SAINDO DO RECESSO…

 

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                                                                                                                                                                                                        Fazem 15 dias que nada posto nesse humilde blog, precisei de um tempo para repensar alguns aspectos de minha vida, próximo que me encontro dos 75 anos bem vividos, bem trabalhados, melhor ainda, dedicados ao magistério, à técnica desportiva, ao estudo permanente, à pesquisa, à divulgação democrática do grande jogo, emoldurado por uma amada e presente família, que respalda e sempre respaldou todo esse esforço de que muito me orgulho.

 

Mesmo assim, pensava em estender por mais algum tempo esse recesso, quando ontem cedo atendi um telefonema, que a princípio parecia ser engano, mas que se transformou numa enorme e prazerosa surpresa, pois quem do outro lado da linha tentava justificar um involuntário aperto de botão era o Macarrão, isso mesmo, o grande Sergio Macarrão, que se surpreendeu muito quando me identifiquei, travando daí para diante um diálogo de velhos amigos, conciso e verdadeiro. Foi o sinal de que o recesso terminara, pois a luta deve continuar, caminhar, indo de encontro a uma realidade teimosa em se revelar, sem medos e contradições, simplesmente acontecer, nada mais…

 

Então, vamos lá, começando com uma listagem do que vimos acontecer nesses 15 longos dias, a saber:

 

– Os 20 anos da grande conquista do Mundial Feminino na Australia.

 

– A seleção masculina para o

 Sul Americano.

 

– A seleção masculina sub-18 para a Copa América no Colorado.

 

– A grande conquista dos Spurs na NBA.

 

– O curso nível III da ENTB em São Paulo.

 

– A convocação da seleção masculina para o Mundial na Espanha.

 

– A formação das equipes para o NBB7.

 

Vinte anos se passaram desde a grande conquista da seleção feminina no Mundial da Austrália, história contada e recontada à exaustão, mas que deixou um “legado” (palavra bem em moda , aliás…) traído seguidamente por todos aqueles que se locupletaram com o sucesso de uma geração sacrificada e injustamente liderada por aqueles, que em tempo algum,  a formou ao longo de vinte anos de duro trabalho, mas que no justo momento de colher os frutos de tanta abnegação, os viram degustados por quem, após a grande vitória, não deu continuidade ao trabalho, abandonando-o e trocando-o por outros objetivos, deixando acontecer a realidade que hoje assombra o basquete feminino, inclusive com a saída de cena do clube mais vencedor na última década, Ourinhos. Sem dúvida alguma um legado absurdo e constrangedor…

 

Do lado masculino, uma seleção Ç é convocada para o Sul Americano, falseando, e muito, numa escolha, mais uma vez equivocada de valores, mas perfeitamente alinhada à,mesmice endêmica que nos assola no aspecto tático, quando qualquer outra composição de jogadores em nada a mudaria, pois aceita por todos como verdade imutável dentro de um panorama monocórdio em que nos encontramos desde muito tempo. Se trata de um conceito de atuar, jogar o grande jogo de uma forma formatada e padronizada por uma plêiade  de estrategistas apegados ao seu único cais, garantidor do mercado de trabalho, que deve ser mantido inter pares a todo custo, mesmo que tal atitude mantenha a modalidade perante o atraso em que se encontra, numa atitude imutável e autofágica. Logo, nada mudará ou se apresentará de inovativo, a não ser inéditas cores e logotipos impressos em caprichadas e midiáticas pranchetas, estrelas de um lamentável circo de horrores…

 

Que aliás, por mais uma vez se revelou na tarde de hoje em Colorado Springs, onde a seleção sub18 do Canadá esmagou nossa jovem seleção por implacáveis 42 pontos de diferença (101×59), com 52 pontos conseguidos dentro do garrafão, contra somente 18 de nossos indigitados meninos, que cometeram 23 erros de fundamentos e arremessaram 8/27 bolas de 3 e 10/30 de dois, numa demonstração cabal de má formação de base, em momento algum corrigida por pretenciosas comissões de três técnicos, incapazes de corrigir simples arremessos, quiça fundamentos gerais, mas altamente comprometidos e compromissados com um sistema único que professam arrogante e coercivamente, na trilha imposta por uma geração de técnicos (ou estrategistas…), consubstanciada por uma ENTB que se apressa em cursos nivel III, a fim de credenciar novos candidatos a preencher vagas na LNB e futuros NBB’s, quando deveriam centrar esforços por alguns anos nos niveis I e II, para que pudéssemos estabelecer novos parâmetros didático pedagógicos no ensino progressivo e inovador do grande jogo no país.

