NA TRILHA…

Em pista seca ou molhada,um bólido de formula 1 tende a seguir determinadas trilhas no asfalto,tangenciando curvas e evitando setores sujos,que possam prejudicar a estabilidade e aderência do carro.E todos cumprem o mesmo trajeto,volta a volta,até o momento que um deles foge da trilha e exerce a ação de ultrapassagem,mesmo temerária,para conquistar a vitoria.E assim foi o jogo que decidiu a classificação final da chave de Brasilia no Sul-Americano de Clubes nesse domingo.Durante os tres quartos iniciais a equipe brasiliense levou de vencida a bem estruturada equipe argentina,que mesmo exercendo uma ofensiva cadenciada e de grandes deslocamentos,permitia que seu adversario usasse à exaustão o passing game e os arremessos de tres pontos,com uma liberdade espantosa.Dessa forma,a equipe nacional chegou a uma vantagem de 17 pontos,que se bem administrada fatalmente a levaria à vitoria.Mas,no quarto final,tomou uma atitude simples e óbvia,resolveu alterar a coreografia ofensiva do adversario se antepondo às linhas,também óbvias,de passes que percorriam trilhas imutáveis desde o inicio da partida,trilhas essas obssessivamente traçadas na prancheta de seu técnico.E com duas disposições defensivas,a flutuação lateralizada,e não longitudinal,às linhas dos passes,e a marcação frontal dos pivôs,criou uma situação massiva no âmago do garrafão,que em cinco e seguidas oportunidades retomou a posse da bola, saindo em contra-ataques que decidiram a partida. Foi a vitoria de quem ousou quebrar o monocórdico sistema ofensivo de um adversario incapaz de atuar fora do mesmo.Por outro lado,vimos uma equipe atacar com dois armadores altamente criativos,se deslocando no perimetro em perfeita sintonia,jogando e fazendo jogar seus homens altos,permanentemente cruzando de fora para dentro do garrafão,sempre recebendo os passes em movimento e grande velocidade.Foi um ultimo e decisivo quarto,onde pudemos atestar a superioridade tática da equipe argentina,naqueles momentos em que mais se fez necessaria a interrupção das trilhas utilizadas pelo seu adversario.E essa tendência é geral em nosso país,onde as equipes de qualquer categoria trilham os mesmos e previsiveis caminhos dentro da quadra, engessadas que estão por esse espúrio sistema do passing game.Mas é um sistema que conota aos técnicos uma importância acima do que realmente representam para uma equipe,onde as estrelas deveriam ser os jogadores,e não individuos que ficam ao lado,e muitas vezes dentro da quadra,gesticulando como bonecos de desenho animado,onde só faltam levantar vôo em seus devaneios e descabidas atuações.Ficam naquela grotesca e ridicula performance,orquestrando as trilhas que previamente traçaram para suas equipes,quando deveriam ali estar para permitirem que atitudes técnicas e criativas pudessem ser desenvolvidas pelos jogadores,que deveriam ter sido previa e exaustivamente treinados para tal.Em nenhum momento se vê,ou se ouve,um técnico mencionar uma falha individual de um defensor adversario,numa posição de pés,ou de tronco,ou numa cobertura,ou mesmo no acompanhamento de um seu armador que dribla,para instruir os seus jogadores na exploração de tais falhas,pois estas ocorrem no transcorrer de toda a partida.No entanto,pedem tempo para traçar na prancheta caminhos para uma jogada a seguir,como se a mesma valesse 10 pontos.E depois da mesma ocorrer,o que fazer a seguir?Ou a equipe terá que aguardar um novo tempo para saber como se comportar?Nessa situação,bastaria o tecnico adversario,que se bem treinou sua equipe,se omitisse de pedir seus dois tempos,para que pouca,ou quase nenhuma nova coreografia pudesse ser estabelecida,deixando os jogadores orfãos da mesma,e que nem o gestual desengonçado na lateral da quadra pudesse preencher tal óbice.Enfim,vivemos a era pastiche de tecnicos que utilizam seu precioso tempo num balé ridiculo e despropositado,todos atacados pela sindrome da luz vermelha,aquela que sinaliza que uma camera de TV está ligada, em suas performaticas figuras,como se tais atitudes conotasem atuações de decisiva participação técnica e tática.Isso tudo acompanhado,na maioria das vezes,por vocabulario chulo,inglês pifio,e pressões profundamente anti-éticas sobre árbitros e até dirigentes federativos.Se consideram,realmente,os donos do espetáculo,numa também,dolorosa e constrangedora trilha comportamental,seguida pela maioria,até que um dia,quem sabe,algum,ou alguém,saia da mesma,para a redenção de uma função fundamental em qualquer desporto,o técnico que treina,ensina e ajuda,e não se comporta como um comediante de ópera bufa. Temos de acreditar que dias melhores advirão,e que os deuses nos ajudarão.Amén.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Já não posto um blog a duas semanas,o que tem me deixado preocupado.Falta de assunto?
Creio que não,mas talvez um sentimento de repetição explícita,pois nunca,nesses mais de 40 anos que milito no basquetebol o vi tão travado,tão aviltado,tão rasteiro,tão covardemente ferido.Nunca tantas absolutas nulidades se mantêm no seu comando(?), nunca o vi em tal abandono,ao ponto que equipes da nóvel NLB já são afastadas exatamente por esse motivo.No entanto,a NBA envia um seu representante para divulgar o mais novo produto voltado ao povão,povão?Ledo engano,voltado à internet de banda larga,território sagrado das elites,em qualquer país de terceiro mundo,afastando para cada vez mais longe o acesso da massa infanto-juvenil às informações sobre o jogo.Basquetebol em rede aberta então,nem pensar,mas as obras do Pan,os arrojos arquitetônicos de estadios megalomaníacos,estes sim,merecem laudas nas midias jornalísticas. Praparação de jovens em contrapartida às verbas alocadas aos monumentais canteiros de obras,nem pensar!Pagar bons técnicos e professores,ajudar atletas carentes,orientá-los,educá-los,alimentá-los,o que é isso?O que sobraria para as pobres empreiteiras?Para os politicos de ocasião?Para os empavonados e vaidosos dirigentes esportivos?Por tudo isso,faltou-me um pouco da disposição que nunca deixei
de ter,salvo em alguns momentos de falência física.Mas eis que recebo um email,no qual é mencionado um jogo do campeonato nacional,a que assisti consternado,pela total
ausência de qualidade do mesmo.Tomo a liberdade de transcrevê-lo:

Responder para: H. L. Gonçalves Data: Tue, 07 Feb 2006 13:06:48 -0200
Status: Normal
Cópia:
Caro Professor Paulo,
Tudo bom ?
Sempre quando posso,tenho lido seu blog novamente!
Com as voltas das aulas na Universidade Federal de Viçosa,
não estou vendo mais o Brasileiro de Basquete -CBB- ( por nao ter
tv a cabo aqui)e nao sei se fico feliz ou triste.
Estava em Belo Horizonte e fui assistir o jogo
entre Minas Tenis e Rio Claro.
O jogo foi muito ruim.Infelizmente acho que o basquete nacional
carece de renovação.
Eu e um amigo assistimos dois quartos da partida
à muito contra gosto.No intervalo do segundo para o terceiro periodo,
fomos embora.
Acho que nunca vi um jogo tão ruim de basquete.
Um dia desses,sabado ou domingo agora,leio que o Minas lidera
uma das chaves do Brasileiro.
Que tristeza.
E queria saber quais as chances que temos no Mundial
que se aproxima?!
Acredita em uma colocação melhor do que a do ultimo mundial ?
Ou vamos continuar estagnados ?
Abraço e bom trabalho professor!

Que tal?É ou não é o retrato fiel do mortal furacão que paira por sobre uma modalidade que já foi orgulho nacional? Como escrever sobre um jogo onde a existência de alguns fundamentos básicos é desconhecida pela maioria dos jogadores em quadra?
Armadores que não driblam e não passam,que em contra-ataques,sozinhos,param na linha de tres pontos para um arremesso irresponsável,que tropeçam na bola ao fintar,alas que além de tudo isso,desconhecem corta-luzes e técnicas de rebote,pivôs que colocaram(ou foram incentivados…)na cabeça que são especialistas nos tres pontos,
que desconhecem as técnicas mais primárias das fintas,dos rebotes,dos arremessos?Mas
todos eles engessados em um sistema de jogo,cujas seleções nacionais divulgam e impôem como verdade absoluta para todo território nacional,inclusive através cursos
e clínicas de carater eleitoreiro.E o pior,tendo na direção alguns dos técnicos da comissão da CBB! Vamos continuar estagnados? Dessa forma,caro H.L.Gonçalves,por muito tempo ainda.Chances no mundial? Das duas uma,ou o atual quarteto que comanda através
um entendimento uníssono e de pontos de vistas integrados(o que duvído veementemente)
segundo próprias declarações públicas,muda radicalmente o sistema atual,ou que haja
uma mudança,também radical,em conceitos de comando e liderança,de responsabilidade
assumida,de coragem em inovar e modificar comportamentos,creio que não iremos bem no
mundial,pois ficarão faltando alguns elementos primordiais para uma conquista dessa magnitude,conhecimento,competência e coragem,para além do interior de S.Paulo e da realidade NBA.Na última grande competição,Argentina,Italia,Lituânia,Espanha mostraram que existe basquetebol além daquele mundinho,e que Russia,o que restou da Iuguslávia
aida têm muito a mostrar.Mas num país,em que o máximo para um técnico é estagiar nos Estados Unidos(não importa onde…)e dirigir americanos ruminando um inglês tosco e ininteligível,torna-se a conquista maior,dá medo até de pensar onde iremos parar.Agora,justiça seja feita,mesmo errando por falta de orientação e treinamento,
temos jovens promissores e talentosos,que se bem atendidos dariam excelentes jogadores.Mas isso,caro Gonçalves,é outra história.

VITORIA DE PIRRO.

