NA BASE DA CONVERSA…

No informativo da ABFB de hoje, lemos uma matéria publicada no Jornal de Brasilia intitulada:
“Jogadores aprovam preparação com mais jogos que treinos”. Passando uma boa vista pela matéria em questão, catapultamos algumas opiniões bastante interessantes, e não menos preocupantes-Do pivô Spliter:”Sempre vai ter a dúvida.Se treinássemos mais iriam dizer por que não jogamos. O mais importante é usar estes jogos como treinos”. Do outro pivô Murilo: “Está sendo a melhor possivel(preparação), destacando o duelo contra a Argentina como uma das provas de sua teoria”. Logo à seguir retoma a análise dizendo: “A gente errou muito no jogo(contra a Argentina). Tentando arremessos na hora errada, coisa que a gente não costuma fazer”. O ala Alex concorda que falta acerto em alguns momentos. Mas não acredita que a limitação no número de treinos seja um fato muito relevante.”A gente joga junto há três anos.Se não se conhecesse teria de treinar mais. Às vezes dá um apagão. Às vezes dá tudo certo no ataque, às vezes acontecem arremessos fora de hora. Só precisa conversar mais”.Para o Varejão: “Falta ritmo de jogo e continuar com esta união”. E Murilo completa:”O principal é a união, tendo isso a gente vai se dar bem lá”. Pronto, análise feita e registrada por experts, não jornalistas, cronistas, técnicos ou torcedores, mas pelos participantes diretos, os jogadores. Mais
claros e objetivos comentários, impossível. O que preocupa é a quase total ausência de Symancol
B-12, aquela substância básica no combate à ignorância de atitudes e conceitos. Afirmar que erros e deficiências podem ser resolvidos na base da conversa, soa como um misto de ridículo e desprêzo por aqueles que ainda acreditam que boas e eficientes equipes sejam produtos de prolongados, sacrificados e desgastantes treinamentos. Soam como um alerta de que na atual seleção brasileira, jogadores, e não os técnicos( E atentem que são 4!), destilam opiniões e posições que os colocam (os técnicos), numa posição absolutamente suplementar. Para eles, que nunca reconhecem suas deficiências nos fundamentos mais básicos do jogo, superarão ocasionais erros na base da conversa, esquecendo que a tensão de jogos sequenciais somente incrementarão os mesmos. Treinar por treinar nada resolve. Treinar para adquirir técnicas desconhecidas ou de dificil execução pode, através muito esforço e dedicação, aumentar em muito a produtividade de toda e qualquer equipe que se preze definir como tal. Afirmar que não costumam arremessar em hora errada, que é o que comumente fazem, beira ao deboche puro e simples. Dizer que devem usar os jogos como treinos, e contra seleções nacionais, como a Nova Zelândia e a Argentina, não condiz com os preceitos desportivos. Será que assim atuarão nos próximos jogos que antecedem os do mundial? E que na base da conversa acertarão os ponteiros de suas vaidades e veladas críticas, nunca mencionando suas deficiências técnicas? Treinar é um ato de humildade, pois é desenvolvido longe das torcidas, da mídia. É um ato solitário, sacrificado e extremamente rude, mas que se torna de transcedental importância, basicamente em seleções, sejam municipais, estaduais ou nacionais. O jogo, numa quadra de subúrbio, ou num ginásio lotado do outro lado do mundo, sempre representará o ápice de um treinamento exaustivo, sendo, em termos finais, a prova de que foi bem planejado, executado e convinientemente testado no campo da luta. Acertar divergências e falhas técnicas na base da conversa, é historia de mau jogador e de comissão inépta, ao aceitar tais discursos. Volto a dizer que temo por uma equipe que dá mais valor ao gogó do que a boa técnica que se exige de um integrante de seleção brasileira. Peço aos deuses que esteja errado, e clamo para que nos protejam.Amém.

SHAZAN!!

