O REINO DAS “BOLINHAS” XI…

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Dizer mais o que depois de um jogo onde um jogador contabiliza 36 pontos, sendo 24 em arremessos de três (8/11), sem a mínima contestação de um adversário, que apostando também nas bolinhas naufragou em erros e omissões. Nezinho fez o que quis, arremessou como quis, passou e assistiu como quis, livre e solto, assim como seus companheiros de artilharia. Convergir para sua equipe tornou-se lugar comum (hoje foram 15/30 nos dois e 15/36 nos três), e talvez chegue ao titulo convergindo crescentemente, ante defesas de brincadeira, ante defesas de mentira. Impossível ficar indiferente perante tanta incompetência, proposital ou simplesmente ignorante, pois levar pontos em profusão de um jogador que arremessa da altura do seu plexo, tendo 1,85 ou menos, é de uma indigência defensiva lamentável.

Se para cada inócuo rachão fossem os jogadores treinados nos fundamentos do jogo, de defesa, nos acompanhamentos lineares, nas contestações verticais sem projeção frontal, na anteposição ao passe, ao trajeto preferencial que antecede o arremesso de um oponente, todos itens de pleno conhecimento de jogadores e técnicos que conhecem defesa, seus detalhes, e a forma de treiná-los, sistematicamente, confiando em sua técnica e não na falsa premissa de que para defender basta a vontade e o empenho em fazê-lo.

Fossemos mais diligentes nos fundamentos, de defesa em particular, e jogador nenhum que arremessasse da altura do plexo completaria seu movimento sem ser convenientemente bloqueado, obrigando-o a elevar seus braços, alterando sua trajetória, diminuindo sua eficiência, bem ao contrário de assisti-lo em sua pujante, porém evitável, técnica. Nezinho foi brilhante, sem dúvida, mas o seria se marcado de verdade?

Mas Brasília não é só Nezinho, é um grupo experiente e longevo em sua formação, constituindo-se numa força perfeitamente adaptada à essa forma de jogar convergente e em permanente transição, sinalizando aos oponentes que para vencê-lo precisam atuar de forma divergente à sua, que no panorama de mesmice endêmica em que se encontram é uma tarefa bastante difícil.

São José ainda tem uma chance de reverter o quadro, mas para que isso ocorra terá de defender com afinco, técnica e decisão, e atacar no perímetro interno, pois emulando os candangos no externo não terão como continuar na competição.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Fotos de 1 a 4 – O grande festival das bolinhas…

DE CONVERGÊNCIAS A ERROS TÁTICOS…

De Uberlândia mais um capítulo convergente do basquete tupiniquim, e desta feita através o vencedor Pinheiros, em duas prorrogações, com a marca inacreditável de 18/33 nos arremessos de dois, e 16/39 nas famigeradas (imarcáveis? Ao menos contestadas?) bolinhas de três. Como vemos, a temporada de caça aos pombos está deflagrada por aqui, num torneio paralelo ao NBB de desafios para atestar quem “chuta mais”, e quem contesta menos. Vencedores? Sim, equipes que “pensam” estar inaugurando e definindo um novo caminho para o grande jogo entre nós. Perdedores? Não só eles próprios (e sequer desconfiam…) como, e ai tragicamente, toda uma geração de talentosos jogadores, que pelos exemplos em quadra, inoculam o vírus de tão primário e tacanho modo de jogar basquetebol.

Mas estão vencendo, não importando os meios, e sim justificando os fins, para gáudio e glória daqueles que no fundo odeiam o grande jogo, simplesmente por não saberem jogá-lo, como atestam frente à realidade dos embates internacionais “de qualidade”…

