12.345…

“Para que pivôs com um time desses?”

“Já estão jogando com três armadores na quadra, não é um time de sonho?”

Foram algumas das exclamações do comentarista da TV, um sério defensor dos “cincões” nas equipes nacionais, principalmente nas que dirige.

E a grande pérola – “É a grande novidade tática, essa de jogar com os cinco abertos, sem pivôs…”

Engraçado, ou vi outro jogo, ou apaguei em frente à TV, como no jogo feminino…

Prefiro manter um conceito que trago comigo desde que me interessei pelo grande jogo, o de que uma equipe plena e basicamente preparada nos fundamentos supera aquela que, carente nos mesmos, aposta em sistemas padronizados e formatados de jogo, com controle absoluto de fora da quadra, através coreógrafos travestidos de técnicos, desculpem, estrategistas…

Indo aos blogs o que mais vemos são comentários sobre posições 1, 2, 3, 4 e 5, suas combinações, seus componentes setorizados com um ou outro transitando em mais de uma especialização, como capitanias hereditárias, estáticas, inamovíveis, gravitando em torno de um sistema único mais granítico ainda, cristalizando uma mesmice endêmica asfixiante e covarde.

No último mundial o Coach K ensaiou a grande mudança, venceu o campeonato, mas foi criticado por aqui acusado de ferir um principio “consagrado”, o do sistema único, que em caso de ser aceito colocaria muita gente para estudar e pesquisar novas soluções táticas, fator que não interessaria ao status quo vigente e corporativista.

Passaram-se dois anos, e eis que ele de volta mantém seu ousado conceito, só que no comando de melhores jogadores, inclusive os mais emblemáticos, com dois na posição 1, dois na 5, e oito na 12.345, posição de todo jogador que professa e pratica de verdade os fundamentos básicos, tanto os individuais, como os coletivos, e o inusitado, trazendo os outros quatro para formarem na polivalência que dominam magistralmente.

E o que vemos, e veremos daqui para diante um pouco além “dos 5 abertos” senão um entre e sai do perímetro interno, por dois, três jogadores atléticos, altos e profundamente senhores dos fundamentos do grande jogo, alimentados por dois, e até três armadores mais senhores ainda da arte do drible, das fintas, do passe…

E do sentido maior do jogo, a forte defesa, intransigente, antecipativa, física no interior, combativa, insistente, contestadora no perímetro externo, sentido este que viabiliza todo o arsenal de conhecimentos e técnicas ofensivas, determinando dessa forma os resultados planejados e executados sob a égide e a coragem de um técnico na acepção da palavra.

12.345 é a posição do jogador de um amanhã que se aproxima inexoravelmente, queiram ou não os puristas e defensores do sistema único, do qual nunca pertenci, desde que iniciei minha humilde caminhada a mais de cinqüenta anos atrás.

Podem até perder a grande competição, mas o recado tem sido dado com tamanha convicção que nos priva da dúvida, da incerteza, do descrédito.

Nossa seleção encontrará grandes e poderosos obstáculos, mas poderia também inovar, ousar um pouco além do “trivial simples” do dia a dia do nosso insosso basquete, colocando o nosso melhor transitando no âmago das defesas que enfrentaremos, inclusive a americana, impulsionado por dois armadores determinados ao jogo coletivo, à defesa mais coletiva ainda, rompendo com a mesmice endêmica que nos limitou e asfixiou geração atrás de geração, numa pungente autofagia desde sempre.

Contudo fico muito triste por não ser permitido participar dessa mudança que indevidamente propus no NBB2, que se continuada poderia ter inspirado novas formas de se jogar o grande jogo, aqui mesmo, nessa imensa terra tupiniquim, dos “grandes conhecedores” do jogo, que talvez agora não estivessem ridiculamente embasbacados com um LeBron jogando de 5, assim como o Carmelo e o Durant, e por que não e eventualmente os armadores da grande equipe, e um Kobe fazendo menos de 15 pontos por partida.

Aguardo com franca e honesta curiosidade os dois jogos preparatórios deste fim de semana, mesmo sabendo que muito de táticas será pouco mostrado, talvez insinuado, para que na competição à vera um novo conceito seja exposto para um novo tempo, um novo grande jogo entre nós. Torço para que aconteça.

As fotos que incluo neste artigo mostram que 5 abertos quase sempre se transfiguram em efetivas ações internas e externas, precisas e velozes, sendo que reduzi um pouco a velocidade de captação das mesmas a fim de que constatemos a permanente movimentação de todos, dos cinco, e não de um ou dois. Clique para ampliá-las e deleitem-se com o mimetismo posicional destes grandes jogadores.

Amém.

 

Fotos – Reprodução da TV.

APARANDO ARESTAS…

Assisto ao jogo com meu filho basqueteiro, anoto jogadas, detalhes, e bato fotos, muitas fotos, que com sua crueza de imagens estáticas revelam muito mais do que sequências animadas, onde se perdem as entrelinhas dos sistemas, das ações individuais e coletivas, do comportamento atemporal dentro de uma competição de alto nível. Bem mais tarde, madrugada adentra, revejo o replay, com mais calma, e sob uma visão muito mais abrangente, depois de ter ido à minúcias na transmissão ao vivo, num exercício de captação e observação às avessas que muito tem me ajudado como técnico vida afora (a sempre bem vinda Engenharia Reversa).