Na casa dos campeões olímpicos e mundiais, com alguns jogadores consagrados na NBA, mostramos que também estamos lá, na meca do basquete mundial, mesmo que para isso tenhamos escalado formações inadequadas e conflitantes. É inadimissível postar em uma seleção brasileira um armador que dribla com dificuldade, e que tem como prioridade o seu próprio arremesso, fazendo dupla com um outro, habilidoso por sinal, mas que também capitaliza para si as glórias auferidas por penetrações cinematográficas. A tal ponto ficaram os pivôs orfãos de passes que tivemos a volta dos arremessos de três pontos executados pelos mesmos. Mesmo assim, por conta de uma luta descomunal dos jovens e talentosos pivôs nos rebotes, conseguimos de alguma forma equilibrar o jogo. Em momento algum tivemos na quadra dois armadores ambidestros juntos, a não ser no último quarto, quando o Huertas fez dupla com o Nezinho, e por muito pouco tempo, mas o suficiente para atestarmos o enorme e qualitativo talento de que é possuidor. As formações com dois armadores, constituidas num rodizio entre o Marcelo, Alex e Leandro, careceu de total qualidade nos dribles e passes, mesmo que enganosamente ofuscados por arremessos de três pontos, profusamente utilizados pelos três. Marcelo, Alex e Guilherme são alas e não armadores, pois nenhum dos três tem qualidade nos dribles. São jogadores que complementam jogadas, e não articuladores das mesmas. Nessa seleção somente três são armadores, Huertas, Nezinho e Leandro, sendo que esse último se sente mais útil penetrando do que construindo jogadas. Os homens altos, mesmo abandonados pela carência de criatividade dos pseudo armadores escalados, por sua força, velocidade e agilidade, foram páreo para os consagrados argentinos, tendo em muitas ocasiões dominado os rebotes ofensivos com maestria e grande determinação. Pena que o sistema ofensivo utilizado seja tão ingrato para com eles, que mereciam melhores e maiores oportunidades para desenvolverem suas habilidades incontestes. Mas foi defensivamente que a seleção se deu realmente muito mal. Marcelo e Guilerme simplesmente nunca ouviram falar em posicionamento defensivo no um contra um. Um passe ou outro interceptado, dão a impressão de qualidade defensiva, qualidade esta que se desnuda quando o confronto é individual. Alex é o único que tem razoável postura defensiva, somada a uma grande agressividade que algumas vezes o levam a cometer faltas desnecessárias.Mas pelo menos tenta defender com raça e brio. Huertas e Nezinho ficam num meio termo, onde conjugam o verbo cercar com alguma competência. Os homens altos, obstados e proibidos de exercerem a marcação frontal sistemática, perdem, talvez, a maior oportunidade de se imporem através suas qualidades intrinsicas de velocidade e flexibilidade, ante pivôs mais pesados. No caso argentino, estes também são ágeis e rápidos, e exercem a marcação frontal em muitas etapas do jogo, provando a exequibilidade da ação. Faltou-nos a coragem de fazer jogar os jovens armadores, que cederam seus lugares a falsos armadores, mas possuidores de um tipo de experiência que não denota aos mesmos habilidades básicas de um verdadeiro. Numa fase de treinamento e afirmação do grupo, perdemos uma excepcional oportunidade de testá-los contra a equipe campeã mundial e olímpica, em nome de um princípio cardinalício, tão em voga entre nós, e que só promove nomes em lugar de qualidade técnica. Nessa fase da preparação não se justifica”esconder o jogo”, ou adiar soluções, ou mesmo designar donos de posições. Urge sedimentar a equipe com o que de melhor ela pode apresentar, sempre perseguindo a qualidade técnica, e não o princípio de que antiguidade é posto. Este foi um jogo decidido nos arremessos de três pontos, onde os argentinos obtiveram um altíssimo índice motivado pela ausência de marcação por parte de nossa equipe, ao passo em que falhamos muito nesse tipo de arremesso, que será, sem dúvida nenhuma, fortemente marcado no mundial que se avizinha, e para o qual não temos nos preparado como deveríamos. Mas não devemos nos preocupar, pois a Super Prancheta virá em nosso socorro. Shazan!

