OUSAR INOVAR…

Não acredito, honestamente, que a seleção esteja bem, equilibrada, e acima de tudo, tranqüila. O baque contra os dominicanos fez um grande estrago, ao por em dúvida o sentido coletivista adquirido no longo treinamento, e agora veementemente contestado por sua visível falta de unidade, tornando-o frágil e quebradiço.

O jogo de hoje contra a jovem e inexperiente equipe cubana, expôs com crueza o alto grau de estagnação por que atravessa o nosso basquete, principalmente quanto ao domínio dos fundamentos básicos do jogo, tornando inexeqüível qualquer tentativa de ser estabelecido um padrão confiável na maneira de jogar da equipe, e, por conseguinte, constituindo-se no maior obstáculo às pretensões técnico táticas do técnico Magnano.

A defesa interior da equipe se liquefaz a cada partida jogada, assim como continua a ser mantida a ausência de contestação aos arremessos fora do perímetro, culminando hoje com os 83 pontos consignados pela equipe cubana, fatores estes que colocam em real perigo uma já tão difícil e complicada classificação olímpica.

Ofensivamente, a sofrível forma física do Spliter, a sobrecarga tática incidindo no Huertas, as insuficientes penetrações de nossos alas, o crescente abuso nos arremessos de três pontos, a pouca qualidade técnica de nosso banco, e acima de tudo o crescimento inquestionável de nossos futuros adversários na segunda série de embates, colocam a seleção numa posição de visível inferioridade, a não ser que ocorra uma guinada radical em sua forma de agir e atuar frente a tantos obstáculos.

Serão quatro jogos duríssimos, mesmo os contra o Uruguai e o Panamá, pelo simples fato dos mesmos terem perdido bastante o receio de enfrentar uma equipe tradicional e outrora poderosa, mas que hoje ostenta deficiências de tal ordem que os encorajam a vencê-la.

Urgem mudanças na forma de jogar, e o bom técnico argentino não pode adiar tais mudanças, pois estaria incorrendo no maior dos erros, o de não ousar inovar, afastando de vez a previsível mesmice que nos tem diminuído e humilhado no cenário do basquete internacional.

Desejo que a seleção torne a se encontrar, e que o Magnano consiga de vez, resgatar a nossa tradição de bons e corajosos combatentes.

Amém.

OS TRÊS(MAIS DO QUE) PREVISTOS FATÔRES…

Num espaço de 48hs, a imensa maioria dos comentários nos blogs da modalidade passaram do velado e cuidadoso otimismo com a seleção, para a maciça reprovação pela derrota de hoje frente aos dominicanos, como algo que havia se tornado improvável a partir da derrota dos mesmos frente ao Canadá, vencido por nós.

Mas mesmo vencendo as duas partidas iniciais, contra a Venezuela e o Canadá, a equipe brasileira apresentou sérias deficiências técnico táticas, que se avolumariam na medida em que adversários mais consistentes a enfrentasse, o que para a grande maioria torcedora não seria o caso da República Dominicana, esquecendo que aquela boa equipe apresentava em tese, três setores bem mais estruturados do que a nossa seleção, o poderio nos rebotes, o fortíssimo jogo interior decorrente, e uma dupla , eficiente e pontuadora armação.

A dupla armação dominicana, atuante em todos os setores fora do perímetro, praticamente empurrava seus potentes e altos alas para bem dentro do perímetro, conjugando seus esforços ao pivô atuante naquele momento, de um total de três de boa qualidade, ante um posicionamento defensivo interior brasileiro, claudicante e inferiorizado na dinâmica , força de combate e anteposição dos curtos e médios arremessos com que se confrontavam.

Essa mesma força e dinâmica dominicana também e poderosamente se fazia presente em seu próprio garrafão, tornando estéreis a maioria das tentativas de nossos pivôs, sempre em menor número naquele estratégico setor do jogo. Se estivéssemos estruturados para atuar em dupla armação, igualando a supremacia dominicana nesse setor, certamente o Huertas não cometeria as 10 perdas de bola que protagonizou, exatamente por se encontrar solitário e extremamente pressionado na missão de organizar todas as ações de sua equipe, aspecto que ficou mais gritante, quando ao fim do segundo quarto o Rafael Luz o substituiu, frio e sob intensa pressão perdeu a bola em sua primeira tentativa de ataque.

