O AUSENTE E DECISIVO BOM SENSO…

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Fui dormir com a sensação de que deveria ser duro nas criticas, nas chamadas de atenção a falhas imperdoáveis nesse nível de competição, mas antes, selecionei algumas fotos feitas na transmissão da TV, mentalizei e anotei alguns comentários feitos pelo analista da mesma, voltei ao teclado, nada digitei e desliguei o Dell.

Foi boa a decisão de adiar para hoje cedo a elaboração do texto, pois reforcei a necessidade de endurecer ainda mais nas criticas, após um repouso onde qualquer resquício de equivoco pudesse ser dirimido, à luz do bom senso.

Foi logo no principio da transmissão que o narrador da TV comentou o fato de nunca ter visto o técnico do Flamengo tão nervoso e agitado, reclamando ostensivamente da arbitragem (que por sinal se comportou muito bem), e que ao proibir microfones em seus pedidos de tempo (numa ótima opção), privou a todos de suas bruscas e mais nervosas ainda admoestações ao grupo.

Sem duvida alguma o seu comportamento concorreu, e muito, na desestabilização da equipe em quadra (e muita atenção, pois dirigirá a seleção brasileira de novos, com seu assistente mais nervoso ainda, o técnico do Paulistano, numa faixa de idade e experiência, onde se exige acima de tudo, muita moderação e exemplos a serem seguidos…), ainda mais frente a erros técnicos visíveis, prejudicando decisivamente seu projeto tático para um jogo tão decisivo, onde a mais completa desordem no posicionamento dos rebotes foi o causador da débâcle defensiva, e até ofensiva, de sua equipe, vide os 45 rebotes conquistados pela equipe paulista, frente aos minguados 22 da sua (dêem uma olhada nas fotos), que por isso mesmo se viu freada numa de suas qualidades, os contra ataques ( que a turma moderna apelidou de “transições”…).

Outro fator importante, a desqualificação de seus longos arremessos pelo correto posicionamento defensivo de São José, muito mais atento aos movimentos lineares que precedem a ação de lançamento dos mesmos, travando-os, ou alterando suas trajetórias pelas anteposições defensivas exercidas, em contraponto à permissividade concedida aos arremessos de seu adversário, como bem atesta a primeira foto, onde o defensor carioca, antevendo um possível erro no lançamento de fora, se preocupa em iniciar um provável contra ataque, do que obstá-lo, como deveria fazê-lo. Situações como essa foram muitas, e deu no que deu, quando São José errou 26 lançamentos (13 de dois e 13 de três), contra 42 (25 e 17) de sua equipe.

Então contabilizando o prejuízo rubro negro, onde a perda e o domínio dos rebotes (seus pesados e lentos pivôs não foram páreo aos rápidos e ágeis pivôs paulistas) foi o fator decisivo, exigindo um treinamento acima do específico no posicionamento dos mesmos em quadra, assim como a mais tênue tentativa nas contestações aos arremessos paulistas inexistiu na maioria dos casos, além de alguns aspectos pontuais, mas importantes, como os equivocados lances livres cobrados pelo pivô Shilton (de longa data, sem correções eficientes), e a facilidade com que são batidos nas fintas de seus oponentes, e que nem os 17 erros de fundamentos (passes principalmente) dos mesmos foram motivos para um possível equilíbrio nas ações.

Se no segundo jogo da série, agora em terreno carioca, e jogado numa arena colossal (se der bom publico pode funcionar como apoio, senão…) a correção nos rebotes, nas contestações, e no melhor aproveitamento do jogo interior, não forem levados profunda e taticamente a serio, a equipe rubro negra enfrentará sérios problemas, já que seu adversário, incentivado pela primeira vitória e pelo bom momento técnico e tático que atravessa poderá estabelecer uma superioridade inalcançável em caso de uma nova derrota, e principalmente, que seu técnico ponha de lado sua faceta estelar e midiática, levando tranqüilidade à sua equipe, a fim de que a mesma atinja aquele grau de efetividade fundamentado no equilíbrio e na relação com seu líder, lastreado pelo equilíbrio, frieza e o velho e tradicional (tão esquecido nos dias de hoje) bom senso.