DETALHES…

Um pouco mais ambientados, do fuso horário à alimentação, por que não, ao clima atípico para essa época do ano, com seu melhor jogador mais descansado, a ponto de liderar a raka tradicional de seu povo, a equipe neozelandeza deu um trabalhão à nossa seleção neste quarto jogo. Com a ausência do Leandro, teria a comissão técnica a enorme oportunidade de testar com eficiência o jogo de dois armadores puros e três homens altos e rápidos. Mas não foi o que ocorreu. Conceituaram o Alex e o Marcelo como armadores, o que não são, fazendo-os atuar com o Huertas e o Nezinho separadamente. Deu no que deu, grande dominio dos neozelandezes com seu jogo rápido e envolvente, composto de seis armadores de grande técnica, e seis homens altos, mas não tão altos como os nossos, porém infinitamente mais rápidos quando de encontro aos passes, e que só raramente os recebiam estaticamente. Perderam, como poderiam ter ganho. Nos poucos momentos que nossos dois armadores puros atuaram juntos, viu-se uma equipe mais incisiva, eficiente nos dribles e nos passes, mais forte na defesa e veloz nos contra-ataques. Mas tal comportamento técnico tende a fugir do rígido controle vindo de fora da quadra, que insiste em administrar toda e qualquer movimentação que diga respeito a jogadas e comportamentos táticos,que não aqueles rabiscados na prancheta que tudo prevê, que tudo determina, numa coreografia de passos marcados, que bitolam e emburrece, e que cruelmente responsabiliza aqueles que não trilham os caminhos pré-determinados na mesma. Armadores puros e habilidosos, por serem criativos e corajosos, desbravadores de atalhos imprevistos, são temidos por quebrarem conceitos e determinismos apriorísticos, pois têm a qualidade maior de ser alcançada ,a grande arma do improviso, aquela que não é prevista, mas aquela que é sentida e exequibilizada. O Leandro que é um armador quase puro, tendo ao lado um Huertas, criativo e corajoso, só aumentará sua eficiência ofensiva, revezados pelo Nezinho e um outro armador…Mas quem? Quem? Com técnica ambidestra, dominio das fintas em tênue espaço, eficiente arremesso alternativo, e postura defensiva. Quem? Guilherme, Alex e Marcelo são eficientes alas, bons arremessadores, armadores nunca, pelo menos à nivel de seleções em um mundial. Se a douta comissão tiver peito e coragem de atuar com dois armadores e três homens altos, rápidos e eficientes, tem de contar com mais um armador puro em suas hostes, para que não haja defasagens no rítmo de jogo, e que possa garantir a qualidade dos passes e dos dribles por todo o tempo das partidas. Se optarem por sistemas defensivos antecipativos e pressionados, defendendo os pivôs adversários pela frente, em constante velocidade, terão de fazer constar na equipe de mais um armador puro e bom marcador. Fred e Fúlvio seriam boas opções, além de serem jovens e de grande e comprovada técnica. O que não pode acontecer é essa indefinição do que pretendem estabelecer como sistema de jogo para essa seleção. Se repetirem os conceitos que vêm empregando nos últimos anos, a utilização corajosa de dois armadores se torna inexequivel, pois anularia as maiores qualidades de jogo dos mesmos. Iniciar uma jogada e correr sem nexo para o fundo da quadra, ou cruzá-la lateralmente, retira o armador do fóco da ação, tornando-o mero assistente, e não epicêntro da mesma. A efetiva proximidade dos dois armadores tem a vantagem de dotar a equipe de uma atitude continua de possibilidades ofensivas, e não esporádicas como ocorre no sistema até agora estabelecido. Mas para estabelecer tal mudança, que é tímida e tênuamente tentada, pois a carapaça do passing game se amalgamou de tal forma nas personalidades da maioria dos técnicos brasileiros, tornando-os imunes a novidades, que faz-se necessária uma revolução evolutiva, lastreada de muita coragem e desprendimento, de uma enorme e colossal vontade de transpor as barreiras de seus próprios eus. A ausência de nossos dois tanques de guerra, deu-nos a oportunidade de ousar, de quebrar conceitos e amarras, deu-nos também a oportunidade única e irrecusável de voltarmos às nossas origens, de um basquete rápido, incisivo, corajoso, e por que não, vitorioso. Mas, terá a comissão quadrupla a coragem de realizá-la? Houve um técnico que acreditou na técnica, na velocidade, na voluntariedade, e na coragem de inovar, e por isso venceu tudo que jogou. E o fazia sem comissões e aspones. Pena que o esqueceram como um simples detalhe. Ao grande Kanela, meu respeito e admiração. E aos que aí estão, meus votos de que decidam e definam o que querem para a seleção, pois essa indefinição técnico-tática tenderá somente à responsabilizar os jogadores pelos eventuais insucessos, o que seria lastimável em todos os aspectos. Se é para atuar com dois armadores, que o façam com quem de direito, os especialistas, e não os que se “acham”, tendo antiguidade,ou não. Quanto aos homens altos, meu Deus, nunca os tivemos tão rápidos e ágeis.Só falta saber aproveitá-los no que têm de melhor, atacando e defendendo. Ainda temos tempo para prepará-los, e só temo pela competência em fazê-lo.

COLAGENS.

