MENTIROSAS ESTATÍSTICAS.

O nosso malfadado basquetebol tem agora mais uma sarna para se coçar.Grassa como uma praga a moda das verdades estatísticas,aquele instrumento pseudamente matemático que classifica,rotula,promove e até destroi reputações ,sem a menor cerimônia,como se fosse a coisa mais natural do mundo.Agora mesmo vem a público um trabalho que compara jogadores da NBA com os europeus,e de quebra os demais mortais,o resto.Chegou-se até a um número final,mais ou menos assim: NBA-227,Europeus-132 e os demais-105.E segundo o estudo os”demais”estão encurtando a diferença para os da NBA,graças ao grande número deles jogando naquela liga.Indo um pouco mais fundo nos critérios do estudo observamos que contabilizam exclusivamente os acêrtos nos arremêssos,nos rebotes,nas assistências, nos roubos de bola,nos tocos(?),numa pouco clara eficiência técnica, tudo somado a dados antropométricos,idade,temporadas.Tiram as médias dos acêrtos,classificam os jogadores nas indefectíveis posições 1,2,3,4 e 5 do “basquete internacional”,não explicam bem o que fazem com os dados pessoais compilados,e ZAP,temos os números mágicos que pretendem definir o Quem é Quem do basquetebol no mundo.É inacreditável que tal estudo possa acontecer sem que em momento algum sejam alocados no mesmo aquelas variáveis que permitiriam tais comparações,os êrros técnicos,as violações às regras,as faltas pessoais e técnicas, dados esses que devidamente contabilizados,listados e classificados gerariam números que comparados
entre si poderiam ser positivos ou negativos,para serem divididos pelo tempo jogado
por cada um.Aí sim,teriamos dados efetivos e muito próximos da realidade técnica,e que realmente definiriam os melhores.São os coeficiêntes de produção individual os mais justos critérios para comparações desta magnitude.Publiquei neste blog em 20 de
outubro de 2004 um artigo que exemplifica uma experiência realizada em uma equipe do
Rio de Janeiro nos anos setenta(Scautings,Stats,Dados não tão verdadeiros),com inegável correção em sua proposta experimental.Uma proposta semelhante foi extensamente aplicada na antiga Iugoslávia tendo o técnico Novosel como mentor e incentivador,com excelentes resultados. Países europeus tendem a esse tipo de trabalho comparativo,ao contrário dos americanos,para os quais as valências devem se concentrar nos acêrtos,mais fáceis de manipular e comparar,mesmo com índices não muito precisos e confiáveis.Para uma nação que tem na massificação desportiva um vasto manancial de talentos,pouco importa maiores precisões estatísticas,ao contrário
daquelas nações com muito menos praticantes.Duvido que a China,com seu bilhão e meio
de habitantes,e com uma política de massificação desportiva vá perder tempo com comparações estatísticas,pescam os melhores e pronto.Dão relêvo à base e à melhoria
de seus professores e técnicos,deixando as estatísticas para os gastos dispendidos no processo.No nosso caso seriam importantes os dados,mas de forma confiável,a fim de podermos comparar o efetivo progresso dos não muitos praticantes da modalidade.Mas
até chegarmos aos estágios próximos dos coeficiêntes de produção técnica,teríamos
inicialmente de nos livrarmos dos métodos percentuais que teimam em implantar uma
pseudo realidade de eficiência técnica, mentirosa e irresponsável. Em um artigo dessa
semana,o comentarista Fabio Balassiano aborda com boa margem de confiabilidade uma relação entre jogadores da NBA e de nosso Campeonato Nacional,onde compara acêrtos e
êrros nas performances dos mesmos,colocando em linguagem real o que realizaram efetivamente em quadra. Se tais comparações fossem tabuladas em um processo que auferissem pontos àquelas ações e relacionadas com o tempo de participação nas partidas,obteriamos um coeficiênte de produção para comparações entre as performances
apresentadas,muito mais precisas e justas.As mesmas analisadas pelo prisma percentual
somente beneficiam os acêrtos,com resultados facilmente manipuláveis.Seria de importância capital que pudéssemos ir um pouco mais a fundo nessa questão,pois muito
de tempo e verbas poderiam ser melhor distribuídos e aproveitados.Quem sabe atingiremos esse patamar,pois já se faz tarde tal progresso.

