COMO O PREVISTO…

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E não deu outra, quase uma extensão do artigo de ontem, quando três dos semifinalistas, dois na justa medida e um aproximado, partiram para uma convergência atroz, onde números não conseguem amenizar uma realidade que se impõe velozmente, sinalizando um caminho, que se implantado, cobrará juros de monta mais adiante, principalmente nas divisões de base, que se espelham nessa elite equivocada e midiaticamente comprometida…

 

Nos dois jogos em Bauru, 36/106 bolinhas foram disparadas (33.9%), contra 73/136 arremessos de dois pontos (53.6%), com praticamente 20% a mais de precisão, com 63 erros de pontaria, menor que os 70 de três, num desperdício lamentável de tempo e esforço grupal. Os lances livres apresentaram um melhor índice, com 78/107 tentativas, ou 72.8%. No entanto, os erros de fundamentos permaneceram na assustadora marca de 49, que em jogos de marcação para lá de frouxa (permitindo a avalanche dos três), preocupa muito no critério “qualidade de jogo”…

 

Bauru, mesmo vencendo acima dos 40 pontos, e sem a mais remota necessidade do “chega e chuta”, já que tinha o domínio absoluto dos garrafões, se permitiu um 13/34 de três contra 21/33 de dois, que segundo as continhas que venho pregando, se substituísse metade das bolas perdidas de fora do perímetro por tentativas de dois pontos, agregaria no minimo mais 20 pontos, dando oportunidade para que seu jogo interior se firmasse em situações reais, fator importante na rodagem dos novos valores que deveriam atuar  “lá dentro”…

 

No segundo jogo, a convergência às avessas, onde uma equipe do tradicional modo argentino de jogar, adotou a emergente “estratégia tupiniquim”, ante um Mogim apático na defesa externa, cometendo um 15/28 de dois pontos e 13/35 de três, enquanto seu adversário se continha mais em  22/39 e 9/26, respectivamente, suficientes numa vitoria apertada no tempo extra, quando a bola decisiva do Shamell se constituiu num quase sempre esquecido DPJ frontal…

 

Destas duas experiências práticas, poderemos depreender um raciocínio primário, fundamentado em continhas, simplórias continhas aritméticas, onde vencerá a final de amanhã aquela equipe que se dispor a agir com energia defensiva fora do perímetro (contestando mais para alterar a trajetória dos arremessos, que o bloqueio dos mesmos…), sem recear as penetrações, que se bem monitoradas, encontrarão anteposições no miolo defensivo, onde o 1 x 1 defensivo deva ser levado com competência e técnica ( na verdade, defender exige 90% de técnica e 10% de suor e esforço, e não ao contrario como a turma do “vamo lá” apregoa…), e que no ataque privilegie a precisão que é alcançada na medida que as distâncias se reduzam, provocando faltas e rebotes ofensivos mais bem posicionados, deixando as bolinhas restritas a conclusões oriundas de passes de dentro para fora do perímetro, permanente e pacientemente, na busca do momento ótimo e oportuno, e não midiático e falsamente eficiente, para de 2 em 2, 1 e 1, e eventualmente de 3, consiga o laurél desejado…

 

São fatores técnicos e táticos verossímeis, planejáveis e treináveis à luz do bom senso e da inteligência prática, muito além das ininteligíveis pranchetas proprietárias, ou divididas por nervosos dedos no afã de determinar razões e pontos de vista, nas quais se confundem conhecimento e engôdo, numa proporção aritmética, também…

 

Amém.

 

 

 

PONTUAIS OBSERVAÇÕES…

 

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Estive em Florianópolis participando do Congresso de Direito Desportivo, convidado que fui pela Diretoria Executiva da Atlética Direito UFSC para compor a Mesa de Debates Crise no Esporte Brasileiro, na brilhante companhia de Rodrigo Steinmann, que presidiu a mesma, e os debatedores Felipe Legrazle, Alexandre Cossenza, e Martinho Neves Miranda.

 

Foram debates intensos e brilhantes, que levantaram com muita precisão os grandes fatores que explicam a crise em discussão, e que reuniu valiosos subsídios a serem encaminhados aos órgãos responsáveis pela administração desportiva do país.

