PRESENTE DE NATAL

Presentes?Talvez seja pedir demais,porém unzinho seria suficiente nesses tempos bicudos no mundinho do basquetebol.Mas que não fosse de grego,pois já temos um bem fornido e refestelado no trono adquirido a bom preço.Então que tal uma dose maciça de bom senso,um régio,sem ser caro,presente para todo aquele que ama o jogo?Sem dúvida nenhuma é o que falta no cenário decadente do nosso basquetebol.Dois dias atrás aconteceu a decisão do Campeonato do Rio de Janeiro,e o que se constatou foi a vitória de um grupo de bons jogadores,mas que em sua maioria ultrapassavam os 30 anos com folga,sendo que alguns deles disputam torneios de veteranos pelo país afora,e outros que ainda resistem de pé através os anos.Meritória vitória,mas que em nada soma para o futuro da modalidade,que em qualquer país desenvolvido tem nas divisões superiores,não só o exemplo a ser seguido pelos jóvens,como a base de suas seleções para as competicões internacionais.Com uma folha de pagamento vinda a conhecimento público de R$30.000,00, e com vários meses de atraso,pode-se calcular o montante cabível a cada jogador,e constatar que perante a folha do adversário de R$120.000,00,que os mesmos auferem salários extremamente baixos para a categoria que pertencem,ou pertenceram um dia.Ou será que esses valores refletem a realidade majoritária das equipes brasileiras?Perante o festival de erros cometidos contra os
fundamentos do jogo,numa enxurrada de passes perdidos,dribles mal dados e executados,arremessos fora dos aros e defesas inexistentes,venceu aquele que errou
um pouco menos, o que confirma os valores mencionados acima.Venceu a mediocridade,que mesmo perante a ardorosa disputa,até o emocionante desfecho,deixa perplexo todo aquele apreciador da boa técnica e do nível elevado de uma disputa.Venceu a lenda do
manto sagrado rubro-negro,perdeu a realidade e o futuro de nosso basquetebol,quando
avaliado a nível internacional.Mas essa, é a nossa realidade,distante,muito distante
da competição internacional,em que equipes de São Paulo,em seu badalado campeonato regional,saem em busca desesperada por jogadores extrangeiros de terceiro nível para
a confrontação caipira,e que nada,absolutamente nada somam para o nosso desenvolvimento visando o nivel mais alto,as seleções nacionais.E os mais jovens vão
ficando pelo caminho,barrados por uma geração que deveria se manter nas associações
de veteranos,curtindo seu amor ao jogo,e não bloqueando o acesso do futuro,os jóvens.
Falta-nos o bom senso da realidade,que pela ausência do mesmo no passado recente,se
projeta como uma sombra no futuro.Que o bom senso do passado remoto retorne com suas
conquistas,para que possamos realmente curtir um belo presente de natal.

O QUE TODO TÉCNICO DEVERIA SABER II.

Principalmente,que nosso basquetebol vai muito mal.Mal de técnica,mal de táticas,mal de sistemas,mal de projetos e planejamentos,mal de pesquisas,e muito,muito mal de técnicos.Já não menciono nem aqueles que empunham microfones,travestidos de jornalistas,no desempenho ilegal de uma profissão,mas que ao contrário da deles,não possue um conselho federal restritor e pseudamente regulador,e que por obra e graça da vontade democrática de uma maioria esmagadora de jornalistas não se fez presente em suas vidas,mas está presente na vida dos técnicos,e que não coibe as suas intromissões na profissão alheia.E o pior,usam a midia para se autopromoverem como “aquele técnico que todo clube ou seleção deveria contratar pelos sábios conhecimentos que possuem”. Lugar de técnico é na quadra,dentro dela,e não ao lado criticando e “comentando” seus colegas(?)de profissão.Menciono enfaticamente a massa critica de técnicos engessados por um sistema de jogo absurdo e criminoso,o passing game,em uma atividade desportiva que sempre privilegiou a diversidade,a criatividade, o gênio,a inventiva,a coragem pelo novo e pelo inusitado, a conquista máxima da improvisação após a sedimentação e consequente simplificação de sistemas realmente eficientes, já que adaptados às características dos jogadores,e não impostos aos mesmos, como se tornou corriqueiro em nosso país.Menciono a indústria das “peneiras”,
ação de rapina que popularizou o futebol de salão desde sua implantação nas quadras que sempre pertenceram ao basquetebol e ao voleibol,peneiras estas que afastou do processo os verdadeiros formadores de jogadores,substituindo-os pelos empresarios do trabalho alheio,do trabalho pesado,minucioso,paciente,técnico,professoral,educativo,
patriótico,e que são alijados das “grandes equipes” por uma turma que nem de longe sabe,domina,desenvolve,cria,pesquisa a grande arte dos fundamentos.Ou será por obra divina,ou geração expontânea o aparecimento de futurosos jogadores em tais peneiras,
as quais formam uma equipe,ou equipes completas no espaço restrito a duas ou três sessões? Milagre dos milagres,formarem-se equipes completas,de todas as divisões,no espaço de uma semana,sem ter de perder tempo em inúteis detalhes técnicos,como por exemplo,ensinar a jogar.São os técnicos de prancheta,tanto para anotar os nomes dos incáutos candidatos,como para designá-los para suas posições de 1,2,3,4 e 5,como passarão daí por diante a serem conhecidos.Daí,para suas localizações coreográficas
em situações de jogo padronizadas,o processo segue normas que infelizmente se propagaram pelo país como o rastilho de bombas,cujas explosões em série tem levado nossas equipes à prática de um jogo mecânico,improdutivo e anti-natural,gerando nosso fracasso nas mais importantes competições internacionais.Menciono aqueles que são conhecidos e reconhecidos como os grandes estrategistas,mas que NUNCA moveram uma palha sequer para unificar uma classe,que quanto mais desunida for,melhor para os mesmos perpetuarem sua auto-promovida importância no cenário desportivo nacional.
Arriscar altos salários para defender interesses e conquistas classistas?Nem pensar!
“Quem tem padrinho não morre pagão”,um dito popular que bem define essa classe de apaniguados do sistema.No entanto,também menciono aqueles que nunca perderam a fé,que
nunca deixaram de estudar,de se interessar,de pesquisar melhores didáticas para o ensino do jogo,de seus tão aviltados e esquecidos fundamentos,mas que sempre foram esquecidos pela midia e por seus pares bem acessorados politicamente.Por que também temos politica nos esportes,que só ganha importancia para os poderosos quando vislumbram lucros,obras e construções faraônicas que só beneficiarão engenheiros,
economistas,arquitetos,construtores,hoteleiros,marqueteiros e que tais,mas nunca atletas,professores e a maioria dos técnicos.A minoria bem posta,bem paga e com sólida base política não se interessa por lutas classistas visando união.Estão bem,não precisam de associações ou qualquer vínculo que os afastem de seus interesses
onde não tem lugar para benemerências.Mas se julgam no direito de impor comportamentos técnico-táticos à massa ignara,como se fossem os verdadeiros depositários das verdades basquetebolísticas.Mas não são,nunca foram,e jamais serão,
vide os resultados que têm alcançado nos últimos anos,de incúria,imitação canhestra
de modelos de fora,de colonização explícita a interesses que não nos dizem respeito.
Finalmente,absolvo nossos dirigentes,que na maioria das vezes tiveram pessimas administrações,mas que não foram e não vão às quadras ensinarem o jogo,que são mesquinhos e despreparados,mas que não pagaram e não pagam os vencimentos dos técnicos em seus clubes,que usam de todas as armas,legais e ilegais para se manterem na boca dos cofres do poder,mas que nunca sentaram e nem sentarão num banco para orientarem equipes,entregues a um sistema único e suicida por um grupo de técnicos
que nos tem levado para o fundo do poço pela empáfia e pseudo capacitação técnica.Mas
muita maldade ainda ocorrerá,até um dia que possamos compreender e aceitar o fato de
que o pouco que sabemos,o pouco que produzimos,o muito pouco que armazenamos poderá
ser o muito do que precisamos para evoluir,bastando para tanto que o divulguemos integralmente,ilimitadamente,para àqueles que mesmo nos mais distantes polos de nosso país anseiam por exemplos e ensinamentos.Somente uma liderança advinda dos poderosos
poderia desencadear tal evolução,o que até agora nunca ocorreu,por obra e graça do mais puro e letal egoísmo.Vencí,o resto que se vire,that’s the question.