E exatamente pelas dificuldades de armação, luta defensiva e ofensiva no interior dos garrafões, e pelas mínimas tentativas de corte em direção a cesta por parte de nossos alas, que por enraizado hábito preferiram, por mais e teimosamente vez, investir na artilharia de três, onde apresentaram os seguintes números: -Marcelo Machado,2/5 – Alex, 0/4 – Guilherme, 0/5 – Marcos, 3/6, ou seja, dos 5/22 arremessos de três da equipe, esses jogadores concluíram 20, quando teria bastado a metade dos 15 perdidos, se transformados em arremessos de dois pontos para vencermos o jogo, fora os 4/9 lances livres do Spliter.

Foi um jogo para tirarmos algumas conclusões, e porque não, ensinamentos. Concluamos que nos faltaram pivôs mais atléticos e velozes para enfrentarmos de forma antecipativa , bloqueadora, e contestadora os curtos arremessos e rebotes dominicanos, assim como uma efetiva e necessária ajuda na armação da equipe, não permitindo o confronto solitário do Huertas com os velozes e grudentos armadores  rivais, com suas dobras eficientes. Um segundo armador se fazia necessário, mas não foi lançado, (ou talvez não tenha sido uma forma de jogar devidamente treinada) em nenhum momento do jogo. O Marcelo Machado, o Alex e o Marcos não têm o domínio da bilateralidade nos dribles, tornando-os fáceis de serem marcados nas tentativas de penetração, e sem a calma necessária para a leitura eficiente do jogo, optam pelos longos arremessos, as conhecidas “bolinhas”, que definitivamente hoje, não caíram, e cairão menos ainda quando se defrontarem com defesas contestadoras e eficientes (e mais do que nunca atentas) fora do perímetro, aspecto esse que conota a nossa maior falha desde sempre, sendo produto direto de uma formação de base para lá de deficiente, senão irresponsável.

Bem, a equipe ainda ostenta razoáveis possibilidades de classificação, mas para tal deverá se reestruturar, senão radicalmente, pelo menos se adaptando a uma forma mais incisiva de jogar, como se utilizando de dois pivôs, uma dupla armação e um ala de velocidade, pois temos, além do Spliter, um Augusto que preenche essa necessidade de velocidade e força, com o Rafael para a rotação. Temos quatro armadores na equipe, e pelo menos dois alas velozes e pontuadores, posicionamentos estes que levariam a equipe para mais junto da cesta, reforçando os rebotes ofensivos, assim como preencheriam nosso espaço defensivo, minorando bastante a deficiência de marcação dos pivôs que por certo, enfrentaremos daqui para diante.

O Magnano terá que se desdobrar para incutir nessa turma artilheira, o sentido da precisão mais eficiente e segura dos arremessos de dois pontos, em vez da hemorragia vertida a cada jogo pelas ‘bolinhas” pseudo salvadoras.

Torço de coração para que consigam.

Amém.

Fotos-FIBA AMERICAS

DE 2 EM 2…

Terminado esse jogo contra o Canadá, permanece no ar uma enigmática questão- por onde anda o tão decantado coletivismo incutido, treinado e testado em amistosos, depois de tanto trabalho, formidável empenho, dedicação e comprometimento de todos? Por onde anda?

Como ousou o técnico campeão olímpico tentar trazer para o âmago de suas concepções vitoriosas de jogo coletivo, uma plêiade de alguns estrelados jogadores, que em síntese, vêem o tal coletivismo como algo limitador de suas próprias convicções de jogo (o próprio Wlamir Marques reconhece tal situação em seus comentários), aquelas movidas e alimentadas pela volúpia dos longos, extasiantes, e midiaticamente enaltecidos arremessos (inclusive de tabela) de três gloriosos pontos? Porque perder tempo em dribles e fintas de aproximação, quão trabalhosas e cansativas são, se o serviço (bem remunerado, aliás) pode ser resolvido de longe, sem riscos (para eles, noves fora os erros…) e esforços desnecessários, e premiados pelo frêmito enlouquecido das duas torcidas que importam, os que pagam os ingressos, e os que transmitem seus feitos geniais? “No inicio as bolas não estavam caindo, mas insistimos, pois sabíamos que elas voltariam a cair…”Lembram-se?

Pois é minha gente, não estão caindo como achavam que deveriam cair, afinal de contas, treinaram tanto…

E como tal, que sistema coletivista de jogo pode prosperar seguro e eficiente ante uma indiscriminada artilharia desse calibre? Respondam.

Além do mais, se garantimos cestas triplas aos magotes, por que se empenhar exaustivamente em posicionamentos defensivos necessários nos rebotes, quando o objetivo é a bola? Pois é turma, rebote se pega olhando e, por conseguinte, calculando a trajetória linear dos adversários, a fim de antecipá-los, para depois, ai sim, buscar a bola, vendo-a em visão periférica, e não olhando diretamente para ela, num dos primários fundamentos do jogo, sabiam?