Pirro,rei do Ponto,uma nação ao norte da península itálica,venceu uma célebre batalha contra os romanos,onde pela primeira vez foram usados elefantes no ocidente como arma de ataque.No entanto,foram tantas as perdas infligidas pelos romanos ao exercito de Pirro,que este bradou a seus comandantes:”Mais uma vitória como essa e perco o meu exercito!”Ficou para a história como a Vitoria de Pirro,aquela que prenunciava a derrota final.Tal como a recente vitoria da NLB no âmbito judical contra a CBB,
forçando-a na aceitação e imediata integração das equipes daquela no Campeonato Nacional que organiza.E porque de Pirro?Pelo fato de algumas das equipes integradas já darem sinais de que não participarão da competição.Então porque entraram na justiça?Teriam sido mais coerentes se mantivessem suas posições na NLB,mesmo com as dificuldades que enfrentam aqueles que desejam honestamente mudar as coisas,e não lutarem e perderem suas expectativas ante a realidade de terem de optar por uma das competições,não só sob o aspecto moral,como técnico.”Aqueles que roerem a corda agora são uns bundões,BUNDÕES!”exclamava o presidente da NLB quando do lançamento intempestivo da nóvel liga,ante o início da debandada de alguns que com ele iniciaram a caminhada entre juras de fidelidade e apoio irrestrito.A começar pelos mais representativos,que escolheram o porto seguro técnico-financeiro da CBB,deixando para trás os aliados, numa luta que nunca pretenderam apoiar.Falou mais alto o cacife poderoso e bem estabelecido da CBB,ante os percalços que teriam de enfrentar por suas rebeldias.Agora,perante uma realidade jurídica, alguns se vêem pressionados a optarem,e outro,o mais interessado pela competição da CBB,que estando a fim de participar da Liga Sul-Americana,se vê pressionado pela inefável opção,o ás de manga da CBB,magistral como sempre, na arte de subjugar quem a ela tenta enfrentar.Paira então no ar a indagação:”Quem é o bundão?” Então o peso dos patrocinadores se torna mais decisivo do que os ideais de mudanças em nosso basquetebol? Como estabelecer tais mudanças com tantas veleidades esvoaçando ao sabor dos ventos?Fica faltando que todos os participantes dessa ópera bufa empunhem pás e lancem os últimos tufos de terra na cova que escavaram para o nosso infeliz esporte,envolto em suas vaidades,egos feridos e exaltados,para a tristeza infinita de um povo perante tanta estupidez e pusilânimidade,condenando à morte aquela que foi a segunda paixão desportiva de todo brasileiro.Vitoria de Pirro é isso aí.Deuses meus,a que ponto
conseguimos chegar,infelizmente.Talvez,como uma Fênix,ressurgindo das cinzas,possa
nosso basquetebol ser resgatado de mãos tão incompetentes, e mesmo criminosas,para
um futuro menos incerto e doloroso,quem sabe… That’s all!

A HORA DA VERDADE

Foram quatro partidas,sendo que as três primeiras com placares dilatados,numa demonstração de defesas ineficientes,ganhando ao final aquele que fizesse a “última”. E foi o que aconteceu.Na quarta partida,nervosa e com um número elevado de erros individuais,algo de não muito novo,porém unusual,aconteceu.Após três quartos iguais nos erros e acertos,pois jogavam rigorosamente iguais,até no jogo abusivo dos três pontos,eis que uma das equipes retira seus pivôs de choque,pois já havia perdido um deles,contundido na partida anterior,e com dois armadores e três alas caracteristicos imprime um rítmo avassalador,para derrotar o adversario por boa margem de pontos.E o conseguiu mesmo mantendo as jogadas caracteristicas do passing game,pois em todos os tempos pedidos era esse o enfoque principal dos dois técnicos,”rodar a bola”,”rodar a jogada(?)”,ou seja,desenvolver o jogo de passes sistematicamente.Muitas foram as perdas de bola por tempo acima dos 24 segundos,assim como muitos foram os arremessos desequilibrados e desesperados pela premência de tempo.Mas,sempre temos um “mas” nesse magnífico jogo,e que seria mais do que magnífico entre nos,se não fosse esse cabresto absurdo do sistema que usam,que todos usam.Tinham perdido seu pivô efetivo no jogo anterior,e no último quarto retira o reserva e não lança o terceiro disponivel.Joga dai para diante com dois armadores no perímetro e três alas se revesando no interior,e o que temos?Primeiro, uma defesa mais hábil e rápida,que conseguiu jogar em antecipação,o que foi fatal para o oponente,obrigando seu excelente pivô e reboteiro eficaz a sair do garrafão e tentar vários arremessos de três pontos.Segundo,implantando uma ofensiva muito veloz e inteligente,abrindo a defesa de par em par para as penetrações que decidiram a partida.Naquele derradeiro quarto,foi demolida a idéia irremovível de que sem um,ou dois homens de choque não se alcançam vitórias decisivas.Pois ai está,com leveza,velocidade e,acima de tudo, coragem em inovar,venceram um penta campeonato merecidamente.Agora,na hora da verdade de nossa seleção nacional para o mundial que se avizinha,esperamos que a lição demonstrada no quarto final dessa partida faça escola,e que seu técnico,se repetir a corajosa decisão de optar por um time mais leve,mais rápido,e menos disposto a embates entre colossos “under basket”,que decididamente não condiz com nossas tradições,e até mesmo com a constituição física de nossos jovens(exceto os vitaminados de plantão…),possa o mesmo estabelecer novos parâmetros técnicos, que sem dúvida nenhuma,será nossa única chance de classificação olímpica. Jogar “globalizadamente”,como uma grande maioria de burrice descomunal defende,em hipótese alguma nos favorece,pois retira de cena aquela que é a nossa maior qualidade,a criatividade desenvolvida e aplicada em alta velocidade,que na premência dos 24 segundos deve ser incentivada e treinada.Um pouco antes da partida começar um reporter entrevistou o jogador americano da equipe campeã perguntando ao mesmo o que mais o atraia na forma de jogar em nosso país.A resposta rápida e suscinta foi:”gosto do jogo veloz que aqui se pratica”. Não fosse a maioria teimosa e imitativa, pessimamente imitativa,de nossos técnicos,de a muito tempo estariamos afastados desse obscuro limbo que nos impuseram,ao travarem e alterarem nossas mais gratas características,em nome de uma globalização que só tem uma finalidade,perpetuar a supremacia daqueles mais ricos e pretensamente poderosos. Qualquer vietnamita subnutrido,sabe que isto não é bem a verdade.Sejamos um pouco vietnamitas também,pois inteligência e perspicácia,nas doses certas, não fazem mal a ninguém.

