A REALÍSTICA IMPORTÂNCIA DO JOGO INTERNO…

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(…) Todo jogador, quando sonha, pensa se vai decidir uma partida num lance livre ou numa bola de três. Hoje (ontem), foi meu grande momento, e que não faz parte do meu jogo. Eu não sou um cara com muitos pontos de rebote, tanto defensiva quanto ofensivamente, mas aproveitei – disse (…)

Relato do jogador Marquinhos ao jornal O Globo de hoje (10/8/16) sobre sua cesta de tapinha na vitoria sobre a Espanha no torneio olímpico.

Mas deveria fazer obrigatoriamente parte, por sua velocidade, estatura e envergadura, quando jogar próximo a cesta com maior frequência o tornaria um jogador muito mais eficiente do que é, bastando aprimorar seu drible de esquerda e fintas sem a bola, como no jogo em questão, onde ao se colocar em velocidade embaixo da cesta, conseguiu num sutil golpe de direita encestar a bola decisiva, pela qual será sempre lembrado, e não pela torrente de arremessos de três sem a mesma precisa eficiência alcançada, quando próximo ao objetivo final do grande jogo…

Foi o oposto desfecho do jogo anterior, de uma equipe que, sedimentada numa defesa mais agressiva, contestadora e intimidante, se jogou de cabeça no jogo interior com 19/45 conclusões de dois pontos, contra 14/33 de uma Espanha claudicante nas bolas de três (5/19), uma de suas armas, e mais ainda, na falência nos lances livres (22/33), oportunizando um bem vindo equilíbrio a uma equipe que, teimosamente ainda insiste nas imprecisas bolinhas (4/15), vicio que quando superado, acrescentará muita qualidade ao seu jogo, bastando se convencer de um tipo de “continha” que repito seguidamente nesse humilde espaço, quando bastaria substituir a metade das bolas perdidas de três pelas tentativas mais precisas e eficientes de dois, para vencer jogos pegados como esse, com folga considerável. Quem sabe um dia se convencerão desse vencedor expediente, quem sabe…

Corretíssima a limitação ( se é que aconteceu…) imposta aos impulsos peladeiros do Leandro, cedendo espaço a uma válida tentativa de armar seus companheiros enfiados na cozinha espanhola, ação esta muito bem realizada pelos armadores Huertas e Raul, e até mesmo pelo Alex, quando solicitado, porém todos eles comprometidos com uma defesa mais sólida e confiável, nada impossível de ser realizada com competência e empenho, focada como prioritária por todos, em vez do apelo midiático das enterradas e bolinhas de três…

Se tivermos a coragem de enfiar três alas pivôs em constantes deslocamentos, cruzamentos e corta luzes no âmago das defesas que nos aguardam, alimentados sequencialmente por dois armadores que possuímos com boas qualificações (poderiam ser melhores se esse sistema 2-3 fosse desenvolvido prioritariamente), teríamos grandes chances na continuidade deste e dos futuros torneios internacionais que participaremos, e quem sabe, evoluindo tática e tecnicamente a um patamar proprietário e tremendamente eficiente, principalmente pela simplicidade de sua proposta coletivista, ao ser agregadora por princípio…

Temos jogadores para implantá-la? Sim, os temos agora mesmo, e que seriam fundamentais como espelho às novas gerações, saindo dessa mesmice endêmica que nos sufoca, abrindo novos horizontes, novas e confiáveis conquistas, e quem sabe, a nossa recolocação de volta ao primeiro nível internacional. Porém, uma incógnita a ser equacionada, na carente figura de professores e técnicos decididos pelas mudanças, pela busca do novo, do ousado, enfim, pela busca do tempo perdido. Conseguiremos?…

Que a seleção consiga alcançar essas correções,a tempo de disputar o restante dessa magna competição com chances reais de sucesso, e torço ardentemente por isso, se atenderem as correções acima apontadas, mesmo que divergentes do que sugiro, mas diferentes do que ai está escancarado a todos aqueles que amam e desejam o melhor para o grande jogo em nosso imenso e injusto país…

Amém.

Fotos – Autorais e divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

LAMPEJOBOL…

 

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Tenho agora somente uma hora para redigir esse comentário, pois terei de atender minha filha para um exame pré operatório que tem de realizar daqui a um pouco. Cheguei muito tarde e extremamente cansado da odisseia que enfrentei ontem junto a meu outro filho, frente a uma arena cheia de armadilhas para um homem de 77 anos com um joelho comprometido, que me levou ao solo por duas vezes pela escuridão de uma pirambeira pintada de negro, escondendo mínimos degraus invisíveis a olho nu. Mas sobrevivi e aqui estou  para comentar a absurda atuação de uma equipe nacional absolutamente ingovernável por um simples e irrecorrível fato, o de não possuir o mais recôndito indício de sistema de jogo, mesmo tentando atuar no sistema único, que vigora a solta nesse grande torneio, pelo menos através das equipes que vi atuar, sedimentando, ou não, essa observação logo mais, quando assistirei as equipes da outra chave classificatória, já tendo em mente a grande exceção, a equipe americana dirigida pelo coach K…

Então, o que vi nessa tarde de um basquete tão ambíguo e surpreendentemente negativo, para nós?  Vi o produto direto do que não se deve fazer numa seleção nacional, preterindo jovens em função de veteranos decadentes, com poucas honrosas exceções, Nenê, por exemplo, e um inclassificável Leandro, com sua forma peladeira de atuar, quando um sistema, ou arremedo de sistema, teima em barrar sua vocação internacionalmente reconhecida de “tocar fogo” em sistemas de jogo, aqui e lá nas terras do norte, transformando-o em uma alternativa do caos, que de tão abstrata confunde técnicos, jogadores, comentaristas e público, fazendo-o entoar um “eu acredito” por sobre um leite incompetentemente derramado, através uma comissão técnica composta de quatro (!!!!) luminares do basquete tupiniquim, confrontados com uma realidade que não enchergaram ao substituir o Beep Beep, justamente quando fez nove pontos seguidos da mais pura pelada do aterro, por um jovem grandão que ainda terá de aprender muito, antes de envergar com merecimento a pálida camisa nacional, negada um mês atras, e cada vez mais distante da outrora  vencedora listrada de verde e amarelo…

