MAIS DO MESMO II…

Tive de optar, ou um jogo entre uma equipe vip brasileira contra um arranjo chileno, ou outro entre duas equipes candidatas a vips tupiniquins. Optei pelo jogo paulista, afinal era o quinto embate decisivo do playoff classificatório às finais.

Ao final da tremenda pelada, o tal quadradinho estatístico da FPB fixou-se em minha retina, custando muito a desaparecer, como uma punição à perda de tempo e paciência consumida naquela hora e meia de provação, não só técnica, como estética também.

Estética, caro Paulo, estética? E por que não? Enterradas magistrais e bolinhas de três, não foram, e continuam a ser mantidas pela “critica abalizada” como o máximo na estética do grande jogo, onde erros grotescos de fundamentos, de defesa, de rebotes, ausência de jogo interior competente, sistemas de jogo alternativos, se mantêm ao nível mais rasteiro possível, em contrapartida à grandiosidade autofágica do restrito jogo dos gatilhaços?

Perguntas pairam no ar, sendo que a mais emblemática se refere a herança sobre os princípios coletivistas propostos, treinados e executados sob a liderança do olímpico argentino, que parecem estar sendo solenemente esnobados  pelos técnicos nacionais, ao se cumpliciarem com jogadores nessa hemorragia dos três, fato concreto pela passividade com que assistem a torrencial enxurrada dos mesmos, ora cruzando os braços, ou pavoneando ao lado da quadra, tanto no gestual, como no discurso inflamado como uma cortina ao que realmente ocorre lá dentro.

Tornou-se corriqueiro os mais de 50 arremessos de três por partida, numa contundente prova de que o agora estabelecido continuará a ser praticado, não importando muito os erros, que estão crescendo em proporção direta às tentativas de três, o que é algo preocupante, pois nas oportunidades que restam para jogadas criativas a incidência dos mesmos está atingindo níveis inadmissíveis numa divisão superior.

E em homenagem a novel estética que parece irá também se firmar no NBB (equipes vêm contratando jogadores enfocando essa pretensa “habilidade”…), publico fotos com essa incompreensível (para mim) escolha técnico tática, chamando a atenção para o deserto de atacantes no perímetro interno quando das tentativas, numa prova inconteste de que, assim como tem os que arremessam, estão presentes os que não marcam, e como ambas as equipes assim professam e praticam o jogo, vence que encaçapar a última…

Ah, também o quadradinho emblemático, e revelador…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

MAIS DO MESMO…

Ligo a TV e aguardo o inicio do jogo, curioso em presenciar algo de novo, afinal, os investimentos foram altos, o técnico faz parte da comissão da seleção, o treinamento obedeceu a um razoável prazo de trabalho, jogos internacionais e regionais foram travados, enfim, a equipe estaria perto de adquirir um bom conjunto, e melhor ainda, um consistente padrão de jogo.

O ginásio platense estava às moscas, com espaços sobrando para as brincadeiras infantis em suas bancadas, mas o clima de algo inovador pairava na mente aqui do velho observador, esperançoso de testemunhar novos e arejados ventos a favor do nosso combalido basquetebol.

Mas foi começar o embate, para rapidamente se esfumaçar esperanças e anseios, pois o que se viu dali em diante foi a milionésima versão do mesmo, do mais do mesmo…

Marcelo de armador (e o americano ou congolês, sei lá, o Gegê, não armam mais?), Benite de 2 (?), Marcos de 3, Alexandre de 4, e o Caio de 5, todos vivenciando os personagens usuais, monocórdios, e usando uma terminologia bem mais concreta, manjados…

Antigamente conhecíamos a ação do “arma que eu chuto”, utilizada por alguns dos gatilhos da época, mas o “armo para chutar” é inédito, e o Marcelo, criativo como poucos, adotou a novidade com ardor, criando para si toda uma movimentação para um específico e prioritário fim, sua tradicional bolinha, infelizmente atingindo um 3/8 nada eficiente, somente sobrepujado por um 0/7 de seu irmão, num cenário de 7/25 bolas de três.

Mesmo assim, e frente a uma medíocre equipe uruguaia, onde os pivôs brasileiros, Átila e Ricardo davam mostras de como correr ineficientemente de um lado a outro e saltar atrás das bolas falhadas de seus companheiros, sem participarem do jogo em si, a equipe carioca conseguiu se impor com alguma folga ao final dos quartos iniciais.

Os dois quartos finais foram trágicos, pois os rubros negros se perdiam dentro de um sistema que conhecem de sobra, mas pouco empenhados em exequibilizá-lo, cedendo terreno para a reação, mesmo desordenada, dos uruguaios, que concentrando seu jogo no perímetro interno, levou todos seus jogadores altos a ficarem pendurados em faltas, mas que não beneficiaram seus oponentes, que num jogo de tal importância contabilizaram um 19/34 nos lances livres, numa derrota por 8 pontos.

Concluindo, foi um jogo muito ruim, com a equipe do Flamengo cultuando o mesmo sistema único desde sempre, e que nem a tentativa de terminar o jogo com três armadores em quadra conseguiu desfazer a imagem de déjà vu pairando no ar rarefeito de criatividade e ousadia técnico tática, pois o mais do mesmo ainda dita as cartas, e continuará ditando por um longo, longuíssimo tempo…

Amém.