CONDIÇÕES BÁSICAS

Fazendo uma boa faxina no escritório, encontro uma pasta com antigas transparências que utilizava em cursos de basquetebol pelo Brasil afora.Folheando-as,encontro uma em particular, que era a base de qualquer dos cursos que ministrei.Com dez ítens,servia
de roteiro para longas e proveitosas interações com os técnicos com quem dialogava.
Relí-a,e nunca me senti tão inserido no presente como através suas já quase apagadas linhas,que faço questão de transcrever,emitindo alguns comentários entre as mesmas,que definiam um roteiro sobre as condições básicas para o exercicio de uma arte,ser técnico de basquetebol.Eis as condições: 1-CONHECIMENTOS SÓLIDOS E DOMÍNIO COMPROVADO NO ENSINO DOS FUNDAMENTOS.-Trata-se de um conceito básico,pois põe por terra a falsa idéia de que existem aqueles que preparam jogadores,ensinando-os pelos caminhos sacrificados e demorados dos fundamentos,com aqueles que se dizem estrategistas,e somente orientam os jogadores através de táticas e sistemas de jogo pré-estabelecidos,dando pouca atenção aos fundamentos.São os que se dizem responsáveis pela utilização máxima dos talentos e conhecimentos que os mesmos pensam ter sobre o jogo.Mas a verdade é que somente aqueles que dominam a arte de ensinar correta e dinâmicamente os fundamentos podem traçar comportamentos táticos e estratégicos pelo conhecimento que têm de seus jogadores,conhecimento este que se manifesta no dia a dia da aprendizagem individual,em seus detalhes,ínfimos detalhes,mas que se transformam na mais eficiente das armas,o conhecimento integral da proposta técnica,ao saber executá-la pelo domínio dos fundamentos.2-AMPLOS CONHECIMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DAS ATIVIDADES- Planejar é preciso,e quanto mais detalhadas forem as etapas a serem percorridas,maior será a integração técnico-jogadores na busca de um objetivo comum,a melhora de todos nos fundamentos,sem distinção nas posições que ocupem,concorrendo dessa forma para a constituição do espirito de equipe que é a maior meta a ser atingida.Planejamento linear,enxuto,mas abundante em criatividade e esforço comum,é a chave para o estabelecimento de sistemas de jogo também enxutos e providos de opções e soluções perfeitamente ao alcance de todos que participarem de seu desenvolvimento prático.3-DOMÍNIO CONSCIENTE SOBRE TÁTICAS E PRINCÍPIOS ESTRATÉGICOS- Se treinadas por jogadores preparados para exequibilizá-las, nas mais variadas,dificeis e imprevistas situações,pois se tratam de enfrentamentos quase corpo a corpo com os adversários,a plena consciência das ações e atitudes a serem tomadas,só serão possíveis pelo total dominio das mesmas,conseguido pelo treinamento,também consciente,dos fundamentos.As estratégias são estabelecidas fundamentadas nesses conhecimentos,tanto do técnico,como dos jogadores.É a antítese das pranchetas,que vêm sendo usadas amiúde,na substituição absurda dos principios acima enumerados.-4-MENTE SENSÍVEL AO ESTUDO E A PESQUISA-Estudar sempre,principal e decisivamente o que já foi produzido até os dias atuais,fator que embasará o presente e projetará o futuro,em qualquer das manifestações do homem.É a base da pesquisa,qualquer pesquisa,seja de campo,de laboratório,experimental ou não.Conhecer a riqueza do homem,pelo que já produziu e criou é a chave do conhecimento na busca de soluções atuais e para o amanhã.Pesquisa desportiva,apesar de pouco difundida entre nós,é fundamental para o preparo de melhores técnicos.-5-BONS CONHECIMENTOS DE PREPARAÇÃO FÍSICA- Mesmo sem ser um expert,o técnico com bons e sólidos conhecimentos nessa área poderá orientar os preparadores físicos para os objetivos que deseja alcançar,não permitindo,por exemplo,que jogadores sejam submetidos a preparações que fujam de determinados padrões,fator que poderá comprometer decisivamente os mesmos.- 6-ESTUDOS BEM FUNDAMENTADOS SOBRE ASPECTOS PSICOLÓGICOS,SOCIOLÓGICOS E ECONÔMICOS DOS DIVERSOS SEGMENTOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA-Cultura abrangente é um valioso fator para
o técnico de basquetebol,pois o insere no âmago de questões que de uma forma,ou de outra,influenciarão decisivamente o seu trabalho social,técnico e professoral,em qualquer região do país em que se encontre-7-ATITUDE ÉTICA E LISURA COMPORTAMENTAL-
São dois princípios indivisíveis na postura de qualquer técnico desportivo.Sem os mesmos se torna inexequivel a função de lider e de exemplo a ser seguido e respeitado
-8-SER HUMILDE E RECEPTIVO-ouvir sempre e muito,falar pouco e agir com presteza e conhecimento pleno da ação a ser tomada.Reconhecer o erro e corrigí-lo sem receios.Goethe ensinava:”Não tenho medo de me desdizer,porque não me envergonho de raciocinar”.-9-POSSUIR UM FORTE CONCEITO DE PATRIOTISMO- Precisamos aprender a administrar nossa pobreza e nossas carências.É uma atitude de salutar patriotismo reconhecer tais limitações,e tentar,das melhores formas possíveis reverter tais realidades em algo de que possamos nos orgulhar.A criatividade humana não tem limites
quando sabemos o que queremos e nos preparamos com lucidez e bom senso para conquistá-las.Isso é patriotismo.-10-TER VOCAÇÃO E TALENTO-.

