SURGINDO…
Foi uma vitoria fundamentada na inteligência, do grande conhecimento de uma forma de jogar, que mesmo sendo plenamente conhecida, e altamente previsível, encontrou respostas objetivas e espantosamente óbvias.
Obviedade esta que foi negligenciada pela equipe do Pinheiros, que partindo do principio de que sua constituição estelar, de alta capacitação técnica em todas as posições, seria por si só suficiente para estabelecer supremacia territorial, se viu surpreendida por um outro e decisivo fator, o emocional.
Emoção aquela que define comportamentos físicos e técnicos, onde duas enterradas pinherenses sofrem o “toco de aro”, e uma outra sutilmente não concretizada determina o fim do jogo através uma singela bandeja do Bambu, após primoroso passe de um Eric que arrastou dois marcadores para fora do garrafão temerosos de que penetrasse, como fez durante todo o jogo. Terminar uma partida tensa e emotiva como aquela com uma singela bandeja, e não uma enterrada midiática, nos conduz a uma reflexão do quanto se perdeu, e se perde de eficiência num jogo, num campeonato, com tresloucados arremessos de três, e tentativas individualistas de enterradas, cujas motivações passam pelo apoio de narradores, comentaristas, cinegrafistas e diretores de vídeo, todos defensores do que creditam como as “grandes atrações do jogo”.
E quando menciono ter sido a conquista de Limeira fruto do pleno conhecimento de uma forma de jogar, que teve em seu técnico um dos maiores representantes dentro de quadra do sistema único, onde liderou equipes e seleções em suas armações de jogo, referendo sua agora incontestável qualidade de repetir suas atuações fora da mesma, para o qual,”chifres”, “punhos”, “cabeças”, “Hi-lo’s” etc, não apresentam segredos e restrições, principalmente se seus adversários atuarem, como atuam, de forma idêntica, exceto pelo fato de não “alcançarem” seu conhecimento teórico prático do sistema, infelizmente, único, que nos tolhe e esmaga quando posto à prova nas grandes competições internacionais.
Somemos ainda o fator antecipativo, ou seja, a capacidade de uma equipe, profunda conhecedora do sistema único, do técnico aos jogadores, de seus caminhos e atalhos percorridos por longos anos de intensa pratica e memorização, de antever situações analogamente empregadas pelos adversários, antecipando suas ações através atitudes defensivas enérgicas e velozes, para entendermos como Limeira, com uma equipe de jogadores menos badalados pelas mídias profissionais e amadoras, conseguiu com brilho superar equipes tidas como superiores.
Pena, muita pena, que um talento que surge no cenário técnico, não cumpra um bom estágio na formação, a verdadeira escola e laboratório para sistemas, de treinamento e de jogo, esquecendo que sua bela performance se escuda numa situação de mesmice técnico tática em que nos situamos nos últimos 20 anos, nos quais reinou como um de seus artífices, e que nem sua declaração de pretender se aperfeiçoar junto ao Magnano quando de sua participação na Sub-17 nacional, poderá substituir uma experiência a ser obrigatoriamente vivida para quem, um dia, pretenda e deseje liderar uma seleção sênior.
A experiência válida é a experiência vivida, principio imutável na formação, desenvolvimento e concretização de um objetivo profissional de vida, seja em que campo for. Saltar etapas não se coaduna com o conhecimento de uma função, de uma profissão, pois viola os principios e fundamentos da credibilidade, vindos da sociedade e, principalmente, de si mesmo.
Mas uma sutil brecha poderia viabilizar tal transposição de etapas didáticas, pedagógicas e técnicas, a introdução de novos conceitos, de novos e ousados sistemas, de novas concepções técnico táticas, que nos tirassem definitivamente deste marasmo, deste incompreensível limbo em que patinamos a longos anos, mostrando ao mundo algo antagônico ao sistema NBA, ao sistema único, repetindo o extraordinário salto do vôlei ao inaugurar o sistema hibrido entre a força européia e a velocidade asiática, que os levou e guindou ao olimpo internacional, onde também já estivemos, fruto da audácia e da ousadia em inovar, jamais copiar impunemente.
Prezado Demétrius, parabéns pela conquista, merecida e brilhante, de sua comissão técnica, diretores, e de seus abnegados jogadores, e me perdoe pela mensagem aqui contida, sincera e acima de tudo, honesta.
Amém.