 

Por tão importante motivo, atrasei as publicações de artigos no blog, retomando a tradicional rotina com uma abordagem do que mais me chamou a atenção na semana finda,

 

 Como estamos caminhando celeremente de encontro aos sistemas ofensivos convergentes, onde em muitos casos as tentativas de três pontos superam as de dois, numa avalanche irresponsável e absurda pela adoção cada vez mais insidiosa do “chegar e chutar”, aliada a cada vez maior ausência de contestação defensiva, sintomas mais do que evidentes de que algo de muito grave nos empurra para a confirmação e solidificação da formatação e padronização técnico e tática coercitivamente imposta ao nosso infeliz e equivocado basquetebol.

 

Em dois jogos contra o Pinheiros e Palmeiras, a equipe do Ceará arremessou 15/34 de dois e 12/32 de três, e 15/31 e 12/32 respectivamente, perdendo os jogos por 97 x 81 e 94 x 87.

 

Bauru e Uberlândia venceram seus jogos contra a Liga Sorocabana (97 x 80) e Flamengo (101 x 98), convergindo fortemente (16/27 de dois e 11/28 de três para Bauru, e 20/34 e 17/34 para Uberlândia), assim como Franca perdeu para o Paulistano (81 x 76)  arremessando 16/29 e 7/29, enquanto alguns de seus adversários optaram pelo jogo interior, vencendo ou perdendo.

 

No entanto, o que deve ser notado foram os placares bastante próximos, fator que nos leva a uma oportuna reflexão, orientada a simplórias continhas aritméticas, quando, sem exceção alguma, bastaria que a metade dos arremessos de três perdidos fossem trocados por tentativas de dois pontos, num jogo interior, onde os arremessos se tornam mais precisos, para que todas as equipes perdedoras se situassem ante a perspectiva vencedora, na mesma proporção utilizada por seus adversários, ainda mais perante a evidência maestra que se impõe lamentavelmente, a ausência praticamente unânime das contestações defensivas fora do perímetro, numa aposta de erro e acerto das temerárias bolinhas, que se equivalem pela aceitação das equipes em confronto, numa roleta que expõe nossa fragilidade quando nas disputas internacionais, onde as defesas se fazem presentes, dentro e fora…

 

Dois outros aspectos técnicos tiveram relevância, ao contrário, mas tiveram, as análises dos comentaristas televisivos, conotando todos eles um alto padrão técnico nos jogos transmitidos, adjetivados de “jogaços”, sem no entanto mencionarem o elevadíssimo número de erros de fundamentos, que os tornariam sofríveis, pois escolhendo aleatoriamente equipes nessa semana de disputas, podemos atestar a média de 30 erros por partida, número inadmissível para equipes Sub-18, quiça equipes da elite nacional…

 

Finalmente, algo inédito, surreal, anacrônico, inqualificável, pois agora não bastam os P.Q.P’s em português transmitidos pela TV em estéreo e a cores, “desculpados e compreendidos” pelos comentaristas, pois agora os temos em Espanhol, isso mesmo, na língua de Cervantes, gloriosamente encenados por um técnico que propugna, inclusive em seu blog, a ética e o exemplo professoral, numa demonstração de total adaptação ao que de pior temos por aqui, infelizmente…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e autoria própria. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

CONVERGÊNCIA EXTRAPOLADA, O NOVO ESTILO DE JOGAR…

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                                                                                                                                                                                                                                 Você se predispõe a assistir um jogo de Liga Sul Americana, onde a equipe que mais investiu no país se apresenta contra uma outra, incensada como a grande revelação do NBB6, ambas recheadas de contratações midiáticas, e testemunha incrédulo uma incursão deliberada de encontro a um novo estilo de jogar, no qual o “chegar e chutar” se revela deliberadamente impositivo, na culminância de 23/71 arremessos de três pontos, extrapolando uma convergência que insidiosamente vinha se instalando em algumas de nossas mais representativas equipes, numa viciante escalada influenciadora das novas gerações, quando a aventura das bolinhas, irmanada às enterradas definitivas, simbolizadas pelo reconhecimento midiático, absolutamente irresponsável, e certamente reprovável, como o “reconhecimento” do ápice do jogo, sinalizando um equivocado caminho a ser seguido…

 

Que sem dúvida alguma será trilhado, inclusive nas seleções, da base à elite, não mais como uma tendência, e sim como um estilo, um novo estilo de jogo, que conta com a cumplicidade de jogadores e técnicos, unidos pelo primarismo de suas formações básicas, onde os fundamentos do grande jogo cedem sua estratégica e determinante função a pretensas especializações, calcadas na negação dos mesmos, substituidos pela mediocridade e a mesmice formatada e padronizada de uma sistema anacrônico e estúpido. Os resultados, que já conhecemos, continuarão a se revelar nas grandes competições internacionais, bem mais exigentes que estes campeonatos disputados por equipes formadas por agentes e dirigentes que raptam a função técnico administrativa de técnicos coniventes e réfens de um sistema mais anacrônico ainda…

