ESTRÉIAS.

Tivemos hoje três estréias neste inusitado mundial, as equipes da Austrália, Lituânia e Brasil. As duas primeiras, com equipes fortíssimas e muitíssimo bem treinadas, não tomaram conhecimento das adversárias africanas, e demonstraram que vieram para o pódio. A do Brasil, depois da pífia avánt premiére de ontem, estreou seu poderio individual, e tão somente ele, para vencer com sobras as pequenas coreanas. Mas, continuou a apresentar uma defesa passiva e pouco técnica, haja visto os mais de 80 pontos que levou, entremeados de um sem número de arremessos de 3 pontos, o que gerará um desconforto enorme quando mais adiante se defrontar com as equipes mais fortes nesse fundamento, principalmente a americana, australiana e lituana. No aspecto tático somente a equipe lituana apresentou algo que difere da mesmice geral,com a utilização inteligente de duas armadoras evoluindo fora do perímetro, e três altas jogadoras se revezando dentro do mesmo, num estonteante carrocél de altíssima eficiência. Todas as outras equipes, utilizando o sistema americano do passing game, numa ladainha monocórdica, somente quebrada por um punhado de excelentes artistas e suas teimosas e personalíssimas improvisações, para desespêro de alguns técnicos, incluindo o nosso. Até nos gráficos de apresentação dos quintetos iniciais, mostrados pelas TV’s, vê-se um desenho posicional formado por uma armadora central, duas alas e duas pivôs ladeando o garrafão, numa imposição da famigerada e infundada conotação de jogadoras nas posições 1,2,3,4 e 5, onde fica faltando somente a 6 para se equiparar às posições do voleibol, como se o basquetebol fosse um jogo de ações posicionais como aquele. Mas sempre aparece alguém do contra, mesmo que não vença a competição, incutindo na cabeça de alguns, sei que poucos, uma sadia dúvida que contrapõe ao prét-a -porter em que transformaram esse belo jogo, o grande jogo. E a Lituânia, lá dos confins bálticos da extinta União Soviética, vem refrescar pétreos conceitos da turma que não se dá conta do quanto vale um conceito renovador, mesmo pagando o alto prêço de não vencer. São
formidáveis atacando e defendendo na “Linha da bola” mesmo, com flutuações lateralizadas, e não longitudinais à cesta, permitindo que suas altas, porém ésguias pivõs marquem pela frente, economizando faltas pessoais preciosas. Atacando, o fazem com precisão cirúrgica, em que todas se deslocam permanentemente utilizando com maestria e paciência seus 24 segundos de posse de bola. Podem até não vencer, mais deixam um recado arejado de que se pode(e deve-se)
sempre buscar o novo, mesmo que utópico para a medíocre maioria, americanos inclusive. Muita
competição ainda está por vir, e espero que nos confrontos de quartas e semi-finais possamos
testemunhar algo de muito novo, dentro do panorama pachorrento que nos impuseram com o sistema alcunhado de “basquete internacional”, ou “basquete moderno”, que de moderno mesmo
só desenvolve a idéia absolutista de um sistema único na forma de jogar e evoluir dentro de uma quadra de jogo, fator facilitador no intercâmbio de jogadores, que em suas padronizadas posições propiciam os duelos de 1 x 1, que é a variável de maior sucesso para o público americano, mas que não se coaduna com o basquete FIBA, mesmo que a maioria de seus técnicos sigam os conceitos técnico-táticos emanados da NBA e WNBA. Por isso, exemplos como os da Lituânia são bem-vindos para a evolução do basquete mundial, provando a existência qualitativa de sistemas de jogo fora do eldorado norte-americano.

CÓPIA XEROX.

