COLORADO SPRINGS…

 

 

“Como uma equipe pode sair de dois tempos técnicos seguidos e perder a bola numa reposição de fundo de quadra, não consigo entender”

abandonados

Esse o comentário do narrador da Fiba Americas após a perda de bola da seleção brasileira, faltando 6seg e estando dois pontos atrás no marcador, após o acumulo de dois tempos seguidos pedidos pelos técnicos em confronto, selando a terceiro derrota seguida na fase de classificação (72 x 69 para a Republica Dominicana), a perda de uma das quatro vagas ao Mundial sub19 de 2015, e destinando a seleção a disputa das classificações de 5o lugar em diante, como vem sendo de praxe…

A foto acima foi reproduzida do artigo Abandonados, publicado pelo Henrique Lima em seu blog O Jogo Não Para, retratando o primeiro dos dois tempos seguidos ao faltarem 19seg para o fim da partida, cujo relato vale a pena ser lido.

É mais do que certa e esperada a enxurrada de desculpas vindas da comissão técnica, dos supervisores, administradores, diretores, principalmente quanto a falta de tempo para um treinamento mais aprimorado, mais jogos preparatórios (claro que internacionais…), etc, etc. Mas, em absoluto tocarão no aspecto puramente formativo dos jovens jogadores, que mais do que nunca necessitavam aprender, praticar e fixar os fundamentos do jogo, desenvolverem-se através os drills, aprimorando os fundamentos coletivos de ataque e defesa, e serem apresentados a sistemas que ressaltassem suas habilidades, sua criatividade, sua noção coletivista e participativa, numa evolução ascendente a correta leitura do grande jogo, e não acorrentados e manietados a um sistema controlado de fora para dentro da quadra, e presos a delirantes rabiscos em pranchetas que nada dizem ou acrescentam técnica e taticamente, a não ser se prestarem a refletir quimeras e empulhações de seus proprietários, que simplesmente sumiriam na ausência das mesmas, já que destituidos do maior dos dons de um verdadeiro professor, técnico e líder, a credibilidade de suas ações pedagógicas, didáticas e emocionais, mas garantidos pelo apadrinhamento e pelo corporativismo a que pertencem desde sempre.

Creio que é chegada a hora de reconhecermos o fracasso dessa política protecionista e covarde para com o basquete brasileiro, entendendo-se de uma vez por todas que o mais importante não é o tempo estendido de treinamento o fator aprimorador de um grupo de jovens, e sim a qualidade do que lhes é passado e ensinado, por pessoal que realmente entenda e domine profundamente a arte do treinamento, lapidada por muitos anos de estudo, pesquisa, trabalho estafante e integral, aspectos que jamais cursos de nível III com quatro dias de duração conseguirão preencher, sequer arranhar, pois a experiência válida é a vivida, sofrida, abnegada e evolutiva…

Se porventura a entidade máxima do basquete no país, e outras ligadas ao desporto em geral quiserem dar o salto que nos falta para alcançarmos competitividade para 2020 (2016 já é passado…), deveriam começar reunindo em torno de uma grande mesa, em cada região desse imenso e injusto país, aqueles reais, competentes e lutadores especialistas na formação de base, para num imenso brain storming alcançarem e formularem objetivos factíveis dentro de nossa realidade econômica e social, para que no âmago das escolas, clubes, associações e federações brotasse uma nova realidade fundamentada em atividades abertas a todos os jovens, num processo natural de massificação, envolto em princípios e conceitos realistas, democráticos e liderados por cabeças pensantes e atuantes, com longos e longos anos de estrada, que balizariam os novos professores e técnicos em suas funções, e não o que assistimos nestes tristes tempos, quando estes lideram projetos inconsistentes e equivocados, protegidos pelo Q.I. do favorecimento político e mafioso.

Então, perante a tantos fracassos escorchantes e humilhantes, que não venham culpar os “detalhes”, pois muito mais culpados do que  aqueles que escolhem e indicam, o são os que aceitam inconsequente e interesseiramente, dirigir equipes nacionais sem o preparo necessário para fazê-lo, o que os tornam responsáveis pelos resultados, sem desculpas de qualquer espécie.