Mais um detalhe, dos muitos esquecidos, ou desconhecidos, a respeito de nossos alas, suas limitadas capacitações nos dribles e fintas, e mesmo nas conclusões de curta e média distância. Saltava aos olhos a habilidade de todos os alas canadenses de atuarem tanto fora, como dentro do perímetro, numa verdadeira função de alas pivôs, e não somente arremessadores, também uma simples questão de fundamentos.

Ora, com tantas limitações vindas de uma formação de base deficiente e carente de qualificações, como um sistema coletivista pode prosperar sem tais conhecimentos, nem um pouco corrigidos, ou mesmo atenuados?

E nesse ponto o Magnano se fez presente com uma proposta brilhante, a garra e o intransigente combate defensivo (numa ação coletiva), mesmo que em quartos alternados, ou, como nos dois últimos jogos, no quarto final. E para tanto, seu incessante rodízio tinha como objetivo prioritário fazer chegar a esse decisivo quarto, a maior quantidade possível daqueles jogadores que confia para a missão, de preferência, todos eles, no que foi bem sucedido, mas…como no caso do jogo de hoje, pode contar com uma performance de altíssima qualidade, através o Huertas, que resolveu a questão arremessando sucessivamente 5 bolas de…isso mesmo, 2 pontos, estipulando a diferença necessária para uma vitoria dura e salvadora, provando àqueles “especialistas” das longas distâncias que de 2 em 2 também se vencem partidas, principalmente numa competição de tanta e decisiva importância, como esse pré olímpico.

Honestamente não acredito que, devido a composição básica dessa equipe, seja o conceito coletivista levado a bom termo, mas que algo de positivo poderia ser implantado, mesmo que coercitivamente imposto, o de priorizar o jogo interior, seja através os pivôs, ou penetrações, a fim de otimizar cada ataque através arremessos de dois pontos, mais precisos e equilibrados, forçando o jogo nos pivôs adversários, para ai sim, retornar bolas de dentro para fora do perímetro, para alguns arremessos de três seguros,  livres de anteposições, e com decorrente e bem postado rebote ofensivo.

A seleção ainda passará por sérios embates daqui para a frente, agora que suas deficiências foram devidamente anotadas pelos concorrentes diretos à vaga olímpica, os dominicanos e porto-riquenhos, além dos donos da casa, os argentinos, fazendo com que o técnico Magnano exponha suas cartas na mesa da verdade, fazendo-a jogar coletivamente, ou não. Torço para que se saia bem, e feliz.

Amém.

INCONSEQUENTES DISCURSOS…

Ao final do difícil jogo, o repórter do Sportv  entrevista o Marcelo Machado (3/8 nos 3 pontos, de um total de 9/22), que diz: “no inicio as bolas não estavam caindo, mas insistimos, pois sabíamos que elas voltariam a cair…”

Pronto, ai está uma boa medida do jogo, quando jogadores como ele próprio, o Alex (0/5), o Guilherme (2/4) e o Luz (2/4), continuam a apostar suas fichas nos arremessos de três, num jogo em que as ações interiores deveriam ter sido exploradas ao máximo, mesmo que sob uma defesa zonal, que continua a ser um entrave à nossa capacidade ofensiva, colocando a equipe venezuelana em cheque e pressão permanente, através o Alex, o Marcos e o Spliter, já que os demais pivôs sequer ameaçaram , e um deles tampouco  entrou na quadra. Somente no quarto final nos enfiamos garrafão adentro, melhoramos um pouco a defesa, e vencemos um jogo que bem poderíamos ter perdido, frente a um adversário de médio porte, com bons e eficientes pivôs, e uma armação superior à brasileira, que oscilou muito e demonstrou preocupante insegurança quando pressionada e pega em dobras defensivas, principalmente o Luz, pontos que deverão ser largamente explorados por nossos adversários.

Creio que agora, com a luzinha de alerta acionada, os marcantes resultados nos torneios preparatórios sejam conotados em seus justos valores, nos quais o caráter amistoso em tudo e por tudo omitiam a realidade dos fatos, como os que nos defrontamos hoje. E se a pouco conotada equipe venezuelana nos brindou com tão indesejado susto, o que dizer da canadense e da dominicana, somente nessa perna da competição?