OS CINCO MOSQUETEIROS

Parece brincadeira,mas toma vulto o movimento que coloca nas costas de nossos cinco representantes na NBA a salvação da lavoura,as classificações para o Mundial,e por que não,para as Olimpíadas.Reafirmo que só pode ser brincadeira tal pretensão,pois numa simples e objetiva análise nada garante tal procedimento,senão vejamos: Todos são reservas em suas equipes,que como todas as outras,com uma ou duas exceções,não investem nos mesmos o que aplicam nos titulares,pois os de real qualidade são distribuidos por todas as equipes(a começar pelos drafts)no intúito de manterem a competividade a mais equilibrada possível.E as discrepâncias qualitativas são tão grandes que instituiram o prêmio para o melhor 6°jogador, que infelizmente não poderia ser extendido ao 7°,ao 8°,etc,etc.Do 7° em diante tem muito,mas muito jogador medíocre atuando na NBA,inclusive muito inferiores aos das Ligas Européias,onde atuam a maioria dos jogadores medalhistas olímpicos e campeões mundiais.Nossos cinco mosqueteiros estão sendo vítimas “a priori” de uma situação até certo ponto irresponsável,pois atuam numa forma de jogo que nada têm a ver com nossa realidade,e quando o fazem,por alguns minutos,pouco acrescentam nos resultados de suas equipes. Nenê e Baby tiveram suas estruturas físicas radicalmente alteradas,o que custou ao
Baby uma suspensão de dois anos pela FIBA no Pré-Olímpico,fato que não podemos esquecer de forma alguma.Os milhões de dólares envolvidos em suas contratações pode
justificar tal procedimento na NBA,nunca nos padrões da FIBA.Varejão,egresso da Liga
Espanhola,já chegou pronto ao Eden do basquete internacional,e parece que tem mantido sua estrutura imune a adaptações e modificações energéticas.Leandrinho,reserva do MVP
da temporada,ainda terá de praticar muito até chegar aos padrões do mesmo,e o Alex,
pouco produziu por motivo de grave lesão.Na Europa o Spliter oscila entre o Draft e
a Liga Espanhola,mas se tiver maturidade e independência por lá ficará,pois certas
exigências físico-morfológicas talvez não valham os poucos milhões prometidos.Com os
avanços das comissões do congresso americano no caso dos anabolizantes,que ora questionam os profissionais do futebol e do beisebol e que logo chegarão ao hoquei e ao basquetebol,muita coisa virá a público,e não será pouca coisa.Talvez encontrem os
verdadeiros motivos das grandes estrêlas se negarem a competir nos campeonatos da FIBA,principalmente as Olimpíadas.Então,teremos nossos mosqueteiros na Seleção,onde,
se mantidos os atuais sistemas de jogo,veremos Baby e Nenê virem para fora da linha dos três pontos fazerem bloqueios e executarem passes laterais,e na falta de opções
tentarem o drible penetrante ou os longos arremêssos,quando deveriam se manter o mais próximo da cesta possível.Veremos o Varejão ocupar a posição de um ala-armador sem
a técnica de um especialista na posição,e o Leandro correndo de lado a lado por trás da defêsa após executar o primeiro de uma série interminável de passes,como exige a
coreografia que se instalou entre nós com o pomposo título de”basquete internacional”
Se o Alex estiver curado comporá o quinteto,que por ser todo da NBA não terá sua
titulariedade contestada,ou NÃO?E o Spliter,o Guilherme,o Marcelinho,o Estevan,o Valtinho,etc,etc.comporão no quinteto?Duvido que o status da NBA seja abalado,pois se
o for muita mística será derrubada,muita pseudo liderança será duramente contestada.
Então porque toda essa questão em torno da decisão do Nenê de não atuar com a situação reeleita na CBB.Não serão outros os motivos?Numa recente entrevista de um dos astros da NBA foi dito-Somos especiais,diferentes,atuamos em mais de 80 jogos em
uma temporada,e só deveriamos nos apresentar fora da mesma em troca de muito dinheiro
inclusive Olimpíadas- É uma explicação conveniente,quando se sabe que o comitê olimpico americano jamais pagaria o que exigiriam,ficando os mesmos intocados nos verdadeiros motivos da recusa.Muito mais do que profissionais,são astutos e antenados
ao meio em que vivem e faturam alto,sejam quais forem as consequências. Nossos mosqueteiros devem se cuidar para não serem responsabilizados por um possivel,porque
desportivo,fracasso nas classificações,pois serão enquadrados no sistema de jogo,que
é uma copia canhestra do que fazem na NBA, o qual nos levou ao fundo do poço em que
nos encontramos, sem perspectiva a médio prazo de qualquer mudança substancial, pois
basta testemunharmos as finais do Campeonato Nacional para avaliarmos o que nos espera:Armadores que perdem a bola em momentos cruciais,quando não tropeçam na mesma,
alas que desconhecem os corta-luzes e as fintas,e pivôs que vêm jogar na linha dos
três pontos e por conseguinte fora dos rebotes.Por que não treinar os fundamentos?
por serem da primeira divisão? Porque não os treinam? Por acharem que não precisam
ou por incompetência mesmo? Qual a verdadeira resposta? Será que na hora da verdade
bradarão- Um por todos,todos por um? Se as vaidades deixarem, talvez…

DEPOIS DA TEMPESTADE…BONANÇA?