 

Fotos – Prancheta rubro negra em ação, mas sem respostas convincentes, e uma tentativa de três do Duda contestada muito de perto por um gigantesco pivô, quando bastaria uma…deixa para lá.

Prancheta uruguaia, que infelizmente não cobra lances livres…

 

Fotos reproduzidas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

NÚMEROS PARA NÃO SEREM ESQUECIDOS…

Publico hoje, na íntegra e observando o design original da FPB, as estatísticas do jogo final de playoff classificatório às semifinais do campeonato paulista, entre as equipes de São José e Franca, vencida pela primeira por 82 x 81.

E o faço para comprovar com a maior fidedignidade possível um jogo que não vi, pois não foi transmitido (lastimável omissão…), e que não deveria opinar em qualquer aspecto, pois a realidade de um jogo difere profundamente dos números do mesmo, onde causalidades ditam normas comportamentais e técnicas, fatores que confrontam na maioria dos casos a frieza objetiva deles, os números…

Mas algo de fundamental pode e deve ser mencionado, algo tão inusitado e aterrador que não pode ser omitido, mesmo perante a ausência das imagens do jogo, pois transcende o admissível, ferindo o bom senso de um jogo oriundo e sedimentado no coletivismo, e acima de tudo, na inteligência.

Leiam com atenção as tabelas, linha por linha, número por número, e se perguntem ao final se algo do que leram os elevam a um razoável grau de entendimento frente a valores tão anacrônicos em uma liga maior do nosso basquetebol?

Como uma equipe pode arremessar 12/38 bolas de três (saldo positivo de 36 pontos), mesmo número de tentativas de dois de seu adversário (22/38, com saldo positivo de 44 pontos), tendo arremessado 14/28 de dois pontos, ultrapassando uma convergência em 10 tentativas? Como, senão pelo fato de uma opção defensiva de seu adversário negando contestações às mesmas? Mas com que objetivo final, ainda mais atuando ofensivamente dentro do perímetro onde seus homens altos, Teichmman, Lucas e Léo converteram 54 pontos dos 81 conquistados? Inacreditável que uma equipe com tal poder ofensivo dentro, no âmago defensivo de São José, permita concomitantemente 38 arremessos de três de seu oponente, e o mais trágico, perder o jogo e a classificação?

Creio que hoje atingimos o ápice da negação do grande jogo, apequenando-o da forma mais absurda e primária possível, e não venham conclamando emoções transcendentais, luta e heroísmo, pois quando num jogo de liga maior, decisivo num playoff classificatório, disputado no pretenso campeonato mais forte e representativo do país, 54 arremessos de três são perpetrados, onde só uma das equipes dispara 38 bolinhas, que se contestadas fossem não ultrapassariam das 15-20 tentativas, numa projeção razoável, contabilizando dez a mais do que suas próprias tentativas de dois pontos, algo de profundamente errado e abominável está sendo estabelecido como norma a ser seguida por nossos jovens, que perante tais exemplos paulatinamente se desligarão de maiores preocupações com dribles, fintas, passes e defesa, frente a fria realidade de uma não estancada hemorragia de longos arremessos, que nos levará a uma fatal anemia técnico tática, a um já fragilizado basquete desde à sua formação de base.

Seria de fundamental importância que esse jogo fosse veiculado pela emissora, ou por um link da liga, para que servisse de exemplo, de caminho a não ser percorrido da forma mais absoluta possível, pois em caso contrario estaremos estabelecendo a antítese do jogo como deve ser jogado, que é muito, mas muito distante mesmo desses “conceitos modernos de basquete” que tanto apregoam, sem sequer saber do que se tratam, levando para dentro das quadras espetáculos “vencedores” como este, que deve ser dissociado da emotividade das torcidas, e visto perante a frieza de sua mórbida realidade técnica, e porque não, tática também. Lamentável e constrangedor.

Amém.

 

Gráficos – Federação Paulista de Basquetebol.

 