Quando no placar acima dos mais de 12 mil assistentes clamava uma diferença vergonhosa de 32 pontos de diferença para os consistentes lituanos, deu-se a partida de uma das mais incríveis reviravoltas de que fui testemunha, onde o Leandro chutou para o alto o proclamado jogo coletivista que vem (?) sendo implantado a seis anos nas mãos do hermano, teimoso e cegamente tentado, mas que, frente a uma realidade calcada no domínio de certas capitanias hereditárias presentes nas convocações, ano após ano, onde a mesmice é imperativa, tanto por parte dos donos das posições (e nesse ponto destaco a mídia apoiadora desde sempre…), como pela obtusa limitação imposta pelo sistema único, padronizado e formatado para todos os níveis, como um dogma absoluto e imutável, fatores estes que nos tem levado a situações constrangedoras, como a que assistimos ontem entristecidos empoleirados numa arena inimiga de morte dos mais idosos…

Perdemos para uma equipe que joga junta, acertando e errando jogadas, porém dentro de um sistema comum a praticamente todas que aqui atuarão, mais forte e decisivamente lastreadas num domínio quase perfeito dos fundamentos, ao contrário dos nossos consagrados astros, que pecam no domínio básico dos mesmos, principalmente nos passes, dribles, fintas, rebotes arremessos e posicionamento aceitável nos rebotes, ou seja, todos os princípios que regem o grande jogo, o que anula a predisposição nata à luta, e ao ímpeto do “vamo que vamo” visceral daqueles que, propositalmente ou não, tiveram negados os ensinamentos sobre suas ferramentas básicas de trabalho, os tão esquecidos e abjurados fundamentos…

Desculpem, nada mais falarei sobre o atentado que assisti, a ver o confronto entre jogadores que representam seu país pelo mérito e domínio dos elementos do jogo por um lado, e jogadores “embalados e empurrados” por uma frenética torcida, porém órfãos de um sistema ordenado de jogo, por outro, muito, muito pouco para enfrentarem uma competição dessa envergadura, ainda mais em solo pátrio…

Saberemos o desfecho na continuidade da competição, onde, em hipótese alguma mereceremos assistir a entrada de um jogador para efetuar um arremesso de três, e somente aquele, e sair ato contínuo por ter errado, ficando no ar a pergunta- e se tivesse acertado? Lamentável, constrangedor, e pensar que atitudes como essa vieram das cabeças de quatro técnicos (?) regiamente pagos e sentados num banco olímpico…

Já nem torço mais para que os deuses de plantão nos ajudem e protejam, a não ser que o espírito contestador e peladeiro dê as cartas de vez nessa absurda pantomima…

Amém.

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O PRECIOSO TEMPO PERDIDO…

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Desculpem o atraso na publicação desse artigo, mas tive que enfrentar alguns problemas pessoais e de família, já resolvidos e devidamente remetidos ao passado. Então, vamos aos fatos que observei no jogo preparatório da seleção contra a equipe da Lituânia, nossa primeira barreira no torneio olímpico que se inicia domingo agora…

De cara, podemos anotar sem margem a erro, o quanto de omissão técnico tática ficou presente no encontro, onde quintetos eram feitos e desfeitos, como num comum acordo entre equipes que, de forma alguma queriam estabelecer seus limites antes do encontro decisivo, aquele que dará partida a corrida pela classificação às quartas eliminatórias, numa competição de tiro curto e mortal…

O que salta aos olhos em jogos desse calibre, que honestamente não vejo vantagens maiores (nem como técnico, nem como analista) do que treinamentos intramuros duros, metódicos, específicos e exigentes ao máximo possível, contrapondo e confrontando jogadores da mesma equipe, conhecedores dos sistemas ofensivos e defensivos propostos e treinados pelo técnico, tentando todos os anularem pelo pleno conhecimento que possuem dos mesmos, em meia quadra, por um longo tempo, com empenho máximo, e em alguns casos infringindo regras no aspecto defensivo, utilizando todas as armas e condições possíveis para tal, supervisionados nos detalhes, os mais ínfimos possíveis para a consecução do objetivo maior, recriar todas aquelas possibilidades que os adversários se utilizarão para, frente a propostas que não lhes são comuns (claro, quando sistemas inovadores e ousados forem apresentados) adaptarão comportamentos, que quanto mais previsíveis forem, mais bem estabelecidos estarão os sistemas propostos, logo, prontos para serem bem sucedidos. Em outras palavras, quando uma equipe se propõe a apresentar sistemas evoluídos, a melhor proposta de treinamento tático, é aquela que envolve os próprios componentes da mesma, compromissados na tarefa de desmontá-los, item por item, que no fundo será a proposta mater de todas as equipes que os enfrentarão…

Resumindo, bons e eficientes sistemas de jogo, sejam ofensivos ou defensivos, não são aqueles que dão certo, e sim aqueles que deflagram situações, que quanto mais previsíveis forem, mais eficientes se tornarão. É o princípio básico e estrutural que fundamenta a improvisação, pois só a exercem aqueles que dominam e conhecem profundamente os sistemas que usam lastreados pelos fundamentos integrais do jogo, ou seja, só improvisa quem sabe…

Treinar  escondendo situações de jogo, escamoteando detalhes é pura perda de tempo, mesmo que os contendores aceitem a sutil farsa. Quem sabe a força descomunal do marketing e da mídia exijam tanta e inútil exposição, mas a que preço?…

Acredito que tenhamos ainda muito que a evoluir, aprender, e o mais importante, apreender princípios de estratégia técnica, tática, comportamental, e acima de tudo, profissional.

Será que apresentaremos sistemas inovadores e corajosos, ou continuaremos a manter o sistema único padronizado, formatado a imagem do que ai está implantado, numa mesmice endêmica que nos pune a tanto tempo?…

Bem, não é treinando com a China que aprenderemos a inovar, ou não?

Torço para que sim, mas lá no fundo do meu parco conhecimento do grande jogo pátrio, desconfio que, infelizmente , não…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

ALTRUÍSMO, ENTREGA, E UMA CAMISA…

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Que bela perda de tempo, ainda mais empacotados numa camisa absolutamente ridícula, “marca texto”, segundo o narrador da TV, bem posto aliás, quebrando de vez a mística perdida de uma camisa gloriosa, fato ausente no vôlei, no futebol, no andebol, todos envergando o amarelo ouro, e não essa aberração patrocinada por quem, absolutamente, odeia o grande jogo…

Mas por que falar em camisa, em mística, tradição e respeito, se na feminina a atual capitã a enchovalhou em plena quadra olímpica, se negando a defendê-la, e agora mesmo um jovem é reconvocado um mês depois de negá-la? Afirmam muitos que camisa não é importante, mas será essa a opinião dos All Blacks, da USA shirt?