O QUE TODO PIVÔ DEVERIA SABER II.

Que o que vem se praticando nessa posição em nosso país é absolutamente inadimissível.Simplesmente perdemos a noção do que seja jogar próximo à cesta.O que vemos são homens muito grandes,alguns até exageradamente fortes,que abdicaram da posição mais estratégica do basquetebol,para virem pseudamente competir e rivalizar com os alas e armadores nas posições mais afastadas da cesta.Temos hoje em dia pivôs que arremessam da linha dos três pontos,e o que é pior,mal.E que por essa razão deixam de influir em sua maior capacitação,a luta nos rebotes ofensivos.Quando não vêm para a linha,se postam na lateral do garrafão,do lado em que se encontra a bola,e ao recebê-la,é claro,com forte oposição de seu marcador,inicia uma ação eminentemente física em direção à cesta,fazendo-a de costas e sem qualquer ajuda de seus companheiros,estáticos que ficam,como que antevendo uma obra de arte prestes a ser executada.É uma cena corriqueira,a daqueles dois homens imensos se empurrarem mutuamente sob os olhares dos demais.É o climax ansiado por toda prancheta que se preza,o ápice coreográfico de nossos estrategistas,que extasiados pelo modelo NBA,incutem em nossos subdesenvolvidos projetos de pivôs aquele exemplo de luta calcado nas diferenças políticas e raciais,e intumescidos de anabolizantes e outras
coisas que tais,num processo que já despertou as comissões de inquerito do senado
norte-americano,hoje imbuidas do desejo de verem erradicadas do desporto profissional
daquele país essas práticas nada condizentes com o espírito olímpico,mas perfeitas e
alinhadamente aceitas no mundo dos milhões de dólares.No nosso caso chega a ser ridiculo o esforço de imitação ante uma realidade de alguns mil reais em alguns meses
do ano,e o fugaz brilhareco de uns dois ou três naquele mundo diametralmente oposto
ao nosso,cultural e politicamente falando.E ai estão nossos pivôs,travando uma qualidade inata de velocidade e elasticidade com musculações e inchações que em nada
os beneficiarão no jogo bem jogado.Queremos jogar como eles,mas não possuimos a massa
critica que possuem,milhares de escolas de segundo grau,e centenas de universidades
alimentendo continuamente o sistema.Se hoje se voltam para os estrangeiros,deveriamos
pesquisar bem de onde são oriundos,para chegarmos a algumas conclusões elucidativas
sobre o papel exercido pela NBA junto aos jovens daquele mundo globalizado aos interesses comerciais e politicos dos Estados Unidos.No beisebol essa influência é mais antiga,principalmente para jogadores cubanos,venezuelanos,panamenhos e mais recentemente japoneses,todos paises cuja influência é de interesse americano.Mas algo
tem saido errado para nossos shaquiles,o fato de que,tanto os armadores,como os alas,
engessados pelo sistema do Passing Game,único utilizado em nosso país,preferem optar pelos arremessos desenfreados de três pontos,relegando os pivôs a meros espectadores de suas habilidades, fazendo com que os mesmos,por uma questão pontual,venham para suas zonas de influência em busca de maior participação,e por estarem sendo forçados a executar bloqueios muito distantes da cesta,inviabilizando os rebotes ofensivos.Se lá se encontram,porque não arremessar também de três pontos, ou penetrar de vez em quando para uma enterrada consagradora? Isso se não tropeçar ou chutar a bola na tentativa.Por tudo isso,pelo malogro do sistema usado,e pela obviedade das ações,
nossos indigitados pivôs pouco sabem nas conclusões embaixo da cesta,esqueceram de vez o gancho,trabalho de pés então, nem pensar.São muito fracos no arremesso de curta
e media distância,mascarados que são pelas enterradas e arremessos de três pontos.Nos
bloqueios invarialvelmente cometem faltas,pois o executam ante armadores e alas adversarios,mais leves e mais velozes do que eles,o que os forçam a se deslocarem faltosamente na ação.Enfim,uma catástrofe,e que vem se repetindo ano após ano.Na maioria das vezes ficam a meio caminho da ala e do pivô,sem saber muito a respeito
destas posições.Devemos sempre lembrar que o pivô é o ùnico jogador que atua basicamente de costas para a cesta,fator este que deve ser abrandado sempre que possivel,preferencialmente fazendo com que receba a bola em movimento,para dar ao mesmo maiores oportunidades de drible e finta no espaço restrito em que atua.No entanto,essas oportunidades se tornam escassas dentro do sistema vigente,já largamente discutido e renegado por esse blog em muitos artigos aqui publicados.Então
o que falta aos nossos pivôs?Como para os demais jogadores,muito,muitos fundamentos,
principalmente de drible curto,fintas especificas,saltos no tempo da bola para melhores rebotes,assim como permanente movimentação visando colocação adequada para
os mesmos e para a recepção antecipativa dos passes a ele endereçados.Um pivô de qualidade tem de aprender a receber passes em movimento,ação que em muito prejudica
o oponente defensor,e cria um espaço maior de manobra ofensiva.Defensivamente,um pivô
que é treinado com tais exigências,intue que a antecipação é a melhor arma defensiva,
disposição esta que fará com que desenvolva a marcação pela frente do pivô adversário
como uma atitude lógica e de maior eficiência.É uma disposição corajosa,a defesa frontal,mas fundamental para o sucesso defensivo de qualquer equipe bem treinada.Em nosso país,infelizmente não vemos pivôs sendo marcados pela frente,TODO o tempo,como
deveria sê-lo,num sistema de linha da bola com flutuação lateralizada,e não longitudinal à cesta,como é praxe entre nos.Por tudo isso torna-se dificil aceitar um
sistema de jogo que anule nossas principais qualidades,e que force a todos cooptarem
atitudes e comportamentos extranhos à nossa natureza criativa e improvisadora.Um sistema,qualquer um,que utilize dois armadores,em muito qualificaria as ações de alas
e pivôs,pois priorizariam suas qualidades de velocidade e raciocínio ante reações do
oponente,o que somente seria possivel com a movimentação de TODOS os jogadores,
antítese do que expús no inicio do artigo,quanto a imobilidade dos mesmos ante uma
ação isolada do pivô.Enfim,podemos concluir que fundamentos é necessidade e obrigação
de todo jogador,seja em que posição atuar,que estatura tiver,que categoria pertencer,
do mirim ao adulto,de seleção estadual a nacional,dentro ou fora da temporada.E que também seja necessidade e obrigação dos técnicos o ensino dessas técnicas,pois ao contrário,bem ao contrário do que alguns apregoam,jogadores SEMPRE podem ser corrigidos e ensinados, a não ser que não saibam corrigir e ensinar,o que não duvido
muito,perante o que nos é dado observar na atual realidade de nosso basquetebol.Esse
é o nosso VERDADEIRO problema,pois como Federações,CBB e NLB,cujas existências sempre
estiveram,e estarão presentes no dia a dia do desporto nacional,com seus bons e maus
dirigentes,nossos técnicos involuiram perigosamente no tempo,e como dirigente não forma nem dirige tecnicamente jogadores,cabem àqueles a verdadeira missão de fazê-lo.
E por não cumprirem esse papel,é que nos encontramos na atual situação.Ao assumirem
tal responsabilidade,mudarem padrões e sistemas,trabalharem arduamente os fundamentos
teremos de volta nossa verdadeira posição de destaque no cenário mundial.Muito além
das pendências entre CBB e NLB,a grande modificação terá de ser estabelecida DENTRO
das quadras,pois é de lá que emergem aqueles que jogam o jogo.Escrivaninhas,cofres e
politicas de terceira categoria não fazem nem evitam cestas,e se estas estão por fazer e serem evitadas,sabemos bem quem são os culpados.O resto é conversa fiada.