O OVO DA SERPENTE

Hoje tive o desprazer de ler uma entrevista dada pelo presidente do CREF da 1ªregião,em sua própria revista intitulada “Profissional ou Professor de Educação Física?”.Longa e ardilosa,propõe uma linha de conduta cuja culminância atinge dois pontos, que para ele deverão ser as metas prioritárias a serem atingidas.Primeiro,a conquista legislativa:”Para conseguirmos espaços no mercado e evitar que nossa profissão seja constantemente questionada,precisamos ser fortes no legislativo,e temos que eleger nossos políticos com votos da categoria”.Ou seja,propõe uma bancada que garanta seus interesses hegemônicos,através de leis protecionistas,numa cópia de bancadas estabelecidas nos ramos do transporte público,dos evangélicos,dos ruralistas,etc,etc…Realmente uma ação do mais puro ideal educacional e patriótico. Segundo,uma jóia de apropriação indébita:”…precisamos que o CONFEF adote o exame de suficiência para exercer a profissão”.No inicio da”entrevista” o presidente discorreu sobre o panorama da Educação Física no Brasil pós-Cref,afirmando “…que esse crescimento está desordenado,principalmente na formação acadêmica,com o crescimento de oferta do mercado e a retirada dos leigos(oportunistas) que sempre fizeram da EF um bico.Além dos despreparos técnico,ciêntífico e pedagógico,houve um aumento da demanda em todos os níveis das academias,clubes,escolas,escolinhas desportivas,da formação até a especialização”.Mas não declarou as dezenas de cursos,com centenas daqueles mesmos leigos que mencionou,organizados pelo Confef pelo país afora,para
qualificá-los na profissão e estabelecer a massa crítica inicial a seus objetivos,cursos estes de baixissima qualidade e duração insignificante quando relacionados à formação acadêmica.Depois de enumerar o inchaço de ofertas de cursos
de formação universitária,que levará a uma saturação no mercado de trabalho a começar em 2006,afirma na maior candura:”Em termos de formação,as piores possiveis,pois não temos docentes qualificados para formar profissionais com o minimo de qualidade”.Mas afirmo que os temos para formar docentes,professores,pedagogos,didátas,mas não profissionais de EF.Mas o pior veio mais adiante,quando aborda problemas no poder executivo.”A nivel nacional,são as constantes investidas do Colégio Brasileiro de Ciências no Esporte que,a todo custo,tenta fazer com que o CNE delibere para que a EF
retorne a ser uma profissão da educação e saia da área da saúde,uma posição que tem o único objetivo de enfraquecer nossa categoria junto à sociedade e,pior ainda,é um retrocesso a conceitos antigos e autoritários,dignos da mais perversas ditaduras fascistas,que separam saúde de educação(…)Na verdade,e isso é sempre bom dizer,que é um pequeno grupo de privilegiados colegas que sustentam o CBCE com verbas oriundas do orçamento da União,que desejam manter seus privilégios e dominio da EF,submetendo a categoria,unica e exclusivamente,ao trabalho em escolas”.Mas engraçado,pois não me consta que o CBCE tenha sedes luxuosas como o CONFEF e o CREF,alvo inclusive da cobiça de assaltantes em ação recente.Um engano monumental é cometido pelo entrevistador-entrevistado,ao mencionar o caráter fascista de ditaduras que separam saúde de educação.Elas,todas elas,primavam exatamente pelo eugenismo,como ação mantenedora de seus propósitos(EUGENIA,s,f.Ciência social,que se ocupa do aperfeiçoamento das qualidades físicas e mentais do homem.),no qual Saúde e Educação
eram tratadas equanimimente,mas dentro de suas áreas de atuação específica.A queda das mesmas, em muito foram influenciadas pelo desequilibrio ocorrido entre as duas
correntes e suas consequentes manipulações politicas.O que não se pode conceber ao lermos tal “entrevista” é o fato inconteste da escalada de um grupo por sobre um mercado milionário,de conotações empresariais e absolutistas,querer sacramentar
o total dominio da formação acadêmica,ao retirar da mesma a aprovação final de seus
formandos,submetendo-os a exames de suficiência,cujo único objetivo é o de desqualificar permanentemente a função maior de preparar jovens na arte de ensinar.
No último Plano Diretor da UFRJ já se propugnava o retôrno da EF para a área das Ciências Humanas,a partir do momento que a área da saúde nada mais tinha para retirar do curriculo original da EEFD,tanto em graduação,como em pós-graduação,pois não podemos esquecer que dos dois cursos de mestrado com avaliação”E” do CCS,o de EF e o de Ginecologia,foi salvo este último,deixando o de EF ser extinto sem dó nem piedade.Seria a hora desse retorno,para o lugar de onde nunca deveria ter saído,para o lar de formação dos mestres e professores,e não como os infelizes paramédicos que estagiam em suntuosas academias para enriquecimento de alguns,sob o manto protetor dos Crefs nesse imenso país.Educação Fisica e Desportos é um dos fundamentos básicos para a educação integral do cidadão,dentro das escolas, em todos os níveis de escolaridade,e que com boa vontade e disposição política,poderia chegar ao grosso da população,beneficiando-a eficientemente.Um CREF qualquer não tem escopo técnico e pedagógico para sabatinar egressos de faculdades direcionadas para o ensino e a educação,nos quais o livre pensamento e democratica atitude professoral não pode ser direcionada a interesses eleitoreiros,pragmaticos e eminentemente comerciais.Que fiquem no comando e controle daqueles leigos oportunistas que qualificaram às carradas no país,e que não ousem penetrar na formação acadêmica de licenciados em EF,pois não têm competência e preparo para tal.A volta da EF para as Ciências Humanas é o único caminho possível ao restabelecimento de um êrro histórico.Professor não é profissional de EF.Professor é função básica e indivisível para qualquer nação que se preze.É ciência,é pesquisa,é ensino. Cuidem dos altos negócios, que de educação cuidamos nós.