Dois jogos preparatórios da seleção brasileira, duas colagens do que tem sido os últimos anos do nosso basquetebol, repetição tatibitati de um sistema teimosa e anacrônicamente repetido.Dois pivôs de choque não prestigiam a seleção, e dois outros, bem mais leves são deslocados para as suas posições como se pesados fossem. E lá estavam eles de costas para a cesta, recebendo os passes em posições estáticas, investindo”na marra” e aos empurrões, estando seus outros colegas de time igualmente estáticos como numa torcida privilegiada de dentro da quadra aguardando passivamente o desfecho da battle under basket. Ou na continua e já cansativa rotina da subida para a linha dos três pontos, para exercerem funções de base para corta-luzes com os armadores, que seriam mais eficientes e letais se fossem executados pelos mesmos, deixando os pivôs próximos à cesta. Mais NBA do que isso impossível. E os dois pivôs somados a outros três no banco formam o grupo de gigantes mais rápidos que tivemos nos últimos anos, e todos jovens, atléticos, flexiveis e muito,muito velozes. Dá pena vê-los serem forçados a abdicarem dessas raras qualidades, anulando-as ao jogarem como se mastodontes fossem. Se cada um deles recebessem os passes em deslocamento, dificilmente as rochas de plantão nas hostes adversárias teriam velocidade para interceptá-los, e muitas faltas os beneficiariam, assim como para toda a equipe. Outrossim, também dá pena ver os alas e armadores trocarem passes inóquos entre sí mantendo-se em suas posições semi-estáticas, principalmente contra uma defesa zonal, esquecendo que drible e corte contra este tipo de defesa funciona tanto quanto se a mesma fosse individual. O primeiro principio dos oito movimentos básicos do basquetebol (publicados por Clair Bee em 1942), que determina o deslocamento do jogador no sentido do passe ao pivô, fator dinamizador de qualquer jogada, simplesmente é ignorado, não ensinado e treinado, tornando-o desconhecido por nossos armadores, propiciando sistemáticamente a flutuação de seu marcador numa dobra defensiva ao pivô, que poderia ser SEMPRE evitada se seu deslocamento fizesse parte do comportamento pós-passes. Mas não é o que constatamos ano após ano, seleção após seleção, masculina ou feminina, de base ou principal. É uma pasteurização suicida, que trava nossos valores, anula sua velocidade no ataque armado, mas aufere aos técnicos um controle descabido em todas as movimentações táticas, como se fossem marionetes de pranchetas. Alguns jogadores, como um antídoto contra tais amarras, desandam nos arremessos de três pontos, tendo rebotes ofensivos colocados ou não, numa prova cabal de que mais confiam em seus”tacos”, do que no sistema que tentam desenvolver, mas não aceitam em seu interior.Mas não é sempre que os tacos estão calibrados, e se os adversários se impuserem uma defesa mais próxima e agressiva, adeus jogo.E no mundial, cada jogo é decisivo e terminal. Outra observação pertinente é a da saudável utilização de dois armadores puros, que é uma tentativa bem -vinda, mas tem pecado na escalação, pois tem parecido que o critério estabelecido até agora é o de que antiguidade é posto, fator que quando confrontado com qualificação técnica individual torna-se discutível. Nessa seleção dois são os armadores puros, e um outro mais incisivo e veloz, possuidor de grande arrancada e explosão, o Leandro. Se prevalecer a técnica, pela técnica em si, este jogador terá que fazer dupla com o Huertas, ambos acima dos 1,90, muitíssimo rápidos e envolventes. Nezinho os substituiria num rodízio importante, principalmente ante defesas pressionadas. Marcelo e Alex não são armadores, pois não detêm a ambidestralidade dos três, além de estarem inicialmente mais focados na cesta do que nas necessidades da equipe como um todo. Dizer que o Guiherme é o único ala do grupo foge à realidade, pois suas armas de penetração pela linha final e arremessos de três, são elementos comuns aos outros dois, os quais, em hipótese alguma podem ser os responsáveis pela transição defesa-ataque sob forte marcação, pois não têm técnica individual desenvolvida para tal. São eficientes como alas, arremessadores e eventuais reboteiros, o que já é muita coisa. Quanto à defesa, nada a comentar, pois não se comenta o que não existe. É simplesmente deplorável a teimosia na defesa do(s) pivô(s) por trás, principalmente se forem muito pesados, fator que seria em muito contestado pela velocidade de nossos homens altos, aptos por essa qualificação a exercerem ajudas e coberturas aos passes em elípse, unicos possiveis ante marcação à frente.
E se esses passes forem obstados com energia e proximidade pelos demais defensores, mais eficiente seria nosso sistema defensivo, tanto em zona, como individual, além de evitar, e mesmo proteger os homens altos de cometerem muitas faltas pessoais, o que estratégicamente torna-se de vital importância. Temo que não terão coragem de mudar, principalmente no sistema ofensivo, pois estabeleceram por muitos anos ser esta a nossa”realidade” técnica, fruto de um movimento internacional cujo beneficiário foi a indústria do basquete profissional americano, e algumas ligas européias, as quais vem se modificando por força do movimento antagônico a tal hegemonia, no que resultou em algumas e contundentes vitórias nas competições internacionais.
Nossos irmãos argentinos bem cedo vislumbraram tal tendência, e lucraram sobremaneira nas últimas competições. Os americanos, ao entregarem sua atual seleção a um dos ícones do basquetebol universitário, e que nunca quis dirigir uma equipe da NBA, estabelece um precedente de quem, sem dúvida alguma, quer mudar seu rumo técnico-tático. Enquanto isto, ao sul do equador, ainda teimamos doentiamente no passing game, nos pick and roll, hi-lo post,
punhos, cocs, chifres, e não sei mais quantas baboseiras, num redemoinho de vaidades e politiquinhas caipiras, muito a gosto do presidente da UniCBB e sua turma. Que os deuses nos protejam, amém.

A ESSÊNCIA DO BASQUETE BRASILEIRO.

