A HUMILHANTE QUEDA…

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Tenho por norma de vida, de professor, de técnico, e por que não, de jornalista, jamais emitir parecer, comentário, crítica, sem deixar que a cabeça esfrie, se concentre, estude, pesquise, se questione, se informe, para ai sim, com clareza e objetividade lançar no papel virtual ou tradicional, analises e sugestões pertinentes, fundamentadas, acima de tudo, responsáveis, e sem jamais reivindicar exclusividade na luta, ou solidão opinativa, correndo o serio risco de falseamento da realidade…

Pincei no espaço de comentários do excelente artigo do jornalista Guilherme Tadeu do Basketeria hoje publicado, uma pequena joia de critica solidamente ancorada numa das verdadeiras origens dos problemas técnicos que tanto nos tem afligido, e que culminou na catástrofe (entre outras nas divisões de formação de base) da Copa América, onde, sem dúvida alguma, atingimos o fundo do poço, na acepção mais primaria do termo. Ai vai o comentário, pedindo ao Guilherme e ao seu leitor permissão para mostrá-lo aqui nesse humilde blog:

Qua, 04 de Setembro de 2013 08:37 postado por johnson avelino

Guilherme, concordo com você, basta ver os times que tem as categorias de base, acompanhei os treinos de alguns deles e nunca vi um técnico ensinando basquete, vi sim ensinando jogadas exaustivamente.                                                                                                                                                                                           Também vi protecionismo para atleta filho de fulano, sobrinho de cicrano, irmão de agente tal. Após a categoria sub-19 o jovem faz o que? Estuda? Ou treina em horários que agradam os técnicos, pois eles tem outras atividades fora do clube e assim impossibilitam a ida as escolas. Acredito que muito tem que se fazer e nós de fora do cenário poder opinar para ajudar. Vamos mudar o basquete no Brasil?

            Que tal? Simples, objetivo, real, espontâneo, crucial…

Sim, crucial, pois a origem do que se viu em Caracas, e temos visto em outras praças nas categorias de base, nada mais representaram do que a falência do ensino dos fundamentos do jogo, trocados pelos chifres, camisas, cabeças, punhos, copiados deslavadamente do modelo “internacional” de jogar o grande jogo, importado como panaceia milagrosa para a gloria, o pedestal prometido para todos aqueles que empunharem os níveis I, II e III conquistados em cursos e provisionamentos de fim de semana por uma ENTB comprometida com a mesmice instalada por estas bandas tupiniquins de 25 anos para cá, somados a testes específicos patrocinados por preparadores físicos, fisiologistas, psicólogos, em sua grande maioria ignorantes do que venha a ser o ensino competente e artesanal do grande jogo, nas mais diversas etapas do desenvolvimento harmônico e rítmico de jovens profundamente diferenciados entre si,  propiciando o nascimento e fixação quase indelével do corporativismo técnico e tático que emperra o progresso dessa infeliz modalidade, basta comprovarmos serem sempre os mesmos profissionais participantes e donatários dessa horrível capitania disfarçada em formadora, mas que na realidade é a base da formatação e padronização do que ai está, e co- responsável pelos pífios resultados nas competições de base, e por que não, na Copa recém terminada, quando o exercito de aspones agregados superava em muito o numero de jogadores, que como vimos, não apresentaram condições técnica, físicas e táticas coerentes ao longo treinamento a que se submeteram.

Agora, depois do leite derramado, criticas descabidas, algumas sutis e outras oportunistas grassam pela mídia, focando, desde a demora nos pedidos de tempo, ao excesso de rotação por parte do equivocadamente assessorado hermano, assim como outras mais fundamentadas, como o erro crasso cometido na convocação e a teimosa insistência em não reconhecê-la a tempo de modificá-la, adaptando-a às perdas pontuais de percurso.

A grande verdade, é que viemos perdendo progressivamente terreno frente a nossos tradicionais adversários, e agora frente a outros impensáveis até bem pouco tempo, fruto de uma estagnação técnica, que se originou nos anos 70 quando foram priorizadas as disciplinas voltadas à saúde nas escolas de educação física, em prejuízo das voltadas e concentradas às ciências humanas e ao ensino das modalidades esportivas, que tiveram suas cargas horárias reduzidas, em muitos casos em 75%, o basquetebol incluso.

Dessa forma, passaram essas escolas a preparar paramédicos de terceira categoria, que hoje alimentam a indústria bilionária do corpo, com o aval tecnocrático do Confef e dos Cref’s, omitindo qualidade as licenciaturas voltadas a escola, e com conhecimentos técnicos desportivos que beiram ao ridículo, frente ao preparo de três décadas atrás.

Então, de onde vieram os técnicos para as divisões de base nos clubes, senão através os econômicos ex-jogadores de divisões superiores e mesmo curiosos e cultuadores do grande jogo, todos absolutamente despreparados para a formação de base com suas extremas exigências de caráter físico, mental e social, para a qual não encontravam respostas mínimas aceitáveis para a sua abordagem didático pedagógica. Claro que uns poucos se preocuparam no estudo mais aprofundado, porém carentes de informação, apoio logístico, supervisão competente, compensação econômica razoável, estágios e atualizações disponíveis, competições sérias e balizadas, tornando todo seu esforço nivelado, muitas vezes para baixo, com aqueles que se fixaram no estéril e abandonado terreno do desporto, esquecido pelo poder público, órfão de uma política voltada a seu desenvolvimento, colhendo as migalhas dos vultosos investimentos concentrados no desporto de elite, aquele que falseia medalhas, promove políticos, encobre corrupção, esmagando anseios e sonhos do nosso amanhã, os jovens.

