MERCADÕES…

DSC_0044Tenho me preocupado em grande com os “mercadões” de técnicos e jogadores para a próxima temporada do NBB, me reportando aos tradicionais brechós de utensílios e roupas usadas, tão tradicionais nessa terra tupiniquim.

E não são sem propósito tais lembranças, pois o que vemos é o velho e carcomido travestido de pouco usado, quase novo, com pequenos reparos, recondicionado, etc e tal…

Terminam campeonatos e a novela desanda em capítulos mais do que óbvios e redundantes, quando jogadores são manipulados por agentes e empresários, de comum acordo com dirigentes e donos de equipes, num carrossel de interesses, onde suas formações passam ao largo dos técnicos, também alguns  em rodízio, que as recebem formadas de 1 a 5, faltando somente administrar os rachões de praxe, azeitar as jogadas chifres abaixo e acima, camisas, cabeças, 23, além de adquirir abastecidas canetas pilots e uma reluzente e midiática prancheta.

Com tudo em cima, comissões formadas, algumas recheadas de aspones que só servem para ajudar na pressão às arbitragens, desandam nos discursos proféticos e promissores, sabendo de antemão que a utilização arbitrária do sistema único por todos os envolvidos no sistema somente beneficiará aquelas equipes que contarem com os pretensos melhores jogadores dentro da mesmice endêmica de 1 a 5, mas que garantirá, por mais uma temporada, o emprego de toda a comunidade envolvida e previamente escalonada à revelia daqueles que deveriam liderar as escolhas, os técnicos, que se recolhem frente a uma realidade absurda, garantindo as escolhas de outrem, e se mantendo mais como administradores de segunda do que técnicos de verdade, independentes e prioritários nas mesmas.

Tem mais, com nuestros hermanos, que subjugados por uma crise econômica feroz, veem no mercado brasileiro boas oportunidades de trabalho, assim como americanos de décima quinta opção nas ligas internacionais, que aqui aportam como estrelas de primeira linha, que absolutamente não o são, para gáudio das eternas viúvas da NBA.

E com o circo armado, ante o lamentável  esquecimento de muitos  jogadores pátrios, alguns dos quais superiores a “nomões marqueteados”, e mesmo de jovens realmente promissores, todos órfãos de um melhor e mais atento preparo técnico e encaixe em outros sistemas de jogo além do indefectível sistema único, ficam marginalizados e desestimulados, muitos dos quais abandonam as quadras, num desperdício imperdoável e desalentador para o grande jogo.

Quanto ao aspecto tático e sistêmico, a mediocridade  que nos tem mantido atrelados ao sistema único de jogo, fio condutor de toda a situação acima descrita, tende, mais do que nunca, a se manter incólume em seu absolutismo castrador, e a prova contundente foram os números apresentados no jogo final entre Flamengo e Uberlândia, no qual a equipe carioca praticamente convergiu com 22/29 nos arremessos de dois pontos e 6/26 nos de três, contra 14/36 e 11/27 respectivamente dos mineiros, numa prova cabal do não estancamento da hemorragia dos três pontos, largamente presente na esmagadora maioria das equipes participantes, anunciando a manutenção postural das mesmas nessa competição, e óbvia continuidade para as próximas, pois se por um lado evoluíram um pouco no jogo interior e numa muito tênue tentativa de dupla armação, por outro, mantiveram a frouxidão defensiva fora do perímetro, permitindo a manutenção do reinado das bolinhas, como num recado incisivo de que sua continuidade será mantida sob o beneplácito de jogadores, técnicos e o incentivo midiático, sob a justificativa de que tal comportamento técnico (?) em conjunto com as enterradas, impulsionam a modalidade junto aos torcedores, ávidos pelas emoções advindas desse estilo de praticar o grande jogo, num erro colossal e irresponsável, principalmente no que concerne às competições internacionais, e ao péssimo exemplo dado aos jovens que se iniciam no jogo.

Finalmente, posso asseverar que o desafio que lancei aos técnicos para que buscassem novas formas de jogar e atuar não encontrou receptividade na prática, provando que a cristalização da mesmice endêmica é no fundo a base que mantêm o status quo responsável pelo sólido corporativismo vigente, confortável mantenedor de empregos, posições e trocas pós temporadas, unindo todos os envolvidos no processo em torno do interesse maior, deixar tudo como está, sem atropelos e divergências, num compadrio que elimina toda e qualquer tentativa de mudança, mesmo que  para melhor, dispensando a trabalhosa, porém benéfica, reestruturação do pensar basquetebol como deve ser pensado, ainda a tempo de enfrentarmos o grande e definitivo desafio para 2016, principalmente na formação de base, a fim de aliviar o constrangimento colossal que nos poderá alcançar se não mudarmos urgente e estrategicamente de rumo.

Em tempo, sugiro uma passada nesse vídeo, onde o prazer de assistir um basquete diferenciado (originando meu desafio) se junta a um resultado alentador no sentido coletivista, ofensivo e defensivamente falando, assim como uma magnifica performance individual do jogador Muñoz (28 pontos), sem que abdicasse em nenhum momento da liderança dividida pela dupla armação, num exemplo tácito e definitivo da real possibilidade de jogarmos o grande jogo de forma diferenciada do dominante  sistema único, ou “basquete internacional”, ou mesmo, o “basquete FIBA”, como é rotulado. Vale a pena assistirmos e nos deliciarmos com a prestação técnico tática de jogadores nada midiáticos, porém plenos de conhecimento do grande jogo e da forma mais precisa e bela de jogá-lo nos idos do NBB2.  Fico imaginando, divertido,  como reagiriam os globais ao narrá-lo e comentá-lo…

Amém.