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

FATAL CONTRADIÇÃO…

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Mal iniciou o jogo e o técnico do Bauru pede um tempo e “descasca” o grupo, exigindo aos berros que cumprissem o combinado e treinado, e não ficassem nos arremessos de fora, principalmente o Gui. Voltam à quadra e no primeiro ataque o Gui queima de onde? Isso, bem lá de fora (as duas primeiras fotos), e erra mais uma vez. É retirado e vai para o limbo.

Bem, faz parte do jogo, mas lá pelo terceiro quarto, com sua equipe atrás, o mesmo Gui lança mais dois torpedos e os converte, numa ação individual, bem fora do sentido coletivista reclamado pelo técnico, e que vem se constituindo no ponto forte de seu adversário, que por isso mesmo lidera o placar com paciente controle do jogo, cadenciando-o ao largo da velocidade travada de Bauru. Mas nesse caso das longas bolas convertidas pelo sempre presente Gui, o técnico não se abala, mesmo sabendo-o transgressor do tão reclamado e cobrado jogo coletivo, e bem ao contrario de sua explosão no inicio do jogo mantém o jogador, numa flagrante contradição à sua atitude naquele momento.

Mas porque uma contradição? Pelo simples fato de que a atitude inicial do jogador foi a mesma no transcurso e mais para o final do mesmo, e que no caso de ter convertido as duas bolinhas em sequência o tenha absolvido, mesmo mantendo distância do espirito coletivista da equipe? Àquela altura do jogo, com o Uberlândia mandando com sobras no mesmo, jogando com um eficiente sentido coletivo, ritmado, paciente e utilizando o jogo interior e exterior com maestria (vide fotos), em oposição ao comportamento gregário e individualista de Bauru, fator que o levou a derrota em seus próprios domínios, tornado sua tarefa em Uberlândia nos próximos dois jogos bastante difícil.

Se nos jogos contra Franca a equipe de Bauru soube desenvolver o jogo interior intenso, vencendo a difícil série, porque não repetiu o sistema de jogo contra Uberlândia? Se a atitude fartamente repetida pelo Gui foi um dos fatores  preponderantes na quebra do coletivismo da equipe, porque então mantê-lo em quadra agindo daquela forma, e não proibindo-o (esse é o termo) de ir por aquele caminho, e exigindo do mesmo percorrer o das penetrações e assistências aos pivôs no jogo interno, ou mesmo interagindo com os armadores Fischer e Larry?

Sim, houve uma séria contradição técnica, e principalmente tática por parte de um jogador talentoso e muito jovem, que arrisca suas reais possibilidades ao negar jogar em equipe, e uma maior ainda por parte do técnico, que espaçou o binômio Diagnose/Retificação muito além do permissível, do aceitável, pois quanto menor for o espaçamento entre estas duas ações, maior o domínio de um outro binômio, o do Ensino/Aprendizagem, seu controle e seu aprimoramento.

Esperamos que na próxima partida a equipe paulista torne ao sentido grupal de seus jogos com Franca, enfrentando um adversário que já o tem estabelecido, pelo menos até esse importante momento do campeonato.

Amém.

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PEQUENAS SUTILEZAS…

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Fechando o playoff, um grande jogo, disputado com muita energia e determinação por ambas as equipes, jogando dentro do perímetro de forma eficiente, e contestando os longos arremessos, propiciaram um dos mais equilibrados jogos desse playoff, que pendeu ao final para a equipe mais experiente e rodada do Bauru, mas que fez da jovem equipe de Franca uma real promessa, com bons valores individuais e um senso de equipe elogiável.

Os números do jogo atestam o equilíbrio e a qualidade apresentada por ambas as equipes, que arremessaram 38/77 bolas de dois (21/38 para Bauru e 17/39 para Franca), e 17/40 de três (7/19 e 10/21 respectivamente), sem os costumeiros arroubos dos três incrustado no modo de jogar da maioria de nossas equipes, demonstrando que de dois em dois podemos estabelecer bons e mais precisos placares, sem o desperdício de tempo e esforço pelo emprego desvairado dos longos arremessos de três.