Os dois mastodontes do basquete brasileiro (não eram tão grandes assim quando daqui saíram) pediram dispensa da seleção.Hecatômbe, desastre, foram-se nossas chances,etc,etc… É o que leio em blogs, jornais e entrevistas. Numa delas, o articulista ouve jogadores da seleção em treinamento-“De acordo com êles, a formação fica mais leve, veloz, mais parecida com a essência do basquete brasileiro”. Simplesmente formidável. Gostaria imenso de perguntar a essa geração de jogadores, alguns bem talentosos, que se aperfeiçoaram e se especializaram em posições de 1 a 5, sendo que alguns articulistas mencionam que para a posição 3 não foram convocados reservas, e que a 1 e a 2 não estão bem definidas, e que alguns 5 terão de ser adaptados em 4 e até em 3, o que TODOS eles, jogadores e articulistas entendem por essência do basquete brasileiro? Sabe o que responderão? NADA. Especialista pragmáticamente preparado não pode entender diversidade, livre arbítrio, improvisação (lembrando sempre que improvisação é o universo de quem domina uma arte), auto-determinação, interiorização, criatividade. Jogador hoje impõe escalação por sua posição.Se sou 3 entro no lugar de 3, 2 no de 2, e dai por diante.Até as contratações seguem essa matemática absurda na constituição de equipes. É o famoso modelo
NBA, que encontra em nossos colonizados técnicos e dirigentes o prét-a-porter ideal para constituir equipes baseadas em grupos, muitos dos quais fechados, saindo de estado em estado
em oferta de pacotes quase nunca bem acabados. Mas dão para o gasto a quem se dispõe a pagar, quase sempre com verbas públicas. Os investidores ocasionais completam e fecham os pacotes de ocasião. Claro que os sistemas de jogo devam acompanhar tais iniciativas, que quanto menos mudarem, maiores as chances de alcançarem resultados a curto prazo. Se o sistema é comum a todos, pouco se perde nas trocas e nos escâmbos interpares. E é nesse ponto da questão que perguntaria mais uma vez- Qual a essência do basquete brasileiro? Não respondem com conhecimento e fatos? Então respondo eu. Basquete de 1 a 5 só é possivel em um país que conta com alguns milhões de efetivos praticantes, como os Estados Unidos, e que por isso pode se dar ao luxo de escolherem centenas por posição.E sabem quais são as mesmas desde os primórdios do jogo por lá? Guard, Foward, Center. Leiam as escalações na TV, e vejam se não é verdade. O advento do passing game, principalmente na NBA incutiu na mente objetiva e pragmática do investidor americano uma adaptação do foot-ball lá deles, com suas posições definidas e hierarquizadas. As ligas européias tentaram imitar essa tendência à especialização de jogadores, mas aos poucos alguns países, por terem historicamente grandes e competentes técnicos se rebelaram contra a pasteurização do jogo, que se transformou em uma mesmice irritante e robotizada. Essa tendência se instalou por aqui nos últimos 20 anos, fruto de uma incontrolável sede de cópia, através um grupo de técnicos totalmente voltados ao basquete americano, e que no comando das seleções incutiram nos jovens aquele modêlo totalmente fora da nossa realidade técnica e econômica. Mas como jogávamos? Como foi possível vencermos dois campeonatos mundiais e duas medalhas olímpicas jogando diferentemente dos mestres americanos? É que se não possuiamos gigantes massudos, tinhamos gigantinhos atléticos, ágeis e flexiveis, capazes de marcar em velocidade e saltar mais alto, e com destreza e rapidez de raciocínio, capazes de fugir das marcações exercidas pelos maciços gigantes adversários. Tinhamos armadores ambidestros, velozes, criativos e com enorme poder de improvisação, dribladores e passadores implacáveis, e que quando jogavam em duplas eram imbatíveis. Tinhamos alas velozes, insinuantes e com arremessos precisos, nas médias e curtas distâncias. Enfim, tinhamos jogadores que faziam da velocidade inteligente a verdadeira essência do basquete brasileiro, onde cada um tinha um pouco da habilidade do outro, o que os tornavam capazes de substituí-los quando necessário, e não manietados a especializações que os tornassem simples números, 1,2,3,4,5… Tinhamos finalmente, um orgulho imenso em jogar pelo Brasil, país que por suas deficiências e por sua pobreza, não podia se dar ao luxo de jogar em uma única posição, pois a sobrevivência só se faz permitida pela diversidade e pelo poder de adaptação. Nossa realidade foi e sempre será a nossa essência a ser perseguida e mantida. Velocidade inteligente, dissociada de posições limitadoras, coragem de admitir nossas limitações, e valentia em enfrentá-las com determinação e bom-senso.Essa é a essência do basquete brasileiro. Agora que sabem, ponham-se a trabalhar, principalmente naqueles pontos que desconhecem, sabem quais, drible, passes, corta-luzes, arremessos, defesa, rebotes…E muita,
muita velocidade, e como dizem, mas não sabem,e que irão descobrir, leveza, muita leveza, de mente e atitudes.

RESCALDOS DE INCÊNDIO.

Tres das melhores equipes do país saem de cena, vitimadas pelo próprio veneno, o da traição. Juntas quando do lançamento da NLB, manifestaram seus poderosos patrocínios junto àquela que seria a redenção do basquete brasileiro, uma liga de clubes, para os clubes, liderada por tres dos maiores ícones de nossas quadras. Mas as chaves do cofre estavam do lado de lá da cerca, e o embate pela posse do mesmo teve início. A equipe do presidente da NLB, por uma questão de coerência, continuou no barco das reformas, e teve como prêmio à sua rebeldia toda uma sucessão de sabotagens promovidas pela entidade maior, dona do cofre em questão, culminando com a negativa de exposição televisiva no hexagonal organizado às pressas ante uma pendência judicial, fator que o forte patrocinador não assimilou de forma alguma. Publicidade de uma marca, principalmente se essa é de economia mista, é fundamental na continuidade de qualquer projeto. Comendo a publicidade pelas beiradas, a CBB entornou o caldo da equipe do presidente da liga, entidade essa que nunca foi digerida pelo grego melhor que um presente.E para completar o esvaziamento conseguiu que a grande equipe fosse afastada de sua participação no sul-americano de clubes, colocando uma pá de cal no patrocinio da mesma. As outras duas, pularam o muro e se encastelaram nas hostes cebebianas, certas de que valia mais à pena estarem bem juntinho ao cofre. Mas seus patrocinadores vislumbravam bem mais longe,
sendo que um deles, dono de tres equipes no mesmo campeonato, tentaria de tudo para vencer a corrida contra a equipe do interior de São Paulo. Tres chances contra uma, ótima proporção,
favas mais do que bem contadas. Mas traições cobram juros muito altos, e o campeonato não terminou, fruto de recursos extra-esportivos que colocaram tudo a perder. Com altos investimentos, fundamentados em organização e eficiência, suas marcas publicitárias, a equipe de São Paulo pulou fora antes de se ver enredada em situações constrangedoras. Traiu e foi traida, tudo quites, noves fora, zero. A outra equipe, se dissolveu sem maiores prejuízos, pois outras duas do mesmo patrocinador continuam, já que somente se debaterão no futuro com Franca, que se reestrutura para a retomada do caminho rumo ao cofre. Como foi desde o começo da NLB, o senador zero voto somente tinha olhos para o acesso total ao cofre, e está pavimentando o caminho com maestria, pois concentrará seus investimentos em duas equipes, em cidades de suma importância para suas empresas do ramo educacional, e como pincelada final em sua obra, estará levando para uma delas o técnico nº1 da quadratura que comanda as seleções nacionais. “Melhor do que isso só dois disso”, dizem os espertos de esquina, mestres na arte de arrombarem cofres, sejam do tamanho que forem. E como rescaldo desse grande e irresponsável incêndio, vimos as convocações das seleções nacionais simplesmente omitirem toda e qualquer oportunidade a jogadores da NLB, provando a máxima romana-“Aos perdedores, os leões”. Muito em breve teremos uma nova mentora, e por conseguinte dona do cofre, do basquetebol brasileiro, a gloriosa CBB-Universo, mas seu dono ainda tentará um lance final, a UNICBB, para a glória do desporto nacional. E pasmen, do alto de uma senatoria sem um voto sequer! É gênio! O outro, com seus insignificantes 5 milhôes de votos na corrida senatorial, perde sua equipe e assiste seu sonho de uma liga exemplar se afastar cada vez mais. É assim que se desconstroi o desporto nacional.