CBB na mesma,Liga num impasse logístico,18 federações preparando o butim e 9 outras se unindo no choro.Mas vida que segue,e na ausência de perspectivas melhores resta-nos a esperança de dias melhores,que podem estar mais perto do que supomos,e digo porque.Ao lermos alguns sites de basquetebol já nos deparamos com análises que se contrapõem a presente situação técnico-tática de nosso basquete,da pouca ou quase nenhuma atitude de reação por parte de nossos técnicos,e principalmente,a ausência de sistemas de jogo que nos recolocasse no patamar superior da comunidade internacional. O artigo do técnico Carlão no site Databasket,do Luchetti no BasketBrasil e da turma do Rebote,nos dá uma boa clareada de que aos poucos as opiniões divergentes se fazem presentes,naquele que é o mais sagrado dos princípios democráticos,a total liberdade de pensamento.Desde setembro do ano passado venho divergindo da quase totalidade dos técnicos brasileiros na publicação de artigos que soam na contra-mão do que fazem em suas equipes, não no intúito de minimizá-los,mas de questioná-los em suas preferências e ações.Colocações e perguntas são importantes em qualquer manifestação cultural,gerando discussões e consequentemente gerando soluções.No entanto,em nenhum momento fui questionado mesmo sabedor da grande visitação ao blog.Quando no exercício
prático do basquetebol,na qualidade de técnico e como professor universitário era permanentemente questionado,daí a estranheza com a ausência de críticas ao que expunha pela internet.No entanto,constato que muitas das questões que foram levantadas encontram comentários e análises cada vez mais frequentes nas páginas dos
sites especializados,o que denota um considerável progresso ante a estagnação vigente.Precisamos que estas questões sejam mais e mais discutidas,por todos e por muito tempo,a fim de que possamos,enfim,nos safarmos das armadilhas em que caimos nos
últimos anos.Que venham as associações de jogadores,de árbitros e de técnicos para somarem progresso,mesmo divergindo,pois somente dessa forma o alcançaremos.Sem a menor dúvida, o caminho mais promissor para a salvação de nossa modalidade passa pela
necessidade premente do encontro das idéias,da discussão histórica e de nossos mais
reconditos valores,do reconhecimento do saber,da aceitação do outro.Some-se a tudo isto uma grande dose de altruísmo,honestidade e humildade para encontrarmos as respostas e as possíveis soluções dos problemas que nos afligem.E que alguns não venham com as premissas de que tudo o que aqui foi exposto não passam de quimeras e
irrealismos,pois se assim for nada restará que valha à pena lutar.Pessoalmente acredito que valha.

ESTRATÉGIA DE MACACO VELHO.

Primeira regra-Jamais meter mão em combuca.
Segunda regra-Se meter,saber retirá-la.
Terceira regra-Aprender a lição.
Reeleito o presidente recobrou a fala,malandramente ausente de um processo eleitoral de marcadíssimas cartas.Nunca foi tão fácil manter a chave do cofre,para gáudio de 18 abnegados em cargos de sacrifício.Mas como todos eles pertencem à elite do basquetebol brasileiro,dos estados de onde saem nossos maiores craques que formam as seleções nacionais,onde despontam o Acre,o Amapá,Roraima,Rondônia,Tocantins,os dois Mato Grossos,Paraíba,com a pequena,mas significativa participação de Minas Gerais,Goiás,e por que não São Paulo,sem dúvida nenhuma respaldarão More four Years de sucessos e conquistas do grego melhor que um presente.Mencionei anteriormente que se cada povo tem o govêrno que merece,por que não o nosso basquetebol? Só pode ser brilhante a reeleição de um dirigente que nomeia o presidente da mais poderosa federação do país para um importante e estratégico cargo na confederação,conquistando de uma só tacada o melhor de dois mundos,através a inegável influência que representaria,como representou São Paulo em todo o processo eleitoral.Eleito para a presidência da
Federação Paulista pelos mesmos clubes,menos um,o COC,que fundaram a Liga Nacional,
apoiou,por estar agregado,o candidato da situação desde cêdo contrário à mesma.Caso
clássico de apropriação indébita de um voto que pertence àqueles que o elegeram.Seria
o caso de destituição imediata de uma função não exercida dignamente.Foi magistral a
ação do reeleito presidente,macaco velhissimo da política desportiva.Mas como toda ação,velhaca ou não, pode,e deve ser espelhada,sugiro que a direção eleita da Liga
Nacional,com os votos dos mesmos clubes que elegeram o presidente traíra,que adiem
estratégicamente,para não provocar mais desgastantes atritos,o inicio de uma luta
para impor torneios e campeonatos,e aproveitem,em engenharia reversa,as lições do
macaco velho.Apostem,com o apôio dos clubes paulistas a eleição do Oscar para a Federação do estado,e lá estando desenvolvam,a exemplo do Paraná,a grande Liga que
poderá a convite ter a participação de equipes de outros estados,numa ação que confederação nenhuma poderá obstar,para aí sim,estabelecer a grande estratégia de
tomada da CBB,pois rapidamente os atuais nove estados se verão somados a outros tantos,nem todos motivados pelos grandes princípios éticos que deveriam existir por imposição da lógica desportiva,pois ainda tentariam se locupletar politicamente,
hábito de dificil renuncia,mas que pouco a pouco poderia ser enterrado como algo de ruim herdado de um passado colonial.E ao lá chegarem que instituam duas ações redentoras:1- Lutar pela implantação do voto qualitativo,ou a ampliação do colégio eleitoral se a primeira opção tiver uma demorada tramitação pelos órgãos superiores.2- Que seja abolida a patética figura da reeleição,pois renovação é a palavra chave do desenvolvimento desportivo. Tudo o mais poderá ser resolvido com
paciência e sábias atitudes,sendo a principal e mais importante,aguardar o momento
certo de agir e principalmente falar.Todo macaco velho sabe disso.Mãos à obra e boa
sorte,que só se manifesta para quem age com inteligência,de preferencia não dando a
cara para tapa nenhum.