Não estamos bem na armação, onde o Huertas, apesar de sua qualidade e experiência, não pode ficar isolado e assoberbado de funções, quando bem podia tê-las divididas com um segundo armador, situação esta colocada em escassos minutos na quadra pelo Magnano., mas sem a continuidade devida. E mesmo nesses escassos minutos, quando o Huertas a dividiu com o Luz, ficou provada a carência de técnica individual que os separam, mais ainda com o Benite, numa rapidíssima aparição, e sem que o Nezinho tivesse sequer retirado o agasalho de jogo.

Estamos vulneráveis nos miolos dos garrafões, onde os posicionamentos para os rebotes carecem de precisão, assim como damos continuidade a não contestação dos longos arremessos que nos ferem desde sempre (para evidente desespero do argentino), anulando em boa parte os esforços pelo ainda não convenientemente coletivismo adquirido pela equipe durante a longa preparação, fato este bem explicitado pelo Marcelo na entrevista no Sportv.

Temos agora uma boa e convincente explicação de um dos porquês das proibições de entrevistas e da presença de microfones nos pedidos de tempo por parte do Magnano, pois as poucas que tem vazado, contestam sutilmente o ainda insipiente sentido de coletivismo da equipe, principalmente através dos cardeais, fato aqui previsto desde o pré olímpico antecedente a este, inclusive no testemunho de um possível clima de conforto, que fez perigar a vitória de hoje, dado pelo Alex no mesmo Sportv. Por isso, sugiro ao ingênuo em malandragem brasileira, o técnico Magnano, que, ou proíba enfaticamente tais e embaraçosos testemunhos, ou abra a porteira de vez, quando verá verdadeiramente dimensionada sua liderança na equipe, para júbilo de uma imprensa que adora emitir comentários por sobre as instruções dos técnicos, e não, como é o certo, por sobre o que testemunham e conhecem do grande jogo.

Amanhã, contra a equipe canadense, teremos dimensionadas as verdadeiras possibilidades da seleção nesse pré olímpico, no qual, e a cada jogo que se suceder, mais ficará escancarada a dura realidade de que somente contamos com uma confiável rotação de 8, talvez 9 jogadores (o Spliter ainda se ressente bastante), desnudando de vez o grande equivoco em que se constituiu uma convocação mais política do que técnica, no que pode se transformar num sério obstáculo no caminho da classificação olímpica.

Quem sabe os deuses nos dão uma ajudinha? Torço para que sim.

Amém.

PREVISTOS OBSTÁCULOS…

Bem, a próxima parada agora é em Mar Del Plata, e preparemo-nos para uma maciça dose de dureza, pedreira mesmo, pois apesar do indisfarçável ambiente ufanista que se instalou após esse torneio em Foz do Iguaçu, desde a torcida organizada Sportv ( e eu que sempre pensei ser jornalismo uma fonte de informações, e não estéreis patriotadas, onde um simples bloqueio de arremesso, transformado em monumento nacional, e posterior colóquio face a face entre as partes, se transformasse em agressão de um armador de 1,80m em um pivô de 2,07m, numa risível e unilateral interpretação de uma corriqueira situação de jogo…), até a enxurrada de comentários tipo—“estamos classificados”—que pulularam nos blogs basqueteiros, e que devem ser avaliados frente a realidade dos fatos, preferencialmente técnicos, e não movidos pela paixão, que muitas vezes…cega.

Num jogo à vera, como que afastando fantasmas passados, a seleção demonstrou evidentes progressos, principalmente numa razoável consistência de jogo, meta prioritária do Magnano, e somente possível com a anuência de todos os jogadores, ou na melhor das hipóteses, pela maioria deles. E tal consistência se inicia na defesa, setor este que evoluiu, sem dúvida, mais ainda se ressente de um pormenor da maior importância, vital mesmo, o posicionamento defensivo, e ofensivo também, nos rebotes, muito falho, pois se constituindo num dos fundamentos do jogo, precariamente ensinado nas divisões de base, cobra juros muito altos pela deficiência até agora apresentada em seu segmento final, a seleção. E numa comissão superpovoada com três assistentes, era de se esperar que pelo menos um, aliviando a carga brutal de responsabilidades do técnico argentino, se responsabilizasse pelas correções nos rebotes, inclusive individualizando as práticas. Mas me ocorre nesse momento, que dois deles estão ali para aprender com um campeão olímpico, quando ali deveriam estar para assessorá-lo nesses segmentos, após anos e anos de prática em seus clubes, orientando jovens e adultos, exatamente nesses aspectos dos fundamentos, já que para as discussões técnico táticas ele conta com um seu conterrâneo de larguíssima e altamente confiável experiência, pelo menos para ele, e com toda e a mais absoluta razão.