QUE ESPERANÇAS?

De ver CBB e NLB juntas na organização do basquete brasileiro? De testemunhar uma relação harmoniosa entre o grego melhor que um presente e o grande atleta hoje travestido de dirigente? De ver um laticínio rançoso substituido por uma medalha milagosa? De ter de engolir um senador zero voto trombetear aos céus que um investimento de míseros 4 milhões de reais foram transformados em 80 milhões de retorno em mídia, após trair o compromisso inicial com a NLB, trocando-a pelo robusto cofre da CBB? De constatar que o nível das competições repetem monocórdicamente os mesmos erros dos últimos 20 anos, nos quais um único sistema de jogo é desenvolvido por TODAS as equipes e por TODOS os técnicos? De ver nossos jogadores,em todas as categorias,engessados por tal sistema, fazendo-os escravos de posições numeradas e de falsas e ridiculas especializações,nas quais os principios fundamentais do jogo passam ao largo de seus conhecimentos? De observar num jornal,em foto de meia página,um desses infelizes candidatos a astro da bola pendurado num aro,após tremenda enterrada,tendo ao fundo uma arquibancada totalmente vazia? De ler mais uma reportagem sobre a pobreza e a decadência daquele que foi por 80 anos o segundo esporte no coração dos brasileiros? De ler e reler artigos de gente que ama
e entende o basquetebol conclamando pureza e esperança em corações enrijecidos pelo
gosto doce e ao mesmo tempo ácido do poder, e que em hipótese alguma pretende abrir
mão do mesmo sem luta feroz? Afinal minha gente,trata-se do poder sobre os cofres,o
econômico e o das seleções, o abre-te sésamo dos sempre sonhados e rentáveis patrocinios, exceto para os que jogam e dirigem, pois estes são de somenos importância ante as sumidades de inteligências felpudas de nosso injusto país.Pensar
tecnicamente,meritoriamente,éticamente,NUNCA!É pecado original,com o castigo de perda
total do até agora alcançado,admitir tais fraquezas.A galinha dos ovos de ouro tem de
ser mantida pela compra e pelo escâmbo de influências,onde não existe,nem em pensamento,qualquer alusão a sentimentos de nobreza,patriotismo,interesse comum.Para
essa turma basquete é uma mercadoria, e como tal tem de ser tratada, e com muito ainda por conseguir,dado ao descomunal tamanho de nosso país.Se interpor a tais interesses soa como uma ameaça ao dominio dos cofres, mesmo que o outro lado os queiram também,talvez com outra visão,mas poder é poder,não se discute,aceita-se e pronto!Ou não? Se não,resta uma fresta de luz,a caminhada lenta e segura para num futuro não tão distante assim,tomar honestamente o poder, numa luta ética e épica,na
qual poucos votos ainda faltam conquistar,cinco,no minimo,que poderão ser a média mais um, o suficiente.Essa tem que ser a estratégia a ser duramente seguida,pois a
turma hoje encastelada jamais estenderá a mão para oponentes que primam pela experiência conquistada na quadra,e não na penumbra das coxias do grande teatro de horror em que transformaram o basquetebol brasileiro.Por tudo isso ressoa no horizonte de um incerto amanhã o grito lacinante-Que esperanças? Meu velho e causídico pai sempre me lembrava-Filho,se a justiça é corrupta,a quem apelar? Fé e trabalho,essas são as verdadeiras esperanças de quem ainda crê em dias melhores para
o nosso querido desporto.Vamos à luta!