 

Tivemos também a grande vitória dos “vovôs” texanos do Spurs, repetindo aqueles outros “vovôs” dos Cavalliers, vencendo um duro torneio da NBA, apresentando um nível de jogo representado por uma intensa movimentação de todos os jogadores no ataque, e uma postura defensiva atuante, principalmente no perímetro externo, equilibrando suas forças ante um oponente mais atlético e duro, e com a presença do incensado LeBron, que nos momentos mais decisivos se viu mais vovô e desgastado que seus oponentes, deixando no ar o questionamento de seu companheiro Wade em uma das práticas da equipe veiculada pelo You Tube, quando provocava o grande jogador- Afinal James, qual a sua verdadeira idade?…

 

Então tivemos a convocação para o Mundial, onde um esperto e calejado técnico indica uma óbvia composição de jogadores, onde alguns deles não ostentam mais aquelas qualidades que os tornaram quase institucionais em nossas seleções, como que capitanias hereditárias, omitindo outros que pelo menos apresentaram melhor produtividade no recente NBB6, principalmente no jogo interno, como o Murilo, Cipolini e os mais afinados em suas silhuetas, como o Caio e o Prestes, nem mesmo presentes na convocação para o Sul Americano, e que submetidos a um bom treinamento poderiam afinar mais um pouco, podendo ser úteis a seleção, provando que a formula aplicada na classificação olímpica poderá ser reposta em contrafação ao desastre da Copa America de triste lembrança. No caso de ser mantida essa tendência, poderemos estar assistindo um inteligente álibi ser insinuado num possível fracasso na Espanha, tendo como personagens praticamente o mesmo grupo classificado no pré olímpico, tanto os presentes, como aqueles que por um motivo ou outro de “somenos importância”, não participarem da competição…

 

Finalmente, assistindo ao entra e sai de jogadores e técnicos nas equipes para o próximo NBB, vemos perplexos que a mesmice endêmica se solidifica a cada ano que passa, onde agentes e certos dirigentes se firmam como os verdadeiros artífices das equipes, comandando e estabelecendo parâmetros a ser seguidos pelos técnicos que continuam, e aqueles que serão contratados para administrar a obra de outrem, pois nada mudará taticamente, de 1 a 5, como sempre, facilitando os encaixes sem maiores problemas, já que “todo jogador de elite” sabe e conhece os caminhos que levam aos chifres, punhos, camisas, e, por que não, aos “pinquerrois” da vida…Quanto aos mais jovens, que tratem de se adaptar a essa cruel realidade, e sem muito, ou qualquer tempo para insignificâncias como acessar a ferramenta de trabalho de todo jogador que se preza, os fundamentos do jogo, e os drills para a formação de uma verdadeira equipe, mas isso é outra conversa…

 

Amém.

 

 

MEUS MENINOS…

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(…)“Para mim realmente é um motivo de grande orgulho. Fico muito feliz pelo trabalho que os dois fizeram em toda a temporada. Chegaram na final pelo trabalho, com características diferentes, mas com o mesmo objetivo muito claro que era buscar o título da Liga Nacional. Seguindo plano que realmente fico orgulhoso de dois jovens treinadores, com muito futuro e que estão envolvidos com a Seleção Brasileira”(…)
( Trecho da matéria “Meus Meninos”, publicada no site da LNB em 30/5/14)

 

Bem, o campeonato se encerrou e o menino mais velho venceu, e inclusive vai dirigir a seleção para o sul americano proximamente, e se mantêm, junto ao outro menino como auxiliares técnicos da seleção master, originando uma instigante dúvida: Será que um deles já se encontra qualificado para o lugar do Duró ao lado do Magnano nas decisões mais sérias, ou a confiança dele se encerra perante uma realidade exposta na bendita entrevista?
Sei não, mas desconfio que a ascendência ao segundo posto hierárquico fica para lá de 2016, se lá chegarem…
Amém.