Temos como uniforme básico o branco desbotado, o verde como segundo, e esse absurdo como terceiro, e pensar que bem antes do vôlei e do andebol dividíamos a gloriosa amarelo ouro com o futebol, mas tendo como padrão de excelência a listrada verde e amarela. Foram bons tempos, que muitos teimam em esquecer, mas não conseguem, então apelam…

Neste cenário desbotado e inerme, jogamos para o alto, por mais uma vez, a oportunidade de treinarmos nossos homens altos “lá dentro”, quando duelariam com jogadores de 2,14m em diante, numa rara oportunidade de aprimorar nosso claudicante jogo interno, desde sempre preterido pelas bolinhas midiáticas e valorizados pelo mercado dos que nada, ou muito pouco, entendem do grande jogo, do verdadeiro grande jogo…

Exatamente o que fez a Lituânia contra a Austrália na preliminar, quando arremessaram somente 14 bolas de três, e olha que são muito bons nas mesmas. Com homens grandes muito bons dos dois lados, aproveitaram para testar soluções de curta distância, com todas as suas implicações de faltas pessoais, contra ou a favor, passes e deslocamentos curtos e precisos, treinando efetivamente para a competição para valer daqui a uma semana…

E nós, chutando vinte (4/20) contra uma equipe frágil, que para tentar algum equilíbrio se fechava no garrafão, permitindo a enxurrada de nossos especialistas, que pensam que são, mas não são, mesmo, deixando de lado a oportunidade dadivosa de acionar os grandões pelo maior tempo que fosse possível, treinando e habilitando-os em situações reais de jogo…

Vamos ver logo mais contra a Lituânia se conseguiremos dobrá-la “lá de fora”, e vamos ver se retribuímos quando ela se lançar bem “lá dentro” de nossa defesa, num duelo que proclamará vencedora aquela equipe que ganhar as tabelas e concluir com a máxima precisão possível, ou seja, dentro da cozinha adversária, de 2 em 2 e de 1 em 1.

Mas em se tratando de um jogo preparatório, que dali a quatro dias se tornará para valer, desconfio que a nossa turma de especialistas vai se esbaldar, pois afinal de contas as bolinhas põem, segundo os midiáticos, a torcida em êxtase, ainda mais se caírem, o que não vem acontecendo ultimamente. Também desconfio que os bálticos continuarão a treinar seus gigantes, pois para eles, bolinhas, somente em equilíbrio e absoluta estabilidade…

Torço para estar enganado, e que a seleção se encontre no coletivismo e no bom senso de jogar o grande jogo como deve ser jogado, apesar de, bem lá no fundo, duvidar bastante que nossos vícios cedam lugar ao altruísmo e à entrega de todos, única maneira de alcançá-lo de verdade…

Amém.

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UM MORNO PREPARO…

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Em uma entrevista cedida ao Globoesporte de hoje, o jogador Filipin afirmou em um dos trechos da mesma:

(…)– Em termos táticos, técnicos, não muda nada para o Brasil. É praticamente o mesmo sistema. O basquete tem algumas coisas universais. Mas você vê a parte de intensidade, por exemplo. Todo jogador que era substituído ia correndo para o banco, tocava na mão de todo mundo. Você vê uma dinâmica um pouco diferente da que estamos acostumados aqui – comentou.(…)

 

Como vemos, a mesmice endêmica que tanto condeno, ai está explicitada em toda sua mais explicita ainda, realidade, não por jornalistas, técnicos e afins, e sim por um jogador atuante na LNB, com toda a carga de conhecimento que tem da mesma dentro de uma quadra…

E foi o que se viu nesse morno jogo de treinamento olímpico, contra uma Austrália claramente a meio vapor, pois temerosa de embates mais fortes, evitando mais uma companhia a seu pivô Bogut em recuperação de uma lesão, num ponto em que estão em desvantagem ante a turma de grandões brasileira, mesmo sem o Varejão, o Faverani e o Spliter, numa posição que realmente estamos bem servidos, principalmente se atuarem nas “n” duplas possíveis de serem escaladas, claro, se o sistema adotado acomodar essa bem vinda possibilidade…

E o que fica faltando para essa bem vinda possibilidade? Bem, um sistema que dinamize o jogo interior com movimentação e deslocamentos, cruzamentos, entre a turma alta, ai incluindo o ala, dentro do perímetro, em movimentação aparentemente aleatória, próxima a cesta, dentro da cozinha adversária, concluindo de curta e media distância, de 2 em 2, 1 em 1, pacientemente, garantindo a segunda bola pelo posicionamento dos três “lá dentro”, se entreajudando sempre, quando o passe de dentro para fora poderá propiciar bons arremessos longos, mais estáveis e equilibrados, sendo toda essa estratégia (e não táticas…) orquestrada pelos dois armadores, por todo o perímetro externo, coordenando e entrelaçando os perímetros, num contínuo entre e sai longitudinal e não lateralmente a cesta nos passes e nas penetrações, ocupando não somente o defensor da bola, mas todos os defensores, preocupados com os espaços criados pela fluidez continua dos atacantes, muito ao contrário das defesas de setores estanques, provocados pela imobilidade de alguns, assistindo as desesperadas tentativas de penetração de um ou outro pivô contra uma defesa inteira, que é o que comumente assistimos nos NBB’s da vida…

No entanto, todas essas ideias se perdem ante a realidade aflorada de uma apresentação como a de ontem, onde a previsibilidade sistêmica e tática mencionada acima pelo jogador de Rio Claro, deu as costumeiras cartas, ainda acrescidas da já bem estabelecida hemorragia dos três, em ambas as equipes, que perpetraram 10/27 cada uma, provando quão ausentes estiveram as defesas externas…

A equipe nacional, se utilizando da dupla armação permanente, rodando todos os jogadores, não encontrou muitas dificuldades na pontuação interna (23/35 contra 14/35 dos australianos) e nos rebotes (44/26), vencendo por 29 pontos, num jogo de 28 erros de fundamentos (13/15) sob flácida marcação, deixando no ar uma questão – Como se comportarão sob forte marcação, e mais forte ainda contestação nos longos arremessos?..