Foto – Divulgação da LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

Foto – O grande e lúcido armador Muñoz.

 

 

 

RESCALDO DE UMA FESTA…

Um bom artigo do Fabio Balassiano no seu Bala na Cesta de ontem, faz um balanço do que foi o NBB5, sua importância, suas conquistas, e sua dimensão no cenário desportivo brasileiro, assim como, análises das equipes, jogadores e técnicos que se destacaram na competição.

Pouco a acrescentar, mas algo a ser lembrado sempre, e muitas vezes esquecido, acredito que por sua juventude, alinhada a da maioria de seus colegas blogueiros, o fator técnico tático calcado na longa experimentação e aplicação prática de gerações anteriores de técnicos que muito acrescentaram ao desenvolvimento do basquetebol em nosso país, como numa bibliografia quase sempre negligenciada, e algumas vezes inexistente por não mencionada por utentes de seus ensinamentos, roteiros e vivências reais, como se a realidade técnica e tática atual independesse do que já foi feito, como se existisse a partir do momento em que analistas e técnicos descobriram o grande jogo em suas vidas.

E quando rememoram feitos passados e reutilizados no presente, privilegiam o que vem de fora, das esferas americanas, européias, argentinas, esquecendo que aqui mesmo, berço de um bicampeonato mundial e três medalhas olímpicas, muitos técnicos inovaram em seu árduo mister de fazer acontecer um jogo quase sempre desprestigiado e negligenciado pela mais completa ausência de uma política desportiva nacional, voltada à formação e a divulgação do grande jogo.

Agora mesmo, está acontecendo uma pequena revolução na forma de jogar e atuar no âmago da LNB, com algumas de suas franquias reorientando seus sistemas de jogo, suas táticas, mas ainda pecando muito no ensino de suas técnicas do jogo individual e coletivo, como a utilização inteligente da dupla armação, do jogo interior através a utilização de pivôs móveis, ágeis, atléticos e muito velozes interagindo com seus armadores dentro do perímetro, tentando defender o perímetro externo com mais assiduidade e combatividade calcada no treinamento especifico e correto em fazê-lo, ensaiando ainda timidamente uma defesa frontal dos pivôs adversários, sugerindo ainda que muito distante, a troca consciente dos arriscados, inconseqüentes e imprecisos arremessos de três pelos de dois pontos, equilibrados, precisos e decisivos num sério jogo de basquetebol, numa projeção do que poderá vir a acontecer de progresso em nossa maneira de ver, sentir, ler, pesquisar e estudar fórmulas mais práticas de jogo, levando-o ao processo mais difícil, mas não impossível de ser atingido, sua simplificação, sua síntese técnico tática, somente alcançada por quem e por aqueles que realmente conhecem o grande jogo.

Mas essas conquistas não estão nascendo agora, como na vitória do Flamengo no NBB5, ou como na ascensão de uma jovem equipe como a de Franca, como no ainda inseguro, porém promissor Bauru, ou mesmo pelos oscilantes Uberlândia, São José e Paulistano, que são as equipes prestes a se desvincularem do sistema único, a partir do momento em que se descobrirem capazes de tão grande e icônico salto, rumo a uma realmente nova forma de jogar.

Como tudo na vida tem um princípio, uma raiz, uma razão de ser e acontecer, seguindo o inexorável ritmo da evolução, do aprimoramento e da sedimentação, novos ares terão de ser profundamente inspirados, alimentando o conhecimento, a história, respeitando o antecedente, a origem, as raízes.

Desde sempre respeitei e reverenciei os clássicos e míticos mestres que me inspiraram, orientaram e ensinaram o caminho das pedras, do estudo, da pesquisa, do conhecimento enfim, aos quais permanentemente menciono e retransmito suas heranças, suas lembranças, suas vidas.

Ao me retirar da Arena no sábado, sem antes não deixar de cumprimentar o Domenici da LNB, caminhei sozinho até meu carro, deixando para trás o burburinho, a festa e as comemorações de mais um campeão do NBB, mas convicto de ter cumprido a humilde missão de, na teoria e na prática, ter mostrado com ações e fatos ser possível inovar sobre algo tão antigo como o basquetebol, com pinceladas sutis sobre uma dupla armação, um jogo mais dinâmico dentro do perímetro, sobre uma defesa linha da bola com flutuação lateralizada, permitindo uma eficiente defesa frontal ao pivô adversário, sobre o mais absoluto distanciamento  das arbitragens, sobre o comedido e calmo comportamento ao lado de uma quadra, sobre o convencimento de que dois arremessos de dois pontos geram mais eficiência e precisão do que um midiático de três, sobre a enganosa perda de  tempo praticando enterradas e não arremessos DPJ, os que ganham jogos, e finalmente reconhecer nos que me antecederam o cerne imorredouro que guindou o basquete ao patamar que hoje ostenta, o grande, grandíssimo jogo.