O REINO DA PRANCHETA.

Na final da Liga Nacional de voleibol,em um jogo emocionante,não se viu em nenhum instante a figura de uma prancheta.E olhe que em nenhum esporte coletivo ela se adequaria mais do que o volei,por sua caracteristica posicional sem a interferência física de marcadores,a não ser nos bloqueios ,onde a proximidade dos jogadores é mais presente. A movimentação ofensiva e defensiva do voleibol cabe perfeitamente nas demonstrações gráficas de uma prancheta, pelas suas características de alta previsibilidade dinâmica. No entanto a maioria dos tecnicos de volei a dispensam solenemente,pois todas as formações e informações são exaustivamente passadas nos treinamentos das equipes, destinando os tempos pedidos nos jogos aos acêrtos e detalhes de execução o mais próximo possivel do diálogo e indução comportamental.Instruções individualizadas e sussurradas ao pé do ouvido,assim como fortes reprimendas coletivas tornam os pedidos de tempo em uma reunião de acêrtos,propostas e concientização do que precisa ser feito por todos na quadra.No basquetebol,o que vemos permanentemente,com pouquissimas e honrosas exceções, é a imagem fria de uma prancheta servir de lousa para rabiscos e desenhos desconexos, que pretendem equacionar toda e qualquer situação de jogo que porventura venha a
ocorrer.E ela tornou-se a estrêla mais focalizada em primeiro plano durante todos os
pedidos de tempo,como se daquele momento em diante,todos aqueles sintonizados na TV
passassem ao entendimento das ações que se desenrolariam a seguir.Na prática,muito
poucas vezes algo ali descrito acontecerá realmente,pois refletem mais os devaneios
do técnico,do que algo que foi previamente treinado e compreendido por todos.Mas verdade seja dita,nada se compara a uma exposição de midia do que o estrelismo das
pranchetas.Algumas,sabedoras de tal promoção,já ostentam publicidade estratégicamente
colocadas em suas bordas, substituindo a imagem dos atletas,e mesmo dos próprios técnicos.Mas a pior faceta das pranchetas é a constatação da pobreza tática galopante
de nossas equipes, pois se observarmos bem o que é descrito e desenhado nas mesmas
por TODOS os técnicos,veremos como são quase idênticas as formações e jogadas alí
propostas pelos mesmos,numa ladainha monocórdica que preocupa profundamente aqueles
que realmente conhecem e entendem basquetebol.A prancheta legitimiza o reino da mesmice,da ausência de criatividade e da mais absoluta falta de conhecimento estratégico,já que perpetua os”chifres”,os “punhos”,os”low and hight post”,os”coc”,
etc,etc,etc…em que as denominações mudam de equipe para equipe,mas que pedem as
mesmas e cansativas coisas.Pobres jogadores,amarrados e manietados por coreografias
totalmente destituidas de bom senso,e principalmente de audácia e coragem.E são esses principios que são divulgados exaustivamente por clínicas patrocinadas pela CBB,
principalmente em épocas de eleições,naqueles estados em estágio técnico abaixo do
mínimo aceitável,mas que garantirão os votos chaves na época devida.Pobres seleções nacionais que já vem de longos e longos anos escravas deste perverso sistema de comunicação entre técnicos e jogadores.Escravas de estatísticas fajutas e desprovidas
de precisão minimamente aceitável,agrilhoadas a um sistema de jogo absurdo e até
certo ponto criminoso.Desafio os técnicos a transformarem a quadra,em toda a sua extensão numa imensa prancheta,na qual terão de olhar seus jogadors dentro dos olhos,
terão de detalhar os macro e micro movimentos de atletas ávidos de novas técnicas,de
novas e sequentes descobertas,amplas,arejadas,e drasticamente fora dos acanhados e
covardes limites da atual estrêla televisiva,a inefável e castradora prancheta.Está
aí meu desafio,enfrente-o se forem capazes.