Agora que ficaram conhecidas as quatro semifinalistas do NBB5, podemos estabelecer uns pequenos comentários sobre as mesmas, principalmente no aspecto tático, que diferem um pouco entre elas, mas o suficiente para definir seus passos no duro torneio que se avizinha.

Tentemos um pequeno esquema comparativo:

 

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Onde: DA – Dupla armação

JI    – Jogo interior

JE   – Jogo exterior

PL  – Pivôs lentos

PR – Pivôs rápidos

SJI – Sistema de jogo contra defesa individual

SJZ – Sistema de jogo contra zona

SJP – Sistema de jogo polivalente

JT   – Jogo de transição

RED- Relativa estabilidade defensiva

São características naturais das equipes, mas que poderiam sofrer adaptações na medida em que avançasse a competição, mas que denotaria mudanças significativas na forma de jogar e atuar, e principalmente no modo como defendem, o que duvido que pudesse acontecer no atual estagio do basquete no país, onde a grande maioria dos técnicos se acorrentam em torno de um sistema de jogo padronizado e formatado desde sempre, para nossa infelicidade.

Pelo pequeno quadro comparativo acima podemos prever alguns comportamentos ofensivos, e até defensivos, na medida em que as equipes se defrontem, não só com sua realidade, mas basicamente com a de seus oponentes, numa troca de experiências que pode definir o vencedor ao final. Pena que nenhuma delas tenha em seu poder um sistema de jogo polivalente, que propiciaria um salto gigantesco nos conceitos técnicos e táticos do grande jogo em nosso país, apesar da discordância do grande Wlamir Marques. Mas isso é outra história…

Amém.

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FECHANDO A CONTA…

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Foi ao mesmo tempo irônico e surpreendente, quando a equipe de Uberlândia, notória utente das bolinhas, vence um jogo arremessando somente um 11/21 de três e 21/36 de dois, numa clara opção pelo jogo interior, atuando em dupla armação por todo o tempo, confrontando um 11/27 de três e 18/31 de dois do Pinheiros, bem perto de suas costumeiras convergências , e perdendo um jogo naquele aspecto dominante em sua campanha, o poderoso rebote, que foi superado num 32/18 decisivo na vitoria mineira, confirmando o acerto pela opção do jogo interior, tanto ofensivo como defensivo.

 

Pelos números é o máximo de analise possível, o que torna lamentável a não transmissão televisiva do encontro, tão importante no momento atravessado pelo grande jogo no país.

 

Em Brasília, no jogo mais importante de sua campanha pelo tetra na Liga, os candangos foram obrigados ao jogo de penetração, pela intransigente contestação de seus notórios arremessos de três, por uma defesa disposta a alterá-los a todo custo, fazendo com que a equipe tri-campeã, depois de incontáveis rodadas não convergisse em seus arremessos, com 19/40 nos dois pontos e inéditos 10/23 nos três, rompendo a sua inquestionável força exterior, obrigando-a ao jogo interior através um lento Paulão, um pouco atlético Guilherme, e dois cansados e pesados de guerra, Atílio e Cipriano, que se viram em maus lençóis frente aos grandões e muito mais velozes, Murilo, Chico e Jefferson, que os dominaram com relativa facilidade em suas conclusões.

 

São José, convergiu (17/35 nos três e 10/30 nos três), mas sem a contestação enérgica que utilizou sobre os longos arremessos dos candangos, que permitiram o tradicional jogo exterior dos paulistas, pagando um alto preço por essa já sua tradicional opção. Não defendendo com precisão aqui, e recebendo forte oposição lá, se constituiu numa formula, bem simples aliás, que determinou a vitoria paulista, ante uma equipe desgastada, veterana e que se renova com jogadores bem aquém da qualidade dos mais antigos, principalmente optando por pivôs pesados e lentos, alas voltados aos longos tiros e armadores antagônicos ao sistema de jogo escolhido por seu técnico, as rápidas transições e o jogo exterior.

 

Enfim, uma era se esvaiu nos próprios erros, e na falsa suposição de que “nomes” sempre resolvem as situações, que se provou falha dessa vez, não pelos nomes em pauta, e sim pela evidência maior, a de que não são eternos…

 

Amém.