E lá fora da grande Arena, me entristeci, não por lá não estar comemorando, não, e sim por me ser vetada a possibilidade de poder participar do jogo de minha vida, que segue, dessa humilde trincheira, reverenciando os que merecem, de verdade.

Amém.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAOLYMPUS DIGITAL CAMERAFotos – Teoria defensiva da Linha da Bola com flutuação lateralizada e Pratica dos Fundamentos do jogo (Equipe do Saldanha da Gama – NBB2)Clique nas mesmas duas vezes para ampliá-las.

A ARENA DO FLAMENGO…

DSCN1832Estamos em plena arena, repleta de rubro negros, absolutamente convencidos de que daqui a um pouco se tornarão campeões nacionais, independendo de quem esteja do lado contrário, A chegada e o credenciamento foram tranqüilos, mas uma surpresa me aguardava, o wi-fi não funcionava, logo hoje que estava preparado para mais um pequeno salto, redigir e publicar um artigo na cena do grande jogo. Mesmo assim, logo que chegar em casa, aqui perto, o colocarei no ar, com certeza.
Entrando na área reservada a imprensa, me vejo cumprimentado pelo Lauria do Basketeria, que me me faz uma pergunta incisiva – Quem ganha hoje Paulo?
Minha resposta foi breve – Como já publiquei, vence quem souber jogar melhor “ lá dentro” , em velocidade e com dois ou mais homens participando da batalha interna. Uberlândia tem melhores pivôs e bons armadores. Flamengo tem um jogo exterior comparável, mas um contra ataque mais eficaz. Logo, o domínio da tabela defensiva é primordial, assim como a busca incessante pelos rebotes ofensivos, importantes para uma segunda chance num mesmo ataque. Enfim, vence quem apostar suas fichas no jogo perto das cestas, atacando ou defendendo. Ah, um outro fator importante, a massa torcedora e inflamada dos cariocas, apesar de não conotá-lo como decisivo, pela larga experiência dos jogadores da equipe mineira,
Então, vamos ao jogo, mas antes uma sugestão aos organizadores da Liga, que tal musica brasileira popular, alegre e descontraída, tão ao gosto dos cariocas,e não um batidão irritante e sem propósito?
Inicialmente vejo a equipe do Flamengo mais tensa, e os mineiros mais relaxados, fazendo jus a maior experiência de seus principais jogadores, prenunciando um confronto onde o controle emocional ditará os contornos do jogo, principalmente no aspecto defensivo.
Começa o jogo, e os rubro negros optam declaradamente pelo jogo interno, com o Caio jogando de costas para a cesta, e o Marcos e o Kojo abastecendo-o bastante. Como é marcado por trás facilita em muito seu trabalho.
Terminado o primeiro quarto o que vemos: Nos 2 pontos o Uberlândia conseguiu um pobre 1/12 , e nos 3, 4/7 numa clara opção pelo jogo externo, ao passo que os cariocas com seus 7/13 e 0/5 respectivamente, pelo interno, com defesas fortes, principalmente por parte dos mineiros nas contestações aos lançamentos de 3 dos cariocas. Em compensação, no jogo interno, ante uma defesa clássica por trás ao pivô Caio, priorizaram jogar “lá dentro”, como deve ser, além dos 7/8 nos lances livres, contra 1/2 dos mineiros.
No segundo quarto continua a ineficiência dos arremessos de três dos cariocas (0/7), compensados em parte com seus 5/7 nos dois onde as opções táticas iniciais se mantêm intocadas.
E vem um terceiro quarto onde a equipe rubro negra resolve retornar às bolinhas, ante uma defesa negligenciada dos mineiros, “apostando” nos erros, no que se deram mal,pois sofreram um 5/6 devastador, contra 1/7 de sua própria lavra. No jogo interior mais ou menos que se equivaleram.
No quarto final se intensifica o jogo interior do Flamengo, forçando a defesa mineira para dentro de seu garrafão, quando por alguns momentos optou por uma zona pontual, logo desfeita pela eficiência das bolinhas externas que encontravam espaço suficiente para serem concretizadas, inclusive chegando ao exagero contumaz (6/26, contra 11/27 dos mineiros).  Nos dois minuto s finais ficou bem claro que a opção rubro negra pelo jogo majoritário na cozinha do seu grande adversário se fez profundamente mais eficiente, ante um bom time mineiro que escolheu as contumazes bolinhas, vindo, por mais uma vez,  comprovar que de 2 em 2  se constroem bons placares, grandes vitórias, valorizando o arremesso mais eficiente e preciso, destinando as bolinhas para aqueles poucos especialistas, e não os midiáticos de plantão. Enterradas? Muito poucas, e que pouco influíram no resultado final.
Afinal de contas, o grande jogo precisa se reencontrar, e nada melhor que perante as 16364 pessoas que entupiram a grande arena, construída para o desporto e não para convescotes  e shows perdidos nesse longínquo recanto do Rio.
Esperemos que o espetáculo de hoje tenha provado que o esporte, em particular o grande jogo, tenha retornado aos inesquecíveis momentos do Maracanãzinho, onde fomos bi campeões mundiais, onde se encontra o verdadeiro templo do basquete brasileiro, que me desculpem a turma do vôlei e a de Franca, e que agora delega à Arena como digna sucessora.
Em tempo, a brilhante aula de defesa linear ante arremessadores de distancia, como a executada por Uberlândia, pena que resolvessem apostar no  erro dos também longos arremessos dos rubro negros nos  quartos finais, perdendo o jogo.
Parabéns a equipe do Flamengo que jogou de forma correta sem ser empolgante, sem firulas e espetáculos pirotécnicos para a torcida, jogando sério , dentro do perímetro e mostrando aos mais jovens que se iniciam que “enterradas” e bolinhas irresponsáveis têm de encontrar seu destino inexorável, o lixo, e nada mais. E mais um adendo, quando no terceiro quarto o Marcos solto na linha de três dispara seu petardo para baixo, nas mãos do Caio para uma bandeja, vi que  naquele momento o Flamengo sedimentava o caminho para a vitória.
Bem, até segunda ordem, o maltratado e explorado Rio de Janeiro volta a ser a capital do basquete, como nunca deveria ter sido esquecida.
Agora parto par o Centro Coreográfico do Rio de Janeiro na Tijuca , para acompanhar minha filha que coordena o III Congresso Brasileiro de Dança Moderna, onde dirige, coreografa e dança como a grande mestra que é.
Até a próxima decisão leitores. Saio feliz por constatar que aos poucos reencontramos o nosso verdadeiro modo de jogar e atuar, com responsabilidade, eficiência,  dupla armação, jogo interior e exterior quando possível, mostrando nosso verdadeiro estilo a tanto esquecido.
Amém.