No Rio, dentro de um verdadeiro e unilateral caldeirão rubro negro (não localizei um torcedor que fosse do Paulistano), os mandantes do jogo fizeram um primeiro tempo ridículo e comprometedor, frente a uma equipe que simplesmente decidiu marcar de verdade, contestar para valer, e lutar pelos rebotes na marra e na disposição. Levou 16 pontos de vantagem para o vestiário, mantendo na volta o ritmo inicial, quando, no quarto final, cometeu um erro capital, que vem prejudicando de forma crescente muitas das equipes na competição, a pressão, coerção e perda de foco, transferido-o para a arbitragem, esquecendo que o fator A/C prevalece nessas circunstâncias, principalmente frente a uma vociferante torcida presente, predominantemente de futebol, cuja equipe também, e fortemente, contestava a arbitragem. Num momento dessa envergadura, o lado que melhor controlasse seus nervos, levaria vantagem ao final, o que não foi o caso do Paulistano, pois se assim fosse, não teria cometido um erro mortal ao manter um jogador altamente experiente e de seleção no banco, o Muñoz, que teria sido importante na contestação linear sobre o Duda (ação de acompanhamento linear que precede ao posicionamento ideal para o arremesso em movimento, freiando-o, que são características dos lançadores de três, como o Duda, o Marcos e o Benite, pois o Alexandre os executa sem o deslocamento) quando o mesmo virou o jogo com suas bolinhas de três, assim como tem mais habilidade que o Andre (nitidamente cansado) nas penetrações para assistir seus pivôs, àquela altura sem a presença intimidadora do Caio, com ação correlata e multiplicadora através o Elinho do lado oposto.

Preferiu o jovem técnico exercer um intenso rodízio ataque-defesa de seus pivôs, quando o problema à descoberto era a contestação dos longos arremessos de seu adversário, uma marca registrada do mesmo, além de lançar mão de faltas no Shilton, emérito perdedor de lances livres (3/11).

Frente a tais erros, a equipe carioca soube manter um mínimo de controle emocional, e apesar de ter jogado muito mal, venceu uma partida que a coloca em situação privilegiada no decisivo jogo de amanhã em casa.

Não foi um jogo de muitos arremessos de fora (9/22 para o Flamengo e 7/16 para o Paulistano), mas que foram decisivos pelas circunstâncias assinaladas acima.

A não mais preocupar, a notória quantidade de erros cometidos por ambas as equipes, 27, já que maltratar os fundamentos básicos do jogo se tornou regra geral, pelo fato de que jogador de elite não treina fundamentos, mas…chuta como ninguém.

Amém.

Em tempo – A/C – Arbitragem (não muito exigente) caseira.

Foto – Divulgação LNB.

DUAS QUESTÕES ANTAGÔNICAS…

Dois jogos, duas histórias diametralmente opostas, onde Brasília e São José apostaram (como sempre o fazem) no jogo externo (foram 23/62 arremessos de três e 32/68 de dois, com um inacreditável 46/61 nos lances livres) e na pancadaria explicita sobre aqueles temerários que se aventurassem no jogo interior.

Mais uma vez o jogo convergente dos candangos prevaleceu (13/34 nos três e 19/32 nos de dois pontos) ante um adversário que também atuou de forma semelhante, porém menos eficiente nas conclusões (13/36 de dois e 10/28 de três pontos), além de desencadearem uma verdadeira torrente de reclamações, frente a um grupo temido pela maioria dos juízes, que antenados ou não a absurdos microfones, deixam vazar no éter mais absurdos ainda diálogos desnecessários e pretensiosos (mas, midiáticos e vaidosos) que uma simples aplicação das regras os tornariam dispensáveis, como deve ser.

Jogo convergente, defesas furadas e equivocadas, enxurrada de bolinhas, faltas a granel, reclamações estapafúrdias, técnicas no atacado, expulsão de técnico, álibi perfeito para uma derrota, numa partida imerecedora de um playoff classificatório. Torçamos que no próximo encontro possamos assistir basquete de verdade, bem jogado e melhor arbitrado, digno dos finalistas do NBB4.

Em Bauru, um jogo de verdade, estudado em toda sua duração, mas sem deixar de ser rápido e preciso quando técnica e taticamente necessário.

Foi um jogo “lá dentro”, reduto dos que sabem realmente jogar o grande jogo, e quando as ações externas se tornam opções naturais, e não a finalidade a ser alcançada.

É muito bom e alentador podermos ver experientes e novos (alguns novíssimos) jogadores duelarem em conjunto no âmago das defesas, onde o saber driblar, fintar com ou sem a bola, passar em espaços diminutos, lutar pela melhor colocação nos rebotes, decidir com coragem e domínio técnico qual a melhor jogada que se apresenta, inclusive fazendo renascer o decisivo DPJ, assim como estabelecer ao lado das coreografias pranchetadas vindas de fora (sim, foram tentadas algumas delas, que graças aos deuses deram lugar a ações criativas e ousadas…) soluções para o jogo externo, porém “vindo de dentro” como deve ser, originando conclusões mais precisas e equilibradas.