Equipe: A.E. SÃO JOSÉ/UNIMED/VINAC
PONTOS
3 PONTOS
2 PONTOS
L. LIVRE
REB.
JOGADOR
TEMPO
PT
PP
C/T
%
C/T
%
C/T
%
RA
RD
TRB
AS
BR
TO
BP
FA
EF
04
Laws 39:27 14 30 1 / 4 25 4 / 7 57 3 / 4 75 2 1 3 4 0 0 1 2 13
05
Gabriel 00:04 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
06
Chandler 00:04 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
07
Chico 11:02 1 8 0 / 2 0 0 / 0 0 1 / 2 50 0 1 1 0 0 0 0 2 -1
09
Luis Felipe 19:03 0 17 0 / 3 0 0 / 4 0 0 / 0 0 0 3 3 0 1 1 0 0 -2
10
Jefferson 23:26 5 17 1 / 5 20 1 / 1 100 0 / 0 0 0 4 4 3 1 1 1 3 9
11
Fúlvio 28:45 11 32 2 / 8 25 1 / 2 50 3 / 4 75 1 1 2 10 2 0 1 4 16
12
Érick 09:25 1 5 0 / 1 0 0 / 0 0 1 / 2 50 0 0 0 0 0 0 0 1 -1
15
Deivisson 05:49 0 2 0 / 0 0 0 / 1 0 0 / 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0
19
Álvaro 32:18 27 55 7 / 14 50 1 / 4 25 4 / 5 80 2 5 7 0 0 0 3 4 20
20
Ícaro 00:23 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
21
Murilo 30:14 23 28 1 / 1 100 7 / 9 78 6 / 7 86 3 4 7 1 0 0 2 3 26
TOTAL
82 194 12/38 32 14/28 50 18/24 75 8 20 28 18 4 2 8 21 81
Técnico: Régis Marreli Reservas: 2 pt (2%) Desqualificados:
VIVO/FRANCA BASQUETE
PONTOS
3 PONTOS
2 PONTOS
L. LIVRE
REB.
JOGADOR
TEMPO
PT
PP
C/T
%
C/T
%
C/T
%
RA
RD
TRB
AS
BR
TO
BP
FA
EF
04
Cauê 12:12 0 2 0 / 0 0 0 / 1 0 0 / 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 0
05
Zezão 00:00 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
07
Jhonatan 40:00 6 19 0 / 3 0 2 / 4 50 2 / 2 100 1 4 5 7 0 0 2 4 11
08
Figueroa 29:46 12 15 2 / 3 67 2 / 2 100 2 / 2 100 0 3 3 3 0 2 1 3 18
09
Socas 26:26 9 16 1 / 2 50 3 / 5 60 0 / 0 0 0 7 7 3 1 0 2 2 15
13
Teichmann 36:30 22 30 2 / 3 67 7 / 9 78 2 / 3 67 0 5 5 4 0 1 6 3 22
14
Dudu 00:00 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
17
Lucas 27:02 18 32 0 / 0 0 6 / 12 50 6 / 8 75 0 2 2 3 0 0 2 4 13
23
Léo 18:42 14 27 2 / 4 50 2 / 5 40 4 / 5 80 1 3 4 1 0 1 1 2 13
28
Ivanovic 05:52 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 2
32
Zanini 00:00 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
55
Antonio 03:30 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
TOTAL
81 141 7/15 47 22/38 58 16/20 80 2 26 28 22 1 4 14 21 96
Técnico: Aluísio Ferreira – Lula
Reservas: 23 pt (28%)
Desqualificados:

OS MILAGROSOS AMERICANOS…

Até aquele momento vinha sendo um festival de arremessos de três inenarrável (18/49), onde ambas as equipes disputavam o direito de errar mais, mesmo quando o placar esteve igual em 72 pontos, e que bastariam um ou dois arremessos de dois para decidirem a partida, mas não, ela tinha de ser decidida numa “bolinha”, não importando de que lado caísse.

Os sufocantes 26 erros de fundamentos pesavam demais, mas não tanto quanto o do decisivo erro, aquele que sacramentou o jogo, numa “jogada” pranchetada que o experiente comentarista da ESPN definiu com indiscutível argumento – “Se é uma jogada treinada, faltando 7 segundos já é de difícil concretização, mas se está sendo desenhada agora certamente não dará certo”.

E não deu outra, a começar pela discussão entre técnico e assistente, tendo um jogador participante, de “como” montar uma saída lateral de bola visando um jogador para decidir num único lance (vejam a sequência fotográfica publicada), e que teve no americano, talvez o maior investimento da equipe, a tarefa decisiva, não fosse o mesmo, como todos os seus conterrâneos que aqui aportam, os depositários da arte dos dribles, das fintas e dos arremessos fatais, argumentos agenciados por vivos empresários por sobre jogadores de vigésima opção no mercado das ligas em todo o mundo, quais sobras com salários “ajustados” à nossa triste realidade de passivos e deslumbrados colonizados.

E aconteceu o erro, grotesco e definitivo, pois o irmão do norte tentou o drible com mudança de mão, lançou a bola no próprio pé, teve de voltar para recuperá-la, e dali mesmo disparou um “tijolo” que nem aro pegou, e que seria de? Isso,,,de três!

Bastaria um deslocamento simples ou duplo de pivôs dentro do garrafão para ser tentado um singelo arremesso de dois, e quem sabe um ou dois lances livres, de pertinho, pois se de dois ou três pontos possíveis somente um fosse concretizado, pelo menos uma prorrogação estaria garantida, e através uma jogada treinada muitas vezes, e não elaborada numa prancheta qualquer rodeada de estrategistas, que aqui para nós, têm muita estrada ainda para aprender, muita mesmo, com ou sem americanos…

E eles estão vindo aos magotes, se constituindo, inclusive e pretensamente pelas equipes, como os bastiões de um basquete superior, decisivo, final, mas que falam outra língua e que estão acostumados a rodear pranchetas sem se importarem muito com quem as empunham, afinal, são americanos, mas não os de primeira qualidade,  longe, bem longe disso…

Enquanto nossas equipes forem formadas por dirigentes, para depois escolherem seus técnicos, distorções como essas se repetirão, para gáudio e festa de agentes que não estão nem ai para o basquete brasileiro.

No final, mais um quadradinho estatístico (?) constrangedor e primário.