Em Caracas, experimentamos o gosto amargo da verdade, da nossa verdade, da nossa inépcia, da nossa omissão, da nossa opção pelo cume da pirâmide, quando cantar o hino a plenos pulmões encobre a mais grave de todas as nossas reais e recônditas falhas, o mais absoluto e irrestrito apoio à educação, em todos os seus segmentos, onde o desporto, o basquetebol, tem papel estratégico na plena formação cidadã, em estreita comunhão com as disciplinas curriculares, às artes, música e dança. Sem que nos conscientizemos dessa verdade, nada alcançaremos para o futuro além 2016, absolutamente nada.

Se na capital venezuelana fracassamos como nunca o havíamos feito, nada mais lá foi representado do que a nossa realidade técnica, de preparo fundamental, de tática voltada aos interesses da equipe em sua formulação de principios proprietários de um sistema, e não recriando um modelo “internacional”, que nivela por baixo nossos jogadores, setorizando e especializando-os como maquinas montadas em série, descaracterizando suas personalidades criativas, únicas e exclusivas, que deveriam ser canalizadas para o bem do grupo, e não para a gloria (?) de uns poucos, principalmente quando estabelecem falsas especialidades, como nos arremessos de três pontos, e que no final das contas foram canibalizados pelos mesmos.

Sinto cheiro de fritura no ar, afinal “alguém” terá de pagar por tamanha ignomínia, vergonha nacional, alguém. Mas quem? Como? De que forma? A tradicional,  promovendo assistente ao comando, quando deveria cair junto ao titular, exatamente por se constituir parte indivisível de uma unida e una comissão técnica? A autenticação indicativa de um ícone acusado por muitos de ter iniciado a era das bolinhas, instalada como uma inestancável hemorragia, que coerentemente compareceu através os dois últimos arremessos contra a temível Jamaica, quando ainda restavam 5seg de posse de bola, onde uma segura tentativa de jogo interno deveria ter sido efetuada? Ou a contratação de um novo estrangeiro a peso do ouro pago ao atual, que no final das contas somente foi vitima do nosso já enraizado e longevo “momento”, radicalmente diferente e oposto ao “momento platino” que o consagrou com a medalha olímpica, e que não teve o jogo necessário de cintura para tangueá-lo como deveria?

Fico por aqui, porém convicto de algo muito significativo, e que de tão importante tem obrigatoriamente de ser varrido para baixo do tapete, a minha, ai sim, solitária tentativa e posterior desafio, no intuito de tentar estabelecer o contraditório no linear cenário técnico tático do nosso basquetebol, sufocado pelo corporativismo e pela manutenção da mesmice implantada, que teve seu desenlace em Caracas, onde nem mesmo o mais do mesmo se fez presente, a não ser a manutenção burra e suicida do reinado das bolinhas, para o bem, e nesse caso para o irreparável mal..

Estou triste, mas não inconsolável ou insensível, pois aos 74 anos me mantenho lúcido, criativo e profundamente convicto de que dias melhores terão obrigatoriamente de vir para o grande, grandíssimo jogo da minha vida.

Amém.

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Foto 1 – Opção pelos três pontos a 4seg do final em vez de uma ação interna.

Foto 2 – A dura realidade no olhar do capitão.

Foto 3 – Números para não esquecer.

O NEGADO COLETIVISMO…

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São três horas da madrugada, e acabo de rever alguns trechos gravados do jogo com o Uruguai, não como provação masoquista, mas sim para aferir com alguma precisão, ou mesmo, tentar descerrar algum diáfano véu que possa estar encobrindo algo aparentemente inexplicável às minhas cansadas retinas, mais do que acostumadas com as nuances de um jogo complexo e apaixonante como o basquetebol.

Nada percebo que não tenha analisado e julgado anteriormente, com uma única ressalva, o abandono geral e irrestrito do caráter coletivista treinado e posto em pratica nos dois meses de preparação, por toda a equipe nos jogos antecedentes a catástrofe de ontem, numa insidiosa e progressiva escalada, que atingiu seu ápice contra os uruguaios, e que catástrofe…

Anexei acima algumas reproduções da TV que fiz seletivamente, como sempre faço, e o que vemos é de certa forma preocupante, pois custo a crer que uma equipe, melhor, uma seleção nacional de grandes e imorredouras tradições, depois de tanto e exaustivo trabalho feito na busca de um planejado coletivismo, se poste numa quadra de jogo, na busca da classificação a um Mundial,  atacando em amplo “leque”, quando um só jogador, num pivô ou na armação, se define como executor e definidor solitário em ações ofensivas, tendo seus outros quatro companheiros como torcedores privilegiados e estáticos na cena, faltando somente os aplausos quando bem sucedidos, numa claríssima atitude de abandono, repulsa mesmo, a um processo a que foram submetidos na busca do jogo associativo, coletivo e de movimentação contínua e homogênea, para o qual algumas qualidades de personalidade são necessárias, como o irrestrito comprometimento e o básico compromisso em torno e no âmago dos conceitos de jogo emanados pelo técnico da equipe,

Ausentes essas qualidades, temos como resultante o que assistimos nas três últimas partidas, um alheamento às propostas de jogo, canalizando definições para o foro e vontade intima inerente a cada jogador, principalmente pela clara opção ao jogo externo, onde o reinado das bolinhas mais do que nunca se mantêm íntegro, principalmente através seus mais usuais utentes, o Guilherme, Arthur, Benite e Alex, com eventuais e pontuais participantes, como o Huertas, o Larry e o Raul, e bissextos como o Rafael e o Caio. Ou seja, é a única seleção da competição em que nove de seus integrantes se consideram especialistas nos três pontos, sem dúvida um recorde mundial, e um erro colossal, bem aferido ontem quando contestados pelos uruguaios, levando-os a um constrangedor e pífio 2/18 nas tentativas de fora.