Detalhes outros de marcação individual, como falhas de acompanhamento, pouca percepção de coberturas, desequilíbrio forçado por fintas, oposição e contestação de arremessos, recuperação de bloqueios, são aspectos que dificilmente serão dirimidos, talvez atenuados, mas que pesarão demais nos resultados finais.

Ofensivamente, dois são os obstáculos a serem transpostos, ambos de caráter personalista, frutos de anos e anos de prática intensa, solidificando atitudes e hábitos. A começar pelo empenho coletivista exigido pelo técnico, em contrafação às ações eminentemente pessoais de alguns jogadores, principalmente aqueles que vêem nos longos arremessos as soluções ofensivas sob o prisma do custo beneficio dos três ante os dois pontos x esforço físico e técnico para alcançá-lo. O fato da incidência de erros serem  exponencialmente maiores  nos arremessos de três, jamais inibiu seus ferrenhos defensores, na medida direta que, complementados por pivôs responsáveis pela recuperação de seus insucessos, praticamente submissos a essa tarefa servil. Desconstruir tais atitudes e hábitos, ainda mais em uma seleção nacional, é tarefa hercúlea, mas fundamental ao sucesso do coletivismo proposto, daí o ser bem sucedido nessa correta proposta, passará através pontuais decisões de comando, sem coerções, mas com isento e justo rigor.

O outro obstáculo é decorrente do primeiro, pois destina os pivôs a uma ação mais intensa e profícua no perímetro interno, com tarefas outras que transcendem a quase exclusiva recuperação de rebotes a que estavam condicionados, passando a ser exigidos como passadores, bloqueadores,  finalizadores, além de reboteadores de ofício, numa exigência qualitativa que poucos deles tiveram a oportunidade de desenvolver em pleno, pois num sistema coletivista o conhecimento e domínio dos fundamentos de drible, fintas, passes e arremessos, são exigências básicas a esses jogadores muito altos. Nossa seleção padece dessas limitações fundamentais dos pivôs, somadas ao alto índice de excessos musculares que os travam na velocidade e flexibilidade, fatores que descompassam e descoordenam um sistema coletivista, explicando as oscilações sofridas pela equipe nos jogos preparatórios. É um problemão a ser resolvido, fruto de uma convocação equivocada e não corrigida.

Todos esses fatores explicam a utilização do sistema único, e armação também única, já que compreendido e aceito por todos os jogadores, mas acrescido de uma forte movimentação, intensa troca de passes e uma defesa agressiva, dando origem a retomadas de bola e subseqüentes contra ataques, conquista meritória do bom técnico hermano.

Esse é o quadro que foi exposto, inclusive a adversários diretos no pré olímpico, ficando no ar uma última indagação—Irão além do que foi mostrado, e algo de inusitado e imprevisto poderá vir a ser apresentado? Saberemos a partir de terça feira em Mar Del Plata. Até lá, patriotadas e ufanismos bem que poderiam ceder espaço ao comedimento, e acima de tudo, ao bom senso.

Amém

OCTAGON, UM PROGRAMA PARA TODA FAMILIA 2…

Em sua coluna no O Globo de 24/8/2011, Zuenir Ventura, no seu Papo de Velho escreveu:

Por falar nisso, a gente sabe que está ficando velho quando se choca vendo a foto de um rosto deformado por pancada—olhos e nariz inchados, hematomas, corte profundo—e a notícia em tom comemorativo: “ Lutador brasileiro desfigura rosto de adversário americano no UFC.” Custo a entender que o estrago fora feito praticando um esporte que é o que mais cresce no mundo e no Brasil, onde quase a metade do público é feminino. Procuro me informar mais e descubro no Google outras reportagens e vídeos. Em um, que é saudado como “combate épico”, um lutador desfere um pontapé na cara do outro. São dois brasileiros famosos e a cena mostra como um deles, Anderson Silva, acertou “um chute frontal no queixo do compatriota Vitor Belfort”. O texto fala com empolgação em “chute espetacular”, “cinematográfico”, e eu, por fora, fico sem entender, já que para mim “chute espetacular e cinematográfico” é o que alguém dá na bola, não no queixo do outro (um detalhe: o lutador estirado no chão, inerte, parece desacordado, mas continua recebendo socos na cabeça. Pelo menos mais dois).

O velhinho aqui, desatualizado, gostaria de saber se as jovens aficionadas, que são muitas, sonham com seus filhos fazendo carreira nesse esporte.

E assim como o velho colunista, velho que também sou, professor voltado a educação de jovens através o esporte por mais de 50 anos, não consigo aceitar tal degeneração de um conceito educacional e formativo em nome do mesmo.