 

Fotos – reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

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O JOGO INTERIOR…

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As duas equipes resolveram priorizar o jogo interno, no que fizeram muito bem, mas diferenciadas na forma como fazê-lo, e utilizando, ambas, dois armadores sempre em quadra. A do Pinheiros com quatro abertos, um pivô lá dentro, e os alas se deslocando para apoiá-lo nas ações de ataque (foto 1), e eventualmente concluindo de três ante a impossibilidade de conclusão do isolado pivô (foto 2). Uberlândia, variava de dois a três homens altos (alas e pivôs) transitando no perímetro interno, sendo alimentados por armadores tão ou mais afiados do que eles nas conclusões externas (Gruber e Cipolini usaram bastante, e com propriedade, os longos arremessos, como alas pivôs que são de formação), criando uma vasta possibilidade de jogadas decorrentes da confusa atitude defensiva dos paulistas, frente à uma movimentação intensa e veloz dos mineiros no âmago de sua defesa (fotos 3 e 4).

Neste cenário tático, a equipe mineira levou nítida vantagem dentro do perímetro (18/32 nos curtos arremessos), que quando contestados, propiciavam equilibrados e livres arremessos de três, pela compressão defensiva em torno dos três atacantes interiores mineiros, que atingiram a boa marca de 13/23 tentativas de fora, e um excelente 14/16 nos lances livres.

Do lado oposto, nem mesmo a boa atuação de ataque interno (19/30), a principio vindo de fora para dentro do perímetro, pode ser complementado pelo externo (9/27), onde mais se fez sentir a atuação contestatória da defesa mineira, além do sofrível desempenho nos lances livres (11/16).

Mais para o final do jogo, e a pedido do técnico paulista, foram ampliadas as tentativas de três, que convenientemente contestadas, geraram o grande acumulo de erros acima apontados.

Por mais uma e cansativa vez, vimos acontecer divergências e cobranças nervosas e até agressivas nos pedidos de tempo dos paulistas, mostrando tacitamente que os relacionamentos nas diversas esferas da boa equipe paulista não são das melhores, fato este que, com certeza, vem provocando as enormes oscilações que ocorrem no seio da mesma na competição.

O próximo jogo, o quinto, em terras mineiras, determinará o semi finalista desta série, vencendo aquela que apresentar a melhor proposta tática, e tão ou mais importante, o equilíbrio mental e psicológico dentro e fora da quadra de jogo, necessário e fundamental ao vitorioso fechamento da mesma, que nesse momento parece pender para os mineiros, mais unidos e determinados. Mas, pode acontecer o inverso, quem sabe…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

EVOLUINDO, APESAR DE TUDO…

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Enfim uma rodada de playoff sem o reinado absoluto das bolinhas, enfim uma luzinha ainda muito tênue tremulando no fim do imenso túnel, melhor, poço em que lançaram o basquete brasileiro nas duas últimas décadas, mas qual uma chama de vela, ainda arriscada de ser abafada por uma mortal recaída, afinal de contas, os “especialistas” (onde contam até pivôs) não vão se dar por vencidos…

No jogo em São José dos Campos, entre as duas das mais renitentes utentes das famigeradas bolinhas, num jogo de playoff, foram lançadas 25/41 bolas de dois e 5/18 de três para a equipe da casa, e 22/44 e 6/22 respectivamente para Brasília, numa retração às repetidas e sucessivas convergências que vinham ocorrendo desde sempre, para ambas, e que num passe de mágica reverteram aos números acima, provando (suponho, pois o jogo não foi televisionado) que com um bem direcionado esforço defensivo, principalmente fora do perímetro, a tal hegemonia do nosso jogo externo pode ser reavaliado, com bons e eficientes resultados finais. Fico nesses números, que por si só já auferem uma bem vinda mudança de hábitos, quiçá inovador.

Em Franca, a continuidade de algo realmente estusiasmador, a jovem equipe de Franca, que mesmo sem dois de seus mais importantes veteranos, manteve a força de sua defesa, e o jogo preferencialmente interior (foram 24/47 arremessos de dois e 4/18 de três), apesar de umas poucas bolas forçadas de fora do perímetro, mas que não deslustraram sua inconteste vitoria.