Mantenho meu posicionamento de muitas décadas, o de que sempre tivemos bons e maus dirigentes, mas que não formam e treinam jovens no grande jogo, mas que também tivemos bons e ótimos formadores e técnicos, hoje esquecidos e afastados por uma geração formada em escolas de educação física, onde o ensino desportivo representa 1/5 de currículo, e 4/5 voltados à formação de paramédicos de terceira categoria, ah, e personal trainings, numa inversão de valores e competências que nos tem levado ladeira abaixo aqui e lá fora, capitaneados por conselhos regionais e federal, braços garantidores da indústria do corpo que manipulam 25 bilhões anuais, e aos quais não interessa a educação física e os desportos na escola, onde uma clientela adolescente encontraria sua educação física e mental, privando-a da mesma, o que se torna impensável para holdings que já investem nas classes C e D da população através academias a 49 reais mensais.

O grande jogo necessita se reestruturar, buscando nos mais capazes as matrizes de seu soerguimento, evitando as aventuras vegonhosas e constrangedoras, como a que assistimos agora em Colorado Springs.

Amém.

 

SAINDO DO RECESSO…

 

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                                                                                                                                                                                                        Fazem 15 dias que nada posto nesse humilde blog, precisei de um tempo para repensar alguns aspectos de minha vida, próximo que me encontro dos 75 anos bem vividos, bem trabalhados, melhor ainda, dedicados ao magistério, à técnica desportiva, ao estudo permanente, à pesquisa, à divulgação democrática do grande jogo, emoldurado por uma amada e presente família, que respalda e sempre respaldou todo esse esforço de que muito me orgulho.

 

Mesmo assim, pensava em estender por mais algum tempo esse recesso, quando ontem cedo atendi um telefonema, que a princípio parecia ser engano, mas que se transformou numa enorme e prazerosa surpresa, pois quem do outro lado da linha tentava justificar um involuntário aperto de botão era o Macarrão, isso mesmo, o grande Sergio Macarrão, que se surpreendeu muito quando me identifiquei, travando daí para diante um diálogo de velhos amigos, conciso e verdadeiro. Foi o sinal de que o recesso terminara, pois a luta deve continuar, caminhar, indo de encontro a uma realidade teimosa em se revelar, sem medos e contradições, simplesmente acontecer, nada mais…

 

Então, vamos lá, começando com uma listagem do que vimos acontecer nesses 15 longos dias, a saber:

 

– Os 20 anos da grande conquista do Mundial Feminino na Australia.

 

– A seleção masculina para o

 Sul Americano.

 

– A seleção masculina sub-18 para a Copa América no Colorado.

 

– A grande conquista dos Spurs na NBA.

 

– O curso nível III da ENTB em São Paulo.

 

– A convocação da seleção masculina para o Mundial na Espanha.

 

– A formação das equipes para o NBB7.

 

Vinte anos se passaram desde a grande conquista da seleção feminina no Mundial da Austrália, história contada e recontada à exaustão, mas que deixou um “legado” (palavra bem em moda , aliás…) traído seguidamente por todos aqueles que se locupletaram com o sucesso de uma geração sacrificada e injustamente liderada por aqueles, que em tempo algum,  a formou ao longo de vinte anos de duro trabalho, mas que no justo momento de colher os frutos de tanta abnegação, os viram degustados por quem, após a grande vitória, não deu continuidade ao trabalho, abandonando-o e trocando-o por outros objetivos, deixando acontecer a realidade que hoje assombra o basquete feminino, inclusive com a saída de cena do clube mais vencedor na última década, Ourinhos. Sem dúvida alguma um legado absurdo e constrangedor…

 

Do lado masculino, uma seleção Ç é convocada para o Sul Americano, falseando, e muito, numa escolha, mais uma vez equivocada de valores, mas perfeitamente alinhada à,mesmice endêmica que nos assola no aspecto tático, quando qualquer outra composição de jogadores em nada a mudaria, pois aceita por todos como verdade imutável dentro de um panorama monocórdio em que nos encontramos desde muito tempo. Se trata de um conceito de atuar, jogar o grande jogo de uma forma formatada e padronizada por uma plêiade  de estrategistas apegados ao seu único cais, garantidor do mercado de trabalho, que deve ser mantido inter pares a todo custo, mesmo que tal atitude mantenha a modalidade perante o atraso em que se encontra, numa atitude imutável e autofágica. Logo, nada mudará ou se apresentará de inovativo, a não ser inéditas cores e logotipos impressos em caprichadas e midiáticas pranchetas, estrelas de um lamentável circo de horrores…