(…) Queremos fazer negócio no Brasil. Mas, agora, estou pensando apenas no UFC Rio—disse Dana.—Mas sei que outros talentos vão explodir depois de sábado. Falei com governantes brasileiros. Queremos ajudar a desenvolver isto.(…) Dana White, presidente do UFC ao O Globo de 26/8/2011.

 

(…) Ainda não somos superestrelas. Mas o evento no Brasil é um caminho para alcançarmos espaço—disse Anderson Silva.

–É uma oportunidade excelente para o povo brasileiro ver de perto o MMA, o segundo esporte do país—emendou Minotauro (…) O Globo de 26/8/2011.

 

E sob o co-patrocínio do município do Rio, amanhã, sábado, na Arena da Barra, teremos a suprema oportunidade de apreciar a preços módicos, o futuro do esporte brasileiro, aconselhado inclusive pelo Anderson Silva a fazer parte do currículo escolar de nossos jovens, num autêntico e inspirador programa para toda a família. Imperdível!

Melhor, impossível.

 

PS- Clicando nas imagens, e ampliando-as através ctrl-shift-++, poderemos apreciar em toda a sua dimensão a grandeza educacional desse formidável esporte(?).

TESTANDO OS PERÍMETROS…

Jogo para valer, jogo para inteligentes e competentes técnicos testarem e se testarem mutuamente, escondendo táticas sem, no entanto, entregarem o jogo com a desculpa de que uma indevida exposição cobraria dividendos quando fosse valer uma classificação no próximo e esperado duelo. Coincidentemente, se utilizaram do mesmo estratagema, ao jogarem quase que exclusivamente dentro do perímetro, onde definições, projeções e conclusões puderam ser avaliadas com relativa precisão de acertos. Só espero que o ressuscitado lapitopi caipira, agora empunhado pelo preparador físico da seleção, e que somente nós utilizamos dentre todas as seleções (porque será?…), não venha atrapalhar e complicar diagnósticos óbvios e concludentes, por parte da dupla argentina que efetivamente comanda a seleção.

E o que se pode avaliar de nosso jogo interno, senão a claudicante fraqueza do mesmo, perante uma plêiade de pivôs limitados, pesados, lentos, e com seu maior expoente nitidamente fora de forma física e técnica? O Spliter está travado em sua movimentação, fruto de uma longa inatividade, de uma ausência de treinamento fundamental, principalmente nos arremessos, onde os lance livres mal chegam no aro, o que é de preocupar, já que alvo permanente de bloqueios faltosos em suas conclusões.

Outro fator que se fez presente, e que deve estar preocupando o Magnano, é a colocação dos homens altos nos rebotes, defensivos e ofensivos, hoje claramente dominados pelos dominicanos, e cuja tendência é a de se avolumar contra o poderio portoriquenho nesse fundamento.

Quanto ao nosso sistema defensivo, repetiu-se o empenho da equipe nos dois primeiros quartos, e um flagrante decréscimo nos quartos finais, numa demonstração de perigosa oscilação para um torneio de tão curta duração, como o pré olímpico. Ajustar a defesa é fundamental para o sucesso da equipe, e todos os jogadores têm de se conscientizar desse importante fator.

Mas algo preocupa acima de tudo, a teimosa incidência das “bolinhas” da turma dos três, o Marcelo, o Marcus, o Guilherme e o Alex, que juntos perpetraram um 6/20 para um total da equipe de 7/23. Trocássemos a metade das tentativas erradas por arremessos mais trabalhados de dois pontos, e teríamos um placar mais favorável e tranqüilo. Difícil vai ser convencer a turma dessa premente necessidade, e o Magnano terá de insistir o máximo que puder a fim de manter a unidade de seu sistema de jogo.

Sim, foi um jogo interior, muito mais pela equipe dominicana, que terá de ser estudado com atenção e rigor quando a defrontarmos no pré, assim como ela se precaverá do nosso jogo exterior, contestando ao máximo nossos teimosos arremessos de três, já que não rivaliza com a capacidade de contra atacar da equipe brasileira.

Manter o foco defensivo pelo maior espaço de tempo possível, melhorar o posicionamento nos rebotes, estabelecer consistentemente o jogo coletivo, e optar pelo melhor e mais bem equilibrado arremesso, são os fatores mais importantes para que a equipe consiga enfrentar com boas chances de sucesso as fortes equipes nesse pré olímpico, e claro, treinar em caráter emergencial os lances livres do Spliter, assim como não faz mais sentido a essa altura, lamentarmos equivocadas convocações, principalmente na armação da equipe, e alguns dos pivôs.  É o que temos, e não o que deveríamos ter, restando o mais do que básico comprometimento técnico tático de todos, em prol do sucesso comum.

