A INVERTIDA ESPIRAL…
Por quanto tempo mais continuaremos nessa espiral invertida que tanto deprecia e castiga o grande jogo entre nós, tanto no aspecto técnico, como no tático, sedimentando uma mesmice endêmica que nos esmaga e humilha, deuses, por quanto tempo mais?…
Seleções são constituídas, dirigidas por nacionais ou estrangeiros, que juram de pés juntos revolucionar a forma de jogar, pensar, evoluir e desenvolver novos e inéditos caminhos, que nos redirecione equilibradamente às grandes competições internacionais, porém inócuos até hoje, repetidos que são os mesmos erros e equívocos…
Que são sérios e teimam em se manter na formação de base, que espelham as ações desenvolvidas nas divisões superiores, inclusive seleções, que exemplificam à base, todo o comportamento padronizado e formatado que direciona o grande jogo entre nós, mantendo-o rigidamente alinhado a um sistema único, originado na NBA, e tornado universal na maioria dos países que o praticam a mais de três décadas…
Por conta de tal descalabro, poucos técnicos ousam tentar algo de diferenciado como ação contínua, arriscando um ou outro movimento fora da curva, como a dupla armação básica, e uma tríade de homens altos atuando no âmago das defesas que enfrentam, como vemos, ainda que timidamente, acontecer nesse NBB, e mais timidamente ainda em nossas seleções, mas nada que iguale a enorme cisão técnico tática provocada pelo humilde Saldanha no NBB 2, que por tal comportamento libertário, foi demolido pelo sistema único, tanto como equipe, como direção técnico tática, profundamente indesejável pelo mesmo, sólida e dogmaticamente corporativado desde sempre…
O artigo reproduzido a seguir conta um pouco daquela fugaz, porém impactante saga, a dos dois armadores e três alas pivôs, que se continuada, teria influenciado positivamente o grande jogo, neste imenso, desigual e injusto país…
terça-feira, 23 de maio de 2017 por Paulo Murilo
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Criou-se no mundo do grande jogo no país a premissa de que, fora do sistema único que empregamos sofregamente a três décadas, nada mais viceja, a não ser a confirmação sistemática de tudo que emana da matriz do norte que deve ser conceituada como palavra final, como diretriz de via única, custe o preço que for, da formação de base a elite, nada podendo ser contestado, seja no âmbito técnico das equipes, seja na esfera da crítica, todos mergulhados de cabeça e de espírito no que de melhor convier para o progresso da modalidade, claro, na opinião formatada e padronizada de todos eles, menos e solitariamente, da minha…
Que, dando de frente a um parágrafo do artigo do jornalista Fabio Balassiano publicado em 22/5/17 no blog Bala na Cesta, a seguir mencionado:
(…)Sem a menor cerimônia, Bauru fechou o garrafão para impedir as cestas “de pertinho” e deu o perímetro para o Pinheiros arremessar. Como que dizendo “aqui dentro você não entra, então se quiser pontuar na gente vai ter que chutar de fora”.(…).
Fez com que me reportasse a uma curta, curtíssima, porém bem sucedida experiência que tive no Saldanha da Gama no NBB2, quando no oitavo treino de meia quadra 5 x 5, interrompi o duelo furioso entre defesa e ataque, para enfatizar a todos os que atacavam naquele momento – “Guardem bem, e não esqueçam ou se omitam de que é bem aqui, dentro, no miolo, no coração da defesa que farão os ´pontos decisivos, entendendo agora o porquê de tantos exercícios de dribles, passes e arremessos que realizaram, e muito realizarão dentro desse exíguo espaço, na cozinha do adversário, onde as conclusões são mais seguras, de 2 em 2 e de 1 em 1 pontos, pois nada arrefece e desbasta uma defesa do que se vê liquidada e vencida “ aqui dentro” e “bem de pertinho”, minando sua moral e auto reconhecida solidez”…
E assim foi feito e entendido, por todos, sem exceções, ao som dos choques corpóreos, das inevitáveis pancadas, com um dos lados atacando com dois armadores e três homens altos permanentemente enfiados lá, “na cozinha”, numa louca, porém disciplinada movimentação aleatória e ao mesmo tempo consciente dos valores da improvisação, degrau mais alto do conhecimento técnico que exerciam dentro de seu sistema proprietário, enquanto do outro, tudo faziam, a meu pedido, para tornar estéril toda e qualquer movimentação dentro do sistema ofensivo que optamos desenvolver, como que nos adiantando ao comportamento defensivo de nossos futuros adversários, e por se tratar de um sistema híbrido, por ser o mesmo utilizado tanto contra defesas individuais, como as zonais, indistintamente, talvez variando somente quanto ao ritmo de jogo, e que para ser desenvolvido e treinado exige grande conhecimento técnico, tático, e coragem suficiente para aplicá-lo em toda sua essência inovadora, nada mais…
Infelizmente, depois de um belo recomeço em São Paulo, viu-se a equipe alijada de três de seus melhores jogadores, para enfrentar duas semanas de derrotas, algumas delas que não aconteceriam se sua unidade não tivesse sido quebrada daquela forma, mas, que um pouco adiante, reformulada em seus limitados recursos humanos, pode mostrar a muitas das poderosas equipes daquele segundo campeonato da liga, inclusive a campeã, como defender dentro e fora dos perímetros, dentro da mais irrestrita linha da bola, flutuando lateral e jamais longitudinalmente à cesta, e atacar com força e inteligência, jamais ultrapassando o limite seletivo dos 10/15 arremessos de 3, concluindo a maioria de seus pontos de 2 em 2 e de 1 em 1, “lá dentro” e “bem de pertinho”…
Duvidam? Então vejam, e não esqueçam, se realmente se interessam pelo grande jogo, aquele que foi jogado um dia de forma diferenciada em nosso país ( já lá se vão quatorze anos), de verdade, lamentando somente me ter sido vedada a continuidade do mesmo. Por que? Por quais motivos? Saberão responder?
– Vencendo as limitações de um grande jogo.
– Pensando o futuro – O grande jogo. toda sua essência inovadora
Amém.
Fotos – Minha homenagem aos grandes jogadores do Saldanha da Gama no NBB2, a quem tive a grande honra de dirigí-los. Clique duplamente para ampliá-las.
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