E as guerreiras quase deram chabum, e por muito, muito pouco escaparam de um vexame histórico. Dá pena ver um grupo de boas jogadoras, algumas ótimas, amarradas numa camisa de força disfarçada em um sistema de jogo simplesmente ridículo, cópia xerox do que foi, e vem sendo imposto ao nosso basquetebol por uma curriola que o intitula de “sistema moderno do basquetebol internacional”, e que nem as equipes estrangeiras ousam usar. Se ao final do jogo, o nosso integrante das comissões técnicas da UNICBB não lançasse as duas únicas armadoras em quadra, incutindo um minimo de técnica e precisão aos passes e dribles , a derrota poderia ter acontecido, pois nuestras hermanas, com todas as suas limitações, souberam muito bem se aproveitar do arremedo de sistema de jogo que empregamos por todo o tempo. Temo, honestamente, que se a equipe se utilizar do mesmo para o restante do campeonato, poderá ter péssimas surpresas, basicamente ao se defrontar com defesas zonais, o que nossas adversárias já captaram, e sem dúvida nenhuma explorarão ao máximo. Tinhamos de ter na equipe, pelo menos mais uma armadora de talento, pois a exigência e o rítmo intenso das partidas serão demasiados para somente duas especialístas com que contamos, o que obrigará a adaptação das
duas alas mais experientes, fragilizando aquele fundamental setor de nosso ataque. Pelo que pudemos observar nas equipes que se apresentaram nesse primeiro dia, TODAS se utilizam de duas armadoras habilidosas, liberando e municiando suas alas e pivôs continuamente, em velocidade e ritmo de jogo, que não sofriam descontinuidade por terem mais duas na reserva.
Mas nós, que detemos o supremo conhecimento do grande jogo, verticalizamos nossas equipes em detrimento de armadores habilidosos, como se bate-bola e aquecimento, como numa vitrine de potência e estatura, ganhasse jogos à priori, para gáudio de técnicos boquiabertos pelo gigantismo que tem sob seu mágico comando. Já que tão fascinados pelo basquete americano, onde estagiam frequentemente, seria oportuno constatarem a grande lição que essa equipe está oferecendo de “moderno”, ou seja, jogando com duas armadoras, duas alas e uma pivô, todas ágeis, elásticas, velozes, hábeis nos fundamentos, e sendo substuidas por outras com técnicas semelhantes, jogando num sistema de jogo insinuante e perpendicular à cesta, tendo como base de ataque um outro sistema poderoso, sua defesa irretocável, pois constituida de técnica e vontade, e bem diferente do sistema utilizado pela seleção masculina.”Moderno” é possuir técnica individual, é dominar os fundamentos do jogo, é ter em mente que defesa, antes de ser, como muitos afirmam, 80% de vontade e 20% de técnica, é exatamente o contrário, ou seja, 100% de técnica e árduo treinamento, pois “vontade e disposição de marcar” é obrigação para qualquer jogador que se preze. É de dar dó ver uma única armadora dar um passe lateral e ir se esconder por trás da defesa adversária, saindo totalmente do fóco das jogadas, delegando sua posição a uma ala ou pivô que dá continuidade a uma ciranda inóqua de passes periféricos, enquanto duas jogadores em posição de pivô se postam inertes e anuladas no garrafão, assim como na defesa, irrita a passividade e pouca agressividade, dando ensejo a muitos e muitos arremessos de três pontos, que no nível em que se joga um mundial, são utilizados sem cerimônia. Temos boas jogadoras, não temos sequer um arremedo de sistema de jogo. Temos o fator campo, mas uma parca torcida, que na capital econômica do país, não pode se dar ao luxo de substituir o trabalho por um jogo de basquete vespertino.Porque nós brasileiros temos de acompanhar transmissões de jogos pelas madrugadas e os estrangeiros não?Porque não jogamos no último horário, já noturno? Temos o clima e o ambiente pátrio, mas, definitivamente não temos, de longo tempo, um basquetebol organizado, estudado, pesquisado, difundido e massificado, para que ecloda do mesmo nossas seleções, assim como nos falta um pingo de bom-senso para que nos deixemos enganar por arautos do “basquete moderno”, produto de suas mentes oportunistas e equivocadas, tanto de dirigentes, como de comissões técnicas. Milagres como a última bola do jogo, misturam sentimentos de vitória e inconformismo, ante tanta falta de caráter desportivo. Sinto muito,caras e prezadas guerreiras, mas não vejo como serão ajudadas e orientadas por uma comissão que se esconde atrás de um emaranhado de rabiscos numa prosáica e nati-morta prancheta, em nome do, do… ora, deixa pra lá.

AS GUERREIRAS

E ai está o grego melhor que um presente,tecendo comentários ufanistas sobre o mundial feminino que começa terça-feira, analizando a equipe brasileira como se técnico fôsse. São comentários dignos de um dirigente que tudo faz e produz para que essa equipe represente o basquete feminino brasileiro, aquele mesmo que tem de sua parte todo o apôio e organização, desde a formação de base, até os grandes campeonatos e torneios que fazem dele o que realmente é. O que realmente ele é? Advinharam? Nem é preciso, basta ver a relação das doze selecionadas, e vermos, consternados, que a sua estrela maior não atua em nenhuma equipe, e que a esmagadora maioria das demais se espalham pelo mundo, da Coréia à Polonia, afugentadas que foram,de longa data, pela inépcia administrativa do senhor analista. Mas que grande milagre faz com que, apesar do literal abandono a que sempre foi relegado, esse valente basquete feminino brasileiro, sempre comparece com brio e grandes resultados nas competições internacionais? Simplesmente um grupo de excelentes técnicos e técnicas, que não deixam, como nunca deixaram a peteca cair, principalmente no estado de São Paulo, mas que na hora de verem o resultado de seus imensos esforços recompensados quando das maiores conquistas dessa equipe formidável, viram a direção da mesma entregue, por motivos políticos, a quem não de direito numa administração anterior, e arrasada administrativamente na atual. Mas a turma é insistente e profundamente comprometida com a formação de base, e aos trancos e barrancos mantêm acesos seus ideais, e de acreditarem sempre em dias melhores. No entanto, algo me preocupa nessa equipe, o fato de ter sido estabelecido para a mesma os princípios técnico-táticos que levaram a equipe masculina para o fundo do poço, ou seja, a implementação maciça do mesmo sistema de jogo daquela, com uma aplicação determinante do passing game, que parece ser a marca registrada dessa lamentável administração, também do lado técnico. Fica bastante claro que as comissões técnicas da UNICBB se pautam por este sistema de jogo, que no caso da equipe feminina não se adequa, pelo fato da mesma ser composta de jogadoras mais hábeis nos fundamentos que a equipe masculina, e que a convocação de duas únicas armadoras puras,responsáveis pela dinâmica da equipe, e pela iniciativa defensiva fora do perímetro, poderá vir a ser danosa, pois numa competição intensa e rápida como esta, uma contusão, ou mesmo o desgaste natural nas partidas, poderá deixar a equipe fragilizada nesta básica função. Ao contrário da masculina, pode essa equipe contar com alas verdadeiras, e boas e experientes pivôs. Mas no momento por que passa a modalidade, atrelada a principios totalmente díspares às nossas reais e tradicionais aptidões, nada mais poderá nos convencer de que algo possa ser mudado e estabelecido, a não ser que um movimento renovador surja de fora desse lastimável e tenebroso emaranhado em que transformaram, o que foi um dia, a segunda paixão desportiva do povo brasileiro, hoje vítima de chacotas e imerecido desprezo, portas abertas ao irremediável e doloroso esquecimento. Mais uma vez, nossas valentes guerreiras estarão na linha de frente, mesmo que abandonadas e esquecidas por uma retaguarda pusilânime e covarde, mas que não se privará dos louros, se estes vierem a, mais uma vez, acontecer. Torço por elas, as guerreiras
desse nosso injusto país.