Bauru, desfalcada seriamente em sua armação, também levou o jogo lá para baixo (19/40 de dois e 4/19 de três), onde os que se julgam ótimos são apenas bons, onde os jogos são decididos pelo alto índice de acertos se comparados às temerárias bolinhas de três, onde os bons têm de lutar muito e muito, para um dia serem ótimos…

Nem mesmo os índices nos lances livres definiriam o vencedor (10/14 para Franca e 8/11 para Bauru), provando que de dois em dois e uma forte defesa podem duas equipes apresentar um ótimo jogo, valorizando a técnica e a precisão.

Quando ficarmos entre 10 e 15 arremessos de três, claro, que sob defesas sérias e aplicadas, e realmente lançadas por especialistas de verdade, e em boas condições de equilíbrio e alguma liberdade, creio que chegaremos a um patamar de excelência técnica e tática, muito diferente da sangria hemorrágica e irresponsável, em que se encontra atualmente o grande jogo.

Acredito que chegaremos lá, com muito trabalho na base e novas concepções de jogo na elite, rompendo os asfixiantes grilhões de um sistema que nada tem a ver com o nosso talento e criatividade. Que o mesmo fique lá pelo hemisfério norte, com suas fabulosas e milionárias franquias, que mais cedo ou mais tarde cairão na realidade de uma economia doente e fragmentária, onde o “saber administrar a pobreza” é algo inimaginável e utópico. Nós, que deveriamos saber (muitos teimam ilusoriamente em esquecer…) como administrá-la, não podemos, e nem temos o direito de omiti-la, pois se trata de uma realidade nossa, que mesmo pesada e onerosa, nos guindou ao quarto posto no basquetebol mundial do século passado, apesar de tudo.

Que essa nova tendência, capitaneada pela dupla armação e o jogo rápido e insinuante de nossas altos e inteligentes jovens, nos leve de volta ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído, apesar das CBB’s da vida…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las

E HOUVE UM JOGO…

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Era para ter havido um, decisivo, ousado e parcimonioso em suas ações, medido em milímetros suas decisões, cadenciado, frio e objetivo, já que no final das contas era a única chance plausível ante um 0 x 2 no playoff.

Mas o jogo foi outro, dos nervos à flor da pele, a começar pelo comando, agitado, coercitivo sobre a arbitragem, dispersivo em decorrência, espelhando tal postura para dentro da quadra, onde seus jogadores refletiam o exógeno exemplo , todos, dentro e fora cometendo técnicas, desfocando suas finalidades num jogo decisivo, como em uma busca frenética por um álibi que os isentassem da derrota iminente, desenhada desde a primeira partida da série, e mesmo bem antes na classificação, ao jogarem num sistema, o único, onde no confronto posicional (o tal de 1 a 5…) levam evidente vantagem aquelas equipes com os melhores(?) jogadores em cada uma delas, deflagrando uma competição de emparelhamentos voltados aos confrontos de 1 x 1, característica básica de tão malfadado sistema de jogo, e que não atôa já anunciam reforços nas posições claudicantes frente a seus oponentes, numa ciranda de mesmice endêmica realmente lastimável.

Utilizar dois armadores (grande parte das equipes da liga já o fazem) sem dúvida alguma acrescenta melhoria técnica, nos fundamentos, mas ainda não desenvolve um melhor jogo interno, pois no sistema único de jogadas marcadas, os pivôs (quando jogam dois) ou os alas posicionados num falso pivô, recebem os passes em situações estáticas, geralmente de costas para a cesta, a partir daí evoluindo numa marcha a ré em direção a mesma, sob os olhares e impassíveis deslocamentos de seus companheiros, como compartimentos estanques em um mesmo ataque, distanciados e desconectados do sentido envolvente de equipe num processo dinâmico de jogo.

A ausência de uma coordenação passe-tempo-deslocamento entre armadores em torno do perímetro e pivôs (ou mesmo alas em deslocamento) dentro do mesmo é o que descaracteriza o sistema de dupla armação manietado pelo rigorismo tático do sistema único, fator ferozmente defendido pelos técnicos que o adotam, como os cordéis controladores de marionetes à serviço de uma concepção de jogo previsível (todos o adotam…) e por isso mesmo de domínio absoluto dos melhores jogadores de cada uma das estratificadas posições de 1 a 5, garantidor de um mercado restrito e disputado por todos na Liga.

