de pleno conhecimento dos leitores, pois publiquei todos os fatos, que culminaram com meu afastamento do basquetebol da LNB…

Interessante recordar que durante os três dias do congresso, onde participei ativamente na formulação e questionamento de perguntas sobre os vários e importantes temas apresentados, inclusive com a presença do novo técnico nacional, Magnano, e onde sofri um grande afastamento da maioria da comunidade basqueteira ali presente (certamente pela existência do Basquete Brasil), com pouquíssimas exceções, entre elas a frequente presença do João Rossi, sempre atento às minhas intervenções, tendo inclusive discutido uma delas após as palestras dos técnicos…

Foi em um dos intervalos das palestras, que recebi a sugestão de um dos dirigentes da LNB de deixar de publicar esse blog, pois o mesmo não se coadunava com a função técnica, a qual discordei veementemente, apresentando como argumento o fato de ter publicado o dia a dia da minha função no Saldanha, como ajuda aos técnicos mais jovens em seu aprendizado, com enorme sucesso e repercussão, fator que de forma alguma conflitava com as funções de técnico daquela equipe…

Durante todos estes anos de compulsório afastamento, jamais encontrei uma explicação coerente e franca que a justificasse, ainda mais pelo inconteste fato de ter visto a imensa maioria de minhas convicções e práticas sistêmicas terem sido utilizadas por todos os técnicos da liga (vide a dupla armação, dois e até três pivôs ágeis dentro do perímetro, defesa linha da bola, etc.), abertamente na prática, solertemente negada no reconhecimento, com uma ou outra exceção, muito poucas que pudessem reverter o covarde e coercitivo limbo…

Agora, o João Rossi preside com justiça a liga maior, com a promessa de a elevar a patamares mais altos, principalmente o técnico, que sempre considerei o nosso exposto tendão de Aquiles, desde a base formativa até a elite, e quem sabe, poderei ter a chance de entender o castigo a que fui submetido depois de mais de 50 anos de profissão, como professor e técnico, hoje jornalista bissexto, papel honroso, mas não protagonista no exercício do grande jogo, nesse imenso, demeritado e injusto país…

Amém.

Foto – Autoral. Técnicos e Assistentes presentes ao Congresso de Técnicos do NBB2. Clique na mesma duas vezes em sequencia para ampliá-la.

A ARTE DE ENSINAR…

Falando de fluidez em ações e movimentos, situações que devem e podem ser treinadas, ensinadas por quem realmente as dominam didática e praticamente, eis um exemplo de alta qualidade na dança moderna, que pode e deve ser emulado, por exemplo, no ensino do drible, das fintas, dos passes, dos arremessos, da defesa, enfim, dos fundamentos no basquetebol, em vez de exigi-los através rabiscos desconexos numa primária e descerebrada prancheta. Que fique o exemplo de competência na arte suprema de ensinar.

https://www.facebook.com/andrea.raw/videos/10211329942546598/

Com a palavra os “estrategistas” de plantão…

Amém.

Video – Clique no link acima, amplie para a tele cheia e aprecie o que venha a ser um sequenciamento didático visando a fluidez de movimentos.

E TUDO CONTINUA E CONTINUARÁ IGUAL, LAMENTAVELMENTE…

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Não tem sido fácil para mim manter essa abstinência de artigos sobre o grande jogo, mas é que estava sendo doloroso demais externar a mesmice endêmica em que ele foi afundado, documentando uma outra mesmice crítica aqui nesse humilde blog, a de que nada mudou, e nem mudará, se dependermos da tradicional e da nova geração de estrategistas que enganam e se escondem por trás do biombo travestido de prancheta, mais midiática do que de importância realmente técnica, a não ser para seus equivocados utentes…

E o mais emblemático é assistirmos o beneplácito da crítica especializada, sempre pronta a absolver a garranchada exposta nas mesmas, para mais adiante confessar que a grande maioria dos “atentos e interessados” jogadores, simplesmente não cumprem nada do que é lá rabiscado, lambuzado e diligentemente apagado com as costas daquelas mãos sôfregas e tatibitates…

