O ESCATOLÓGICO ACHISMO…

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Eis-me de volta para mais um ano de presença ante o grande jogo, para satisfação de uns poucos, e muita raiva e desprezo da maioria, principalmente daqueles que consideram a data de seus nascimentos coincidentes com o do basquetebol, negando o pequeno espaço de tempo que os separam de um certo James Naismith que o inventou um pouquinho antes, em 1893…

Pois é, já fazem treze anos que aqui estou nesse humilde espaço, teimando em pesquisar, estudar e reverenciar os que me antecederam na estrada de pedras, depois de a percorrer por mais de 50 anos, aprendendo muito mais do que ensinando, perdendo mais do que ganhando, trabalhando muito além do exigido, como todo professor e técnico que se preze, ainda mais quando natural de um país que não o valoriza, relegando-o às sobras de verbas gastas em suntuosidades megalópicas, onde o roubar se tornou endêmico, onde a ignorância é imposta como projeto político, onde os valores culturais e a ética se tornaram dispensáveis…

Então, creio ter justificado alguma ausência no espaço, não pela idade que alcancei, mas pela mais absoluta falta do que mais prezo, e sempre propugnei, apliquei e desenvolvi fora e dentro das quadras, a permanente e incansável busca pelo novo, pelo inusitado, pelo desafio, única forma de manter a mente e o espírito alertas, desde sempre, não só em mim, mas principalmente, nos alunos e atletas, que os tive a perder de conta, porém lembrados e cultuados, cada um deles, dos quais tenho imensas saudades…

Vamos então a alguns fatos, mesmo aqueles que me desagradam, que ferem o bom senso, que magoam os sentidos, que ofendem o grande jogo:

– Comecemos com o NBB, onde a insânia dos três pontos nunca esteve tão presente, fruto da inexistência defensiva fora do perímetro, preocupados que estão estrategistas e jogadores com a evolução dos atuais homens altos dentro do mesmo, quando defendê-los pela frente, numa verdadeira e lateralizada linha da bola, criaria o equilíbrio de forças necessário à contestação dos longos arremessos, fator técnico de difícil e complexo aprendizado, sendo por isso mesmo o grande prêmio a ser alcançado pelos verdadeiros praticantes do grande jogo, tanto os que aprendem, como os que ensinam. Alguns números emprestam a relevância a esse princípio, como os acontecidos em jogos recentes, onde num Ceará x Bauru, 23/68 foram os arremessos de dois pontos, contra 28/70 de três, ou num Mogi x Ceará, com 29/60 de dois e 31/78 (isso mesmo, 78 arremessos de três!!!!!), e muitos jogos com mais de 50 tentativas de fora, numa autofagia indescritível de ruindade basquetebolistica, tudo somado a média absurda de 25 erros de fundamentos por jogo, salvo muito poucas exceções. Duvidam? Façam as contas, por favor…Ah, um exemplo derradeiro? Paulistano x Vasco, 29/63 de dois, 20/55 de três e 25 erros de fundamentos. Definitivamente tem algo de errado com nosso basquetebol…

– Em dois meses acontecerá a eleição na CBB, onde duas chapas já declaradas e oficializadas se defrontarão dentro de regras estatutárias, retrógradas e viciadas, porém com um fator novo, o de uma delas ser composta por pessoas fora do contexto da casa, que garantiu anos e anos de um continuísmo destruidor de tudo aquilo que garimpamos duramente por anos e anos de trabalho, formada por pessoas ligadas a modalidade, mas não pertencente a situação, que se vencedora for, quem sabe, impulsionará o grande jogo a tempos melhores e mais sadios, se além de se ater ao implemento de modernas técnicas gerenciais e de desenvolvimento massivo, se dedicar ao verdadeiro óbice que nos estrangula a quase três décadas, o fator técnico, que no frigir dos ovos, é a verdadeira função confederativa, dolosamente esquecida e vilipendiada pela política do escambo, do apadrinhamento e do corporativismo de uma minoria lá encastelada, onde os interesses pessoais e econômicos se sobrepõem ao jogo em si, ao grande jogo…

Finalmente, não posso nem devo deixar passar uma preocupante tendência, a da elevação de um outro jogo, com regras próprias, com interesses hegemônicos, não só esportivos, como comerciais, políticos até, de outro país, junto a nossos jovens, com promessas de transmissões em rede aberta, eivado de comentaristas amparados e escorados por toneladas de computadorizadas informações, nas TVs e na internet, onde comentam “a fundo” o que absolutamente não conhecem no sentido prático, num escatológico achismo que fere de morte o nosso ainda cambaleante NBB, este sim, tão necessitado de discussões opinativas visando seu desenvolvimento técnico e tático, e que pertence a uma realidade antítese daquela que tentam nos empurrar a fórceps, bem sabendo que é um produto de outra espécie de sociedade, resultante de políticas educacionais e culturais inexistentes aqui, numa forçação de barra profundamente irresponsável e até certo ponto, perigosa…