 

Que aliás, por mais uma vez se revelou na tarde de hoje em Colorado Springs, onde a seleção sub18 do Canadá esmagou nossa jovem seleção por implacáveis 42 pontos de diferença (101×59), com 52 pontos conseguidos dentro do garrafão, contra somente 18 de nossos indigitados meninos, que cometeram 23 erros de fundamentos e arremessaram 8/27 bolas de 3 e 10/30 de dois, numa demonstração cabal de má formação de base, em momento algum corrigida por pretenciosas comissões de três técnicos, incapazes de corrigir simples arremessos, quiça fundamentos gerais, mas altamente comprometidos e compromissados com um sistema único que professam arrogante e coercivamente, na trilha imposta por uma geração de técnicos (ou estrategistas…), consubstanciada por uma ENTB que se apressa em cursos nivel III, a fim de credenciar novos candidatos a preencher vagas na LNB e futuros NBB’s, quando deveriam centrar esforços por alguns anos nos niveis I e II, para que pudéssemos estabelecer novos parâmetros didático pedagógicos no ensino progressivo e inovador do grande jogo no país.

 

Tivemos também a grande vitória dos “vovôs” texanos do Spurs, repetindo aqueles outros “vovôs” dos Cavalliers, vencendo um duro torneio da NBA, apresentando um nível de jogo representado por uma intensa movimentação de todos os jogadores no ataque, e uma postura defensiva atuante, principalmente no perímetro externo, equilibrando suas forças ante um oponente mais atlético e duro, e com a presença do incensado LeBron, que nos momentos mais decisivos se viu mais vovô e desgastado que seus oponentes, deixando no ar o questionamento de seu companheiro Wade em uma das práticas da equipe veiculada pelo You Tube, quando provocava o grande jogador- Afinal James, qual a sua verdadeira idade?…

 

Então tivemos a convocação para o Mundial, onde um esperto e calejado técnico indica uma óbvia composição de jogadores, onde alguns deles não ostentam mais aquelas qualidades que os tornaram quase institucionais em nossas seleções, como que capitanias hereditárias, omitindo outros que pelo menos apresentaram melhor produtividade no recente NBB6, principalmente no jogo interno, como o Murilo, Cipolini e os mais afinados em suas silhuetas, como o Caio e o Prestes, nem mesmo presentes na convocação para o Sul Americano, e que submetidos a um bom treinamento poderiam afinar mais um pouco, podendo ser úteis a seleção, provando que a formula aplicada na classificação olímpica poderá ser reposta em contrafação ao desastre da Copa America de triste lembrança. No caso de ser mantida essa tendência, poderemos estar assistindo um inteligente álibi ser insinuado num possível fracasso na Espanha, tendo como personagens praticamente o mesmo grupo classificado no pré olímpico, tanto os presentes, como aqueles que por um motivo ou outro de “somenos importância”, não participarem da competição…

 

Finalmente, assistindo ao entra e sai de jogadores e técnicos nas equipes para o próximo NBB, vemos perplexos que a mesmice endêmica se solidifica a cada ano que passa, onde agentes e certos dirigentes se firmam como os verdadeiros artífices das equipes, comandando e estabelecendo parâmetros a ser seguidos pelos técnicos que continuam, e aqueles que serão contratados para administrar a obra de outrem, pois nada mudará taticamente, de 1 a 5, como sempre, facilitando os encaixes sem maiores problemas, já que “todo jogador de elite” sabe e conhece os caminhos que levam aos chifres, punhos, camisas, e, por que não, aos “pinquerrois” da vida…Quanto aos mais jovens, que tratem de se adaptar a essa cruel realidade, e sem muito, ou qualquer tempo para insignificâncias como acessar a ferramenta de trabalho de todo jogador que se preza, os fundamentos do jogo, e os drills para a formação de uma verdadeira equipe, mas isso é outra conversa…

 

Amém.

