O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 6/10.

Que o ato de arremessar uma bola à cesta com precisão,exige de seu executante um bom número de habilidades,onde se destaca uma em particular,o controle direcional.Desde sempre,o ensino dos diversos tipos de arremessos sempre se pautou basicamente nas mecânicas do movimento,que em muitos métodos e escolas,mais se ligavam aos estilos conceituais,quase sempre de fundamentação estética.Em outras palavras,o ponto forte da aprendizagem era mais centrada no estilo e na estética gestual do arremesso,em vez do efetivo conhecimento e decorrente tentativa de controle sobre o objeto a ser lançado,a coadjuvante bola.Uma esfera quase perfeita,extremamente nervosa por sua constituição físico-elástica, com um centro de gravidade dificil de ser controlado pelo seu grande volume,e que mesmo sendo das mais lentas as suas respostas em vôo quando comparadas com as de outros desportos,mantêm seus comportamentos no mais completo desconhecimento pela maioria de nossos jogadores,principalmente aqueles que se consideram “mestres”na grande arte dos arremessos,sejam curtos,medios ou longos.Imaginem o maior daqueles foguetes da NASA,o Titan por exemplo,que ao se desprender da torre de lançamento,detonando todo o seu poder de ascenção,sofre uma pane no menor de seus instrumentos,o giroscópio,que é aquele que em termos finais mantem o leviatã na direção correta,e que privado de seu direcionamento simplesmente aborta sua missão.Força,potência,volume descomunal,carga preciosa,anos e anos de pesquisas e trabalho deixam de ter importância pela falha de um aparelhinho que direciona tudo aquilo.No arremesso de basquete ocorre o mesmo,pois de nada valem o estilo e a estética,assim como as mecânicas corporais envolvidas no processo,se o controle direcional da bola vier a ser falho.Façamos um pequeno teste explicativo,de acordo? Então fechemos os olhos e imaginemos um aro de cesta,a bola em uma de nossas mãos,pronta para ser arremessada.Executemos o lançamento e ao mesmo tempo observemos que no momento que a bola abandona a mão ela se encontra girando para trás(o famoso back spin),e que esse giro se situa em torno de um dos eixos diametrais da mesma,e que se mantêm até o seu objetivo,a cesta.Muito bem,agora,dando continuidade à observação,construamos uma bem definida imagem,a saber:Que esse eixo diametral esteja
o mais paralelo possivel ao nível do aro da cesta,e o mais equidistante também possivel de seus bordos externos.Qual então a decorrência dessa imagem? Recordem,e se quiserem repitam a visualização,e então concordem(espero que sim…)que naquela situação fisica a bola encontrará seu direcionamento perfeito,fator colimador básico para que os outros comportamentos,força,trajetória e sinergias musculares determinem o sucesso da tentativa,e o insucesso pelo desvio,mesmo ínfimo,de seu direcionamento.
Esse conhecimento,derruba aqueles conceitos baseados nos estilos e na estética,dando lugar a movimentos antagônicos aos mesmos.Aquele jogador,que no jargão do basquete,arremessa “caindo do cavalo”,pode ser muito bem sucedido de tiver desenvolvido um grande e poderoso senso de direção em sua mão impulsionadora,
independendo ou não de se encontrar em equilibrio instável.Com o controle sobre o eixo diametral,até os arremessos de tabela podem ser controlados eficientemente,assim
como aqueles em que a bola ao tocar a ponta frontal do aro revertem na cesta,isso mesmo,revertem,pois se estão imbuidos de um giro inverso ao encontrarem um obstáculo, o aro,invertem sua rotação,já que uma força num sentido gera outra em sentido contrário de igual intensidade,deixarão de ser criticados por muitos que o consideram um erro.Finalmente,chegamos a um instigante impasse,como controlar o poderoso eixo diametral da bola? Dou 3 pistas,e deixo o restante da análise para o próximo artigo:
1- As menores alavancas,a do pulso e a dos dedos,que ao fletirem longitudinalmente à bola imprimem na mesma a rotação inversa,que nada mais é do que o processo de aceleração,necessário à uma transferência progressiva de força,e que determina o eixo em questão. 2- As duas funções básicas dos dedos da mão impulsionadora,onde o polegar
e o mínimo determinam o posicionamento do eixo e seu alinhamento ao nivel do aro,e os
outro 3 dedos,responsáveis pela aplicação da força progressiva,responsável pelo giro inverso da bola em torno do mencionado eixo. 3- O toque final na bola,executado por um,dois ou os tres dedos centrais da mão impulsionadora.As várias combinações posicionais dos cinco dedos constituem o determinismo e consequente comportamento do eixo diametral no trajeto da bola à cesta,mas isso é outra história.Treinem,estudem
e pesquisem em si mesmos as possibilidades descritas acima,e é bem plausível que não necessitem esperar o próximo artigo para obterem as respostas.Boa sorte.

MALFADADOS TÓPICOS.