Se foi um jogo levado a valer pelos contendores, muito esconderam, principalmente nosso astuto técnico, que somente se irritou de verdade quando no segundo quarto os americanos impuseram um 13 x 2 (vide foto) forçando uma marcação extremamente agressiva em cima da nossa armação, principalmente através o Raul, que aos 19 anos não possui maturidade e técnica desenvolvida para competições do quilate que querem que ele enfrente, e tem mais, se não corrigirem, melhor dizendo, ensinarem o menino como deve se comportar e agir tecnicamente na armação, nem em 2016 ele chega na condição de dono da posição como anunciam os marqueteiros de plantão.

E o básico que deve ser ensinado se resume a um detalhe, que se não corrigido agora, tolherá sua atuação pelo resto da vida, o de jogar no drible e na finta o mais próximo possível de seu marcador, jamais recuando para obter espaços, e sim avançando para criá-los onde não existem, fazendo com que seu marcador, ao tê-lo colado a seu corpo não aja em antecipações, e sim reaja a uma ação ou atitude ofensiva, mantendo-o sempre um tempo atrás em suas reações. Um bom armador agride, recua, e torna a agredir concomitante à troca de mãos, criando pequenos espaços por onde se infiltra, ou revertendo junto ao corpo do defensor, sempre em equilíbrio instável, provocando o desequilíbrio defensivo, tanto corporal, como espacial, e o mais importante, ambidestralmente.

Mas numa seleção como a nossa, onde até dirigente compõe o banco (com que função?), um detalhe destes de fundamentos deveria ser avaliado, pois contar somente com estrategistas de prancheta em punho jamais resolverá problemas e situações como esta, ou outros, como por exemplo, a equivocada empunhadura do Spliter nos arremessos livres, onde correções podem ser feitas por quem entende de fundamentos. De estrategistas bastam dois, como os temos argentinos, e dos bons.

Exatamente em cima dessa lamentável deficiência foi que os americanos retomaram as rédeas do jogo, pressionando, dobrando, e incentivando o jovem armador a recuar, recuar e lateralizar, para enfim, sucumbir. Maldade essa queimação de filme, mas não muito menor que o aperto que deram no Leandro e de passagem no Huertas, dois macacos velhos das quadras.

Acesos os faróis de alerta, vimos daí para diante um Huertas armando e conduzindo de verdade, a bola, os passes, as fintas os arremessos e as explendidas assistências, jogando como deve jogar um armador, “dentro do marcador” fungando ele mesmo, e não o oponente, no cangote do outro.

Mas algo de instigante ocorreu, e desde o começo do jogo, quando os americanos ao se espalharem aleatoriamente (?) pela quadra de ataque, provocaram situações aonde nossos pivôs vinham marcar fora do perímetro, e os armadores ou alas, dentro, criando impasses onde nossos rebotes defensivos se tornavam ineficientes, provocando trocas sucessivas, nem sempre nos beneficiando, mas sim a eles, que agindo dessa forma equilibravam sua carência de pivôs de oficio, bem aos moldes de sua campanha no último mundial.

Conseguimos, no entanto, equilibrar um pouco essa movimentação ofensiva dos americanos, obrigando-os aos longos arremessos, no que foram ineficientes por um largo período de tempo, quebrado no quarto final pelo LeBron, com seus arremessos da linha NBA.

Nosso ataque, propositalmente (desconfio que sim pela tranqüilidade do Magnano…) não aproximava os pivôs, mesmo jogando com eles, como que testando suas ações técnico individuais, e não o jogo entre eles mesmos, acrescido do apoio do ala, que deverá ser fundamental em Londres se quisermos ir mais além do quem a simples classificação, e nesse ponto fica uma preocupação, a forma do Marcos, pois dos alas convocados é aquele que reúne as melhores características para interagir com os pivôs, não só por sua elevada estatura, mas pela precisão de seus arremessos médios. O Guilherme e o Marcelo poderão compor no apoio em determinados jogos, não os de maior impacto e exigência física, assim como o Alex na marcação de um jogador mais atuante fora do perímetro.

Finalmente, a grande interrogação que se delineia na possível estratégia do Magnano de vir a jogar com dois armadores, que nesse caso se restringiria ao Huertas e o Larry, com um possível, porém temerário Leandro na rotação, e nunca o Raul, principalmente contra europeus e americanos com sua sufocante pressão defensiva, já que uma armação solitária desgastaria o Huertas de forma cruel, o que nenhum adversário descartará, pois reduziria o potencial ofensivo brasileiro em praticamente 50%.

Se atuarmos em dupla armação, como em alguns ensaios feitos nos últimos jogos de ações de pivôs qualificados como os nossos, ai sim, apresentaremos algo de realmente novo neste cenário monocórdio do basquete internacional, somente quebrado pela atitude fragmentária no modo de jogar da equipe americana, não como muitos pensam pela falta de pivôs, e sim pela retomada das habilidades, da grande arte do domínio dos fundamentos, independendo de alturas, pesos, idades, e mesmo, posições.