CANSATIVA REPRISE

Assisto os dois ultimos jogos do Campeonato Nacional,e o primeiro da decisão paulista,e me assalta um sentimento de Dèja vú,ou “já vi esse filme antes”,bem antes.Gostaria de escrever algo de novo,mas como seria possivel ante tanta mesmice,tanta e terrível falta de imaginação e de criatividade zero.Como hoje,o doberman atípico que viceja em minha casa,e que nunca mostrou os dentes pra ninguém,completa 3 anos,lembrei-me de um artigo que publiquei em fevereiro passado,e muito mais em homenagem ao canino do que aos jogos que testemunhei,republico o dito cujo,pedindo desculpas pela falta de paciência e negativa em gastar tempo com obviedades.O Artigo sempre será atual enquanto perdurar por sobre nossas cabeças essa nuvem negra de mediocridade e absoluta falta de integridade intelectual que grassa no seio de nossos especialistas,digo,técnicos.Ai vai a peça.

21 Fevereiro 2005
O ESPELHO QUE ENGANA

Boris, um enorme doberman entra pela área de serviço onde tentavamos organizar o espólio da academia de minha irmã,e ao se deparar com um grande espelho trava com a sua própria imagem uma luta descomunal e muito agressiva.Foi muito difícil retirá-lo do recinto pela insistência na continuidade da luta com um inexistente adversário. Logo a seguir,o bichano que habita nossa varanda também dá o ar de sua graça perante o enorme espelho, e a sua primeira reação é a de procurar o gato intruso por trás da moldura.Foram duas reações que bem demonstram os graus de interêsse e rivalidade pelos da mesma espécie.À tarde assisto mais um jogo da liga nacional,e a experiência da manhã logo me vem na lembrança, pois o que pela enésima vez assisto é mais uma confrontação de duas equipes jogando rigorosamente iguais, como todas o fazem nesse torneio, em frente de um espelho da largura de nosso território nacional. Mas como o Boris o fez,travam uma luta feroz dentro da obviedade mais escandalosa de que temos notícia em nossa história, e nem de longe esboçam um breve,ínfimo,disfarçado olhar por trás da moldura,como o bichano arguto e sagaz o fez pela manhã.Poupariam um tempo enorme se o fizessem,pois ante imagens semelhantes, somente um longo olhar por trás da moldura,propiciaria ações que anulariam a movimentação ofensiva tão óbvia para os dois. Mas de repente,lá pelo terceiro quarto o espírito inquisidor do bichano baixa em uma das equipes, que num passe de oportunismo aperta a marcação sobre o homem de posse da bola, ao mesmo tempo que os demais defensores se antecipam na linha da bola,e o pivô passa a receber marcação pela frente, todos dando aquela olhadinha inteligente por trás da moldura, e o que acontece? Pula dez pontos à frente e vence o jogo. Meu Deus,por que todos não fazem a mesma coisa? Se o fizessem,em duas gerações de formação de base sairiamos da mesmice que vem nos levando para o fundo do poço, cada vez mais profundo.Digo duas gerações por ser um otimista empedernido, mas que pode se tornar realidade com o esforço daqueles que realmente entedem do jogo,e não os muitos que adoram exibir seus falsos dotes perante um espelho,com reações bem próximas das do Boris.Quem sabe ainda teremos resgatadas as verdadeiras funções dos armadores, jogando de frente para a cesta,sem utilizar a interrupção fraudulenta da trajetória da bola durante o drible,beneficiando falsas e ilegais fintas,sem se ausentarem, como o fazem hoje,do fóco das jogadas,agindo mais como maratonistas do que jogadores,e que realmente participem da organização inteligente de suas equipes, que passarão a ter características próprias,e não serem cópias canhestras uma das outras.Que voltemos a admirar as ações decisivas,velozes e inteligentes dos alas,com seus arremêssos precisos e luta permanente nos rebotes.Que voltem a exercer os corta-luzes como devem ser feitos,e não como pensam que sabem realizar atualmente.E que os pivôs,ah! os pivôs, que voltem a ser os elásticos e velozes reis dos garrafões,voltando a jogar em constante movimentação,deixando de ser,o que nunca deveriam ter sido, as massas disformes e bombadas que vimos testemunhando nos últimos 20 anos,cópias ridículas dos gladiadores americanos em suas lutas beirando ao mais deslavado racismo,para gáudio de uma platéia movida a hamburguers e muito,muito dinheiro para gastar.Olhemos por trás do espelho, pelo menos como uma humilde maneira de nos reencontrarmos com nossa realidade, com nossa maneira de ser e de jogar o jogo,fundamentado como sempre foi pela diversidade de escolhas técnicas, e não pela suicida adoção de um ridículo e absurdo”basquete internacional”. Enfim,que usemos o espelho em suas funções básicas,onde a quietude de uma bela lagoa propicia o mesmo resultado. Inovem, estudem e fujam do espelho que engana. É isso ai..