-O que é que voces querem? P.Q.P….!- Está tudo uma M….!- Vão continuar jogando dessa forma? P…,C….!E por ai vão as instruções dadas por professores adultos e experientes,e tudo em rede nacional,para a audiência diurna de milhares de jovens das classes média e alta,já que em transmissões à cabo.Imagino a quantos milhares a mais se fossem efetuadas em rede aberta.Uma lástima,uma aberração.E o pior de tudo,
com a conivência de narrador e comentarista, para os quais se tratavam de atitudes normais em competições daquele nivel,no calor das disputas.Quer dizer que todos os técnicos estão autorizados a emitirem tantos palavrões quanto pensem ser necessários
em suas lastimáveis intervenções? Alguns cercados de até 4 microfones? Onde pensam que estão todos,técnicos e comunicadores,nessa aceitação passiva,comprometedora e abusiva perante a sociedade brasileira,principalmente quanto aos jovens?Será essa a
mensagem educativa e formadora de cidadãos que deva ser implementada no seio dessa
infeliz juventude? Que vergonha,que sem-vergonhas! Deviam se xingar ao espelho,pelo fracasso em suas missões,já que o pífio basquetebol que apresentam bem espelham e justificam o baixíssimo nível a que chegamos.Esse pentagonal prestou um enorme serviço àqueles que gostam do jogo,pois tiveram a oportunidade de aquilatarem na presença televisiva de 5 equipes o quanto de mediocridade estratificada se apoderou de nosso basquete,e digo 5 equipes porque a CBB alijou da publicidade a equipe carioca,aquela que ousou competir pela NLB,sob a batuta do jogador que enfrentou o grego melhor que um presente,e que por isso mesmo se viu privada de transmissão de um jogo sequer,a não ser um pequeno take da confusão que se meteu em um dos jogos,e nada mais.Mas a equipe gaúcha também joga na NLB,pois não? Sim ,é verdade,mas não tem em seu comando um desafeto da CBB do calibre do dirigente da equipe carioca.Um outro tópico mais do que interessante é o referente aos árbitros,que segundo os comentários abalizados da TV são dos melhores do mundo e que arbitram com imparcialidade e justos critérios. Mas permitem que muitos jogadores executem os lance-livres envoltos em gestuais e pseudo-concentrações,diria até rituais,que em média ultrapassam os 9 segundos,quando a regra somente permitem 5 segundos para executá-los,a contar quando da entrega da bola por um dos juízes.Alguns chegam a irritar por maneirismos muito bem ensaiados visando o enfoque televisivo.Geralmente são aqueles repletos de tatuagens,penteados africanos e penduricalhos promocionais,pois segundos na midia custam muito caro. Permitem que técnicos invadam sistematicamente a quadra no transcorrer do jogo com seus gestuais ridículos,porém impressionáveis,muitas vezes sublevando as torcidas contra as arbitragens.Transformaram os 3 segundos em armas de compensação a um engano
ou injustiça cometida contra uma das equipes, quando na realidade todos os nossos pivôs,vítimas de seus crônicos imobilismos,permanecem dentro dos garrafões ofensivos muito mais do que os 3 segundos permitidos.Admitem reclamações extemporâneas de jogadores,quando na realidade nem os capitães as podem fazer.Permitem acintosamente a interrupção da trajetória da bola no drible,numa ação que somente beneficia a finta
ilegal de muitos jogadores.Mas são enérgicos para exigirem as camisetas dentro dos calções,que afinal parece ser o aspecto mais importante do jogo,para eles.Finalmente,
apresenta o ginasio da propalada”capital brasileira do basquetebol”às moscas,somente
recebendo boa platéia quando dos jogos da equipe da cidade,numa demonstração de que
nem mesmo na “capital” o público se sente incentivado a prestigiar o torneio,não fosse ele,segundo os comentaristas,o público que mais entende de basquete no país.
Tenho minhas sérias dúvidas.Mas faltou um último tópico,o técnico,que posso resumir
parafrazeando um dos técnicos de nossa seleção em uma de suas intervenções num tempo pedido-“vocês resolveram deflagrar a artilharia dos 3”? Creio que todas as equipes a deflagraram,e com resultados simplesmente risíveis.Decididamente desaprendemos a jogar basquetebol,e muito temo por nossa participação no mundial,pois vivemos dias em que até jogadores americanos,célebres por suas atitudes disciplinadas,se sentem à vontade para interromper nossos técnicos em suas instruções,não sei em que idioma,mas
que nos faz pensar que algo foi perdido entre nos,o bom senso.

BENVINDA AREJADA.

E Rio Claro levou a classificação para o hexagonal.Merecida e inovadora.Não que tenha inventado algo de especial,mas sim,que tenha trazido à tona uma forma de jogar que parecia ter sido esquecida pelos nossos luminares técnicos.Corajosamente se utilizou de dois armadores puros, não tão altos, dois alas muito velozes e razoavelmente hábeis,e um pivô forte,sem ser lento.Com um time veloz,e muito bem armado por dois excelentes jogadores,pode pressionar o adversário com uma defesa agressiva e sempre próxima ao homem da bola, e efetuar ataques incisivos na zona dos 2 pontos, sem esquecer os de 3 quando podiam ser efetuados com equilibrio e tempo hábil.Se tivessem marcado permanentemente o pivô adversário, muito bom aliás, pela frente, já que a marcação do homem da bola em muito prejudicava seus passes, teriam vencido com mais folga. Com mais treino poderá vencer essa etapa defensiva, o que tornará a equipe verdadeiramente competitiva.E a melhor das conquistas,seu técnico somente utilizou a prancheta em dois pedidos de tempo, mais por hábito do que necessidade,provando ser possivel e desejável o diálogo olho no olho, e não através rabiscos desconexos e initeligíveis. Um decisivo comportamento poderia ser agregado para uma melhoria geral, a obrigatoriedade de que em qualquer reposição de bola a mesma teria de ser feita exclusivamente pelos armadores, propiciando dessa maneira duas atitudes altamente produtivas:Nos fundo-bolas após uma cesta os armadores poderiam evoluir juntos para a zona ofensiva, combinando entre si as melhores jogadas a serem desenvolvidas,enterrando de vez os sinais e polegares, punhos,e chifres,pois temos jogadas agora de”duplo chifre”,se não bastasse um.Segundo,liberaria os homens altos dessa tarefa,fazendo com que os mesmos fossem para o ataque num ritmo normal,e não em sprints nas tentativas de ultrapassarem seus armadores.Economizariam energia para quando fosse necessária.E o mais importante,nas reposições ofensivas a qualidade dos passes estaria garantida,assim como estratégicos posicionamentos dos homens altos ficariam preservados. Pequenos ajustamentos, porém de enorme e efetivo alcance. Finalmente um reparo da mais absoluta importância. Seus armadores, habilíssimos dribladores, passadores e finalizadores de curta distância,em momento algum se utilizaram da parada da bola no drible para efeito de finta,ao contrário do armador adversário que se utiliza permanentemente dessa má conduta técnica,com a permissão das arbitragens, fato que só vem a prejudicá-lo em sua evolução como jogador. Interromper a trajetória da bola durante o drible é infração às regras do jogo,e se por um lado beneficia o executante em fintas ilegais,por outro reduz drásticamnte sua performance técnica. Vamos aguardar o hexagonal,para testemunharmos se realmente essa equipe dará continuidade ao bom trabalho executado por seu técnico,pois se assim for,teremos a oportunidade de mudarmos um pouco a mediocridade que se instalou em nosso basquete,por obra e graça da turma dos estrategistas.Que as pranchetas lhes sejam pesadas.Amén.

