Em 2013 escrevi e postei o artigo O Prodígio, que sugiro fortemente que o leiam, antes de prosseguir a leitura do artigo que hoje posto. E o por que da sugestão, senão pelos fatos irrefutáveis de que nada, absolutamente nada mudou no cenário pobre e carente do basquetebol nacional, apesar dos “altos” investimentos em tecnologias midiáticas, televisivas, patrocínios e parceria com uma NBA voltada muito mais aos seus interesses econômicos e comerciais, do que realmente ajudar a mudar a mesmice técnica da parceira tupiniquim, decidida e servilmente submetida às migalhas da matriz, e sabedora incorrigível de que os parâmetros financeiros da mesma são e serão irremediavelmente inalcançáveis por uma modalidade desportiva que mal sobrevive em um país que não desenvolve e apoia sua cultura e educação, quanto mais desportos…
(Pausa para a leitura)
Bem, para os que leram ou não, pergunta-se – O que não mudou? Estamos em 2020 e o artigo é de 2013, depois de um Pan Americano, e três anos antes de uma Olimpíada, que para o basquetebol foi trágica, com a equipe feminina derrotada em todos os jogos, e a masculina eliminada pela rival argentina. De lá para cá, foram mais quatro anos da mesmice endêmica técnico tática de sempre, porém maquiada por feéricos espetáculos, transmissões com narrações apopléticas e ufanistas, comentários fora da realidade, e acima de tudo, uma pobreza técnica pungente, onde nem a presença de muitos estrangeiros aufere benefícios, frente a dura realidade de que vigora no âmbito da maioria esmagadora das equipes do NBB, a “filosofia” dos cinco abertos, da autofágica sanha dos três pontos, e da mais absoluta e absurda ausência defensiva, fator alimentador dessa terrível realidade…
Terrível? Sim, e mais ainda quando brotam desse terreno inóspito um caudal de “filosofias” personalistas, na maioria copiadas sem referências autorais e bibliográficas, “lives” com palestras atulhadas de termos em inglês e conclusões estéreis e vazias de conteúdo, numa embromação que incomoda pela desfaçatez, assim como depoimentos históricos e personalistas, e nas poucas matérias técnicas, o cientificismo rolando solto, como a panacéia de todos os nossos males. Mas o buraco negro que nos engole sequer é cogitado de ser enfrentado, o salto a ser dado em nossa evolução técnico tática, que é decorrente da falência de um consistente preparo de professores e técnicos nos cursos superiores de educação física, cujos currículos das disciplinas desportivas foram esvaziados e minimizados pelas disciplinas da área médica, fator preponderante para a falência nos alicerces da pirâmide da formação de base, nas escolas e nos clubes, sem a qual, absolutamente nada alcançaremos para o soerguimento do desporto, e do grande jogo em particular…
No bojo cruel dessa pandemia, algo voltado a técnica deveria ter sido patrocinado pelas entidades que lideram e organizam o basquetebol nacional, dos princípios aos conceitos, da organização aos projetos formativos, do estudo ao compartilhamento da informação técnica e didático pedagógica, alimentando de conhecimentos e experiência todos aqueles que lutam e perseveram no ensino do basquetebol, situados nos confins deste imenso, injusto e desigual país, que sempre amou e prestigiou o grande jogo, mas que foi encampado por uma corriola oportunista e político interesseira, que se corporativou e se estratificou muito além do bom senso, a ponto de expurgar todo aquele que se opuser a seus dogmas, onde a importância estratégica do contraditório é simplesmente omitida, ou mesmo, defenestrada…
Os problemas e as falhas apontadas no artigo em questão são, após sete anos, os mesmos de hoje, como uma ou outra raridade inovadora rapidamente afogada, expurgada de um meio totalmente voltado a um sistema de ensino, preparo e aplicação prática, solidamente padronizado e formatado, formando e moldando “filosofias” definidoras do basquetebol que nos tem arruinado de vinte cinco anos para os dias de hoje, e o pior, sem indícios minimamente aceitáveis de que irá evoluir para melhor, lamentavelmente…
O macro detalhamento de um bem direcionado arremesso
Dois meses sem nada publicar. Falta de assunto, ou efeito de uma quarentena claustrofóbica? Quem sabe um excesso de informação, lives (?) mil, Zoom’s (?) de todas as formas e enfoques, algumas boas, a maioria dispensável, mas que ocupam mentes ociosas e ávidas de algo que as inspirem. Tem tido um pouco de cada assunto, do histórico da LNB aos avanços da neurociência voltada ao treinamento e preparo de jogadores, de candidatura política às premiações virtuais do NBB, mas raríssimas sobre técnicas de jogo, nada sobre formação de base, e absoluta ausência sobre formação de professores e técnicos do grande jogo, e o silêncio sepulcral sobre uma ENTB/CBB fundamental, hoje cremada, e associações de técnicos cobrindo esse imenso, desigual e injusto país, duas ou três, ineficazes pela ausência de uma coordenação nacional…
Esse Basquete Brasil, humilde blog que persiste a 15 anos, que nada publicou nestes dois meses, em momento algum deixou de ser consultado, prioritariamente em seus enfoques técnicos, fundamentos básicos do jogo, comentários, críticas técnicas, análises fundamentadas e respaldadas na prática dentro das quadras, alcançando 500 mil comentários assinados, jamais sob o manto do anonimato, responsável por números astronômicos de muitos blogs, a maioria hoje desaparecidos, e mesmo assim sequer é convidado a participar de uma recente live (?) entre promotores do grande jogo no país, promovido pela LNB…
Mas algo sempre aparece, apesar de pandemias e quarentenas, algo que merece ser discutido, como uma matéria veiculada pela televisão no Esporte Espetacular, aquimencionada, e que vale a pena dar uma olhada, pois tem muito a ver com o tipo, a forma atual de jogar um basquetebol midiático e “científico”, onde a chutação de três se torna endêmica, com a mais discutível desculpa de que “embelezou” o jogo, mas que não resiste ao lúcido argumento de um mítico Dominique Wilkins, quando afirma que o jogo sempre será decidido pelo coração e a inteligência dos jogadores, que são dados imensuráveis pelas estatísticas, e mesmo contestado pelas duas variáveis apontadas pelos especialistas, a trajetória de 45 graus, e a profundidade de entrada de 26cm, como responsáveis pelos altos ganhos em eficiência nos longos arremessos, omitindo o mais importante dos fatores, ou variáveis, como queiram, o controle de direção dado a bola por uma pega específica, responsável pela manutenção do paralelismo ao nível do aro da cesta, e concomitante equidistância do eixo diametral da bola dos bordos externos do mesmo, no exato momento de sua soltura, que são ações críticas e de alto desempenho daqueles poucos jogadores mais habilidosos, e com uma fortíssima aderência na superfície da bola, o que explica em parte, a iniciativa dos grandes e fortes pivôs, vítimas das rarefeitas jogadas a eles dirigidas, de abrirem para fora do perímetro a fim de tentarem a sorte. Por possuírem braços e mãos muito fortes, conseguem arremessar dos três pontos com facilidade, mas nem sempre com precisão, desfalcando seriamente o poderio reboteiro de suas equipes…
Então o que vemos em matérias como essa publicada, senão uma forma bastante inteligente de pontuar tecnicismos científicos e estatísticos, omitindo o pulo do gato, que são aqueles macro detalhes de empunhadura que definem o controle mais perfeito e preciso do direcionamento da bola, que de tão crítico e progressivo a cada centímetro afastado da cesta, com tolerância nos desvios na casa dos 0,5 / 1,5 graus, torna-o proprietário de uma elite de pouquíssimos jogadores…
Ironicamente, coube a mim uma tese de doutorado defendida na FMH/UTL de Lisboa em 1990 (*), até hoje única na abordagem temática do controle direcional do arremesso com uma das mãos, que define os macro detalhes acima mencionados nas cinco empunhaduras possíveis de ser encontradas entre os mais diversos tipos de jogadores, e que explica detalhadamente como as mesmas incidem e definem o direcionamento da bola a cada arremesso efetuado. A série Anatomia de um Arremesso, aqui publicada, e largamente consultada neste humilde blog, e claro, também e intensamente acessada pela turma lá de fora, assim como a tese original, que apesar de doada por mim à CBB, jamais foi divulgada, mas isso é outra história…
Pretendo postar mais alguns artigos sobre essa temática, pois necessitamos urgentemente de honestas e profundas discussões a respeito, por sua transcendental importância para o grande jogo entre nós, principal e estrategicamente na formação de base, tão abandonada e moribunda…
Renato foi meu professor de basquetebol no curso de Técnica da EEFD/UFRJ, cursado logo após a Licenciatura em Ed. Física na mesma escola em 1962. Sim minha gente, tínhamos cursos de técnicas desportivas em nível de especialização em nossas escolas de educação física, hoje inexistentes, e o Renato, professor titular do Departamento de Metodologia do Ensino da EEFD, também dava seu contributo na área das práticas desportivas com competência e dedicação, ainda mais no seu amado basquetebol.