LIDERANÇAS

Mundial terminado, nossa seleção nos últimos postos, e a proximidade de um pré-olímpico que classificará somente duas equipes para os Jogos Olímpicos, entre as quais os Estados Unidos, a Argentina, Porto Rico, Canadá, Uruguai, Venezuela e nós. É uma situação extremamente difícil, assim como mais difícil ainda a classificação de nossa equipe. Tudo fruto do verdadeiro massacre técnico-administrativo que nos impingiram nos últimos 20 anos. Da última eleição para a CBB até os dias atuais, alguns esporádicos movimentos federativos de oposição, e um pequeno grupo de jornalistas, em sites, blogs e uma coluna jornalística que resistiu até pouco tempo atrás, foram, e estão sendo, as únicas vozes discordantes e combativas no limbo em que transformaram o basquete brasileiro. Muitas são as necessidades que se impõem ao nosso basquete, e uma delas,
talvez a mais importante no aspecto técnico, é a total ausência de lideranças entre os técnicos. A inexistência de associações regionais de técnicos, e de uma associação nacional que as integrassem são produtos dessa ausência. Nos países que lideram o basquete internacional, as associações de técnicos exercem papel preponderante para o progresso técnico de suas federações e equipes nacionais, pela interação conjunta de seus trabalhos, estudos e pesquisas. O progresso de um, sendo o de todos, propicia progresso e continuidade, chave do bom trabalho. E os lideres dessas associações eram os técnicos de maior renome em seus países, cujas lideranças
motivaram a criação das mesmas. Em nosso país, os grandes e prestigiados nomes , alguns com forte apôio da mídia, jamais, e em tempo algum se manifestaram na defesa e na criação de associações de técnicos. Hoje, alguns deles vêm a público defender as inexistentes associações,
resultado de suas omissões. Foram e são técnicos importantes na história do basquete nacional,
mas que sempre se preocuparam em ocupar e defender um mercado restrito na divisão principal
não se importando com a base, e muito menos com a formação de novos técnicos, futuros e eventuais proponentes a seus cargos. O abandono desses segmentos, base e formação, nos levaram ao estágio que ora ocupamos no concerto internacional, perdendo posições inclusive, no continente sul-americano. Somem-se aos desmandos de federações, em concluio com a CBB, no que se referem aos mencionados segmentos, e temos um fiel retrato da situação vigente. Tudo de uma previsibilidade contundente, mas que para essa turma “foi bom enquanto durou, e ainda durará”, até que a vergonha nacional os espurguem do caminho não trilhado, traído, esbulhado e irremediavelmente perdido. Mais uma vez ficaremos longe de uma Olimpíada, contrariando as cínicas afirmativas de dirigentes destituidos de ética, e vergonha na cara. Sinto que não estou sozinho nesta indignação visceral, de quem ama profundamente o grande jogo, e que testemunhou através os últimos 45 anos o quanto é formidável na educação de jovens, no preparo de cidadãos e no olimpo de grandes atletas. A todos eles reverencio suas lutas, sacrificios
e, na grande maioria dos casos, suas silenciosas, porém vitoriosas caminhadas. Os grandes líderes, os verdadeiros, não se impõem através conchavos políticos ou coberturas de midia, mas eclodem pelo duro trabalho, pelo estudo, pelo talento, pelo voto de seus pares e comandados, pelo resultado de seus jamais finitos trabalhos, cuja continuidade é legada às gerações que o sucederão, e que reconhecerão quão fundamental foram suas mensagens, ensinamentos, e
basicamente, seus exemplos. Sei que eles existem, sinto-os presentes neste momento de definição e decisões. No entanto, é preciso que os tornemos ativos, dando aos mesmos o apôio necessário para que exerçam suas lideranças, e para que essa realidade se torne verdadeira
lanço um grande desafio a todos os basqueteiros de nosso país, reunam-se, discutam e debatam
com ardor, em busca de soluções, através idéias, projetos de cunho regional, e verão que as lideranças ocorrerão naturalmente. Estou propondo que o façamos aqui no Rio, e quem sabe
ouviremos ecoar no restante do país o grito visceral-CHEGA DE EMBUSTE. Amém.