UM FIO DE ESPERANÇA.

Na reta final desse tumultuado Campeonato Nacional,constatamos com um fio de esperança uma tímida mudança tático-ofensiva em,até agora,tres equipes,duas das quais já avançaram para o hexagonal semi-final.Uma outra,o Uberlândia ficou pelo caminho punida pela ausente vontade defensiva de seus integrantes,apesar da mudança ofensiva que aponto como altamente benéfica ao nosso basquetebol,a utilização efetiva de dois armadores em seus sistemas profundamente arraigados no passing game.A simples presença de dois especialistas nos dribles,fintas e passes,por si só melhoraram,e muito,a qualidade ofensiva de suas equipes,mesmo,repito,engessadas pelo terrivel PG.Ribeirão Preto,e principalmente Rio Claro,demonstram o acerto da mudança,que seria muito mais efetiva se os armadores atuassem mais juntos e sempre fora do perimetro,evitando a vinda de um dos homens altos para esse setor a fim de efetuar corta-luzes,retirando-o do setor interno,onde sua eficiência,principalmente nos rebotes é fundamental.As equipes ganharam em velocidade e efetiva posse de bola,onde os armadores evoluindo em dribles,fintas,passes curtos e incisivos, propiciavam aos homens altos mais proximos a cesta condições efetivas de pontos,e retomadas de bolas,assim como recuperou-se os já quase esquecidos arremessos de 2 pontos,mais seguros e com maiores possibilidades de acerto quando comparados estatisticamente com os de 3 pontos.Estes,tornaram-se mais efetivos por serem executados por aqueles que realmente são especializados,e pouco vimos os pivôs se aventurarem no mesmo como até bem pouco tempo.Essa tendência,reafirmo,tímida,ficou bem acentuada no jogo de hoje entre o Paulistano,arraigado ao sistema vigente,e o Rio Claro,que optando por uma equipe mais leve,com dois armadores puros,dois alas ágeis e velozes,e um pivô com boa mobilidade,apesar do fisico avantajado,evoluiu e envolveu seu adversário com um jogo incisivo e baseado no drible inteligente e nos passes curtos e seguros.Mas como a formação estratificada de um armador dois alas e dois pivôs(alcunhados de 4 e 5)ainda
se mantêm em função de um repertório imutável de jogadas,as quais denomino de coreografias,o outro armador,na disposição inicial de um ala,torna a distância entre os mesmos muito grande,forçando o primeiro a efetuar o passe mais absurdo do jogo,o passe paralelo à linha final,indefensável se interceptado,além de retardar a ajuda permanente ao colega quando de uma dobra defensiva.Essa grande distância ainda retira dois dois as possibilidades de ações de envolvimento defensivo,tais como corta-luzes
e dá e segues entre os mesmos,estabelecendo supremacia numérica em qualquer ponto do perimetro.Essas ações,quando completadas por um dos homens altos dentro do perimetro
são as armas mais eficientes para a consecução de arremessos e finalizações curtas com um minimo de passes e um máximo de eficiência.O jogo interno,propicia com certeza
as melhores oportunidades de arremessos de 3 pontos,com tempo suficiente para serem executados com equilibrio e pouca anteposição defensiva,pois os especialistas receberão os passes de dentro para fora do perimetro,com grandes chances de encontrar os defensores preocupados comos bloqueios dentro do garrafão.Se a opção determinante de voltarmos a utilizar dois armadores se tornar abrangente,se fará necessário o abandono total das firulas estratégicas que nos tem estrangulado nos últimos 20 anos,onde jogadas “punho”,”polegar”,”coc disso e coc daquilo”,somadas a sinais sobre a cabeça,ombros e outros,darão lugar a um trabalho conjunto de aparentes e dicotômicos setores,estabelecidos pelos armadores fora do perimetro e os outros 3 homens dentro do mesmo,onde a junção e participação se fará presente nas infinitas
possibilidades auferidas pelos dribles,fintas ,passes,corta-luzes,dá e segues,
arremessos curtos e de 3 pontos,retomadas e bloqueios,os fundamentos enfim,que de tão esquecidos se tornaram folclóricos para muitos de nossos craques.A retomada do jogo interno com deslocamentos permanentes dos homens altos,através trocas de posição e permanente anteposição ao sentido da bola,permitirá a recepção de passes em movimento
obrigando os deslocamentos defensivos,chave mestra na criação dos espaços necessários
a uma boa e efetiva ação ofensiva. Esses 3 homens em constante movimentação,
alimentados por dois ágeis e técnicos armadores,darão a qualquer equipe que adotar
o sistema um permanente repertório de jogadas,que se amoldarão aos mais variados comportamentos defensivos,observados antes ou durante o jogo.Mas para tanto,será necessário que nossos técnicos abram mão de suas pranchetas pseudo-mágicas,e se lancem de corpo e alma na análise um jogo possuidor de uma característica ùnica entre os jogos,a de que definições ofensivas e defensivas são determinadas pela proximidade eminentemente física,onde o contato dos corpos mais se fazem presentes,e que os mesmos têm de estar e serem preparados para o embate inteligente,imprevisível,e por isso mesmo extremamente complexo.Nenhuma prancheta e seus rabiscos jamais poderá se aproximar da realidade de dentro de uma quadra,mas as inteligências inseridas dentro e fora da mesma,estas sim,determinarão o sucesso ou insucesso de uma equipe.Manter uma equipe em constante movimento,com posse efetiva da bola,agindo em uníssono,mas respeitando as individualidades nos momentos de decisão,são fatores definidores de um grupo treinado e coêso em torno dos fundamentos,do auto-conhecimento,e do apôio
tático e estratégico dado por seu técnico,nos aspectos ofensivos e defensivos.As mudanças,como afirmei,tímidas,que se fazem agora presentes em algumas de nossas equipes,nos dá esperança de melhoras,principalmente tão próximos que estamos de uma competição básica para nossas pretensões futuras,o Campeonato Mundial,classificatório para as Olimpíadas.Torço para que mudemos para melhor,pois já se faz tardia tal
modificação em nosso combalido basquetebol.