Foto-Arena festiva.

 

OS DOGMAS E A FORÇA DO HÁBITO…

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André Raw: oi pai, foi mal tinha um amigo meu aqui e não pude ver suas mensagens.

 Sim, eu vi o jogo, achei a sportv online.

 Achei que o Murilo bobeou em uma falta e a outra não foi. Ficou com 4 e o  técnico deixou ele no banco com medo de perdê-lo,

 dai o time desestabilizou.

 Deveria ter colocado ele mesmo com 4

 e proibido de fazer a 5.

 

Pelo Skype, desde Los Angeles, meu filho André teceu os comentários acima sobre o quinto jogo do playoff entre o Flamengo e o São José, e que se encaixa com precisão ao comentário que farei daqui para diante.

Bem, comecemos lembrando que a existência de alguns conceitos dogmáticos seguidos pelos técnicos nacionais, oriundos de uma unanimidade sobre a utilização do sistema único, com suas imutáveis posições de 1 a 5, gerou alguns comportamentos táticos padronizados e formatados como verdades absolutas, que têm de ser praticados sem discussões, entre os quais se encontra aquele que retira de quadra jogadores que cometem 2, 3 ou 4 faltas, para serem relançados mais adiante, quando seriam(?) importantes para a equipe, como nos minutos finais, ainda mais quando são os craques do time.

Em muitas ocasiões importantes subverti tal comportamento, e inclusive publiquei um artigo onde consta tal decisão (veja aqui), pois, como afirmo no mesmo, jogador no banco não marca pontos, ainda mais se for um dos principais pivôs da equipe, e o fato da mesma se tornar alvo de uma facilitação defensiva por sua limitação em faltas, fazê-lo marcar o pivô adversário pela frente (mas, na frente mesmo!), cobrindo-o quando necessário (atividade que deve ser treinada à exaustão, mesmo!), por uma equipe exercendo uma defesa linha da bola com flutuações lateralizadas (detalhes aqui), permitiriam que o mesmo se mantivesse em jogo por um longo período, principalmente naquele em que a supremacia no placar estivesse presente.

Mas não, como dogmaticamente nossos pivôs têm de marcar por traz, o destino do banco por faltas é inexorável, numa pobreza de atitude técnica, e principalmente tática, lamentável.

Talvez, tenha sido esse fator aquele que determinou a derrota de São José, que enfrentava um adversário duro, e jogando dentro do perímetro também, onde a velocidade do Murilo e do Jefferson colocava o Caio em maus lençóis na defesa, compensada em parte por sua boa presença no ataque.

Com as duas equipes priorizando o jogo interno, o que transformava o jogo num duelo empolgante, e o mais importante, próximo às cestas, os dois períodos iniciais transcorreram com equilíbrio e indefinição quanto ao resultado final do jogo.

A partir do momento em que o Murilo foi retirado por um longo período, e a equipe carioca passou a priorizar o jogo externo, frente à completa ausência de contestações aos longos arremessos, principalmente através o Duda (6/11 nos três), o destino da partida foi decidido ironicamente, pois um jogo que vinha sendo disputado arduamente no perímetro interno foi decidido “lá de fora” com bolinhas a granel, desmarcadas e nunca contestadas, demonstrando que esse outro dogma, o das bolinhas, segue incólume, porém alimentado pela dolorosa e irresponsável ausência defensiva às mesmas.