FINAL DE FESTA

E o mundial chegou ao fim. Venceu a Espanha com todo o merecimento, fruto de um longo e bem planejado trabalho de bases. Porque e quais bases? Primeiro, pela qualificação de seus técnicos, que ao longo dos últimos 20 anos sedimentaram uma das associações de técnicos mais prestigiosas e fecundas da Europa. Segundo, originando um trabalho de formação, especialização e pesquisa a que submeteram algumas gerações de talentosos jogadores, culminando no título que hoje alcançaram, o de campeões mundiais. São as bases do sucesso, as quais não possuimos. Gregos, norte-americanos, argentinos e italianos, também se fundamentam nessas bases, e por isso estão na dianteira do basquetebol mundial. Nos anos 70 tentamos implantar aquelas bases, numa época em que, exceto os americanos, todos engatinhavam na organização de suas associações. Nossas iniciativas foram esmagadas pela política exclusivista e ditatorial de um cartel chamado CBB/Federações, que viam nas iniciativas um perigo latente de perda de poder, um despropósito que nos fez regredir indelevelmente. A turma do hemisfério norte, mais os argentinos assumiram a idéia, e hoje colhem os louros de suas corajosas opções. Quando fui para Portugal fazer o doutoramento, pude conviver estreitamente com aquelas associações, frutos dos sonhos de um Pedro Ferrandiz, Juan Tena na Espanha, Teotônio Lima, José Curado, Herminio Barreto em Portugal, Pietro Gamba na Italia, Novosel na Iuguslávia, nomes dentre muitos outros
trabalhando visando o progresso do grande jogo. Por aqui o desprestígio e o ocaso àqueles que ousavam enfrentar o poderoso cartel com seus pré-gregos. E agregados aos mesmos, um grupo de técnicos unicamente voltados a seus interêsses pessoais e econômicos, na defesa de um mercado fechado e na maioria das vezes bancado por próceres politicos encastelados em prefeituras interessadas no marketing do nascente “interesse”que o desporto ensaiava entre nós.
Em nenhum momento estes pseudo-lideres se voltaram para as bases estruturais, fundamentais
na formação e associação dos jovens técnicos, e a formação dos mais jovens ainda jogadores.Aos poucos a fonte das verbas oficiais e empresariais foi secando, ante o primarismo organizacional
da modalidade, o que nos levou ao triste patamar que hoje vivemos. Mas, eis que de repente, representantes desse mesmo grupo se auto-proclamam redentores do basquete brasileiro, e ao vivo e a cores reinvidicam para sí os proclames da necessidade urgente da associação de técnicos, e de um profundo projeto de formação de base, como algo inédito entre nós, e inclusive um deles coloca à disposição os conhecimentos que trouxe de recente viagem a Europa.Todos pertencentes a uma casta com fortes apoios de midia, e que nunca, em tempo algum, empunharam a bandeira
que agora pretendem desfraldar. Conclamo a todos aqueles técnicos, que desde os mais recônditos lugares deste enorme país, trabalham em condições as mais precárias possíveis, mas que acreditam na possibilidade, que reconheço dificil, de acesso à informações técnicas, a pequenos, porém bem-vindos cursos de atualização, a humildes, porém honestos estágios, à divulgação de seus honrosos trabalhos, à troca de experiências, à melhores materiais, ao reconhecimento de sua importância social, fazendo merecedores de um salário, conquista básica
de sobrevivência pessoal e de seu trabalho, para que não se deixem, por mais uma vez, enganar
por grupos e lideranças que jamais lutaram por eles, mas vêem no discurso a certeza de um continuismo inaceitável e oportunista, digno de um triste e constrangedor final de festa. Organizem-se em seus estados e cidades, procurem informações junto àqueles que possam e se disponham a fornecê-las(a internet pode ser uma ferramenta auxiliar poderosa nessa procura), e quem sabe poderemos testemunhar o nascimento , ou mesmo, o renascimento do nosso mal-tratado e judiado basquetebol. Amém.

OS GREGOS DE LÁ, E O GREGO DAQUÍ.

“Estou maravilhado!” “Quem poderia imaginar tal equipe?” “Uma aula de basquete que deveria ser gravada para ensinar aos jovens como se joga!” “Estou emocionado pelo que vejo, nunca poderia imaginar…” “Fantástica partida dessa surpreendente equipe grega!” Todas, opiniões dos comentaristas surprêsos pelo que testemunhavam. Mas, quem estava jogando contra os fantásticos americanos, era simplesmente a campeã européia, que decidiu o campeonato com os espanhois, também finalistas neste mundial. Para quem somente têm olhos e mentes para o galático espetáculo da NBA, realmente deve soar extranho uma final em que o idioma inglês esteja ausente. Mas esquecem as palavras do Mike Krzyzewski, publicadas em rodapé por aqui, onde afirmava” que muito estava aprendendo neste mundial, e que estava surprêso com a qualidade de jogadores e equipes presentes na competição”. E mais surprêso ainda deve ter ficado, quando se viu prisioneiro de uma estratégia militar, logo ele que se formou em WestPoint, que recriou em macro escala a odisséia das Termópilas. Nesta batalha, onde 300 espartanos atrazaram o avanço de mais de 50 mil persas, fazendo-os convergirem para aquela estreita passagem, como num gargalo, onde poderiam se antepor à poderosa massa atacante. E o fizeram