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 5/10.

O que venha a ser uma finta,para que,e quando executá-la.De princípio deve estabelecer e compreender algumas particularidades inerentes às fintas,com e sem a posse da bola.Em ambas,os principios que descrevemos no primeiro artigo dessa série-O Equilibrio-se tornam fundamentais.Recordando o principal deles,que define a finta como a arte de sobrepujar o adversário sob,ou estando em equilibrio instável,podemos estabelecer de pronto uma regra,simples,porém decisiva-Ao mudar de direção,girar em torno de si ou do adversário,regatear,oscilar,manear,ou alterar gradual,repentina ou sequencialmente sua velocidade de deslocamento,estando o mais permanentemente possivel em equilibrio instável,você se colocará também permanentemente um tempo a frente de seu marcador,fator que definirá o sucesso ou insucesso de sua tentativa em fintar-.Essa relação tempo-espaço,por ser crítica,só se definirá sob o maior ou menor dominio que você venha a desenvolver sobre seu centro de gravidade,projetando-o por sobre um dos limites da área ocupada por você na quadra,de tal forma que qualquer das atitudes acima descritas possam ser utilizadas um instante a frente de seu marcador,destinando ao mesmo uma contra-reação,jamais antecipativa.Essa é a chave dos bons fintadores,estabelecer o controle de suas ações ofensivas de fintas o mais próximo possível do adversário,e estando em equilibrio instável pelo mais longo tempo
que possa suportar.FINTAS SEM A BOLA-Armadores,alas e pivôs se utilizam das mesmas fintas sem a bola,ou sejam:Mudanças bruscas de direção;Rotação em torno do marcador;Alteração rítmica nos deslocamentos lineares ou elípticos.Em todas elas,a
proximidade ao corpo do marcador no momento da ação é o fator predominante,estando
em equilíbrio instável.FINTAS COM A BOLA-Os mesmos comportamentos das fintas sem a bola,mas com dois decisivos novos itens,a concomitante proteção à bola,e a necessidade premente para a obtenção de espaço suficiente para a passagem simultânea
atacante-bola pelo marcador.Em outras palavras,trata-se da criação de espaço onde ele
praticamente não existe,principalmente nas trocas de direção.Se as execuções dessas trocas forem efetuadas em equilibrio estável,o marcador ganhará um tempo a mais para sua atuação defensiva,já que antecipativa,pois o atacante em equilibrio estável terá
de se situar em instável para executar a finta,ofertando o tempo necessário ao defensor.Todos esses comportamentos se situam em frações de segundo,daí a formidável
importância do controle do centro de gravidade.Mais uma vez voltando ao primeiro artigo da série,proponho um novo exercício situado por sobre a experiência que encerra o mesmo:Na posição de equilibrio estável,percorra com o fio de prumo toda a extensão da área ocupada e delimitada pelos seus pés,entrando e saindo da mesma,parando em equilibrio instável,lentamente,de olhos abertos e fechados,mas agregando algo novo,uma bola sendo driblada,e aos poucos vá descobrindo o que pode ser realizado sob o dominio de seu CG.Vale à pena tentar,e principalmente descobrir
a arte da finta.No entanto,em momento algum durante o drible,impulsione ou recepcione
a bola dominando-a abaixo de seu hemisfério superior, não interrompendo sua livre
trajetória,no que seria a infração de 2 dribles,já que por um curto,porém decisivo
momento a mesma seria obstruida.Outrossim,o manejo permanente sobre o hemisfério
superior da bola,dará condições à mão impulsionadora de poder exercer um domínio
chave no ato de driblar,o controle,por projeção, de seu centro de gravidade,que em conjunção ao controle do CG em seu corpo completará e exequibilizará a ação de finta.
As dificuldades na coordenação de dois movimentos díspares entre si,ao terem em comum
a necessidade de serem controlados através o dominio de seus CG’s,desafiará sua habilidade e perseverança,num exercício contínuo de dedicação e descobertas.Mãos à
obra,e bons treinos.

QUEM NÃO MARCA,LEVA!