Ao término do curso, ele me convidou para ocupar o cargo de Auxiliar de Ensino na cadeira de basquetebol da EEFD. convite que declinei por me considerar ainda muito imaturo para o ensino superior, e que preferia cair no mundo do ensino escolar e clubístico a fim de ganhar experiência técnica e didático pedagógica antes de assumir uma carreira universitária. E assim foi feito, Um pouco mais adiante, em 1965, tive de enfrentá-lo em um Fla x Flu da primeira divisão, quando substitui o Togo Renan que havia sido suspenso por três jogos, numa partida eletrizante em Álvaro Chaves, contra uma equipe líder e azeitada dirigida por ele, e que ao final vencemos de forma impactante. Nesse mesmo ano, lá estava o Renato na banca examinadora que selecionaria cinco técnicos para um estágio em universidades americanas, num projeto da CBB com o Departamento de Estado Americano, compondo uma equipe examinadora que ainda contava com os professores Waldemar Areno, Cassio Amaral e, Alfredo Colombo, time da mais alta categoria. Me classifiquei em segundo lugar e fui para os Estados Unidos.
Na volta, fui indicado para dirigir a seleção carioca feminina para o brasileiro em Recife, onde nos sagramos tri campeões. Fui para Brasília, dando continuidade a minha formação prática, onde pude aprofundar conhecimentos no basquetebol, retornando em 1970, quando aí sim, me tornei Auxiliar de Ensino na EEFD, numa indicação assinada pelos professores Waldemar Areno, Armando Peregrino e Renato Brito Cunha, mas não na cadeira de basquetebol, e sim na Didática e a Prática de Ensino.
Com a saída da EEFD do CFCH, transferindo-se para o CCS no Fundão (a EEFD funcionava na Praia Vermelha), um único departamento se negou a anexação e transferência, o de Metodologia do Ensino, mantendo-se na Faculdade de Educação do CFCH, com seus cinco Doutores, inclusive o Renato, e os jovens Auxiliares de Ensino, entre os quais me incluía, assim como o Alfredo Gomes de Faria e o Paulo Matta. No ano seguinte, o Renato foi indicado pela CBB para dirigir a seleção brasileira feminina no Mundial de São Paulo, ele que já havia dirigido e vencido o Pan Americano de Winnipeg, e onde alcançou a terceira e brilhante colocação, e quando tive a oportunidade de produzir filmes e vídeos técnicos de jogos em Brasília, Niterói e São Paulo, que foram utilizados pelo Renato como estudos técnicos e táticos para a seleção, pioneiros que fomos na aplicação dessas tecnologias no esporte, e que mais adiante se materializaram num filme sobre aquele mundial. Em 1976, com o Renato compondo uma banca de concurso, me qualifiquei como professor assistente do Departamento de Didática, sendo o primeiro a ser entronizado por concurso na Faculdade de Educação da UFRJ, vindo da área de Educação Física. Neste mesmo ano, me candidatei ao primeiro mestrado em educação física do país na USP, com 110 candidatos para 10 vagas, num concurso duríssimo, onde uma das etapas era a apresentação de uma carta de indicação formulada e assinada por professores altamente qualificados, e um dos signatários foi o Renato, mais uma vez apoiando meu trabalho.
Em 1986 fui para a Europa desenvolver o doutorado, e na volta já o encontrei presidente da CBB, onde ficou até 1997. Nesse ínterim, trabalhamos juntos naquele que foi o último curso de técnica de basquetebol na UERJ em 1985, além da continuidade do trabalho na UFRJ, tendo-o como Chefe de Departamento. Paralelamente, o Renato dotou a CBB de uma excelente sede própria, e uma administração equilibrada enxuta e acima de tudo honesta e transparente. Porém, em 1992. ao regressar do doutoramento na Europa, fui até aquela magnífica sede entregar um exemplar da tese doutoral, que versava sobre basquetebol, ao professor que tanto me inspirou na carreira, e foi a única vez em que me indispus com ele, num momento de grande tensão, após discutir asperamente pelo telefone com dirigentes paulistas, que presenciei em seu gabinete, resolve confrontá-los entregando a seleção feminina para o Mundial na Austrália a um jovem técnico carioca. Imediatamente saí em defesa dos 20 anos de trabalho duro da turma paulista para formar aquela geração de grandes jogadoras, e que no momento mais decisivo seria privada de auferir o belo trabalho, sendo irredutível aos meus argumentos. Sai da CBB e nunca mais lá regressei. No entanto, com o sucesso da seleção e da opção técnica, sua decisão foi relevada, porém nunca digerida pelos paulistas, pois uma conquista mundial justificaria um ato intempestivo, uma desavença, menos para eles, e também um pouco por mim, em nome de um ponto de vista de trabalho que sempre defendi, mesmo sendo carioca. Renato prosseguiu seu trabalho inovador, até que foi derrotado na eleição de 1997, inclusive com o voto paulista, se retirando do basquetebol, dando seguimento a sua vida acadêmica.
Me aposentei no ano seguinte e perdi seu contato, quebrado em 2012 quando, por telefone, o convidei para o encontro com a minha turma que faria 50 anos de formada, sendo ele um dos poucos professores ainda em atividade. O encontro, por motivos vários não aconteceu, e ontem tive a notícia do seu falecimento aos 94 anos. Fiquei triste, muito triste, pois sempre o admirei e respeitei, como professor, técnico e administrador de alta capacidade, apesar de algumas contraditórias discussões técnicas e acadêmicas, que muito pouco deslustrou nossa mútua admiração e respeito pessoal e profissional.
Renato Miguel Gaia de Brito Cunha foi uma das pessoas mais importantes para o basquetebol brasileiro, assim como para a educação física e os desportos, e que segundo o relato de seu Diretor Técnico na época, Prof Raimundo Nonato- Talvez tenha sido o único presidente da CBB que gostava de basquete, pensando na evolução do esporte – deixando um grande exemplo de integridade e competência profissional. Obrigado professor, por sua longa, profícua e exemplar vida.