Mas a cereja desse mofado bolo veio através elucidativas entrevistas concedidas pelos já conhecidos e encanecidos cardeais da seleção, nas quais muito se pode avaliar sobre o que de real acontece no seio de uma equipe que está sendo minuciosamente desmantelada pelos vícios vitalícios de uma geração que confia essencialmente em “seus tacos”, como compensação de sua fragilidade defensiva (evidenciada mais do que nunca nesta Copa), e do principio de “grupo fechado” garantidor de suas capitanias hereditárias, onde mudanças de conceitos de treinamento e de jogo sofrem resistência ostensiva, perfeitamente visualizadas nas competições e jogos, só que nessa, de transcendental importância para o soerguimento do grande jogo no país, se deram mal, muito mal, escancarando a dura realidade de uma modalidade que se nega a evoluir, a buscar a renovação através o trabalho na base, na valorização incondicional dos fundamentos, e na visualização objetiva do que venham a ser jogadores com reais e consistentes bases para se lançarem a excelência em suas carreiras, e não esse enxame de falsos prospectos precocemente queimados por inescrupulosos e aventureiros agentes de absolutamente nada.

Analisem com isenção e profunda atenção o que dizem os cardeais, porta vozes de uma equipe que nem de longe merece compor na representação do que temos de melhor, a começar pelo não engajamento junto à honesta e competente proposta de um técnico bem intencionado, mas que cometeu dois erros brutais, que agora se desnudam como praticamente irreparáveis, o de selecionar equivocadamente jogadores que lá no fundo de suas experiências de vida e de jogo, simplesmente não aceitam suas concepções, mesmo olímpicas, de jogo, e na admissão do reinado das bolinhas,  numa matéria do jornalista Marcello Pires do Basketeria de 3/9/2013 – (…) Contra Porto Rico mantivemos o time deles com um aproveitamento de apenas 32% em arremessos e não conseguimos vencer. Nesta segunda-feira, contra o Uruguai, tivemos 11% de aproveitamento na bola de três e perdemos. É simples, a bola não está caindo. (…)

(…) “É difícil dizer alguma coisa numa situação como a que estamos vivendo agora. Quando você entra numa inércia da derrota o moral começa a cair. Precisamos levantar a cabeça para ganhar o próximo jogo e tentar reverter essa situação. Temos que continuar acreditando. Chegamos num momento que não adianta mais treinar. Tem que ser na base da conversa para levantar o moral de cada um”, destacou Giovannoni.

” A gente sabe que pode brigar pelo quinto lugar para conseguir a classificação para o Mundial de Basquete. Temos que fazer o que der para vencer a Jamaica amanhã e os próximos quatro jogos da próxima fase. Depois vamos ver o que acontece”, disse o ala/armador Alex Garcia.(…)

( Trechos da matéria publicada no blog  Databasket em 2/9/2013).

 

Realmente dá seriamente no que pensar…

Amém.

 

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PUXA, 350 MIL VISITAS…

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Para um pequeno e humilde blog que fala e discute técnicas de basquetebol, parece um milagre ser visitado por tanta gente. Agradeço a todos de coração, e espero continuar sendo prestigiado aqui nessa trincheira, básica e profundamente democrática, na perene luta pelo soerguimento do grande jogo que tanto amamos.

         Muito obrigado.

         Amém.

O PESO DA VERDADE (CANADÁ 91 x 62 BRASIL)…

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Tudo dentro dos trinques…para a turma do Canadá, ou não?

Contestar ao máximo que puder as bolinhas de fora (6/18-33%), oferecendo as de dois pontos (16/43%-37%) que poderiam ser razoavelmente bloqueadas se definidas pelos armadores ou o Alex, no que foram precisos nos bloqueios, cirúrgicos até, e concedendo lances livres em bem distribuídas faltas, torcendo para a perda de alguns (12/19-63%), somados a um potente posicionamento nos rebotes defensivos, foi a estratégia bem montada pelos canadenses, que vez ou outra contra atacavam, mas pendendo na maioria das vezes pela armação de jogadas, contando com sua arma mais instigante, os quase sempre conseguidos rebotes ofensivos, alcançando os seguintes números: 23/48-47% nos dois pontos, 8/19-42% nos três, e 21/26-80% nos lances livres, errando 6 vezes nos fundamentos, contra 13 erros nossos…

Do nosso lado, contestar arremessos de fora nem pensar, com alguns jogadores, inclusive, dando as costas para o adversário, e o pior, não correndo para os rebotes, que mesmo sendo função delegada aos grandões, poderiam agregar preciosa ajuda aos mesmos, como os canadenses o faziam do outro lado da quadra, e culminando com o baile ofensivo que levaram dos armadores que penetravam quando e onde queriam seguidamente. Enfim, o caos generalizado, e sabem por que, mesmo? Isso, na mosca, a lentidão física e de raciocínio dos grandões, que ainda ousavam ir marcar muito além do perímetro externo sem as condições básicas para fazê-lo, inclusa a maior delas, a velocidade de recuperação, e a ausência mais primaria e básica do posicionamento defensivo dos que guarneciam o perímetro lá de fora.