Amém.

Foto- Marcos Labanca/CBB

CONTROVERSOS CONCEITOS…

Primeiro quarto – 24 x 2 – De um lado uma seleção brasileira atuando duramente na defesa, e contra atacando ferozmente. Do outro, um amontoado canadense desconexo e claramente ausente da competição, como que não a encarando para valer, conotando uma falsa impressão de domínio absoluto por parte de uma seleção com ainda alguns, e sérios problemas a serem resolvidos, como por exemplo, a teimosa continuidade dos arremessos de três, quando as ações dentro do perímetro se impunham, e se fizeram sentir nos quartos subseqüentes.

Segundo quarto – 19 x 16 – Ante a possibilidade de uma contagem avassaladora e vergonhosa na competição, mesmo tratando-a amistosamente  ( propositalmente?), a seleção canadense se estabelece para um confronto mais equilibrado, forçando com a tardia resolução o abrandamento de um placar inesperado.

Terceiro quarto – 17 x 20 – Eis que, ante uma defesa mais atuante e resoluta, revertendo o placar nesse momento do jogo, nossa seleção revela aqueles pontos nevrálgicos que nos tem atormentado nas últimas competições, inclusive sob o comando argentino, e cuja freqüência se torna preocupante, tais como: a instabilidade defensiva de alguns e importantes jogadores, incapazes de manterem o foco defensivo, aposta maior do técnico, por mais de um quarto de jogo, daí a intensa rotação dos mesmos, muito mais pelos fatores de concentração mental, do que de ordem física, cujas conseqüências podem se tornar trágicas quando no confronto para valer daqui a alguns e poucos dias em Mar del  Plata. A quase total ausência nos rebotes ofensivos, principalmente quando arremessos de fora do perímetro são intensamente tentados, numa demonstração da pouca mobilidade e velocidade de nossos pivôs (vejam as fotos…), fator que se não corrigido (e duvido que o seja, pelas características táticas da equipe, que não encontram respostas condizentes de pivôs muito apartados da cesta), ocasionará perdas cruciais nas fundamentais retomadas de bola, ainda mais numa equipe que preza “as bolinhas” acima de tudo, e neste caso em particular, a troca de 3 por 2 deveria ser a opção exigida, pois arremessos de curta e media distâncias por serem mais precisos otimizariam as tão sacrificadas oportunidades ofensivas, na maioria das vezes desperdiçadas nas aventurosas tentativas de três. Pode-se vencer, e bem, partidas de 2 em 2 pontos, por que não?

Quarto final – 28 x 32 – complementando um segundo tempo favorável aos canadenses, mais seriamente empenhados, desnudou-se de vez uma realidade indiscutível, a de que temos ainda muito o que aprender e assimilar dos conceitos do competente técnico argentino, principalmente quanto a um coletivismo desconhecido de alguns e importantes jogadores, já que produtos de uma imperfeita formação de base, onde o “me garanto” transcende o “nos garantimos”, produto maior do conceito básico de equipe, na qual, o pleno conhecimento e domínio dos fundamentos nivelam e igualam a todos em torno do mesmo, e sem os quais, nenhum sistema de jogo poderá ser estabelecido com confiabilidade, consistência e rigor.

Temos sérias e preocupantes lacunas que dificilmente poderão ser corrigidas no atual momento, não sei se por exigências contratuais, empresariais, ou mesmo de Q.I., mas fatos são, nossas deficiências na armação, onde numa competição de tal importância o fator experiência deveria ter sido obrigatoriamente observado, já que temos no país armadores possuidores de tais atributos, e que foram postergados em troca de uma renovação fictícia e comprometedora, assim como quanto aos pivôs, que frente ao dinamismo proposto aos mesmos pelo técnico argentino, incoerentemente foram selecionados aqueles que conotam uma antítese a tal conceito, já que pesados e lentos, deixando de lado outros mais rápidos e ágeis, o que os tornariam mais presentes no âmago do perímetro interno, mas sem a grife de atuarem fora do país, com as exceções do Huertas e do Spliter, justificando a mesma.

Mesmo assim, acredito que possamos evoluir um pouco, mas talvez, não no sentido de nos sentirmos seguros e tranqüilos quanto a uma classificação olímpica, mas certamente no pleno conhecimento de que, e de uma vez por todas, devemos nos concentrar num autêntico e estratégico trabalho de base, mas não esse que aí está, coercitivo e egocentrado num sistema único, garantidor de uma pseudo elite que tem como propósito, também único, o de manter o rentável nicho em que se encontram encastelados desde sempre.