Quarentena a todo vapor, saída para vacina contra a gripe cercada de todo um aparato de guerra, máscara, assepsia ao sair e voltar, e sem sair do carro, mas ao final do dia, caramba, um momento simples de curtição gastronômica, frente a uma pizza e um cálice de um bom tinto português, compensando um pouco o afastamento social a que todos estamos submetidos, apesar de reféns dos descompassos governamentais a que assistimos incrédulos, ante tanta insensibilidade com a saúde de um povo sofrido e abandonado em sua grande maioria…
Porém, mesmo paralisado pela grave crise que nos assola, o grande jogo ainda nos reserva insuspeitadas surpresas, como as saídas das equipes de Bauru e Pinheiros do NBB, fato inadmissível num incompleto campeonato, principalmente frente aos critérios econômicos e logísticos exigidos às franquias para o ingresso na LNB, aspectos que não justificam seu abandono sob qualquer ponto de vista, como o de Bauru, mais focado na próxima temporada, como se a atual, que mesmo adiada sem prazo determinado, poderá, ou não, ser concluída, oferecesse um confronto desigual com Mogi no playoff, resultado nada desejado pela franquia em questão, cujo plantel não conta com as “peças” desejadas, mas possíveis para a próxima temporada. No caso do Pinheiros, clube referência na formação de jogadores de ponta, é uma saída mais drástica, pois já vinha dando indícios de que sairia do NBB, mesmo contando com uma equipe competitiva dentro dos padrões técnico táticos das demais franquias, alinhadas ao sistema único de jogo, agora oficialmente referendado pela LNB na escolha através votação do quinteto ideal dos NBB’s, onde as posições foram definidas como armador, dois alas e dois pivôs, modelo básico do sistema único, em contraposição a dupla armação e três alas pivôs que, aos poucos, vem sendo desenvolvido e aplicado por umas poucas franquias, com inconteste sucesso. Como vemos, a liderança técnica encastelada na liga, determina ser esta a direção a ser continuada no basquetebol nacional, onde a inclusão da ” filosofia” do chega e chuta deverá ser mantida agora, e nos futuros NBB’s, afinal de contas, trata-se do “basquete moderno”, aquele que nos levará de volta ao concerto internacional, fato que, particular e conscientemente, duvido que consigam, sob quaisquer critérios que se possa analisar, infelizmente…
Trata-se de uma endêmica cegueira, gosmenta e pegajosa cegueira, que me fizeram postar alguns artigos neste humilde blog, um dos quais relembro agora, colocando-o no painel daqueles que nunca foram comentados, apesar da importância de seu teor contestatório e desafiador. Leiam-no se assim o desejarem…
Olhando com cuidado e muita atenção a página inteira do O Globo ai do lado, fico imaginando o que estão fazendo com o basquetebol brasileiro, proposital e cirurgicamente, destinado-o ao comezinho papel de “poste”(está na moda…) virtual e presencial de um outro jogo, de uma liga que sequer prática as regras internacionais, dimensionada à estratosfera de um poder econômico brutal, e um suporte técnico lastreado por uma formação maciça de base em suas escolas e universidades, numa contraposição devastadora frente a nossa realidade educacional, econômica e social, mas possuidora de um emergente mercado a bordo de seus 208 milhões de habitantes, onde um décimo de seus jovens, por si só, viabiliza investimentos em calçados, uniformes e apliques oriundos das franquias da turma lá do norte, e claro, de seus fiéis e colonizados prepostos abaixo do equador…
Honestamente, não vislumbro qualquer vantagem mínima nesse intercâmbio, a não ser para a turma lá de cima, amaciando nossos jovens na inoculação de seus princípios e metas a médio e longo prazos, onde o acesso às riquezas de seu interesse estratégico e político, se tornam factíveis na medida direta da maior ou menor simpatia e admiração de seus valores por parte de uma juventude torcedora da NBA, da NFL, e por que não, do MMA…
O basquetebol, sem dúvida alguma é o desporto mais consumido em todo o mundo, divulgado e estudado de forma científica desde sempre, e aquele que comporta a mais vasta bibliografia acadêmica e popular, o que justifica plenamente o imenso interesse político social dos irmãos do norte, principalmente na inteligente globalização que estabeleceram em sua liga maior, elencando cada vez mais estrangeiros em suas franquias multibilionárias…
Olhando com mais cuidado ainda me pergunto – o que representa o Le Bron, ou o Tom Brady para o nosso país, para nossos jovens, quando nenhum deles jamais poderá ter acesso ao seu status econômico e social jogando basquetebol ou chutando uma bola oval? Quem sabe trocando pancadas numa arena de MMA, como alguns patrícios que, inclusive, sugerem ser a modalidade adotada em nossas escolas…
Triste país, onde nem a direita e nem a esquerda deseja o povo educado. aquela para se manter no poder, esta para usá-lo como massa de manobra para conquistá-lo, como nos últimos desgovernos que nos lideraram, e que ainda teimam em manter o que aí está, vide a ausência dessa estratégica necessidade nos discursos dos que aí estão na reta final das eleições…
E no compêndio educacional e cultural de nosso imenso e injusto país, o grande jogo tem um lugarzinho no coração de nossos jovens, e daqueles que já o foram um dia, nas escolas, nos clubes, nos parques, e nas imorredouras imagens de um recente e brilhante passado, onde venciamos a todos, mesmo aqueles que agora nos impõem regras e comportamentos fora de nossa realidade, mas plenos da certeza de que, pelo poder econômico nos dobraremos a sua cultura e poder hegemônico…
Este é o padrão que está sendo estabelecido por uma liga associada a liga maior, aquela lá de cima, onde os negócios, os patrocínios e os master investidores semeiam a padronização, a formatação de um conceito de basquetebol antítese de nossa realidade de país carente daquele aspecto que tornam seus mentores poderosos, a formação de base, a massificação desportiva nascida na escola e nas políticas governamentais, nos destinando a feérica ilusão de um espetáculo dentro das quadras que raia ao ridículo atroz, em sua pobreza técnico tática e de formação de base, onde a média de erros de fundamentos, nessa versão 2018 da LDB, alcança os 35.9 por jogo, com partidas, como UNI 71 x 85 Corinthians, com inacreditáveis 59 erros de fundamentos (29/30) !! E como nos primeiros quatro jogos da primeira rodada do NBB11, quando duas equipes perdem seus jogos arremessando mais de três pontos do que de dois (Paulistano 8/37 e Brasília 11/38), com um dos técnicos justificando – Precisamos defender melhor. Tomamos bolas fáceis. Nós precisamos evoluir muito defensivamente. Isso é o que vai dar força para o time buscar os resultados. Porque com o poder ofensivo que nós temos, vai ser natural o nosso ataque desenvolver bem”- Terrível equívoco este, pois com tal desperdício de tempo e esforço com bolinhas em profusão (11/38), perdendo o jogo por um ponto, bastaria seguir a regra das continhas, trocando metade das bolas de três perdidas pelas de dois, quando venceria com alguma folga. Mas é claro que os jogadores tiveram o beneplácito do técnico na enxurrada de bolinhas, corroborando com a afirmação do mesmo sobre o “poder ofensivo” da equipe, ou não?