Torno a repetir como nos dois artigos anteriores, que qualquer dos nossos adversários, agirá da mesma forma que os portorriquenhos e agora os canadenses, e acreditem, o Uruguai e a Jamaica também o farão, contestando os arremessos de três, incentivando os de dois e imprimindo grande velocidade dentro do nosso perímetro interno, onde qualquer pivô de razoável técnica, mas dotado de boa velocidade e agilidade, infernizará a vida dos nossos bem nutridos e lentos cincões, que em contrapartida repetirão tão previsíveis ações atacando a cesta do outro lado a passo de cágado…

Concluindo, nosso perímetro externo defensivo ao ser batido sistematicamente pela armação contraria e não contestando seus longos arremessos, expõe em demasia a capacidade de cobertura da turma que guarnece o perímetro interno, ao mesmo tempo em que estes, pela lentidão de seus componentes, ficam fragilizados ante a velocidade de deslocamento dos atacantes interiores, sendo mais letais ainda pela pouca participação coordenada de todos na rotação defensiva.

Resultado? 29 pontos de diferença, numa derrota anunciada e previsível pela inadequação de muitos jogadores à proposta técnico tática do Magnano, resultante de uma convocação antítese do planejado, que visava grande leitura de jogo, velocidade e força defensiva, permanente movimentação ofensiva interior, liderada por uma dupla e dinâmica armação exterior, ambos os setores estritamente coordenados em suas movimentações, contando ainda com oportunas aberturas para bem equilibrados arremessos de três, e acima de tudo, o domínio do rebote defensivo propiciando a grande arma dos contra ataques.

Creio que não preciso mais me estender em função do óbvio, a dura realidade do fatal desencontro entre o sistema de jogo pretendido e treinado por 50 dias pelo técnico argentino, frente a mais dura realidade ainda da inadequação de muitos dos convocados para exequibilizá-lo, incapazes de assimilá-lo, ou mesmo aceitá-lo, frente às suas limitações técnicas e mais ainda, físicas, provocando a dolorosa situação em que se encontra a seleção para uma qualificação ao Mundial do ano que vem.

Poderemos ainda considerar mais alguns pormenores, como e a exemplo:

– O total desconhecimento por parte do Batista, Caio e Rafael (o Feliciano não conta…)do que venha a ser receber passes em deslocamento sagital relacionado ao posicionamento sempre contrario à bola, somente sabendo fazê-lo na forma mais estática possível, que para eles é sinônimo de segurança, e sempre do lado onde se encontra a bola.

– Por conta disso, os armadores se vêem constantemente presos a flutuações e mínima visão angular para um passe mais preciso e posterior e concomitante deslocamento, já que direcionado a um ponto fixo, o que não ocorreria se o alvo se mantivesse em movimento, ou seja, um passo sempre adiante da marcação.

– Tal desencontro origina a total perda de coordenação do movimento ofensivo, tornando-o previsível e passível de antecipações defensivas.

– Descoordenada em seu sistema de jogo, a equipe passa a desenvolver ações individualizadas, tanto na concepção, quanto na finalização das jogadas, facilitando a defesa e quebrando o principio coletivista.

– Finalmente, para que o sistema de jogo planejado e treinado por quase dois meses pudesse vingar a contento, necessitaria de jogadores, não só comprometidos e compromissados com o mesmo, mas principalmente capazes técnica e fisicamente de aceitá-lo, desenvolvê-lo e adotá-lo como proprietário da equipe, o que claramente não ocorre por muitos fatores, sendo o mais enfático o da convocação, inadequada, estrutural e conflitante, pela ausência daquelas mínimas qualidades técnicas necessárias para seu amadurecimento visando uma competição de alto nível.

Destroçado o esquema, dói muito a cena de um técnico graduado e altamente qualificado se ver perante uma expulsão de quadra, como que jogando a toalha, depois de ter lançado a prancheta ao solo em um dos pedidos de tempo, nervoso e desestabilizado, agora mais do que nunca frente a teimosa realidade da falha maior, a de forçar um sistema de trabalho e de jogo por sobre jogadores sem as valências básicas para absorvê-lo, premido por nomes e estabilidade de alguns deles, numa convocação equivocada e injusta a outros que por serem, ao menos, mais velozes e ágeis, apesar de inominados, poderiam auxiliá-lo com mais prestações técnicas na busca do coletivismo, do “equipo” que tanto almeja, mas que no momento grave por que está passando a equipe, necessita que seja elaborada uma adaptação emergencial voltada ao que realmente ainda pode ser extraído de produtividade de cada jogador, mesmo que para tanto modifique, ou mesmo adapte a sua forma de atacar, e principalmente, de defender…

Constatação dolorosa final foi a definitiva comprovação de quem o substitui no comando da equipe em sua ausência, um outro hermano…

Amém.

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“EQUIPO, JUEGUEN EN EQUIPO!”…

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Era mais do que previsível, mesmo com desconfianças veladas de que  escondíamos jogo nos amistosos, no que jamais acreditei, ainda mais quando se disputavam posições na equipe, afinal de contas alguns dos mais nominados e requestados pela mídia lá estavam, veteranos ou não, obesos e lentos, ou não, numa equipe que tinha até jogador em férias a uma semana do corte final, ou não?

 

Por conta desse monumental equivoco que foi a convocação dessa equipe, é que penará muito para se classificar ao Mundial, e correndo sérios riscos de não conseguir se não tiver condições de estabelecer uma repaginada daquelas, uma repaginada tática, já que técnica será impossível pela fragilidade de algumas habilidades ausentes em muitos dos jogadores, principalmente no aspecto defensivo, que tanto fora ou dentro do perímetro, beira ao ridículo nos momentos mais importantes do jogo, e outras no âmbito ofensivo, como e principalmente, na teimosia burra e analfabeta de que sempre poderemos vencer jogando lá de fora, no terreno onde o reinado das bolinhas se faz presente no dia a dia do nosso basquetebol, tendo inclusive cooptada a relutante aprovação do técnico argentino, que aos poucos vem se rendendo a uma dolorosa evidência em contraponto à sua luta pelo coletivismo que nivela os egos, colocando-os a serviço do grupo, fator esse que não conta com a simpatia de delfins e cardeais, e pelos serviçais também, todos na jurisprudência de agentes que necessitam de altas performances e percentagens para valorizarem seus produtos.

