EVOLUINDO…
Foi uma noite surpreendente, com um bom e animado público, uma quadra renovada, e muita gente importante para o basquete, prestigiando-o e valorizando uma modalidade que luta com denodo por seu soerguimento.
` Mais surpreendentes ainda alguns aspectos técnicos que foram apresentados, como a já estabelecida dupla armação, desenvolvida pelas quatro equipes presentes na rodada inaugural, com uma delas, o Flamengo, jogando praticamente a partida inteira não com dois, mas com três armadores e dois pivôs de grande mobilidade ( o Caio parece estar mais leve), ação esta que quando estiver bem estruturada e treinada dará um enorme trabalho às defesas que o enfrentarem.
No primeiro jogo, Tijuca e Pinheiros fizeram um primeiro tempo bastante equilibrado ofensivamente, mas pecando em demasia nos sistemas defensivos com a adoção, por ambas, das dobras dentro do perímetro, a fim de tentarem conter o forte jogo interior adotado pelas duas, permitindo que voltas de bola encontrassem os arremessadores sempre desmarcados. Essa tendência foi mais evidente no terceiro quarto, com a equipe carioca acelerando o ritmo da partida, quando deveria ter feito exatamente o contrario, cadenciar ao máximo ante uma equipe ofensivamente superior, permitindo um maior controle e valorização de posse de bola, diminuindo a incidência de erros, e obrigando o adversário, pelo significativo aumento da velocidade a cometê-los. Não o fazendo, e tentando acompanhar o ritmo vertiginoso imposto pelo Pinheiros, se perdeu nos erros e praticamente nada produziu daí em diante, perdendo uma partida por não conseguir administrar sua volúpia ofensiva em detrimento de uma postura defensiva mais rígida e atenta, pontos que terá de aperfeiçoar se quiser evoluir positivamente no campeonato.
No segundo, a equipe do Paulistano jogou os três quartos iniciais com muita força defensiva e uma excelente postura nos rebotes, mas trocava demasiados passes lateralizados em suas ações ofensivas, o que tornava suas conclusões precipitadas pelo limite dos 24seg. Um trabalho mais incisivo na direção de seus muito bons pivôs, e a tarefa da equipe rubro negra teria sido bem mais exaustiva.
No quarto final, a trinca de armadores composta pelo Helio, o Leandro e o americano Jackson, inspiradíssimo nos arremessos de três pontos a ele liberados pelas incisivas incursões de seus hábeis pivôs, forçando uma compressão defensiva dentro do perímetro interno dos paulistas (vide foto), e deliberadas voltas de bola para fora do mesmo, proporcionou uma folga razoável no placar para os cariocas, mantido até o final do jogo.
Concluindo, podemos atestar que o principio da dupla armação já está se estabelecendo na maioria das equipes participantes da Liga, e que por decorrência desta evidência o jogo interior começa a ser desenvolvido por pivôs mais velozes, jogando de frente para a cesta e efetivamente participando de todas as ações ofensivas de suas equipes, e não somente lá estando para apanharem rebotes e concluírem nas sobras embaixo das cestas, numa evolução realmente instigante e positiva para o futuro do nosso basquete, do grande jogo.
Como vemos, podemos, mesmo que homeopaticamente evoluir na direção oposta à mesmice endêmica representada por um sistema único que nos engessou por mais de duas décadas, e que agora ensaia uma retomada técnico tática que nos pode catapultar de volta a elite mundial, mas não antes que sedimentemos tão salutar tendência na formação de base, principalmente nos fundamentos do jogo.
Amém.
Foto-Disposição ofensiva do Flamengo. Clique na foto para ampliá-la.