Felizmente, parece, ainda de uma forma um tanto tímida, que a hemorragia dos três pontos começa a ser estancada (inclusive na matriz) com contestações mais enérgicas e presentes no perímetro externo, o que será muito bom para o basquetebol tupiniquim, num momento em que as equipes embarcam seriamente na dupla armação, e investem em alas e pivôs atléticos, rápidos e flexíveis, mesmo que ainda falhos nos fundamentos básicos, tornando o jogo mais dinâmico, apesar de ainda muito longe da fluidez necessária para alçar ao patamar competitivo no campo internacional, fator este que exige um didatismo mais elaborado para o ensino e a aprendizagem da mesma, num processo pedagógico exclusivo de uns muito poucos profissionais ainda existentes no país, porém relegados ao ostracismo em prol de uma corporação de estrategistas, pouco ou nada interessada em modificar sua rentável e proprietária zona de conforto no restrito mercado de trabalho ora existente, onde o QI ainda impera absoluto…
E o mais instigante, é a irrefutável constatação, de que a origem de todo este movimento renovador tem sido proposital e politicamente omitido desde o NBB 2, quando iniciei junto ao Saldanha da Gama, com somente 49 dias de trabalho e 11 jogos disputados, tudo o que de forma rudimentar adaptaram no que aí está, demonstrados publicamente através os quatro primeiros vídeos completos de jogos daquela competição (hoje universalizados através redes abertas e fechadas de TV, Facebook e Twitter), nos quais todos aqueles avanços acima mencionados em conquistas técnico táticas foram divulgadas em 2010, bem antes das mudanças atuais, que estão sendo propagandeadas como as desencadeadoras do “moderno basquetebol”, mas que vem sendo copiadas e empregues sem o mais remoto reconhecimento de como, ou através de quem se iniciaram, numa canhestra apropriação, porém capenga e confusa, pois não conseguem penetrar no âmago de suas concepções, onde o didatismo acima mencionado se torna impenetrável para essa turma que se convenceu que o grande jogo nasceu junto com ela, esquecendo que desde o fim do século dezenove ele já existia, com a complexidade e a grandeza que desconhecem, e sequer se interessam em estudar, dando razão ao Alberto Bial em seu depoimento na matéria do O Globo reproduzida acima…
Mas duro mesmo é você testemunhar um ala pivô galardoado em seleções nacionais, a cinco segundos do final do jogo entre Corinthians e Franca, partir driblando de frente para a cesta, tentar uma finta com troca de mãos, perder a bola por pura inabilidade fundamental, dando adeus a uma possível vitória, numa condensação da dolorosa realidade em que lançaram o grande jogo, numa padronização e formatação absurda, quando inverteram com suas obtusas e midiáticas pranchetas e”filosofias” de jogo a prioridade dos fundamentos, substituídos e minimizados pelo sistema único, num acordo e conluio inter pares, que nos lançou num poço que parece não ter fim, porém enfeitado e glamourizado com penduricalhos voltados aos poucos frequentadores das enormes e desertas arenas, também transformadas em rinhas de torcidas de camisa, onde o esporte cede vez ao pugilato e gratuitas agressões…
Fico por aqui, mas antes sugiro a leitura a seguir, de um blog de basquetebol de Joinville. elucidativo e revelador, pecando somente em não enfatizar os aplausos espontâneos de sua torcida pelas grandes jogadas da esquecida equipe do Saldanha (que podem ser ouvidos no vídeo), com seu basquetebol fluido e realmente apaixonante, executado por excelentes jogadores, nada valorizados ou mesmo bem remunerados, mas plenos da importância de praticarem um basquetebol proprietário e evoluído, o mesmo que tentam desde então copiar, sem no entanto reconhecer de onde vem o canto do galo. Se quiserem atestar o que aqui exponho, se aboletem na poltrona, curtam, aprendam, e se humildes forem, acompanhem os aplausos da torcida catarinense, num ginásio repleto e pulsante frente a uma forma inovadora de jogar o grande, grandíssimo jogo
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Vídeo – Arquivo particular.
Outros vídeos disponíveis no espaço Multimídia deste blog.
Já são vinte dias de quarentena, e prevejo muito mais daqui para frente, que deverão ser cumpridos rígida e responsavelmente, atitude cívica obrigatória nesses dias de crise sanitária por que todos nós passamos. Então, com o grande jogo paralisado, aqui e no resto do mundo, crescem no país as transmissões ao vivo com aulas e discussões sobre técnica, tática e treinamento de equipes, reunindo técnicos e professores interessados em novas tendências, vivenciando suas experiências na formação de base e na elite, enfim, se comunicando de uma forma que não haviam feito desde sempre. Aqui no blog, a procura de artigos mais antigos tem sido intensa, principalmente sobre fundamentos e sistemas de jogo, porém, muito pouco, ou quase nenhum interesse sobre treinamento, principalmente quando pecamos tanto no coletivismo, vítima mortal da baixa qualidade de nossos jogadores na prática consistente dos fundamentos básicos do grande jogo, e por conseguinte incapazes de exequibilizar com precisão e constância sistemas de jogo ofensivos e defensivos também. Este é um grande e delicado obstáculo que a maioria de nossos técnicos enfrentam, influenciados por culturas exógenas, antagônicas econômica e educativamente à nossa realidade de país carente, desigual e injusto…
Fico grato pela busca de antigos artigos, afinal estamos editando-os desde setembro de 2004, e já alcançam 1583 postagens, abrangendo um largo espectro de assuntos técnicos, táticos, sistêmicos, e acima de tudo, sobre a fina arte do treinamento, do ensino, da pesquisa e do estudo incansável, onde a figura escravizante, coercitiva e impositiva das pranchetas aqui jamais tiveram guarida. Por tudo isso, escolhi um artigo muito simples e evocativo sobre percepções e visões que se desvanecem frente a irrepetida realidade com que nos defrontamos no dia a dia de nossa penosa caminhada, e por que não, diante de nossas ações como professores e técnicos do grande, grandíssimo jogo de nossas vidas…