 

Testemunhar equipes atuando na mais completa ausência defensiva, permitindo convergências que extrapolam o bom senso, torna-se uma dolorosa experiência  para todo aquele que ama o grande jogo, sua técnica de execução apurada e refinada por anos de prática e treinamento intenso e de alta qualidade, desde a base, e que se estende por toda a vida competitiva, numa prova irrefutável e inegável de que o ato maior da aprendizagem não é esgotado pela idade, muito ao contrário, é depurado pela mesma se orientada, ensinada, com competência e pleno conhecimento de sua essência…

 

Hoje completo 75 anos, feliz por estar junto aos meus filhos e amigos, mas um tanto triste por ainda testemunhar o quanto ainda teremos de caminhar para a obtenção da qualidade que em um dia de ontem obtivemos no grande jogo, do qual tive uma humilde participação, mas que ainda guardo no fundo do coração a irremovível esperança de que consigamos nos soerguer e reconquistar o lugar que nunca deveríamos ter perdido, mesmo alijado do processo por que tanto estudei, ensinei, lutei e continuo lutando…

 

Amém.

Fotos – Reproduções ta TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

 

DE CONVERGÊNCIAS, FUNDAMENTOS E ESTRATÉGIAS…

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Se dermos uma boa analisada na rodada inicial deste NBB7, poderemos constatar algo de revelador, e bastante positivo, frente à sempre ameaça continuísta da mesmice técnica e tática, que comprime para baixo do razoável uma forma padronizada e formatada de jogar o grande jogo, principalmente pelo desvario dos arremessos de três pontos, marca que já estava para lá de solidificada na maioria quase absoluta das equipes intervenientes desde sempre…

 

Pois bem, neste início, claro, onde só pudemos vislumbrar uma “tendência”, nos dois jogos em que uma das equipes convergiu em seus arremessos, perderam para seus adversários que jogaram fortemente dentro do perímetro, o que de certo modo, não deixa de ser um grande avanço tático, que apesar de algo tardio, acena com novas possibilidades de jogarmos mais seria, e diferenciadamente…

 

Bauru (13/32 nos dois pontos e 11/34 nos três) e Uberlândia (14/32 de dois e 13/36 de três) perderam para Brasília (28/45 e 5/16) e Mogi (28/55 e 7/15) respectivamente, onde a prevalência do jogo interno, mais seguro e eficiente, levou nítida vantagem ao jogo exterior e arriscado, exercido por equipes que perderam contumazes atiradeiras, mas não o vício arraigado em sucessivas temporadas. Vermos equipes arremessarem não mais do que 16 bolinhas, optando pelos arremessos de média e curta distâncias, otimizando seus esforços ofensivos, não deixa de ser uma grata conquista, que se mantida, em tudo aprimorará a forma carcomida e capenga em que nos encontramos, sinalizando às novas gerações o correto caminho das cestas efetivas, eficientes e vencedoras…

 

No entanto, um outro fantasma teima permanecer em evidência, e que evidência, mantendo uma média de 30 falhas por jogo, e da elite, dando aos mais jovens um exemplo às avessas de como praticar o grande jogo, os enormes erros de fundamentos, mancha que ainda custa a se diluir pela falacia de que em se tratando de jogadores adultos e consagrados, pouco ou nada pode ser utilizado na reparação de tal deficiência, numa omissão imperdoável, injustificável e mentirosa, pois o ato da aprendizagem jamais é limitado pela idade e pela experiência, mas sim pela ineficiência e ignorância daqueles que são os responsáveis pela mesma, em todos os níveis, da formação a elite, sem exceções, sem desculpas, sem subterfúgios, mesmo que se intitulem estrategistas, mas que me desculpem, de que?…

 

Amém.