Conheço a NBA desde os anos sessenta, quando lá estive estudando, e desde aquela época concordava não ser aquele o caminho que deveríamos trilhar, pois totalmente fora da nossa realidade esportiva, educacional, econômica, cultural e política, não fosse àquela época, em plena convulsão racial, ser nomeada embaixadora americana para os países do mundo a equipe dos Harlem Globetrotters, na tentativa governamental de atenuar os graves efeitos da integração no plano socioeconômico fora de suas fronteiras, pois somente o basquetebol tinha penetração mundial, e não os restritos football (o deles), baseball, ice hockey. Hoje os interesses são outros, todos de bases mercadológicas, sem dúvida alguma…

Bem, fico por aqui, prometendo ser mais presente aqui no blog, já que grandes eventos nos aguardam, mas que não sejam jogadas monstros, tocos, e hemorragias dos três. O grande jogo merece coisa melhor, bem melhor…

Em tempo – Agora mesmo assisti a partida Mogi x Bauru, descrita como da mais alta técnica, incensada e comentada como o verdadeiro basquete brasileiro, mas que apresentou ao seu final estes inacreditáveis, comprometedores e constrangedores números – 36/52 arremessos de 2 pontos e, acreditem, 19/72 de três, com a equipe perdedora do Bauru perpetrando 13/19 de 2 e absurdos 10/42 de 3, sendo que num dos pedidos de tempo o técnico da equipe pediu jogo mais no interior do perímetro, sendo demovido pelos jogadores que optaram pela artilharia insana de fora, tudo isso emoldurado por 24 erros de fundamentos. Inacreditável…

Amém.

Foto – Foto captada na internet. Clique na mesma para ampliá-la.

 

A MESMICE CONFRONTADA…

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E de repente já não me sinto tão sozinho nessa inglória luta, depois de garimpar o texto abaixo do técnico Marcus Hygino curtido pelo Miguel Palmier (dois que jamais se esconderam ou se camuflaram no anonimato) no Facebook, fazendo eco ao que publico a anos nesse humilde blog, apontando o verdadeiro fator que nos tem levado ladeira abaixo nas competições internacionais de relevo, e não esses torneios meia boca contra equipes que se encontram em aeroportos, jogando em ginásios semi desertos, num carrossel de mesmice técnica que bem reflete nossa realidade, da base a elite, onde a criatividade, o improviso consciente e o coletivismo baseado nos fundamentos, nos sistemas corajosos e inovadores, se perdem na mediocridade e ausência quase total de sólidos conhecimentos sobre o grande jogo, por parte de uma geração de estrategistas com suas midiáticas pranchetas que expõem o seu real, confiável e convincente domínio dessa complexa modalidade, ou seja, muito, muito pouco, quase nada…

Somemos a essa indiscutível evidência o apoio indesculpável de uma mídia surda e cega aos palavrões cada vez mais frequentes nos pedidos de tempo, acompanhados de gritinhos e esgares “motivacionais”, folclóricas dancinhas ao lado das quadras, insufladas e propositais pressões nas arbitragens, levando um perigoso e irresponsável recado a torcidas cada vez mais agressivas, completamente ao largo dos princípios éticos esportivos inerentes ao grande jogo desde sempre. E nesse ponto, vamos ao texto do Marcus:

O que acontece com os técnicos de basquete que atuam no Brasil? Pude ver, praticamente todos os jogos do NBB, tanto na Band, quanto no Sportv. Não sei se algum de vocês escutaram falar do termo, “TUDO JAPONÊS”, pois é, as equipes da NBB, com raríssima exceção por causa de um ou outro jogador, utiliza muito bem esse jargão! Que isto? Se mudar todas as equipes de camisa, vamos observar que todos, mas absolutamente todos fazem a mesma coisa. Não se vê um contra ataque, não se vê uma transição bem feita, não se vê nenhum jogo sem bola, não se vê nenhuma equipe abrindo espaço no 5 x 5, só se vê finalizações descabidas e totalmente erradas pro momento do jogo, equipes em quadra sem tesão de jogar, pivot toda hora saindo pro chute, feio, tudo muito feio! Com raras exceções( por isto que o Marcelinho Machado jogará até os 60 anos), jogador não sabe nem utilizar o passe adequado, driblam em demasia e todo final de ataque, digo TODOS OS FINAIS de ataque são fechados em 1 x 1! E para finalizar, avisem a todos os técnicos que a utilização da “PRANCHETA”, não é obrigatório, é um recurso de auxílio em situação especial! Passa a ser ridículo e cômico, como em todo tempo técnico, só passam orientações na dita cuja!

Creio que nada mais precisa ser dito…

Amém

Foto – A imagem do caos. Reprodução da TV.