Este foi o título de uma reportagem sobre a exposição que explora as afinidades entre o escultor Alberto Giacometti e o fotógrafo Henri Cartier-Bresson publicada no O Globo no dia 17 deste mês. O texto menciona, entre várias coincidências, a vontade de ambos de congelar um momento em movimento. Disse Giacometti- “Toda a ação dos artistas modernos está nessa vontade de captar, de possuir alguma coisa que foge constantemente”. Já Bresson assim se manifestou- “Jogamos com coisas que desaparecem…e, quando elas desaparecem, é impossível fazer com que elas revivam”. Eis duas afirmativas que caem como um diáfano véu sobre as cabeças da maioria de nossos técnicos. Sonham de olhos abertos com a perpetuação dos movimentos que extrapolam de suas pranchetas mágicas, como se fosse possível a perenização das jogadas estabelecidas pelo sistema de jogo que empregam. Sempre que estabelecem contato com os jogadores repetem, e repetem, até a exaustão os mesmos movimentos, as mesmas soluções, clamam pela obediência à jogada, à rotatividade da bola, com uma intransigência que beira ao fanatismo. É como se fosse uma grande coreografia, onde a repetição das jogadas mortais é o supremo objetivo a ser alcançado. Mas, como mencionaram Giacometti e Bresson, os movimentos acontecem na mesma proporção em que desaparecem, e nunca são iguais, por isso viviam em busca de sua captação, a qual Bresson definiu como o “decisive moment”, o momento decisivo, único, fugaz e precioso se captado. Essa foi sua grandeza, pois foi o fotógrafo que mais o registrou no século XX. Nossos técnicos precisam, com urgência, entender que se uma jogada se repetir, com alto grau de frequência, pode-se afirmar que o sistema defensivo do adversário inexiste pela extrema fraqueza de seus integrantes. Um sistema ofensivo é de alta qualidade, não se der certo seguidamente, e sim se estabelecer situações que desequilibrem, pela imprevisibilidade de suas ações, o esquema defensivo do adversário. A repetição sistemática de jogadas produzem situações com alto grau de previsibilidade, e retiram dos jogadores a espontaneidade de suas ações, colocando-os numa situação de meros repetidores de movimentos pré-estabelecidos por seus técnicos, e se os defensores forem de boa qualidade, rapidamente se anteporão aos movimentos ofensivos, anulando sua eficiência. São nesses momentos que se estabelecem as diferenças entre uma equipe bem treinada de outra não tão bem preparada. Quantos são os técnicos que nos coletivos de preparação para os jogos, os interrompem para orientar sua defesa em função de seu próprio ataque pré-estabelecido? Que sempre orienta seus atletas na busca do inusitado, e não do conhecido? Que mesmo tendo um sistema fechado de jogo, propugna por rompê-lo sempre que possível, pois essa sempre será a ação desencadeada pelo adversário? Enfim, que reconhece ser a busca, não de um, mas de vários “momentos decisivos”, o fator a ser alcançado com afinco e dissociado do círculo vicioso coreografia/prancheta. Por praticar fotografia por longos anos, e de ter tido em Henri Cartier-Bresson um exemplo a ser seguido é que desde muito cedo procurei entender e praticar o “decisive moment” com algum sucesso, mas que pela compreensão de seu significado, pude levar a meus atletas um vasto leque de opções que visassem o encontro dos mesmos. “Jogamos com coisas que desaparecem…e, quando elas desaparecem, é impossível fazer com que elas revivam”. Cada jogada constitui um princípio e um fim em si mesma, e são irrepetíveis. Precisamos entender esse mecanismo para nos libertar das jogadas mágicas e das pranchetas milagrosas. Meus queridos colegas, precisamos encontrar novos caminhos, pois esse que aí está sendo trilhado por vocês não levará a lugar nenhum, perdão, sabemos onde ele vai dar…
Amém.
Henri Cartier Bresson e Alberto Giacometti
17 comentários
Carol
12.05.2010
Eu queria saber de um movimento no basquetebol:mantenha a cabeça erguida e a bola debaixo da linha da cintura, não olhe para a bola enquanto se desloca e realize o controle de bola com os dedos e não com a palma da mão.Que movimento é esse? Responda, por favor 1!!
Basquete Brasil
13.05.2010
Prezada Carol, este é o movimento básico do drible, o ato de progredir com a bola. Só não entendi bem o termo ” descola”, me parecendo ser usado em Portugal em vez de “desloca”. Em outras palavras – Ao progredir com a bola driblando, faça-o com a cabeça erguida, sem olhar diretamente para a mesma, e sim visualizando-a em visão angular ao sentido do deslocamento, usando para impulsioná-la somente as pontas dos dedos, jamais a palma da mão. Creio ser esta uma boa definição de drible. Espero ter respondido a sua pergunta. Um abraço, Paulo Murilo.
Amanda
17.05.201
Eu achei que precisa mais das informações q as pessoas pedem pq fala fala mas não fala o q realmente a pessoa quer saber
Basquete Brasil
17.05.2010
E o que você quer saber prezada Amanda? Aguardo suas indagações e perguntas. Um abraço, Paulo Murilo.
Jady
07.06.2010
Olá eu gostaria de saber que movimento é esse? se inicia segurando a bola com as duas mãos.Ao passar a bola faz-se com que ela bata pelo menos uma vez no chão, antes de chegar ao colega
Basquete Brasil
07.06.2010
Prezada Jady, assim como a leitora Carol acima, você me descreve um movimento dos fundamentos do basquete, que me parece ser parte de um teste ou prova da modalidade, numa escola ou faculdade.Sugiro que procure estudar mais os fundamentos (um bom livro é o Metodologia do Basquetebol, do Prof. Moacyr Daiuto, para que dúvidas como essa sejam dirimidas. Ah, o movimento é o do passe picado (bounce pass para os americanos, ou passe com ressalto, para os portugueses). Um abraço, Paulo Murilo
Helen
20.06.2010
Sem ofender mas você falou bastante mas não que procurava.
Helen
20.06.201
que ……..
Ellen
20.06.2010
gostei parabéns
Basquete Brasil
20.06.2010
E o que você procurava, prezada Elen? Diga, e quem sabe eu possa ajudá-la. Um abraço, Paulo Murilo.
Basquete Brasil
20.06.2010
Obrigado, prezada Ellen. Um abraço, Paulo Murilo.
Paula
08.06.2011
Muito bom o site, obrigada Paulo…As perguntas feitas pela Carol e Amanda, são de uma apostila da 6°série, do estado de SP. Pelo menos pra mim foi muito bom, pois o prof° de Ed.Física fala assim:Só mando fazer a apostila pq sou obrigado ‘-‘ Então, mt obrigada, ajudou mt. Abraços
Basquete Brasil
09.06.2011
Que bom que pude ajudá-la, fico feliz com isso.Um abraço. Paulo Murilo.
Olá adorei esse site ,estava procurando informações para as respostas da apostila da sexta seria do segundo bimestre…e se não for incomodo gostaria que me esclarecesse o gesto que o juiz faz que ele com as duas mãos fechadas giras elas para a esquerda, vc sabe?ou eu não fui muito clara em minha pergunta???
Basquete Brasil
29.05.2012
Prezada Laura, obrigado por gostar dos conteúdos do blog, mas peço que esclareça melhor seu pedido. Não entendi bem o seu relato sobre o gestual do juiz. Tente novamente. Obrigado. Paulo Murilo.