BATALHAS DE ITARARÉ (AS QUE NÃO HOUVERAM).

E graças aos deuses não aconteceram, pois eram ávidamente esperadas por aqueles” experts” do jogo, para os quais o que importa são os embates sob as cestas, travados por mastodontes travestidos de jogadores de basquete, para o gáudio ensandecido de quem somente têm olhos para massas musculares e atitudes intimidadoras. O sul-americano recém encerrado demonstrou claramente que existem outros caminhos a serem percorridos além das battles under basket. No nosso caso, ficou bem claro que mais vale o gigante ágil e hábil, do que os massudos de plantão.Os centros Murilo, Estevan e Bambú, demonstraram que ao saltarem mais alto, transformando velocidade horizontal em vertical com mais presteza e velocidade, não só dominavam os rebotes, como exerciam o fundamento defensivo com muito mais eficiência, pois o faziam com velocidade, muitas vezes antecipativa. Seria temerário alterar seus físicos flexivéis e velozes, em nome de um embate com adversários futuros superpesados, que só estão na cabeça de quem não entende absolutamente nada sobre a dinâmica do jogo, quando são respeitadas as características biotipológicas de cada povo. Se bem treinados nossos homens altos poderiam exercer a marcação frontal, impossível de ser realizada por jogadores superpesados,
fator que os colocaria em grande vantagem em confrontos internacionais, ao mesmo tempo em que economizariam faltas pessoais, facilmente cometidas nas vãs tentativas de frearem descomunais locomotivas. Um dos fatores mais importantes na conquista do mundial da Australia por nossas jogadoras foi a marcação frontal das pivôs americanas e chinesas exercidas pelas nossas esguias e altas marcadoras, arma letal que perdemos ao alterarmos seus fisicos velozes e flexiveis, substituindo-os por massas musculares tão ao gosto de deslumbrados preparadores físicos, ignorantes do que vem a ser a arte de jogar basquetebol. Otimizando os arremessos de curta e media distâncias, os rebotes ofensivos com giro de 180°, os passes incisivos após os rebotes defensivos, e principalmente o deslocamento permanente sem a bola,
estaremos dando um salto altamente qualitativo em nosso jogo. Ubiratans e Gersons são nossas marcas registradas embaixo das cestas, e essa geração tem todas as possibilidades de as repetirem, e efetivarem como inteligentes armas. Outrossim, vimos a afirmação da utilização de dois armadores puros, como argumento irreparável do aumento qualitativo de toda a equipe.
A maior prova foi a quase total ausência de estouros de tempo de ataque, e a total prevalência dos arremessos de 2 pontos, tanto na curta, como na média distância, deixando para os especialistas os de 3 pontos, naquelas situações de equilibrio e tempo hábil. Alguns cronistas ainda criticam o drible excessivo, mas esquecem que quando efetuados por quem realmente o domina se torna eficaz, além de manter a ambicionada bola em poder da equipe, e não trafegando solta e lampeira ao sabor dos passes, e cuja posse é daquele que chegar primeiro. Jogo se ganha com a posse da bola, e não correndo desenfreadamente atrás da mesma. Como afirmei no artigo anterior, caberá a comissão optar por um um de dois caminhos. Entupir a equipe de massa muscular para tentar enfrentar adversários historicamente mais preparados nesse mistér, ou dotar todos seus setores de velocidade e flexibilidade, que são os ingredientes mais explosivos de nossa histórica e algo esquecida habilidade de jogar o grande jogo. Torço para
que as futuras batalhas repitam Itararé, e não aconteçam, pois podemos e deveriamos jogar de outra forma, que já provamos ser tão ou mais eficiente do que hoje praticamos. Oxalá vislumbremos a luz.

REDESCOBRINDO A PÓLVORA.

