AS GUERREIRAS

E ai está o grego melhor que um presente,tecendo comentários ufanistas sobre o mundial feminino que começa terça-feira, analizando a equipe brasileira como se técnico fôsse. São comentários dignos de um dirigente que tudo faz e produz para que essa equipe represente o basquete feminino brasileiro, aquele mesmo que tem de sua parte todo o apôio e organização, desde a formação de base, até os grandes campeonatos e torneios que fazem dele o que realmente é. O que realmente ele é? Advinharam? Nem é preciso, basta ver a relação das doze selecionadas, e vermos, consternados, que a sua estrela maior não atua em nenhuma equipe, e que a esmagadora maioria das demais se espalham pelo mundo, da Coréia à Polonia, afugentadas que foram,de longa data, pela inépcia administrativa do senhor analista. Mas que grande milagre faz com que, apesar do literal abandono a que sempre foi relegado, esse valente basquete feminino brasileiro, sempre comparece com brio e grandes resultados nas competições internacionais? Simplesmente um grupo de excelentes técnicos e técnicas, que não deixam, como nunca deixaram a peteca cair, principalmente no estado de São Paulo, mas que na hora de verem o resultado de seus imensos esforços recompensados quando das maiores conquistas dessa equipe formidável, viram a direção da mesma entregue, por motivos políticos, a quem não de direito numa administração anterior, e arrasada administrativamente na atual. Mas a turma é insistente e profundamente comprometida com a formação de base, e aos trancos e barrancos mantêm acesos seus ideais, e de acreditarem sempre em dias melhores. No entanto, algo me preocupa nessa equipe, o fato de ter sido estabelecido para a mesma os princípios técnico-táticos que levaram a equipe masculina para o fundo do poço, ou seja, a implementação maciça do mesmo sistema de jogo daquela, com uma aplicação determinante do passing game, que parece ser a marca registrada dessa lamentável administração, também do lado técnico. Fica bastante claro que as comissões técnicas da UNICBB se pautam por este sistema de jogo, que no caso da equipe feminina não se adequa, pelo fato da mesma ser composta de jogadoras mais hábeis nos fundamentos que a equipe masculina, e que a convocação de duas únicas armadoras puras,responsáveis pela dinâmica da equipe, e pela iniciativa defensiva fora do perímetro, poderá vir a ser danosa, pois numa competição intensa e rápida como esta, uma contusão, ou mesmo o desgaste natural nas partidas, poderá deixar a equipe fragilizada nesta básica função. Ao contrário da masculina, pode essa equipe contar com alas verdadeiras, e boas e experientes pivôs. Mas no momento por que passa a modalidade, atrelada a principios totalmente díspares às nossas reais e tradicionais aptidões, nada mais poderá nos convencer de que algo possa ser mudado e estabelecido, a não ser que um movimento renovador surja de fora desse lastimável e tenebroso emaranhado em que transformaram, o que foi um dia, a segunda paixão desportiva do povo brasileiro, hoje vítima de chacotas e imerecido desprezo, portas abertas ao irremediável e doloroso esquecimento. Mais uma vez, nossas valentes guerreiras estarão na linha de frente, mesmo que abandonadas e esquecidas por uma retaguarda pusilânime e covarde, mas que não se privará dos louros, se estes vierem a, mais uma vez, acontecer. Torço por elas, as guerreiras
desse nosso injusto país.



2 comentários

  1. Rodrigo Alves 11.09.2006

    Caro professor, engrosso sua torcida para que o talento dentro da quadra vença a bagunça fora dela. Estou de partida para São Paulo, onde vou acompanhar o Mundial de perto e, claro, continuarei atento a esta trincheira, sempre aprendendo com seus textos. Grande abraço,
    Rodrigo Alves

  2. Basquete Brasil 11.09.2006

    Caro Rodrigo,sei que fará um belo trabalho em SP nesse mundial feminino, e só não entendo a holding a que pertence o Sportv,não ter ainda levado seu Rebote para as páginas do jornalão, órfão, como os outros de uma coluna específica, como a do inesquecível Melk na Fôlha.Sucesso e um abraço.Paulo Murilo

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