Ficam alguns questionamentos, tais como:  – Se é real e comprovadamente verdade de que um armador somente atinge sua plenitude perto dos 30 anos, porque forçarmos a barra em cima de um de 19?

– Se aceitarmos a evidência palpável de que o jogo de pivôs nos beneficiará nas grandes competições, porque levar um que sequer atua num jogo preparatório?

– Porque ainda pecamos tanto na convocação de “nomes”, esquecendo aqueles que se destacaram no NBB?

Terminemos dando uma passagem pelas fotos apresentadas, comparando-as com o que aqui foi exposto, e também no que pudemos observar no transcurso do jogo, num exercício de conhecimento e descoberta das entrelinhas do grande jogo. Divirtam-se.

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

INSIDE (?)…

Paulo,viu o time jogar como você gosta? Vi, mas não do jeito que gosto, mas como deveria jogar sempre, lá dentro, na cozinha deles, e sendo abastecido por dois bons armadores, por todo o tempo, cirurgicamente, e contando com um ala que deveria estar por perto dos pivôs, para de dois em dois otimizarem seus ataques, como quase fizeram desta vez. Note que foram 7/16 de bolinhas de três, 21 pontos num total de 91, ou seja, 70 pontos de 2 e 1 pontos! Imagine a quanto iria o placar se a metade das bolas de três perdidas fossem trocadas por tentativas de dois? Cem pontos…

Mas foram bem melhores do que vinham jogando, e nunca uma briga nos favoreceu tanto em termos de ajustes táticos do que a travada entre o Marcelo e o Gutierrez, os dois melhores arremessadores de três de suas equipes, que alijados do jogo propiciaram como nunca o jogo interior, ora e vez quebrado pelas teimosas tentativas de três dos dois remanescentes cardeais, principalmente o Guilherme, que sempre se postava fora do perímetro, quando deveria estar mais próximo de seus dois pivôs, em bloqueios, em cruzamentos, todos em movimento constante, sempre bem colocados para os rebotes ofensivos, para a bola curta e precisa, e provocando faltas de seus oponentes, e o mais importante, bem posicionados para retardar e mesmo contestar os contra ataques adversários, que sem dúvida alguma será a grande arma dos americanos na segunda feira, como foi contra os dominicanos.

Então Paulo, como você gostaria de ver um time jogar com três alas pivôs sob dupla armação?  No caso da seleção, que pode sempre escalar dois bons e ágeis pivôs, contando com um ala de boa estatura e bom arremesso, como o Marcos (2,07), o Guilherme (2,05), o Marcelo (2,00) e o Alex (1,93), e três eficientes armadores compondo duplas sempre em jogo, tal sistema funcionaria muito bem na medida em que todos os jogadores se movimentassem ininterruptamente, mantendo dessa forma seus marcadores próximos a eles, atenuando muito as flutuações defensivas, comprimindo-os dentro do garrafão, quando ai sim, liberariam generosos espaços para arremessos médios de dois e mesmo os de três pontos.

E estão muito próximos deste cenário, bastando percorrer com atenção as fotos acima postadas, que revelam o quanto ainda teriam de evoluir para preencherem os mais importantes requisitos para executarem o sistema com precisão, começando com os deslocamentos constantes, principalmente após efetuarem os passes; a colocação de frente para a cesta de todos os jogadores nos arremessos, inclusive os pivôs; a presença constante do ala próximo aos pivôs, interagindo com os mesmos por todo o tempo, abrindo espaços sempre que a leitura defensiva assim o permitisse, e finalmente, que os armadores jamais saíssem do foco das ações, na entre ajuda e no domínio do perímetro exterior, agindo como armadores e não se comportando um deles como um ala adaptado.

Foto 1 – Raul na armação inicial, com os dois pivôs bem colocados, e o Larry penetrando, quando deveria ser esta uma ação do Guilherme, que se mantêm fora do perímetro, num típico posicionamento para um arremesso externo…

Foto 2 – De novo o posicionamento errado do Larry, onde deveria se encontrar o Guilherme…

Foto 3 – Mais uma vez o Guilherme fora do perímetro interno…

Foto 4 – Ação correta dos armadores, mas…

Foto 5 – Boa ação dos dois pivôs, mas sem a ajuda próxima do ala…

Foto 6 – Outra ação dos pivôs, mas com um deles na ala, desfalcando em muito o posicionamento para o rebote.

Enfim, a seleção se encontra num limiar auspicioso, na medida em que sua direção inove na maneira de jogar, já que impôs novos hábitos e atitudes, principalmente na disposição defensiva, pressionada, forte e atuante, mas que deveriam ser acrescidos de maior contundência ofensiva, mais ousada e diferenciada das demais equipes, fator que a qualificaria entre as mais instigantes da grande competição.

O técnico Magnano, com sua experiência e notória competência, sem dúvida alguma saberá percorrer o caminho árduo e pedregoso de uma competição que já venceu com méritos. Assim espero, assim torcerei.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

HUM, SEI NÃO…

Paulo, 16/25 de 3, 64%!! Que artilharia, que precisão, principalmente do Marcelo. E agora, caiu a ficha de que estamos em rota de colisão com uma medalha olímpica? E olha que foi contra a Espanha, 101 x 68, é pouco cara?