Fotos – Divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

A ARTE MAIOR DA IMPROVISAÇÃO…

 

A algum tempo atrás publiquei o artigo que mais adiante coloco para todos aqueles leitores (ou não…) que daqui a uma hora assistirão o inicio de mais um NBB, onde situações táticas e técnicas oscilarão em torno de um compendio de mesmices, que de tão batidas e repetidas nos NBB’s antecedentes já se tornaram moveis e utensílios do que qualificam de “basquete moderno, ou internacional”, numa pasteurização, não só de termos, mas de ações, ilógicas e equivocadas em sua maioria, em torno de chifres (pra cima, pros lados, abaixo…), cabeças, camisas, calções, high/low, 2 pra baixo (e claro, pra cima…), pick’s de varias matizes (que só funcionam nas pranchetas…), e outras mais denominações de jogadas “exaustivamente” treinadas, mas de tanta “complexidade” que necessitam ser constantemente revisadas e rabiscadas nas benditas….Isso, luminosas e midiáticas pranchetas…

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Então, vamos ao artigo, esperando que agora, com a proximidade intervencionista da poderosa NBA, possam nossos estrategistas pensarem um pouco sobre uma realidade para a qual a maioria esmagadora deles sequer desconfia, quanto mais, preparados, de verdade, para enfrentá-la…

 

 

IMPROVISANDO…

 

sexta-feira, 29 de maio de 2009 por Paulo Murilo

 

Em 3 de outubro de 2004 publiquei o artigo SÓ IMPROVISA QUEM SABE , onde traçava um paralelo entre o estilo musical do jazz e o comportamento de jogadores de basquetebol no ato de improvisar em torno de um tema central definido no caso musical, e nas ações decorrentes de um sistema básico de jogo e suas infinitas possibilidades de jogadas fundamentadas no conhecimento comportamental dos adversários e no perfeito domínio dos fundamentos.

 

Leia com atenção, e depois acesse o site a seguir para deleite de uma brilhante exposição do músico Winton Marsalis, o mesmo que estabeleceu a pesquisa de opiniões contidas e discutidas no artigo acima indicado.

 

Video: Rhythms of Basketball and Music

 

E agora, você que é técnico, professor, jogador, jornalista, ou mesmo um simples entusiasta do grande jogo, reflita com isenção e espírito desarmado, o quanto de belo e complexo define um jogo que em hipótese alguma pode ficar limitado e acorrentado a esquemas coreográficos e de rigidez técnico comportamental, exercidos por técnicos que se definem através de equivocados comandos, explicitados confusamente em prosaicas pranchetas e seus hieróglifos rabiscados.

 

E que de uma vez por todas deixem fluir a criatividade alcançada através exaustivos treinamentos, conhecimento real do processo técnico tático, e do mais profundo domínio dos fundamentos básicos do jogo, que são os autênticos e indiscutíveis fatores para a constituição séria e confiável de uma verdadeira equipe.

 

Claro que não é para qualquer um ter de assumir tal responsabilidade, pois como afirmei no inicio, só improvisa quem sabe.

Amém.

Foto – Reprodução da Tv. Clique na mesma para ampliá-la.

 

 

2 comentários

 

  • Gil Guadron 31.05.2009·

  • Como amante de la musica Jazz ,y Winton uno de sus mejores exponentes, me agrado el planteo. — solo improvisan los grandes, los maestros de los fundamentos –.

  • Abrazos.

  • Gil

  • Basquete Brasil 31.05.2009·

  • Oi Gil, então somos dois os amantes do Jazz, e ainda mais, amantes e defensores do pleno dominio dos fundamentos, que é o argumento definitivo dos grandes improvisadores. Um abração, Paulo.

O NOSSO PRESENTE…

 

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No ano passado, quando da temporada da LDB, teci fortes comentários sobre a deficiência brutal nos fundamentos do jogo por parte da esmagadora maioria dos jogadores, numa idade em que já deveriam apresentar pleno conhecimento dos mesmos, e a caminho do seu mais completo domínio, fator que naquela altura não se fazia presente, tendo, inclusive, publicado números aterradores, como a média de todos os jogos em erros fundamentais, que alcançaram a cifra absurda de 28 por partida realizada…

Agora, bem no começo de uma nova temporada, por curiosidade numérica, já que privado de assistir a qualquer um dos 10 jogos diários (pelo menos 2 poderiam ser veiculados pela internet, a um preço perfeitamente coberto por parte da verba oficial, em vez de alocá-la em equipes que lá estão perdendo de 40 pontos, ou mais, praticamente em idade adulta, num desperdício de tempo e técnica), mas atento às estatísticas diariamente publicadas, onde, mesmo me privando de qualquer análise de sistemas de jogo, constato que aqueles mesmos erros de fundamentos apontados a um ano se repetem, e de forma ascendente, bastando uma simples continha percentual sobre 27 jogos iniciais do torneio, onde a media alcança absurdos e imperdoáveis 36,9 erros de fundamentos por jogo!!