Fotos – Divulgação LNB e reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

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SE AGITOU, DECRESCEU E PERDEU…

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O NBB6 chegou ao final, e a equipe do Flamengo foi sua lídima vencedora, a qual parabenizo pela conquista, mas no entanto, continuo a discordar da forma como joga, idêntica a de suas adversárias em sua maioria, vencendo-as por ter nas posições de 1 a 5 melhores jogadores que as mesmas, fruto de maiores investimentos, principalmente em jogadores estrangeiros de qualidade.
Laprovittola e Meyinsse fizeram a grande diferença, principalmente o grande pivô, que quando acionado (infelizmente muitas vezes trocado por bolinhas pretensamente eficientes, que foram nesse jogo 8/26, com 16/28 de dois pontos, num clara convergência propiciada por seu oponente…) decidiu alguns importantes jogos com seu impressionante domínio das fintas, do drible e dos arremessos firmes e seguros perto da cesta, sem falar de seu potencial defensivo e reboteiro. Sem esses dois jogadores, a equipe carioca dificilmente levaria o campeonato, pois seus jogadores patrícios se equivalem aos das outras equipes nas qualidades, e principalmente nos defeitos, basicamente os defensivos, já que taticamente atuam no sistema único presente na realidade de todos, em português e espanhol…

Mas algo saltou aos olhos atentos desse curtido professor, e que no afã torcedor da mídia dita especializada, deixou de ser comentado, sequer apontado, a primariedade opcional da equipe paulista nesse jogo em particular, o decisivo, que, apesar do equivoco, quase o levou de vencida.
E no que falhou? Na teimosa e pouco inteligente permissividade pelos longos arremessos, quando vinha eficientemente se comportando muito bem nas ações de 2 em 2, utilizando seus bons pivôs, inclusive pendurando o Meyinsse no terceiro quarto, e cuja continuidade ofereceria a grande chance de vencer uma partida possível, porque não?
Sabedor de que a equipe carioca, pelos jogadores que possuí, que não abrem mão de suas “convicções” pontuadoras, principalmente de fora (vide o Marcos, o Marcelo e o Alexandre), e por isso pouco utilizando seus pivôs, optou o Paulistano pelos arremessos também de fora (5/21) e pelo tico-tico de seus americanos, também abandonando o jogo interno, que comparecia em alta (21/40). Numa simples continha aritmética, em um jogo que perdeu por cinco pontos nos dois minutos finais da partida, se tivesse trocado a metade dos erros nos três pontos (16 tentativas) por tentativas de dois, teria a sua disposição 16 pontos possíveis e mais precisos, logo…
Mas seu técnico, o melhor da temporada (?), assim como seu oponente, ambos da seleção brasileira, preferiram, desde sempre, fazer presenças coercitivas sobre a arbitragem, do momento que a bola subiu para o início do jogo, até seu final, sem serem coibidos como determina a lei do jogo, por juízes mais voltados ao estrelismo, falseando sua única e básica função, aplicá-la com rigor e isenção.
E ao preferirem tal situação, perderam, como a maioria dos técnicos perdem ( e nesse ponto, um comentário do analista da TV de que TODOS os técnicos reclamam da arbitragem, conotando uma inverdade midiática, mas que parece ser bem vinda como “parte do espetáculo”, o que é lamentável…) a fantástica oportunidade de entrarem no âmago do grande jogo, através a minuciosa comparação de seu projeto de preparação com a realidade da competição, nos detalhes, aqueles ínfimos, porém determinantes detalhes técnicos, táticos, e acima de tudo estratégicos de seu trabalho, pois serão melhores profissionais na medida em que diminuam a distância entre diagnose e retificação de suas ações e intervenções técnicas, táticas, comportamentais, afetivas e interpessoais numa equipe de alta competição, aprendizagem essa iniciada na formação de base, e na percepção do quanto representa essa diminuição na real, pois adquirida, compreensão do que ela representa em sua árdua profissão de educador e técnico.
Enfim, mais uma etapa pelo soerguimento do nosso querido basquetebol completou seu ciclo, no entanto, ainda muito aquém de nossas necessidades, principalmente tão próxima de 2016, numa constatação bastante evidenciada, a de que nosso grande óbice no grande jogo percorre o caminho das carências técnicas, onde uma escola como a ENTB de forma alguma prefacia mudanças, mais sim endossa o que aí está, e onde o primado da meritocracia cede seu estratégico lugar ao compadrio e a mesmice endêmica que asfixia o grande jogo entre nós.
Gostaria imenso que investíssemos em novos sistemas de preparo de base e do jogo em si, e que fosse dado mais espaço de mídia às nossas realidades regionais nesse imenso e injusto país, em vez de vermos a cada dia que passa a solerte e maliciosa imposição de uma cultura absolutamente impraticável em nosso país, pois alimentada por quantitativos astronômicos, muito longe de nossa realidade econômica e social, porém muito próxima de uma turma que ama o que não consegue, e que segue teimando por migalhas advindas de sua consentida colonização.
Amém.