 

O EDUCADO E AMÁVEL JOÃO ROSSI…

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Terminado o jogo no Pinheiros pelo NBB2, quando na direção do Saldanha, após 19 dias de intenso treinamento, estando a equipe na lanterna da competição, apresentando uma forma totalmente diferenciada de atuar, na contra mão de todas as equipes da liga, e mesmo perdendo por 11 pontos depois de liderar os três quartos iniciais, estava recolhendo meus haveres no banco, sozinho, pois toda a equipe já se encontrava no vestiário, quando um senhor de camisa vermelha se aproxima e se apresenta – Sou João Rossi, dirigente esportivo do Pinheiros, e quero felicitá-lo pela bela apresentação de sua equipe, inclusive sou leitor de seu blog, e gostaria que soubesse que as portas do clube estarão sempre abertas para recebê-lo – Agradeci lisonjeado, ficando com a inteira certeza de que estava trilhando um caminho factível, mesmo sendo incomum, ainda mais pelo reconhecimento da figura maior da direção daquele mítico clube, que acabara de nos vencer…

Dois dias depois vencemos o Paulistano em seu ginásio, reforçando em mim e a todos a certeza de que reverteríamos aquela incômoda posição. No entanto, no retorno a Vitória vi acontecer um indesejado retrocesso com o afastamento compulsório de três dos mais importantes jogadores da equipe, nos lançando em três semanas de derrotas, a maioria das quais não teriam acontecido se o grupo tivesse permanecido coeso e unido, não mesmo…

Porém, com muita garra e empenho nos treinamentos conseguimos alinhar três vitórias seguidas, contra equipes já qualificadas nos playoffs, inclusive a que venceria a competição no mês seguinte, o poderoso Brasília…

Terminada a competição, tendo sido apontado em blogs basqueteiros como o técnico do ano, comparecí ao encerramento solene daquele NBB2 no Pinheiros, para a entrega dos prêmios concernentes a competição, para após o mesmo, acontecer o Congresso dos técnicos e assistentes num hotel fazenda em Campinas por três dias. Foi naquela solenidade que reencontrei o educado e amável João Rossi, estando eu acompanhado do diretor do Saldanha, Alarico Duarte. Foi então, que na presença do mesmo, o João Rossi reiterou o convite para me transferir para o seu clube, me parecendo pela transparência do momento que ambos já conheciam o teor da oferta, esperando somente a minha decisão, que não poderia ter sido outra que não reforçar o compromisso de enfrentar o grande desafio em Vitória, como havia prometido ao Alarico, a toda a equipe e torcida vibrante. O que aconteceu depois é de pleno conhecimento dos leitores, pois publiquei todos os fatos, que culminaram com meu afastamento do basquetebol da LNB…

Interessante recordar que durante os três dias do congresso, onde participei ativamente na formulação e questionamento de perguntas sobre os vários e importantes temas apresentados, inclusive com a presença do novo técnico nacional, Magnano, e onde sofri um grande afastamento da maioria da comunidade basqueteira ali presente (certamente pela existência do Basquete Brasil), com pouquíssimas exceções, entre elas a frequente presença do João Rossi, sempre atento às minhas intervenções, tendo inclusive discutido uma delas após as palestras dos técnicos…

Foi em um dos intervalos das palestras, que recebi a sugestão de um dos dirigentes da LNB de deixar de publicar esse blog, pois o mesmo não se coadunava com a função técnica, a qual discordei veementemente, apresentando como argumento o fato de ter publicado o dia a dia da minha função no Saldanha, como ajuda aos técnicos mais jovens em seu aprendizado, com enorme sucesso e repercussão, fator que de forma alguma conflitava com as funções de técnico daquela equipe…

Durante todos estes anos de compulsório afastamento, jamais encontrei uma explicação coerente e franca que a justificasse, ainda mais pelo inconteste fato de ter visto a imensa maioria de minhas convicções e práticas sistêmicas terem sido utilizadas por todos os técnicos da liga (vide a dupla armação, dois e até três pivôs ágeis dentro do perímetro, defesa linha da bola, etc.), abertamente na prática, solertemente negada no reconhecimento, com uma ou outra exceção, muito poucas que pudessem reverter o covarde e coercitivo limbo…

Agora, o João Rossi preside com justiça a liga maior, com a promessa de a elevar a patamares mais altos, principalmente o técnico, que sempre considerei o nosso exposto tendão de Aquiles, desde a base formativa até a elite, e quem sabe, poderei ter a chance de entender o castigo a que fui submetido depois de mais de 50 anos de profissão, como professor e técnico, hoje jornalista bissexto, papel honroso, mas não protagonista no exercício do grande jogo, nesse imenso, demeritado e injusto país…

Amém.

Foto – Autoral. Técnicos e Assistentes presentes ao Congresso de Técnicos do NBB2. Clique na mesma duas vezes em sequencia para ampliá-la.

A ARTE DE ENSINAR…

Falando de fluidez em ações e movimentos, situações que devem e podem ser treinadas, ensinadas por quem realmente as dominam didática e praticamente, eis um exemplo de alta qualidade na dança moderna, que pode e deve ser emulado, por exemplo, no ensino do drible, das fintas, dos passes, dos arremessos, da defesa, enfim, dos fundamentos no basquetebol, em vez de exigi-los através rabiscos desconexos numa primária e descerebrada prancheta. Que fique o exemplo de competência na arte suprema de ensinar.

https://www.facebook.com/andrea.raw/videos/10211329942546598/

Com a palavra os “estrategistas” de plantão…

Amém.

Video – Clique no link acima, amplie para a tele cheia e aprecie o que venha a ser um sequenciamento didático visando a fluidez de movimentos.