Segunda partida entre Uberlândia e Ribeirão Prêto,na casa do primeiro.Assisto com grande interesse a uma honesta tentativa de quebra de padrão à mesmice reinante.A equipe de Uberlândia joga uma partida com dois armadores bem definidos,executando as armações com uma efetiva posse de bola,em ações dribladas e com passes incisivos no miolo do garrafão,o que ocasiona uma indesejada,mas necessária rotatividade dos homens altos do adversário,pelo grande número de faltas cometidas.Como consequência imediata a essas ações,os arremessos de 2 pontos sobressaem,assim como os de 3 pontos podem ser realizados da forma correta, ou seja, como opções, e não como preferenciais.Ribeirão Prêto,utilizando seu jogo baseado no passing game,consegue se
manter dentro do jogo,principalmente através uma particularidade,ou seja,seu adversário simplesmemte se recusa a marcar.Inadmissível uma equipe sofrer 45 pontos em arremessos de 3 pontos,principalmente da zona morta,que é o destino final de qualquer passe,seja o sistema de jogo que for,sob qualquer tipo de defesa empregado.É uma zona da quadra cujo único referencial do arremessador se restrige a um aro solto no espaço,cuja profundidade se perde,se muito,por entre os assistentes do jogo.É o tipo de lançamento cujos percentuais despencam em proporção direta ao tempo que o
arremessador tem para executá-lo.E foi daquela região que a equipe da casa viu suas
pretensões à vitoria se esvairem.Com um ataque bem elaborado,mas uma defesa pífia,e
até certo ponto comprometedora,vide a experiência de seus jogadores,Uberlândia parte
para a casa do adversário com a dificil tarefa de não mais poder perder.E tudo isso
por obra e arte de um principio imutável ao jogo-Quem não marca,leva!-Conto uma historinha-Anos setenta,penúltima rodada do campeonato juvenil carioca,jogo definindo
o terceiro lugar,um FlaxFlu dos bons tempos,e na Gávea.Dirijo o Flamengo,e o glorioso
Orlando Gleck o Fluminense.Nesta equipe o cestinha do campeonato,Zezé,dono de um dos
mais perfeitos arremessos de longa distância que conheci,numa época em que não existia os 3 pontos.Tarefa primordial,deter o Zezé.Passei toda a semana treinando os
meus homens altos,o Evaristo “Sapatão” em particular,nas técnicas do bloqueio do Volibol,e para tanto pedi ajuda do técnico Paulo Matta na empreitada.Em suma,tentamos
fazer com que os pivôs pudessem transformar velocidade horizontal em vertical quando
partissem de encontro ao arremessador,de tal forma que não o atingissem com o corpo,e
pudessem saltar o mais proximo possivel dele com os braços na posição a mais vertical possivel,forçando-o a alterar sua trajetoria de arremesso.No dia do jogo a instrução básica se fundamentava numa característica do Zezé-Ele ao driblar para a esquerda se colocava em posição de tiro,e somente para o tiro,já que naquela situação não passava a bola,concentrado que se punha para o arremesso,e somente o arremesso.Treinei e instruí seus possiveis marcadores,Moisés e Walter,para somente dar a saida de drible para a esquerda,fazendo com que o Zezé se situasse exclusivamente para o tiro,ao mesmo tempo que instruia o Evaristo,com seus 2,05m de altura a se lançar de encontro a ele com a técnica que treinamos exaustivamente.Resultado? O Zezé fez 5 pontos,3 de lance-livre,e teve 4 bolas que nem chegaram a atingir o aro da cesta.Vencemos o jogo com folga,e provamos que podiamos”parar” o grande Zezé.Concluíndo a lição que aprendi ensinando 30 anos atrás-Nunca devemos bloquear fisicamente um arremesso,devemos isto sim,alterar das formas possiveis e bem treinadas a trajetoria desse arremesso,pois estaremos modificando,e por conseguinte retirando de seu executante o fator de sucesso do mesmo,sua trajetoria habitual.E quando um hábito é alterado,custa muito se adaptar a outro,sendo muitas vezes impossível.Que a equipe de Uberlândia possa mudar seu comportamento defensivo,para que todos nos possamos testemunhar bons e equilibrados jogos,em sua tentativa de fugir dos grilhões do sistema alienígena que implantaram em nosso basquetebol.E que o técnico de Ribeirão,que também dirige a Seleção Brasileira atente para o fato inconteste de que se não mudar o atual sistema implantado entre nos,teremos seríssimos problemas para a classificação olímpica. Nenhuma equipe dará os espaços que nos acostumamos a encontrar em nossos campeonatos, para,segundo suas proprias palavras executar-“a artilharia de 3 pontos”.Torçamos então.

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 4/10.

Acompanhei na tarde de hoje,na companhia do amigo Pedro Rodrigues,a final da Euroliga, jogada entre o Macabi de Israel e o CSKA de Moscou.Foi um jogo brilhante e de altíssimo nível,a ponto de,após mais de trinta anos de algumas divergencias técnicas,concordarmos num ponto nevrálgico do basquetebol atual,o fato de que não só do passing game vive o basquete internacional.Sem nenhuma exceção,TODOS os ataques não ultrapassavam os tres passes,da zona de defesa para a de ataque,e que esse decisivo fator em NADA alterava a notável produtividade das equipes.Pela economia de passes,em função do drible responsável e das fintas sempre incisivas na direção das cestas,somente DUAS vezes em toda a partida aconteceram perdas de bola pelo limite dos 24seg,comportamento técnico-tático que defendi desde sempre em todas as equipes que dirigi.Em uma ou duas vezes vimos acontecer arremessos desequilibrados e forçados,o que representava muito pouco ante a qualidade das equipes.Outrossim, testemunhamos as performances formidáveis das defesas de ambas as equipes,onde viamos a PERMANENTE marcação dos pivôs pela frente,e o ataque sistemático ao homem da bola e aos arremessadores de 3 pontos,fatores que geravam um equilibrio no placard que nunca alcançou mais de 7 pontos de diferença.E que aspectos poderiamos enumerar que justificasse o titulo desse artigo? Basicamente o desmentido que o passing game seja
o sistema de jogo mais adequado às nossas necessidades,e que o drible se mantenha como o fundamento que a todo custo seja minimizado pelas nossas equipes,pelos nossos armadores e alas,e por que não,pelos nossos pivôs,e mais do que claro,pela grande maioria de nossos técnicos.Atestamos sob nossos olhares criticos de muitos e muitos anos de experiência o que puderam produzir duas equipes com média de altura de mais de 2 metros,dos armadores aos pivôs,TODOS atleticamente uniformes,velozes e ágeis,sem um mastodonte sequer na quadra,manterem um regime de velocidade e destreza que nos encheram de admiração e temor pelo que nos aguarda no Campeonato Mundial que ora se avizinha.Se nossos jogadores,pudessem assistir esse jogo,na possibilidade que a ESPN pudesse repetí-lo em alguns horários,dada à sua importância técnico-tática,poderiam assimilar principalmente 5 pontos que passo a enumerar: 1- Que defesa linha da bola é aquela cuja flutuação é lateralizada,ou seja,se tirarmos uma linha reta da bola à cesta,esteja onde estiver no plano da quadra,o jogador de posse da mesma é marcado classicamente,ou seja,entre a bola e a cesta,e os demais se aproximam dessa linha imaginaria o mais que puderem,tornando o passe em elipse,e por isso mesmo mais lento,o único possivel de ser realizado ante o posicionamento defensivo,permitindo uma efetiva,segura,pois possibilita coberturas,marcação do pivô pela frente.Somente esse decisivo fator em muito alterava qualquer comportamento ofensivo,já que determinava a necessidade do drible incisivo e veloz na procura de melhor angulação para o passe,ou o arremesso de media distância.Por essa objetiva ação tomada por ambas as equipes,em muitas e muitas ocasiões os pivôs abriam no sentido lateral do garrafão para criarem espaços suscetíveis às penetrações de seus alas e até armadores.Isso mesmo,armadores,que as equipes se utilizavam aos pares em todas as etapas da partida. 2- Os passes nunca eram dados em direção de um companheiro estático na quadra,e sim alcançando-o nos deslocamentos,que sempre se iniciavam do lado oposto àquele em que se encontrava a bola,e NUNCA paralelos à linha final.Essa simples disposição técnica eliminava o jogo de passes em torno do perímetro,tornando as ações rápidas e objetivas,propiciando tempo mais do que suficiente para a execução de bons e equilibrados arremessos,tanto de 2,como de 3 pontos. 3- Deslocamentos sucessivos em trocas e bloqueios realizados entre os alas e o pivô,ou entre dois pivôs,DENTRO do garrafão,transitando permanentemente sagital ou em torno do mesmo,concomitante ao trabalho executado fora do perimetro pelos armadores, propiciavam inumeras soluções,que iam das penetrações aos arremessos de media e curta distâncias,e eventualmente aos de longa distâncias,já que as colocações para os rebotes ofensivos estavam garantidas pela proximidade sempre mantida dos homens altos,com relação às cestas.4- No ato dos rebotes,defensivos e ofensivos os jogadores
em sua maioria ao terem garantidas as posses de bola giravam no ar até 180°,fazendo
com que se tornassem aptos às tres funções básicas de todo jogador de posse da bola,
o drible,o passe ou uma nova tentativa de arremesso.Trata-se de uma atitude que todos os nossos jogadores deveriam desenvolver,e que em absoluto é praticada entre nos.
5- Somente os especialistas arremessavam de 3 pontos,e SOMENTE eles,garantindo a qualidade e a eficiência dos mesmos.Temos de uma vez por todas acabar com a ideia absurda e irresponsável de que qualquer jogador pode arremessar bem de 3 pontos.Nada
mais errôneo e infantil como base de raciocínio.As probabilidades de acertos em arremessos de media e curtas distâncias SEMPRE serão maiores do que os de longas distâncias. Venceu a equipe que melhor soube empregar seu sistema defensivo,e melhor
utilizar os arremessos seguros de media e curtas distâncias,mesmo perante acertos
de longas distâncias de seu adversário,mas com menor produtividade perante a opção escolhida.Venceu o CSKA com quatro norte-americanos,mesmo numero pertencente ao Macabi,provando que jogadores formados na escola do passing game podem ser perfeitamente preparados para um sistema antagônico ao mesmo,bastando serem detentores de apurada técnica nos fundamentos,ao contrário de muitos técnicos brasileiros que afirmam ser impossível modificar hábitos em jogadores adultos.Aqueles
americanos têm em média 29 anos,provando que as adaptações e mudanças podem ser perfeitamente ensinadas e assimiladas,mas que necessitam ter quem os ensinem e cobrem os resultados.Desconfio que a maioria de nossos técnicos não tem a noção de ambas as
exigências,ensino e cobrança.Mas não há mal que a prancheta não resolva.