até a morte do último soldado, dando tempo para que o exército principal se organizasse para a definitiva defesa do país. E combateram sob o lema de “jamais pergutarem quantos eram os inimigos, e sim onde se encontravam”. A equipe grega, repetiu as Termópilas, atraindo sequencialmente a pujança fisica e atlética dos poderosos americanos, trazendo-os para o âmago de sua fortíssima defesa por zona, onde suas reconhecidas habilidades no jogo de um contra um se diluiriam ante dois, e até três defensores dispostos a barrarem seus caminhos. Mas para isso, ou seja, atraí-los, se valeram de ações diversivas, colocando-se quando fora do perímetro defensivo em uma aparente, porém enérgica defesa individual, dando a falsa idéia de que uma finta os levaria soltos para a cesta. Nestes momentos, a defesa se transmutava em uma zona feroz, bloqueando os afoitos atacantes. A armadilha deu certo em grande parte das tentativas americanas, forçando-os ao jogo fora do perímetro, onde sua eficiência pontual era bem menor que a de choque embaixo da cesta. O gargalo das Termópilas foi recriado, e os americanos se embrenharam por ele e se machucaram. No ataque, mais uma lição de estratégia militar( como é importante se conhecer o raciocínio dos técnicos adversários, que no caso do Mr.K se baseia em disciplina e distribuição de forças, não fosse ele cria do mítico Bob Knight, ambos egressos do meio militar), quando os gregos, sabedores da total impossibilidade dos americanos optarem por uma defesa por zona, por não saberem e nem aceitarem seu uso, teriam de se submeter a uma agressiva defesa individual, e por isso necessitariam obter, e mesmo criar espaços para evoluirem, em consonância com a utilização total do tempo disponivel para cada ataque a que tinham direito. E como fazê-lo? Baseando-se nas vitoriosas escaramuças defensivas a que sujeitavam os ágeis, porém imaturos americanos, colocando-os em dúvida quanto às suas reais qualificações, se espalharam na quadra de ataque, utilizando-se de somente um pivô muito forte,
mas de grande mobilidade (um deles com cerca de 145 kg!), e com grande destreza nos dribles e nos passes sempre incisivos, criaram as duas mais impactantes possibilidades de cesta.A primeira quando após profundas penetrações a bola era retornada em velocidade para os arremessos equilibradíssimos de 3 pontos.A segunda, quando os ágeis e rápidos pivôs se lançavam de encontro aos passes, dinamizando suas ações, sempre um tempo adiante de seus marcadores. E nessas idas e vindas da bola, num vendaval de dribles e passes extremamente rápidos, foram se distanciando dos americanos, desgastados pela determinante vontade defensiva daqueles valentes espartanos. O risco calculado de jogarem integralmente cada 24 segundos a que tinham direito, e de arriscarem as faltas pessoais no embate corpo a corpo que travaram duramente e por todo o tempo da partida, deram aos gregos a única vantagem que poderiam alcançar para a vitória, a força hercúlea de sua cultura milenar que se fez presente em sua determinação e espírito conjunto de sacrifício, ante um grupo brilhante de atletas, porém reféns de um posicionamento de falsa hegemonia, produto de uma também discutível liderança mundial. As palavras de Carmelo Anthony antes da partida definem bem esse posicionamento-
“Viemos para cá com a mentalidade de vencer os jogos e a medalha de ouro”. Mas o cerebral técnico Panagiotis Yannakis encerra a discussão e as eventuais dúvidas afirmando-“Você pode sair do banco com uma mente clara e dar o melhor de seu talento, e foi o que fizeram nossos jogadores hoje”. Enquanto isso, o nosso grego melhor que um presente respondendo a uma pergunta se pensava em sair da CBB, feita pelo colunista Luciano Silva do Databasket,afirmou- “Se a maioria dos clubes e presidentes de federações pedissem ele convocaria uma nova eleição. Tudo pelo bem do basquete nacional”. Mas como dono das chaves dos cofres seria um ato de pura retórica, pois os votos são mais do que conhecidos, manipulados e garantidos. Sua cultura grega e milenar se perdeu nos meandros da esperteza nacional, na contramão de seus brilhantes e éticos conterrâneos. Pobre do basquetebol brasileiro, que até para dirigí-lo tem o grego errado.