E TUDO CONTINUA E CONTINUARÁ IGUAL, LAMENTAVELMENTE…

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Não tem sido fácil para mim manter essa abstinência de artigos sobre o grande jogo, mas é que estava sendo doloroso demais externar a mesmice endêmica em que ele foi afundado, documentando uma outra mesmice crítica aqui nesse humilde blog, a de que nada mudou, e nem mudará, se dependermos da tradicional e da nova geração de estrategistas que enganam e se escondem por trás do biombo travestido de prancheta, mais midiática do que de importância realmente técnica, a não ser para seus equivocados utentes…

E o mais emblemático é assistirmos o beneplácito da crítica especializada, sempre pronta a absolver a garranchada exposta nas mesmas, para mais adiante confessar que a grande maioria dos “atentos e interessados” jogadores, simplesmente não cumprem nada do que é lá rabiscado, lambuzado e diligentemente apagado com as costas daquelas mãos sôfregas e tatibitates…

E é nesse ponto que sugiro algo didaticamente interessante e elucidativo, que pranchetassem sobre folhas soltas, como nas antigas tabuletas de presença  dos bedéis de escolas, para que ao final dos jogos pudessem admirar, quem sabe, entender eles mesmos o que perpetraram nos seus caóticos pedidos de tempo, folhas ordenadas cronológicamente por um dos incontáveis assistentes refestelados nos bancos, como auxiliares privilegiados na pressão das arbitragens, como documentos que muito esclareceriam (?) certas atitudes e decisões quando nas revisões videografada pós jogos, e que para melhor entendimento justificariam, ou não, a enxurrada de palavrões e reprimendas ditatoriais e infantis em adultos, muito dos quais, pais de família…

Joga-se o NBB9 como jogaram os de 1 a 8, iguais, monocórdicos, com uma ou outra ilustração, como a da moda atual, o fator “intensidade”, aquele que concede primazia à equipe que supere pelo diferenciado esforço físico o sistema de jogo utilizado por todos igualmente, na tentativa de equalizar, e mesmo superar, a maior qualificação de jogadores nas estratificadas posições de 1 a 5, chaga que nos aflige e corrói técnica e taticamente desde sempre, determinando a ascendência de dirigentes, agentes, empresários e técnicos coniventes com o sólido corporativismo que implantaram para protegerem-se de inovações que ponham em risco seu sagrado e fechado mercado…

E pensar que bastaria uma ou duas equipes que se diferenciassem na forma de ver, sentir e jogar o grande jogo, de preferência formada por jogadores pouco ou nada ranqueados, dos muitos e muitos que existem nesse enorme e injusto país, dirigidos e orientados a sistemas diferenciados, que os tornassem proprietários de uma nova forma de atuar, reagir, criar e improvisar por sobre algo perfeitamente tangível, existente e factível, porém, vedada aos medíocres, aos omissos, aos osmóticos que simplesmente copiam, atuam e se comportam como vedetes intocáveis, midiática e politicamente, onde, com pouquíssimas exceções, pululam desde as categorias de base até a elite, posudos, e profundamente equivocados sobre suas pseudo importâncias e influências sobre os mais jovens, reservando aos mesmos o palavrório de baixo calão que expelem nas transmissões televisivas, explicadas e relevadas pelos comentaristas e narradores como “explosões normais de jogo”, numa absurda e imperdoável conivência…

Por tudo isso, e por ter tido um dia a oportunidade de atuar na liga, e dar seguimento a um comportamento linear desde as categorias formativas por mais de 50 anos, como professor, técnico e agora jornalista, é que me sinto desconfortável em simplesmente assistir e escutar o que jamais admiti, pratiquei e utilizei como mensagem a jogadores e aos mais jovens, para os quais a chave de sua educação passa inquestionavelmente  pelo exemplo dos que comandam, fator básico para o progresso cidadão dos mesmos…

Mesmice técnica e tática endêmica, pranchetas midiáticas, palavrões, gestual circense ao lado das quadras, pressão descabida nas arbitragens e apoio inconteste dos que decidem sobre tantos e discutíveis comportamentos, cansam, ou melhor, se tornam insuportáveis…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma duplamente para ampliá-la.

                                                                                                                                                                 

CONSTATANDO, LAMENTANDO, SUGERINDO…

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Finalmente aconteceu o que nunca deveria ter acontecido, na medida em que toda aquela “ gente” escondida e escamoteada pelo anonimato nas mídias “ especializadas” da modalidade jamais teve a coragem de lutar aberta e responsavelmente pelo grande jogo, dando as suas abençoadas caras aos tapas da dolorosa realidade que agora expõe e fragmenta nosso indigitado basquetebol, finalmente lançado ao colo de um COB voleibolista, e de um ME absolutamente incompetente, ambos politicamente alinhados ao desporto de “ alto nível”, em um país que ainda discute se a educação física deve ou não pertencer ao currículo básico das escolas no país. Agora mesmo, a Finlândia acaba de estabelecer seu currículo básico, tornando somente três disciplinas obrigatórias, a linguagem, a matemática e a educação física, claro, por não ser uma nação de primeiro mundo, como o nosso imenso,desigual e boçal país…