Então, em face de um cenário por demais conhecido e praticado à exaustão (quem sabe um dia se cansem do mesmo…) pela maioria das equipes, Flamengo e Paulistano foram para um terceiro jogo definidor, no qual ambos agiram de forma quase idêntica, priorizando o jogo interno, porém aferrados ao sistema único, onde as duplas armações se concentraram mais em se anularem frente aos longos arremessos do que interagirem dinamicamente com seus companheiros que lá dentro se digladiavam estaticamente com poderosas defesas, num preâmbulo de algo mais do que previsível e conhecido, o de que nessa forma de jogar e atuar vence aquela equipe com os melhores e mais experientes jogadores.

Esquecem nossos jovens técnicos, que somente evoluirão e vencerão as grandes competições a partir do momento que subverterem o existente, o padrão ciclópico que ai está, derramado e explícito, numa forma de jogar formatada e padronizada que tanto nos tem prejudicado a mais de duas décadas.

Paralelamente a esta disposição estratégica, voltada ao jogo criativo e natural, todo um comportamento centralizador e coercitivo, codificado em pranchetas inócuas e equivocadas, dará lugar a um comportamento voltado ao dinamismo, ao olhar atento e preciso dos detalhes inerentes ao jogo, a seus jogadores, às entrelinhas das táticas e conceitos de jogo, fatores estes que não podem ser negligenciados pela dispersão causada pela preocupação relacionada a arbitragens, a erros comuns, inclusive os próprios, numa indesculpável fuga a essas responsabilidades, que geralmente levam ao fracasso de todo um trabalho.

O técnico do Paulistano é jovem, é talentoso, é promissor, mas somente alcançará plenamente tais virtudes se, de vez em quando, se aquietar no banco, observando, abrandando seus ímpetos, correndo para ajudar seus jogadores nos tempos pedidos, em vez de fazê-lo em direção aos juízes, exemplificando a seus comandados o mesmo caminho, e que finalmente rompa de vez com o sistema único, adotando algo de novo, de sua própria lavra, deixando sua equipe jogar por si mesma (como fruto de muito treinamento), e não manipulada de fora, levando-a a tempos melhores e menos belicosos.

Amém.

Fotos – PM. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Em tempo – O Flamengo venceu com competência no jogo interno, classificando-se às semi finais, com um convincente 3 x O (84 x 64 neste jogo).

 

O REINO DAS “BOLINHAS” XI…

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Dizer mais o que depois de um jogo onde um jogador contabiliza 36 pontos, sendo 24 em arremessos de três (8/11), sem a mínima contestação de um adversário, que apostando também nas bolinhas naufragou em erros e omissões. Nezinho fez o que quis, arremessou como quis, passou e assistiu como quis, livre e solto, assim como seus companheiros de artilharia. Convergir para sua equipe tornou-se lugar comum (hoje foram 15/30 nos dois e 15/36 nos três), e talvez chegue ao titulo convergindo crescentemente, ante defesas de brincadeira, ante defesas de mentira. Impossível ficar indiferente perante tanta incompetência, proposital ou simplesmente ignorante, pois levar pontos em profusão de um jogador que arremessa da altura do seu plexo, tendo 1,85 ou menos, é de uma indigência defensiva lamentável.

Se para cada inócuo rachão fossem os jogadores treinados nos fundamentos do jogo, de defesa, nos acompanhamentos lineares, nas contestações verticais sem projeção frontal, na anteposição ao passe, ao trajeto preferencial que antecede o arremesso de um oponente, todos itens de pleno conhecimento de jogadores e técnicos que conhecem defesa, seus detalhes, e a forma de treiná-los, sistematicamente, confiando em sua técnica e não na falsa premissa de que para defender basta a vontade e o empenho em fazê-lo.

Fossemos mais diligentes nos fundamentos, de defesa em particular, e jogador nenhum que arremessasse da altura do plexo completaria seu movimento sem ser convenientemente bloqueado, obrigando-o a elevar seus braços, alterando sua trajetória, diminuindo sua eficiência, bem ao contrário de assisti-lo em sua pujante, porém evitável, técnica. Nezinho foi brilhante, sem dúvida, mas o seria se marcado de verdade?