Se mantiver a dupla armação, superará boas defesas, e se jogarem seus pivôs mais enfiados e velozes…Bem, paro por aqui, pois é um assunto que na pratica e realidade da equipe, não me diz respeito, e sim ao gloriosa hermano, que torço para ser feliz em sua difícil tarefa, principalmente no convencimento tático do Leandro, e na contenção  das famigeradas bolinhas…

Espero que consiga, senão…

Amém.

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A BUSCA PELO NOVO…

 

Pura curiosidade de quem. apesar de tudo, ama o grande jogo, ainda mais às vésperas de uma caseira olimpíada, daí o impulso de assistir o jogo inaugural do Paulista, entre Mogi e Franca, para mais uma vez atestar, ou não, o quanto a seleção espelha com veracidade a nossa realidade basquetebolística…

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E não deu outra, frente a crua constatação de que, mais do que nunca, a hemorragia dos três dificilmente será estancada, ou atenuada a um nível aceitável, perante o jugo implacável do sistema único a que se aferram ferozmente os estrategistas de plantão, experientes ou noviços, não importando o que sabem ou dominem, num patamar mínimo no exigente (deveria ser…) universo do desporto de alto nível, condição básica para desenvolvê-lo…

O comentarista da TV clamava pelos novos valores no comando, afirmando virem deles as novas ideias e perspectivas para o futuro do grande jogo, ele mesmo participante deste anseio, numa formulação que bate de frente com a explícita realidade das grandes ligas mundiais, onde a experiência forjada em décadas define o quem é quem no comando das grandes equipes, fora as exceções de praxe, poucas e pontuais, mas quase sempre passageiras…

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Então, o que vimos foi a monocórdia repetição de um ciclo que rapidamente nos tem levado a um nível de pobreza técnico tática considerável, e com pouquíssimas possibilidades de reabilitação, a continuar esse continuísmo atroz de noveis estrategistas, suas pranchetas customizadas e agora patrocinadas (afinal o veículo televisivo tem de ser explorado…), e o pior, seus padronizados, formatados e globalizados sistemas de dupla via, pois contando com a anuência maciça dos jogadores, ávidos em se manterem num exíguo mercado de trabalho, onde a discordância se torna fatal …

Mesmo tendo sido uma partida com duas prorrogações, nada justifica uma artilharia de arremessos de três,com 10/30 para Mogi e 11/36 para Franca, sendo que essa equipe arremessou 14/35 de dois, numa convergência que a levou a derrota, pois tentou 10 bolas a menos (36/26) de media e curta distância que Mogi, optando pelas bolinhas, menos eficientes e precisas, esquecendo um principio elementar, o de que jogos podem e devem ser vencidos de 2 em 2 e 1 em 1, destinando os arremessos de 3 aos especialistas, e mesmo assim em condições  de estabilidade e equilíbrio sobre o terreno, condições que não deveriam existir em quantidade ante defesas bem postadas e fortemente contestadoras, algo pouco comum entre nós, lastimavelmente…

No entanto, em alguns momentos do jogo, que era disputado por ambas as equipes em permanente dupla armação (realmente algo positivo), grandes movimentações e deslocamentos foram realizados nos perímetros internos pelos homens altos, dinamizando-o, pena que não por todo o tempo, cedendo lugar aos chifres, punhos e polegares, numa cansativa mesmice que dói só de pensar, quanto mais assistir enfadado…

Some-se a tudo isso o considerável e constrangedor número de 39 erros de fundamentos (19/20}, o que nos faz pensar algo elementar, em uma pergunta – O que fazem todos no preparo antecedente ao campeonato?  Treinam os fundamentos para valer, ou se deixam levar pelos rachas para adquirirem “ritmo de jogo”? Pelo elevado número de erros, creio que a resposta se torna óbvia…

Concluindo, nossa seleção é o espelho de como jogamos, com seus muitos erros de fundamentos, sua frouxa defesa exterior, e sua volúpia nos longos arremessos produto da mesma, e claro, tendo como resultante dessa simplória equação, a incrustada ideia de que “estando livre”, chuta-se, independendo das distâncias, mesmo sem a treinada e dominada precisão do especialista, e ai daquele que não o fizer, para ser tachado de medroso, amarelão, frente a uma flutuação, ou mesmo, ausência defensiva, muitas vezes proposital, incentivando-o ao possível erro, fator que dificilmente encontrará ao confrontar equipes de alta categoria técnica, principalmente quando se trata de seleções…

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Na seleção tem jogadores que atuam na LNB, são cinco, quatro deles arremessadores de longa distância, acostumados a anos de frouxidão defensiva exterior, e que não encontrarão as facilidades aqui existentes, logo,induzidos e até forçados ao corte, a finta, às penetrações, e ai, alguns deles se verão frente a realidade dos fundamentos, rígidos, exigentes, os difíceis, porém básicos  fundamentos. Estarão preparados. treinados e senhores absolutos dos mesmos? Lembro que somente aquelas equipes que contenham em seus quadros jogadores exímios nos fundamentos irão adiante, pois com tais destrezas poderão acionar seus sistemas ofensivos e defensivos com maestria e total domínio dos mesmos, e sem as quais nada que tentem, individual e coletivamente produzirá homogeneidade, fluidez e unidade, chaves constituintes das grandes equipes, onde os rasgos de genialidade pessoal se fundem ao interesse comum, e não o contrário, como muitos aqui em terra tupiniquim clamam em glorioso interesse próprio…

Espero, contritamente, que nossa equipe tente não refletir (será possível?) sobre os 39 erros do jogo em questão, nem a média de 25 por partida do último NBB e 30 da LDB, resgatando o outrora e magnífico basquetebol que praticávamos, fruto de uma excelente formação de base, esquecida já de um longo tempo, substituída em grande parte pela preparação física “científica”, onde correr mais rápido, saltar mais alto e trombar mais forte ousa substituir a singela arte de jogar o grande jogo como deve ser aprendido, apreendido, treinado e jogado, ensinado por quem realmente entende e o domina, simples assim…

Aliás, americanos e alguns europeus o fazem a um século, nos mesmos já o fizemos, mas, esquecemos, perdemos o fio da meada, mergulhamos na cultura dos três, das enterradas e das midiáticas pranchetas miraculosas, do sistema único, da mesmice endêmica, depositando nosso destino nas mãos de agentes, empresários que exportam prematuramente nossos jovens, maus dirigentes e muitos técnicos omissos e oportunistas. Precisamos resgatar os bons, independendo da idade, pois são os únicos capazes de inovar, exatamente por terem sempre estado na linha de frente do estudo, da pesquisa, do árduo trabalho, enfim, do novo, como conclamava o comentarista da TV…

Amém.