Mas como a turma “do que o que importa é a vitória” não está nem aí para técnicas, táticas e estratégias, segue o barco das “individualidades” bem acima do coletivo, numa caminhada que fatalmente desembocará em nossas seleções, onde um bom técnico argentino terá, ou continuará tendo, um trabalho hercúleo para convencer “especialistas” a marcar e a interagir coletivamente no ataque, tarefa que se choca com o maior dos dogmas, o de que para a maioria esta é a forma e o estilo do nosso jogo, para gáudio daqueles que nos enfrentarão lá na frente, certamente em 2016…

No próximo sábado teremos a grande decisão, incompreensivelmente em um único jogo, onde o menor erro, a mais tênue indecisão acarretará uma derrota irrecuperável, fazendo com que o jogo em si ceda precioso espaço ao nervosismo e a erros em profusão, fator que seria amenizado numa decisão de cinco jogos, como deveria ser num campeonato dessa dimensão.

Tempos atrás sugeri, por escrito, à LNB, que numa situação como essa, onde uma emissora de TV exige que a decisão seja em jogo único, que os dois finalistas participassem de um playoff de três jogos, cujo vencedor garantiria jogar a decisão no seu ginásio, numa formula que se não perfeita, daria ao menos, oportunidade das equipes se enfrentarem frente a seus torcedores, ajustassem seus sistemas, e se preparassem para a final televisiva com um razoável domínio tático e psicológico ante uma decisão de tal envergadura. Infelizmente não foi a sugestão levada em consideração, o que foi uma pena.

Torço para que essa partida represente e projete algo de novo para o nosso basquetebol, principalmente no aspecto tático, já que Uberlândia, com seu hoje equilibrado jogo interior e exterior, enfrentará uma equipe forte no jogo externo e apenas razoável no interno, porém com forte contra ataque, e contando com o apoio de uma torcida que deverá se aproximar dos 15 mil pagantes, fator importante numa decisão. Espero que tudo corra bem, e em paz.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Fotos – Do jogo interior (1 e 2), ao reinado das bolinhas (3 e 4).

“PERÚ DE VÉSPERA”…

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Nossos jogadores de ponta quase sempre apresentam comportamentos dúbios e surpreendentes, num cadinho onde se misturam extremos, que oscilam do certo ao errado, da correta tática ao equivoco técnico, numa gangorra incoerente e muitas vezes irresponsável.

Num jogo decisivo como esse quarto confronto, São José iniciou sua defesa ao direito de uma quinta partida, atuando num admirável jogo interior, oposto ao seu costumeiro modo de agir jogando fora do perímetro, abusando dos longos tiros, trocando tão nefasto hábito por uma ação contundente jogando “lá dentro”, fazendo luzir seus velozes pivôs, que confrontados pelo lento miolo defensivo do Flamengo, oportunizou um placar elástico frente a uma equipe batida nesse pormenor, e que ainda por cima, sofria uma eficiente marcação contestatória a seus arremessos de três, sua arma poderosa e decisiva durante toda a competição.

Mas, eis que aflora a incoerência e o equivoco de alguns de seus principais jogadores, quando abandonam tão eficiente ação interior, para volverem ao seu usual estilo das bolinhas, como tentando afirmar que “confiavam em seus tacos”, quando deveriam referenciar prioritariamente que “confiavam no taco da equipe”, cometendo um erro que quase custou uma vitoria mais tranquila se mantivessem a estratégia inicial de jogo.

Nesse momento de errada e irresponsável opção, coube à equipe carioca usar do mesmo estratagema de seu oponente, investindo no jogo interior e se aproximando decisivamente no placar, que não reverteu a seu favor pelo mesmo motivo apresentado pelo seu adversário quando dominavam o jogo, a insistência de alguns de seus jogadores em decidirem através as famigeradas bolas de três.

Mas, num derradeiro rasgo de bom senso, a equipe paulista voltou à defesa contestatória, e retornou ao jogo interior, comprovando sua superioridade perto da cesta.

Foi uma partida lapidar pelo aspecto comportamental dúbio de alguns jogadores de ambas as equipes, que se manifestou em momentos diferentes, mas não opostos de uma partida,  comprovando serem nossos melhores jogadores pouco afeitos a leituras de jogo, agindo por impulsos, na maioria das vezes voltados ao seu desempenho particular, esquecendo o fator primordial que os levam às vitorias, o coletivismo e os interesses da equipe da qual fazem parte, integrados, e não a utilizando como plataforma de suas  personalíssimas ambições.

No jogo decisivo de hoje, vencerá aquela equipe que agir como tal, um grupamento de jogadores voltados ao todo, ao eficiente jogo interno, ao possível, quando muito bem trabalhado e tramado jogo externo, à defesa solidaria e contestatória, e principalmente, à saudável tentativa de vencer dentro do espírito democrático das regras, onde preparar ambiente hostil visando vantagens técnicas e psicológicas, através coerções e ameaças, não encontrem guarida sob o manto das regras do jogo, pois “peru é o que morre de véspera”…

Que o vergonhoso final desse jogo, sendo propositalmente preparado ao encontro de uma situação conflituosa e hostil ao representante paulista no majestoso palco da arena carioca, não seja consumado, dando lugar a uma decisão que honre a tradição basqueteira, e não a imposição comportamental de origem futebolística, tão oposta às tradições do grande jogo. Que assim seja.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la e esquecê-la.

COMPLICANDO O SIMPLES E O ÓBVIO…

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Outro jogo do playoff semifinal jogado da forma mais simples e óbvia possível, ou seja, priorizando o jogo interno, comprimindo as defesas (sim, ambas as equipes jogaram “lá dentro”), até o ponto em que passes de dentro para fora do perímetro encontrasse jogadores livres e equilibrados para os arremessos, mas nem sempre direcionados às mãos dos mais competentes na arte dos longos arremessos.