Se até o momento do desenlace dessa imensa tragédia, coube ao COB e ao ME financiarem a permanência da atual administração da CBB, injetando vultosas verbas, garantindo a incúria e descalabro lá existente, tornando por isso impossível sua capacidade de retornar ao lugar de segundo desporto no gosto popular do brasileiro, lugar este tomado desde a perda política do patrocínio do BB, fator crucial na escalada técnica do vôlei, feita e concretizada por excelentes técnicos de quadra, inteligentemente voltados ao alto nível, e distantes da formação massiva de base, já que regiamente forrados de verbas federais…

Muitos poucos lutaram às claras contra toda essa enxurrada de desacertos e incúrias administrativas, capitaneadas por elementos despreparados e totalmente voltados aos seus interesses pessoais, monetários principalmente, lá colocados por um colégio eleitoral fechado e comprometido com as benfeitorias irmãmente distribuídas, todos garantidores, por suas incapacidades, do domínio e reinado quase absoluto da nova “ paixão” do povão, o voleibol, que na recém finda olimpíada somente alcançou a quinta posição na preferência da torcida brasileira, mesmo sendo campeão, vendo o estraçalhado basquetebol na terceira…

Muito bem, o grande jogo estará até 2020 nas mãos da FIBA, do COB e do ME, ou seja, em nada evoluiremos em projetos de base, de massificação, de desenvolvimento escolar, pois sequer o MEC estará presente, ausente que teima em estar quando frente a desafiadora indústria do corpo, maleficamente instalada nesse imenso e desigual país, quando a perda da sua monumental clientela juvenil jamais poderá ser colocada em jogo, com projetos de educação física em escolas e universidades, jamais, pois é muita grana a ser conquistada, ao preço que for, mesmo que às custas da ignorância de seu povo…

Mas algo, mesmo emergencial, ainda poderia ser tentado, antes que pudéssemos dar o definitivo salto para dias melhores, que hão de vir, que terão de vir, sob o preço de afundarmos definitivamente no terceiro mundismo, algo que poderíamos fazer para dirimir, ou mesmo equilibrar a votação federativa espúria e de cartas marcadas, que tanto empobrece o cenário desportivo nacional, tornando realidade a possibilidade de indicarmos verdadeiros representantes, que elegeriam o poder confederativo de uma forma mais evoluída e equânime, já que democraticamente mais estável, o aumento da massa votante, dando às associações de técnicos estaduais, que deveriam ser estabelecidas sob a égide e orientação técnico administrativa por uma de caráter nacional, também votante, somadas a dos árbitros, todas fazendo companhia a dos jogadores, que faz parte do colégio eleitoral confederativo. Teríamos os atuais 28 votos acrescidos de mais 29 regionais mesmo, criando o salutar equilíbrio de forças atuantes no soerguimento do grande jogo no país…

Sexta feira agora, dia 25, a ABTT fará realizar em São Paulo, no Hotel São Paulo Inn Loft, das 10:00 às 14:00hs, um congresso para discutir as questões mais determinantes para o soerguimento da modalidade, e, se tivesse sido convidado, seria a proposta acima que exporia naquele plenário. Mas como bem sei que não o serei, sugiro que ao menos estudem a proposta acima, que garanto ser perfeitamente realizável, tendo como precedente condição o direito a voto da associação de jogadores, e nada mais objetivo e plausível que, no espaço temporal que nos separa de 2020, quando cessará a intervenção tríplice, não tenhamos a oportunidade e competència de termos uma associação de técnicos organizada nos 27 estados da federação, que somadas a nacional e a existente dos árbitros, duplicássemos o colégio eleitoral, dotando-o do equilíbrio fundamental ás escolhas geridas pelo mérito, pela experiência e pela comprovada competência.

Seria essa a minha colaboração aqui publicada neste humilde blog.

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duas vezes na mesma para ampliá-la e acessar a legenda.

AS DUAS FRENTES DE LUTA…

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Nos idos de 2005, com o Basquete Brasil no seu nascedouro, iniciei uma série enorme de artigos sobre a politicalha instalada na CBB, fator que nos prejudicaria naquele e nos subsequentes ciclos olímpicos, fazendo companhia ao Melchiades Filho e o Alcir Magalhães na inglória luta a ser travada, o que foi feito, intensa e inesgotavelmente, até os dias de hoje.

A luta foi pautada pelo aspecto técnico, didático, pedagógico e administrativo, visando porém a massificação, o trabalho eficiente na base, o preparo de mais e melhores professores e técnicos, a existência forte e atuante de associações de técnicos, de jogadores, de juízes, todos irmanados pelo soerguimento do grande jogo.

Mais adiante vieram o Fabio Balassiano, a turma do DraftBrasil, o Rodrigo com o seu instigante Rebote, e a luta ganhou contornos mais robustos e confiáveis, e o mais importante, começavam a influenciar opiniões em escala crescente, expondo as mazelas da mentora aos olhares inquisitivos de um público mais bem informado e interessado.

No entanto, o enfoque proposto se fragilizava frente a uma legislação que em tudo e por tudo garante o status quo vigente, onde 27 presidentes federativos, eleitos pelos clubes de seus estados, somados agora ao presidente da associação de jogadores, elegem para a CBB o candidato alinhado a seus interesses, nem um pouco focados em ciclos olímpicos, massificação e trabalhos na base, cansativos e pouco rentáveis, e por conta disso impõem sua mediocridade, ciclo após ciclo, em duas décadas de decadência programada e inexorável finitude.