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O REINADO DAS “BOLINHAS” VIII…

Todos louvam a valentia, a coragem e o brilhantismo da classificação do Pinheiros para a próxima etapa do Sul Americano, conquistada no Equador com uma cesta de três pontos no segundo final da partida contra a equipe venezuelana do Centauros, cesta essa convertida pelo cestinha do jogo com 34 pontos, Paulo Boracin.

 

Se proposital ou não, como num consenso corporativo visando o interesse comum, liga, analistas e blogs constituem uma unanimidade em torno da conquista, não importando como foi alcançada, se com técnica apurada ou sem ela, bastando o fato único de ter vencido, ponto.

 

Mas algo preocupa enormemente, algo que aos poucos vai se estabelecendo no âmago do grande jogo em nossa liga maior, e sequer mencionando a ditadura do sistema único, e sim a legitimação do reinado das bolinhas, com as quais pretendem muitas, ou a maioria, de nossas equipes de elite estabelecer o padrão técnico comportamental a ser seguido, imitado e divulgado desde sempre, como a nossa concepção básica  de jogar.

 

Inacreditável o que está sendo perpetrado em nossas quadras, com a sedimentação de uma orgia de arremessos de três, onde a nova geração de jogadores se esmera na cópia da mais canhestra das ações ofensivas, a do arremesso de fora, aquele que o isenta de dribles, fintas e penetrações arriscadas, por serem exigentes em sua técnica aprimorada, principalmente pelos mais altos, destinando aos armadores, mais técnicos pelas ações e habilidades que possuem, funções de pontuadores maiores de suas equipes, numa inversão quase absoluta de papéis exercidos dentro da lógica do grande jogo, onde a proximidade da cesta confere aos arremessos maior precisão e confiabilidade.

 

Tal tendência, que vem se estabelecendo em velocidade galopante, originou a temível convergência, onde arremessos de três tendem a se aproximar em numero de tentativas aos de dois pontos, o que tem ocorrido em inúmeras oportunidades, e até a ultrapassá-los.

 

Foi o que ocorreu neste jogo decisivo, com a equipe do Pinheiros estabelecendo 10/35 nos arremessos de três, contra 19/31 nos de dois pontos, enquanto pelo lado venezuelano os índices foram 5/14 e 21/48 respectivamente, tendo essa mesma equipe atingido o péssimo aproveitamento nos lances livres, com um contundente 24/40, errando propositalmente um segundo lance livre nos segundos finais do jogo, quando poderia ter estabelecido uma diferença no placar que a favoreceria, fato incompreensível a todos os presentes no jogo.

 

Mas Paulo, a vitoria era o que interessava naquela altura da competição, não importando como ela viria, ou não? Concordo que vencer era, e sempre será o objetivo a ser alcançado, e bastaria a equipe paulista ter trocado a metade das bolinhas perdidas (no caso 12 delas) por tentativas de dois pontos, principalmente visando seus bons pivôs, para terem vencido por uma margem confortável, a uma equipe medíocre e falha como a do Centauros, atitude negada aos mesmos, que como opção de participar ofensivamente arremessaram um 2/6 de três, agindo ao inverso de suas reais funções dentro do perímetro interno.

 

Mesmo seus dois maiores pontuadores pecaram gravemente nas tais bolinhas, com o Boracin e o Smith efetuando um 3/8 para cada um. Alas como o experiente Marcio (1/6) e o jovem Lucas (1/4), também colaboraram para que a equipe paulista alcançasse o absurdo número de 35 tentativas de três, contra 31 de dois pontos, um índice que demonstra claramente o desprezo pelo trabalho de seus pivôs como peças importantes dentro do perímetro, substituindo-os pelos armadores como finalizadores básicos, opções estas bem mais fáceis de serem defendidas por equipes bem treinadas e de qualidade, do que um forte jogo interior.

 

Os minutos finais do jogo bem demonstraram que a opção do jogo externo para os longos arremessos, e as esporádicas penetrações, teriam como solistas os armadores, sobrando para os alas e pivôs as funções de rebotes e defesa, opção esta que retirou da equipe, pelo menos para esse jogo, seu forte jogo interior, provocando um falso equilíbrio ante a mediocridade da equipe venezuelana, ela mesmo que forçou bem mais o jogo interno (24/40 nos lances livres, bastando ter convertido a metade dos perdidos para ter vencido) e menos o externo (5/14 nos de três pontos).

 

Falta a equipe paulista o que sobra no outro classificado da chave, o Obras Sanitárias da Argentina, o saber qual momento de arremessar, e qual tipo de arremesso, principalmente os mais seguros e confiáveis, os de dois pontos, além, é claro, de contestarem os arremessos contrários, fator defensivo que decide partidas, e que é tão excludente nas equipes brasileiras. Mas isso é outra história.

 

Enfim, e apesar das falhas e carências gritantes, se classificaram, mas terão de aprimorar o jogo coletivo, se quiserem chegar ao titulo continental.

 

Amém.

 

 

 

Fotos – Observem que nos minutos e segundos finais, bastariam cestas de dois pontos para fecharem a partida com segurança, mas mesmo assim a hemorragia dos três sequer foi estancada, com a plena condescendência da direção da equipe, num equivoco salvo por uma perda proposital e incompreensível de lance livre por parte da equipe venezuelana (foto final), e uma bola jogada para o alto no segundo final do jogo pelo Boracin… de três!