CONSUMATUS EST.

Caros amigos, são Four more years!!Com esse jargão Bush se reelegeu,então porque não podemos ter o nosso Bush,tão grego quanto um presente? Se cada povo tem o govêrno que
merece,porque não o basquetebol brasileiro? Pensem bem sobre um fato inquestionável,a saber:Não são as federações as entidades representativas dos clubes que elegem seus dirigentes? Ora,se assim é verdade,os votos desses presidentes refletem o desejo dos clubes que delegaram aos mesmos o poder sagrado do voto.Podemos então concluir que a eleição de um presidente da CBB espelha os desejos dos clubes federados.Caso contrário,quando o presidente de uma federação exerce seu voto em contradição ao desejo de seus filiados,aflora uma situação de apropriação indébita ante o desejo da maioria,ou reflete a inexistência de filiados suficientes para exercerem o poder de impor a seu representante eleito o desejo da maioria.Em suma,temos na eleição de um presidente da CBB eleitores que representam federações em que clubes inexistem na prática,mas disputam campeonatos oficiais.Como conseguem é um dos grandes mistérios das eleições não só do basquetebol,mas da maioria das federações desportivas por esse continente afora.Mas o voto quantitativo nivela a todos,tenham ou não clubes
participantes em seus campeonatos,disputem ou não as várias categorias masculinas e
femininas,se façam representar nos campeonatos nacionais,etc,etc.Mas na hora de assumirem chefias de delegações brasileiras,terem férias pagas em resorts e clubes da moda,ou terem acesso a outras mordomias,fazem valer seu peso político,o peso do voto.
Mas também tem o outro lado da moeda,aquelas federações poderosas,atuantes e decisivas em um pleito, e que votam para manterem uma situação que lhes é altamente
favorável,como por exemplo,a de manterem o contrôle técnico nas competições mais representativas,a de permitirem que um mesmo empresário mantenha equipes no campeonato nacional por diversas federações.Extranho como às vésperas da atual eleição essa emprêsa desfêz suas equipes no Rio de Janeiro,um dos estados que votaram
contra a situação.A decisão da Liga Sul-Americana foi protagonizada por duas equipes
dessa mesma organização, assim como o COC em S.Paulo não se associou à Liga Independente recentemente fundada.E o mais extranho de tudo,essa organização referendou a nova Liga,numa contradição que deixa no ar a expectativa de quais são suas verdadeiras intenções.Com todos esses azes na manga o reeleito presidente se fechou no mutismo de quem tem a mais absoluta certeza do poder exercido sobre aqueles que garantiriam sua continuidade.A ironia mais contundente é a de que tal reeleição foi fundamentada em sua maioria por federações que pouco ou nada têm somado ao nosso
basquetebol nos últimos 90 anos,ou seja,desde que o basquetebol foi implantado em
nosso país.Restam nove reacionárias, que de uma forma ou de outra vão sofrer consequências,restrições e pouca participação no butim festeiro,mas que se unirem
suas forças poderão reverter a situação no futuro.A Liga ora fundada terá que investir em algumas dessas federações,pois aquela mais significante,mais representativa,mais poderosa,votou com a situação,refletindo pelo voto de seu presidente eleito a vontade da maioria dos clubes que o elegeram, maioria essa que constitui a massa crítica da Liga ora fundada.Extranho esse grande estado de São Paulo,que reune a maioria de seus clubes em favor da fundação de uma Liga e delega o poder de voto a seu presidente que vota na situação,ou seja,contra a Liga, contra a vontade de seus proprios clubes.Por que os mesmos não o destitue do cargo ante tal incoerência? Ou a Liga foi um grande pretexto para se descobrirem o quem é quem no
jogo político,expondo às feras,ou dando a cara á tapas, esse passional e exuberante
atleta,Oscar,que com seu imenso carisma abrigou e afastou dos holofotes aqueles mesmos dirigentes que referendaram seu presidente de federação à votar pelo continuismo.Apoiaremos a Liga,mas o voto é para Four more years!! E estamos conversados. Maquiavél é anjo barroco perto dessa gente.Aliás já tinha avisado o que
aconteceria.Aconteceu,consumatus est.

SALTOS DE QUALIDADE.