Veio a LNB, e com ela uma nova proposta de profissionalismo sério e programado, à imagem das grandes ligas internacionais, inaugurando uma gestão oposta a que se faz e aplica numa CBB, carcomida pelo protecionismo, fisiologismo e obscura administração orçamentária, em nada comparada a transparente gestão da liga, fator que desencadeou uma nova frente de questionamento sobre a utilização de verbas públicas por parte de uma evasiva CBB, ação liderada pelo Fabio com o seu combativo Bala na Cesta, inaugurando uma abordagem ainda não explorada, a contabilidade omitida da CBB, num belo trabalho de jornalismo investigativo, tornando pública a catástrofe administrativa da mesma, culminando com sua suspensão pela FIBA…

E neste ponto, não posso fugir de uma análoga situação nos idos dos anos 30 na Chicago dominada por um Al Capone brutal e sanguinário, mas que somente pode ser derrubado e enclausurado pela omissão de impostos ao governo federal, num país que conota crime inafiançável a sonegação dos mesmos.

Sem dúvida alguma, no esporte profissional de hoje o poder do dinheiro ganha contornos inimagináveis, sobretudo nas modalidades mais em evidência no mundo, onde o basquetebol se situa entre os mais praticados e rentáveis. No entanto, mesmo no país em que ele é mais desenvolvido.o campo profissional inexistiria sem a massificação na base colegial e universitária, onde sua continuidade é forjada nas aulas de educação física e nas equipes amadoras dos colégios e universidades espalhadas por todo o país…

Logo, e apesar do importante trabalho jornalistico de alta qualidade do Fabio, num ponto não posso concordar, quando ele afirma num vídeo que publicou no Facebook (…) Esporte não é, não é mais educação física. Esporte é saúde, inclusão e sobretudo negócio. Esporte é muito dinheiro envolvido, e muita gente que deveria sair do esporte por não ser séria, continua comandando o nosso esporte. Esse é o problema do basquete brasileiro hoje (…)

( declaração aos 28:40 min do vídeo)

Discordo frontalmente com essa declaração, pois infringe o mais elementar princípio do esporte, sua destinação educacional, cidadã, salutar, e acima de tudo, inclusiva, social e politicamente. O esporte profissional sorve somente uma mínima parcela desse universo educacional, selecionando os mais bem dotados atlética, mental, psicológica, e tecnicamente aptos as modalidades escolhidas, marcando a grande maioria de praticantes com seus princípios humanísticos e éticos, complementando sua instrução de qualidade, numa educação democrática, igualitária, e inclusiva…

Parabenizo o Fabio  pelo seu instigante e definitivo trabalho jornalístico, que muito ajudará a esclarecer os meandros secretos do grande jogo em nosso país, culminando as velhas lutas e lutadores que o antecederam, ao apontar com precisão o ponto chave que teve a primazia de abordar com seu costumeiro brilhantismo, os tortuosos caminhos das vultosas verbas alocadas e sua gestão equivocada e incompetente.

Amém.

Foto – Arquivo pessoal

Video – Facebook Bala na Cesta.

14/11/16, UMA ICÔNICA ENCRUZILHADA…

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14/11/16 é uma data especial para mim, pois é meu aniversário, que ao longo dos anos sempre comemorei junto a família e aos amigos, todos como eu, apaixonados pelo grande jogo, pelo basquetebol querido e amado…

14/11/16 é a data da queda brutal do grande jogo entre nós no aspecto confederativo, afastado da comunidade internacional pelos desmandos e corrompida administração nas duas últimas décadas, fruto do mais deslavado e criminoso corporativismo que foi implantado ao preço do escambo político e de  interesses pessoais…

14/11/16 fratura uma ossatura doente e carcomida pela desfarçatez e insensibilidade clubística, federativa e associativa, integrantes de uma corrente eletiva de mútua ajuda e permanente colaboração interesseira, todos voltados ao bem comum da “comunidade”…

14/11/16 escancara a dura realidade negada, omitida, aviltada, postergada desde sempre, e que terá continuidade garantida pelo processo eletivo existente, onde 27 presidentes de federações, eleitos pelos clubes de cada uma delas, acrescidos do presidente da associação de jogadores elegem o poder confederativo (na maioria das vezes por aclamação), que continuará a ser determinado à luz de seus mais recônditos interesses, a não ser que sejam mudados radicalmente os meios que o exequibilizam…

14/11/16, quem sabe, se transforme no marco do efetivo soerguimento do grande jogo neste imenso e desigual país, na medida em que se faça valer o mérito e a competência, bens muito acima da politicagem arrivista e criminosa que imperou até agora. Quem sabe  se vislumbre uma nova era, quem sabe…

Amém.

Foto – Divulgação CBB.