O QUE TODO ALA DEVERIA SABER II.

Que dentro do sistema de jogo que quase todas as equipes adotam em nosso país,suas principais características,como a penetração rápida paralela à linha final,o corte veloz e incisivo pelo meio do garrafão,o arremesso preciso de curta distância,a pré-colocação para o rebote ofensivo,e a habilidade de jogar sem a bola,são encobertas e preteridas por funções de armação de jogadas bem fora da linha de três pontos,assim como ações de bloqueio passivo afastadas das zonas mortas da quadra. Nossos alas são transformados em jogadores híbridos,instados que são a agirem na maior parte do tempo em funções de armação sem possuirem as habilidades específicas de um armador.Em um sistema com dois armadores essa ingerência dos alas numa organização de jogo para o qual não são, e não possuem habilidades específicas, prejudica,não só sua evolução técnico-tática,como compromete qualitativamente a produção ofensiva de sua equipe. Duas seriam as áreas de ação efetiva dos alas. A primeira seria a faixa de 1,20 m de largura,paralela à linha final,a mesma distância de projeção da tabela quadra a dentro.A segunda,a área delimitada pela linha final e a linha originada no aro da cesta em 45°até a linha lateral.Para cada área definida alguns fundamentos especiais deveriam ser incluidos em seu treinamento,além dos de toda a equipe,principalmente quanto ao drible e a finta,além do apuro e precisão dos arremessos de média e curta distâncias.Na primeira faixa,o drible em penetração terá a bola no limite da linha final, e por isso mesmo a tornará alvo sensivel à interceptação.Por esse motivo,a finta com reversão para dentro da quadra se torna um fundamento básico para os alas, pois a mesma evitará a dobra defensiva em sua progressão.É um fundamento de difícil execução, mas torna-se obrigatório a um bom e efetivo ala.Na faixa dos 45º, o corte, tanto partindo da imobilidade, como em progressão,terá que ser conjugado a uma eficiente ação de parada brusca com controle de equilibrio em velocidade, para a conclusão em arremesso, de curta ou media distância.A continuidade da penetração só se tornará efetiva se no máximo houver uma cobertura,pois pela estatura de um ala,e por conseguinte um drible também alto,a bola pode ser interceptada com facilidade por uma segunda cobertura. Em ambas as ações, passes curtos e reversos completam o arsenal básico de um bom ala.Subir para a linha dos três pontos para exercer funções de um armador,nos passes e nos bloqueios,retiram do ala sua maior força,as ações próximas da cesta,assim como os afastam dos rebotes ofensivos,fundamentais para uma boa e equilibrada equipe.Agindo permanentemente nas duas faixas que lhe são familiares,poderão desenvolver, talvez aquela que se tornará sua maior arma,a habilidade de jogar sem a bola, mas sem se desfocar um segundo que seja da mesma, permitindo que os armadores antevejam os melhores momentos para os acionarem.Alas que desenvolverem essas habilidades estarão aptos,também,a serem mais eficientes nos contra-ataques,onde segundas coberturas são improváveis de acontecer. Defensivamente,os alas deveriam ser treinados ao máximo no sistema de linha da bola, pois por sua amplitude de ação,tanto horizontal como vertical,dificultará ao máximo os passes dos atacantes,contra os quais interceptações devem ser incentivadas sobremaneira.Um ala perceptivo a essas ações exercerá com muito mais eficiência seu trabalho quando em marcação por zona,onde as virtudes interceptativas são o objetivo a ser alcançado,não só por ele,mas por toda a equipe.Finalmente,os rebotes,defensivos e ofensivos,nos quais,pelo posicionamento nem sempre muito próximo a cesta,força-o a se lançar em velocidade na direção da bola.Se uma específica habilidade de transformar velocidade horizontal em vertical,com um mínimo de projeção para fora do eixo do salto não ocorrer,fatalmente uma falta pessoal será cometida,pois o choque violento com o adversário será inevitável.É o fundamento mais característico dos alas,e que deve ser treinado com esmêro e muita repetição.A técnica de bloqueios do voleibol pode,e deve ser levada em conta nesse treinamento de transferência de velocidades,ajudando em muito o preparo dos alas. Mas se a atual tendência da utilização do Passing Game se mantiver atuante e genéricamnte presente em nosso basquetebol,os alas perderão a possibilidade de desenvolverem suas básicas funções, substituídas por passes e bloqueios inócuos fora da linha dos três pontos, em
conjunto com seus colegas pivôs.Mas isso é outra história,que contarei mais adiante.
Por hora só temos que lamentar os chutes,as joelhadas e as perdas infantís de bolas
que a maioria de nossos alas cometem por estarem permanentemente fora de suas áreas
de atuação, mas alinhados,mesmo na pobreza de seus fundamentos,com as messiânicas
coreografias de seus técnicos.Que brutal e estúpida perda de tempo!