200 ARTIGOS DE LUTA.

Em setembro de 2004 iniciei a publicação deste blog, que agora, dois anos depois chega aos duzentos artigos, doze dos quais serão a base do primeiro livro que estou produzindo sobre os fundamentos do jogo. Acredito que tenha ajudado com um pouco da minha experiência nas quadras para o entendimento desta magnifica modalidade esportiva, e na esperança de que a mesma se soerga entre nós. E hoje, um tanto fora do aspecto festivo pelo duo-centésimo artigo, tento entender como pessoas que se dizem sérias se deixam levar pela paixão ao emitirem opiniões e testemunhos enganosos. Um sub-título? FALEM A VERDADE, POR FAVOR.
Assisti perplexo ao programa Arena Esportiva de ontem no Sportv, todo ele dedicado ao basquetebol, no qual ouvi absurdos perpetrados por dois técnicos convidados, sendo um deles o da seleção brasileira. Num momento do programa falou-se sobre a importância da criação de uma associação de técnicos, como as existentes nos países que dominam a modalidade na atualidade.E o testemunho do selecionador nacional foi de um desconhecimento assustador. Afirmou que com o falecimento do Daiuto( na realidade o Prof.Moacir Daiuto, técnico, escritor e diretor da EEFUSP), a associação de técnicos por ele fundada, praticamente deixou de existir, e que só recentemente uma outra associação, a APROBAS, dirigida pelo Tácito(?), tenta se estabelecer, mas que somente uns poucos pagam sua anuidade. Todas ,informações completamente falsas. Quem idealizou, ajudou a fundar e participou na redação do estatuto da primeira associação de técnicos de basquetebol em nosso país, fui eu, quando do Campeonato Mundial Feminino em São Paulo em 1971 . Naquela ocasião, paralelamente à um curso de atualização técnica patrocinado pela FIBA e pela CBB, com a presença de um elevado número de técnicos de todo o país, a idéia lançada por mim teve imediata aceitação, e logo uma comissão designada por todos em votação, da qual fiz parte, foi destacada para a elaboração do estatuto da ANATEBA-Associação Nacional de Técnicos de Basquetebol, que nascia nas dependências do DEFE na Água Branca. Na promulgação do estatuto e da ata de fundação propuseram os técnicos presentes e fundadores que eu assumisse a presidência, a qual declinei com o argumento de que a associação iniciaria seu trabalho em conflito com a direção da CBB, da qual divergia profundamente. Sugeri então o nome do grande técnico Antenor Horta, tendo como vice-presidente o Prof.Moacir Daiuto. O desportista Jack Fontenelle assumiria o setor financeiro e eu, dada à insistência dos técnicos assumiria a secretaria da nóvel entidade. A ANATEBA foi um sucesso imediato, contando de saída com mais de 120 associados, dos mais diversos estados do país. Publicou 5 revistas, e lançou o mini-basquete no Brasil, além de organizar cursos de atualização em vários estados. Mas aos poucos, a CBB minou a associação, que via como concorrente, e que sem sua ajuda logística deixou de existir. Em 1976, quando cursava o mestrado de Ed.Fisica na USP, em um dos sábados desportivos que a EEF organizava para reciclar os técnicos de SP, e na presença de mais de 150 deles, propús, mais uma vez, a recriação da ANATEBA, que foi rebatizada de ABRASTEBA- Associação Brasileira de Técnica de Basquetebol, sendo eleito para a presidência o Prof.Moacir Daiuto, que era o diretor da EEFUSP, ficando comigo a vice-presidência. Seis meses mais tarde, sem que tivesse sido sequer comunicado e sem votação em assembléia, fui afastado do cargo, pois era o único não paulista na direção da associação. Sucedeu ao Prof.Daiuto o Prof. Guilherme Kroll, até o encerramento de suas atividades, pois o suporte logístico dado pela EEF cessou com o falecimento do Prof.Daiuto. Très anos atrás fui à fundação da APROBAS (Associação dos Profissionais de Basquetebol) em São Paulo, como o único carioca presente, doando à nova entidade todo o material que possuia sobre a pioneira ANATEBA. Paguei duas anuidades e jamais recebi um recibo ou carteira que me situasse como sócio colaborador e pagante. Também, nos anos 80 organizei e fundei a Associação de Técnicos de Basquetebol do Rio de Janeiro, que teve como seu primeiro e único presidente o técnico Ary Vidal, e como vice-presidente o técnico Waldyr Boccardo. Logo, não procedem as informações dadas pelo técnico da seleção brasileira, assim como não reconheço nele competência para vir a público inovar com idéias que nasceram, floresceram, e foram aniquiladas pelo perigo que pseudamente representavam para a entidade mater, a CBB, que ora representa,e é apoiado, mesmo após o triste papel que fizeram no mundial, o que jamais ocorreria se entre nós existisse uma associação que promovesse o mérito como fator intrínsico para a direção de nossas seleções, da categoria que fosse. Também tive o desprazer de ouvir comentários oportunistas do outro técnico convidado, que carece de um mínimo de conhecimento sobre muitos dos assuntos alí expostos à discussào por um arguto mediador, e que deixou no ar uma névoa de desconfiança sobre a seriedade de muitas colocações discutidas ao sabor de muita rasgação de sêda, no apôio explicito ao continuismo do atual técnico da seleção, que em sua opinião é o único com competência para o cargo, abrindo vasto campo para futuras composições comissionadas. Salvaram-se as opiniões sensatas e objetivas da grande atleta Hortência, o que veio corroborar quão importante foi sua trajetória e influência para o nosso basquetebol, premiada que foi no Hall of Fame. Sinto, que ao sabor das circunstâncias um tanto nebulosas que pairam sobre o atual momento basquetebolistico brasileiro, começam a emergir falsos e oportunistas lideres, empunhando bandeiras que jamais desfraldaram, tentando assumir papeis que não merecem por despreparo, movidos pela vaidade e pelo princípio do que “se colar, colou”.
Que as boas cabeças pensantes do nosso basquete não se deixem levar por marqueteiros e seus oportunos seguidores, e que saiam de suas redomas e assumam seus papéis de direito, sob pena de nos vermos enredados em mais um longo e tenebroso inverno. Faço, como desde sempre venho fazendo,a minha parte, e espero que façam o mesmo e infinitamente melhor.
PS- Dedico este duo-centésimo artigo ao Melk, pelos seus 10 anos de lutas e mais de 500 artigos publicados.Um abração.

LOS HERMANOS…E NOSOTROS.