 

É doloroso assistir um jogo onde a coordenação segmentar inexiste, pois fator básico na existência de uma dupla armação, cuja finalidade é a de incrementar o jogo interior, de todos os ângulos e posicionamentos possíveis, interagindo permanentemente com o mesmo, no entra e sai de passes incisivos, e não de contorno, dentro de uma intensa movimentação com e sem a bola de todos os atacantes, todos procurando melhores posições para exercer ou receber os passes, agilizar as fintas, praticar com parcimônia os dribles, arremessar o mais perto possível para aumentar a precisão, deixando os longos arremessos para os especialistas de verdade, e mesmo assim como uma complementação equilibrada de ataque, e não uma prioridade do mesmo.

 

Ora, se tal coordenação peca pela imprecisão, por que então esse pastiche de uma verdadeira dupla armação?

 

Como compatibilizar armadores rápidos sendo brecados por alas pivôs lentos e até obesos no ataque, assim como na rotação defensiva, como? Impossível, seria a dedução lógica, perfeitamente contornada se outros fossem os homens altos convocados, pois a esmagadora maioria dos gigantes que nos tem enfrentado pertencem a classe dos ágeis, velozes e flexíveis, e um ou dois na categoria de jamantas, que podem ser muito bem marcados à frente, claro, se tivéssemos preparo, conhecimento e coragem para fazê-lo, taticamente a bem dizer.

 

Mesmo sem as estrelas midiáticas que lá não estão, outros bons e eficientes jogadores da classe dos ágeis e velozes aqui ficaram, deixando pendurados na broxa os armadores que não têm a quem fornecer munição, forçando-os a utilizá-la eles mesmos, pela lerdeza e dureza dos que lá se encontram, numa antítese do que foi planejado e treinado pelo hermano, que pecou não pela escolha melódica de sua sinfonia, e sim no andamento rítmico da mesma, pecado capital ao sucesso de uma autoral composição.

 

Ontem, ele se exasperou de verdade, jogou até prancheta no chão, mas acredito de verdade que tenha compreendido ser outra a realidade brasileira, oposta àquela argentina, que fruto de um excelente trabalho de base de muitos anos, deixou em suas mãos uma geração única de campeões que bem soube responder ao seu comando, executando uma outra sinfonia onde todos a refinavam em uníssono, na melodia e no ritmo, e não essa que evolui atravessando o samba e a bateria.

 

Mas o mais emblemático de tudo foi ver a dupla de jovens armadores, o Luz e o Raul, esse draftado pela NBA, sequer jogarem, reforçando o fato de que o Huertas, Benite, Alex e Larry exerceriam o papel de armadores dentro da lógica do técnico voltada à rodagem e experiência dos mesmos, o que reforça o desastre convocatório, já que mais duas vagas poderiam ter sido preenchidas por homens altos, como o Murilo, Cipolini, Gruber, Mineiro (cortado), Leo (cortado), e outros menos ou nada nominados, mas que são bons jogadores nessa nova classe que aos poucos vai se impondo aqui e lá fora também, onde a velocidade é lugar comum, o que por si só justificaria uma dupla armação de verdade, e não essa impostura que ai está.

 

Nossos futuros adversários nessa Copa já constataram e gravaram as falhas da seleção, e virão com tudo para o jogo interior, tentando vencer de 2 em 2, de 1 em 1, reduzindo em muito a artilharia de fora, ou ninguém reparou que o mítico poder de fogo portorriquenho se reduziu a 2/13 (15%) de três,  preferindo jogar mais de perto (22/45 – 48%), contra os nossos 4/17 (23%) de três e 19/47 (40%) de dois, graças à nossa indesculpável fragilidade no perímetro interior?  Todos repararam, é só aguardar os jogos vindouros…

 

Aliás, como escola de hoje e futura(?), no jogo de ontem entre Franca e Sport Recife pela LDB, 61 foram os arremessos de 3, e Franca cometeu um 18/31 de 2 e 12/40 de 3, assim como na mesma rodada a equipe do Universo Goiânia perpetrou 15/34 de 2 e 9/40 de 3, no jogo contra São José, fora outros exemplos terríveis em rodadas anteriores, garantindo a continuidade dessa sangria, já transformada em inestancável hemorragia com vistas a 2016, queira ou não o competente hermano…

 

Amém.

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PARA MIM, BASTOU…

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Pelo menos aparentam entendimento…

         Quanto ao grupo, nem tanto, face ao descompasso gerado pelas exigências técnico táticas de seu comandante, e a frágil capacitação técnica do mesmo, fruto de uma equivocada e nominada convocação.

         Confesso que não resisti ao sono no quarto final do VT do jogo com o Canadá apresentado à meia noite de hoje, e sobre o qual nada mais poderia acrescentar além do excelente comentário do Giancarlo Gianpetro no seu blog Vinte Um (aqui). Boa leitura, e até a Copa América…

         Amém.

 

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O RETORNO DOS “DETALHES”…

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Foi uma noite diferente da de ontem, onde até vimos o técnico sentar no meio de seus dois assistentes, e dialogar com ambos, numa cena tocante, e que prenunciava uma nova atitude de um grupo que havia sido esmagado na véspera sem dó nem piedade, mesmo sob a suspeição de que muito do nosso jogo tinha sido dissimulado, tese derrubada em quadra pela rivalidade tradicional entre as duas equipes.