Venceu Bauru, apesar de somente poder contar com oito jogadores, pela maior experiência e rodagem de sua equipe, mais afeita a jogos difíceis e disputados nos limites do físico e do controle mental. No entanto, que bela geração esta que está nascendo em Franca, em Bauru, forte, alta, habilidosa e acima de tudo, ao encontro da eficiência nos fundamentos do grande jogo, responsável pelos ainda relevantes vinte erros cometidos, mas a caminho de dominá-los com relativa perfeição.

Números? Sim, foram bem distantes dos perpetrados no jogo de Brasília, a começar pelos vinte arremessos a menos nas bolinhas (9/26 para Bauru e 7/16 para Franca), e 22/33 para Bauru e 43/78 para Franca nas de dois pontos, com 15/20 e 16/20 respectivamente nos lances livres, e os trinta um rebotes conquistados por cada uma das equipes.

Enfim, são jogos dessa qualidade e teor que trarão de volta a nossa tradição de bem jogar o grande jogo, e a torcida amante dos bons e empolgantes espetáculos, e não a exibição narcisista e autofágica dos verdadeiros petardos que têm sido lançados às cestas por jogadores de todas as idades e posições, como o apanágio do que consideram jogá-lo da forma mais eficiente possível. Estavam, estão e estarão sempre enganados, assim como seus técnicos,  na continuidade deste lamentável equívoco.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

FALANDO DE DUPLA ARMAÇÃO…

(…) É um jogo difícil, mas com a ausência do pivô deles, o Deivisson, faremos um jogo interior mais forte, contando também com a experiência da equipe, acostumada às pressões (…) Técnico de Brasília na entrevista antes da partida ao Sportv.

 

 

 

(…) O time não está bem, depois dizem que eu fico brabo… Não estamos marcando nada, nada…(…) Jogador Shamell em entrevista ao Sportv no intervalo da partida.

 

 

 

(…) A equipe do Pinheiros está perdida em quadra, insistindo nos arremessos de três, precisa mudar a estratégia, quem sabe uma dupla armação, que é uma tendência mundial… (…) Comentarista Renato Santos do Sportv no terceiro quarto da partida.

 

 

 

Mas o plano pré anunciado do técnico do Brasília não funcionou, apesar de ter sido tentado o jogo interior através o Paulão e o Cipriano em varias fases do jogo, quase sempre contestado pela veloz defesa do São José, onde o Jefferson, o Murilo e o Chico com sua grande mobilidade anularam os lentos pivôs candangos, e até mesmo o eficiente Alirio. Com a tabela dominada, ficou bem mais fácil o jogo veloz e insinuante do Fúlvio, Laws e Dedé, que dosaram melhor seus arremessos, fugindo da usual convergência (24/43 de dois pontos e 8/23 de três) o que forçou a equipe brasiliense a tentar um equilíbrio utilizando dois armadores em quadra, juntando o Nezinho e o Eric, ação muito rara nessa equipe que fundamenta todo o seu trabalho ofensivo no sistema único e numa convergência permanente (19/32 de dois pontos e 10/30 de três nesse jogo), que pela longa convivência de seus jogadores funciona melhor que todos seus oponentes utentes do mesmo.

 

Tentar uma dupla armação, como veremos mais adiante, não se trata de simplesmente escalar dois armadores juntos, como tem sido tentado por algumas equipes, com melhoras evidentes na melhor condução de bola, dos passes e do sistema defensivo fora do perímetro, e sem alterar um milímetro a estrutura do sistema único e suas jogadas marcadas.

 

Num outro jogo dessa rodada infernal, findo o primeiro tempo onde a equipe do Pinheiros não conseguia parar o eficiente e objetivo time do Uberlândia, Shamell deitou suas criticas pela TV, cobrando defesa, inexistente para ele, e a começar por ele mesmo, visivelmente deslocado na equipe, onde seu extremo individualismo a fez vencedora no playoff anterior, mas sem contornar o mais do que evidente descompasso com o técnico da equipe, numa quebra de hierarquia que poderá vir a cobrar juros muito altos no restante do playoff atual.

 

E lá no final do terceiro quarto, num pedido de tempo o técnico nada fala, mas de cenho fechado transparece todo o seu descontentamento, numa hora em que algo deveria ser implementado, claro, se treinado e compreendido. Foi nesse momento que o comentarista sugeria a dupla armação, como numa tentativa de melhorar uma situação irreversível àquela altura de uma equipe quebrada em sua estrutura técnica, tática e emocional, e fisicamente cansada.