Árvore bem plantada, cuidada e adubada, só pode gerar bons frutos. Assim é a equipe argentina, produto de um bem sucedido projeto a longo prazo, que desagua neste mundial como uma das
favoritas ao título, o que referenciaria a conquista olímpica. Com um fortíssimo trabalho de base,
escudado por uma organizada associação de técnicos, e possuindo uma liga atuante e bem sintonizada com sua confederação, nossos irmãos apontam o caminho que deveriamos seguir, um tanto tardio, mas que valeria à pena tentar. Jogam de forma idêntica a todas as equipes neste mundial, num sistema globalizado e repetitivo. No entanto, conotam pequenos grandes detalhes que só encontram paralelo na equipe americana, baseados num profundo e estonteante domínio dos fundamentos do jogo. E por todos seus integrantes, armadores, alas e pivôs, fazendo com que os deslocamentos, corta-luzes, dá e segues, fintas, dribles , passes e arremessos, fluam por igual quanto ao desenvolvimento e finalização de todas as jogadas tentadas. Podem, inclusive, se dar ao luxo de atuarem com dois armadores puros e dois alas com habilidades semelhantes, e mais um pivô que une força e velocidade, todos interagindo num carrocél de movimentação permanente. E mais, tendo na reserva(?) jogadores tão, ou mais habilidosos. Claro, que dois ou três de seus integrantes estão alguns pontos acima de seus companheiros, mas, em nenhum momento os vemos se situarem dessa forma, o que mantêm o grupo unido. Assim, mesmo que atuando dentro de um sistema ofensivo padronizado, se destacam pela qualidade diferenciada de seus integrantes quando em confronto com os demais. Defensivamente, são formidáveis, pois conseguiram mapear todas as nuances e atalhos do sistema ofensivo que se utilizam, bem como os demais, para desenvolverem ao máximo os conhecimentos sobre cada movimentação do mesmo, para gerarem atitudes antecipativas que o anulam. Outrossim, pela movimentação constante, conseguiram se adaptar a qualquer tipo de defesa zonal, ante a qual pouco mudam em suas ações ofensivas. Trabalhando desde muito cedo a arte dos fundamentos, com técnicos bem formados, e com organizadas competições, somados ao envio de seus melhores jogadores para uma Europa comunitária, na qual a dupla cidadania tornou viável tal estratégia, propiciou ao basquete argentino uma evolução sem par entre nós, sul-americanos, dando aos mesmos uma superioridade, que nos exigirá um alto grau de inventividade se quizermos alcançá-los. Analizando todas as equipes que participam deste mundial, e ao vermos a total similitude de seus sistemas ofensivos, podemos aquilatar, com uma boa dose de certeza, quais aquelas que se destacarão no final, bastando observar quais delas detêm o maior número de jogadores com evoluidas técnicas nos fundamentos. E nesse pormenor
os argentinos estão entre os melhores. Nossa equipe, no entanto, ao se situar entre as de menores performances nos fundamentos, pagou pela ineficiência, mesmo atuando nos moldes do que apelidam por aqui de “basquete internacional”. Por todos estes fatores, é que sempre propugnei pela busca de outros sistemas de jogo, que é uma boa estratégia quando nos deparamos com um fôsso provocado pela defasagem técnica de duas décadas de mesmice e péssima copiagem de valores estranhos à nossa cultura, mas que fossem embasados pelo emprego maciço do ensino dos fundamentos. O voleibol encontrou esse novo caminho, ao mixar
a escola asiática, de velocidade, com a européia, de força, gerando uma nova escola com o melhor
daquelas duas, no que foi seguido pelos americanos e italianos, e que nos tem dado a supremacia
mundial. Os argentinos, bem sucedidos,ou não neste mundial, deverão optar por novas soluções
técnico-táticas, já que possuidores de uma ótima e eficiente infra-estrutura, a fim de se
manterem no fóco primal, restando a nos brasileiros o reinício de uma longa e penosa caminhada
que é o ônus a ser pago por aqueles que se deixaram perder por preguiça em inovar e por
ineficiência dolosa em dirigir e organizar. E nos rastros dos bons exemplos, poderiamos começar
pela criação de associações de técnicos regionais, para mais tarde evoluirmos para a nacional, pois desta forma nos livrariamos de saída das influências derrotadas e por isso ineficazes, que já ensaiam se fazerem presentes nas figuras que compõem a comissão técnica referendada pela UNICBB. Sugiro enormemente, que os técnicos se unam em seus estados, que fundem suas associações, que estudem soluções, e que tentem se aproximar de suas federações, no intúito de respaldarem seus esforços sem diluições de cunho político e de interesses que não os esportivos. Se dois ou três estados derem partida a esse projeto, garantirão o apôio dos demais, naquele que poderá vir a ser o renascimento do grande jogo entre nós, e quem sabe, possamos voltar a nos rivalizar com nossos irmãos argentinos. Espero que sim.

DUAS CONSIDERAÇÕES.

1- A TÉCNICA – Infelizmente a Itália ficou pelo caminho, apesar da explêndida equipe e do mais explêndido ainda técnico. Sua estratégia de enfrentar os Estados Unidos utilizando por todo o tempo de duração do jogo da defesa individual, perante a qual os americanos tendem a produzir seu máximo, por estarem em contato com a mesma permanentemente no campeonato da NBA, foi uma aula de como se valer de um jogo sem riscos de desclassificação, como foi apelidado por alguns de nossos narradores e comentaristas, como sendo um “treinamento de luxo”, para, confrontar e provocar os estratosféricos profissionais num duelo em que as armas seriam aquelas em que seu dominio técnico é tido como absoluto, a ofensiva contra defesa individual. O técnico italiano, inclusive, pautou seus jogadores para que as flutuações defensivas acompanhassem ao máximo as regras enebianas, no que foi brilhantemente obedecido. O que pretendeu este inteligente e sagaz técnico? Pretendeu não, provou a seus atletas que com um pouco mais de trabalho de base, de entrega aos treinamentos específicos de defesa, em breve, muito em breve, os mesmos poderiam alcançar os padrões defensivos dos americanos. E o “pulo do gato”, privou a equipe do brilhante e humilde (a não ser quando posa sistematicamente com a mão direita ao lado do rosto para exibir seu anel de campeão da NCAA) Mike, de se confrontar com a pedreira defensiva que iria encontrar, se mais adiante cruazassem com os italianos, e sua formidável defesa por zona. Mas, se não se classificaram, deixaram uma trilha resplandescente para um dos
europeus e nuestros hermanos atingirem o centro nervoso dos americanos, sua ogeriza e quase
ostensiva aversão ao ataque contra zona. Naquele jogo, a equipe italiana, mesmo atuando dentro do sistema defensivo preferido pelos americanos, conseguiu em 3/4 do jogo equilibrar as ações
e até superá-los. No quarto final, quando uma mudança para a defesa por zona poderia lhe dar a vitória, preferiu a continuidade inicial, tirando o máximo e o mais inteligente investimento de uma ação protelatória. A dúvida ficou marcada no âmago da equipe americana, a ponto de sua
maior estrêla naquela partida declarar que somente a força do conjunto os levaram à vitoria.Sem
dúvida nenhuma, na reta final do campeonato, as equipes que defrontarão os americanos o farão
utilizando as lições emanadas da corajosa, eficiente e formidável experiência italiana, o oposto do que fizeram com a máxima eficiência, um determinante e decisivo sistema de defesa zonal.
Aguardemos os embates, que serão o reflexo da magna aula italiana.
2 – A MORAL – Afloram na midia as declarações do técnico no 1 de que dando continuidade ao seu trabalho na seleção brasileira, passará a dar cursos de atualização para novos técnicos, desenvolverá esforços para a publicação de literatura pertinente ao basquetebol, e incrementará
clinicas para técnicos e atletas nas diversas regiões do país. E que proporá à UNICBB passar a ser
o técnico em regime exclusivo nas seleções nacionais. No entanto, sugiro desde já, que antes,bem
antes de iniciar este ciclo de salvação nacional, se ponha em campo para humildemente auscultar
em si mesmo aqueles princípios que ficaram esquecidos nos recônditos de seu ser, aqueles que
num tempo não tão remoto assim, propugnavam pelas ações que hoje propõe. Trata-se de uma questão moral, e pela qual deverá se pautar daqui para diante, sob a pena de ver ruir o princípio básico de quem lidera , a fé e a confiança em si mesmo, patamar na liderança de outrem, tanto no aspecto individual, como na de uma equipe. Torço para que se encontre e acerte nas decisões a serem tomadas. Amém.