FÓRUM DO NADA

FÓRUM,s.m.O mesmo que foro.(Do lat.forum.)
FORO,s.m.Praça pública,na antiga Roma.(Do lat.foru.)
FORO,s.m.Pensão anual que o enfiteuta de um prédio paga ao senhorio direto;domínio útil de um prédio;uso ou privilégio garantido pelo tempo ou pela lei;imunidade;tribunais de justiça;jurisdição;(fig.)encargo habitual;pl.direitos;privilégios.(PL.;foros[ó].)(Do lat.forum.)(*)
No próximo dia 5 a CBB realiza em São Paulo o 1°Fórum de Categorias de Base Masculino e convida todos os técnicos do basquete brasileiro. Claro, que se algum técnico do norte, do sul, ou do oeste do país quiser comparecer terá de arcar com as despesas de transporte, estadia e alimentação, fato de fácil e normal ocorrência, já que são todos régiamente pagos e com suas vidas estabilizadas, detalhes ínfimos aliás, pela ótica do grego presidente. O Fórum será ministrado pela Comissão Técnica das seleções nacionais de todas as categorias, e abordarão, entre outros temas não especificados, os seguintes:Formação profissional dos técnicos; Estrutura dos campeonatos regionais; Estrutura dos campeonatos brasileiros; Estrutura das competições internacionais; Planejamento de temporada; Calendário anual. Ou seja, ensinarão como as Escolas de Educação Física deverão formar os técnicos; Orientarão as federações quanto aos campeonatos regionais e quanto aos campeonatos brasileiros; Emitirão conceitos quanto a estrutura organizacional da FIBA; Ensinarão como se elabora um planejamento de temporada; o mesmo para o calendário anual. Lastreados pelos direitos e privilégios que ostentam, amparados que são por poderoso Q.I., protegidos pela imunidade do cargo, e com jurisdição pré-estabelecida, se sentem autorizados e fundamentados no direito que arvoram em ditar regras, leis e comportamentos, tanto éticos,como técnicos. Nessas condições o termo FÓRUM foi magistralmente bem escolhido.
Seminário, Debate, Encontro, Mesa Redonda, Brain Storming, Reunião Interpares, nada disso interessa àqueles que se colocam como absolutos donos da verdade, verdade essa que sequer sabem administrar, vide os planejamentos, estruturas e projetos que desenvolveram e falharam nos últimos 20 anos. Não ousem querer ensinar padres a rezar missas, não se coloquem acima do que realmente representam, não debochem dos
técnicos convidando-os a comparecer quando isso é impossivel ante a realidade brasileira. Já que se consideram tão além dos demais, ponham a mala embaixo do braço e vão ao encontro dos mesmos, estado por estado, mesmo os dissidentes, e lá, cara a cara, olhos nos olhos, debatam a nossa atualidade, discutam o nosso futuro, respeitando sempre o nosso vitorioso  passado. Ontem, fiz isso por quase todo o país, onde aprendi mais do que ensinei, onde ouvi mais do que falei, onde aprendi a grande lição da humildade. Ontem, venci e perdi, mas nunca me escondi atrás de um FÓRUM, atrás de falsas pretensões e de privilégios imerecidos.O que aprendi com os mestres, consegui com esforço, alcancei por
mérito, repassei ao longo dos anos, indo a muitos estados ,procurando ajudar e incentivar, indo por saber que não poderiam vir, técnicos e professores de meu país.E agora, do alto de sua prepotência, vem essa turma “convidar todos os técnicos do basquete brasileiro” para assistí-los em São Paulo? Sintam-se envergonhados e procurem, ao menos, executar o trabalho para o qual foram “meritóriamente” indicados, e que vêm sistematicamente fracassando, treinar nossas seleções, se é que são capazes.
(*)-Dicionário Brasileiro da Lingua Portuguesa.

PUSILÂNIMES…

Em 1967 fui para Brasília,onde além de exercer o magistério de Educação Física(aprovado em concurso público)me dediquei ao basquetebol,em anteposição a um grupo enorme de japonêses que implantaram o judô nas escolas,e só se dedicavam a ele.Se podiam trabalhar unicamente no judô,porque eu não poderia fazer o mesmo no basquete?Foi um argumento poderoso e pude dar inicio a um dos bons trabalhos que realizei em minha vida desportiva.Primeiro com a seleção masculina juvenil,que todo Campeonato Brasileiro só ocupava as últimas colocações.Depois de 4 meses de treinamento intenso fomos para a competição em Belo Horizonte onde alcançamos o 5ºlugar com brilhantismo.No ano seguinte sob o comando do grande Geraldo da Conceição a equipe alçou o 3ºlugar em Recife,o que demonstrou o acêrto do trabalho.Vindo ao Rio encontrei-me com o Vice-Presidente Técnico da CBB,o Prof.Gerson Silva,que me fez um desafio.Se em 6 meses eu preparasse uma equipe feminina juvenil,estavamos em julho de 68,ele faria realizar o primeiro Campeonato Brasileiro Juvenil Feminino em Brasilia no ano seguinte,isto porque somente 3 estados trabalhavam jovens atletas,São Paulo,Pernambuco e Bahia.No Rio de Janeiro,a administração do Prof.Cysneiros na Federação ,jurou que enquanto lá estivesse não haveria basquete feminino no estado.Aceitei o desafio,e em outubro daquele mesmo ano viemos para os Jogos da Primavera do Jornal dos Sports,onde ganhamos o torneio colegial com sobras.Em fevereiro de 69 voltamos ao Rio,convidado pela CBB para fazer a preliminar da decisão
do Campeonato Carioca Masculino Principal,entre Botafogo e Vasco da Gama num Maracânanzinho com 20 mil torcedores.Jogamos contra a única equipe remanecente do Rio de Janeiro,o Olaria,que mesmo com sua equipe adulta perdeu para nossa equipe juvenil para o delírio de todos os presentes.Logo após o jogo,o Prof.Gerson nos enviou a São Paulo onde o Diretor Técnico da FPB,Prof Fabio Barros já nos aguardava para uma turnê
pelo interior do estado.Jogamos contra as equipes principais de Araçatuba e Sorocaba, e contra equipes juvenis de Santo André,São Caetano e São Bernardo.Vencemos um jogo e perdemos os outros com placares nunca superiores a 5 pontos.A performance da equipe convenceu o Prof.Gerson da exequibilidade do Campeonato em Brasilia,e com o convencimento e ajuda à Federação do Rio Grande do Norte,a condição minima de 5 equipes exigida pelo regulamento dos campeonatos brasileiros foi alcançada.Na semana que antecedeu a realização do Campeonato fui afastado do comando da equipe que formei e preparei com grandes sacrificios,por imposição de um grupo que não aceitava um “estrangeiro” se impondo no terreno que afirmavam lhes pertencer,mesmo que esse estrangeiro fosse o campeão brasileiro da categoria principal.A equipe foi entregue a uma comissão que no espaço de uma semana pôs o trabalho por terra,pois a equipe que preparei para somente ter dificuldades com São Paulo,terminou em 3ºlugar.Mas foi o inicio de uma tradição de renovação do basquete feminino brasileiro,e que vinha se mantendo em sua fundamental importância nos últimos 35 anos.Até que nesse ano de 2005
a CBB resolveu não realizar o Campeonato porque somente duas Federações,a Paranaense
e a Do Espirito Santo se comprometeram a realizá-lo.Mas como ambas votaram contra o grego melhor que um presente nas últimas eleições,ele e sua turma resolveu punir as federações,esquecendo que o maior punido e profundamente prejudicado foi o basquete feminino brasileiro,tão necessitado de novos valores.Num jogo em que fui excluido injustamente por um árbitro de terceira categoria,mencionei que ele estava tomando uma atitude pusilânime,e me fui do ginásio.Dias mais tarde me encontrei com ele que afirmou não me ter relacionado na súmula por ofensa,pois não sabia o significado da
palavra pusilânime.É o mesmo termo que aplico à direção da CBB.Todos vocês são pusilânimes,em suas atitudes de política rasteira e vendetas mafiosas.E para que não pairem dúvidas sobre o significado da palavra em questão,menciono o Dicionário Brasileiro da Lingua Portuguesa,que assim a define:PUSILÂNIME,adj.es.2gên.Diz-se da pessoa que tem fraqueza de ânimo; tímido; medroso; covarde.(Do lat.pusillanime.)
Como bem definiam os romanos na antiguidade,são um bando de covardes,são todos iremediavelmente PUSILÂNIMES!Que os deuses nos protejam,Amén.