Talvez a pecha de dissimulação tenha sido passada para a equipe da casa, com seu comportamento tático jogando com os cinco abertos, em contraste direto a seu tradicionalíssimo jogo interior e de longos arremessos, temperado pela correria caribenha tradicional, mas que pelo andamento da partida, não muito a seu favor, retornou às origens para poder se impor a equipe brasileira.

Dissimulações à parte foi o jogo se aproximando dos dois quartos finais para transcorrer como deveria ter sido jogado desde o começo, com as equipes dando o seu máximo em busca da vitória, como sempre a buscaram em seus inesquecíveis encontros anteriores.

Não podemos negar a radical mudança comportamental da nossa seleção, que mesmo enfrentando sérios problemas técnicos pela lentidão de seus pivôs (mais aparentes quando defendem), pela falta de coordenação entre as ações externas e internas, originando outra grande preocupação, as falhas nos fundamentos de passes e dribles, que são aspectos indesculpáveis nesse nível de competição, e que somente neste jogo atingiu a marca de 14 erros de fundamentos, contra 5 de seu oponente.

Sem dúvida fomos um pouco mais comedidos na chutação de três, e inclusive bem eficientes nesse pormenor (10/18) graças à frouxidão da defesa porto-riquenha fora do perímetro, como a nossa também, franqueando 3/13 para a turma da casa, que por sorte foram ineficientes nesta sua bem conhecida e arrivista habilidade.

Mas foi lá dentro que o jogo foi decidido, onde os rápidos e eficientes pivôs de Porto Rico superaram os nossos na medida certa para vencerem (26/47 e 16/33 respectivamente), apesar de falharem nos lances livres (23/33) assim como os nossos (19/25).

No entanto, se olharmos detidamente para os números da partida podemos constatar dois fatores determinantes para o resultado final, a constatada fraqueza brasileira no ataque e na defesa interior, com sua pesada e lenta infantaria de pivôs, anulando em muito as ações coordenadas com os armadores, e a nossa notória e trágica realidade de falibilidade nos fundamentos, principalmente naqueles momentos finais de decisão, como a perda de bola do Guilherme ao tentar dribles frente a uma bem executada dobra, e a tentativa frustrada de um passe interior do Huertas (vide fotos), que já tinha tido um outro interceptado, fatal naquele momento do jogo, fatores estes que poderiam ter sido bastante minorados se a compatibilização dos sistemas de jogo escolhidos para essa competição pelo técnico Magnano, ou seja, o forte jogo interior, confrontando o excesso de arremessos de três,  e uma potente defesa dentro e fora do perímetro, com inclusive alguns momentos de pressão toda a quadra, fosse decisivamente contestado pela fraqueza dos pivôs, e da ainda inexperiência e técnica do Luz e do Raul na arte de fazer jogar uma equipe, exatamente naqueles pontos que determinariam a eficiência de sua escolha tática, a velocidade e flexibilidade dos mesmos. Tivesse convocado alas pivôs com aquelas habilidades (temos alguns muito bons…), e um ou dois armadores mais calejados, a exemplo dos armadores e alas pivôs que temos enfrentado até aqui, poderíamos estar bem mais tranquilos com a  possibilidade de classificação ao Mundial, e não correndo o factível perigo de não obtê-la por força dos  “detalhes”, o que seria trágico.

Enfim, continuo a achar que o Magnano tem sérios problemas a enfrentar, mas com sua notória capacidade acredito que saberá ultrapassar esses obstáculos, que bem poderiam ter sido amenizados através uma convocação que encaixasse melhor seus planos táticos e técnicos, e cuja maior estratégia seria aquela de menos qualificar jogadores nominados e marqueteados, por aqueles que realmente poderiam exequibilizar seus projetos de coletivismo e união em torno de um objetivo comum, apesar de menos nominados, na elogiável busca de uma verdadeira e unificada equipe.

Amém.

 

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A DOLOROSA ESCRITA…

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Não pode existir dissimulação num jogo com tantas faltas técnicas, inclusive de técnico, que a essa altura da preparação já deveria ter a equipe azeitada para a competição para valer um Mundial para o ano.

 

E por que não a tem a uma semana da Copa?

 

Olhando para o banco recheado de gente que não deveria ali estar, e constatando que os dois assistentes sequer trocam olhares, quiçá comentários por toda a partida, e que somente um deles dialoga com o técnico argentino como ele, pode-se perceber alguns fatores escancarados dentro da quadra, como por exemplo, a total falta de velocidade defensiva dos pivôs ante os ágeis alas pivôs argentinos (e os dominicanos também), concedendo aos mesmos verdadeiras e convidativas avenidas para finalizações praticamente embaixo da cesta, assim como a constante perda de posicionamento fora do perímetro, onde o Huertas, Larry, Raul, Benite e Luz não conseguiam acompanhar e brecar os habilíssimos armadores argentinos, que deitaram e rolaram por sobre tão pobres e constrangedoras posições de pés e troncos eretos e não flexionados, demonstrando que a ultra moderna preparação física não foi tão moderna e eficiente assim, e olha que eram três os preparadores físicos, sem contar com o fisiologista, secundado por três fisioterapeutas, prontos e equipados para recuperar músculos cansados pela intensa e científica preparação (?), cujos resultados temos assistido em Porto Rico. Por que não, como antigamente, ganhar resistência e fôlego simplesmente treinando fundamentos, com a bola na mão, maneirando um pouco a preparação científica, e cujo domínio e controle têm faltado a muita gente, ao contrário dos hermanos, mestres em dominá-la em todas as situações? Sim, levamos um banho de fundamentos de uma renovada e muito jovem seleção argentina, que anuncia para muito em breve poder estar sucedendo a sua grande geração olímpica. Quanto a nós, haja ferro para ser puxado…

 