Em tempo – Como já afirmo a tempos, a mais de 40 anos, e para a incredulidade de muitos, ai está, por mais uma vez a prova do que sempre defendi, a seleção do Eurobasket sub 20 deste ano, com dois armadores (Garcia-Espanha, Zemalti-Lituania) e três homens altos (Alonso/Ala-Espanha, Markkamem/Pivô-Finlandia e Yurtsevem/Pivô-Turquia), autenticando uma tendência cada vez mais difundida. E nós?…_X6vkzVDmUyyT97R_kHi8Q

 Fotos – Reproduções da TV e divulgação FIBA. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

O QUE NOS ESPERA…

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Dias atrás pesquei na internet um comentário num blog especializado em basquete, anônimo (o comentário), é claro, mas que bem reflete o entendimento que muita gente tem sobre sistemas e funções no grande jogo, da armação aos pivôs, numa salada mista digna de um Guiness, tamanho os equívocos que cometem, tanto no aspecto técnico, como no tático, sem falar no jogo em si, já tão pasteurizado entre nós:

(…)Eu creio que se todos tiverem bem, o Rafa Luz será cortado. Pois ele não precisa de 3 jogadores na posição 1. Duvido que ele coloque em quadra ao mesmo tempo: Huertas e Raul ou Huertas e Luz ou Raul e Luz. Agora com Larry, Alex, Benitte e Leandrinho, que jogam na 2, não há problema. E também esses jogadores podem também jogar na 1.(…)

Mas o Larry foi o cortado, logo, segundo o comentarista, seriam seis aqueles jogadores que poderiam atuar na 1 e na 2 indistintamente, com um porém, não haveria vagas para todos numa simplória partida de  bola ao cesto, ademais, existiriam outros seis grandões ansiosos em participar também…

Entretanto, temos um grande problema pele frente, que já dura seis anos sob o comando do hermano, um indefinido sistema de jogo ofensivo nunca efetivamente implantado, e um defensivo que oscila quando exercido por determinados jogadores imunes a arte de defender, bem conhecidos aliás, e que ai estão, olímpicos…

Resultado? Nunca, de verdade, tivemos uma equipe consistente, coerente com as propostas de seu comandante, que mesmo aferrado ferozmente ao sistema único tem se deixado levar pela artilharia desenfreada em algumas competições, numa indefinição produto de algo que não tem sabido enfrentar, o vicioso carrossel de nossa formação de base, espelhada nos arremessos de três e as enterradas midiáticas, antítese de sua origem platina, escorada numa plêiade de excelentes formadores e técnicos de algumas gerações que o levaram ao ouro olímpico, e que por aqui o deixam quase sempre pendurado numa prosaica broxa…

Se olharmos com atenção o atual perfil da seleção masculina, vemos que é composta por quatro armadores de formação, Huertas, Raul, Luz e Benite, dois ocasionais, Alex e Leandro, um ala, Marcos, e cinco pivôs, Varejão, Nenê, Augusto, Hettsheimeir e Giovanoni, sendo que os dois últimos adoram os arremessos de fora, os denominados pivôs de três. Alas pivôs como o Alexandre e o Meindl, bons reboteiros em ambas as táboas, e eficientes defensores sobraram, e sem dúvida alguma farão falta, preteridos por um Giovanoni que não marca e nem salta com eficiência, e que sem dúvida alguma será contestado severamente em seus arremessos externos, e um entre os seis armadores, função onde o acumulo de experiências e anos de lide qualificam os melhores…

Com tal elenco, a manutenção básica da armação única se torna um equivoco inexplicável, originando um impasse mais inexplicável ainda, a não ser que o bom hermano promova o óbvio (frente à constituição final da equipe), a dupla armação efetiva, e não a substituição de um dos alas por um armador, mantendo o sistema único tradicional, melhorado nos fundamentos básicos e estratégicos, o drible e os passes, otimizados, que tem sido o mote geral de todas as equipes do NBB e das seleções nacionais, sob sua inspiração, vide as equipes lideradas por seus mais diretos assistentes na seleção…

Uma dupla armação efetiva, executada por jogadores altos (somente o Raul se situa um pouco abaixo dos 1,90m), atenderia a três óbices do nosso basquete, a levada de bola (que muitos chamam de transição) mais segura frente a defesas pressionadas, o apoio aos homens altos em todos os quadrantes do perímetro externo, e o mais do que bem vindo reforço defensivo, principalmente o pressionado fora do perímetro, que nos tornam fragilizados nos longos arremessos…

Por outro lado, poderíamos lançar dentro do perímetro interno ofensivo, homens altos e móveis, sempre em movimento, e não petrificados de costas para a cesta a espera de difíceis passes, pois marcados ao lado ou pela frente por suas imobilidades, além de manterem seus marcadores também em permanente movimentação, abrindo dessa forma espaços às penetrações de fora do perímetro. Espaçamento não se consegue somente abrindo os cinco em torno do perímetro externo, podendo também ser alcançado pelos deslocamentos internos, na cozinha adversária, onde os arremessos curtos, mais eficientes alcançam altas porcentagens (jogos podem ser vencidos de 2 em 2 e 1 em 1), além de situar o posicionamento nos rebotes muito mais eficiente e decisivo. Coach K vem tentando tal solução junto a seleção americana de algum tempo para cá, e com enorme e efetivo sucesso. Mas teria o nosso basquetebol de se munir de grande coragem, pois tal modelo sistêmico revolucionaria o grande jogo entre nós, e a atual composição da seleção teria a real possibilidade de dar tão ousado passo, por que não?