TRISTEZAS E FELIZES MOMENTOS…

 

Realmente é muito difícil assistir e compreender o basquetebol que  estamos praticando de uns vinte e cinco anos para cá, e por mais que me esforce, caio no lugar comum da mesmice endêmica desde sempre. É muito triste e desalentadora a realidade que aí está, escancarada, de uma pobreza criativa indescritível, seja sob qualquer  argumento minimamente plausível que tentemos explicá-la

Dois bons exemplos desse impasse podem ser avaliados com razoável precisão, a linearidade sistêmica que se instalou e enrijeceu a todos na maneira uniforme, formatada e padronizada  que desenvolvem o grande jogo entre nós, e a danosa autofagia que tem se abatido por sobre todos nossos prospectos, lançados ainda muito imaturos nos porões do profissionalismo selvagem, onde não conseguem evoluir tecnicamente, pois priorizados pela engorda física e os interesses financeiros de agentes e empresários, adequando-os a valores que na maioria das vezes se chocam com suas realidades técnicas e sonhos juvenis…

Testemunhar um jogador perdido na quadra pela ausência de um simples sistema que o encaixasse no jogo de equipe, e vê-lo devolver velozmente as duas únicas bolas que recebeu no pivô, abrindo mão, ou sendo orientado a não tomar qualquer iniciativa pessoal, mas livre para tocos e enterradas pontuais, sendo avaliado como craque por uma mídia passional, torna-se, sem dúvida alguma, um preito ao desperdício, não só dele, o Bebê, mas de todos os outros que pularam as etapas mais fundamentais de sua formação, que, quem sabe, seja revertida pelos jovens que se iniciam em equipes universitárias americanas, seguindo o exemplo de australianos e canadenses, que já recolhem frutos em suas seleções nacionais…

Por outro lado, assistimos todas as equipes do NBB9 atuarem técnica e  taticamente da forma padronizada que tanto critico, e agora com uma novidade, quando todos os arremessos iniciais de suas partidas são de três pontos, como que preparando o público para a dura realidade que assistirão dali em diante, o que é algo deplorável..

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Mas hoje é um dia muito especial, não só pelo meu septuagésimo sétimo aniversário, mas pela maravilhosa constatação de que, ao contrário da enorme tristeza de me ver (nunca sentir) coercitivamente afastado do grande jogo, vejo e sinto que cumpri com alguma sobra meus deveres de professor, técnico, jornalista, e acima de tudo, pai e amigo de três filhos vencedores em suas vidas privadas e profissionais, onde a Andrea Raw, bailarina, professora, coreógrafa e produtora, vai se tornando referência da dança moderna brasileira. André Luis, designer e publicitário, firme em sua trajetória criativa na americana Novica. João David (Jay Raw), meu caçula que vive na Irlanda a cinco anos, para onde foi em busca de seu sonho como cantor, compositor e líder de sua banda Late Train, além de estar terminando a faculdade de informática e estar trabalhando na IBM. Enfim, são os melhores amigos que um pai poderia ter, ao lado daqueles que privaram, e ainda privam da minha vida de professor e incorrigível basqueteiro…

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Peço aos deuses que ainda me concedam saúde e disposição para continuar a luta pela educação de qualidade, o soerguimento do grande jogo através deste humilde blog, e o livro prometido ao André, que está prestes a ser concretizado, além de um derradeiro pequeno grande sonho, a de voltar a dirigir uma equipe, ação preparada, estudada e pesquisada por toda uma vida. Daqui a pouco almoçarei com a Andrea, feliz e recompensado por tudo, ou quase tudo…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duas vezes nas mesmas para ampliá-las.

CENAS DE UM CENÁRIO REPETIDO…

 

CENA 1 –  Ligo a TV para o início do NBB9, jogo de graúdos em  Bauru, com o time da casa recebendo o campeão da liga, o temível Flamengo…

Bola ao alto, e de saída os primeiros oito arremessos são de 3, mas a primeira cesta foi de 2. Prevendo mais uma chata avalanche de bolinhas, pois institucionalizada, troquei de programa e fui assistir algo menos previsível…

Retornei mais tarde ao final de uma segunda prorrogação e fui direto para o levantamento estatístico, e não deu outra, estava lá bem grafado, 18/66 bolinhas de 3 ( 12/37 para Bauru, 6/29 para o Flamengo), onde os especialistas detonaram sua arte mais midiática do que técnica, com 2/10 do Marcelo, 1/7 do Marcos, 3/10 do Alex e 1/8 do Meindl, num jogo vencido a duras penas pelos 12/18 do J. Batista nos sempre relegados 2 pontos (num total de 26/56 de sua equipe), e nos 30/35 Lances livres de apenas 1 ponto cada (com Bauru perpetrando 17/28 nos mesmos), numa partida que perdeu por 3 pontos…

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É duro, duríssimo constatar que o cenário continua inalterado, congelado, estratificado, onde 31 erros de fundamentos são cometidos, parecendo nulas as pré temporadas que fazem para acentuar a mesmice em que vivem, com as pranchetas cada vez mais presentes, asfixiantes, exalando as percepções equivocadas de seus postulantes, a cada temporada mais grudados e confidentes com seus inermes e limitados alter egos…