A FAIXA DA ESPERANÇA

Sexta-feira chuvosa,e lá vou no meio da tarde em direção à Ilha do Fundão para inscrever minha filha no concurso de substitutos da EEFD/UFRJ.Enquanto ela ultimava os trâmites da inscrição,comecei a percorrer os enormes corredores da escola que um dia no passado testemunhei,como um dos acessores da direção,sua construção,e as discussões travadas com os arquitetos alemães sobre detalhes das plantas,que eram cópias da escola de Colônia,e cujas verbas para a construção vinham da Fundação Konrad Adenauer.Foram inflexiveis quanto ao detalhamento,mesmo contra a argumentação de que os ginasios desportivos estavam planejados para o clima alemão,e que se não houvesse maior aeração dos mesmos,se tornariam impraticáveis no verão carioca.Não abriram mão,e os ginásios se tornaram fornos panificadores até os dias de hoje.Como a área do Fundão foi criada com atêrros unindo onze ilhotas,muitos pontos tinham permealidade bastante comprometida,e a turma alemã não considerou muito tais nuances do terreno.Construiu os pisos inferiores abaixo do nivel do mar,e a piscina olímpica entre duas ilhotas aterradas.Resultado?Pisos inferiores sempre inundados e a piscina rachada ao meio.Os consertos encareceram a obra, e têm problemas até hoje.Mas tudo é passado.No presente,caminhava pelos longos corredores vazios e silenciosos,lembrando
1971,quando a EEFD guinou do Centro de Filosofia de Ciências Humanas para o Centro de
Ciências da Saúde,com o argumento pífio de que a Educação Física teria maior status
ao fazê-lo.Simplesmente ditou sua sentença de morte ao ser subjugada pelo poder
branco da medicina,que cirurgicamente esvaziou a formação humanista da mesma,fator
básico do processo educativo,principalmente nas escolas,lançando-a ao pragmatismo
desvairado do hoje estabelecido”culto ao corpo”,que foi sedimentado pela criação de
um conselho autocrata e regulador,em tudo semelhante ao de medicina.Sem contar com o
esvaziamento criminoso das linhas de pesquisa,que naquela época espocavam no seio da
Educação Física.Hoje,98% das pesquisas na área são de fundamentação médica,
erradicando quase totalmente as do movimento desportivo.Mas lá estava eu imerso nas
lembranças do passado,relembrando as lutas titânicas travadas na Praia Vermelha,onde
o Departamento de Metodologia da Ed.Fisica se refugiou ao se negar participar da aventura suicida do CCS,e se manteve no CFCH,mas na Faculdade de Educação,e que por
30 anos se manteve impávido e muitas vezer solitário,na luta pela preservação da
amada Ed.Fisica como um dos fundamentos da educação integral a que todo cidadão
brasileiro tem direito constitucional de obter.Já havia percorrido muito dos corredores,quando ao final do último,lá no finzinho,vislumbrei uma enorme faixa presa
na parede,onde se lia-“FORA CREF”! Não acreditei, e me aproximei rapidamente,para
constatar que se tratava da sede da associação de alunos da EEFD.Estava fechada,assim
como parecia toda a escola em sua imensidão silenciosa.Mas lá estava,nas palavras de
sua representação estudantil,a palavra de ordem que emanava de um movimento nacional
contestatório do absurdo que representa um CREF no âmbito da educação em todos os seus níveis,nos quais o livre pensamento não pode em hipótese alguma conviver com
orgãos reguladores e restritores,antíteses do mesmo.Fiquei esperançoso de que,finalmente encontrara algum eco na luta que travo há muito tempo pela volta dos
cursos de formação de professores de Educação Fisica para o âmbito das Ciências Humanas,e não das Biomédicas com seu pragmatismo devastador.Ao sair da EEFD,ainda
vislumbrei uma outra faixa na entrada da escola,atentando para o fato de que estava
comemorando 66 anos de existência,minha idade,e que por todo esse tempo ainda se
mantinha de pé,altaneira,apesar de subjugada em sua finalidade humanística.Jovens
estudantes,nesses ajustes históricos,empunham a bandeira da redenção de uma profissão
que ainda voltará a ser uma das bases da educação integral e democratica dos cidadãos
deste país,e não instrumento de um bando de aventureiros que se apropriou de uma das
mais efetivas ferramentas na orientação de jovens,a Ed.Fisica e os Desportos,para
enriquecerem deslavadamente numa espiral pragmatica de cultuação fisica, dissociada
dos principios didáticos e pedagógicos somente encontrados em seu estado puro no seio
das escolas,a reserva intelectual de qualquer nação que se preze.Bendita faixa no final daquele quilométrico corredor,que me encheu de esperanças,e que me fez esquecer
a impiedosa chuva que caia,como lágrimas pelo tempo perdido,mas não definitivamente
perdido.Dias melhores ainda virão.