Fotos – Paulo Murilo e André Raw. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

SE ACALMOU, CRESCEU E VENCEU…

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Ficou quieto, deixou os juízes fazerem seu trabalho em paz, continuou, mais comedidamente, a incentivar seus jogadores, e fez valer na prática um comentário feito numa entrevista anterior, quando afirmava – “ Precisamos acertar mais cestas, não chutar menos. Nosso time é isso mesmo, estamos livres, precisamos chutar. Se a defesa deles deixar a gente chutar, a gente vai arremessar, não tem essa”-

E não deu outra, sua equipe venceu arremessando 16/36 de dois pontos, 12/35 de três, numa convergência atroz, e mais 15/17 de lances livres, enquanto a equipe de São José convertia 16/32, 8/24 e 12/17 respectivamente, numa partida mais perto de um duelo de lançamento de bolinhas ante defesas inoperantes fora do perímetro, do que um verdadeiro jogo entre equipes  e, o principal, defensivamente bem treinadas.

Aliás, é algo de intrigante ambos os técnicos pedirem seus tempos e empunharem suas pranchetas, para elaborarem jogadas punhos, chifres e correlatas, para, no seguimento do jogo seus jogadores tornarem a se entregar com volúpia ao duelo exterior, arremessando de todas as formas, equilibradas ou não, quase sempre sem uma simples contestação defensiva, onde um americano toma o jogo em suas mãos convertendo 30 pontos em meio ao um desmando defensivo imperdoável.

Vencido o jogo e a indicação de melhor técnico da temporada, o jovem paulista precisa provar no próximo sábado que o “não tem essa” que professa publicamente mereça vencer a competição, ante um adversário que ostenta uma azeitada artilharia similar a sua, com um técnico que professa a mesma “filosofia”, um mais bem postado jogo interior, e uma defesa que às vezes funciona, que é o aspecto que definirá a finalíssima, vencendo aquela equipe que contestar fora do perímetro com maior qualidade, e priorizar o jogo interno somente factível com a participação efetiva e abnegada dos armadores, ações estas conflitantes com artilharias externas e americanos centralizadores e individualistas.

Vamos ver o quanto de “proficiência” assistiremos numa arena repleta e pulsante, ávida pelas bolinhas e enterradas fenomenais, mas que premiará aquela equipe que otimizar cada ataque que realizar, cada defesa que impuser, ou em outras palavras, esquecer por um jogo apenas, e final, que bolinhas nem sempre ganham jogos, quiçá, campeonatos…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

DESTUMULTUANDO…

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Começa o jogo, e para variar uma bola de três para cada lado é detonada, como querendo afirmar quais os rumos que ambas as equipes pretendem direcionar, num hábito largamente divulgado no âmbito das franquias da LNB.