Eis que recebo um telefonema de um amigo de longa data, que me confidencia – Paulo, aconteceu neste jogo aquilo que você denomina como o “sonho dourado” dos estrategistas, outorgando-os com um tempo para cada ataque a ser realizado , pois as quatro e decisivas ações ao final do tempo regulamentar foram antecedidos de pedidos de tempo, como que monitorando genericamente o comportamento presente no campo de jogo, fator que considero o mais nocivo para o desenvolvimento adulto e pensante dos jogadores (e não marionetes descerebrados), cuja ausência de raciocínio, acuidade mental e física nos momentos de decisão, nos tem cobrado amargamente quando em seleções nacionais…

Claro, claríssimo, que para o grande público “sobram emoções”, mas que nada somam às nossas reais e técnicas necessidades nas grandes competições internacionais (acredito mesmo que essa turma não está nem aí para isso, voltados que estão para seus dotes mágicos de estrategistas, e para seus currículos…), onde nosso previsibilíssimo jogo, se choca com a dura realidade da mais ausente e ansiada criatividade, produto de ações espontâneas e treinadas, jamais tuteladas de fora do campo de luta, através aqueles que se consideram os donos do grande jogo, sem jogá-lo…

Mas Paulo, a maioria, ou quase a totalidade deles jogou, muitos, inclusive saindo direto da condição de jogador para a de estrategista, ou não?…

Sim, é verdade, e o mais insólito é que o fizeram no âmago do sistema único, mantendo-o como a suprema verdade (certamente a única que conhecem) que nos tem esmagado irremediavelmente, e até agora, sem previsível reversão, o que é trágico…

CENA 2 – Ao início da nona temporada da LNB, com seu já bem estabelecido NBB, agora supervisionado por uma NBA cada vez mais inclusa no mercado tupiniquim, subvencionando parte dele no aspecto comercial e de marketing, indicando um caminho que  conhece e domina em seu país de origem, bem diferente da realidade que nos toca, sem a estrutura de base escolar e universitária que os tornam estáveis às oscilações estruturais e econômicas que nos afligem desde sempre, e que deixa num segundo plano outra de nossas maiores deficiências, talvez a maior de todas, a técnica do grande jogo aqui praticado. Ao adotarmos fiel e cegamente o sistema único, originado na grande liga, formatando e padronizando-o, trilhamos um caminho até agora sem volta, monocórdio, instalando e fixando a mesmice endêmica, que só nos faz retroceder ano após ano, década após década, lamentavelmente…

Fica bem claro que dificilmente sairemos desse estágio técnico em que nos encontramos, pois torna-se evidente a força cada vez maior do corporativismo que une a todos, dirigentes, agentes, técnicos,  jogadores, e grande parte da mídia, interessados em manter os espaços conseguidos, numa rasgação de seda disseminada e aceita por todos, engalanando e incensando a mediocridade técnica vigente, envolvendo emocionalmente jogos abaixo da crítica mais benevolente, achando que dessa forma promove e desenvolve o grande jogo entre nós, cometendo o equívoco mais letal, o de omitir sua vulnerabilidade técnica, tática, e acima de tudo, estratégica…

CENA 3 – Me preocupa sobremaneira o processo de estagnação que se instalou técnica e taticamente no nosso basquetebol, fator este desestimulante aos que torcem e assistiam os jogos em busca de jogadas e jogadores de qualidade, uma raridade hoje em dia, com o basquete pasteurizado e medíocre que acontece repetidamente em nossas quadras.

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Agora mesmo, no sul americano de clubes, a equipe do Paulistano perpetrou um dantesco 15/40 nos arremessos de três, e somente 11/27 de dois pontos, deixando bastante clara a opção de seu técnico, digo, estrategista, pelos arremessos de fora, e inclusive, num de seus tempos, arguiu fortemente seus jogadores, mencionando estarem os mesmos com “cagaço” (desculpem…) de arremessar, passando a bola para companheiros marcados, que assim mesmo arremessaram, numa oportuna postura de colocar nas mãos dos jogadores a responsabilidade decisória, algo discutível, pelos 40 arremessos de três, somente possíveis com sua particular anuência, deixando esplícita a incapacidade de sua equipe de decidir “lá dentro”, haja vista as 20 conclusões nesta estratégica área, onde seu vencedor adversário concluiu 34…

CENA FINAL – Decididamente, nada deixa prever que acontecerão mudanças técnico táticas neste MBB9, e os primeiros jogos confirmam essa tendência, repetida, aliás, desde sempre, desde a fundação da LNB. O resultado imediato dessa trágica realidade é o da continuidade corporativista existente, onde a forma atual de jogarmos o grande jogo se tornará praticamente definitiva daqui para diante, sem que qualquer corrente contraditória tenha a oportunidade de se antepor a essa catástrofe, onde a “filosofia” dos arremessos de três, das enterradas “monstros”, e do reinado das midiáticas pranchetas, arautos do vazio técnico tático que nos esclui da criatividade, do improviso responsável, do coletivismo decorrente da simbiose entre técnico e jogadores, aspecto estratégico definidor dos grandes objetivos inerentes a modalidade, da base a elite, na qual a exigência de qualificação superior se torna fundamental, e cuja minimização alimenta o arrivismo e a expansão dos provisionamentos ditos “legais”…     .

Sinceramente, não é a melhor das perspectivas que nos aguardam…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas e nas subsequentes para ampliá-las.