Basquete Brasil
Today
Como vemos, nenhum comentário específico sobre a matéria foi publicado, inclusive por qualquer técnico da modalidade, o que nos leva a triste conclusão de que nenhum deles entendeu absolutamente nada do que foi aqui postado, fato que justifica seus comportamentos técnico táticos até os dias de hoje, 2020. Realmente constrangedor… Paulo Murilo
Em tempos bicudos de coronavirus, eis que o NBB dá uma pausa sem data para voltar, que para muitos prejudicará as franquias, todas super aquecidas na competição, na hora próxima dos playoffs, onde apregoam estarem as mesmas no ápice técnico e tático, quando os jogos apresentam o máximo de emoções, de alta e refinada técnica, com jogos que nada devem às maiores ligas, afinal, “é um NBB como você nunca viu”, onde os craques nativos e os importados elevam o jogo a seu patamar superior, colocando-o ao lado do internacional, ao qual nada devemos, segundo a mídia auto proclamada especializada…
Ledo e comprometedor engodo, pois em tempo algum de nossa história basquetebolistica estivemos tão mal técnica e taticamente, estrategicamente então, sem comentários. Jogamos um pastiche de jogo onde o individualismo esmaga toda e qualquer tentativa coletiva, imperando o 1 x 1 mal jogado, pois peca pela ausência dos fundamentos básicos definidores dessa forma de atuar, modelada e divulgada por uma NBA, para a qual toda e qualquer burla aos mesmos deve ser consentida , para dinamizar e acelerar jogadores cada vez mais descompromissados com a correta utilização das regras, como as cada vez mais difundidas conduções de bola nos dribles, passadas a mais nos arremessos, bloqueios faltosos e carregadas violentas, sem falar nos cada vez mais distantes arremessos, em confrontos individuais por toda a quadra, onde o sentido grupal vem sendo celeramente mandado às calendas gregas…
Tudo aceito, deificado e divulgado por jogadores, muitos técnicos e uma mídia cada vez mais empolgada pelo novo modelo de basquetebol, estratosférico para muitos, autofágico para uns poucos, que teimam em retorná-lo ao coletivismo de origem, que o tornou no grande jogo…
Tal cenário se tornou o campo fértil para a formulação de equipes clones uma das outras, com jogadores andarilhos e repetitivos, seja a equipe que se destinam, fruto de agenciamentos padronizados, dirigentes cumpliciados com o esquema, e técnicos ansiosos e saltitantes por americanos, que mesmo meia boca, ainda são melhores nos fundamentos individuais do que os nossos tupiniquins, até os mais deificados e endeusados, por uma mídia mais voltada ao “grandioso espetáculo”, do que o jogo em si, que aliás, nada entendem…
Assistir um jogo da liga, é assistir a todos eles, clones técnicos e táticos uns dos outros, com as mesmas jogados, uma ou outra débil tentativa defensiva, haja vista a exponencial escalada dos placares, fruto da desvairada artilharia de três pontos, na qual ninguém marca ninguém, numa competição bestificada de quem chega e chuta mais, e mais, e mais, descortinando a arena adorada do batalhão ianque, e de alguns platinos, onde a “meteção de bola” paira muito acima de qualquer hieróglifo rabiscado em pranchetas tidas e havidas como mágicas, geniais, estratégicas, quando, representam na realidade, nada mais do que uma vitrine voltada a plebe ignara, como testemunhas vitais de um trabalho magistral…
No entanto, magistral deveria ser o trabalho criativo, evolutivo e ousado do treino, que se bem feito e realizado, dispensaria a teatralidade de beira de quadra e o enfoque enganoso de uma prancheta, substituídos pela postura centrada na ajuda naqueles sutis e furtivos detalhes de um jogo para ser pensado, jamais coreografado. Porém, como todo trabalho realizado ao largo da visão popular, já que restrito ao grupo a que se destina, torna-se necessário visualizá-lo publicamente, gerando os espetáculos circenses em que estão transformando o nosso indigitado basquetebol…
Mesmice endêmica técnico tática, engessamento estratégico, e autofagia proposital nos arremessos, fazem parte hoje do absurdo cardápio do basquetebol nacional, tornando-o fértil campo para empregar jogadores de últimas opções para ligas americanas, européias e asiáticas, mas que encontram na LNB uma boa saída para suas aventuras globais, e com um precioso bônus, a cumplicidade de estrategistas, torcedores fervorosos de seus “gatilhos mortais”, “tocos monstruosos” e “enterradas indecentes”, levando a reboque nossos calejados veteranos e deslumbrados prospectos, todos num barco a deriva pelo abandono do esforço coletivo, onde o individualismo exacerbado atinge as raias do inconcebível…
Precisamos reencontrar o coletivismo perdido nesse tsunami imoral e suicida, que em tempo algum nos guiará a novos rumos vitoriosos, pois sempre estaremos alguns passos atrás tática e tecnicamente dos países que professam e veem um basquetebol habilidoso individual e coletivamente, e que destinam as defesas como prioridades no desenvolvimento binário do grande jogo, ou seja, a cada evolução tático ofensiva, é gerada outra de caráter defensivo, alternada e ciclicamente, elevando tecnicamente o grande jogo, e não mudando-o, como alguns deslumbrados contritos profetizam…
Enfim, a parada forçada pela ameaçadora virose, poderia vir a ser, com os devidos cuidados com a saúde, uma excelente oportunidade de introspecção e recriação de um basquetebol perdido para o culto estelar, voltando-o ao treino dos fundamentos individuais e os coletivos, tão ausentes nas franquias da liga, ao reaprendizado defensivo, isso mesmo, reaprender a defender, que é uma técnica elaborada e difícil, desencadeando com sua aplicação enérgica e sempre presente dentro e fora do perímetro, o sentido coletivista para vencê-la, nosso maior e mais poderoso óbice na prática do grande jogo, servindo de exemplo aos iniciantes, aos jovens de todas as faixas etárias. Será um tempo estendido, porém suficiente para mudanças que se fazem necessárias, como sistemas ambivalentes de ataque, que funcionem contra defesas individuais e zonais, indiferentemente, assim como ações equânimes dentro e fora do perímetro, e não essa hemorragia de arremessos irresponsáveis a que assistimos monocordicamente temporada após temporada, sem ser estancada deliberadamente, um crime hediondo contra o grande jogo, ou que foi grande um dia neste imenso, desigual e injusto país…
Ontem recebi um email com a seguinte mensagem – Paulo, boa noite. Você viu as estatísticas do jogo Facisa x Paulistano, com 28 de 80 bolas de três e 41 de 72 bolas de dois? Os times jogaram para 213 e 205 pontos. Ninguém marca ninguém.-
Confesso que daria um tempo as críticas que venho fazendo sistematicamente aqui nesse humilde blog sobre o carnaval ( é pouco, sim palhaçada…) em que estão transformando o grande jogo, mas a simples mensagem acima, a primeira recebida após tantos artigos publicados a respeito, me encorajou a dar continuidade na divulgação e decorrente luta contra a insana autofagia que o vem esmagando e humilhando seguidamente…
Isso mesmo, caro leitor, sob a batuta (não a prancheta) de uma horda de americanos inteligentes e razoavelmente habilidosos, que rapidamente se inteiraram da realidade de nossos geniais estrategistas, todos em busca dos famigerados “resultados”, não importando os meios para alcançá-los, desencadearam, seguidos de um ou outro “especialista” nacional e alguns bons jogadores platinos, a era do “chega e chuta”, institucionalizando-o pragmaticamente, onde o termo defesa fica de lado, aceito por todos, numa refrega descerebrada, mas repleta de “grandes emoções” sacudindo entranhas de torcedores, dirigentes, estrategistas ensandecidos de beira de quadra, e principalmente, uma mídia absolutamente ignorante do que venha a ser o grande jogo, onde as pouquíssimas exceções se perdem nas vãs tentativas de comentar e analisar um jogo totalmente diferente daquele que é transmitido aos berros, com menções e palavreado de duplo sentido, ufanismo descabido, palavrões, mascarando o que não enxergam, por não entender, a representatividade de um genial desporto, meca de decisões inteligentes e criativas desde sempre (fatores que passam muito ao largo das prosaicas, ridículas e midiáticas pranchetas), onde a improvisação consciente atinge o incompreensível para todos eles, ou quase todos, vamos ser justos…