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

NÍVEL III…

A CBB decidiu após longos debates, exaustivos estudos, apurada pesquisa, que até 2015 somente os técnicos graduados (leia-se também “provisionados”) dos níveis I até o III poderão dirigir equipes no país, no que depreendemos que essa decisão será extensiva à LNB e seus dois campeonatos, o NBB e a LDB.

Cabe a ENTB/CBB graduar todos os técnicos, da formação à elite, através os celebrados cursos de 4 dias que vem promovendo de uns tempos para cá, com audiências que ultrapassam 100 candidatos pagantes, numa concentração de palestras que vão das técnicas e táticas, para as de caráter psicológico, administrativo, e mesmo sobre direito desportivo, tudo, repito, em 4 dias de muita teoria, e pouquíssima prática na modalidade.

Por conta de tão inteligente e oportuno estratagema, devidamente endossado pelos Cref’s de plantão, níveis III estão sendo distribuídos a granel, propiciando o preenchimento das vagas de técnicos e assistentes nas equipes que se defrontarão na LDB, e mesmo no NBB nas competições da LNB.

Claro, que tão profundo, acurado e detalhista preparo do nosso universo de técnicos, têm levado o grande jogo a patamares inexistentes anteriormente, com o pujante incremento de novas técnicas de treinamento, impressionantes avanços técnico táticos, onde uma enorme variedade de sistemas de jogo ofensivo e defensivo têm sido apresentados, assim como edificantes e altamente profissionais gerenciamentos de equipes vêm surgindo a cada dia, a cada ano de competições, marcadas pelo ineditismo, pela ousadia, pela criatividade, redimindo um passado recente nebuloso, principalmente na formação de base visando os importantes ciclos olímpicos que teremos de enfrentar.

E como tão importantes e relevantes passos estão sendo dados, nada como ilustrá-los com exemplos de sucesso, como o posicionamento de um técnico após a perda de um jogo no campeonato mais emblemático do basquete brasileiro, o paulista:

– Vamos parar no hotel. Ninguém vai tomar banho. É só para pegar as coisas e voltar. Quem não estiver no ônibus em cinco minutos, vai ficar. Eu não estou brincando. Ninguém vai tomar banho, ninguém vai demorar. Também não vamos parar para jantar. Estou com vergonha de vocês. Ninguém perde um jogo desse, ainda mais desse jeito, ninguém.

Bem, o jogo foi realizado em uma cidade 470 km distantes da sede da equipe, viagem feita de ônibus no dia do jogo, e cuja volta seria imediatamente após sua realização. A matéria que foi publicada pelo jornalista Fabio Balassiano do blog Bala na Cesta, sobre uma reportagem de Rafaela Gonçalves do Globo.com, vem provar definitivamente que níveis distribuídos a técnicos da forma como o são, em hipótese alguma representam qualificação, e sim um artifício perigoso, interesseiro e político para o futuro do grande jogo no país.

Preparar bons, sérios e atuantes técnicos é tarefa demorada, paciente, e acima de tudo responsável, e que não pode ser produto de interesses corporativos e profundamente grupais. Não se brinca com formação de base, profissionalização, ética. Não se brinca com equipes da elite, não se brinca de técnico impunemente, seja de que nível for…

Amém.

Foto – Reprodução da Tv. Clique na mesma para ampliá-la.

PS – Para maior entendimento acessem http://www.draftbrasil.net/blog/vergonhoso/

LÍDERES NOS ÊRROS…

Caramba, era um jogo com o líder do campeonato paulista, o mais poderoso do país, o mais prestigiado, a nata da elite, e transmitido ao vivo e à cores.

Primeiro quarto preenchido por um duelo ensandecido de arremessos de três, de lado a lado é o que se fez em quadra, sistemática e mediocremente, num espetáculo da mais absoluta falta de imaginação, de criação, de técnica, de tática.

De repente é desencadeada uma defesa pressão insistente, permanente, pela equipe da casa, e o mais incrível, seguidamente retomando a bola da equipe líder, sem contestações, sem reações, infringindo um dos mais primários fundamentos coletivos do grande jogo, o de sair de uma pressão pelo meio da quadra, tendo o apoio de um pivô exatamente nesse ponto, o meio da quadra, desértica, ignorada, abandonada…

Dá-se o distanciamento no marcador, como um sinal  para o inicio de uma sucessão de erros de fundamentos espantosa pelo número, 28 (13/15), cifra inadmissível em equipes da suposta e propalada elite do mais prestigioso campeonato do país.

Ao final, estampa-se na tela da TV um quadrinho estatístico aterrador, como para nos lembrar que para serem lideres de verdade, algo deve ser mudado nos futuros quadrinhos, como por exemplo, treinarem mais fundamentos, pois afinal de contas, um campeonato super valorizado como esse deveria ser visto como exemplo para as novas gerações, função maior daqueles que se arvoram como tal, mesmo com as  desculpas de inicio de temporada, quando erros táticos ainda seriam admissíveis, técnicos e individuais, jamais…

Amém.