PERSPECTIVAS

“Basquete? Enquanto as brigas internas não se resolverem,continuará como está há anos.Mortinho…” Essa é a opinião de Renato Maurício Prado em sua competente coluna no O Globo de terça-feira passada,em sua análise sobre as perspectivas do esporte nacional para 2006.Estará certo? Certíssimo,e que em pouquissimas palavras definiu tudo.E como em todo corpo inanimado, pululam a sua volta toda uma gama de aves de rapina,hienas ou simples aproveitadores,principalmente aqueles praticantes do “salutar” esporte do tapetebol.Foi o técnico da equipe campeã nacional perder o campeonato regional,para o comentarista(?)de TV ocupar seu lugar,numa repetição continua do que vem praticando a muito tempo,quando usa um unilateral microfone como plataforma para contratos em equipes de ponta,numa ação em que exerce ilegalmente uma profissão sempre que é alijado na outra por ineficiência.Mas como existem os que se deixam enganar por comentários pseudamente competentes,a ação é sempre compensada. Vamos aguardar quem o substituirá na TV,talvez outro técnico desempregado.Duvido que um jornalista pudesse agir da mesma forma,sem que o famigerado CREF não se manifestasse contra tal pretensão.Lamentável,mas é o retrato do nosso basquetebol. Agora mesmo,o grego melhor que um presente,ao analisar a situação perante a investida
da NLB no cenário desportivo diz,na maior simplicidade,que sugeriu ao presidente daquela liga que trouxesse os patrocinadores da mesma para a CBB, que ele, magnanimamente daria um cargo de conselheiro de marketing ao mesmo,numa prova de apoio e consideração.O prêmio”Óleo de Peroba”do ano já tem um sério candidato.E mais,
a notória comissão técnica da CBB vem a público para apregoar o grande sucesso das seleções nacionais em 2005,numa atuação digna de uma comédia pastelão,onde ficamos
indecisos entre o riso e o choro convulsivo.E para culminar o absurdo da situação,
vemos na semifinal do campeonato paulista,num furo do mais progressivo jornalismo,os
quatro técnicos semi-finalistas terem atados aos seus pescoços microfones remotos,
para que todos os amantes da modalidade pudessem acompanhar passo a passo,grito a grito,coerção a coerção,destempero a destempero suas ações do mais alto grau educativo e emocional que tivemos notícia desde sempre.Testemunhar a pressão constante e poderosa de um técnico sobre um dos três arbitros da partida raiou o imponderável,o absurdo total,sem mencionar suas iradas exigências para que seus atletas parassem os adversários na base da “porrada”,instruções ouvidas por todos os jovens que estivessem acompanhando a partida por esse país afora.Quanto à técnica,à estratégia,pouco se viu ou foi falado em rede nacional,pois o dominio das pranchetas e seus hieróglifos mágicos,poucas chances deram aos plugados especialistas.Como vemos,são poucas as perspectivas de melhora nesse limiar de um novo ano para o nosso infeliz basquetebol.Temo,honestamente o que virá a seguir.Que os deuses nos protejam.
Amén.

AMISTAD

E em plena tarde chuvosa, eis-me em frente ao televisor assistindo um filme de grande beleza,Amistad.No climax do filme,um velho ex-presidente americano que defendia um grupo de africanos que se rebelara à escravidão no navio negreiro Amistad,vê-se perante a possibilidade de que os mesmos sejam condenados pela mais alta corte de justiça,e que via poucas possibilidades na absolvição.Cinque,o negro imponente e lider do grupo diz então que invocaria seus antepassados para os protegerem ante tal perigo,pois a presença dele e de seus companheiros era a evidência da existência daqueles,por mais remotos que fossem,e que não temiam o julgamento porque seriam amparados pela justiça antepassada.E assim foi,numa brilhante defesa elaborada pelo velho ex-presidente.Após o veredito vencedor e libertador,Cinque pergunta que palavras tinham sido usadas para tão brilhante defesa.E o ancião responde emocionado,as suas! Uma lição de cidadania e humanismo,relacionadas intrinsicamente com o passado ancestral daqueles africanos que tanto sofreram fisica e emocionalmente.Lições estas que bem poderiamos fazer valer na realidade frustrante de nosso basquetebol.Por que não invocar os antepassados de nosso basquetebol,tanto os que se foram,como alguns que apesar da idade avançada ai estão plenos de experiências e sabedoria.Por que não tentar envolvê-los no aconselhamento que já se faz tardio,os quais não devemos abdicar em hipótese nenhuma. Rui de Freitas,Gedeão,Mair,Amauri,Wlamir,Succar,Paulista,Waldir,e muitos e muitos mais,que poderiam trazer um pouco de lucidez ao ambiente cheio de rancor e politicas
rançosas, que vão minando cada vez mais os alicerces gloriosos que tanto ajudaram a erguer através tantos anos,e que ameaçam ruir inexoravelmente a continuar tal beligerância.Seja CBB ou NLB,temos que ouví-los,juntos, e acatar suas sugestões de vencedores que todos foram.Como Cinque,temos a obrigação de ouvir o passado,que de tão brilhante e vencedor jamais morrerá em nossas lembranças.Não se trata de bom-mocismo,e sim de coerência e reconhecimento pelo muito que fizeram e realizaram,
e não o festival de incoerências e fracassos que ora enfrentamos.Um movimento dessa magnitude nos daria,enfim,a certeza de dias melhores.O ano de 2006 será decisivo
para o futuro do nosso querido e mal-tratado basquetebol,e precisamos da ajuda de todos e a proteção espiritual e vivencial dos que nos antecederam,que é a nossa derradeira esperança.A todos um feliz Ano Novo.