No jogo em si, um fato irrefutável e de uma lógica impar pode e deve ser observado, sob um único argumento, o de que as duas equipes jogaram sistemas idênticos em tudo e por tudo, inclusive nos sinais, nos chifres e cornos, contudo com uma radical diferença, a de que uma delas possuía nas posições de 1 a 5 jogadores infinitamente superiores e preparados no cerne do grande jogo, seus fundamentos, e nada mais do que isso, seus fundamentos, encontrando no grande Scola seu ponto mais relevante, um pivô jogando com fintas, e que fintas, como bem apontou o Prof. Wlamir Marques em seus comentários acadêmicos, e de grande jogador que foi, e que fintava como ninguém…

 

Pena que não possamos contar com jogadores mais versáteis, mais rápidos e ágeis, mesmo que com menor habilidade que os argentinos, e que poderiam enfrentá-los apresentando maior movimentação dentro do perímetro ofensivo, e o defensivo também, oferecendo-se mais livres aos passes vindo dos armadores, incentivando-os a procurarem os  melhores ângulos para executá-los, e não ficarem encerando o piso já envernizado da quadra buscando as parcas brechas oferecidas por jogadores lentos e pesados, comprometendo irremediavelmente seu trabalho e facilitando a defesa argentina, sempre bem postada na linha da bola e presente nas contestações dos tiros longos.

 

Resta uma pergunta e uma constatação – Por que alas pivôs como o Murilo, Cipolini, Gruber e Teichmann lá não estão, e mesmo por que o Mineiro foi cortado para manter um jovem Felício que pouco terá a fazer frente a sua imaturidade, já que a proposta do Magnano sugere privilegiar o jogo interno? Respostas com a enorme entourage (são 16!!!) assentada no quilométrico banco brasileiro, confirmando definitivamente que “altas tecnologias” e “padrões científicos” ainda perdem muita de sua importância  para o ensino, treino e preparo de jogadores para manipularem seus instrumentos  básicos de trabalho, a bola, a leitura de jogo e a resistência física, técnica e mental adquirida na pratica permanente dos fundamentos, para ai sim, conseguirem colimar seus conhecimentos do jogo com os sistemas táticos, conceitos e estratégias  propostas a eles, como fazem e praticam desde a base nossos hermanos do sul. Nada mais do que isso, nada mais…

 

Então, se não dermos, agora, a grande guinada nesse sentido na formação de base, estaremos arriscados a um monumental vexame aqui mesmo, em nossa casa em 2016. Mas que tal guinada seja liderada pela gente que entende realmente do riscado, e não essa que aí está posando de “estrategistas”…

 

Amém.

 

 

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AÇÃO DISSIMULADA OU VERDADEIRA?…

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Num determinado ponto do jogo de ontem em Porto Rico, o comentarista da ESPN, Prof. Wlamir Marques, afirma que naquela altura de preparação para um torneio classificatório para o Mundial, não acreditar que as equipes estivessem escondendo jogo, ainda mais quando a nossa seleção, desfalcada de seus mais experientes jogadores, teria de se esforçar ao máximo nestes jogos, a fim de se apresentar em sua melhor forma quando fosse realmente para valer, que a realidade da equipe era aquela, e que o Magnano teria de fazer jogar o que sobrou em suas mãos.

De certa forma concordo com a análise do excelente comentarista, mas incluiria alguns pormenores técnicos, que na minha humilde opinião, complementariam um quadro preocupante na caminhada rumo à classificação ao Mundial, priorizando a frágil coordenação entre nossa ofensiva externa e interna, e nossa lentidão na rotação defensiva, quando posta em ação reparadora às sucessivas falhas de alguns jogadores submetidos a cortes e penetrações por parte da armação adversária, inclusive intervenções do decantado Alex, contribuindo em muito para o desequilíbrio defensivo, que poderá ser decisivo na Copa, pois nossos pesados pivôs não têm agilidade e velocidade de pernas para acompanhar pivôs que as tem, como ficou bem claro no jogo de ontem.

Esses mesmos pivôs, mais propriamente o Caio, Rafael (outrora bem mais rápido e explosivo, e agora mais para pesadão…) e João, sofrem dessa restrição, e muito mais o novato Felício, que pouco jogará também por sua imaturidade nas grandes competições. Sobra o Guilherme, que de forma alguma pode ser qualificado como pivô na acepção do termo, e que é um desastre quando se opõe a um adversário fora do perímetro, mas que tem se garantido por algumas bolinhas salvadoras lá de fora. Nesse quadro, a possibilidade de defesa frontal aos pivôs adversários se torna praticamente impossível, abrindo um caminho facilitador aos Scolas de plantão, realidade que poderia ter sido razoavelmente relevada se naquelas posições jogadores como Murilo, Teichmann, Cipolini e Gruber tivessem tido uma oportunidade nessa híbrida seleção…

Quanto à coordenação do jogo exterior com o interior, a sequência de fotos demonstra com clareza (melhor seria em vídeo…) o aspecto dicotômico entre os dois perímetros, com a mais absoluta separação entre ambos, fazendo com que a equipe jogue basicamente pelo externo, com freqüentes tiros de três, e algumas penetrações dos armadores para finalizações, ou esporadicamente pelo interno, onde os pivôs tentam definições isoladas sem apoio e participação direta de seus companheiros, estando dentro ou fora dos mesmos.

Com tal dissociação entre os dois setores, o que vemos são tentativas voltadas ao individualismo, com ausência do coletivismo tão defendido pelo técnico argentino, somente atenuado quando opta pela formação baseada na experiente trinca do CEUB, que começou e encerrou o jogo, e alguns momentos de tentativas com dois armadores, pecando, no entanto, pelo fato de um deles substituir um ala, mantendo a estrutura e suporte do sistema único (vide fotos), e não fazendo com que atuem verdadeiramente em dupla, com mútua ajuda nas levadas de bola, nos bloqueios e passes interiores sendo gerados de todos os setores externos, na busca permanente de alimentação contínua e veloz dos pivôs em deslocamentos também constantes e unidirecionais.