 

Dupla armação, uma tendência mundial, me desculpe o prezado comentarista, mas desde o inicio do século passado os americanos assim escalavam suas equipes- Two guards, two fowards, one center…

 

Jogar em dupla armação, e tirar dela todo o potencial ofensivo que pode desencadear se complementada por três homens altos, rápidos, ágeis e com bons fundamentos atuando no perímetro interno, significa uma quebra de paradigmas, basicamente um que nos tem coisificado a duas décadas, o sistema único.

 

Jogar em dupla armação exige sérias mudanças de preparo na base, no estudo de um sistema diferenciado, onde a criatividade e leitura plena de jogo se destaca acima de qualquer situação que delineie jogadas armadas, coreografadas, permitindo aos jogadores o desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades, por mais humildes que sejam.

 

Jogar em dupla armação exige treinamento exaustivo dos fundamentos, seja em que nível se encontrar o jogador, na base ou na elite, se baixo ou alto, se armador, ala ou pivô, pois se trata de estar sempre em contato com seu ferramental de trabalho, onde enterradas e tocos se constituem em bônus de jogo, jamais fundamentos do mesmo, e arremessos de três são reservados àqueles especialistas do mesmo, que são poucos, muito poucos.

 

Enfim, pouco temos em literatura e mídia sobre dupla armação de verdade, e muito menos sobre jogo interior de pivôs móveis, e por isso sugiro que revejam quando possível, e se interessar possam , acessarem nesse blog o item Multimídia (no espaço Categorias), onde jogos com a utilização plena desse sistema de jogo estão disponíveis para que possam ser pesquisados, estudados e analisados, aceitos ou não, mas pelo menos plena e razoavelmente conhecido.

 

Em tempo – São vídeos completos da equipe do Saldanha da Gama no NBB2.

 

Amém.

 

Fotos – Reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

ALEGRIA E TRISTEZA…

Foi um bom jogo, bom mesmo, apesar dos 33 erros de fundamentos, 10 para Franca, 23 para Bauru, cometidos pela enorme pressão defensiva, por ambas as equipes, desnudando uma de nossas maiores deficiências, os sistemáticos erros no drible e nos passes quando submetidos a fortes e muito próximas defesas, e nesse pormenor a ausência do Ricardo Fischer foi decisiva para o Bauru, que viu sua dupla armação que vinha se impondo nos últimos jogos desmontada, sobrecarregando o Larry em demasia.

Mas algo de muito positivo ocorreu no transcurso do jogo, a clara opção pelo jogo interior por parte de ambas as equipes, num duelo realmente impactante, somente quebrado por alguns arremessos de três forçados e desequilibrados, mostrando que o hábito das bolinhas ainda resistirá por um longo tempo, até que uma conscientização de nossos jogadores, inclusive os mais jovens, no sentido de valorizarem os arremessos mais precisos e eficientes, substitua com vantagens os imprecisos longos arremessos, deixando-os para os verdadeiros especialistas nos mesmos, que são muito poucos.

Um jogo do NBB, num playoff, que apresenta valores como 22/45 arremessos de dois pontos e 6/18 de três para Franca e 19/32 e 5/17 para Bauru respectivamente, nos deixa esperançoso de que aos poucos estaremos superando e estancando a hemorragia dos três, pois 35 bolinhas comparadas à media de mais de 50 arremessadas por nossas melhores equipes durante toda a competição, sinalize no sentido de que podemos, e muito bem, otimizar cada ataque realizado nesse nível, nos aproximando das melhores medias internacionais, e até mesmo as superando se investirmos num preparo mais aprimorado dos fundamentos, principalmente na base, pois talento e material humano de ótima qualidade possuímos desde sempre.

Um outro fator chama a atenção, quando a retomada do jogo interior recebe um novo e forte investimento por parte de algumas equipes, a presença de valores altamente aptos ao mesmo, em altura, velocidade, flexibilidade, e um bem razoável controle dos fundamentos, basicamente os do drible, da finta, do passe e da defesa, rápida e antecipativa.

No jogo de hoje, Teichmann, Lucas, Leo, Jhonatan, Pilar, André, provaram o quanto de talento pode desabrochar quando inseridos num sistema de jogo que os incentivem às penetrações com e sem a bola, às fintas, às levadas de bola nas transições, à defesa antecipada e até mesmo pressionada por toda a quadra, e em alguns casos ajudando na armação, como o Teichmann e o Pilar.