Hum, sei não, uma Espanha que envia um time B para testar brasileiro, e não faz o que o A leva como ação básica, defesa forte e perímetro atuante, sendo ambos pertencentes à mesma e tradicional escola de formação?

Num ponto eles poderão ficar algo curiosos, quanto ao quem é quem na artilharia nacional, afinal Leandro, Marcelo, Guilherme, Raul, Huertas chutaram bolinhas a valer (vide fotos em sequência), as do Alex só consegui registrar a bola (última foto), e a do Larry nem isso…

Enquanto isso, num jogo com pivôs poderosos em ambos os lados, nos eximimos de treiná-los, pois preferiram alguns passes de dentro para fora, alimentando a turma do perímetro, além de pegarem rebotes para os muitos contra ataques da equipe, e adiando o fundamental jogo interno, mesmo cometendo erros,  no ponto que definirá muitos jogos em Londres.

Enfim, honestamente me preocupa uma equipe em que todos os seus armadores e alas se acham especialistas de três, quando deveriam ser arrasadores nos dois pontos, no jogo interior onde os percentuais são mais altos, e as possibilidades de provocarem faltas nos pivôs adversários se torna estrategicamente crucial, qualificando cada ataque, cada oportunidade de conclusão, pois se pensam que vão encontrar as facilidades de hoje na grande competição (inclusive contra a Espanha A…), estarão cometendo o maior dos erros, o de auto-estimarem suas reais possibilidades ante uma realidade antítese à de hoje.

No jogo de hoje com a Argentina, esses e outros fatores deverão ser minuciosamente mesurados, com realismo e bom senso, principalmente no jogo exterior, ainda muito circundante, numa busca óbvia para o tiro longo, quando a primeira opção deveria ser a do jogo interno, onde se decidem os jogos, os campeonatos, onde os americanos vão incidir como nunca, assim como algumas das grandes equipes européias, e a argentina também. Que prestemos muita, muita atenção nesse jogo, dada a sua importância a essa altura da preparação, pois os demais jogos antes de Londres espelharão toda uma tendência a ser desenvolvida na grande competição, onde incidirão os maiores esforços da equipe, se dentro ou fora do perímetro, se na velocidade explicita ou no jogo armado e cadenciado, se definido e decidido nas tabelas, ou na hemorragia nossa conhecida e estratificada até o jogo de ontem, a bolinha com seus mágicos 64% (16/25), claro, se deixarem, pois em caso contrário, hum, sei não…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O CORROSIVO ÁLIBI…

(…)Mas em absoluto foram os motivos reais, e sim os progressivos traumas provocados pela sequência cumulativa de erros de arbitragens, jogo a jogo, temporada a temporada, por muitos juízes que se sentem no direito de julgarem aprioristicamente, de interferirem nas zonas de atuação uns dos outros, e que mesmo se seu número aumentasse para 4 ou 5, continuariam nas intromissões indevidas e pouco éticas, causando apreensões e medos indevidos em jogadores e alguns técnicos, num confronto absurdo que sempre me neguei a participar, arbitro que fui na federação do RJ, e professor de técnica de basquete nos cursos de formação de árbitros, onde tais comportamentos eram discutidos e dirimidos, evitando a criação de  áreas de atrito permanentes e antipáticas, levando muitos jogadores a se colocarem em antagonismo com os mesmos logo que a bola subia para o jogo.

Mesmo ante tais evidências, esse também não foi o motivo real da derrota, e sim a incapacidade de alguns jogadores em abstrair tais influências, longamente plantadas em suas mentes, tornando-as indesejáveis companheiras de suas realidades desportivas, e não inconscientes álibis para constantes derrotas.

Perdemos pela ausência dessa abstração, que será de agora em diante um objetivo a ser estudado, discutido e erradicado de seus comportamentos, para quando amanhã se defrontarem com a verdade das quadras mantenham o equilíbrio e a devida distância de uma variável imutável, mesmo que sob o domínio do erro crasso, da vontade e da decisão irrecorrível, correta ou errada do trilar do apito de um juiz.(…)    ( trecho do artigo O décimo nono dia, publicado em 27/2/2010).

Os parágrafos acima foram escritos após a derrota da equipe do Saldanha para o Pinheiros no returno do NBB2, quando constatei aquele que seria o maior dos problemas que enfrentaríamos dali para diante, a busca inconsciente de álibis que justificassem derrotas, cuja manifestação primeira era a de culpar as arbitragens pelas mesmas, numa omissão inconsciente de seus próprios erros, pouco ou nunca admitidos. Foi um trabalho penoso a que submeti toda a equipe em seus treinamentos, principalmente nas prolongadas e cansativas praticas em meia quadra, onde ataques e defesas duelavam intensamente, e onde privilegiava as ações defensivas dentro ou mesmo fora das regras, principalmente quanto às faltas pessoais que não eram assinaladas propositalmente.

