Ambiente agitado no mundinho do basquete nacional, principalmente no âmbito do corporativismo técnico, onde as estrelas das pranchetas vão sutil, ou na malandragem, se insinuando para cima da conquista suprema, aquela que, inclusive, pode gerar um salário de Magnano, que ao ser multiplicado por seis anos determinou a independência econômica do hermano, a ex gloriosa seleção brasileira, meta dos apaniguados, protegidos e amiguinhos de três das maiores aberrações administrativas que levou o grande jogo a situação falimentar em que se encontra, e o pior, muito mais pelo fator técnico, do que econômico e gerencial, pois equipes representativas foram padronizadas e formatadas desde a base formativa, num sistema perverso, lacrado e fechado a inovações, a fim de garantir o escasso mercado profissional(?), avidamente defendido pela turma osmótica e xipófaga em torno de uma única e padronizada forma de jogar, garantidora da mesmice endêmica, técnica, tática, e por que não, estratégica também, que nos tem esmagado e humilhado por toda a duração das administrações nesses últimos vinte e cinco anos de incúria e pusilanimidade institucionalizada, onde as raríssimas exceções pouco puderam fazer, ante a massiva maioria de falsos e pseudos estrategistas que continuam a imperar absolutos, assim como jogadores em sua esmagadora maioria também, todos marqueteados, endeusados e largamente promovidos por dirigentes, empresários, agentes e uma mídia, em grande parte desprovida dos mais primários conhecimentos do que venha a ser o grande jogo, totalmente voltada a um outro, que nem as regras da FIBA segue, no qual a mola propulsora é a grana, muita grana, a que nos falta oficial e privadamente, logo, implausível para nosso desenvolvimento neste modelo, pela mais absoluta ausência de uma sólida e competente política sócio educativa nacional, onde a educação através as atividades desportivas fossem levadas a sério dentro das escolas e dos clubes neste imenso e injusto país, com sua negligenciada juventude, futuro de qualquer nação que se considera séria e responsável…
Mas Paulo, você não está exagerando um pouco? Como exagerando, cara, ontem mesmo assisti um “clássico e empolgante” Bauru e Mogi, quando foram arremessadas 12/64 bolinhas de três (foram 43/70 de dois…), aplaudidas desde os bancos, que quando atestam que “punhos, chifres, camisas, picks fajutos e bloqueios primários” falham sistematicamente pela pobreza nos fundamentos da maioria dos jogadores patrícios, incapacitando-os de realizá-los, originando a hemorragia dos três, na óbvia escapatória de quem não os dominam, vide os 34 erros de ações básicas do jogo cometidas, fator este menos presente na enxurrada de americanos nas equipes deste NBB, dando aos estrategistas, após rabiscos desconexos e constrangedores em suas midiáticas pranchetas, a saída gloriosa para as terríveis falhas – Não caiu? Bate pra dentro pô….
É duro você assistir jogos no NBB onde cinco, seis dos jogadores em quadra são americanos, e um ou outro latino, vendo os brasileiros servindo de garçons, de escadas para eles, passando ou recobrando rebotes para recomeçarem tudo de novo, batendo para dentro, espelhados por um Westbrook, que lá em cima, na matriz, corre para quebrar recordes de triplo-duplos, mesmo que sua equipe saia derrotada, como ontem, ao fazer mais um, e ser bloqueado na bola decisiva, permitindo que seu adversário, os Spurs, vencessem uma partida praticamente perdida. A moda a ser seguida então, é quebrar recordes pessoais, como se o grande jogo fosse um desporto individual, o que não é por essência, histórica e técnica, guardada por um punhado de técnicos de verdade, nas escolas primárias e secundárias, universidades e pouquíssimas franquias da grande e poderosa liga, como no mesmo Spurs, com seu quase septuagenário técnico, agora nomeado para a seleção nacional de seu país, e junto ao qual a mídia pena horrores para tentar extrair dele “comentários” a questionamentos óbvios e imbecis, contrastando aqueles que priorizam mais a imagem, do que seu mister básico de ensinar e orientar, e não fazer média com ninguém, ninguém mesmo…