Perde o Brasil para a Venezuela utilizando-se de um único armador puro nos momentos chaves da partida. Vence o Brasil a Argentina utilizando dois armadores puros em todos os momentos chaves da partida. Duas alternativas, dois resultados diametralmente opostos. No primeiro, o comentarista da ESPN afirma ter sido a utilização de um único armador o fator de equilibrio da equipe brasileira, já que nas trocas defensivas deixara de ocorrer a discrepância de estaturas que beneficiava os venezuelanos. Resultado da opção? Derrota inconteste. No segundo, contra uma equipe equilibrada e experiente, a utilização de dois armadores propiciou um substancial aumento de velocidade ofensiva, assim como uma grande e incansável ação defensiva, resultando em vitória. Mesmo engessados por um sistema anacrônico e monocórdico, o simples fato de serem mantidos dois rápidos e técnicos armadores, qualificou a equipe naqueles dois fundamentos responsáveis pelo ritmo da mesma, os passes e os dribles. O outro fator decisivo foi a mobilidade ofensiva dos homens altos, principalmente aqueles mais atléticos do que massudos, mesmo quando enfrentavam os tanques argentinos. Defensivamente, o fator mobilidade em muito beneficiou nossa equipe, principalmente nas situações antecipativas. E como a opção de dois armadores se manteve por mais de 70% de duração do jogo, as vantagens se acumularam, propiciando uma igualdade uniforme no marcador, que sorriu para nos num inusitado final. Essa opção técnica,que defendo desde sempre, pois nos aproxima e qualifica naquele aspecto que nos é mais favorável, a ação continua e em velocidade, provou ser a mais acertada, mesmo que submetida a um sistema de jogo simplesmente absurdo, que ao retirar sistematicamente um ou dois jogadores altos das proximidades da cesta, para que venham na linha dos tres pontos efetuar corta-luzes, nos faz órfãos dos rebotes ofensivos, quando esses mesmos corta-luzes poderiam e deveriam ser executados pelos armadores, com maior eficiência e performance técnica. Uma drástica mudança de sistema se faz mistér e necessária, principalmente quanto à movimentação dos tres homens altos dentro da zona restritiva, que se for efetuada concomitantemente aos dos dois armadores que evoluem no perímetro, com mudanças laterais, sagitais ou longitudinais à cesta, tornando-se permanentes e seguidos referenciais aos passes, os farão possuidores da arma mais letal de um atacante, a posse da bola em movimento, um tempo à frente de qualquer ação do defensor, e por conseguinte situando-se em posição mais do que vantajosa para os arremessos de curta e média distâncias. A escolha segura dos arremessos de dois pontos, propiciará uma retração defensiva no intúito de anulá-los
originando espaços efetivos para os arremessos seguros,oportunos e equilibrados de tres pontos,
efetuados por quem de direito, os especialistas, e não qualquer um que se auto-determina dominador daquela grande arte. A equipe brasileira em muito se aproximou desse ideal técnico-tático nessa partida, principalmente quando teve em quadra um quinteto rápido,alto e ágil, declinando substancialmente quando constituido de homens de choque. A comissão técnica
terá de optar por uma ou outra composição básica de equipe, a começar pelo aproveitamento de homens altos e ágeis, mais presentes nessa seleção de corte do que aquela previamente selecionada e garantida. Trata-se de uma opção capital para o futuro do nosso basquetebol, que na sadia tentativa de se afastar do esteriótipo NBA, poderá reencontrar nossa qualidade básica, a velocidade inteligente no ataque, e a movimentação antecipativa na defesa. Se teimarmos em duelar com as locomotivas americanas e de algumas equipes européias, estaremos abdicando de nossas reais,efetivas, porém esquecidas qualidades. Torna-se de fundamental importância resgatá-las. Que assim seja,amén.