Enfim, pivôs moveis, ou se quiserem, alas pivôs, podem se tornar uma efetiva e evolutiva opção de jogo, apoiados por uma dupla armação interagindo com os mesmos desde o perímetro externo, assim como constituindo esses dois segmentos num forte e confiável conceito defensivo, fundamentado na velocidade e no posicionamento antecipativo e pressionado.

Fico alegre e otimista frente a esta nova tendência, corajosa e inteligentemente utilizada por algumas equipes, como as do bom jogo de hoje, assim como fico imensamente triste por não me ser permitido participar dessa evolução que, temerária, porém visionariamente iniciei no Saldanha no NBB2.

Vida que segue, porque o mais importante, graças aos deuses, está acontecendo, ainda a tempo para enfrentarmos 2016 com algum sucesso.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

Foto 1 – Pressão na armação adversária, excelente medida de retardo.

Foto 2 – Defesa antecipativa e pressionada, pena que sem flutuação lateralizada  relacionada à linha da bola.

Foto 3 – Excelente ataque dos pivôs de alta mobilidade de Franca.

Foto 4 – Pressão continua de Franca.

Foto 5 – Jogo interior de Bauru.

Foto 6 – Inadequado arremesso de três num momento critico do jogo.

Foto 7 – Idem por parte de Bauru.

Foto 8 – E 1 ponto vence o jogo…

 

A ARTE DE PERDER…

Como mais do que previsto, o Pinheiros abocanhou a classificação convergindo (aliás, poderíamos a essa altura reformar o termo para divergindo, não sei, talvez mais apropriado…) de forma contundente e seqüencial (vide artigo anterior), com um 15/29 nas bolinhas de três, contra 17/24 nas de dois, sofrendo 6/26 e 21/35 respectivamente por parte de Limeira, que mais uma vez se viu impotente ante a consentida avalanche vinda lá de fora de seu oponente, provando sua mais absoluta incompetência defensiva fora do perímetro.

Com o público testemunhando 55 arremessos de três e 59 de dois, fica bastante compreensível o nível técnico que progressivamente vai se instalando no nosso modo de jogar, e lá já vão cinco NBB’s, fazendo com que nos preocupemos com o que virá no próximo…

No entanto, lá em cima, na ensolarada Fortaleza, pudemos assistir mais um capítulo da novela A Arte de Perder, que não é para qualquer um, mesmo sendo global…

O representante do nordeste,  que protagonizou uma inenarrável convergência (8/36 nas bolinhas e 20/34 nas de dois), e estando a segundos do final com dois pontos à frente, viu o jogador André desferir um petardo, convenientemente contestado pelo defensor paulista (aliás, ambos paulistas, ou quase todos, pois de cearenses…ora deixa pra lá…), errando e dando chance a um ataque interior do Paulistano que culminou num outro petardo, agora do Elinho, que de tabela empatou o jogo.

O que se viu daí para diante foi constrangedor, com uma reposição de bola no ataque por parte dos cearenses (?), que sequer entrou em jogo, saindo direto pela linha final, dando segundos de chance para uma longa, aérea e dividida reposição, que encontrou um Eddy embaixo da cesta, onde sofreu falta na tentativa de uma bandeja. Lance livre convertido e acaba um jogo emblemático e balizador.

E porque balizador?

A equipe do Paulistano utilizou o sistema único por todo o tempo, mas agilizou-o empregando dois e até três armadores em quadra (vide a primeira foto) e mesmo assim priorizando o jogo interior, onde pendurou em faltas o Felipe, arremessou 10/20 lances livres, quando seu oponente somente o fez em 4/7 oportunidades, caracterizando as duas claras opções ofensivas, onde a equipe paulista priorizou o jogo interior, as conclusões de media e curta distância (22/41 de dois e 6/24 de três), e um combate defensivo mais efetivo através as contestações às longas bolinhas de seu adversário, que em sua avassaladora opção pela convergência claudicou inclusive num de seus pontos mais fortes, os rebotes, conseguindo 28, enquanto seu oponente conquistou 41.