Dígitos como 29/47 de dois pontos, e 10/18 para três por parte do Flamengo, e 20/42 e 6/21 respectivamente, para São José, atestam com precisão a opção pelo jogo interno, mas que encontrou a equipe paulista numa péssima jornada quanto à precisão de todos os arremessos, incluindo os lances livres (28/36) e até prosaicas bandejas, o mesmo não acontecendo com a equipe carioca, apesar de seus 10 erros de fundamentos.

Defendendo um Caio muito forte e técnico, apesar de sua notória e permanente (até quando?) rotunda lentidão, por trás e sem qualquer dobra eficiente, o pivosão fez a festa, abrindo caminho para o jogo interno de seus armadores, principalmente o Kojo, que o assistiu permanentemente, já que o Marcos, bem marcado por sinal, não concluía seus petardos com a constância costumeira.

Defendendo razoavelmente, e trabalhando com firmeza dentro do perímetro, a equipe rubro negra dificilmente perderá a série (poderá até perder, se retornar ao jogo eminentemente externo), para encontrar mais adiante uma equipe que joga melhor ainda no interior do que ela, e se equivalendo  no jogo externo. Aquela que se impuser ofensivamente “lá dentro”, e priorizar a defesa antecipativa, principalmente nas linhas de passes aos pivôs, levará uma enorme vantagem, mais ainda em se tratando de um único jogo.

Mas o que não está sendo simples, e muito menos óbvio, é a tendência galopante em direção ao exibicionismo midiático de técnicos e juízes, antenados e seguidos sofregamente por câmeras e microfones não tão indiscretos assim, com a desculpa de que promove o espetáculo, sendo que inclusive já se insinua uma “facilitação” às regras para não prejudicá-lo, promovendo uma farsa indesculpável e anacrônica.

Com as regras sendo cumpridas e obedecidas por todos os integrantes do “espetáculo”, imagens como a que mostro nesse artigo inexistiriam, pois as regras de um jogo foram elaboradas para serem seguidas, se constituindo numa das bases formativas dos futuros jogadores, que deveriam ser poupados de verem e ouvirem as sandices que, absurda e lamentavelmente, estamos testemunhando a cada rodada do NBB5.

Precisamos encerrar esse capitulo que tanto denigre o grande jogo.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O EFICIENTE E PRECISO JOGO INTERIOR…

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Talvez tenha sido o jogo mais fluido deste playoff semifinal, com as equipes imprimindo um ritmo veloz e sem descontinuidade, ou seja, muito poucos momentos de indecisão ofensiva, que infelizmente não apresentou nas defesas o mesmo comportamento, e a prova foram os 50 arremessos de três pontos (9/27 para Uberlândia e 10/23 para Bauru) sem as devidas e obrigatórias contestações, que por conta da extrema facilidade para os lançamentos permitiu que as bolinhas contabilizassem 27 e 30 pontos na contagem final de 80 a 77 para Uberlândia.

Acrescentando-se a estes pontos os lances livres convertidos (15/19 para os mineiros e apenas 7/13 para os paulistas), tivemos 38 pontos obtidos no perímetro interno para Uberlândia e 40 para Bauru, onde ambos trabalharam muito bem, principalmente na utilização dos rápidos pivôs que possuem (observem as movimentações internas nas fotos), muito bem lançados pelas competentes duplas armações, que contam em suas escalações, talvez os melhores armadores em ação na Liga.

Se formos um pouquinho mais além nas análises, podemos constatar o quanto de falhas nos lances livres e nos fundamentos (Bauru perdeu 6 e cometeu 8 erros) resultam em derrotas, principalmente em jogos parelhos e muito intensos.

Entretanto, algo de muito instigante se observa na equipe mineira, e que deveria ser explorado crescentemente, o seu poderio interno e externo exercido por uma parelha de alas pivôs única na liga, onde o Cipolini e o Gruber produzem com igual força e intensidade, ações internas e externas, com altos índices de acerto, graças ao seu biótipo atlético, flexível e veloz (Teischmann, Murilo, Lucas, Marcos, Jefferson e Gui se aproximam muito desse formato), e que os tornam também, eficientes na defesa, que atingiria um mais alto grau de eficiência se fossem treinados e utilizados na marcação explicita dos pivôs adversários à frente, e não por trás, numa posição que beneficia os massudos cincões ainda existentes, como o Caio em particular.

Mas acredito que esta será uma etapa a ser galgada, e somente espero que não demore em demasia para ser implantada, afinal, 2016 bate à porta.

Mas nada de eficiente seria atingido por parte destes homens altos trabalhando e se impondo dentro do perímetro, sem o suporte alimentador propiciado por uma competente e técnica dupla armação, fator que aos poucos vem se impondo dentro de nossas melhores equipes, e que deveria ser o espelho técnico tático de nossos jovens na formação, agilizando e interdependendo suas participações sob a égide da criatividade e da mais autêntica leitura de jogo, desacorrentados do impositivo e coercitivo sistema único, com suas jogadas sinalizadas, marcadas, coreografadas, e presos a cordões de controle como marionetes descerebrados e sem vontade própria,  a técnicos que ainda teimam em se auto promoverem como as estrelas centrais do espetáculo (e agora os juízes também…), quando na realidade o deveriam ser nos treinos, aqueles de verdade, realmente estudados à luz da realidade das equipes que dirigem, e não como clones de seus devaneios estéticos e ilusórios, transportados para suas mais ilusórias ainda pranchetas ( Um artigo esclarecedor poderá ser lido aqui).