E é nesse ponto que sugiro algo didaticamente interessante e elucidativo, que pranchetassem sobre folhas soltas, como nas antigas tabuletas de presença  dos bedéis de escolas, para que ao final dos jogos pudessem admirar, quem sabe, entender eles mesmos o que perpetraram nos seus caóticos pedidos de tempo, folhas ordenadas cronológicamente por um dos incontáveis assistentes refestelados nos bancos, como auxiliares privilegiados na pressão das arbitragens, como documentos que muito esclareceriam (?) certas atitudes e decisões quando nas revisões videografada pós jogos, e que para melhor entendimento justificariam, ou não, a enxurrada de palavrões e reprimendas ditatoriais e infantis em adultos, muito dos quais, pais de família…

Joga-se o NBB9 como jogaram os de 1 a 8, iguais, monocórdicos, com uma ou outra ilustração, como a da moda atual, o fator “intensidade”, aquele que concede primazia à equipe que supere pelo diferenciado esforço físico o sistema de jogo utilizado por todos igualmente, na tentativa de equalizar, e mesmo superar, a maior qualificação de jogadores nas estratificadas posições de 1 a 5, chaga que nos aflige e corrói técnica e taticamente desde sempre, determinando a ascendência de dirigentes, agentes, empresários e técnicos coniventes com o sólido corporativismo que implantaram para protegerem-se de inovações que ponham em risco seu sagrado e fechado mercado…

E pensar que bastaria uma ou duas equipes que se diferenciassem na forma de ver, sentir e jogar o grande jogo, de preferência formada por jogadores pouco ou nada ranqueados, dos muitos e muitos que existem nesse enorme e injusto país, dirigidos e orientados a sistemas diferenciados, que os tornassem proprietários de uma nova forma de atuar, reagir, criar e improvisar por sobre algo perfeitamente tangível, existente e factível, porém, vedada aos medíocres, aos omissos, aos osmóticos que simplesmente copiam, atuam e se comportam como vedetes intocáveis, midiática e politicamente, onde, com pouquíssimas exceções, pululam desde as categorias de base até a elite, posudos, e profundamente equivocados sobre suas pseudo importâncias e influências sobre os mais jovens, reservando aos mesmos o palavrório de baixo calão que expelem nas transmissões televisivas, explicadas e relevadas pelos comentaristas e narradores como “explosões normais de jogo”, numa absurda e imperdoável conivência…

Por tudo isso, e por ter tido um dia a oportunidade de atuar na liga, e dar seguimento a um comportamento linear desde as categorias formativas por mais de 50 anos, como professor, técnico e agora jornalista, é que me sinto desconfortável em simplesmente assistir e escutar o que jamais admiti, pratiquei e utilizei como mensagem a jogadores e aos mais jovens, para os quais a chave de sua educação passa inquestionavelmente  pelo exemplo dos que comandam, fator básico para o progresso cidadão dos mesmos…

Mesmice técnica e tática endêmica, pranchetas midiáticas, palavrões, gestual circense ao lado das quadras, pressão descabida nas arbitragens e apoio inconteste dos que decidem sobre tantos e discutíveis comportamentos, cansam, ou melhor, se tornam insuportáveis…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma duplamente para ampliá-la.

                                                                                                                                                                 

CONSTATANDO, LAMENTANDO, SUGERINDO…

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Finalmente aconteceu o que nunca deveria ter acontecido, na medida em que toda aquela “ gente” escondida e escamoteada pelo anonimato nas mídias “ especializadas” da modalidade jamais teve a coragem de lutar aberta e responsavelmente pelo grande jogo, dando as suas abençoadas caras aos tapas da dolorosa realidade que agora expõe e fragmenta nosso indigitado basquetebol, finalmente lançado ao colo de um COB voleibolista, e de um ME absolutamente incompetente, ambos politicamente alinhados ao desporto de “ alto nível”, em um país que ainda discute se a educação física deve ou não pertencer ao currículo básico das escolas no país. Agora mesmo, a Finlândia acaba de estabelecer seu currículo básico, tornando somente três disciplinas obrigatórias, a linguagem, a matemática e a educação física, claro, por não ser uma nação de primeiro mundo, como o nosso imenso,desigual e boçal país…