Acabo de assistir a decisão da Liga Nacional de Voleibol,de uma extrema qualidade técnica e de grandes emoções.Durante a transmissão me via transportado para os anos
sessenta quando iniciava minha vida na Educação Física e na Técnica Desportiva,
compartilhando todos os meus sonhos com pessoas que dalí em diante trlhariam caminhos
comuns aos meus.Uma dessas pessoas foi o Paulo Matta,grande professor e técnico de voleibol,com quem tive a honra de trabalhar na UFRJ.Fomos talvez,junto ao professor
Roberto Pavel da natação,os primeiros técnicos a se utilizarem dos meios audiovisuais
em grandes proporções para o aprimoramento técnico nos desportos em nosso país.Em 8 e
16mm rodamos centenas de metros de filmes totalmente financiados por nós,de nossos salários,como um investimento valioso para nossos estudos. Muitos outros técnicos se beneficiaram desses materiais,e me recordo muito bem de um deles que devorava em sessões na casa do Paulo tudo o que filmavamos de volei. Estudou muito e acabou campeão mundial na modalidade,o grande técnico e hoje dirigente Bebeto de Freitas.Foram tempos malucos,em que pneumonias não eram obstáculos na ânsia de registrarmos tudo que podiamos,no basquete, no volei, na natação e no judo.Filmávamos escondidos do técnico da equipe feminina do Japão campeã olímpica,que nos proibia de fazê-lo,assim como registramos tudo o que apresentou o Matsudaira,técnico que influenciou em muito nos sistemas que seriam adotados pelo volei brasileiro,hoje o melhor do mundo.Constatei e colaborei um pouco nessa evolução registrando com o Paulo
o que havia de melhor na época,ao mesmo tempo em que o fazia na minha modalidade.Os
técnicos de volei brasileiros foram,com sua evolução revolucionária os criadores de uma nova escola,que se antepôs às escolas européia e asiatica.Foram audazes e corajosos, pois não copiaram o que viram, e sim adaptaram aqueles conhecimentos às nossas realidades,emergindo daí um novo conceito técnico. Os técnicos de basquetebol
fizeram o inverso, pois anexaram e impuseram conceitos norte-americanos em sua total
forma,sem adaptações e maiores considerações. Aparentemente era o caminho mais fácil
de ser trilhado,dentro da concepção de que se era empregado na formação dos melhores
por que não o seria aqui também. Copiou-se muito e estudou-se pouco,principalmente
nossas realidades e limitações.Omitiramn o passado brilhante para apostarem num presente servil e desprovido de criatividade e autênticidade,levando a modalidade a
um processo de decadência que hoje atestamos.Nos últimos anos não vimos em nenhum
momento qualquer atitude contrária a essa realidade por parte de federações e da confederação,e muito menos por parte dos técnicos, ao contrário do que fizeram os do voleibol.Por tudo isto urge uma mudança radical nas conceituações técnicas do nosso
basquetebol,e não acredito que isso possa vir dos atuais dirigentes, acomodados e
satisfeitos em suas redomas corrompidas pela mesmice lucrativa. A eleição de hoje na
CBB pode ser o inicio de alguma mudança ou a sacramentação do status quo,a definitiva
derrota.

É BOLA OU BÚRICA!