Fotos – 1 – Arremesso de três de um lado…

2 – E do outro…

3- Saida equivocada e falha da pressão…

4 – O quadrinho…

Fotos – Reproduções da tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O (IMPERDOÁVEL) DESPERDÍCIO…

Eventualmente tenho noticias dos jogadores que dirigi no Saldanha da Gama no NBB2, uns diretamente pelo MSN, outros pelo acompanhamento de suas atuações nas diversas competições de que fazem parte pelo país afora, como num preito de amizade que foi estabelecida naqueles dois meses e meio que convivemos intensamente nos duros treinamentos e nos jogos disputados sob a égide do compromisso e do comprometimento em torno de algo inovador, corajosa e ousadamente tentado no campo de luta, onde as verdades foram duramente ditas e comprovadas.

Amiel, Roberto, Rafael, Muñoz, André, João Gabriel, De Jesus, Casé, Matheus, formavam o núcleo daquela equipe, hoje fragmentada e espalhada em diversas equipes do país, sem que tivéssemos a oportunidade de dar seguimento àquele trabalho, que certamente teria ajudado o grande jogo a sair da mesmice endêmica que o vem sufocando à décadas.

Ontem, assisti pela TV ao jogo Pinheiros e Metodista, muito mais pela presença do Muñoz e do André do que o previsível jogo em si, totalmente jogado no sistema único por ambas as equipes, num enfadonho replay do dia a dia do nosso basquete. Me fez mal ver aqueles dois bons jogadores entregues a uma mediocridade tática de dar medo, mais do que preocupante, terminal.

Mesmo assim gostei de revê-los, jogando muito aquém de suas reais possibilidades, muito ao contrario do que jogaram naqueles inesquecíveis meses de 2010, mas sobrevivendo através seus honestos trabalhos e suas atitudes de bons desportistas que são.

Mas algo me chocou profundamente lá pelo meio da segunda etapa do jogo, quando num dos tempos pedidos pelo técnico da Metodista, este aos gritos dirigidos ao Muñoz acusava-o de ser o culpado de uma falha defensiva, das muitas que ocorriam naquela equipe equivocada defensivamente, desencadeando uma inesperada reação do excelente armador panamenho, que tomando a prancheta de suas mãos fez ver ao vociferante técnico que, se erro ocorreu não foi por sua culpa, e sim pela disposição defensiva da equipe frente aos corta luzes do adversário, provocando um recuo do mesmo, num lamentável espetáculo de desencontro entre comandante e comandados em torno de exigências pontuais  não previstas no plano tático.

A cena em si, profundamente comprometedora, me fez lembrar o quanto de entendimento tínhamos dentro da realidade daquela equipe de Vitoria, coesa em sua simplicidade, cúmplice que era de sistemas proprietários somente praticados por ela em toda a liga, e quanto os mesmos representavam para a coesão de todos em torno da mais simples das realidades, o crédito e a confiança que emanava e irmanava a todos, comandante e comandados, sem indisciplinas, cobranças, ameaças e coerções, onde todos remavam numa mesma direção, e onde os erros eram reconhecidos não por um, e sim por todos, assim como os acertos, as derrotas e as vitorias, fatores que a solidificavam como uma verdadeira equipe, e não um bando, dos muitos que vemos hoje em dia.

O Muñoz é muito mais do que vem apresentando nessa equipe paulista, já que armador brilhante, e pontuador dos mais competentes que conheci (vejam aqui uma de suas brilhantes apresentações), além de ser um tático criativo e altamente competitivo, muito além do que um passador de bola e corredor de maratona em que transformaram nossos armadores desde que implantaram o trágico sistema único entre nós.

E no frigir dos ovos, fico imaginando o que teria acontecido se aquele núcleo de jogadores tivesse permanecido junto, unido aos sistemas que desenvolveram, ou mesmo, se alguém de bom senso nesse país, que no comando administrativo de uma equipe da liga tornasse a reuní-los, dando continuidade àquele trabalho iniciado e interrompido no Saldanha, o quanto de impulso provocaria no seio da liga pela continuidade do mesmo, assim como outra concepção proposta pelo Marcel, a dos triângulos que ele tanto defende e entende, provocando os contraditórios, que são os fatores mais importantes e estratégicos para o pleno desenvolvimento de um segmento, seja de vida, político, cultural, educacional, desportivo. Mas para tanto, algo teria de ser plenamente contornado, o forte e até agora inexpugnável corporativismo técnico que cerceia e esmaga o progresso do grande jogo em nosso imenso e desigual país.

Assim vejo o nosso basquete de elite, urgentemente necessitado de novas concepções de jogo, que inspirem novos sistemas, novos adeptos, novas gerações, e que sejam lastreados pela pratica indistinta e maciça dos  fundamentos do jogo, como devem ser desenvolvidos e praticados desde a formação de base.

Acredito que possamos evoluir com segurança à partir do momento em que ousemos novas formas de jogar, que adotemos outras concepções no processo evolutivo do grande jogo, além do único que percorremos nos últimos 25 anos de dolorosa e espinhosa caminhada.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Foto 1 – O batalhador pivô André.

Foto 2 – Muñoz em sua solitaria armação no sistema único.