OS CARDEAIS

Quando da vinda da seleção brasileira masculina da Copa América, publiquei o artigo “Quadratura omissa”em 7/9/05, no qual critiquei veementemente as declarações de dois jogadores, que auto-determinados líderes da equipe, faziam severas ressalvas à atitude do atleta Nenê, pela negativa de participação na referida copa, e traçavam parâmetros e exigências ao mesmo para as futuras convocações, principalmente para o mundial. Agora, na transmissão da primeira partida da seleção no Sul-Americano na Venezuela pela ESPN Brasil, um daqueles jogadores, qualificando-se como comentarista e nóvel articulista, vem à público, empunhando um microfone, e desanda a emitir conceitos e opiniões sobre colegas jogadores, comportamentos da comissão técnica, a partida em si, culminando num pretenso papel de liderança que em hipótese alguma tem o direito de reindivicar, ou mesmo ostentar. Como um dos 8 já consagrados pela comissão para o mundial( 7 se o Nenê mais uma vez recusar a convocação, somando à sua disposição anti-CBB, a não aceitação das ressalvas dos dois “lideres” do grupo), caberia tão somente se preparar convenientemente para os treinamentos, e não sair por ai emitindo pontos de vistas que não lhe dizem respeito. Sua função é a de se apresentar na melhor forma possivel, que é a função de todo bom jogador, e NADA mais, o que já é muito e desejável. Torna-se mistér
a eliminação de um vício que vem se alastrando no esporte nacional, a dos cardeais, intocáveis e seguríssimos de suas posições feudais, nem sempre amparadas por reais qualificações técnicas.
Houve época em nosso basquete que existiram pequenos grupos de jogadores especializados em derrubar técnicos, inclusive nas seleções, mas foram aos poucos sendo substituidos por outros que se impunham por qualificação técnica, e não política. Mas atualmente, movidos por extranhos poderes, surgem cardeais, donos e mandatários de capitânias, senão hereditárias,
porém poderosas e eficientes. Nosso futebol foi vítima desses cardeais, que segundo o brilhante, mais lúcido e objetivo de nossos articulistas, Arthur Dapieve, só podiam ter “a carta”.Sua coluna de hoje no O Globo, “A Redenção”, é simplesmente definitiva. Em hipótese alguma poderemos permitir o surgimento de um movimento cardinalício no meio, já tão mambembe, de nosso basquetebol, que teria nefastos resultados. Liderança se conquista no campo da luta, e não empunhando microfones e respondendo emails de fãns oportunos. Esse foi o efeito mais negativo da dicotômica convocação, a certeza da posição. A saudável competição para alcançar um lugar na seleção brasileira ficou restrita aos doze condenados a quatro vagas que embarcaram para o sul-americano, e que lá se engalfinharão pelas migalhas, para depois serem ou não aceitos pelas ressalvas dos cardeais. E tudo isso nasceu no seio da quadra comissão, numa prova inconteste de que nem sempre muitas cabeças pensam melhor do que uma, principalmente quando uma ação decisiva necessita de liderança e responsabilidade,condições básicas a um comando, que não pode ser dividido, e sim assumido. Por isso tudo temo pela seleção brasileira, onde cardeais se insinuam a um comando dividido e desigual. Vamos ver no que dá, e torcer por dias,ações e atitudes melhores.

TRANSPONDO FRONTEIRAS.

E eis que um técnico brasileiro resolve comparecer a uma clinica de basquetebol na Croácia!
Escândalo! Absurdo! Diriam muitos, todos aqueles vidrados na potência do norte, com seu poderio econômico esmagador e colonizador. Admirável lucidez, pois irá estagiar num dos locais mais fascinantes da história do grande jogo, berço de jogadores admiráveis e técnicos dos mais capacitados no mundo da bola laranja. Irá tomar contato com estudos estatísticos simplesmente esnobados por aqui, pois qualifica jogadores por coeficientes de produção, e não por percentuais passiveis de manobras e utilizações interesseiras. Testemunhará ao vivo e à cores o que vem a ser ensino gradual de fundamentos,com todo um amparo de eficientes principios didático-pedagógicos, assim como, tomará ciência do que existe de melhor na formulação de técnicas,táticas e estratégias de jogo. Mesmo com a grande divisão ocorrida na extinta Iugoslávia, a Croácia ainda mantêm sua tradição basquetebolística. Esse esclarecido técnico,tenho a mais absoluta certeza, não retornará com o discurso de seus pares,que após estagios em equipes profissionais americanas de segunda linha, aqui aportam com o discurso de que nada de novo aprenderam ou observaram, exceto o alto grau de organização e facilidades tecnológicas lá existentes. Boa desculpa para nada transferirem aos colegas que aqui ficaram sonhando com uma oportunidade similar. Nosso corajoso técnico muito terá a divulgar em sua volta, a começar pela ausência do poder econômico esmagador, situando aquele país muito próximo à nossa realidade, tanto na economia de gastos, como na necessidade fulcral da troca de experiências que seus técnicos desenvolvem permanentemente. Talvez seja esta a grande vedeta de sua pemanência, o estudo e o desenvolvimento do jogo através a experiência coletiva passada e divulgada por seus técnicos. Trata-se de um estágio em uma verdadeira e vitoriosa escola de basquetebol, seguidora e desenvolvedora de um atividade sob regras internacionais,
e não adaptada a interesses comerciais e exibicionistas de nossos irmãos do norte. Aguardemos o que terá a dizer nosso corajoso técnico. Outrossim, tivemos a infelicidade de constatar a ida do tecnico nº1 de nossa seleção ao campeonato panamericano juvenil, que delegou aos técnicos 2 e 3 o treinamento da seleção principal, a fim de prestigiar o técnico nº 4, ou prestar sua acessoria
ao mesmo por ser inexperiente, nesse campeonato classificatório ao mundial da categoria.Para variar,e mesmo contando com sua imensa sabedoria ficaram com o bronze perdendo para nossa
já conhecida Argentina e para os Estados Unidos. Pelo visto, a vigilância ao estilo que impôs ao basquete brasileiro, não poupa nem seu colega de comissão, obrigado a desenvolver os principios aceitos unanimemente por todos os integrantes da quadratura técnica. No feminino da categoria a mesma coisa com o quarto lugar alcançado.Mas se classificaram para os mundiais.Se analizarmos a questão sobre o ângulo de que as nações européias e asiáticas também têm tradição, nossas derrotas sulamericanas nos colocam em inferioridade desde já, a qual não será transposta com a continuidade do sistema de jogo implantado. A comissão da CBB deveria seguir o exemplo solitário do técnico corajoso que descreví acima, e talvez abrissem suas mentes ao transporem as fronteiras do mundinho que conhecem. Ainda está em tempo.