Ary Vidal sempre afirmava que o único assunto levado à sério pelos brasileiros era o jogo de bola de gude,onde era “ou bola ou búrica”.Perdeu,ficava sem as bolinhas,e ponto final.Pequeno exagêro à parte,tal afirmação fica bem perto da verdade quando o assunto é política desportiva.Na segunda-feira os destinos do basquetebol para os próximos quatro anos será definido em uma eleição de 27 votos!Realmente um prodígio de concisão em um universo de 180 milhões de almas.Técnicos,professores e atletas não chegam nem nas proximidades da urna,que é reservada a um grupo,no qual pode-se contar nos dedos de uma das mãos aqueles que praticaram o jogo.Mas,detêm um poder onde a moeda de troca já pertence ao folclore nacional.Viagens,mordomias,favores pessoais e políticos,uso de verbas nem sempre sujeitas a qualquer tipo de sindicância, apadrinhamentos e protecionismos descabidos,reinam em uma estrutura legada das capitânias hereditárias, onde falar de técnicas,organização esportiva,critérios de seleção e escolhas diretivas,soam como impropérios a ouvidos imunes a tais questionamentos.Usufruir benesses em troca de voto,se pensarmos bem é até vantajoso quando o número de premiados não chega a 30 interessados.Terrivel seria administrar um colégio eleitoral acima desse número, o que nos leva a uma conclusão otimista,ou seja,com um substancial alargamento de eleitores não haveria muita flexibilidade orçamentária para aquinhoar a todos,o que diminuiria em muito a troca de favores.Sem
dúvida nenhuma,o processo eleitoral de federações e confederações terá de ser reestudado,a fim de que os interesses técnicos da modalidade passem a ser o centro
da questão.No atual sistema basta que um grupo de 14 condôminos da coisa pública se
una, para que qualquer continuísmo se prolongue,até que melhores propostas sejam colocadas por baixo da mesa pela facção oponente,fator este que pode mudar o mandatário,mas mantém o sistema.A única saída no atual modus operandi é a conquista das federações,uma a uma,até o número da metade mais uma,necessárias às mudanças.
É luta para uma década,e que pode ser iniciada em uma ou duas federações,de preferência com soluções técnicas e administrativas que passem ao largo das utilizadas pela confederação.As Ligas poderiam dar partida a essa revolução,e o Paraná já está dando um significativo exemplo da exequibilidade desse processo.A grande Liga que ora se organiza,e que não terá apôio significativo por parte da CBB
se houver continuismo da atual diretoria,mesmo nessa situação poderia encontrar nas
federações os apôios negados ,bastando iniciar sua atuação pela regionalização de suas chaves,para um encontro dos finalistas em local que seria definido por rodízio a cada ano.Seria um começo menos ambicioso,mas seguro e factível ante às carências econômicas.Num breve espaço de tempo,e com o sucesso perante o público, o fator da representatividade nas seleções nacionais seria superado pela qualidade dos seusjogadores .A ameaça da não convocação dos jogadores de uma Liga independente é a mais poderosa arma de submissão que teria a CBB.Para vencê-la teria de existir por parte de todos os integrantes da Liga uma dose inesgotável de coragem e audácia,que são os ingredientes básicos de quem quer mudar alguma coisa de errado.Se houver mudanças e a situação perder,mesmo assim a Liga deveria dar partida em sua atuação com os pés solidadmente fincados no chão,pois as grandes conquistas sempre começaram por pequenas ações e sólidas lideranças. Mas,nesta segunda-feira nos armemos de um sadio otimismo,o mesmo que tinhamos quando meninos e bradávamos energicamente-“Bola ou búrica”!

Mc NBA DONALD.

Eis aí uma formidável dupla, o representante máximo da boa e saudável nutrição no mundo e o globalizado basketball show,senão vejamos:”Com o começo dos NBA Playoffs 2005,a corporação do McDonald e a NBA se unem para trazer o basquetebol da NBA para centenas de milhares de fãs com eventos da entidade e promoções em quatro continentes.A programação dos eventos globais é a mais ambiciosa que os dois sócios jamais conduziram em conjunto ao redor do mundo.O McDonald tocará na relevância do estilo de vida da NBA para jovens adultos e adolescentes globais ao participar em eventos da NBA que caracterizam torneios competitivos de basquetebol,atividades interativas de basquete,entretenimento musical ao vivo e outras atrações temáticas da NBA.Os eventos serão conduzidos em regiões chaves,incluindo Hong Kong,França, Espanha,México,Brasil, Taiwan e as Filipinas.O envolvimento do McDonald em eventos cheios de ação e energia da NBA sublinha a iniciativa ativa e balanceada dos estilos de vida do McDonald”. (Publicado no Databasket).É realmente estarrecedor que nos permitamos divulgar tais eventos como se fossem ações corriqueiras e desprovidas de sub-intenções.Como diziam os antigos, esses caras que”não pregam prego sem estopa”, não descansarão enquanto não submeterem grande parte da juventude mundial aos seus designios.E começam pela designação de regiões chaves onde envidarão esforços para alcançá-los,pelo prêço que for.Interessante que essas regiões,coincidentemente são prioritárias na política externa do govêrno americano,e se torna um exercicio atraente o estudo das mesmas.Hong Kong e Taiwan são fundamentais ante a expansão da China,onde o enclave e ex-colonia britânica permanece com o status capitalista,e a dissidente ilha justifica a proteção americana ante uma possivel invasão chinesa. Ambas são fundamentais no jogo politico americano, e uma influência motivadora da juventude torna-se estratégica no mesmo.França e Espanha são metas divergentes,pois a primeira é a mais crítica das nações que se antepôem ao domínio unilateral dos americanos no concerto mundial, e a segunda foi sua aliada de primeira hora na intervenção do Iraque.A juventude desses países seria muito benvinda como simpáticas aos americanos,assim como mexicanos e brasileiros tão mais simpaticos ao Mercosul que a ALCA.Filipinas entra de contrapêso nesse maquiavélico jogo de interesses,já que é a porta de entrada do sempre atraente mercado oriental. O poderio econômico da NBA de
muito já ultrapassou o enfoque esportivo-cultural,estando hoje na primeira linha do
foco mais instigante,o político.Nos anos sessenta,quando eclodiam os confrontos racistas nos EEUU,os Harlen Globetrotters eram enviados pelo Departamento de Estado
norte-americano como embaixadores culturais nos quatro cantos do mundo.Foram os primeiros negros a realizá-lo,angariando simpatias a sua causa,e suavisando a grotesca ascendência branca.Foi desta experiência que o govêrno americano passou a investir no esporte,não só como um dos fundamentos do processo educativo,mas como um
poderoso instrumento de propaganda política.E vai dando frutos essa influência,já que
se vendem em nosso país mais camisas temáticas das equipes da NBA que a de nossas
equipes,se é que vendem alguma. O binômio educação e saúde em nosso país,por sua
crônica deficiência,torna-se alvo,não muito difícil de ser atingido por esse tipo de influência exógena,que dispensa belicismos para se fazer presente no dia a dia de uma
juventude ávida por dias melhores,por promessas de felicidade e riqueza,tornadas realidade nas figuras vencedoras participantes do Basketball World Championship,mesmo que para os nossos sobrem tão somente os sonhos,e quem sabe um suculento BigMac.Não é
de se espantar o fato da grande parte dos sites brasileiros dedicados ao basquetebol ostentarem a logomarca da NBA,suas notícias e comentários, quando deveriam direcionar
seus esforços aos nossos.Mas agora,sinto que quem está sonhando sou eu,que abomino
fast food,mas que não perco a esperança de que tudo isso possa ser mudado.Oremos então…

