OS PELADEIROS NA CADEIRA DE BARBEIRO…
A equipe de comentaristas televisivos foi cruel na análise da equipe do Porto Rico : “Peladeiros”, “Faremos barba, cabelo e bigodes neles”, “Tiveram a classificação caída no colo…”, entre outras considerações “elogiosas”. Mas esqueceram um detalhe que apontei no artigo de ontem, o fato inconteste de que são possuidores de melhores fundamentos que a maioria de nossos jogadores, e que, ao optarem jogar com dois armadores, que além de mestres na arte de liderarem a equipe, são exímios arremessadores de três pontos, e marcam excelentemente bem. E não deu outra, fizeram o que quiseram com nossos pretensos defensores, impotentes e frágeis para marcá-los devidamente. Ainda mais que, ao ser escalada a nossa equipe com um só armador, destinou um dos dois endiabrados porto-riquenhos à guarda de um dos nossos alas, do grupo de três, absolutamente incapazes de exercerem qualquer tentativa, por mais tênue que seja, de defenderem os espaços reservados para fazê-lo, e foi exatamente por esses canais de drenagem que os dois armadores de Porto Rico se revesaram nas penetrações e nos precisos e desmarcados arremessos de três. Chegou às raias da covardia o que fizeram ao destroçarem nossa imitação de defesa, fosse ela individual ou por zona. Como eleitos” peladeiros”, administraram o tempo de seus ataques com maestria, paciência e muita, muita técnica individual e por equipe. Foram brilhantes também no jogo interior, onde encontraram um delfin gordo e travado em sua movimentação, declaradamente fora de preparo físico e técnico. Somente o Spliter ainda conseguia impor um pouco de luta reboteira, pois além de corajoso é insistente ao encarar dificuldades. Numa antítese do principio do curvo e do convexo, onde o encaixe das partes geram o equilíbrio, ao confrontarmos dois armadores habilidosos com um armador e um ala provocamos o desequilíbrio fatal às nossas pretensões de vitoria, pois a supremacia territorial do 2 x 1 já se prenunciava pela escalação inicial de nossa equipe, e que, em momento algum viu tal desequilíbrio ser compensado com a escalação de um segundo e habilidoso armador. Por teimosia caipira, a fim de demonstrar o “quem manda aqui é eu”, perdeu a comissão técnica representada pelo seu mentor, a grande oportunidade de tentar por em prática o único antídoto possível e lógico para confrontar aquela situação, ou seja, restabelecer o equilíbrio defensivo antepondo habilidade com habilidade, dois armadores contra dois armadores, atitude primária no sentido tático para aquela situação, estrategicamente armada pelo técnico de Porto Rico.
Mas, como ficaria os humores dos cardeais ao se verem preteridos por um Huertas, ou mesmo um Nezinho qualquer? Claro, se tratasse de uma verdadeira equipe, treinada e preparada para o enfrentamento pré-olimpico, com planos realistas de treinamento, sem influências divisoras de comando, como por exemplo, um check list imposto pelo delfim, desde convocações, diretrizes organizacionais e até mesmo uma carta liberatória para o continuísmo do técnico principal ( este o fato mais deprimente e comprometedor), além de destinar a seleção para enriquecimento de currículos e despedidas de jogadores que de a muito já deveriam ter cedido seus lugares à necessária e indiscutível renovação, muito do que vem ocorrendo de indefinição e instabilidade da equipe inexistiria, em contraponto à dissimulação consentida por todos ao acobertarem problemas estruturais, que aflorarão na medida em que as derrotas venham a ocorrer, como a de hoje, acachapante, indesculpável, vexaminosa, mas previsível pelo encaminhamento inexorável de fatos negativos e dissimulados, fatores que comprometem todo e qualquer principio de liderança, ainda mais quando diluída em uma comissão “unida e uníssona”. Vamos ver qual dos integrantes da mesma inicia mais uma partida de tapetebol, pois quando o barco começa a afundar, alguém no meio do caos sempre propõe o “barata voa”.
Infelizmente, nem as orações aos deuses de plantão salvaram a seleção de uma derrota tão impactante. Para mim, que sempre desenvolvi o habito de ler e interpretar textos, definições, afirmativas e discursos, e por que não, estudos e pesquisas, dando o máximo de atenção, e até mesmo focando-a numa única direção, aquela que tenta compreender e explicar os conteúdos milimétrica e dissimuladamente contidos nas entrelinhas, como as minúsculas letras de um prolixo e extenso contrato, onde as verdades se escondem, num mimetismo que nos força a raciocinar, pensar e tentar concluir sobre as verdades ali contidas, mas omitidas da compreensão daqueles que se beneficiariam das mesmas, em favor de uma minoria apanigüada e protegida pelo obscuro manto da conivência e da vaidade.
Estamos hoje escravos de uma minoria que aceita e absorve qualquer proposta que a mantenha no comando, até aquelas que colocam sua pretensa liderança em jogo, mas que não pode ser afastada por ser legal perante as leis desportivas do país. Seremos escravos permanentemente? Nunca fui, nunca me calaram e jamais me calarão, pois nunca perdi o direito à indignação. Continuo a perguntar : Aceitarão calados continuarem a ser escravos dessa malta? Ou reagirão como todo e qualquer bom e honesto desportista reagiria em qualquer nação desenvolvida desse mundo? Estão todos com a palavra, e porque não, ações.
Amém.