O QUE TODO ARMADOR DEVERIA SABER II.

Exclusivamente fundamentos,eis o que deveria saber,treinar,dominar,exaurir-se em seu conhecimento,para,aí sim,improvisar na busca do movimento simples,intuitivo,limpo,e por isso mesmo, aparentemente fácil de executar em toda sua complexidade. Toda e qualquer ação que envolva os fundamentos do jogo será sempre sob a presença física,próxima,muito próxima do adversário,no drible,na finta,no passe,no rebote,no arremesso,quando de posse da bola,e no desmarque, no corta-luz, no bloqueio, na defesa,quando sem a mesma.Em qualquer circunstância a presença incômoda,forte,ativa, móvil e inteligente do adversário se fará presente, fazendo e obrigando o uso conciente dos fundamentos transformar-se no pilar do jogo em sí.Sempre será muito difícil a aquisição dessas habilidades plenas, mas obrigatórias para aqueles que pretendem jogar bem o basquetebol, em qualquer categoria,em qualquer idade,dos mais jóvens iniciantes,ao mais veterano dos jogadores,pois,ao contrário do que muita gente pensa e prega deslavadamente, SEMPRE se pode aprender e apreender movimentos e habilidades novas com a prática constante e habitual dos fundamentos.NENHUMA tática de jogo terá e alcançará bons resultados sem que seus executantes dominem os fundamentos do jogo. Caminhos traçados em pranchetas jamais serão trilhados por jogadores destituidos de habilidades naqueles fundamentos necessários à sua execução,
por mais boa vontade que tenham em conseguí-lo,pelo simples fato de se antepor à coreografia traçada a ação defensiva adversária,que nunca é levada em consideração na
apresentação dos rabiscos.Dominar os fundamentos vai muito além da ação solitária,que é importante no estágio inicial da aprendizagem, para aquela em que a anteposição defensiva se faz presente em toda a sua força, quando o técnico se faz atuante na orientação defensiva para provocar e desencadear a ação ofensiva. Esse é o grande desafio nos esportes em que o contato físico é permanente,nos quais o improviso ante situações de extrema pressão só pode se fazer presente e atuante na condição de uma
resultante do domínio dos fundamentos,que quanto maior for,mais eficiente será sua
consecução.Fora desse princípio,nada em termos de táticas poderá ser alcançado,por maior que seja o talento na montagem de uma coreografia,por muitos técnicos que desconhecem como preparar fundamentalmente seus jogadores.Se nossas estatísticas,tão ao gosto de uma imprensa despreparada,mas convicta de sua pretensa importância,
primasse,não pelos resultados percentuais,mas pelos coeficientes de produção,onde ações positivas são relacionadas aos erros de execução dos vários fundamentos,muito do que se faz e apregoa de qualidade técnica de jogo e de jogadores seria posto por
terra,desmistificando o que consideram basquetebol de alto nível.Pois bem,o que se depreende dessa colocação? Que falta ao preparo de nossos jogadores,em TODAS as categorias,a seriedade na aquisição das habilidades básicas do jogo, os seus fundamentos.E de todos os jogadores,aqueles que mais necessitam dos mesmos,sem dúvidas nenhumas,são os armadores,pois partem deles as ações ofensivas que definem
o sucesso,ou insucesso de suas equipes,assim como o comando das ações defensivas,tão ou mais importantes do que aquelas.Chega às raias do absurdo vermos nossos armadores
agindo como sinalizadores de pseudo-movimentos táticos,numa perda preciosa de um tempo reduzido pelas regras,em vez de agirem como afinados e ajustados radares ante o
comportamento tático defensivo dos adversários, fator que desencadeará todo o comportamento de sua equipe,e que em nada resultará se não tiver e usar seu dominio
pleno e conciente da bola e de seu corpo,oscilando permanentemente entre o equilibrio instável e o estável,determinados pela velocidade da ação em sí,da leitura simultânea
de seus pares e do adversário,de seu pleno conhecimento e dominio dos elementos básicos do jogo,seus sempre necessários,repetitivos e enraizados fundamentos,que na prática do dia a dia,no treino e no jogo,nunca será igual em sua dinâmica,em sua execução.Por isso devem ser treinados e praticados à exaustão,durante toda sua vida
de jogador e atleta.Uma equipe sem tática definida, mas com grande preparo nos fundamentos,sempre será mais efetiva e perigosa do que aquela com maus fundamentos,
mas com um pretenso arsenal de táticas rebuscadas em uma pretensiosa prancheta.”Corra
para lá,bloqueie aquí,se desloque acolá,arremesse naquele ponto!” Mas os jogadores
desconhecem o drible, ou pensam que conhecem, passam sem precisão, fintam mal e bloqueiam pior ainda.E são repreendidos porque a tática salvadora não deu certo,pois
afinal saiu do vasto conhecimento estratégico do técnico de plantão.Tão fácil,tão corriqueiro,tão devastador nos mais comezinhos principios de bem treinar uma equipe,
seja ela de QUALQUER categoria que for.Nossos armadores necessitam de doses maciças
de fundamentos,em tempo integral,mas orientados por quem realmente conheça e dê a
real importância aos mesmos em uma equipe,e não a uma turma que ainda tem o desplante de afirmar,que jogadores de equipes adultas não podem ser corrigidos, que são
incorrigíveis.Concordo,pois os mesmos se deparam com quem nem de longe desconfiam o que seja formar,treinar e preparar um jogador nos principios básicos do jogo,os fundamentos e sua específica,dificil e especializada didática,a qual nada ou pouco significa ante uma prosáica prancheta embaixo do braço.O que todo armador deveria fazer,na ausência do interesse maior de alguns técnicos que desprezam tais detalhes
técnicos,que procurassem aqueles que ainda se preocupam com os mesmos,para realmente
se completarem como jogadores de qualidade,confiáveis e preparados para executarem
os mais disparatados movimentos táticos que exigissem deles,para que não caissem no permanente ridículo de perdas de bola e de tempo numa atividade de extrema dinâmica,
e que não perdoa os pretenciosos e os preguiçosos.Se existem tais técnicos?Claro que sim,não são muitos,mas são muito,muito bons,e que têm uma particularidade em comum,
odeiam pranchetas,pois trabalham olhando dentro e diretamente nos olhos de seus atletas,como fazem os verdadeiros mestres na arte de bem ensinar um jogo.Procure-os
e aprendam a jogar basquetebol.Garanto que será um bom investimento,apesar do que afirmam em contrário.Incorrigíveis são eles,a patota dos estrategistas de um sistema
só,do que chamam pomposamente de “basquete internacional!”Lamentável e grotesco,bem
ao gosto da mediocridade reinante em nosso malfadado basquetebol.