De inicio todos estranharam, e mesmo reagiam surpresos, mas insisti ao máximo que cargas nos armadores e pivôs fossem elevadas ao máximo, que os bloqueios fugissem das regras regulares, e que em nenhum momento o homem da bola respirasse com liberdade, e que nenhum arremesso fosse executado sem anteposições, faltosas ou não, enfim, eram dadas à defesa todas as facilidades possíveis, e o máximo de dificuldades às ações ofensivas, a ponto de um dia um dos jogadores me interpelar dizendo que não entendia o por que do meu pedido constante de não querer ver o sistema que treinávamos dar certo ante defesa tão enérgica e até desleal, dando-me a oportunidade ansiada para responder que, se ante tantas dificuldades, o sistema pudesse se desenvolver, obrigando todos a uma leitura ampla e fundamentada no improviso consciente, ai sim, estaríamos preparados para vencer, ou mesmo perder, sem nos preocuparmos em buscar desculpas e álibis, culpando arbitragens, e desculpando nossos erros.

Porque trago esse exemplo prático de direção de equipe ao presente artigo? Porque é o que vejo se avolumar no âmbito de nossas equipes, e o pior, em nossa seleção. –“Fomos roubados na Argentina”- “Não fosse a arbitragem teríamos vencido…”- “Impossível fazermos 33 faltas e eles só 17”- E muitas e muitas outras manifestações nos blogs, nos comentários televisivos, contestando o resultado, culpando a arbitragem pela derrota.

Preocupa-me a síndrome do álibi inconsciente, embasando desculpas a erros que não deveriam ser omitidos, a erros que se corrigidos, arbitragem nenhuma influenciaria no resultado de partidas. A seleção precisa com urgência se desvincular das arbitragens, e se concentrar na aprendizagem e sedimentação de seus sistemas de jogo, sejam eles quais forem, a começar pela direção da equipe, cuja permanente tranqüilidade transmitiria a equipe o enfoque absoluto e necessário para superar os obstáculos, inclusive arbitragens.

Precisa a seleção optar pelo jogo seguro, pela escolha correta e inteligente do melhor arremesso, do jogo interior, da colocação estratégica nos rebotes, com o maior número possível de participantes, com a execução de passes incisivos e não circundantes, numa perda de tempo inconcebível, com um posicionamento correto e efetivo na defesa, na anteposição aos arremessos e passes de nossos adversários, sem tréguas, sem omissões.

Olhem as fotos e vejam como atacamos no interior, com pouca movimentação e deslocamentos de todos os jogadores, e não somente dos pivôs intervenientes, assim como a trágica opção das bolinhas (6/23), principalmente através os cardeais e um Leandro impreciso quando mais necessária a sua habilidade penetradora ao fim da partida, além da falência defensiva individual, quando alguns de nossos luminares jogadores simplesmente não sabem marcar.

Tudo isso pode ser atenuado, corrigido em médio prazo, mas encontrará um sério obstáculo que anularia os esforços da equipe, o fator arbitragem, o álibi que precisam expurgar ao enfrentar e reconhecer suas falhas e carências.

Amém.

Fotos – Reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O (POSSÍVEL) REFERENCIAL…

Chego em casa vindo de um banco, onde fui acertar uma renegociação numa divida, seguindo as baixas de juros, no que consegui em parte, após horas de espera e discussões. Do jardim escuto o telefone fixo tocar, e imaginei poder ser o Pedro, afinal, por conta da saída não pude assistir ao jogo da Nigéria com a Grécia, e como sempre faz, liga para comentarmos os jogos. Atendo, e não deu outra, era o Pedro…

Paulo, você perdeu o melhor jogo do pré olímpico até agora, com dois armadores endiabrados da Nigéria, e seus alas e pivô extremamente ágeis e rápidos, dando uma canseira nos gregos e vencê-los. Você gostaria de ter visto algo que sempre defendeu…

Pronto, explodo, não por perder o jogo, mas por ser lembrado que tenho alguma razão defendendo o sistema de jogo que propugno a longo tempo, mas que só defendo, impedido que sou de tornar levá-lo às quadras, pelo simples fato de não comungar com a mesmice endêmica que nos impuseram desde sempre, da qual ao me insurgir veemente e decididamente, tornou-me inelegível a qualquer equipe neste injusto e cartorializado país.

E nesse ponto, lembrei que nada postei sobre o rachão de ontem, enquanto, no mesmo torneio a Argentina jogou para valer, numa situação que pouco entendi, mas que deve fazer parte do nosso treinamento, que aliás foi aberto a todos, pois jogo garanto que não foi.

Mesmo assim, vi o argentino torcer as feições com algumas bolinhas disparadas a esmo (6/17), principalmente em contra ataques, numa contestação aberta a seus rogos, principalmente por parte dos cardeais. Mas como só foi um “treino”, quem sabe entrarão em sintonia mais à frente? Minha opinião sincera? Duvido que entrem, nos restando somente brandir aos deuses para que tais bolinhas caiam, senão…

Hoje jogamos com os hermanos, num momento importante para ambos, pois se de um lado uma seleção experiente, forte, porém encanecida, parte para um gran finale numa competição olímpica que já venceu, por outro, um grupamento estruturalmente heterogêneo, desde sua formação de base, que ao se encontrar com um técnico coletivista e adepto de uma defesa forte, tem a oportunidade de rever alguns cansados comportamentos conceituais de jogo, para evoluir para algo mais consistente, confiável e menos aventureiro, abrindo portas para algo mais, muito mais importante para o nosso basquete, um referencial que possa vir a direcionar nossa formação de base, sinalizando novos caminhos, novas e instigantes formas de jogar o grande jogo.