Frente a tão clamoroso número, fico me perguntando como ser possível que ainda possam existir pranchetas sendo rabiscadas freneticamente com pseudas e “exaustivamente” treinadas jogadas, na vã e quase ingenuidade infantil de que surtam efeito pratico, se na consecução das mesmas se encontram jogadores que não sabem driblar, passar, fintar, bloquear, marcar, saltar e arremessar com relativa precisão, a fim de exequibilizar, pelo menos, um simples corta luz, um básico dá e segue, uma cobertura na linha da bola, um passe no tempo certo, um arremesso pensado e equilibrado, um bloqueio não faltoso, uma mudança assíncrona de direção, uma anteposição corporal, e não visual, em um rebote, um domínio das visões angulares e periféricas, num todo de fundamentos coletivos, que se presentes, os equipariam com as ferramentas necessárias e exigidas pelos sistemas ofensivos e defensivos de jogo, sejam de que escolas e estilos que fossem, para que funcionassem efetivamente…

Mas não, o “preparo tático” tem de prevalecer, sendo, inclusive, a bandeira maior dos técnicos da elite, aquela que pauta os comportamentos da turma que se inicia, jogadores e aspirantes a técnico, numa espiral às avessas de todo um processo de qualificação do grande jogo, aqui, hoje, minimizado em sua grandeza, trocado no escambo do imediatismo suicida e autofágico da mesmice endêmica em que se encontra, bastando como cruel comprovação a realidade obtusa de 36,9 perdas, em media, de bola por jogo, naquela exigência básica e fundamental para todo aquele que anseia jogá-lo para valer…

Acredito que, se somarmos a tantos erros e equívocos no conhecimento, ensino, aprendizagem e prática dos fundamentos, às doses letais das perdas nos longos arremessos, que se tornou um cultuado feitiche midiático, assim como as enterradas, ambas consideradas o ápice do basquetebol, por aqueles que nada, absolutamente nada, entendem do grande jogo, e mais uma generosa pitada de como não defender tecnicamente falando (para alguns, defender é ter 90% de vontade e 10% de técnica, quando na realidade, é exatamente o contrário), para termos o exato retrato de como nos situamos interna e externamente perante o apaixonante, complexo e altamente técnico universo do grande, grandíssimo jogo…

Amém.

Fotos – Divulgação LDB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

PERDENDO UM JOGO GANHO…

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Dediquei um tempo para assistir a estréia do CEUB na Liga Sul Americana contra a equipe do Sporting do Uruguai, e confesso que me arrependi pela escolha do que já sabia de longa data, o fato de que absolutamente nada de novo assistiria, e o inusitado, pior frente ao que era…

 

Uma equipe que atuando dentro do perímetro converte 28/40, rivalizando com um oponente que produz um sólido 29/54, que o faz arremessar 37/42 lances livres, e que de uma forma absurda se concentra num 8/27 de bolas de três (os uruguaios tentaram 4/7), perde um jogo exatamente por propiciar um desperdício infantil e irresponsável de 20 bolinhas, onde a simples atitude de substituir, pelo menos, a metade delas por arremessos lá de dentro, a faria vencer o jogo com alguma folga, apesar dos 16 erros de fundamentos (como se enrolam quando pressionados quadra inteira), com os orientais errando 17…

 

Mas não, os “especialistas” das longas e quase sempre imprecisas bolas não admitem, sequer, serem contestados em suas decisões, repito, infantís e irresponsáveis, faltando somente um pormenor, o de terem (ou não?) a anuência de seu técnico para tanta e descabida hemorragia…

 

E por ai vamos de jogo em jogo, de uma mesmice apavorante, mas agora bem mais recheada de mídia e presença televisiva, que nos presenteia com uma convergência de arrepiar, num segundo jogo, onde a forte equipe de Bauru enfrentava uma outra de aeroporto colombiano, fraca e desconjuntada, apresentando solenemente 23/33 arremessos de dois pontos e 13/33 de três, sinalizando com propriedade o que assistiremos daqui para frente, a cores e som estereofônico…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

 

 

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O “APRENDIZADO”DE 40 PONTOS…

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“Não me lembro de quando foi a última derrota do Flamengo por uma diferença tão grande. Mas sabemos que a experiência de ter vindo jogar aqui na NBA faz isso ficar um pouco de lado. Sabíamos do poder físico e defensivo do time do Memphis e vimos isso hoje em quadra. Eles não deixaram a gente jogar”, analisou o técnico flamenguista José Neto.