Enfim, bons, apesar de ainda tênues, ventos ameaçam soprar em beneficio do nosso basquete, e que irônica, mas compreensivelmente (para uns poucos…) lógico, se estabelece através um veterano técnico, o mais idoso da liga, fator que devemos analisar com a devida atenção que merece o grande jogo em nosso país.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O AUSENTE E DECISIVO BOM SENSO…

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Fui dormir com a sensação de que deveria ser duro nas criticas, nas chamadas de atenção a falhas imperdoáveis nesse nível de competição, mas antes, selecionei algumas fotos feitas na transmissão da TV, mentalizei e anotei alguns comentários feitos pelo analista da mesma, voltei ao teclado, nada digitei e desliguei o Dell.

Foi boa a decisão de adiar para hoje cedo a elaboração do texto, pois reforcei a necessidade de endurecer ainda mais nas criticas, após um repouso onde qualquer resquício de equivoco pudesse ser dirimido, à luz do bom senso.

Foi logo no principio da transmissão que o narrador da TV comentou o fato de nunca ter visto o técnico do Flamengo tão nervoso e agitado, reclamando ostensivamente da arbitragem (que por sinal se comportou muito bem), e que ao proibir microfones em seus pedidos de tempo (numa ótima opção), privou a todos de suas bruscas e mais nervosas ainda admoestações ao grupo.

Sem duvida alguma o seu comportamento concorreu, e muito, na desestabilização da equipe em quadra (e muita atenção, pois dirigirá a seleção brasileira de novos, com seu assistente mais nervoso ainda, o técnico do Paulistano, numa faixa de idade e experiência, onde se exige acima de tudo, muita moderação e exemplos a serem seguidos…), ainda mais frente a erros técnicos visíveis, prejudicando decisivamente seu projeto tático para um jogo tão decisivo, onde a mais completa desordem no posicionamento dos rebotes foi o causador da débâcle defensiva, e até ofensiva, de sua equipe, vide os 45 rebotes conquistados pela equipe paulista, frente aos minguados 22 da sua (dêem uma olhada nas fotos), que por isso mesmo se viu freada numa de suas qualidades, os contra ataques ( que a turma moderna apelidou de “transições”…).

Outro fator importante, a desqualificação de seus longos arremessos pelo correto posicionamento defensivo de São José, muito mais atento aos movimentos lineares que precedem a ação de lançamento dos mesmos, travando-os, ou alterando suas trajetórias pelas anteposições defensivas exercidas, em contraponto à permissividade concedida aos arremessos de seu adversário, como bem atesta a primeira foto, onde o defensor carioca, antevendo um possível erro no lançamento de fora, se preocupa em iniciar um provável contra ataque, do que obstá-lo, como deveria fazê-lo. Situações como essa foram muitas, e deu no que deu, quando São José errou 26 lançamentos (13 de dois e 13 de três), contra 42 (25 e 17) de sua equipe.

Então contabilizando o prejuízo rubro negro, onde a perda e o domínio dos rebotes (seus pesados e lentos pivôs não foram páreo aos rápidos e ágeis pivôs paulistas) foi o fator decisivo, exigindo um treinamento acima do específico no posicionamento dos mesmos em quadra, assim como a mais tênue tentativa nas contestações aos arremessos paulistas inexistiu na maioria dos casos, além de alguns aspectos pontuais, mas importantes, como os equivocados lances livres cobrados pelo pivô Shilton (de longa data, sem correções eficientes), e a facilidade com que são batidos nas fintas de seus oponentes, e que nem os 17 erros de fundamentos (passes principalmente) dos mesmos foram motivos para um possível equilíbrio nas ações.

Se no segundo jogo da série, agora em terreno carioca, e jogado numa arena colossal (se der bom publico pode funcionar como apoio, senão…) a correção nos rebotes, nas contestações, e no melhor aproveitamento do jogo interior, não forem levados profunda e taticamente a serio, a equipe rubro negra enfrentará sérios problemas, já que seu adversário, incentivado pela primeira vitória e pelo bom momento técnico e tático que atravessa poderá estabelecer uma superioridade inalcançável em caso de uma nova derrota, e principalmente, que seu técnico ponha de lado sua faceta estelar e midiática, levando tranqüilidade à sua equipe, a fim de que a mesma atinja aquele grau de efetividade fundamentado no equilíbrio e na relação com seu líder, lastreado pelo equilíbrio, frieza e o velho e tradicional (tão esquecido nos dias de hoje) bom senso.

Amém.

 

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FATAL CONTRADIÇÃO…

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Mal iniciou o jogo e o técnico do Bauru pede um tempo e “descasca” o grupo, exigindo aos berros que cumprissem o combinado e treinado, e não ficassem nos arremessos de fora, principalmente o Gui. Voltam à quadra e no primeiro ataque o Gui queima de onde? Isso, bem lá de fora (as duas primeiras fotos), e erra mais uma vez. É retirado e vai para o limbo.