Mas Brasília não é só Nezinho, é um grupo experiente e longevo em sua formação, constituindo-se numa força perfeitamente adaptada à essa forma de jogar convergente e em permanente transição, sinalizando aos oponentes que para vencê-lo precisam atuar de forma divergente à sua, que no panorama de mesmice endêmica em que se encontram é uma tarefa bastante difícil.

São José ainda tem uma chance de reverter o quadro, mas para que isso ocorra terá de defender com afinco, técnica e decisão, e atacar no perímetro interno, pois emulando os candangos no externo não terão como continuar na competição.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Fotos de 1 a 4 – O grande festival das bolinhas…

DE CONVERGÊNCIAS A ERROS TÁTICOS…

De Uberlândia mais um capítulo convergente do basquete tupiniquim, e desta feita através o vencedor Pinheiros, em duas prorrogações, com a marca inacreditável de 18/33 nos arremessos de dois, e 16/39 nas famigeradas (imarcáveis? Ao menos contestadas?) bolinhas de três. Como vemos, a temporada de caça aos pombos está deflagrada por aqui, num torneio paralelo ao NBB de desafios para atestar quem “chuta mais”, e quem contesta menos. Vencedores? Sim, equipes que “pensam” estar inaugurando e definindo um novo caminho para o grande jogo entre nós. Perdedores? Não só eles próprios (e sequer desconfiam…) como, e ai tragicamente, toda uma geração de talentosos jogadores, que pelos exemplos em quadra, inoculam o vírus de tão primário e tacanho modo de jogar basquetebol.

Mas estão vencendo, não importando os meios, e sim justificando os fins, para gáudio e glória daqueles que no fundo odeiam o grande jogo, simplesmente por não saberem jogá-lo, como atestam frente à realidade dos embates internacionais “de qualidade”…

No Rio, dentro de um verdadeiro e unilateral caldeirão rubro negro (não localizei um torcedor que fosse do Paulistano), os mandantes do jogo fizeram um primeiro tempo ridículo e comprometedor, frente a uma equipe que simplesmente decidiu marcar de verdade, contestar para valer, e lutar pelos rebotes na marra e na disposição. Levou 16 pontos de vantagem para o vestiário, mantendo na volta o ritmo inicial, quando, no quarto final, cometeu um erro capital, que vem prejudicando de forma crescente muitas das equipes na competição, a pressão, coerção e perda de foco, transferido-o para a arbitragem, esquecendo que o fator A/C prevalece nessas circunstâncias, principalmente frente a uma vociferante torcida presente, predominantemente de futebol, cuja equipe também, e fortemente, contestava a arbitragem. Num momento dessa envergadura, o lado que melhor controlasse seus nervos, levaria vantagem ao final, o que não foi o caso do Paulistano, pois se assim fosse, não teria cometido um erro mortal ao manter um jogador altamente experiente e de seleção no banco, o Muñoz, que teria sido importante na contestação linear sobre o Duda (ação de acompanhamento linear que precede ao posicionamento ideal para o arremesso em movimento, freiando-o, que são características dos lançadores de três, como o Duda, o Marcos e o Benite, pois o Alexandre os executa sem o deslocamento) quando o mesmo virou o jogo com suas bolinhas de três, assim como tem mais habilidade que o Andre (nitidamente cansado) nas penetrações para assistir seus pivôs, àquela altura sem a presença intimidadora do Caio, com ação correlata e multiplicadora através o Elinho do lado oposto.

Preferiu o jovem técnico exercer um intenso rodízio ataque-defesa de seus pivôs, quando o problema à descoberto era a contestação dos longos arremessos de seu adversário, uma marca registrada do mesmo, além de lançar mão de faltas no Shilton, emérito perdedor de lances livres (3/11).

Frente a tais erros, a equipe carioca soube manter um mínimo de controle emocional, e apesar de ter jogado muito mal, venceu uma partida que a coloca em situação privilegiada no decisivo jogo de amanhã em casa.

Não foi um jogo de muitos arremessos de fora (9/22 para o Flamengo e 7/16 para o Paulistano), mas que foram decisivos pelas circunstâncias assinaladas acima.