ONDE A CORDA SE ROMPE?

Sempre em seu ponto mais frágil,numa dobra,num segmento poído,no esgarçamento quando sujeita a uma carga acima de sua estrutura.Assim como as cordas,nosso corpo apresenta pontos frágeis e passiveis de rompimentos,mesmo cercados e envolvidos por musculatura de grande porte.São os tendões,e não é atôa que um deles é conhecido,por sua fragilidade como Tendão de Aquiles,único ponto mortal daquele mítico herói grego.Na primeira vez que assisti a uma atuação do Nenê,no Tijuca,quando jogador do Vasco da Gama,impressionou-me sua elasticidade e grande proporcionalidade fisica,dono que era de uma musculatura adequada e bem distribuida em seu longelíneo perfil.Com dois ou três dribles alcançava a cesta com extrema facilidade,numa caracteristica de ala nato.No entanto,atuava como pivô,que para nossa sempre deficiente idèia no aproveitamento de um homem alto,condena-o àquela função.E ele se foi para a NBA,e ao invés de desenvolver suas características natas de um ala,se robusteceu de forma avassaladora para se tornar um daqueles pivôs de choque tão ao gosto do basquete profissional americano.Jogou sua primeira temporada como pivô clássico,pesado no modelo intimidador,no que não foi muito eficiente.Na segunda,foi deslocado para uma função de ala-pivô,mas já bastante comprometido em sua velocidade pela excesso de massa fisica adquirida sabe-se lá de que maneira.Agora,no limiar de sua terceira temporada,parte para a cesta,numa ação típica de um ala,e ao flexionar sua perna para o impulso vigoroso em direção à enterrada vê seus ligamentos do joelho se romperem como a corda cansada e sobrecarregada do exemplo dado ao inicio desse artigo.Do jovem e vigoroso atleta que assisti no Tijuca,para a cena vista em primeiro plano pelo mundo inteiro do terrivel rompimento,passaram-se três anos de equivocos e busca quase desumana pelos milhões de dólares que sempre estiveram em jogo.Se sua compleição fisica,que era equilibrada e potente para um ala fosse mantida e diligentemente aprimorada nada disso teria ocorrido da forma como aconteceu,numa progressão livre e desempedida de qualquer oposição de adversários.A busca incessante e forçada para adquirir um fisico de pivõ de choque,alterou todo um sistema orgânico,toda uma estrutura muscular,para no final da transformação ser obrigado a voltar às suas origens de um ala-pivô.Mas já era tarde demais,pois seus tendões não conseguiram suportar tamanha agressão perpetrada em seu corpo.É o prêço que muitos como ele estão
e continuarão a pagar pela ambição desmedida em um mercado onde a qualidade é medida em dólares.Se ao voltar,não perder pelo menos 15kg.do que chamam de massa muscular,correrá o perigo,e ai redobrado,de ver seus tendões se romperem de vez.Um prestigiado site abriu uma enquete para saber o porque de tantas contusões que afligem nossos atletas,e outros mais,na NBA,principalmente nas articulações tibiotársicas e dos joelhos.Tenho a resposta na ponta da lingua,demasiada e desenfreada musculação,anabolizantes e o que chamam de suplementos vitamínicos.Não foi por qualquer motivo que o sindicato dos jogadores da NBA se insurgiu contra o rigido controle anti-doping que a direção da mesma quis implantar,sob pressão da Comissão do Senado Americano que investiga essas praticas no desporto profissional dos Estados Unidos.Tudo é válido quando salários atingem a casa dos dois dígitos em milhões de dolares,tanto para os jogadores,como,e principalmente,para o exército de agentes e empresários que habitam aquele cenário de circo romano.Nosso indigitado Nenê sofre na pele e na alma,os efeitos de pertencer a tão seleto clube no mundo do desporto profissional.Tudo isso oferece motivos de sobra para não defender a seleção de seu pais,ainda mais quando jogador por aqui viaja para os jogos,de ônibus,e numa final de Jogos do Interior de S.Paulo duas equipes se enfrentem com somente cinco jogadores de um lado e seis do outro,já que os restantes foram dispensados por seus medicos e técnicos,momentos antes do inicio da partida,pelo conhecimento que haveria um exame anti-doping ao final do jogo.E isso numa realidade em que os salarios por uma temporada de 4-5 meses não ultrapassam os 10 mil reais.O que dizer então quando estão em jogo 30 milhões de dólares? Haja tendões!