Anos atras o Fabio Balassiano me entrevistou quando dirigia o Saldanha da Gama, inclusive perguntando se o Splitter, Varejão e Nenê poderiam atuar juntos com mais dois armadores (leia aqui), quando respondi afirmando que sim, mas dependeria de uma atitude reformista e corajosa do então novo técnico da seleção, nosso atual hermano, o que não foi e nunca sequer foi cogitado realizar, apesar dele mesmo reconhecer que já havia jogado em dupla armação um dia. Hoje essa realidade é utilizada pelo mundo do basquete, menos por aqui, onde o envio de jovens técnicos e assistentes ao Summer Camp da NBA garante a continuidade do sistema único, marca registrada de uma liga que prioriza o 1 x 1 de forma determinante, mas que se choca com a realidade do basquete FIBA nas grandes competições, mas ai, do fundo de um alforge mágico surge um Coach K, referência do basquete universitário, para reestruturar jogadores à realidade internacional, fazendo-os jogar muito fora do sistema único, aquele que nos impõe a mesmice endêmica que ai está, e que num passado NBB2 tive a ousadia e coragem de confrontar, não indo mais adiante por força de uma marginalização criminosa e profundamente covarde, me privando de um trabalho para o qual sou qualificado, e de uma justa renda por indiscutível mérito.

Torço para que nossa seleção reencontre o caminho a longo tempo perdido, e essa oportunidade olímpica seria muito bem vinda agora com a seleção da forma como está constituída, com seis jogadores altos e hábeis no perímetro externo, e outros seis bem mais altos, flexíveis e velozes jogando no âmago dos adversários, que numa composição 2-3 dariam um trabalho colossal a qualquer oponente. Mas isso é outra história, que não cabe a mim contar, afinal, estar de fora é a realidade, mas jamais uma opção…

Que os deuses olímpicos, ou não, nos inspirem e quem sabe, nos ajudem…

Amém.

Foto – Divulgação CBB.

Em Tempo – Com sacrifício e empenho consegui adquirir a maioria dos jogos do basquetebol masculino olímpico, ficando ausente somente do jogo contra a Argentina e a grande final. Prometo cobrir a competição da melhor forma que me for possível, já que se tornará impossível portar meu pequeno netbook nas dependências dos jogos, publicando os comentários ao fim da noite direto da minha residência, próxima ao centro olímpico. Infelizmente tive meu credenciamento negado pelo COB, o que não impossibilitará meu trabalho como jornalista que sou, e técnico e professor qualificado do grande jogo. Até lá. PM.

 

NA RETA FINAL…

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Sai da Taquara, estacionei na Tijuca, peguei o metro e saltei em  Botafogo. Caminhei muito até o ginásio, custei a encontrar a entrada, mas enfim consegui, chegando com o jogo começado, um jogo final de campeonato, Botafogo e Angra. Mas o motivo mais relevante para enfrentar tal distância foi pelo prazer de reencontrar dois jogadores que dirigi no NBB2, ambos em plena forma, e jogando ainda em alto nível, o Roberto e o Casé.

            No entanto, alguns fatores negativos praticamente anularam o que poderia ter sido uma jornada brilhante de esporte, se transformando numa sucessão de falhas e erros grotescos que quase estragaram a noite decisiva.

             Começando pela arbitragem, pois se três juízes encontram dificuldades num jogo final, pegado e muitas vezes violento, imagine somente dois atuando,  não sei se por economia sobre verbas exíguas, ou ausência de um deles, e que enfrentaram uma tarefa realmente estafante, pressionados de todos os lados, e de todas as formas tradicionais em nossas quadras, por técnicos e jogadores, e cada vez mais invadidas pelas torcidas de futebol, antíteses das do grande jogo, num comportamento que tende a inviabilizar o soerguimento da modalidade, tão desgastada e mal gerida desde muito tempo. Invasões de torcidas, ausência de policiamento, coação aos árbitros, por muito pouco não levaram a noitada ao caos, porém salva, não por um basquete brilhante e técnico, mas pela dedicação e bravura dos jogadores de ambas as equipes, e por que não, pela presença machucada do Casé, e pela importância de um Roberto que os anos só o fazem melhorar. Pelos dois valeu a pena a odisseia para alcançar General Severiano, assim como a inevitável volta, enfrentando o périplo inverso.

 13620018_1069079449841654_1000316951316183299_n-001Outro assunto que tem chamado a atenção são as famosas e tradicionais mudanças de jogadores pelas equipes da Liga, quando dirigentes, agentes, técnicos, insatisfeitos com alguns jogadores os trocam por outros para as mesmas posições em que atuaram, como peões de um xadrez padronizado, formatado, globalizado, em torno de um sistema único e indevassável, uniforme para todos, e quando não o é, simplesmente trocam-se as peças, para continuar como sempre, numa mesmice endêmica aceita por todos, corporativamente…

Mas de vez em quando alguns jogadores inovam, trocando equipes por algum relevante motivo, por exemplo, ansiando vaga numa seleção nacional, claro, atendendo ao aceno de técnicos envolvidos na mesma, convenientemente, num escambo  de mão dupla, useiro estratagema utilizado a muito para reforçar equipes de divisões iniciais de clubes, usando seleções regionais como chamarizes,  encorpando currículos profissionais dessa salutar forma…

 20160624_92903_2406_Apresentacao_gde-661Finalmente, as seleções ultimam o preparo para as olimpíadas, quando atuarão como sempre, presas aos chifres, punhos e polegares, porém potencializadas por uma preparação física “científica”, pois afinal de contas é a forma que as enormes e polifacetadas comissões nos tem impingido de jogar, ensaiando uma filosofia defensiva de ocasião, mantendo desde sempre a linearidade tática garantidora de capitanias hereditárias de jogadores em declínio e, acima de tudo, empregos regiamente pagos, afinal somos um país rico, culto, educado, e agora…olímpico…

E pensar que bastaria inovarmos taticamente, como produto direto da melhoria técnica nos fundamentos, possibilidade mesmo nas divisões adultas, para nos soerguermos da mediocridade em que patinamos, e continuaremos a patinar, num envolvimento pendular, monocórdio, porém seguro e estável para o corporativismo que ai está, firme, ciclópico, eterno, e sem dúvida alguma, o merecemos…

Que os deuses olímpicos nos ajudem.

Amém.