Contudo, fica muito difícil aceitar a tese de que muito da maneira de jogar da equipe tenha sido escondida, como forma de não revelar o verdadeiro sistema com que encararemos a competição a valer, ainda mais quando vencer um jogo da forma dramática e lutada como venceu, não deixar muita margem a especulações desse teor, sobrando somente um outro fator que açodaria a discussão, o desvairado rodízio perpetrado pelo hermano, parecendo ainda estar em processo de experiências nas varias posições, reforçada pela evidência de ter lançado a base candanga no inicio e na hora da definição do jogo.

Enfim, continuo na certeza de que o Magnano tem  sérios problemas a enfrentar, sendo o maior deles estar aceitando as bolinhas como solução, e nesse pormenor os cardeais continuarão a dar as cartas, adiando para mais adiante (?) a solução coletivista, claro, se for possível implantá-la.

Vejamos com os argentinos logo mais o que será dissimulado ou verdadeiro, ou simplesmente, falso…

Amém.

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“TIRANDO O PÉ”…

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Lendo o magnífico artigo do Giancarlo Gianpetro no blog Vinte Um  de hoje, me veio a mente uma situação que vem se repetindo nas últimas seleções nacionais, não importando qual a categoria, se de base ou adulta, e que nesse artigo mostrou a faceta responsável pelo “cansaço e exaustão” nos treinamentos, a tal ponto que o premente “tirar o pé” se tornou necessário, a fim de que a equipe que se dirige à Copa América, lá chegasse no ponto ótimo de produtividade técnica e física, segundo relato do capitão da equipe, o Huertas.

Também expôs em seu relato a intensa exigência do técnico Magnano em seus pesados e exaustivos treinos voltado às técnicas e táticas, devidamente atropelados pelas também exaustivas “puxações de ferro” a que são submetidos pela tríade de preparadores físicos da seleção, que juntos aos profissionais da área, se consideram os responsáveis, de através testes e mensurações específicas nas divisões adultas e de base, prever habilidades e predisposições atléticas e mentais para as posições que os jogadores se postarão na quadra, prescrevendo e orientando, inclusive, os técnicos das divisões formativas para adotarem suas projeções na formulação das equipes, o que considero uma aberração e absoluta inversão de valores na arte de forjar, desenvolver e treinar jovens, e por que não, adultos também para o grande jogo, onde a preparação física sempre foi, é, e deveria permanecer adjacente, e não prioritária e dominante no processo formativo, mesmo como mantenedor da forma.  Não à toa estouros articulares e musculares cresceram de forma exponencial entre nossos jogadores, e nos lá de fora também, assim como o desestimulo no prosseguimento de muitos valores, premidos por equivocados pareceres físico técnicos, vitimas que foram, e continuarão sendo, de duvidosos e inexatos experimentos e limitação do conhecimento básico do que venha a ser o desenvolvimento natural e harmônico de cada indivíduo, respeitando seu ritmo evolutivo, tanto físico, como psicomotor, além do psicossocial.

Todo esse engodo e falseado conhecimento é uma das heranças promovidas pela absorção dos cursos de educação física, baseados que eram  corretamente nos centros acadêmicos de ciências humanas, pelos centros de ciências da saúde, originando os bacharelatos e toda a massa crítica que mantém a indústria do culto do corpo, com suas holdings,  antagônicas ao desporto e atividades físicas nas escolas, onde sua vasta e poderosa clientela em potencial poderia se abstrair das mesmas, se bem orientadas e educadas na área escolar, seu direito constitucional e cidadão.

Toda uma distorção emergiu deste transcendental equivoco, totalmente avesso a uma política educacional e desportiva no país, afastando os jovens, pelo desconhecimento e incúria, dos benefícios de uma bem planejada educação física, lançando-os nos braços daquela indústria totalmente voltada ao lucro.

Enquanto os cursos de educação física se mantiverem fora dos centros de preparação e formação de professores nas ciências humanas, permanecendo no modelo vigente onde são transformados em paramédicos de terceira categoria, dissociados das licenciaturas, com a carga horária na aprendizagem dos desportos cada vez mais diminuída em favor das disciplinas médicas, não evoluiremos para além do parco conhecimento das técnicas envolvidas no desenvolvimento das diversas modalidades esportivas, culminando com a péssima, e muitas vezes ausente formação de base, provocando em escala galopante os investimentos cada vez maiores no desporto de elite, enganoso, faccioso e muitas vezes, criminoso.

Por tudo isto, não vejo como novidade o quadro que descortinamos no momento do desporto nacional, como o nosso basquetebol, envolto em falsas premissas e ausência de planejamento e gerência no que realmente importa e interessa ao seu desenvolvimento, cedendo espaço a mais legítima puxação de ferro, acompanhada de seus suplementos alimentares e quem sabe, outras coisitas mais…

Mas voltando a seleção (desculpem a paralela, porém convergente divagação), espero que os jogadores resistam a imposição coercitiva dos ferros, e se abram prazerosos ao conhecimento e pratica dos fundamentos e técnicas de jogo, mesmo em cargas massacrantes do Magnano, pois ao menos terão sempre em mãos o instrumento de seu trabalho, uma bem vinda bola de basquetebol.

Torço para que se comportem bem e com maestria, apesar do forçado cansaço…

Amém.

Foto – Divulgação CBB. Clique na mesma para ampliá-la.