Mas acredito e tenho a mais absoluta fé de que dias melhores hão de vir, para o soerguimento do grande jogo, enfim.

Amém.

PS-Clicar nas fotos para ampliá-las

Fotos-Reproduções da TV.

TUDO SE RESUME A UMA…

…QUESTÃO DE PULSO.

Amém.

Foto-Gazeta Esportiva

O RACHÃO…

Certamente se torna muito difícil analisar uma partida de basquetebol, quando ao final da mesma a diferença ultrapassa os 50 pontos, e o incrível, entre duas seleções nacionais. Ainda recordamos o recorde de pontuação infringido ao Vitoria pelo Flamengo, no último NBB3, em 54 pontos, como algo imponderável, e agora, 56 da seleção esmagando o México. Em ambos, um basquete unilateral, e obviamente fictício.

Logo, gastos com passagens, hotéis, alimentação, arbitragem, pessoal de apoio e manutenção de um ginásio, em absolutamente nada soma ou contribui para uma diagnose precisa do atual momento de uma seleção às vésperas de um pré olímpico fundamental, e nem mesmo se apresenta como um campo fértil de observação para a efetuação dos cortes finais na equipe.

Na verdade, nosso competente técnico se encontra perante um enigma, que pode ser explicitado na seguinte premissa, a indefinição Spliter, fora de atividade prática desde o término da temporada americana, ausente de todo o treinamento até agora realizado, e “ligeiramente” indefinido para o quadrangular de Foz do Iguaçu, quiçá a grande competição em Mar Del Plata ( seria o álibi definitivo e providencial…).

Se observarmos a pelada (desculpem, quis dizer “rachão”…) de hoje, toda a supremacia da equipe, exemplificada nos 35 x 5 do terceiro quarto, se fundamentou numa forte defesa interior ( atenção ao quase certo jogo exterior dos caribenhos, ainda uma falha nossa gritante …), onde pesados pivôs não encontraram dificuldades ante a fragilíssima ofensiva azteca, distribuindo passes médios e longos aos velozes alas e armadores nacionais, em contra ataques indefensáveis, mas somente um dos grandões os acompanhavam, o Rafael. Se for esta a estratégia do Magnano, que vem de encontro a uma nossa tradicional característica, o apoio de um pivô nas velozes conclusões ofensivas só se fará presente através o Rafael e o Spliter, já que os demais são lentos e pesados demais. Agora imaginem o impacto ocasionado por uma possível ausência do Spliter?  E como foi infeliz a opção de escolha da turma de peso radicada na pátria das paellas, quando aqui mesmo pivôs velozes e elásticos, como o Teichmann, o Morro, o Estevan, bem melhores tecnicamente do que os convocados, principalmente pela opção de jogo agora esboçada, bem contrária à “de choque” inicial? Ou ainda teimaremos na idéia de que peso, corpulência e cara feia por si só garantem garrafão, na defesa e no ataque? Ainda mais saindo um palmo do chão, numa clara predisposição aos rebotes pela ocupação horizontal de espaços, onde DPJ`s e arremessos de três, que fatalmente serão utilizados contra nós, os manterão à distância daquelas ofensivas?

Em Foz do Iguaçu, mesmo que ainda escamoteadas, as equipes terão de fechar suas opções, pois na semana seguinte os confrontos serão para valer, sem retornos e desculpas. O Magnano que é sagaz e muito inteligente se verá frente a duas opções, um time com um Spliter meia bomba, ou um sem bomba nenhuma. Com ele, um Rafael de apoio ou rodízio, sem ele, só o Rafael. E neste caso, o jogo ficará mais moroso, cadenciado, acadêmico, pois deslocar tonelagem pela quadra se tornará lugar comum, e o jogo exterior cairá no colo dos cardeais e sua artilharia infernal…se as ‘bolinhas” caírem…

Ter um time nas mãos quando em treinamento passível de cortes, é uma situação. Outra, é quando a bola subir para a viagem sem volta, para constatarmos se realmente o controle será exercido em toda sua dimensão.

Torço para que o grupo tenha realmente aceito e comprado a estratégia de preparo e jogo do bom argentino e sua liderança de grife, pois em caso contrário, bem, 2016 está logo ali…e garantido.

Um último e significativo aspecto – Os rasgados elogios à forma de jogar no terceiro quarto, feitos pelo Magnano à equipe, numa clara manifestação de que o academicismo campeão olímpico, aqui no nosso caso, ficou bem para trás. Coisas do grande jogo.

Amém.