Tal confronto demonstrou a crescente tendência pelo jogo exterior, por grande parte de nossas equipes de elite, e a outra partida de ontem em São Paulo a confirma com sobras, preocupando a todos que propugnam por um basquete mais técnico, estudado e objetivo, onde cada ataque deveria ser otimizado através arremessos equilibrados e eficientes, e não essa hemorragia que vem paulatinamente anulando e deixando de lado a criatividade clássica inerente ao grande jogo.

Felizmente, uns poucos técnicos começam a reagir ante tal ameaça, e o do Paulistano é um deles, mas que ainda permite que sua boa e aguerrida equipe arremesse, como ontem, 5/24 bolinhas de três, quando se optasse pela metade das que falharam por arremessos interiores, sem dúvida alguma venceria por boa margem, e não ficaria dependendo do “milagre” do Elinho com seu petardo de fora, e de tabela. Mais uma vez, e ironicamente, venceu o jogo através um singelo lance livre do Eddy, aquele arremesso que só vale 1 ponto.

Amém.

Em Tempo – Que bela contratação a do Muñoz, um jogador que realmente põe a casa em ordem, no ataque e na defesa, e executa o DPJ como ninguém.

 

Fotos – Reproduções da TV.

 

Foto 1 – Paulistano em tripla armação.

Foto 2 – A defesa zonal que “incentivou” o jogo externo nordestino…

Fotos 3, 4, 5, 6 e 7 – Sequência que definiu o jogo.

O REINADO DAS “BOLINHAS” IX…

De repente o técnico de Limeira se enfurece, esbraveja, cai em si, amansa e cobra de sua defesa as seguidas penetrações dos atacantes adversários, exigindo mais atenção e combate. Até ai tudo bem, a não ser por um pequeno detalhe (ah, os detalhes…), a equipe do Pinheiros esmagava a sua com arremessos de três (foram 17/36 de três, e 17/19 de dois, numa absurda convergência, talvez recorde na Liga…) nunca contestados (vide foto em que o defensor dá as costas ao arremessador), talvez pela má performance do jogo anterior, quando seu adversário arremessou 12/33 de três e 15/33 de dois, dando sérias pistas de como agiria dali para frente. Tivesse trocado dez daquelas bolinhas de três por dez de dois pontos, cedendo algumas penetrações e teria vencido o jogo, numa continha aritmética básica.

Como na partida anterior conseguiu fechar o miolo de seu garrafão, ofereceu uma única alternativa a seu oponente, o bombardeio de fora, já que sua inoperância tática no jogo interno é um fato constrangedor. Ora, essa prevista possibilidade em tudo e por tudo culminaria em outra possibilidade, a de que os acertos evoluíssem, ainda mais quando absolutamente não contestados.

E não deu outra, perdendo, ai sim, a grande possibilidade de fechar a série em 3 x 0, numa conquista marcante, mas dificultada daqui para diante.

Agora, é de pasmar que uma equipe que nos dois últimos jogos comete um 28/69 em bolas de três e 32/52 de dois consiga levar de vencida uma outra pelo absurdo fato de não contestar seus longos arremessos, sequer tentar, permitindo um verdadeiro “tiro aos pombos”, na acepção do termo…

Como vemos, aos poucos evoluímos para uma dupla armação, um jogo interior mais eficiente e dinâmico, mas por outro lado ainda nos mantemos escravos dessa incúria suicida e autofágica dos três, cuja permissividade defensiva raia ao mais completo absurdo.

E ao final desse grotesco espetáculo ainda teríamos mais um capítulo da série “Contestando hierarquias”, com discussões públicas e indisciplinas contundentes, num espetáculo para lá de…

Mas há quem goste…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O CAOS…

Quando num tempo pedido naquele momento decisivo de um jogo fundamental, já que disputado em casa, uma coletividade  rompe todo e qualquer principio hierárquico que define o básico conceito de equipe, o resultado se torna catastrófico, e pode ser definido pelas seis imagens aqui postadas. Elas contam e definem tudo aquilo que transcende comando e comandados, elas definem, simples e inquestionavelmente, o caos…

         Amém.

 

Em tempo – Limeira fez um irrepreensível jogo, defendendo e atacando numa dupla armação magistral.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las (mas não se assustem…)

O LABIRINTO…

É como se de repente você se encontrasse num labirinto, se perdendo por um longo tempo em busca de uma saída, sabedor que somente existe uma, e que em muitos casos nem mesmo essa única possibilidade de fuga é encontrada. Nesse ponto, dois são os comportamentos possíveis, o de abdicar da incessante e angustiante procura, conformando-se com a desdita, aderindo aos que lá também se encontram, entregues e amorfos, ou continuar na busca corajosa e ousada, que mesmo ante uma impossibilidade, acena com a esperança dos que crêem e perseveram até o fim, sem entregas, sem concessões.