Amém.

Foto – Colin Foster/Divulgação. Clique na mesma para ampliá-la.

O HÁBITO…

O Pedro me liga e dispara – Parece que poderemos esperar coisa boa em Londres. Estou animado, e já reservei hotel e ingressos para assistir…

Que bom que o velho amigo vai a uma Olimpíada, e mais ainda, esperançoso de uma boa participação brasileira. Mas me reservo o direito de ponderar sobre tão otimista previsão, pois ainda muito teremos de melhorar, ou mesmo mudar a forma de jogar, principalmente quanto ao coletivismo pretendido pelo Magnano, dirigindo jogadores que, em alguns casos bem marcantes divergem inconscientemente desse saudável posicionamento do argentino.

Arremessar de três somente na bola que volta do perímetro interno, e mesmo assim se as condições de equilíbrio e espaço forem a favor, é a exigência do técnico, que tenta priorizar o jogo interior, a fim de explorar ao máximo o potencial de seus pivôs no jogo seguro das bolas de curta e média distância, além, é claro, forçar as faltas dos pivôs adversários.

Mas algo destoa dessa tendência, o hábito arraigado desde sempre por parte dos cardeais, agora acrescido do Marcos, todos fissurados nas bolinhas em qualquer situação de espaço mínimo, inclusive em contra ataques. E foi num desses que o Magnano advertiu o Marcelo, mesmo com a conversão do arremesso.

Num jogo desse nível, em que o adversário se mostrou deficiente em todas as suas linhas, tal facilidade de espaços eram argumentos atraentes para a turma da bolinha, esquecendo que a prioridade nesta fase do treinamento deveria ser centrada no tipo de jogo que não professam em seus clubes e em suas participações estelares. E o incansável técnico lembrava isso a todo o momento, energicamente em algumas situações, e nesse ponto, lembro como altamente positiva a proibição de microfones nos pedidos de tempo e nas entrevistas televisivas, principalmente numa fase de estruturação técnica e tática visando à grande competição de julho, e que deixou órfãos os “comentaristas de comparação”, ou seja, que projetam nas falas e interferências dos técnicos suas posições e preferências pessoais, na contra mão do que agora são forçados, pela proibição, a analisar o que vêem, e não o que escutam.

Outro fator ainda tem de ser considerado, a de que o hábito de chutar a qualquer pretexto, adquirido frente à fragilidade de nossas defesas, é o mesmo que tornam nossos jogadores negligentes defensivamente, e aí, prezado Pedro, é que o problema se avulta, pois é de difícil correção, que podemos constatar facilmente na progressão dos quartos do jogo. Iniciamos com toda a energia, mas não mantemos o foco defensivo, exatamente pela ausência de praticá-lo desde as divisões de base, pois o mesmo exige continua e persistente insistência, até se tornar um hábito dos mais positivos.

Hoje, teremos pela frente uma seleção de verdade, muito técnica e aguerrida, quando, ai sim, poderemos avaliar com alguma precisão a quantas andam as influências vindas do sul, da terra onde desde muito cedo, já que na formação de base, jogadores dão ao hábito de defender o mesmo valor do de atacar, ano após ano de sua trajetória rumo a boas e equilibradas seleções, ao contrário dos nossos jogadores, pobremente formados e informados, quando, por força de seu talento, optam por técnicas midiáticas como maravilhosas enterradas (pivô que se preza, ali embaixo, tem de enterrar- recado da maioria dos comentaristas), e arremessos de três de outro mundo…

Com o Delfin pacificado e em boa forma, e os cardeais ainda reticentes quanto às suas facilidades restringidas nas bolinhas, veremos como nos comportaremos coletivamente daqui para diante, torcendo para que algo que restringe todo um projeto modificador do Magnano possa ser atenuado a níveis que comportem sua tentativa mais do que válida, de tornar essa equipe competitiva ao máximo, o hábito, que situa nossos jogadores atuantes no perímetro externo quando atacam, e ausente do mesmo, quando defendem.

Conseguirá mudar esse panorama o bom técnico argentino? Difícil, Pedro, não impossível, na medida em que todos realmente se comprometam, e se envolvam com a retórica de quem já venceu a grande competição, numa outra realidade, num outro comprometimento, o de base, o de formação.

Torço para que consiga, mesmo, sem ressalvas, mas com cautela e esperança.

Amém.

Foto – Divulgação CBB, Clique na mesma para ampliá-la.

UM BOM CAMINHO…

 

A equipe ainda está incompleta, treinou em segredo, falou muito pouco, e mesmo assim através uns poucos jogadores mais midiáticos, e veio para um jogo contra um adversário muito fraco e previsível.