Antecedendo um pouco ao seu início, um ligeiro toque no transmissor FM atado ao árbitro, sinalizando que sua senhoria está conectando seus conhecimentos técnicos que serão divulgados pedagógicamente aos ignorantes tele ouvintes ligados ao mesmo, assim como os saudáveis diálogos que travará dali em diante com jogadores e técnicos, todas atitudes altamente dispensáveis face as regras do grande jogo, da qual é seu executor, jamais legislador…

“Atenção que vou lançar a bola muito alta, para depois vocês pularem”, instrução óbvia ao bola ao alto para a platéia ignara de casa, e dois jogadores por volta dos 2.10m de altura, todos convencidos de que a bola terá de realmente ir bem alta, afinal…

No entanto, desta vez a arbitragem agiu rapidamente quanto ao cenário que ensaiava se repetir do jogo anterior, e com uma falta técnica refreia o jovem técnico do Paulistano, e de tabela o de São José, que daquele momento em diante se perde em irônicos olhares e gestos, em vez de se concentrar firmemente nos problemas de sua equipe, talvez mais perdida do que ele ao se ver tolhida em sua tentativa de pressionar a arbitragem, como é de seu hábito fazer.

São José, de certa forma repetiu a fórmula vencedora do Flamengo de véspera, forçando o jogo interior, onde o substituto do contundido Caio, o americano Nelson, se impôs com força e técnica, desmontando aquele setor da equipe segunda colocada na classificação, e que não encontrou antídoto a altura, se perdendo nos longos arremessos, e na pífia marcação em ambos os perímetros, o que incentivou também seu oponente aos tiros longos, que se substituídos pelas penetrações teria alcançado um placar mais elástico do que foi conseguido.

Mas algo de inusitado aconteceu em um dos comentários feitos pela entrevistadora e pelo analista da TV, a que reporto aproximadamente: Repórter – “O Gustavinho foi a mesa e sarcasticamente pediu para que seus tempos fossem cedidos ao Zanon. Não deu instruções a seu time no tempo de São José, e disse que o melhor a fazer era arrumar suas coisas e voltar para são Paulo”…

Comentarista – “Não concordo com a posição dele, tem de respeitar o seu adversário”…

Repórter – “O fato dele ter somente 33 anos pode ter influenciado nisso?”…

Comentarista – “Acredito que sim”…

Como podemos testemunhar, o birrento técnico rapidamente se firma como uma personalidade ambígua, entre o discurso técnico tático e o comportamento passional, que anula a capacidade analítica e metódica, necessária às tomadas de decisão, naqueles momentos onde a calma, a paciência e a concentração absoluta definem a medida mais indicada a ser tomada junto a equipe, que tenderá a responder com as mesmas qualidades advindas de seu líder, pois em caso contrário o melhor a fazer é “arrumar suas coisas e retornar para…”

O quarto jogo na sexta feira definirá qual o caminho e a opção a ser tomada pelo jovem técnico, a raivosa, agitada e agressiva liderança, principalmente voltada para a arbitragem, cegando e obliterando suas decisões, ou a calma e paciente observação do que ocorre na quadra de jogo, basicamente sobre sua equipe, pois a adversária é conhecida e testada. Torço para que consiga, ao menos, se acalmar…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

INSIDE…

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Ele finalizou de muito perto, a media distância, nos lances livres, de lado, de costas e de frente, fintando e driblando com maestria, se deslocando em velocidade, brecando quando necessário, iludindo quem o marcava (mandou três deles para o banco com 5 faltas), marcou com determinação, reboteou como nunca e bloqueou com presteza e refinada técnica, e se não bastasse tudo isso, fez 34 pontos!

Muito mais poderia ter feito, não fosse a pequena ciumeira dos elásticos de sua equipe, que no segundo quarto resolveram “matar” lá de fora, privando o grande jogador de seu instrumento afinado naquela noite, a bola. Mas, logo perceberam que o jogo seria ganho (e por que não os outros…) jogando lá dentro, tirando partido de um grupo de bons jogadores altos e técnicos que se lançados pelos bons armadores que possuem, não encontrariam rivais a altura, mas para tanto, alguns especialistas teriam de abdicar um pouco de suas àureas, incensadas e marqueteadas por uma midiática e ignorante entourage, que muito entrava o desenvolvimento do grande jogo em nossa terra.