Foto 3 – Muñoz é ademoestado por suposto erro defensivo…

Foto 4 – … e demonstra na prancheta o erro da injusta admoestação.

PÉROLAS…

“A marcação por zona é um fator que restringe a ofensiva americana, pois não têm especialistas nas bolinhas de três” (comentarista da ESPN, e fico imaginando como denominar o Durant…).

            “Sem os pivôs sua ofensiva se torna deficiente junto à cesta, obrigando-os aos tiros de fora” (comentarista da SPORTV).

            “Sem os cincões ficam inferiorizados nos rebotes, defensivos e ofensivos também” (comentários gerais).

            “Como é possível jogar o tempo todo com os cinco abertos?” (outro comentário na ESPN).

            “São gênios, extraterrestres, sublimes…(o comentarista-técnico, ou técnico-comentarista, no SPORTV, que aliás, agora mesmo no programa Bem Amigos vaticinou – “Em 2016 quero dar minha contribuição, e que talvez não seja como comentarista”, e fico imaginando qual seja…)”.

            Indubitavelmente são pérolas, e como tais devem ser cultivadas, a fim de que não nos esqueçamos o que representam.

Os americanos, que desde o Mundial de dois anos atrás resolveram jogar um outro jogo, estranho para a maioria adepta  do sistema único, que consideraram a inovação como algo inimaginável e de curto alcance. Não foi, nem será, pois alguns poucos propugnam por algo semelhante, inclusive lá mesmo, na Meca do grande jogo, haja vista algumas equipes da NBA que já arriscam algo semelhante, e mesmo algumas da NCAA.

Por aqui, nem pensar, afinal, segundo especialistas, o Magnano não deve se preocupar com a posição 5, bem fornida de talentos, assim como na armação cujos prospectos já estão definidos para 2016. O problema para todos eles se encontra nas alas, os 2 e 3, pois o sistema formatado e padronizado necessita dessas “estratégicas” posições, a fim de que o mesmo seja mantido e desenvolvido (?), afinal de contas empregos têm de ser mantidos, ao preço que for.

Então, na opinião dessa turma, os americanos puderam jogar da forma que jogaram por serem excepcionais, geniais, extraterrestres, aberrações da natureza, etc e tal, quando na realidade assim jogaram por terem o completo domínio dos fundamentos, independente de posições, estaturas, pesos e habilidades especificas. Jogaram abertos porque sabiam transmutar abertura em infiltrações, armação em jogo central, e este em jogo lateral, tendo como denominador comum a ambidestralidade, o conhecimento e a leitura do jogo, além de praticar de forma brilhante o posicionamento defensivo, no corpo e na mente, contabilizando de forma unificada os fundamentos do jogo.

Criatividade nasce da improvisação, que é uma habilidade destinada aos que conhecem seu ofício, profunda e tecnicamente, tornando os sistemas de jogo, abertos ou fechados, factíveis e vencedores, pois só improvisa quem sabe, quem conhece profundamente a arte do grande jogo.

Observem as fotos, projetem de acordo com os grandes jogadores que as ilustram os caminhos que percorreram dentro de defesas poderosas como a argentina e a espanhola, para no fim das contas darem-se conta de que o grande, grandíssimo jogo pode sim, ser jogado de formas diferentes, inclusive por nós. Um dia, nem tão distante assim provei que podemos, e me angustio em não ser permitido sedimentar tal possibilidade, pois não vejo ninguém da nata diretiva sequer interessado no assunto.

Mas acredito, tenho fé e esperanças que alguns dos novos técnicos , insistam, perseverem, pois quem sabe, poderemos enfrentar esse novo ciclo olímpico da forma mais desejada possível, aquela que reflete a competência, o estudo, a pesquisa, e a ousadia na busca de dias melhores para nossos jovens, pois merecem acessar algo de novo, inspirador e acima de tudo, desafiador.

Amém.

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A EQUAÇÃO DE PRIMEIRÍSSIMO GRAU…

 

O sucesso técnico tático de uma equipe será diretamente proporcional ao maior ou menor domínio que seus componentes tenham sobre os fundamentos básicos do jogo.

            Uma simples equação frente à realidade de fatos não tão simples assim, já que no entrechoque de duas realidades realmente antagônicas, somente aquela que mais se aproximasse de sua lógica, seria contemplada com a vitória.

A Argentina domina os fundamentos básicos do jogo, o Brasil, na maioria de seus integrantes, não. Por conta disso, o sistema de jogo argentino flui com naturalidade, o brasileiro oscila, trava, se esvai em tentativas limitadas pela ausência dos conhecimentos básicos do jogo, nos dribles, fintas, passes, rebotes, posicionamento defensivo, corta luzes, bloqueios, e principalmente, arremessos. E quando menciono integrantes relaciono não somente os jogadores, mas os técnicos também, alguns deles, os estrategistas…

Exemplifiquemos:

– Observemos essas duas fotos do 1º quarto: Na primeira, a equipe brasileira opta pelo jogo interior, com seus pivôs em constantes deslocamentos, com o ala os apoiando, e a armação razoavelmente solta para acioná-los, o que foi feito nesse quarto de forma eficiente (agora vem o Lamas “esclarecer” que a soltura do Huertas foi proposital, no que duvido um pouco…).

