O IMPASSE FRANCANO…

Quase ao final do jogo, num momento de decisão, o técnico de Franca pede um tempo e admoesta o jogador Guilherme por falhas táticas, e se vê confrontado pelo mesmo de forma até certo ponto agressiva. O experiente técnico contemporiza a situação, até mesmo por ser um jogador novo na equipe, e que talvez ainda não se encontre familiarizado com seu modo de dirigir. Pouquíssimo tempo depois, um novo pedido de tempo com o placar negativo em três pontos. Com dez segundos a serem disputados pede a seus jogadores um ataque aberto e com penetração, a fim de que um passe de dentro para fora do perímetro encontrasse o Rogério, o Helio ou o Marcio para o tiro decisivo. E o que aconteceu? No ponto, caro leitor, a bola vai até a zona morta de onde partiria o passe pedido pelo técnico pelas mãos do…isso mesmo, do Guilherme, que a quatro segundos do final solta um pombo sem asas que sequer ameaçou a cesta do Paulistano, que no rebote ainda conseguiu uma falta de dois lances, selando o destino da partida, numa típica atitude habitual que muitos jogadores desenvolvem para mostrarem aos técnicos seus poderes de decisões.

Franca fez um primeiro tempo de alta qualidade nos dois lados da quadra, e mesmo não contando com a pontuação do Helio e do Rogério alcançou os 50 pontos lamentados pela boa equipe da capital. Mais teria conseguido se tivesse atuado com seus dois armadores principais juntos na quadra, o Helio e o Mateus, mas numa tentativa de equilibrar os rebotes, claramente superior por parte da equipe do Paulistano, optou pela armação solitária, ora de um, ora de outro.

No terceiro quarto, a equipe do Paulistano, muito bem treinada e dirigida, dedicou-se a uma marcação linha da bola magistral, inclusive com anteposição frontal aos pivôs de Franca, conseguindo tirar a diferença de treze pontos, e entrando no quarto final em igualdade de condições no marcador. E aos poucos e com paciência foi se impondo a uma equipe que em momento algum fez valer, não somente o apoio maciço de sua torcida, como o apuro tático que uma armação dupla propiciou à sua equipe nas duas últimas temporadas. Ao abdicar de sua maior força, aquela que municiava permanentemente seus ágeis homens altos dentro do perímetro através o incansável trabalho da dupla armação, substituindo-a pela busca inócua de um equilíbrio nos rebotes, perdeu Franca o primeiro jogo da decisão, que poderia ter ganho se tivesse mantido seu sistema vencedor.

No entanto, poderemos considerar justa a vitória do Paulistano, equipe composta de jovens talentosos e corajosos, imbuídos de uma disciplina defensiva elogiável, e uma infatigável disposição reboteira, garantidora de seus fulminantes contra-ataques e segundas tentativas alcançadas nos rebotes ofensivos. Seu técnico, assim como o de Franca, falando diretamente com seus jogadores, usando minimamente a prancheta ( como dariam um exemplo de controle e comando se a abolissem permanentemente…), formaram uma dupla interessada na técnica do jogo, sem se imiscuírem na arbitragem, transformando a partida num espetáculo digno de se ver e admirar.

A série promete mais e melhores jogos, e torço ardentemente para que as equipes mantenham o alto grau disciplinar, respeitoso e aguerrido, e que o Guilherme, que é um excelente jogador se conscientize de que para se fazer respeitar dentro de uma equipe tem de primar pela humildade e pela receptividade ao comando, mesmo que de alguma forma não concorde com o mesmo, fator que o fará melhor jogador e muito melhor como pessoa.

Amém.



4 comentários

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  2. Glauco Nascimento 06.01.2009

    Realmente foi um bom jogo. Os 3 últimos minutos do jogo que foi muito nervoso, erros dos dois lados, e nesse fim de jogo o técnico de Franca se mostrou nervoso, meio q sem saber o q se deveria fazer. Perdeu um jogo importante e dentro de casa!

  3. Basquete Brasil 07.01.2009

    Prezado Glauco, quando ao final de uma partida importante acontece um confronto,discussão, malentendido,ou desacordo entre comando e comandado, o nervosismo tende a imperar, ainda mais no seio de uma equipe disciplinada técnicamente como Franca.Aconteceu e perdeu.Um abraço, Paulo Murilo.

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