PROPOSIÇÕES E MUITA CORAGEM.

Assisto o programa Bola da vez na ESPN Brasil e me incomodo bastante com determinadas posições do entrevistado,Oscar.Passional,explosivo(os juizes sempre souberam),colérico,e o que mais me incomodou,desafiante e inquisidor na afirmativa enérgica de que “quem roesse a corda e desse pra trás não passaria de um cag..!”E por mais duas vezes repetiu-“Se clubes dessem para trás não passariam de uns cag..!” Um magnifico movimento que apesar de ter sido lançado em má hora,num momento político delicado,pode encontrar sérias objeções pela agressividade de seu mentor.Sua imagem poderá se desgastar pelo posicionamento adotado,abrindo as portas para oportunistas lideranças que se lançarão em seu vácuo na primeira chance que tiverem.Caro Oscar, você já notou,ou foi alertado de que somente sua imagem tem vindo à tona, dando “a cara á tapa” em suas próprias palavras? Porque o Grego não age da mesma maneira? Você já viu rapôsa dar cara a tapa? Desde quando dirigente esportivo,seja de federações ou de clubes se incomodam de serem chamados disso ou daquilo? Sempre fez parte dos “cargos de sacrifício” o dominio da arte de engolir tantos sapos,quantos fossem necessários para se manterem em permanente sacrifício. São mestres do disfarce e da disfarçatez,principalmente se seus passaportes ostentarem carimbos internacionais
recompensadores de tantos sacrifícios, além de outras,nem sempre visualizadas e transparentes benesses.São cartas mais do que marcadas, e se não houver fatos realmente novos,seguirão na próxima segunda feira no comando desta desmoralizada náu
em que se transformou o nosso basquetebol.A Liga pode se tornar possível,mas terá de contar com três fatores:1-Que seja respaldada por órgãos da mídia firmes e decididamente comprometidos com a mesma, principalmente se for da imprensa escrita.
Um representante da imprensa televisiva seria de grande valor,mesmo que fosse de uma
rede menor,como por exemplo a STV,ligada a orgãos como o SENAC,com vasta experiência
desportiva em seus centros espalhados pelo Brasil.2-Que uma verdadeira Associação de
Técnicos seja incentivada a participar na criação de politicas e de programas voltadas aos jóvens e na busca de novas vertentes táticas e técnicas. 3-Que em hipótese alguma permitam a ingerência da CBB em seu comando decisório,mesmo com a real ameaça de perda de representividade nas seleções nacionais,pois,por um breve momento,ou não,o país não poderia se abster de seus melhores jogadores, e demonstraria a incapacidade da CBB de gerir tal circunstância.Mas para se trilhar tal caminho há de se ter muita coragem,não de um solitário lutador,mas de todos aqueles envolvidos que ainda não apresentaram suas caras aos tapas.Honestamente torço para que tudo dê certo,que a Liga prospere, e que nosso basquetebol se beneficie acima de tudo e de todos.Mas mudar de mãos no contrôle da chave do cofre vai ser uma luta descomunal,pois depois de se acostumar ao caviar nenhum”sacrificado dirigente” aceitará voltar à sardinha no pão, e tenho uma grande desconfiança de que na segunda feira refinarão seus apetites, para depois em côro com seu reeleito chefe comungarem na mesma afirmativa de que “mais cedo,ou mais tarde a Liga acontecerá”,de preferência muito,mas muito mais tarde.