O resultado de tanto obscurantismo temos visto e testemunhado na grande maioria de nossos resultados internacionais, em todos os segmentos, masculinos e femininos, quando nos deparamos de frente com equipes nacionais que professam um outro tipo de grande jogo, aquele fundamentado numa base sólida e responsável, nutrindo equipes em permanente evolução, a luz dos verdadeiros preceitos do esporte, da educação, da cultura enfim, e não esse pastiche bolorento que nos impingem ano após ano, décadas de liderança de um corporativismo sem vergonha e criminoso…
No jogo em questão atingimos a marca de 28/80 bolas de 3, e 41/72 de 2 pontos, e mais cedo do que pensamos atingiremos as 100 bolinhas mágicas e salvadoras de 3 pontos, aquelas incensadas e suplicadas por comentaristas e narradores a serviço de uma hecatombe que nos lançará no Guinness da incúria e da estupidez, é só aguardar mais um pouco, um pouco, um pouco…
Um dia antes pensei em assistir um jogo do Bauru, pois me aguça a idéia de ver uma equipe sair um pouco da mesmice endêmica que nos assola, mas qual nada, tive de retroceder, pois dividindo a tela com os jogadores, um cara de boné bradava aos céus uma narração escalafobética, ininteligível, e o pior, sem um botão ou comando em que eu pudesse me desfazer da insigne intromissão televisiva, me obrigando a seguir a sugestão de um twitter na coluna do lado que dizia – Se não está gostando, mude de canal”-, que foi o que fiz contristado por não poder assistir um pouco das novas idéias sistêmicas da equipe paulista…
Finalmente, consegui assistir o jogo do Flamengo na Argentina contra o Córdoba, quando a equipe carioca começa a ensaiar um modo de atuar, contando com a já costumeira dupla armação, agregando uma movimentação interna mais atuante de seus alas pivôs nas curtas distâncias, onde o pivô Vargas destôa por sua baixa velocidade ofensiva, porém com boa presença defensiva, principalmente nos rebotes, travando bastante, quando em quadra, a proposta de livre trânsito no perímetro interno platino por parte de uma equipe que aos poucos, descobre que o jogo de proximidade de seus bons e ágeis homens altos bem dentro das defesas adversárias, em muito evoluirá, na medida em que muitas de suas longas bolas de três deem preferência ao jogo interno, mais preciso e eficiente, pois de 2 em 2 também se vence jogos com placares dilatados, pela otimização lógica das muitas bolas falhadas na festança de uma artilharia estatísticamente inferior, em todos os sentidos (foram perdidas 21 tentativas de 2 pontos e 23 de 3, de um total de 13/34 e 9/32 respectivamente, assim como os argentinos obtiveram 18/39 e 3/26), bastando que seguissem as continhas primárias de substituírem metade das bolas de 3 falhadas, no caso 11, por tentativas de 2, onde estavam absolutos, para vencerem com muita folga aquele, e quem sabe, futuros jogos, numa evolução técnico tática de relevante bom senso, exemplificando para as futuras gerações de jovens uma atitude diametralmente oposta a que se instalou em nossa forma de atuar, tornando-a medíocre e previsível, logo facilmente contestada e defensável, para gáudio de nossos adversários na esfera internacional, muito mais evoluídos nos fundamentos básicos individuais e coletivos, onde a defesa é aspecto prioritário em sua forma de jogar…
Equipe juvenil do CR Flamengo – 1965
Quem sabe me anime continuar a assistir o “NBB que você nunca viu”, com todos os jogos veiculados pela TV e Internet, morto de saudades de um tempo em que percorria quadras e ginásios para, ao vivo, sem narradores e comentaristas como a maioria que aí está, testemunhar jogos de alta qualidade, aquela que nos brindou com três títulos mundiais e quatro medalhas olímpicas, também colaborando humildemente no preparo de grandes jogadores, de maravilhosos cidadãos, ensinando, preparando e treinando-os nas duras competições, nos jogos e na vida, através o grande, grandíssimo jogo, com seriedade e sacrifício, jamais com palhaçadas, de quem, no fundo, bem lá no fundo, o odeia por não ter acesso a sua sutil e magnífica grandeza…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Desculpem a qualidade, meu editor de imagens apresentou falhas, que serão corrigidas.
E não deu outra de novo, cópia xerox da primeira partida, na repetição monocórdia de erros contabilizados de fundamentos (29/30), e outros relevados pela arbitragem, vide as constantes “carregadas” de bola do Yago nas mudanças de direção ao driblar excessivamente, no estilo “enceradeira”, seguido pelo George, e o Parodi do lado de lá, infração que é punida lá fora regularmente, mas não aqui, em prol da extrema habilidade de nossos armadores, não tão hábeis assim, pelo menos frente às regras do grande jogo…
Na artilharia insana promovida por ambas as equipes (25/70 na primeira partida, 26/71 na segunda nos 3 pontos, assim como 27/48 e 28/57 respectivamente nos 2 pontos), convergindo escandalosamente, sem freios ou limites, e claro, sem contestações de nenhuma ordem, onde a 48 segundos do final do último quarto, vencendo o jogo por 1 ponto (68 x 67), com ainda 8 segundos de posse, uma bolinha errada de 3 foi perpetrada por um dos nossos qualificados especialistas, para um pouco à frente, faltando 8 segundos estando empatados (68 x 68), outro dispara mais uma, errando também, com 3 segundos ainda por jogar, levando o jogo para a prorrogação, quando em ambas as situações, o correto, o obrigatório, seria a tentativa pelos 2 pontos, penetrando fundo, quando a possibilidade factível de uma falta pessoal teria de ser considerada, possibilitando a vitória no tempo normal (vide as duas fotos acima). Mas não, nossos abençoados reis do gatilho, acobertados pela direção técnico tática que permite, incentiva e corrobora com tais escolhas, como se o grande jogo fosse, ou estivesse sob o signo imutável da precisão cósmica de suas perfeitas (?) empunhaduras, lançam a pera, como definem a insânia (foram 26/77 nos dois jogos), que, a cada dia se desnuda, como uma absurda e irresponsável maneira de coisificar e arruinar a mais bela e coerente modalidade dos desportos coletivos, individualizando-o egoísta, e egolatricamente…
Neste jogo, a equipe brasileira tornou a arremessar mais bolas de 3 do que 2 pontos (13/36 e 16/29, mais 12/15 nos lances livres), e a uruguaia idem (13/35 e 12/28, mais 13/22), sendo que dessa vez pegou um rebote a mais que a brasileira (38/37) quando na primeira partida levou um capote de 45/25, não vencendo a partida pelas falhas seguidas de seu bom, porém cansado e desgastado pivô Batista que cometeu 8 erros de fundamentos dos 16 de sua equipe…
Nossos armadores, aqueles que deveriam alimentar com suas habilidades intrínsecas os alas pivôs atuando dentro do perímetro interno, vem forçando a especialização na chutação de fora (1/13 e 6/21 nos dois jogos), por dois motivos. um pela formação aberta (o “espaçamento” milagroso, artimanha daqueles que não dominam os fundamentos de drible ambidestro e as fintas) da equipe a cada ataque, outra, decorrente, pois os homens altos vem para fora do perímetro, ou para ensaiarem frágeis bloqueios (simplesmente não diferem os interiores dos exteriores, vide as duas fotos acima, provocando faltas de ataque ao se movimentarem equivocadamente pelo desconhecimento em si), ou mesmo para eles mesmos tentarem as tão sacrossantas bolinhas, fruto de ausência contestatória, mitificadas e endeusadas pela mídia tonitruante e cúmplice do festim, mas claro, em nome das emoções desencadeadoras do “você nunca viu nada igual”…