E a receita para soerguê-lo passa irremediavelmente pelo conhecimento do que seja atuar lá dentro, inside, com um, dois e até três alas pivôs, que se aproximando da envergadura de um Meyinsse (e nós os temos), e aprimorados nos fundamentos (ainda claudicantes, vide o Felicio…), nos colocaria muito à frente de onde nos encontramos no cenário internacional, e que para tanto devemos desenvolver novas formas de treinamento, novas didáticas voltadas aos jovens, destinando os longos arremessos àqueles poucos realmente especialistas, e não essa hemorragia inestancável de bolinhas, arremessadas pela maioria dos integrantes de todas as equipes nacionais.

Enfim, pudemos ontem assistir o que representa o jogo interior bem jogado, que de 2 em 2, e de 1 em 1, alcança números mais do que suficientes para vencer partidas e campeonatos.

Espero que na final possamos assistir, talvez uma outra forma de atuar, que não essa absurda e medíocre maneira que nos impuseram a forceps.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A ARTE DO TUMULTO II…

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O jogo estava ruim para o Paulistano, não jogavam com confiança, muito mal mesmo, conforme reconhecia seu técnico em um dos primeiros tempos pedidos, e que se continuasse daquela forma uma derrota seria inevitável…

Então, comecemos a tumultuar o jogo, reclamando, invadindo quadra, gesticulando até em cobrança de lateral, indo à mesa reinvidicar lá o que fosse, travando diálogos consentidos com uma “arbitragem pedagógica e antenada”, para desprazer e incredulidade de uma audiência que somente desejava assistir a um bom jogo de playoff, e não uma demonstração de desrespeito e imagem circense, vindas de um muito jovem técnico absolutamente crente de que seja esse o caminho a ser seguido em sua trajetória de gênio das quadras, o que não é com certeza…

Paralelamente ao descalabro comportamental de um lado, viu-se uma equipe, que dominava o jogo até o terceiro quarto, ceder um campo inimaginável a um adversário semi batido, mas não morto, embalado que se encontrava pelo alto grau de pressão sobre uma arbitragem permissiva e confusa, permitindo com sua omissão tática e técnica uma reação fulminante, onde até os tempos pedidos demonstravam o enorme fastio e distanciamento entre comandante e comandados, fatal num momento de decisão, onde o entrelaçamento e confiança devem se fazer presentes para um resultado final positivo.

Desfalques e contusões podem ser relacionados como causadores de derrotas, mas não com a dimensão de um quarto final acachapante e constrangedor.

Tem por obrigação, a comissão de arbitragem da LNB, reduzir as interferências de técnicos sobre juízes, sob a real ameaça de desqualificação dos mesmos perante a decisiva confiança que os cercam na condução isenta e técnica de um campeonato nacional, e para tanto basta a aplicação rigorosa das regras do grande jogo, sem papos pedagógicos e transmissões midiáticas.

Amém.

 

Em Tempo – Nesse jogo cometeu-se a barbaridade de 34 (17/17) erros de fundamentos, o que dá seriamente o que pensar em jogo da elite.


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A ARTE DO TUMULTO I…

 

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Sejamos breves, suscintos, ao relatarmos uma arte bem antiga, aquela que muda o foco de uma ação de perda iminente, tumultuando-a de tal forma que, possivelmente possa ser revertida, virando a roda da fortuna para uma improvável vitória…

Sou macaco velho nessa história, não como utente, mas presente na maior escola dessa arte, nas duas temporadas que trabalhei no Flamengo da era Togo Renan, mestre inconteste da mesma, e inclusive relatei algumas passagens a respeito aqui no blog. Logo, vejo com preocupação jovens técnicos enveredarem numa atividade “fio de navalha”, pois penderá seu corte a uma aleatória realidade, positiva ou negativa em sua trajetória profissional.