 

“Não perdemos nada aqui na nossa passagem pelos Estados Unidos, pelo contrário. Nós ganhamos em experiência, em qualidade e temos que ver tudo pelo lado positivo. Mesmo com uma derrota como essa que tivemos tem muita coisa que podemos levar para o bem e para a nossa temporada que está só começando”, completou o comandante rubro-negro.

 

Autor de 17 pontos, com direito a cinco bolas certeiras da linha de três pontos, o experiente ala Marcelinho Machado liderou o ataque flamenguista e deixou a quadra como o cestinha da partida. Com 14 e 13 pontos, respectivamente, o ala Marquinhos e o pivô norte-americano Jerome Meyinsse foram os outros bons pontuadores do time rubro-negro. Quem também merece destaque é o armador Gegê, responsável por nove pontos e seis assistências.

 

“Ninguém gosta de perder, ainda mais pela diferença que foi. O lado físico pesa muito quando você joga contra um time norte-americano e isso complicou muito nosso o trabalho. Eles tiveram o domínio dos rebotes. Mas a experiência foi muito boa, não só para o Flamengo mas como todo o basquete brasileiro”, declarou o cestinha Marcelinho.

 

(Matéria publicada no site da LNB em 18/10/14)

 

Pois muito bem, como vemos acima, são declarações curiosas e imaginativas, quando um técnico afirma não ter o adversário permitido que seu time jogasse, pelo seu poder físico e defensivo mostrado em quadra, como se não soubesse o que iria enfrentar, como se não tivesse tido acesso a históricos e vídeos de seus jogos, tendo pleno conhecimento de seus sistemas de jogo. Simplesmente não deixaram sua equipe jogar porque em momento algum se viram agredidos no âmago de sua defesa, e a partir do momento em que passaram a contestar seus armadores (foram 31 erros de fundamentos, 31!!) e os longos arremessos, ( foram 11/32 de 3 contra 5/14 do Memphis) dispararam na contagem, face a uma defesa amorfa e falha em cada posicionamento individual, assim como no grupal, fatores esbanjados a mil por seu adversário…

 

O vigor físico, por si só, não justifica tanta diferença técnica, tanta discrepância tática, a não ser por um enfoque decisivo, o de estar desprovida sua equipe, exatamente de sistemas de jogo diferenciados, pelo menos ofensivamente (o que compensaria um pouquinho a grande falha nos fundamentos), já que utente fiel do mesmo sistema praticado pelo Memphis, e todos os outros que enfrentou neste “périplo de aprendizado”, como agora defende depois de zerar em vitórias…

 

Afirmar que ganharam em experiência, ainda posso admitir, mas em qualidade, como, se falharam bisonhamente nos fundamentos individuais e coletivos também, como? Concordo quando afirma que algo está sendo levado para o bem da equipe, mas que não sejam mais táticas e jogadas para serem coreografadas na prancheta, mas o senso, melhor, o bom senso de admitir que um sério e forte trabalho de fundamentos tem de ser implementado na equipe, exemplificando para as categorias de base a estratégica importância de sua premente necessidade, vital necessidade, pois se eu, numa humilde e desprestigiada equipe capixaba pude fazê-lo com excelentes resultados, por que não ele na equipe que tudo ganhou, menos quando enfrentou a turma de agora? Creio que seja essa a grande lição lá aprendida , que para ser decisiva terá de ser apreendida também…

 

Os dois últimos parágrafos da matéria acima, demonstram com clareza o “pretígio” das pontuações, da artilharia de fora, sem tocarem no aspecto defensivo, a grande falha do atual basquete brasileiro, fruto de uma idealização midiática dos longos, imprecisos e especializados arremessos, irmanados ao “momento mágico” do jogo, as enterradas, ambas somente antagonizadas por defesas eficientes, por defensores eficientes e talentosos, por técnicos que realmente conotem importância vital no preparo de melhores defensores, de melhores sistemas defensivos, como a linha da bola, magistralmente mostrada neste último jogo pela equipe americana, e que a algumas décadas professo e defendo sua utilização entre nós…

 