ACHISMOS OPORTUNISTAS.

Eliminação na 1a fase, comprometedora participação, volta desonrosa, sonhos desfeitos.Comissão técnica garantida em sua continuidade visando o Pan e o Pré-Olímpico, e o grego melhor que um presente afirmando que faria tudo de novo, e pelo visto, o fará, sem dúvida. Na terrinha, desolação e revolta. Nos blogs e sites especializados ofensas se fazem presentes, na ânsia de se encontrar culpados entre jogadores e técnicos. E, mais do que presentes, os previsíveis oportunistas com seus “achismos” de última hora, já que permanentemente ausentes nas primeiras horas. Nada mais constrangedor do que assistir o desfile de opiniões por parte de técnicos atuantes e de renome, numa ciranda cruel em suas críticas aos técnicos da seleção através a midia televisiva, numa atitude unilateral, já que sem réplicas imediatas, e profundamente antiéticas. Falam em sistemas de jogo, em princípios de treinamento, em preparação psicológica, em transparência nos relacionamentos, como fazem e aplicam em seus trabalhos, em conceitos modernos, em disciplina tática, na obrigatoriedade de obediência técnico-tática por parte dos jogadores, defendendo inclusive o radicalismo nessas exigências, numa verborragia que sob alguns subterfúgios primam por omitir suas verdadeiras intenções, as do endeusamento de seus”eus”, do reconhecimento de suas extraordinárias qualificações, e da suprema importância que suas presenças se fazem necessárias na seleção brasileira. Ao criticarem as falhas apresentadas nos jogos da seleção, em comparação ao que dizem e afirmam realizar em seus trabalhos, em suas concepções técnicas, em seus principios estratégicos, em suas
atitudes organizativas, em seus transparentes relacionamentos, nada mais exteriorizam do que
o fato inconteste em suas convicções de serem os verdadeiros eleitos. Mas não esclarecem, longe,muito longe disso, que nos muitos anos de suas participações profissionais jamais lideraram ou promoveram os seus”achismos”junto a associações de técnicos, na formação dos mesmos,
na publicação de seus fantásticos trabalhos, na divulgação do jogo nas áreas remotas do país, que seriam fatores fundamentais para o progresso da modalidade. Lembram enfaticamente a necessidade de associações de técnicos, de cursos de formação e atualização, de conceituação uniforme, de princípios modernos, aspectos realmente importantes para o nosso basquetebol,
mas que NUNCA foram organizados e dirigidos por NENHUM deles. Mas o momento negativo
por que passa a modalidade, torna-se campo fértil para “sugestões”desse tipo de oportunismo,
mas que tem de encontrar a devida repulsa daqueles que realmente lutaram para a existência
das associações, daqueles que percorreram o país ensinando e dialogando com os jovens técnicos e os mais jovens ainda atletas, daqueles que nas salas de aula e nas quadras dos cursos de Ed.Física divulgaram as novas técnicas e suas didáticas específicas, daqueles poucos que teimaram em se pós-graduarem aqui ou fora do país, às custas de enormes sacrifícios, daqueles
que esmagados pelas carências materiais e econômicas se lançaram à luta, e assim mesmo produziram pequenos grandes milagres, e finalmente, daqueles que oprimidos sejam,e estão em silêncio perante a existência deste caudal de achismos oportunistas. E que aqueles que nos lêem,
que sei poucos, mas que poderão um dia serem muitos, que não se deixem levar para o mais danoso dos achismos, o de que a salvação de nosso basquete só será possível com a vinda de técnicos estrangeiros, únicos capazes de nos ensinar a jogar o que sempre soubemos jogar. Não serão eles que nos salvarão, e sim aqueles que de alguma forma se insurgirem contra essa onda de malignidade que sempre aflora nos rastros de derrotas inesperadas, porém previstas. Temos
no país excelentes técnicos e professores, bastando que a eles se dêem oportunidades de expressão e diálogos produtivos, ações que participei, vivenciei e divulguei nos mais de 40 anos junto aos verdadeiros artífices de nosso basquetebol, mas que nunca contaram com suportes de midia,nem protecionismos de políticos travestidos de esportistas. As soluções estão aqui no país, e não serão os profissionais dos achismos oportunistas que nos ajudarão, pois ao serem guindados às posições que se dizem merecedores, rapidamente esquecerão as “necessidades do basquete brasileiro”,frente às suas próprias necessidades de projeção e vaidade, repetindo ad perpetuum o que sempre fizeram. E que as emissoras de TV, que transmitem os restantes jogos do Mundial,
nos privem do festival de exibicionismos técnicos que nos tem sido impingidos pelos sutilmente
declarados sucessores do quarteto da CBB. Creio que merecemos assistir os jogos em paz, e em
melhor companhia.