O QUE DEVEMOS OBSERVAR.

Foi um sexta-feira cheia,com basquetebol em profusão,e dos melhores.Duas semi-finais da Euroliga em relêvo,pois mostrava,como mostrou,aquele tipo de jogo que realmente nos interessa,haja visto a proximidade do campeonato mundial em agôsto no Japão.E valeu à pena assistir aos dois jogos,pois nos foi mostrado com todas as implicações decorrentes o que nos espera no outro lado do mundo.Basquetebol de primeira qualidade,bem jogado,e principalmente,bem,muito bem defendido.Dentro das regras internacionais,e com tres juizes,o que vimos foi realmente assustador,no sentido de que longe da violência corpo a corpo da NBA,constatamos a virilidade do basquete europeu.Assustador pelo fato do que esperar as equipes americanas,asiáticas e africanas ante o confronto com os europeus.A antiga e eficiente escola iugoslava,hoje pulverizada em 5 nações,ainda se faz lembrada através seus técnicos espalhados pelas equipes europeias,sedimentando um principio defensivo que marcou suas origens balcânicas.Defesas ágeis e extremamente rápidas,mesmo levando-se em consideração a elevada estatura das equipes.Jogadores de varias nacionalidades,principalmente americanos de primeira linha,adaptados a essa forma avassaladora de defender,onde flexibilidade,velocidade e dominio das linhas de passes em muito substituem aqueles
monstrengos de 130kg,ou mais,em suas battles under basket.O super empenho quase lúdico dos jogadores,deixa transparecer uma emoção que não se vê na NBA,com suas estrelas de milhões de dólares,e que têm nas regras adaptadas o passaporte para suas
exibições de cunho individual,as quais,quando perante a realidade das regras internacionais,limitam-se substancialmente,já que se deparam com defesas coesas e
mestras nas ajudas e coberturas.Não foi atoa que Dominique Wilkens anos atrás se disse revivido para o basquetebol quando de suas temporadas européias,onde provou o gosto de voltar a jogar com alegria e arte.Muitos compatriotas seus o seguiram nessa
volta ao amor pelo jogo,numa troca não muito aceita e compreendida pela midia.Numa
liga em que os jogadores comunitários ou não,preenchem as equipes com o que há de melhor no mundo FIBA,ao qual pertencemos,torna-se de fundamental importância sua divulgação entre nos,pois são nossos adversários nas grandes competições,e não o
circo do norte.E o que vimos de mais substancial?Primeiro,defesa ativa,agressiva,
presente o tempo inteiro,com o dominio dos rebotes,onde grande parte de seus grandes
saltadores exibem a arte do giro em 180º após o dominio da bola,fazendo-os aptos a um
novo arremesso, ao drible,ou a um passe.Também a arte das trocas oportunas e bem coordenadas,com perdas minimas no equilibrio defensivo,assim como as dobras seguidas
aos pivôs e nas laterais da quadra.No ataque,a preferência dos arremessos de 2 pontos
deixando aos verdadeiros e muito poucos especialistas os de 3 pontos,fatores que
aumentam em muito os percentuais de acerto nas cestas.A utilização permanente de dois
armadores,aumentando a qualidade dos passes e dos dribles.O jogo centrado e direcionado à cesta,e não o periférico e esteril praticado por nos.E é nesse ponto
que chamo a atenção de nossos técnicos para a obviedade daquelas ações, que foram esquecidas e negligenciadas,obliterados que se encontram pela mágica da NBA.Hoje,para
a maioria deles, o máximo que um jogador pode sonhar e alcançar é um contrato na liga
dos sonhos,onde o peso dos dólares a tudo justifica,até a negação às seleções nacionais.Mas um pais ao sul do nosso,teve,e ainda tem toda sua equipe campeã olimpica e outros inumeros jogadores na Europa,com uma ou duas exceções que se encontram na NBA,aprimorando uma forma de jogar que é a única capaz de derrotar os norte-americanos,como já o fizeram inumeras vezes.Que nossos luminares técnicos assistam no domingo a grande final da Euroliga,e apreendam de uma vez por todas o que
até os americanos já começaram a descobrir,que para voltar aos titulos internacionais
não bastam milhões de dolares e dominio da midia mundial com seus interesses atrelados aos interesses politicos e comerciais de seu pais.Torna-se necessario uma reformulação em seu modo de jogar o jogo,fator que a maioria de seus admiradores não
levam muito em consideração,não fosse rotulada sua liga como basketball wold championship. Se assim foi e ainda será por muito tempo,o que importam os outros?
E nos,de que lado estamos? Escolham caros técnicos,pois cabem a vocês o futuro de
nossos jovens,que vivem com reais e falam português.