Na segunda, os erros de fundamentos começavam a aparecer e influenciar no resultado, principalmente nas trocas frente aos corta luzes argentinos, bem feitos e bem concatenados. Mesmo assim foi um quarto bom para os brasileiros.

Nesse quarto, a eficiência dos arremessadores argentinos se faz presente, ante a falta de contestação defensiva brasileira (erros defensivos de fundamentos), originando uma contagem positiva para os mesmos, assim como o apoio aos pivôs decresceu substancialmente no ataque brasileiro.

 

 

 

 

 

Mas foi no 3º quarto que a tendência argentina de congestionar seu garrafão numa flutuação lateralizada se fez presente, tornando os ataques internos brasileiros em uma luta solitária de um pivô sem ajuda de outro e mesmo de um dos alas, todos estáticos na espera, ou de uma ação anotadora do armador, ou da improvável pontuação do pivô, dando inicio ao tradicional reinado das bolinhas, com a grande maioria de suas tentativas, 7/23, perpetradas nesses dois quartos finais, no mais notório de nossos erros de fundamentos, os arremessos desequilibrados, afobados, mal selecionados, e por tudo isso, ineficientes e até irresponsáveis, fora o drama dos lances livres, inconcebível numa seleção nacional pretendente a uma medalha olímpica. Some-se a isso o “freio” na movimentação ofensiva dos pivôs, onde o Varejão era o mais atuante, e que foi preterido no quarto final por um Spliter inseguro, ou um Nenê a meia  boca, estáticos e inoperantes, sem sequer a ajuda do Guilherme e do Marcelo, ambos se posicionando no perímetro externo para as…bolinhas salvadoras (?)

Enquanto isso, um Scola mais solto decidia no âmago da defesa, ora concluindo, ora voltando a bola para os eficientes arremessos externos, sem contestações, sem coberturas, assim como o Alex perde um contra ataque forçando faltosamente sobre o Ginobili, quando poderia passar a bola a um companheiro melhor colocado, seguido por uma perda de bola do Leandro ao tentar uma finta com bola sobre o mesmo Ginobili, demonstrando sua carência nesse fundamento, que é uma das armas mais eficientes de seu oponente.

Entretanto, a artilharia ineficaz e desesperada continuaria, quando uma ação voltada aos dois pontos de cada vez deveria ter sido a opção mais inteligente, frente a uma seleção que demonstrava estafa, e por conseguinte grandes dificuldades para frear possíveis incursões interiores por parte de uma seleção com muito pouca leitura estratégica de jogo (fundamentos coletivos), e por isso talhada à derrota.

Finalmente, duas das mais impactantes evidências, expostas nas duas fotos a seguir, quando na primeira, um exemplo perfeito de domínio dos fundamentos individuais e coletivos nesse corta luz argentino por sobre um ineficaz, por falho, domínio dos mesmos no aspecto defensivo por parte dos brasileiros. Essa realidade insofismável traça, como vem sendo traçada a grande e determinante diferença que separa os dois países no trabalho de base, onde são forjados os grandes jogadores, frutos do perfeito domínio dos fundamentos do jogo.

Na outra, para aqueles que realmente conhecem os fundamentos da arte dos arremessos, e principalmente, como ensiná-los (e aqui propugno e afianço não ser a idade e o status de qualquer jogador para que o mesmo seja devidamente corrigido, aprimorado, ou mesmo ensinado por quem realmente sabe fazê-lo), uma visão de como não arremessar um lance livre (observem o movimento final da mão impulsionadora, a responsável pelo direcionamento da bola) por parte do Spliter.

Concluo com uma observação prática, quando no comando da equipe do Saldanha da Gama no NBB2, deparei-me com o drama real de uma equipe, que dentre varias deficiências nos fundamentos, a endêmica perda dos lances livres era a responsável por muitas das derrotas da equipe (publiquei uma serie de 49 artigos reportando o dia a dia dos treinamentos e jogos, e o primeiro deles está aqui). Corrigi a deficiência, treinei profundamente os fundamentos, e passamos a vencer jogos contra grandes equipes, principalmente nos…lances livres.

Exatamente por isso fico surpreso quando vejo comissões técnicas de nossas seleções, recheadas dos maiores luminares da profissão (depreendo que sejam, pois lá estão……), com vastíssima experiência no ensino dos fundamentos, senhores das melhores didáticas inerentes ao mesmo, advindos da brilhante e pródiga formação de base que possuimos, unidos em torno de uma forte e progressista associação de técnicos, todos comprometidos com os designios de uma verdadeira politica de desenvolvimento do desporto no país, ungidos pela ética e pelo trabalho orientado pelo mérito e pelos principios democraticos, sobraçando prosaicas e midiáticas pranchetas, e apresentando o resultado de todo esse magnifico empenho nas competições dos últimos anos, como essa recem finda em Londres, quando, para a surpresa dos mesmos (ah, os detalhes…) perdemos exatamente por não dominarmos os rudimentos  básicos do grande jogo, seus desprezados fundamentos, sem os quais Magnano nenhum no mundo conseguirá prosperar seus sistemas de jogo.

A equação de primeiríssimo grau tem de ser resolvida para 2016, senão…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Amém.