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VELEIDADES E VAIDADES OLÍMPICAS…

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Um recorde, um mês sem postar artigo, algo inédito para mim em doze anos de Basquete Brasil, mas, honestamente, não me abalei, pois pude avaliar com calma e sem injunções, o quanto esse humilde blog influenciou, ou não, o grande jogo em nosso imenso e injusto país…

País este que se deparará com uma realidade da grandeza de uma olimpíada, para a qual, jamais deveria ter empenhado seus parcos recursos desviados de suas mais urgentes necessidades, a saúde, a educação, a segurança, básico tripé para a formulação de políticas voltadas ao futuro das gerações necessárias ao progresso sustentado, democrático e justo das mesmas…

Uma base que será gravemente atingida em nome de uma aventura irresponsável, totalmente voltada aos interesses de empreiteiras, empresários, políticos e falsos desportistas, mancomunados a um corporativismo absurdo e criminoso no avanço por sobre suadas verbas públicas, fruto de nossos mais suados ainda impostos, os mais altos do mundo…

Porém, foi um mês profícuo, pois pude atestar a ainda grande procura pelos artigos antigos do blog, principalmente os de fundamentação técnica, os fundamentos individuais  e coletivos, provando mais uma vez o quanto carente de informações se mantêm no âmbito dos técnicos e professores mais jovens, num universo praticamente voltado ao desporto de alto nível, numa inversão proposital, que omite e esconde tal carência em nome de um corporativismo abjeto pela continuidade do que ai está escancarado, na defesa de um nicho econômico de domínio de poucos apaniguados e protegidos…

Também pude acompanhar decisões na Liga Ouro, NBB e NBA, quando pude atestar nunca ter estado afastado do que aqui venho publicando a mais de uma década, após ter estado “lá dentro” por outras cinco, estudando, pesquisando e trabalhando arduamente em todas as faixas etárias, no feminino e masculino, onde sempre propugnei pelo inusitado, ousado e realmente diferente do que ai está, pasteurizado, formatado e padronizado, num processo autofágico que só apresentou um mérito, a mediocridade, a mesmice endêmica que nos esmaga e humilha…

Agora mesmo a nova geração feminina, a sub 17, disputa um 13o lugar num Mundial onde perdeu até para o africano Mali, utilizando os mesmos sistemas de jogo emanados das elites, muito mais voltadas à preparação física “científica”, do que os básicos fundamentos individuais e coletivos, que por si só, se bem planejados e executados valem muito mais em esforço do que testes e exercícios com aparelhos e geringonças importadas, que roubam um tempo precioso na aprendizagem efetiva do grande jogo, principalmente nas seleções de formação, relevando consensualmente o verdadeiro papel dos técnicos, que se curvam a esses falsos messias que teimam em induzir o conceito de que antes do jogador vem o atleta, transformando-os em robôs velozes, saltadores e bitolados, em vez de dominadores da arte de jogar, dominar e compreender as sutis nuances de uma esfera inquieta e escorregadia, e os mais sutis ainda  princípios do drible, do passe, da finta, da defesa, do rebote, e da arte maior do arremesso, princípios colimados e irmanados pelo coletivismo tático, onde o correr como velocista, saltar para enterradas, e trombar (a moda atual) define o avatar proposto pela comunidade da preparação física, que aufere a si a chave do jogo, para vermos os resultados expostos nas modalidades coletivas, onde atletas substituem os jogadores de verdade, aqueles que encestam, chutam, cortam, lançam, defendem e vencem usando muito mais o cérebro do que os músculos, incutidos, no caso de nossa seleção olímpica masculina, através uma comissão de dezenove (19!!) membros (4 técnicos, 3 médicos, 1 fisiologista, 2 fisioterapeutas, 3 preparadores físicos, 1 nutricionista, 1 psicóloga, 2 mordomos, 1  supervisor), fora os dirigentes e aspones de praxe, advindos de uma confederação rica, ou querendo parecer rica (Esse artigo do Balassiano destrincha essa pretensão), destinando ao técnico chefe uma missão que eu, honestamente, jamais admitiria, como detentor do real objetivo do jogo, de seus conceitos, de sua estratégia. Aliás, creio ser esse o real motivo da minha covarde e pusilâmine marginalização no grande jogo…

No NBB vimos algum progresso pela já difundida utilização da dupla armação e dos três homens altos transitando pelo perímetro interno (minha luta desde sempre, no blog e nas quadras), levando o Flamengo, reforçado por uma defesa mais presente nos dois perímetros a uma vitória inconteste, frente a um Baurú travado pela mesmice emanada por sua prancheta midiática e repetitiva, num discurso de via única…

Na Liga Ouro, a mesmice do sistema único imperou absoluta, sem maiores comentários técnicos, a não ser a entrevista do diretor vascaíno discorrendo sobre suas contratações para o NBB, posicionamento de jogadores e formas de atuação, seguido pelo candente agradecimento do técnico escolhido pela magnanimidade do dirigente, pois afinal de contas, o sistema vigente, o único que conhece, será mantido, comportadamente…

Na NBA, foi risível o desnorteio geral dos torcedor.. digo, narradores e comentaristas abalizados, frente a uma possibilidade que desde sempre descrevi nas muitas laudas desse humilde blog, concisas num principio lógico, a de que ante uma supremacia ofensiva sempre emerge uma resposta defensiva, e vice versa, e que essa alternância delega o progresso ao jogo, depreendendo a certeza de que o Curry, com toda sua fabulosa velocidade de arremesso, encontraria uma resposta contestatória no devido tempo, que foi o que ocorreu mais cedo do que pensava, ao se ver travado no solo pela extrema proximidade defensiva em seu quadril, que impossibilitado de girar livremente anulou em muito sua capacidade de concluir os arremessos, obrigando-o às penetrações, onde foi vitima de bloqueios impiedosos, principalmente através um enraivecido LeBron. A turma midiática, que já havia estabelecido “a era de um novo jogo”, literalmente ficou pendurada na broxa, mas quem sabe, para 2017?  Aliás, nem Curry, nem LeBron aparecerão por aqui, para tristeza e muchocho de uma turma que sequer desconfia do enorme amor que os dois, e os demais americanos tem pelo Brasil, para os quais a capital é B.Aires…

No Sul Americano vemos um Alexandre se impor, como o fez na decisão do NBB, no entanto, quem mandou não ser o presidente da associação dos jogadores, que é passaporte cardinalício olímpico?