Se até o momento do desenlace dessa imensa tragédia, coube ao COB e ao ME financiarem a permanência da atual administração da CBB, injetando vultosas verbas, garantindo a incúria e descalabro lá existente, tornando por isso impossível sua capacidade de retornar ao lugar de segundo desporto no gosto popular do brasileiro, lugar este tomado desde a perda política do patrocínio do BB, fator crucial na escalada técnica do vôlei, feita e concretizada por excelentes técnicos de quadra, inteligentemente voltados ao alto nível, e distantes da formação massiva de base, já que regiamente forrados de verbas federais…

Muitos poucos lutaram às claras contra toda essa enxurrada de desacertos e incúrias administrativas, capitaneadas por elementos despreparados e totalmente voltados aos seus interesses pessoais, monetários principalmente, lá colocados por um colégio eleitoral fechado e comprometido com as benfeitorias irmãmente distribuídas, todos garantidores, por suas incapacidades, do domínio e reinado quase absoluto da nova “ paixão” do povão, o voleibol, que na recém finda olimpíada somente alcançou a quinta posição na preferência da torcida brasileira, mesmo sendo campeão, vendo o estraçalhado basquetebol na terceira…

Muito bem, o grande jogo estará até 2020 nas mãos da FIBA, do COB e do ME, ou seja, em nada evoluiremos em projetos de base, de massificação, de desenvolvimento escolar, pois sequer o MEC estará presente, ausente que teima em estar quando frente a desafiadora indústria do corpo, maleficamente instalada nesse imenso e desigual país, quando a perda da sua monumental clientela juvenil jamais poderá ser colocada em jogo, com projetos de educação física em escolas e universidades, jamais, pois é muita grana a ser conquistada, ao preço que for, mesmo que às custas da ignorância de seu povo…

Mas algo, mesmo emergencial, ainda poderia ser tentado, antes que pudéssemos dar o definitivo salto para dias melhores, que hão de vir, que terão de vir, sob o preço de afundarmos definitivamente no terceiro mundismo, algo que poderíamos fazer para dirimir, ou mesmo equilibrar a votação federativa espúria e de cartas marcadas, que tanto empobrece o cenário desportivo nacional, tornando realidade a possibilidade de indicarmos verdadeiros representantes, que elegeriam o poder confederativo de uma forma mais evoluída e equânime, já que democraticamente mais estável, o aumento da massa votante, dando às associações de técnicos estaduais, que deveriam ser estabelecidas sob a égide e orientação técnico administrativa por uma de caráter nacional, também votante, somadas a dos árbitros, todas fazendo companhia a dos jogadores, que faz parte do colégio eleitoral confederativo. Teríamos os atuais 28 votos acrescidos de mais 29 regionais mesmo, criando o salutar equilíbrio de forças atuantes no soerguimento do grande jogo no país…

Sexta feira agora, dia 25, a ABTT fará realizar em São Paulo, no Hotel São Paulo Inn Loft, das 10:00 às 14:00hs, um congresso para discutir as questões mais determinantes para o soerguimento da modalidade, e, se tivesse sido convidado, seria a proposta acima que exporia naquele plenário. Mas como bem sei que não o serei, sugiro que ao menos estudem a proposta acima, que garanto ser perfeitamente realizável, tendo como precedente condição o direito a voto da associação de jogadores, e nada mais objetivo e plausível que, no espaço temporal que nos separa de 2020, quando cessará a intervenção tríplice, não tenhamos a oportunidade e competència de termos uma associação de técnicos organizada nos 27 estados da federação, que somadas a nacional e a existente dos árbitros, duplicássemos o colégio eleitoral, dotando-o do equilíbrio fundamental ás escolhas geridas pelo mérito, pela experiência e pela comprovada competência.

Seria essa a minha colaboração aqui publicada neste humilde blog.

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duas vezes na mesma para ampliá-la e acessar a legenda.