Bem, faz parte do jogo, mas lá pelo terceiro quarto, com sua equipe atrás, o mesmo Gui lança mais dois torpedos e os converte, numa ação individual, bem fora do sentido coletivista reclamado pelo técnico, e que vem se constituindo no ponto forte de seu adversário, que por isso mesmo lidera o placar com paciente controle do jogo, cadenciando-o ao largo da velocidade travada de Bauru. Mas nesse caso das longas bolas convertidas pelo sempre presente Gui, o técnico não se abala, mesmo sabendo-o transgressor do tão reclamado e cobrado jogo coletivo, e bem ao contrario de sua explosão no inicio do jogo mantém o jogador, numa flagrante contradição à sua atitude naquele momento.

Mas porque uma contradição? Pelo simples fato de que a atitude inicial do jogador foi a mesma no transcurso e mais para o final do mesmo, e que no caso de ter convertido as duas bolinhas em sequência o tenha absolvido, mesmo mantendo distância do espirito coletivista da equipe? Àquela altura do jogo, com o Uberlândia mandando com sobras no mesmo, jogando com um eficiente sentido coletivo, ritmado, paciente e utilizando o jogo interior e exterior com maestria (vide fotos), em oposição ao comportamento gregário e individualista de Bauru, fator que o levou a derrota em seus próprios domínios, tornado sua tarefa em Uberlândia nos próximos dois jogos bastante difícil.

Se nos jogos contra Franca a equipe de Bauru soube desenvolver o jogo interior intenso, vencendo a difícil série, porque não repetiu o sistema de jogo contra Uberlândia? Se a atitude fartamente repetida pelo Gui foi um dos fatores  preponderantes na quebra do coletivismo da equipe, porque então mantê-lo em quadra agindo daquela forma, e não proibindo-o (esse é o termo) de ir por aquele caminho, e exigindo do mesmo percorrer o das penetrações e assistências aos pivôs no jogo interno, ou mesmo interagindo com os armadores Fischer e Larry?

Sim, houve uma séria contradição técnica, e principalmente tática por parte de um jogador talentoso e muito jovem, que arrisca suas reais possibilidades ao negar jogar em equipe, e uma maior ainda por parte do técnico, que espaçou o binômio Diagnose/Retificação muito além do permissível, do aceitável, pois quanto menor for o espaçamento entre estas duas ações, maior o domínio de um outro binômio, o do Ensino/Aprendizagem, seu controle e seu aprimoramento.

Esperamos que na próxima partida a equipe paulista torne ao sentido grupal de seus jogos com Franca, enfrentando um adversário que já o tem estabelecido, pelo menos até esse importante momento do campeonato.

Amém.

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PEQUENAS SUTILEZAS…

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Fechando o playoff, um grande jogo, disputado com muita energia e determinação por ambas as equipes, jogando dentro do perímetro de forma eficiente, e contestando os longos arremessos, propiciaram um dos mais equilibrados jogos desse playoff, que pendeu ao final para a equipe mais experiente e rodada do Bauru, mas que fez da jovem equipe de Franca uma real promessa, com bons valores individuais e um senso de equipe elogiável.

Os números do jogo atestam o equilíbrio e a qualidade apresentada por ambas as equipes, que arremessaram 38/77 bolas de dois (21/38 para Bauru e 17/39 para Franca), e 17/40 de três (7/19 e 10/21 respectivamente), sem os costumeiros arroubos dos três incrustado no modo de jogar da maioria de nossas equipes, demonstrando que de dois em dois podemos estabelecer bons e mais precisos placares, sem o desperdício de tempo e esforço pelo emprego desvairado dos longos arremessos de três.

Agora que ficaram conhecidas as quatro semifinalistas do NBB5, podemos estabelecer uns pequenos comentários sobre as mesmas, principalmente no aspecto tático, que diferem um pouco entre elas, mas o suficiente para definir seus passos no duro torneio que se avizinha.

Tentemos um pequeno esquema comparativo:

 

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Onde: DA – Dupla armação

JI    – Jogo interior

JE   – Jogo exterior

PL  – Pivôs lentos

PR – Pivôs rápidos

SJI – Sistema de jogo contra defesa individual

SJZ – Sistema de jogo contra zona

SJP – Sistema de jogo polivalente

JT   – Jogo de transição

RED- Relativa estabilidade defensiva

São características naturais das equipes, mas que poderiam sofrer adaptações na medida em que avançasse a competição, mas que denotaria mudanças significativas na forma de jogar e atuar, e principalmente no modo como defendem, o que duvido que pudesse acontecer no atual estagio do basquete no país, onde a grande maioria dos técnicos se acorrentam em torno de um sistema de jogo padronizado e formatado desde sempre, para nossa infelicidade.

Pelo pequeno quadro comparativo acima podemos prever alguns comportamentos ofensivos, e até defensivos, na medida em que as equipes se defrontem, não só com sua realidade, mas basicamente com a de seus oponentes, numa troca de experiências que pode definir o vencedor ao final. Pena que nenhuma delas tenha em seu poder um sistema de jogo polivalente, que propiciaria um salto gigantesco nos conceitos técnicos e táticos do grande jogo em nosso país, apesar da discordância do grande Wlamir Marques. Mas isso é outra história…

Amém.

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