Nunca estive ou fui a uma olimpíada, e nesta em nosso país somente contará com minha presença em alguns jogos que consegui entradas, caríssimas (mesmo as de idoso), que irei com meu filho, como num torneio da FIBA, e não de um COB, que me negou credencial de jornalista que sou, academicamente, mas que jamais calará meu permanente e perene combate ao que pretendem estabelecer como algo que fará evoluir o desporto nacional, afastado coercivamente da iniciação básica, nas escolas, principio atendido pelas maiores nações que aqui comparecerão, para abiscoitar os prêmios e curtir a festança patrocinada por nossa ambiguidade e profundo equivoco do que venha a ser desporto, como produto na formação de um povo, e não instrumento de veleidades e vaidades regadas e alimentadas pela pobreza imposta pela ignorância  aos jovens deste desassistido e desigual país…

Que os deuses (olímpicos ou não) nos protejam.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

RESPONDENDO O ÓBVIO…

 

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Paulo, sei que você anda meio ressabiado com o nosso basquete, mas como você agiria nessa final entre Flamengo e Bauru amanhã em Marília? Acredito que alguns técnicos jovens gostariam de ouví-lo a respeito, o que acha?

Foi um email que recebi ontem de um desses jovens técnicos que, vez ou outra, me escrevem levantando questões técnico táticas que interessam aos mesmos, na grande vontade que têm de evoluírem no grande jogo, e que na opinião deles tenho sempre algo a acrescentar…

Pessoalmente acho um pouco exagerado esse interesse pelo pouco que sei, mas como sempre costumo responder a quem me escreve, vamos lá:

Inicialmente, ao esclarecer que nada do que fazem os estrategistas atuais, como dar pinotes, corridinhas, gestuais imitando voos ou cercando aves em galinheiros ao lado da quadra, berrando, assoviando (isso mesmo, já orientam jogadores com assovios, como bichinhos amestrados…), chutes em cadeiras, arremessos de pranchetas, palavrões, muitos palavrões, cavernosos gritos, intimidadores rugidos, e mais palavrões, forçando e adentrando câmeras e microfones que veiculam para milhares de lares (ainda muitos mais milhares agora com a TV aberta) suas lastimáveis continências verbais e gestuais, dirigidas, não só a seus jogadores, como, e principalmente às arbitragens, álibis perfeitos para justificar suas falências, enganos e equívocos brutais, produtos do mais tenebroso corporativismo que implantaram no basquetebol de nossa terra, tudo somado a uma forma de ver e aplicar sistemas idênticos de jogo, invencionices de ocasião grafadas em ridículas, porém mais do que midiáticas pranchetas, verdadeiras vitrines de suas sapientes qualidades de estrategistas que pensam ser, de verdade, mas não são, e jamais o serão se continuarem por esse caminho, que os qualificam  como produtos de um marketing exógeno interessado e voltado a uma conveniente formação dos jovens e futuros líderes desse enorme, desigual e injusto país.

Pois bem, ao pensar, ser e atuar em antítese do que acima expus desde sempre, somente poderei agregar um posicionamento, o de nada, absolutamente nada, comungar com e como o fazem, de forma nenhuma, pois propugno pelo diálogo franco, pela pesquisa utilitária, transparente e discutida meticulosamente no treino, democrática, onde o “eu quero” sempre cede lugar para o preparo, o trabalho consensual, o sacrifício grupal e não de uns poucos, na busca do coletivismo, o verdadeiro, pois aceito, e não o pastiche do que julgam ser um conceito de equipe, onde o dedo em riste impera (ou pensa imperar…) absoluto (o último jogo da Liga Ouro bem demonstrou isso), mas até quando meus deuses?

E embalando esse triste roteiro, o aceite e a “compreensão” da mídia televisiva, e até a impressa, desse monstrengo comportamental repetitivo, monocórdio, cansativo, vicioso, comprometedor, sem que nada seja feito para expurgá-lo, e tudo isso sem falar nos comportamentos técnicos e táticos, nos sistemas adequados, nas estratégias corretas ao soerguimento do grande jogo entre nós…

Por tudo isso, é que se torna impraticável expor, frente ao que ai está descrito, o que e como agiria neste jogo do playoff final, a não ser, num hipotético exercício afirmar que, atuaria em permanente dupla armação, tripla e incisiva movimentação interior, com sucessivos corta luzes, trocas, passes curtos, e mais curtos ainda arremessos, no âmago da defesa adversária, em zona ou anteposição pessoal, com eventuais voltas de bola para o perímetro exterior, onde os arremessos longos poderiam ser exercidos com maior eficiência por terem tempo hábil para posturas equilibradas dos especialistas nesse especialíssimo arremesso, e mais eventuais ainda penetrações dos armadores, para finalizações em DPJ, mais difíceis de serem contestadas, para de 2 em 2 e 1 em 1, garantir contagem otimizada pela garantia de percentagens maiores resultantes de arremessos mais precisos pelas distâncias menores, com colocação reboteira automática pela presença dos três homens altos permanentemente dentro do perímetro interior, e mais, garantindo, pela formação utilizada, eficiência e velocidade defensiva na linha da bola, com permanente defesa dos pivôs à frente, sempre, obrigando o adversário às penetrações, concedendo ao mesmo possíveis conclusões de 2 pontos, ao se verem contestados nas tentativas de fora do perímetro…

Mas claro, todo esse hipotético exercício somente seria factível através uma preparação mais antítese ainda do que ocorre maciçamente na realidade do nosso basquetebol, onde o rachão ainda é deveras prestigiado, e onde a prática dos fundamentos não encontra a plena aceitação que deveria ter, como a ferramenta básica para a prática do grande jogo, da formação de base até a elite, indistintamente…

Então prezado leitor, me desculpe não emitir opiniões técnicas e táticas por sobre o que apresentam as duas equipes finalistas, a não ser pelo viés do que eu não faria, somente isso. Aliás, e a respeito do que aqui mais uma vez afirmei, recebi, como em todos os NBB’s anteriores, um formulário de votação para os melhores do NBB8, onde a pré escalação posicional já vinha estipulada em armador, dois alas e dois pivôs, além de outras escolhas, como sexto homem, melhor isso ou aquilo, mas de saída indo de encontro ao que acredito ser o correto, dois armadores, e três alas pivôs hábeis, velozes e elásticos, que defendi e emprego a mais de quarenta anos, e que aos poucos vai sendo aceito mundialmente, inclusive, por equipes da NBA. Não respondi…

Amém.

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