A GRANDE COVARDIA.

Abro o jornal,e na página de esportes me deparo com uma reportagem sobre basquete feminino, uma fóto da Janeth e sua afirmativa de que estava desempregada, não tendo estabelecido nenhum contrato com as equipes que disputarão o campeonato da CBB. Naquele momento estudava sua participação no campeonato da NLB ora começado,mesmo com a ameaça de não convocação para a seleção brasileira que disputará o Mundial,ou seja,a mais experiente e capitã da seleção está ameaçada de não ser convocada pelos donos do basquete brasileiro se aceitar um contrato de equipe da NLB.Em outras palavras,ou aguarda na ociosidade a convocação,ou,no caso de garantir seu sustento estará fora da seleção.Trata-se de uma atitude da mais pura covardia,não com a Janeth,mas para com o basquete feminino do país,que desde sempre foi relegado ao segundo plano na CBB,mas que nunca perdeu a oportunidade de se promover com as vitórias dessas valorosas jogadoras,e de seus técnicos,principal e basicamente em São Paulo.Nos últimos 30 anos foram os técnicos e as técnicas paulistas que mantiveram o basquete feminino no mais alto patamar que equipes de basquetebol alcançaram no Brasil e nas competições internacionais,mesmo com as agressões mais descabidas que sofreram no momento de verem seus esforços reconhecidos,principalmente nas duas conquistas mais representativas,o Mundial e a Olimpiada,onde foram campeãs e vice-campeãs respectivamente.E ai cabe uma pequena,porém elucidativa e terrivel historinha de horror administrativo,da qual fui testemunha,e que me revoltou a ponto de nunca mais voltar a pisar na sede da CBB.Estava voltando de Portugal onde havia concluido meu Doutorado em Ciências do Desporto,com uma tese sobre arremessos de basquetebol,e fui até a sede da CBB ofertar uma cópia da mesma para ser divulgada a todos os interessados em pesquisa dos esportes,ainda mais que o presidente na ocasião era um Professor Titular da UFRJ,que havia sido meu professor e com o qual trabalhei no Departamento de Metodologia da Ed.Fisica da EEFD/UFRJ,o Prof.Renato Brito Cunha.Em seu gabinete,aguardei por sua atenção,pois ao telefone travava uma áspera discussão com a diretoria de uma equipe de São José dos Campos sobre o Campeonato Nacional,e sobre as eleições que se aproximavam.Ao desligar,muito nervoso e bastante colérico disse a mim que daria uma lição naquela turma que não o apoiava,e pediu ao superintendente que fizesse entrar aquele que dirigiria a equipe brasileira no Mundial da Austrália.Imediatamente,fiz ver ao presidente o tremendo erro e grande injustiça se aquela atitude fosse tomada,principalmente com os técnicos que trabalharam por 20 anos até alcançarem o estágio técnico que aquelas jogadoras atingiram,e que o técnico que ele estaria indicando em nenhum momento participou diretamente daquele esforço nas divisões superiores.Minha veemência em nada alterou o sentido punitivo do presidente,e a história daquela formidável equipe,fruto de um trabalho hercúleo de um punhado de técnicos culminou em dois dos mais importantes títulos de nosso basquete,e que cairam nos braços de quem era ainda jogador infantil quando todo aquela epopéia começou 20 anos antes.Quando de meu sexagésimo aniversário,reuni em minha casa algumas das jogadoras que dirigi no tri-campeonato brasileiro feminino de 1966,e a elas se juntaram as grandes Maria Helena e Heleninha.No meio da comemoração dirigí-me às duas e pedi que me relatassem quais foram as reações das principais jogadoras da seleção ante àquela escolha para o Mundial.Disseram-me que algumas lhes telefonaram afirmando que não aceitariam a convocação se fosse mantida a escolha do técnico.As duas grandes mestras reagiram contra tais posições com o argumento maior de que não poderiam deixar passar a grande chance de suas vidas,e que custaram tanto tempo e tantos sacrifícios,mesmo ante tão gritante injustiça.A equipe estava pronta e madura para os embates que se sucederiam,e não seria uma atitude de vendeta que tiraria da mesma suas reais chances de vitória.E foi o que se sucedeu,e o técnico e a CBB não tiveram maiores problemas comportamentais,graças à interferência maior,mesmo magoada,das representantes do grupo de técnicos que colocaram aquelas atletas no estágio de excelência em que se encontravam.Com esse relato,na presença de outras jogadoras veteranas, do grande Guilherme Franco e do Raimundo Nonato,também presente no aniversário e que foi o Chefe da delegação naquele campeonato,tive a sensação de que ao me indignar naquele gabinete o fiz com carradas de razão, onde o fato de não negar competência profissional ao técnico escolhido, não afastaria de mim o amargo sabor da brutal injustiça cometida contra os verdadeiros responsáveis pelo alto padrão técnico daquela geração.Logo,podemos concluir que o que ocorre hoje com a grande Janeth vem se tornando um lugar comum na história desse surpreendente basquete feminino brasileiro,que não se sabe como,sempre encontra soluções positivas,mesmo quando só é lembrado na hora de levantar as taças e os troféus,nem sempre por quem de direito, pelo mérito,pela justiça.A grande ironia de tudo isso,é que os maiores beneficiários dessas conquistas viraram as costas para o basquete feminino,e canalizaram suas glórias para o masculino, onde não conseguem, nem de longe repetir o que aquelas jogadoras alcançaram,não só para si mesmas, mas para todos nós, justos ou injustos. São as mulheres do Brasil, brilhantes e competentes. A elas minhas homenagens.