Numa partida duríssima, onde seu maior ícone, mestre nos longos arremessos, vem encontrando nos defensores mogianos uma contestação firme e eficiente, a ponto de ensaiar simulações de faltas em suas tentativas, projetando o corpo para os lados após os lançamentos, mas não encontrando nas arbitragens as respostas pretendidas, que foram três no jogo anterior e duas nesse em particular, viu-se a equipe carioca inferiorizada ofensivamente, disparando no comando a enxurrada de reclamações e acintoso gestual na direção de uma arbitragem insegura e permissiva quanto às mesmas.

Dessa forma, o jogo foi sendo levado sem maiores dilatações na contagem, até que, numa improvável situação, o pivô reserva Felicio, deixado solto fora do perímetro pelo seu defensor que “pagando para ver” permitiu ao mesmo dois arremessos de três que recolocaram a equipe carioca no jogo, para na jogada final, onde nada do que foi estabelecido (e nem poderia naquelas circunstâncias…) na prancheta ocorreu na verdade, e sim, e por mais uma vez, deixado livre por não acreditarem os defensores mogianos da possibilidade definidora do jovem pivô,”pagando para ver” por mais uma e derradeira oportunidade, perdendo um jogo que poderiam ter ganho, com certeza.

Duas coisas me preocupam, uma a da continuidade inputativa de técnicos tentarem reverter situações negativas de jogo, tumultuando-o proposital e conscientemente, numa vertente ascendente que põe em risco decisões em jogos importantes nas classificações finais de um campeonato, a outra, e que não seja uma continuidade do que estamos assistindo corriqueiramente, o posicionamento ambíguo de jovens pivôs em suas tentativas nos longos arremessos, pois das duas uma, ou os tornarão “especialistas” nos mesmos, sem que habilidades nas penetrações, nos dribles e nas fintas, que são fundamentos básicos aos alas pivôs sejam convenientemente ensinados, ou se manterão pivôs de força sem as habilidades  mencionadas, o que seria um enorme desperdício, numa geração de jovens altos, ágeis e velozes,  e que merecem atenções do mais alto nível, para transformá-los nos jogadores polivalentes de que tanto precisamos.

Amém.

Em Tempo – O Flamengo venceu a partida arremessando 13/30 bolas de três, 17/34 de dois e 7/9 lances livres, contra 11/26, 18/40 e 9/13, respectivamente por parte de Mogi, e ambas as equipes cometeram a incrível marca de 29 (16/13) erros de fundamentos.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

AS INTRANSPONÍVEIS BARREIRAS…

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Leio com incontida ansiedade a notícia da contratação do Marcel para dirigir a equipe do Pinheiros, uma verdadeira reviravolta em nosso cansado e monocórdio basquetebol, vítima letal da mesmice endêmica que o assaltou de umas duas décadas para cá.

Faz-se necessário a releitura de um artigo profético, escrito pelo jornalista Giancarlo Gianpetro em seu blog Vinte e Um, publicado exatamente a dois anos atrás (18/5/12), onde relata a odisseia de dois técnicos marginalizados do contexto do grande jogo, e que coincidentemente editam blogs muitas vezes polêmicos e contestadores, porém assinados e de cara e mãos limpas, jamais se escondendo atrás do anonimato covarde e pusilânime.

Na entrevista depois da indicação, Marcel assim se manifesta: “É um motivo de alegria e satisfação retornar ao Pinheiros, que é uma das equipes mais tradicionais do basquete paulista e nacional. A expectativa é a melhor possível, já que terei a chance de aprender com o Cláudio Mortari e também com o diretor Fernando Rossi, pois sei que ambos romperam barreiras quase intransponíveis por optar pelo meu nome e espero poder retribuir essa confiança”.

Estarei torcendo honesta e sinceramente por ele, que inclusive não conheço pessoalmente, mas sempre admirei sua trajetória e magnífico histórico no grande jogo, sabendo de antemão o muito que somará à modalidade com seu conhecimento e prática, sentindo somente uma pontada de tristeza, a de não me ser permitido participar e caminhar com ele e os demais técnicos na busca de um basquete mais dinâmico e antítese do que se tem visto em nossas quadras.