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 3/10.

Inicialmente vizualizemos 3 áreas ofensivas,a saber:Área 1- A zona dos 3 pontos e a que antecede a mesma.Área 2- A zona situada entre a linha dos 3 pontos e os limites externos do garrafão. Área 3- O interior do garrafão. Tendo em mente que as percentagens de acertos nos arremessos aumentam quanto mais próximos da cesta estiverem os atacantes,a dedução lógica é que as áreas 2 e 3 deverão ser aquelas onde 70,e até 80% das ações ofensivas deverão ser exercidas.A área 1,deverá ser exclusiva daqueles jogadores cuja especialização nos dribles e arremêssos de 3 seja inconteste. Trata-se de uma realidade indiscutível,um axioma,e é o grande desafio aos técnicos, ou seja,a capacidade que os mesmos tenham na montagem de seus sistemas,e no perfeito aproveitamento das reais capacidades de seus jogadores.Estes,conscientes desta realidade,deverão ser preparados nos fundamentos para exercerem em pleno suas também reais qualificações,o que exemplificaremos a seguir: DRIBLE E FINTA- Quando na área 1,o jogador de posse da bola,driblando-a,fintar o defensor,JAMAIS deverá abortar sua progressão em direção às áreas 2 e 3,já que sua ação estabelece uma superioridade númerica ofensiva ao anular um dos defensores,atitude que armação de jogada nenhuma
poderá ser definida como prioritária.A mesma situação deverá ser estabelecida quando
da penetração,após uma finta,de um jogador sem a bola.Esta deverá ser a ele passada
pois a superioridade númerica naquela zona o beneficiará de imediato.A movimentação
sem a bola de jogadores dentro das áreas 2 e 3,se efetuadas concomitantemente às de
seus companheiros na área 1, SEMPRE encontrará um deles em condições de recepção,
principalmente se estiver do lado contrário à posição da bola.Tanto na anteposição de
uma marcação individual, como por zona, o rompimento da primeira linha de defesa,
situada na área 1,torna-se o objetivo mais imediato a ser alcançado,principalmente
pela premência de tempo limitado aos 24seg regulamentares.Trocas de passes seguidos
nesta área somente beneficia os defensores,e abrevia a qualidade dos arremessos,
exatamente pela mesma premência.Outrossim,dada às dificuldades à chegada da bola em
boas condições de espaço na área 3,torna a 2 aquela cujas possibilidades de um bom e
equilibrado arremesso ocorrer amiúde,e que pela proximidade à cesta oferece boas e
determinantes chances de sucesso.As ações ofensivas dentro da área 2 de a muito vem
sido negligenciadas por jogadores e técnicos,obliterados pela enganosa vantagem dos 3 pontos,com suas altamente duvidosas percentagens de acerto.DRIBLE E FINTA DOS PIVÔS-
Eis um dos grandes tabús do nosso basquete.Estabeleceu-se entre nos a figura do pivô
estático,massudo,e com características próximas aos trombadores americanos.Sua finta
se caracteriza pela progressão de costas para a cesta,conquistando pela força bruta
os espaços necessários ao arremesso.Rotineiramente é punido por falta ofensiva,e
dificilmente encontra espaço inicial para exercer o drible progressivo.Na possibilidade de receber um passe em movimento,por estar situado do lado contrário
à bola,muito de facilitação encontraria,exatamente por se descortinar à sua frente espaço suficiente a uma boa ação ofensiva.Mas para tanto,sua movimentação dentro
da área 3 deverá ser constante e contínua,em conjunto com os alas,ou um outro pivô,
num diálogo de alta frequência.Passes de fora para dentro,ou seja,da área 1 para a 2
e a 3, constituirão as armas mais eficazes dos armadores em funções normais,e
decisivas se romperem a primeira linha defensiva situada na mesma.Todas essas ações
caracterizam uma efetiva contrafação ao passing game,pois elimina as movimentações
periféricas e estéreis da bola,em função de um objetivo dirigido e centrado à cesta.
Numa ação direta,poucos passes são efetuados,substituidos pela constante movimentação
dos jogadores sem a bola,e partindo do principio de que os defensores ao reagirem às
ações ofensivas se situarão um tempo atrás dos atacantes,é que as grandes vantagens
dessa proposta se faz clara e compreensível.Com menos passes e menos distâncias a serem percorridas pela bola,mais tempo sobrará dos escassos 24 seg,para melhores,
táticos e eficientes,por equilibrados,arremessos,tanto de 2,prioritáriamente,quanto de 3, opcionalmente.Enfim,na medida que os jogadores estiverem bem preparados nos fundamentos,dominando e compreendendo seu equilíbrio,a dinâmica do drible e das fintas,e com absoluto controle nos passes e arremessos,teremos dado partida a um mais
desenvolvido sentido de técnica e conhecimento tático.Mas se fazem necessárias sérias
mudanças em nossa atual,globalizada e engessada maneira de jogar,escrava de um sistema castrador e totalmente voltado ao mais improvável,por impreciso,elemento do
jogo,o arremesso compulsivo dos 3 pontos,principal e abusivamente empregado pela
maioria de nossos jogadores,e não por aqueles poucos realmente especialistas nessa
dificil arte.Pena,e constrangedor que a maioria de nossos técnicos,por desconhecimento,alguns, boa-fé,poucos,e oportunismo,muitos, segreguem dos jogadores
os verdadeiros objetivos do jogo,principalmente aqueles que nos fizeram campeões a
mais de duas décadas atrás.Já é tempo de mudarmos,para sobrevivermos.