Desde sempre o sistema único nos tem limitado outros e grandes vôos na direção de um basquete mais técnico, ousado, inovador, corajoso, criativo, mantendo-o manietado a pequenos e insidiosos dogmas, a “filosofias” de um mesmo e monocórdio conceito de basquetebol, com suas jogadas hiper padronizadas, sinalizadas, formatadas num padrão aceito por técnicos e jogadores, todos em volta de uma estrela midiática, a prancheta, na qual são apostos rabiscos, borrões, hieróglifos ininteligíveis, mas que congrega à sua volta todo um padrão de impessoalidade e ausência do contato do olhar, impedido pelo biombo retangular estendido à frente de uma equipe carente de um olho no olho, de um recado ao ouvido, de um roçar amistoso e decisivo de mãos numa hora de nervosismos e inseguranças, onde gritos, rosnados e coerções deveriam dar transito absolutamente livre à calma gestual, ao diálogo justo e pertinente, simples e objetivo, congregando humores e carências, na busca do equilíbrio e do bom senso, pois na hora do vamos ver, vencem aqueles que dominam  seus nervos com a frieza dos que sabem para e como ir de encontro à vitoria.

Por tudo isso é que propugno pelo diferente, pela propriedade de algo oposto aos que todos fazem e praticam, caracterizando dessa forma o sentido grupal do novo, do instigante, do imensurável.

Ser proprietário de algo só seu é o caminho mais seguro para a evolução de um segmento social e desportivo, que se espraiado pelas demais equipes, com suas variáveis e soluções, conotam o progresso de uma modalidade mestra nas estratégias, sistemas e conceitos de jogo, impar frente às demais modalidades do desporto coletivo.

Somente depois de três temporadas após a pequena revolução causada pela personalíssima forma de atuar da humilde equipe do Saldanha da Gama no NBB2, é que já vemos sendo implantadas umas poucas opções técnico táticas defendidas e praticadas por aquela equipe desde sua experiência em Vitoria, como a dupla armação, que mesmo sendo inicialmente utilizada no âmago do sistema único, dotou o mesmo de uma substancial melhora técnica, através armadores mais capacitados nos fundamentos, de uma sintomática diminuição dos arremessos de três por parte de algumas equipes, assim como uma lenta, porém progressiva adoção de pivôs mais ágeis e rápidos, em vez dos massivos cincões que ainda habitam o imaginário colonizado de muitos de nossos técnicos, dirigentes, agentes e jornalistas especializados (?) do grande jogo,  ainda imersos no labirinto em que se entronizaram na busca absurda e inócua de pertencerem ( e alguns “acham”que pertencem, de verdade…)a uma filial sucedânea de uma NBA que de forma alguma está interessada em nós pelo desporto e a educação popular, e sim pelos lucros que podem reverter à matriz, onde os maiores compradores de seus produtos da grande loja  na quinta avenida em NY são os…brasileiros.

Enfim, se por uma lufada de sorte e competência, a ENTB se reestruturar em torno de propostas realmente evolutivas, se uma associação de técnicos for estabelecida com seriedade e profunda ética, e se nossos técnicos se dispuserem a enfrentar e procurar uma saída do autofágico labirinto em que se encontram em sua maioria, ai sim teremos alguma chance de evoluirmos na direção de uma já tardia retomada, a da nossa tradição de excelência técnica e acima de tudo criativa, e não subserviente e passiva como atualmente se encontra, numa mesmice endêmica e perigosamente terminal.

Olhando com atenção para as fotos aqui postadas, podemos imaginar o quanto de perda de tempo temos sido assaltados, perante grafismos que nada mais representam do que os sinuosos e enganosos meandros de um labirinto que compõe o mais triste de todos os cenários que emolduram o grande jogo em nosso imenso e injusto país, o nada na direção…do nada.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

QUASE LÁ…

Parece que estamos quase lá, a alguns passos de um novo pensar o grande jogo, jogando-o taticamente melhor, apesar de ainda necessitarmos melhorar, e muito, nos fundamentos do jogo.

