DE ACORDO, MEU… (ARTIGO 999)
Que jogo assistir, o da Liga Sul Americana na Venezuela, ou o playoff do Campeonato Paulista? Controle remoto na mão, e lá vamos nós tenteando entre os dois, nos intervalos, nos pedidos de tempo, e o pior de tudo, na imensa perda de tempo em assisti-los, digeri-los com a sensação amarga de que algo de muito grave está acometendo o nosso já tão combalido basquete.
Ouvir do quase sempre ótimo comentarista da ESPN de que não critica o grande número de arremessos de três (“se está livre tem de chutar”, esquecendo de que estão sempre livres…), e sim o seu elevado número de erros, é uma afirmação incoerente, ainda mais se tratando de um respeitável e competente professor universitário da disciplina, pois omite o fato de que os erros apontados estão diretamente relacionados com o aumento das distâncias em que são tentados, e conseqüentes acréscimos nos desvios angulares a que são submetidos pelas mesmas razões, pois quanto mais próximos da cesta menores desvios ocorrerão, aumentando substancialmente sua precisão e direcionamento, numa clara tentativa de absolver a maioria dos técnicos que são partidários dessa sangria suicida, pois partem deles a cumplicidade para as tentativas de seus comandados (vide fotos 1 e 2).
Na outra emissora, a SPORTV, também ouvir de seu comentarista, professor universitário da disciplina, que em breve estaremos galgando a supremacia na America do Sul, graças ao incremento qualitativo da LNB e a ENTB/CBB, quando à sua vista uma equipe nacional de ponta em um torneio internacional, perpetra um 7/30 nos arremessos de três, e permite passivamente um 10/20 argentino, num jogo com 50 tentativas do mesmo, que acredito não servir de exemplo a ser ensinado em uma escola séria e responsável, numa antítese à sua afirmativa, pois reflexo do que lá está sendo desenvolvido e aplicado.
Ao final do jogo em São Paulo, o famigerado quadradinho espelha em sua frieza, inadmissíveis 32 erros de fundamentos, e um número de 19 bolinhas falhadas, ou 57 pontos perdidos, numa derrota por 16, quando bastariam converter 9 de dois pontos para vencer por 2, se jogasse dentro do perímetro, como sugerido (e não mais…)na Foto 1, onde três homens altos se encontram enfiados no garrafão, e um arremesso de três é feito (situação repetida por todo o jogo) ante a complacência do comandante ao lado. Aprender e ensinar a vencer jogos de 2 em 2 é uma arte que temos a obrigação de implementar, pois escudada na maior precisão dos médios e curtos arremessos, na forte possibilidade de originar faltas aos homens altos adversários, e consequentes arremessos extras, assim como aumentar exponencialmente as segundas chances ofensivas em caso de erros pontuais, e o mais importante, otimizar cada esforçada e sacrificada ofensiva da equipe. Entrementes na Venezuela, um incontestável 4 x 0 para os hermanos…
Enfim, à véspera do artigo 1000, êis-me aqui perante uma realidade que tento exorcizar por sete anos de trabalho intenso, cansativo, e muitas vezes repetitivo, travado desde essa humilde trincheira, nas quadras da formação de base ao adulto nos últimos 55 anos, e fugazmente na quadra no NBB2, do qual fui afastado, não pela idade, mas pelo contraditório que impus ao que aí está, sedimentado e corporativado.
Com as equipes definidas para o NBB5, aguardemos ansiosos (?) a enésima repetição da mesmice endêmica a que nos impuseram, mas perguntando sempre, até quando, até quando?…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.