A não mais preocupar, a notória quantidade de erros cometidos por ambas as equipes, 27, já que maltratar os fundamentos básicos do jogo se tornou regra geral, pelo fato de que jogador de elite não treina fundamentos, mas…chuta como ninguém.

Amém.

Em tempo – A/C – Arbitragem (não muito exigente) caseira.

Foto – Divulgação LNB.

DUAS QUESTÕES ANTAGÔNICAS…

Dois jogos, duas histórias diametralmente opostas, onde Brasília e São José apostaram (como sempre o fazem) no jogo externo (foram 23/62 arremessos de três e 32/68 de dois, com um inacreditável 46/61 nos lances livres) e na pancadaria explicita sobre aqueles temerários que se aventurassem no jogo interior.

Mais uma vez o jogo convergente dos candangos prevaleceu (13/34 nos três e 19/32 nos de dois pontos) ante um adversário que também atuou de forma semelhante, porém menos eficiente nas conclusões (13/36 de dois e 10/28 de três pontos), além de desencadearem uma verdadeira torrente de reclamações, frente a um grupo temido pela maioria dos juízes, que antenados ou não a absurdos microfones, deixam vazar no éter mais absurdos ainda diálogos desnecessários e pretensiosos (mas, midiáticos e vaidosos) que uma simples aplicação das regras os tornariam dispensáveis, como deve ser.

Jogo convergente, defesas furadas e equivocadas, enxurrada de bolinhas, faltas a granel, reclamações estapafúrdias, técnicas no atacado, expulsão de técnico, álibi perfeito para uma derrota, numa partida imerecedora de um playoff classificatório. Torçamos que no próximo encontro possamos assistir basquete de verdade, bem jogado e melhor arbitrado, digno dos finalistas do NBB4.

Em Bauru, um jogo de verdade, estudado em toda sua duração, mas sem deixar de ser rápido e preciso quando técnica e taticamente necessário.

Foi um jogo “lá dentro”, reduto dos que sabem realmente jogar o grande jogo, e quando as ações externas se tornam opções naturais, e não a finalidade a ser alcançada.

É muito bom e alentador podermos ver experientes e novos (alguns novíssimos) jogadores duelarem em conjunto no âmago das defesas, onde o saber driblar, fintar com ou sem a bola, passar em espaços diminutos, lutar pela melhor colocação nos rebotes, decidir com coragem e domínio técnico qual a melhor jogada que se apresenta, inclusive fazendo renascer o decisivo DPJ, assim como estabelecer ao lado das coreografias pranchetadas vindas de fora (sim, foram tentadas algumas delas, que graças aos deuses deram lugar a ações criativas e ousadas…) soluções para o jogo externo, porém “vindo de dentro” como deve ser, originando conclusões mais precisas e equilibradas.

Venceu Bauru, apesar de somente poder contar com oito jogadores, pela maior experiência e rodagem de sua equipe, mais afeita a jogos difíceis e disputados nos limites do físico e do controle mental. No entanto, que bela geração esta que está nascendo em Franca, em Bauru, forte, alta, habilidosa e acima de tudo, ao encontro da eficiência nos fundamentos do grande jogo, responsável pelos ainda relevantes vinte erros cometidos, mas a caminho de dominá-los com relativa perfeição.

Números? Sim, foram bem distantes dos perpetrados no jogo de Brasília, a começar pelos vinte arremessos a menos nas bolinhas (9/26 para Bauru e 7/16 para Franca), e 22/33 para Bauru e 43/78 para Franca nas de dois pontos, com 15/20 e 16/20 respectivamente nos lances livres, e os trinta um rebotes conquistados por cada uma das equipes.

Enfim, são jogos dessa qualidade e teor que trarão de volta a nossa tradição de bem jogar o grande jogo, e a torcida amante dos bons e empolgantes espetáculos, e não a exibição narcisista e autofágica dos verdadeiros petardos que têm sido lançados às cestas por jogadores de todas as idades e posições, como o apanágio do que consideram jogá-lo da forma mais eficiente possível. Estavam, estão e estarão sempre enganados, assim como seus técnicos,  na continuidade deste lamentável equívoco.

Amém.

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