Dupla armação se solidificando, auferindo qualidade às equipes, e acreditem ou não, uma bem vinda fuga aos mastodontes de costas para a cesta, dando lugar a pivôs ágeis e rápidos, sem deixarem de ser fortes, porém pouco diferenciados de seus companheiros de equipe, tanto em velocidade, como em habilidades também, e jogando de frente, nas penetrações e finalizações.

Franca, Uberlândia e Pinheiros provaram nesse final de semana que podemos, e devemos transitar para essa nova concepção de jogo (fato revelador serem as mesmas lideradas pelos técnicos mais experientes em atividade…), que ficará melhor ainda ladeada por uma outra conquista se marcarmos melhor, com técnicas defensivas eficientes, pessoais (como a marcação frontal dos pivôs…) e coletivas, ambas treinadas a não mais poder, e não confiadas à “disposição e entrega”, qualidades estas que pouco funcionam na ausência de conhecimentos básicos das técnicas de como exercê-la. Fundamentos de defesa e ataque é o que nos falta incrementar em doses maciças, independendo se na base ou na elite, pois trata-se do insubstituível ferramental  de todo jogador que se preza.

Mas algo de muito especifico ainda tem de ser repensado, profundamente estudado, ferozmente combatido, a hemorragia dos três pontos, que deveria ser estancada e substituída pela compreensão de seu real significado, que deveria ser a de uma opção pontual de jogo, e não uma finalidade do mesmo.Acredito, como sempre acreditei e propugnei na teoria e na extensa prática, que essa maneira de arremessar não se coaduna com a correta e sempre busca pela melhor forma de jogar basquetebol, pois prima pela maior imprecisão se comparada com os arremessos de media e curta distância, que potencializam e se tornam mais eficientes, mesmo que de 2 em 2 e 1 em 1. Os arremessos longos, se bem contestados, alvo das boas e eficientes defesas fora do perímetro, fatalmente anulam tão decantada qualidade dos mesmos, além de limitarem, por conveniência, o acesso às verdadeiras técnicas conseguidas e alcançadas pelo domínio dos fundamentos. Uma equipe bem treinada nos fundamentos, sempre será mais qualificada do que aquela que pretensamente domine uma determinada tática de jogo, sem o conhecimento básico e fundamental necessário para a  fluidez do mesmo, e isso é uma verdade inquestionável.

O Pinheiros, agindo e jogando em dupla e escancarada armação ( e quem ainda ousa contestar que o Shamell não é armador, já que junto ao Smith e o Paulinho armaram e lançaram seus pivôs Mineiro, André, Fiorotto e Araujo para o miolo da defesa argentina), contando ainda com o ala Marcio inspirado, todos atuando livres e em permanente movimentação, contestando os lançamentos argentinos, e só não mais fizeram graças a um 11/26 nos três pontos, e 15 erros de fundamentos.

E o que dizer do jogo entre Franca e Uberlândia, com a s mesmas características de soltura e fluidez ofensiva, ao lado de uma defesa forte e combativa, e aqui nesse jogo em particular, utilizadas por ambas as equipes, mas com os senões dos 14/45 nos arremessos de três e 23 erros nos fundamentos.

Podemos então afirmar com satisfação que algumas equipes da nossa elite já se comprometeram eficientemente com a dupla armação, com o avanço significativo do jogo interior, através pivôs e alas altos, rápidos e ágeis, e com a melhora mais significativa ainda de seus setores defensivos, faltando somente que outras mais adiram a esse novo tempo, agregando um maior cuidado aos fundamentos, aos arremessos de media e curta distância (que são aqueles que vencem os jogos…), ao estancamento da mortal hemorragia dos três, transformando essa refinada especialidade (que é para muito poucos, mesmo…) num válido e pontual recurso, e não uma opção de jogo, e deixando as arbitragens em paz com seu difícil e exclusivo trabalho,  não buscando nas mesmas os álibis que as inocentem(?) das falhas técnicas, derrotas e oportunos “detalhes”, tão usuais e corriqueiros em nosso meio.

Que o grande jogo, enfim, reencontre seu perdido caminho na estrada dos últimos vinte e cinco anos de sua história nesse imenso e injusto país.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Foto 1 – Uma opção interior seria a mais indicada.

Foto 2 – Cena rara do técnico Helio Rubens acessorando seu assistente.

Foto 3 – A equipe campeã da Liga das Americas. Parabéns.