Reapresentou sua disposição defensiva vista em Mar del Plata, mais robustecida com uma táboa mais consistente e forte pela presença do Nenê, que em conjunto com o Varejão e o Spliter, sem dúvida alguma formarão um dos núcleos defensivos mais fortes da competição olímpica.

Ofensivamente, pelo que foi apresentado, algumas pequenas tendências puderam ser apontadas e observadas, sem, no entanto apresentarem algo de realmente inovador. Nas fotos 1 e 2, temos algumas pistas pela observação do posicionamento defensivo dos maoris à vontade e majoritários na primeira foto, e sob pressão de três brasileiros no âmago do perímetro na segunda, quando toda uma gama de possibilidades se descortinam pela intensa movimentação interior de nossos jogadores, e o posicionamento da armação exterior, pronta  para dar seguimento às possíveis e várias opções de jogadas, mas com um fator restritivo, quando o segundo armador na ocasião, o Alex, ocupa uma posição que deveria estar sendo exercida pelo Guilherme, não só por sua maior estatura, mas pela habilidade que demonstra quando em ação dentro do garrafão, principalmente nos arremessos curtos e com reversão, assim como seria mantido um forte equilíbrio defensivo pela presença do Alex junto ao Nezinho.

Na foto 3, mais uma vez vemos um ala pivô de grande estatura e velocidade, o Marcos, se situando muito fora do perímetro, claramente se posicionando para o tiro longo, quando poderia estar colocando toda a sua habilidade pontuadora a serviço de arremessos mais precisos e eficientes se dentro do perímetro.

No entanto, algo de muito positivo pudemos observar no transcurso da partida, como a intensa movimentação de todos os jogadores, e não duplas ou aventuras solitárias, como podemos atestar na foto 4, onde bloqueios simultâneos dentro e fora do perímetro mantêm a defesa adversária colada nos atacantes, originando daí bons espaços para ações ofensivas mais perto da cesta, otimizando os ataques, para de dois em dois avançarem no placar.

Na foto 5 temos uma situação perto da ideal, com praticamente todos os homens mais altos da equipe dentro da zona de rebotes, permitindo dessa forma que segundas situações de ataque aconteçam com mais frequência. Rebotes ofensivos é uma garantia bastante segura de sucesso, ao acrescentar ataques extras em jogos mais difíceis e decisivos.

O que não pode ocorrer é permitir que uma superioridade posicional defensiva supere as possibilidades acima mencionadas, com podemos observar na última foto, que é uma constante em nossos campeonatos regionais e nacionais, fator que poderíamos releva desde a base, pela ação coletiva constante de todos os jogadores, principalmente junto à cesta.

Enfim, pontos positivos estão sendo implementados, e razoavelmente utilizados pelos jogadores, ainda muito presos a vícios de longa data, inclusive os mais jovens da seleção. Acredito que a continuidade desse trabalho proposto pelo Magnano, sirva de parâmetro aos demais técnicos, no intuito de tentarmos mudar nossa endêmica forma de jogar, aspecto este somente possível pela reformulação didático pedagógica no ensinar o grande jogo entre nós, através a criação de metodologias de longo prazo, informatizadas e divulgadas ao longo de um bem elaborado projeto de alcance nacional, bem ao contrário das reuniões de fim de semana até agora patrocinadas por uma ENTB equivocada e errática.

Acredito que possamos melhorar bastante no decorrer da preparação, e que, se optarmos por uma dupla armação e um jogo interior intenso por parte de nossos potentes alas pivôs, muito de oportunidades poderemos auferir nas grandes competições que participaremos até 2016.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O TIRO NO PÉ…

Meus amigos, do que adianta defender uma tese provada no campo de jogo por anos e anos, de que de dois em dois pontos podemos vencer jogos, atingir contagens elevadas, defender com mais precisão, agilizar tanto o jogo interior, como o exterior, dotar os jogadores do poder decisório em quadra, item tão temido por tantos técnicos, por aprenderem e apreenderem a arte da leitura de jogo, por sedimentarem no dia a dia dos treinos os fundamentos do jogo, ferramenta visceral para a execução dos sistemas ofensivos e defensivos, pela aprendizagem ao diálogo sobre o que treinam e jogam, entre si, e com seus técnicos, numa mútua relação de confiança, respeito e consideração, professando uma autêntica dupla armação, e uma corajosa e diferenciada ação interior através uma tripla utilização de alas pivôs, rápidos, ágeis, flexíveis, e acima de tudo plenamente participantes do jogo, e não coadjuvantes de uma interminável hemorragia de arremessos de três pontos, que tanto empobrece nossa autofágica maneira de jogar o grande jogo.

Foi o que ocorreu, pela milionésima vez no jogo com a Venezuela, quando de dois em dois pontos endurecemos um jogo perfeitamente ao nosso alcance, para numa falha sucessão de bolinhas de três, propiciarmos contra ataques venezuelanos que esticaram o placar além dos 20 pontos.

E o que dizer do jogo da Sub 18 contra os americanos, que jogaram dentro de nós, enquanto treinávamos a pontaria de fora, sem falar na brutal diferença na postura fundamental de seus jogadores, frutos de uma escola que nos negamos a praticar, trocando um tempo precioso de formação por formatações e padronizações de sistemas de jogo, numa opção equivocada e absurda.