Por último, me desculpem os mais assanhados com o “momento histórico” vivenciado pelo Flamengo na terra da NBA, pois vejo como inadmissível derrotas de 40 pontos entre equipes de alto nível, a não ser como produto de uma postura de falsa humildade frente a fatores circunstanciais conhecidos por quem conhece do riscado, e não se deixa enganar por factóides em tudo, e por tudo, na contra mão de nossas reais e possíveis necessidades. Urge que evoluamos na preparação da base, o grande segredo da turma do norte com seus high scholls, colleges, universities, alimentando continuamente seu projeto hegemônico do grande jogo em escala mundial, e que somente poderão ser enfrentados com argumentos tão ou mais fortes dos que professam, através a preparação fundamental dos jovens centrados num projeto nacional de educação integral nas escolas, clubes e comunidades, e da busca técnico tática diferenciada do que praticam…

 

Não à toa, quando se sentiram ameaçados pela perda de Mundiais e Olimpíada, foram buscar na universidade aquele mestre que pudesse reconduzir o barco desgovernado, e o fez contradizendo muitas tradições e dogmas cristalizados na maneira de atuar e jogar de jogadores profissionais de seu país, mas que, ironicamente, vemos acontecer aqui, o processo continuista do modo de jogar que abandonam cada vez mais. Infelizmente, continuamos a errar por omissão, e pela não aceitação e reconhecimento de que algo tem de mudar, mas que não mudará enquanto for mantido o corporativismo cruel, formatado e padronizado que nos fazem tão previsíveis e equivocados…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

 

 

UMA VEZ MAIS AS CONTINHAS…

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Você viu Paulo, o Marcelo meteu 6 de 3 no Orlando com 50% (6/12) de aproveitamento, que tal?

 

Bem, você está esquecendo de mencionar que esses 6/12 vieram de um total de 9/31, que diminuídos das bolas de 2 da equipe (51-31) perfizeram  20 desperdícios, que se fossem aproveitados a metade por tentativas de 2 estariam num jogo que perderam de 18. Enquanto isso, os Magics somente arremessaram 6/11 de 3 e 36/67 de 2, errando muitas das bolas por ainda estarem em pré temporada, fato comprovado pelos 23 erros de fundamentos contra 21 do Flamengo, totalizando 44 erros num jogo de elite, o que é demasiado…

 

Como vimos, faltou ao ao nosso suit coach, por mais uma vez, elaborar aquelas continhas que conotam vitórias, claro, como base fundamental de um sistema de jogo que as leve em consideração, no qual uma contumaz hemorragia de três não teria lugar em hipótese alguma, mesmo que sua estrela maior pensasse o contrário, que é similar àquelas enterradas cinematográficas com times perdendo de 30, como já vimos muitas vezes acontecer por aqui…

 

Vimos também, uma equipe da NBA professando rigidamente o sistema único, porém convergindo decisivamente para dentro do garrafão, face ao grande domínio que possuem nos fundamentos, enquanto optamos pela artilharia externa, mesmo tendo bons e ágeis pivôs como o Meyinsse, o Felicio e o Hermann, que ficou muitas vezes perdido na armação fora do perímetro, face ao pouco prestígio que professam junto aos especialistas dos três,o que é lamentável…

 

Esse fato faz com que me recorde de uma recente declaração do técnico do São José – (…)  Nas duas primeiras semanas que eu estava fora era pra trabalhar apenas com a parte física e agora era pra estarmos no treino com treino tático. Infelizmente com o problema do Caio, do Dedé e dos americanos que poderiam estar aqui, achei inviável manter a parte tática com os meninos sub-17, devido à diferença muito grande. Então resolvi dar fundamentos com o físico e fazer esses jogos-treino com os sete que tenho aqui. Precisamos dar ritmo de jogo e dar a eles a química do jogo. Foi o que me restou fazer – afirmou o comandante.(…)

 

numa prova cabal do prestígio “quebra galho”que a prática sistemática dos fundamentos tem entre nós, e na elite, quando fico imaginando o que ocorre na formação, e o resultado está sendo mostrado na terra de quem os utilizam a não mais poder, exceto pelos dois argentinos e o americano, que ainda os tem em boa conta…

 

Mas o espantoso ficou por conta dos rebotes, 50 (13/37) para eles e 31 (5/26) para os rubro negros, que não poderiam conseguir números melhores face aos sistemas utilizados, iguaizinhos aos deles, mas com a suprema diferença apontadas acima, num derradeiro confronto de técnicas individuais e singelas continhas aritméticas…

 

Mas o que dói mesmo, e com intensidade, é saber que se aproxima mais um NBB/NBA (?), onde tais continhas e sistemas caóticos e manjados não terão confrontação direta, a não ser por uma pálida esperança de que um Pinheiros, agora dirigido por um Marcel, que desde sempre propugna por algo inovador e corajoso, e pelo qual torço ardentemente, faça acontecer algo novo, e que venha resgatar a mediocridade estabelecida desde sempre entre nós…