A PRAGA DOS 3.

Campeonato Nacional na reta final,somente as melhores equipes disputando vagas duas a duas,representando o que há de melhor entre nós.Hoje assisto duas delas,a de Brasilia e a do Flamengo.E o que vejo de novo? Sim,acreditem,tem algo de novíssimo em nosso panorama basquetebolístico.Como num personagem antigo do Jô Soares que bradava aos seus asseclas “que entre nós até a mafia se avacalhava”,vemos os tão disciplinados jogadores americanos arremessarem dos 3 pontos de todas as formas possiveis e impossiveis,indo em direção contrária dos esquemas traçados nas pranchetas de seus técnicos,isso quando entendem o que falam,pois suas atitudes em nada se coadunam com as instruções que recebem.No caso dos patrícios esse comportamento já se tornou praxe,e já faz parte do anedotário local.Nesse jogo tivemos a oportunidade de assistir incrédulo a uma sucessão de 6 ataques,3 de cada equipe,nos quais somente arremessos de 3 foram efetuados,todos falhos,através armadores,alas e pivôs,numa competição absurda de inabilidade,falta de técnica,e total ausência de comando.Instaurou-se entre nós o reinado dos 3 pontos,no qual todo e qualquer jogador se comporta como expert nesse dificilimo e extremamente elitista fundamento.Em 1952 uma pesquisadora americana,Mortimer,publicou um trabalho,dos primeiros em basquete
onde provava que da distância do lance-livre bastava um desvio de 2 graus para que a
bola sequer tocasse no aro.Calcula-se que no arremesso de 3 pontos bastam 0,5 graus
e até menos para que a bola também saia fora do aro.Por isso,somente muitos poucos
podem ser considerados especialistas nesse tipo de arremêsso.Mas não entre nós,isso
porque nossos jogadores em sua maioria”se acham”os maiorais dos 3 pontos,e claro,nas
enterradas.Só que enterram duas ou tres bolas para o delirio da platéia,e enterram
suas equipes nas bisonhas e irresponsaveis tentativas dos 3 pontos.Mas algo mascara
diabólicamente esse comportamento,a ação globalizada de todas as equipes envolvidas na competição.Se todas agem técnica e táticamente da mesma forma,disputa-se um competição de compadres,vencendo aquele que errar menos.Mas caro Paulo,não será essa
uma fórmula ideal,com jogos “decididos”no final,emocionantes,apaixonantes,etc,etc?
Para o consumo interno,onde a mediocridade se torna apavorante a cada jogo que passa,
concordo pela forma existente,discordando perante o que poderiamos fazer de melhor. Mas quando em forma de seleção,onde enfrentaremos adversários que de forma alguma permitirão essa hemorragia de 3 pontos e de enterradas,ai me sinto realmente temeroso
sobre nossas possibilidades.Na temporada da NCAA encerrada à pouco,toda a imprensa
americana saudou o ressurgimento dos arremessos de 2 pontos,com suas porcentagens de
acerto bem maiores que dos 3 pontos,como a volta do arremesso padrão a TODOS os jogadores,independendo da posição que se situe na equipe.É preocupante constatar entre nós o baixíssimo aproveitamento dos 2 pontos,com sua produtividade que poderia
se aproximar dos 70%,se treinados para tal,dando a equipe o justo premio por seus esforços técnicos e táticos.Mas entre nós,até os estrangeiros ensaiam aderir ao festival dos 3,em conjunto com seus colegas nativos,numa repulsa aos rabiscos estabelecidos por seus técnicos em suas pranchetas do nada.E o pior,não são coibidos
em fazê-lo,vide os pulos de contentamento dos técnicos quando uma ou outra tentativa
acerta o alvo.O jogo transformou-se numa roleta de inominável e preocupante perspectiva futura,pois até as categorias de base já ensaiam entrar de vez no seleto
clube dos ‘especialistas”,aderindo perigosamente à essa praga que retira de todos eles o desenvolvimento nos dribles,nas fintas,nos rebotes,e nos arremessos de 2 pontos.Para que todos esses fundamentos se posso arremessar dos 3 ou enterrar em um
contra-ataque? Essa é a regra que uma turma de estrategistas travestidos de técnicos
implantaram entre nossos jogadores,e o que é pior,não são obedecidos por eles em suas
divagações pranchetadas,e não são,ao menos,instruidos ou ensinados a arremessarem com precisão e bom senso.E pensar que toda essa aberração poderia ser sanada se,ao menos,
ensinassem seus jogadores simplesmente a marcar.”Vamos combinar o seguinte:ninguém
marca ninguém,chuta-se à vontade dos 3 pontos,enterra-se o que se puder para gáudio
da midia e do público,e no final vence quem cansar por último”.Corretíssimo galera, mas estupidez também cansa.E como esse é o panorama que se faz presente em nosso basquetebol,é claro que nossas seleções o espelharão nas importantes e fundamentais competições mundiais que se aproximam,e ai é que mora o perigo.Se nossas seleções refletirem essa realidade duvido que obtenham sucesso,pois não acredito que nossos adversários aceitem a mesma combinação vigente entre nós.Se não mudarmos profundamente essas chamadas “filosofias de jogo”nos daremos muito mal.Mas mesmo assim torço para estar errado,e que consigamos algo melhor.Mas…Que os deuses nos
ajudem,amén.