Senhores, utilizar uma dupla armação adaptada ao sistema único é praticamente um tiro no pé, pois retira do foco da ação exterior um dos armadores, que ridiculamente vai executar bloqueios dentro do garrafão, e de encontro aos grandes pivôs, enquanto seu companheiro de armação se vira sozinho e sem balanço defensivo presente, além de somente poder contar para uma jogada incisiva com um dos alas, claramente inferiores nos fundamentos básicos de drible e passes, pela ausência do outro armador. O resultado se reporta aos passes de contorno, num crescendo inócuo e destituído de penetração aos pivôs, que por conta de uma movimentação sagital se postam de costas para a cesta, quando deveriam atacá-la de frente e em veloz movimentação, situando-se dessa forma um tempo adiante dos defensores, que é a arma mais letal para superá-los.

O que poderia dizer ou acrescentar a mais, frente a resultados tão medíocres por repetitivos, e tão solidificados por padronizações e formatações?

Nada, se frente a uma realidade imutável, solida e corporativista.

Tudo, se uma fresta, por tênue que fosse, de repente, se abrisse para algo de novo, iluminando caminhos abertos pelo diálogo, pelo trabalho conjunto daqueles que realmente conhecem e amam o grande jogo, e que comungassem princípios e conhecimentos entre jovens e veteranos técnicos e professores, no reencontro de um destino rompido e violentado pela mesmice endêmica que tem ferido de morte nossa maior riqueza, a criatividade inata de nossos jovens, enclausurada que se encontra nos limites de uma lamentável prancheta.

Mantenho uma contida esperança, de que nossa seleção olímpica possa vir a romper alguns desses grilhões, apresentando um jogo voltado ao perímetro interno, através um pleno domínio no externo, equilibrando ações voltadas ao coletivismo defensivo e ofensivo, onde arremessos de media e curta distância, mais precisos e eficientes, se sobreponham definitivamente às aventureiras bolinhas, lastreado por um sistema defensivo ousado e corajoso, base verdadeira de uma equipe de alta competição. Que assim seja, torço e espero.

Amém.

Foto-Divulgação CBB. Clique na mesma para ampliá-la.

EM TEMPO- Agora,  oficialmente na America do Sul, estamos em quarto…

DUPLA O QUE?…

Toca o telefone, e o amigo Pedro do lado de lá da linha me alerta –Paulo, até que estão inovando, pois estão jogando com dois armadores… Pera lá Pedro, substituir um ala por um armador dentro do imutável, rígido, ciclópico sistema único pode ser tudo, menos jogar em dupla armação. E para conseguí-lo, uma mudança estrutural tem de ser desencadeada na forma de se situar e ler o jogo, pois atuar em dupla exige dos armadores um completo domínio das possibilidades oferecidas por um perímetro externo amplo e desafiador, onde a visão periférica se expande no mais amplo sentido criativo, alimentando pluridirecionalmente um perímetro interno sutil, ou escancaradamente habitado por alas pivôs velozes, ágeis e em permanente movimento, ferindo a defesa em seu âmago, e não contornando-a através óbvios e inócuos passes destituídos de objetividade e precisão, culminando em arremessos apressados e desequilibrados.

Mas o pior de tudo é a constatação de que nomes, por si só, não definem uma boa seleção, a começar por uma opção técnico tática compromissada com um sistema de jogo em tudo e por tudo absolutamente equivocado. Sim, tínhamos dois armadores em quadra, um Nezinho dito de ofício, e um Benite gravitando entre equipes na busca incessante e imatura de uma posição permanentemente confrontada com sua tendência anotadora, a mesma de seu companheiro “armador”, que por conta disso desandaram nas bolinhas, no individualismo crônico, negligenciando o jogo com seus pivôs, relegando-os ao notório papel de “apanhador de sobras”.

Bem, isso tudo no plano ofensivo, porque no defensivo meu amigo, algo de muito, muito sério está grassando em nosso basquete, o mais absoluto desprezo pela ação no perímetro externo, por onde os paraguaios (meus deuses, aonde chegamos…) fizeram uma festa do arromba nas bolinhas, jamais contestadas, sequer tentadas através um simples e singelo movimento defensivo, como num trato inter pares, já sedimentado em nosso dia a dia, o de quem acertar a última, ganha.

Pedro, garanto a você, e bem sei que pensa o mesmo, de que temos melhores e mais comprometidos jogadores que lá não estão na maioria das posições, porém, inominados que são, ao gravitarem por equipes menos midiáticas, se perdem no injusto e perverso anonimato de um basquete anacrônico e desleal.

Numa coisa tenha a mais absoluta certeza, não se adquire conhecimento e sabedoria no grande jogo por osmose, como alguns pensam ao gravitarem em torno de um campeão olímpico. Tempo, estudo e experiência ainda ditam as regras do comando, da liderança, da ousadia, do livre pensar, da real e comprovada competência, enfim.

Quem sabe um dia acordaremos para a realidade do grande jogo, um dia…

Amém.

Foto – Divulgação CBB. Clique na mesma para ampliá-la.