Então resta a tremenda dúvida, um doloroso impasse caindo no colo croata para selecionar a equipe para o importante pré olímpico que se avizinha, frente a duas realidades, uma, a dos mais experientes que atuam lá fora, com os da NBA lustrando os bancos (quando mudam de roupa) de suas equipes, jogando o mínimo de tempo possível, ou cedidos a equipes conveniadas de qualidade técnica inferior, e os que atuam em outras ligas europeias, com uma ou outra exceção, jogando por mais minutos, e outra, a dos veteranos que aqui atuam duelando no desenfreado “chega e chuta” com americanos e argentinos, que inteligente e rapidamente assimilaram a proposta midiática que clama por bolas “indecentes” de três, tocos e enterradas de “sacanagem”, colimadas com narrações e comentários f*…s, e daí para pior, se não acordarem do extremo ridículo a que também estão lançando nossos jovens talentosos, porém ainda muito aquém da genialidade interesseira que imputam aos mesmos…
Porém, temos de lembrar que todos os convocáveis, daqui e lá de fora, experientes e convenientemente rodados, ou não, atuam dentro do sistema único, fator altamente limitador quando enfrentamos equipes utentes do mesmo, porém com fundamentação técnica mais evoluída, tornando-os superiores nos confrontos individuais e coletivos, pela mais acurada leitura de jogo, que sob a ótica de uma engenharia reversa, os dotam da capacidade antecipativa sobre jogadas que dominam com perfeição, principalmente por desenvolverem defesas engajadas anos a fio no âmago daquele sistema…
Resta, no entanto, uma única porta de saída, de evolução, a busca de um sistema diferenciado de jogar, ofensiva e defensivamente, que se incutido nesses promissores jovens, realçando seus fundamentos básicos, acompanhados de alguns jogadores mais experientes e receptivos a novos caminhos, fazendo-os atuar de forma proprietária de algo somente seu, fator que poderia inverter leituras de jogo por parte de seus adversários, confundindo-os pela inversão de algo que dominam mais do que nós. Por isso, se torna urgente, sensato, inadiável, a começar pela base, o início de uma nova perspectiva de aprender, treinar, sentir e atuar no grande, grandíssimo jogo, e não nesse doentio marasmo em que se encontram, tentando demonstrar em quadra os devaneios advindos de pranchetas descerebradas e toscas, onde a criatividade e a improvisação consciente, cede espaço a mediocridade, ao arrivismo e a aventura irresponsável, principalmente quando punhos são cerrados pela conversão de uma improvável bola de três, depois de muitas tentadas, originando vitórias no áspero, porém condescendente terreno de casa, bem diferente dos bem defendidos e contestados lá de fora…
Jamais perderei a esperança de ver nossos jovens jogarem o bom basquetebol, na defesa, no ataque, nos fundamentos individuais embasando os coletivos, lendo e pensando o grande jogo, sendo muito mais jogadores do que atletas puxadores de ferro, originando “pesquisas” que nunca vem ao público que pensam ignaro, que dominem, por conhecer profundamente, sua ferramenta de jogo, a bola, o seu comportamento técnico e tático, assim como de seus companheiros, pedindo e ajudando nas falhas comuns, e aplaudindo quando todos, uníssona e coletivamente cumprem um bom projeto de equipe, ao lado e sob a responsabilidade de professores e técnicos de verdade, e não… Ora, deixemos de lado, pois quem sabe, um dia lá chegaremos, pelo mérito, e não pelo Q.I. politico e corporativo…
E não deu outra, o croata teve de assistir sua equipe cometer a façanha de arremessar 16/21 bolas de 2 pontos, e inenarráveis 13/41 de 3, vencendo uma fraca equipe uruguaia por 83 x 72, que pelo seu lado concretizou 11/27 e 12/29 respectivamente, numa agressão ao grande jogo, quando ambas perpetraram uma convergência de 26/48 nos 2 pontos, e 25/70 de 3, fruto da mais absurda ausência defensiva de ambas, como num convescote de compadres, onde o último a chutar lá de fora apagasse a luz e fechasse a porta de uma arena paranaense vítima de um engodo em nenhum momento disfarçado…
Mesmo assim, a turma cisplatina apertou a seleção, mesmo apanhando 20 rebotes a menos (45/25), cedendo a vitória no quarto final, quando visualizei constrangido os punhos croatas se cerrarem na comemoração de uma bolinha lá de fora do ala Demétrio, folgando o placar nos 7 pontos. Realmente preocupante o que essa jovem turma promete desenvolver daqui para diante, se não for orientada ao jogo coletivo, pensado, lido com perspicácia e atenção, melhorando substancialmente seus fundamentos (foram 16 erros contra 13 dos uruguaios), principalmente aqueles que conotam tecnicamente os arremessos, numa equipe onde os três armadores chutaram 1/13 nas bolas longas (Yago 0/4; Luz 1/6 e George 0/3), os alas 10/24 e os pivôs 2/4, numa equipe em que nove jogadores dos doze, se consideram especialistas nos 3 pontos, e logo onde, numa seleção nacional, claro, autorizados por seus técnicos nos clubes de origem, três dos quais compõem a comissão assessora do croata, que a cada etapa do seu trabalho mais se aproxima do que ocorreu com seus antecedentes estrangeiros, ou seja, aderindo e aceitando um status contrário ao seu discurso inicial ao assumir a seleção…
Sem dúvida alguma, e de forma positiva, vem adotando a dupla armação, e convocando alas pivôs de grande mobilidade, porém, incoerentemente, frente ao seu vasto currículo de bom estrategista nas competições europeias, se mantém fiel ao viés da mesmice técnico tática que nos tem escravizado a décadas, com seu sistema único de caráter estanque, onde pontifica o extremo individualismo dos jogadores americanos que aqui aportam, sublevando todo e qualquer orientação de seus técnicos nacionais, atuando de forma independente, face ao seu preparo superior nos fundamentos, originando o norte da grande maioria de nossos jovens prospectos, cada vez mais afastados do coletivismo e o altruísmo colimador das boas equipes, e cada vez mais próximos do pseudo e fugaz estrelismo, patrocinado por uma mídia ufanista e imediatista, onde a mitificação precoce vem gerando de forma ascendente, falsos craques, de um mistificado “NBB como você nunca viu”…
Algumas fotos aqui publicadas nos últimos dez anos, praticamente são idênticas em sua aparência formal. mudando somente os participantes das mesmas, como as duas acima, onde a figura solitária de um pivô, combate, à sombra inerte de seus companheiros, uma defesa inteira, assim como a disposição inicial do famigerado sistema único, com seus cinco jogadores fora do perímetro interno, como se a proximidade da cesta adversária fosse uma zona proibida de ser ocupada, naquele que se constitui no erro mais trágico que uma equipe de alta competição possa cometer, a fuga dos pontos estatisticamente mais produtivos e coerentes, aqueles em que as técnicas individuais, a serviço do coletivo, vencem partidas, competições nacionais, e principalmente internacionais, onde a aventura irresponsável e comodista dos longos arremessos, fatalmente será contestada, estrategicamente contestada, e o nosso croata sabe muito bem disso, ou não?
Enfim, ou por fim, chegamos a uma encruzilhada, onde o bom senso tem a obrigação de se manifestar com força, determinação, e acima de tudo competência, conhecimento e humildade. Ou mudamos definitiva e estrategicamente nossa forma de jogar, de preparar a base, ensinando-a correta e tecnicamente o grande jogo, ou nos afundaremos comemorando de punhos cerrados por mais uma bolinha convertida, das cem (a continuar logo logo lá chegamos) absurdamente tentadas…
Que os já cansados e enfastiados deuses, nos orientem por mais uma vez…