Mas por aqui, em gloriosas terras tupiniquins, preza-se contumazmente a “ nova geração”, que quanto mais teatral for melhor para ser endeusada, promovida e bajulada, não importando quantos palavrões e agressividade expelem pelos microfones televisivos, quanto de coerção exerçam contra as arbitragens, quanto de teatralização desenvolvam ao lado das quadras, afinal, segundo os doutos analistas, agir dessa forma faz parte de suas personalidades, como se fosse normal e corriqueiro tratar jogadores, alunos que são e sempre serão, com tanto despreparo didático e pedagógico, que pensam compensar rabiscando freneticamente suas infelizes pranchetas ( quando aprenderão, meus deuses, que a percepção visual é o mais lento dos sentidos humanos, quando?…), que as utilizam como testemunho e vitrine de seus “monumentais” conhecimentos táticos, que segundo a mídia, são “exaustivamente treinados” entre uma pelada e outra para adquirir “ritmo de jogo”, o que duvido fervorosamente, pois se assim fosse, prancheta nenhuma os substituiriam, pois sua maior serventia é servir de biombo entre eles, estrategistas e jogadores, numa divisão não compreendida e aceita, e que aos poucos, porém inexoravelmente, vem sendo violada cada vez mais por alguns jogadores mais esclarecidos, ou potencialmente interessados em ocupar espaços técnicos ao término de suas carreiras, quem sabe, ocupando o espaço do atual interlocutor, sendo que já tivemos por aqui, exemplos bem práticos dessa anomalia…
Em breve saberemos através a nova administração o quem é quem nas seleções nacionais, da base a elite, e que os deuses a inspire no sentido de quebrar de uma vez por todas essa maldita mesmice endêmica (que vai lutar com tudo para se manter…) e que só nos jogou poço abaixo, o tal que ainda não encontrou seu fundo, mas que somente poderá ser transposto por algo realmente inovador, audacioso, que negue o que aí está com veemência e todas as forças do poder criativo, algo que é tão natural ao nosso sofrido povo, porém convenientemente esquecido, e que rechace de uma vez por todas a teimosia suicida de querer emular o que vem, e de como vem lá de cima, fator que somente aprendendo, ou reaprendendo a administrar nossos parcos limites materiais, porém repleto de conhecimento e sofisticada técnica, que nos fez campeões mundiais e medalhistas olímpicos, abrindo campo estratégico a novas concepções de jogo, algo que nos dê condições de enfrentar o sistema único implantado em quase todo mundo do grande jogo, e que mesmo na meca já se avolumam mudanças de vulto, principalmente em suas seleções (que jogam sob as regras da FIBA), através visionários como o coach K e agora o Gregg Popovich dos Spurs, a fim de dar continuidade ao seu poder hegemônico, principalmente sob o novo governo que ora se inicia…
Que nossos noviços candidatos se conscientizem de que conhecer e pensar dominar um punhado de jogadas chifres, punhos, polegar, hangs, picks, especiais, etc, gesticular agressivamente, proferir coercitivos palavrões, empunhar soberbamente pranchetas guardadas e dispostas por serviçais assistentes, transmitir instruções em inteligível inglês a americanos que não estão nem aí para o que dizem, afinal são “americanos”, para no fim das contas determinar o famigerado “bate pra dentro”, é muito pouco, muito pouco mesmo, para postular cargos fundamentais, ainda mais quando sequer dominam as defesas adiantadas na linha da bola lateralizada, condição mínima para enfrentar o jogo externo dos três, assim como jogadores anunciarem que não mais servirão as seleções, bem antes de qualquer movimentação convocatória, acostumados que sempre estiveram como proprietários de capitanias hereditárias históricas e de triste memória. Finalmente, que os deuses também nos livrem de estrangeiros nos dirigindo, pois ainda temos aqui entre nós pessoas competentes, estudiosas e prontas para ensinar, ensinar de verdade, orientar e dirigir nossos jogadores (as|) nos grandes campeonatos, e não os tutelarem como marionetes descerebrados, situando-se bem à margem da mesmice que aí está, alguns septuagenários, outros na meia idade, produtivos, atuantes e capazes de voos mais altos e consistentes do que querer demonstrar sapiência e conhecimento através suspeitos e constrangedores hieróglifos, mais parecendo um polígrafo repetidor de interjeições, interrogações e perplexidade perante um vazio brutal que se estende no exíguo espaço entre comandantes(?) e comandados. Não à toa, de uns tempos para cá a maioria deles se levanta bem antes do penúltimo rabisco ser aposto na prancheta medieval, que a essa altura muito explica e desnuda uma situação que precisa, com a máxima urgência ser definitivamente defenestrada para o bem do grande jogo entre nós.
Se assim for, podemos ansiar ter chances nos próximos dois ciclos olímpicos, pois em caso contrário, ao ser mantido o status quo vigente, nem todos os deuses reunidos poderão nos ajudar, quiçá salvar, mesmo sob a égide das melhores intenções gestoras e diretivas, para a gloria do corporativismo vicioso que aí está, escancarado, alerta e profundamente ligado…
Amém.
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