Boa sorte e sucesso Marcel.

Amém.

“NÃO TEM ESSA”…

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(…)Nesta quinta-feira, o Paulistano tentou 30 bolas de três e converteu apenas sete, em um aproveitamento inferior a 25%. O técnico Gustavo de Conti tem a solução para a próxima partida:

– Precisamos acertar mais cestas, não chutar menos. Nosso time é isso mesmo, estamos livres, precisamos chutar. Se a defesa deles deixar a gente chutar, a gente vai arremessar, não tem essa- justifica o treinador.

Na partida, o São José acertou 12 bolas de três pontos em 21 tentativas, em um aproveitamento muito superior ao do Paulistano.(…)

(Trecho da matéria “Eu assumo a culpa” publicada no Globoesporte.com em 16/5/2014).

Bem, esse é um relato surpreendente, ainda mais partindo de um técnico exigente em suas táticas, quase dogmático quanto à movimentação e deslocamentos de seus jogadores, dentro dos rígidos sistemas que emprega e demonstra, sofregadamente, em sua prancheta a cada tempo que usufrui no transcorrer de uma partida, somados à sua intensa e sufocante atitude ao lado da quadra onde se divide em cobrador agitado e impositivo de jogadores, e pressionador contumaz das arbitragens, comentando inclusive que “apitou contra minha equipe, reclamo mesmo”…

Na verdade, e num ponto pode ter razão, ao afirmar- “Se a defesa deles deixar a gente chutar, a gente vai arremessar, não tem essa”…

Mas “essa” o que? Críticas ao desperdício doentio de só arremessarem de três, inclusive em contra ataques, pois na maioria das vezes equipes apostam na baixa produtividade das bolinhas “pagando para ver” jogadores com técnica medíocre arriscarem um brilhareco midiático, em vez da aproximação mais eficiente, porém exigente nas técnicas fundamentais? Ora, ora jovem técnico, arremessos mais próximos, por apresentarem eficiência relevante, permitem que de 2 em 2 otimizem os esforços de todos a cada ataque realizado, já que as perdas são menores, vencendo partidas, e não os números desse jogo em particular, que apresentaram o seguinte resultado quanto aos longos arremessos: 7/30 (ou 21 pontos) para sua equipe, e 12/21 (ou 36 pontos) para São José, 15 a mais no placar, que se trocada a metade das perdas (10,5) por arremessos de 2 pontos, venceria um jogo que perdeu por 5, mesmo que seu adversário usufruísse da mesma condição, pois somariam somente 9 pontos a mais em seu resultado.

No fundo, no fundo, assumir a culpa taticamente não redime uma outra, a de se permitir morder iscas travestidas de “pagar para ver”, inclusive assumidas por seus próprios jogadores em muitas situações, pois as técnicas de empunhadura, precisão, equilíbrio e força, necessárias ao especialista dos três pontos, não são factíveis a qualquer jogador, que mesmo assim têm de ser contestados (o festejado “fator sorte”…), e sim para uns poucos, disputados a peso de ouro pelas maiores ligas do mundo, em cujas equipes seria inadmissível que, como a que dirige, 7 jogadores se julguem capacitados, assim como 6 de seu oponente, na difícil e seletiva arte dos longos arremessos, sem que sejam refreados em suas equivocadas escolhas, direcionando-os a melhores, tática e tecnicamente falando.

O “hoje elas não caíram” mas no próximo “cairão”, é bem o reflexo do basquetebol que estamos ensinando e divulgando no seio da formação de base, e cujos resultados e reflexos estamos colhendo nos embates internacionais, vide a derrota de nossa seleção masculina sub-18, ontem, para a equipe do clube Joventud Badalona, no International Junior Tournement Euroleague 2014, por 69×43, onde elas por certo, “não cairam”…

Quanto ao jogo em si, mais um festival das midiáticas, confusas e controversas pranchetas, onde a clareza cede espaço ao…Deixa pra lá…

Amém.

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