OS IANQUES ESTÃO CHEGANDO…

Ginásio Gilberto Cardoso a meia boca (5760 espectadores para 12000 assentos), com torcida minúscula do Franca protegida por dois PMs portando escopetas num recinto fechado, numa precaução exagerada; setor de imprensa ao nível do solo atrás de uma das tabelas, privando-os de uma visão ampla da quadra (mas pelo que comentam e analisam estava de bom tamanho), e jamais imaginei tantos jornalistas especializados reunidos num jogo nacional, na medida em que a mídia se volta totalmente para a NBA, com seus jogos e campeonatos fartamente comentados e analisados, pinçados dos seus congêneres americanos; batidão ensurdecedor, e uma novidade, locutor/torcedor inflamando a torcida, aspecto que não deveria ser permitido numa quadra efervescente e passional…

Quanto ao jogo, bem, apresentou um Flamengo comedido na correria, atento aos arremessos fora do perímetro da turma francana, e o mais importante, cedendo espaços às suas penetrações para exercer um fortíssimo bloqueio interior, antecipativo e físico, controlando o rebote defensivo com vigor, e lá na frente, priorizando os médios e curtos arremessos através seus alas pivôs muito bem municiados por uma competente e dinâmica dupla armação, por todo o tempo da partida. Se arremessassem um pouco menos de três pontos (foram 5/21 contra 6/26 de Franca), insistindo mais nos dois pontos (22/42 contra 16/26), venceria por uma margem ainda maior, pois o domínio de seus homens altos em muito superou os de Franca, inclusive nos rebotes (43 a 30), que em várias ocasiões preferiram tentar arremessos de fora, esvaziando ainda mais o perímetro interno rubro negro…

Foi um jogo de muitos erros de fundamentos ( 33 – 14/19), e muito lance livre desperdiçado igualmente (17/25 e 12/20), logo, não alterando o placar final (76 x 62), num jogo bem pensado e executado pelos cariocas, principalmente na defesa, e mal planejado e pior ainda executado por parte dos paulistas, que precisarão mudar bastante sua concepção de jogo baseado na permanente convergência que praticou durante todo o campeonato, arremessando mais de três do que dois pontos (neste 16/26 e 6/26), e tentar um jogo interior mais presente e enérgico, assim como, reduzir bastante a chutação de fora, que aos poucos vai encontrando contestações mais presentes e competentes, vide o ocorrido lá na matriz, onde a equipe líder nessa concepção de jogo, já encontra respostas defensivas eficientes, como foi visto na primeira partida do playoff final da liga…

Enfim, se o bom senso prevalecer na grande final de sábado vindouro em Franca, poderemos assistir uma volta ao jogo bem jogado, com duplas armações atuantes e inteligentes, alas pivôs em constante movimentação nos perímetros internos, lutando por posicionamento técnico visando rebotes eficientes, conclusões mais seguras pela proximidade da cesta, posicionamento defensivo intenso e eficaz, e por que não, arremessos de três conscientes, equilibrados, com espaço suficiente para sua precisão, executados após passes de dentro para fora do perímetro, exclusivamente pelos reais especialistas dos mesmos, e não a farra autofágica que temos presenciado nos últimos anos, lastimável e inclusivamente desde a formação de base, espelhada por uma elite mais voltada ao espetáculo, ao aceno da  mídia, do que aos reais interesses de um grande jogo eficiente e presente por justiça no cenário internacional…

Assistiremos tal jogo? espero, honesta e sinceramente, que sim…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

 

Em tempo – Não assisti, por não ter sido transmitido, a final da Liga Ouro, com a vitória da equipe da Unifacisa de Campina Grande, Paraíba. No entanto, compilei para registro próprio os tempos de permanência em quadra dos três jogadores americanos da equipe nordestina, e os três da equipe paulista, nos cinco jogos do playoff, que apresentaram números consistentes e indiscutíveis das suas importâncias capitais nos jogos, com participação média de 36 min em quadra, com os restantes e ínfimos minutos divididos pelos nacionais, em jogos com os seis em quadra por quase todo o tempo de jogo, agindo grupalmente, tática e tecnicamente, exceto pela intromissão pontual do Pezão e do Drudi nas formações básicas…

Imaginem agora, o que ocorrerá com a decisão tomada pela LNB, permitindo quatro estrangeiros nas franquias do próximo NBB, quando poderemos ver em quadra oito americanos e somente dois brasileiros, num campeonato nacional? Se tal absurdo for confirmado, deveriam completar o pacote, sugerindo a contratação oficial de um  intérprete para cada equipe (afinal, precisamos aumentar o número de empregos nesse imenso e injusto país), e pedindo uma tecla SAP para as emissoras de TV e da Internet que transmitem os jogos…

Num momento importante e transcendental para o ressurgimento sustentável do grande jogo entre nós, adotamos tão canhestro, submisso e colonizado estratagema, cujos interesses sócio econômicos transcendem um entendimento razoavelmente inteligente, substituindo o caminho, sabidamente pedregoso, porém inadiável de uma formação de base planejada e estudada pelas boas e abertas cabeças que ainda existem e subsistem no país, por um projeto de interesse de uns poucos inseridos no corporativismo vigente, que tanto empobrece o basquetebol no país… PM.

 



2 comentários

  1. Bruno 05.06.2019

    Boa tarde desde a europa professor.

    Estou esperando ansioso por seus comentários sobre a seleção brasileira sub-16 na Copa América.

    Um grande abraço.

  2. Basquete Brasil 05.06.2019

    Oi Bruno, logo mais, após o jogo com o Uruguai, faço um comentário abrangente sobre a participação brasileira nesta fase inicial do campeonato.Um abraço. Paulo Murilo.

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