 

Ontem foi o dia do professor, minha profissão primeira, absoluta e incondicional, onde o reconhecimento é tardio ou inexistente, por se tratar a educação um investimento a longuíssimo prazo, mas que de vez em quando promove um encontro ou uma pequena lembrança, como a do Washington Jovem, que foi meu assistente no Saldanha da Gama no NBB2 :

Professor Paulo Murilo,

Venho aqui parabenizá-lo pelo dia especial que hoje comemoramos, o  seu dia professor, quero aqui agradecer o convívio mesmo que por tão pouco tivemos, mas que  valeu muito a pena. Aprendi muito e vou levar por toda vida. Fica aqui o meu abraço.

Do seu assistente

 Washington Jovem

   demonstrando que nunca é tarde para sermos um pouquinho lembrados. Obrigado Washington, obrigado professor.

 

Amém.

 

 

 

A LITURGIA DO CARGO…

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E ai Paulo, o campeão do mundo joga na NBA, a LNB se liga à mesma, e você não comenta nada?

 

Bem, para começo de conversa foi o campeão da Taça Intercontinental FIBA 2014 que jogou contra o Phoenix Suns, num jogo que assisti curioso com o que pudesse ocorrer de inédito tecnicamente, e que beneficiasse o grande jogo entre nós, mas, para variar, não foi o que ocorreu, noves fora o coro quase que uníssono percorrido pela mídia, na menção do fato histórico que testemunhávam  embevecídos…

 

Mas, não foi bem assim, pois enfrentava o bom time rubro negro uma equipe em pré temporada, em seu primeiro jogo, e que demonstrou em toda a partida ainda estar muito longe de uma razoável forma, vide o decréscimo mais do que evidente de sua forma tradicional de jogar, focada na grande velocidade e permanente movimentação, que neste jogo ficou muito longe de acontecer…

 

Mesmo assim, no quarto final, apertando a marcação e buscando um aumento de velocidade, venceu um jogo com 47 erros de fundamentos (26 do CRF e 21 dos Suns), quantidade impensável em um jogo desse nível, principalmente em andadas e passes interceptados, que aliás, foi o fundamento que liquidou as pretensões da equipe carioca, que ao se utilizar rigidamente do sistema único (aquele que vem sustentando a NBA desde sempre…) frente a uma equipe que já não mais o emprega (assim como muitas equipes da grande liga), mas que ao conhecer todos os seus atalhos, dobrou a marcação na armação, provocando interceptações primarias de passes, concluindo cestas fáceis e sem respostas, já que as bolinhas tradicionais, vicio arraigado entre nós, voltaram a não cair ( 6/25 – 24% contra os 8/21 – 38% deles)…

 

Por conta de tantas limitações físicas e técnicas, a turma do Arizona concentrou seu jogo no garrafão (29/53), cadenciando o jogo, enquanto os cariocas o fizeram em 19/44 situações, que poderiam ser maiores se insistissem nos dois bons pivôs que têm, o Meyinsse e o surpreendente Felicio, preferindo, no entanto, as bolinhas de praxe…

 

Foi um resultado razoável, que nada deslustra a qualidade da equipe brasileira em sua realidade tupiniquim, a não ser um fato surpreendente ocorrido ao lado da quadra, onde um técnico corriqueiramente agitado, teatral e pressionador de arbitragens, vestido com um clássico terno e gravata (assim como toda a comissão técnica e agregados…), postava-se marcial e comportadamente como que entronizado na liturgia de um cargo, que espero, ao menos, tê-lo conscientizado de que o basquete que agora lá tem se desenvolvido, passa a léguas de distância de chifres, cabeças, camisas e congêneres, estando mais voltado a diversidade posicional de jogadores, muita movimentação ofensiva, intensidade defensiva, e acima de tudo, mantenedor da maior de suas tradições, os fundamentos básicos, nesse jogo, infelizmente, um tanto comprometidos pelos 21 erros cometidos…

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Vamos aguardar os próximos dois jogos, para termos uma clara visão dos aspectos que nos diferenciam, ou não, deles.

 

Quanto ao vínculo unindo NBA e LNB, uma boa lida em alguns de seus termos ( Uma joint venture por “somente”  50 anos, creio que seja inédito no mundo…) dará a todos a visão e compreensão do quanto de colonizados ainda teimamos em ser e nos comportar, lamentavelmente, e desde sempre…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.