 

 

A ARTE DO TUMULTO II…

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O jogo estava ruim para o Paulistano, não jogavam com confiança, muito mal mesmo, conforme reconhecia seu técnico em um dos primeiros tempos pedidos, e que se continuasse daquela forma uma derrota seria inevitável…

Então, comecemos a tumultuar o jogo, reclamando, invadindo quadra, gesticulando até em cobrança de lateral, indo à mesa reinvidicar lá o que fosse, travando diálogos consentidos com uma “arbitragem pedagógica e antenada”, para desprazer e incredulidade de uma audiência que somente desejava assistir a um bom jogo de playoff, e não uma demonstração de desrespeito e imagem circense, vindas de um muito jovem técnico absolutamente crente de que seja esse o caminho a ser seguido em sua trajetória de gênio das quadras, o que não é com certeza…

Paralelamente ao descalabro comportamental de um lado, viu-se uma equipe, que dominava o jogo até o terceiro quarto, ceder um campo inimaginável a um adversário semi batido, mas não morto, embalado que se encontrava pelo alto grau de pressão sobre uma arbitragem permissiva e confusa, permitindo com sua omissão tática e técnica uma reação fulminante, onde até os tempos pedidos demonstravam o enorme fastio e distanciamento entre comandante e comandados, fatal num momento de decisão, onde o entrelaçamento e confiança devem se fazer presentes para um resultado final positivo.

Desfalques e contusões podem ser relacionados como causadores de derrotas, mas não com a dimensão de um quarto final acachapante e constrangedor.

Tem por obrigação, a comissão de arbitragem da LNB, reduzir as interferências de técnicos sobre juízes, sob a real ameaça de desqualificação dos mesmos perante a decisiva confiança que os cercam na condução isenta e técnica de um campeonato nacional, e para tanto basta a aplicação rigorosa das regras do grande jogo, sem papos pedagógicos e transmissões midiáticas.

Amém.

 

Em Tempo – Nesse jogo cometeu-se a barbaridade de 34 (17/17) erros de fundamentos, o que dá seriamente o que pensar em jogo da elite.


Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

A ARTE DO TUMULTO I…

 

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Sejamos breves, suscintos, ao relatarmos uma arte bem antiga, aquela que muda o foco de uma ação de perda iminente, tumultuando-a de tal forma que, possivelmente possa ser revertida, virando a roda da fortuna para uma improvável vitória…

Sou macaco velho nessa história, não como utente, mas presente na maior escola dessa arte, nas duas temporadas que trabalhei no Flamengo da era Togo Renan, mestre inconteste da mesma, e inclusive relatei algumas passagens a respeito aqui no blog. Logo, vejo com preocupação jovens técnicos enveredarem numa atividade “fio de navalha”, pois penderá seu corte a uma aleatória realidade, positiva ou negativa em sua trajetória profissional.

Numa partida duríssima, onde seu maior ícone, mestre nos longos arremessos, vem encontrando nos defensores mogianos uma contestação firme e eficiente, a ponto de ensaiar simulações de faltas em suas tentativas, projetando o corpo para os lados após os lançamentos, mas não encontrando nas arbitragens as respostas pretendidas, que foram três no jogo anterior e duas nesse em particular, viu-se a equipe carioca inferiorizada ofensivamente, disparando no comando a enxurrada de reclamações e acintoso gestual na direção de uma arbitragem insegura e permissiva quanto às mesmas.

Dessa forma, o jogo foi sendo levado sem maiores dilatações na contagem, até que, numa improvável situação, o pivô reserva Felicio, deixado solto fora do perímetro pelo seu defensor que “pagando para ver” permitiu ao mesmo dois arremessos de três que recolocaram a equipe carioca no jogo, para na jogada final, onde nada do que foi estabelecido (e nem poderia naquelas circunstâncias…) na prancheta ocorreu na verdade, e sim, e por mais uma vez, deixado livre por não acreditarem os defensores mogianos da possibilidade definidora do jovem pivô,”pagando para ver” por mais uma e derradeira oportunidade, perdendo um jogo que poderiam ter ganho, com certeza.

Duas coisas me preocupam, uma a da continuidade inputativa de técnicos tentarem reverter situações negativas de jogo, tumultuando-o proposital e conscientemente, numa vertente ascendente que põe em risco decisões em jogos importantes nas classificações finais de um campeonato, a outra, e que não seja uma continuidade do que estamos assistindo corriqueiramente, o posicionamento ambíguo de jovens pivôs em suas tentativas nos longos arremessos, pois das duas uma, ou os tornarão “especialistas” nos mesmos, sem que habilidades nas penetrações, nos dribles e nas fintas, que são fundamentos básicos aos alas pivôs sejam convenientemente ensinados, ou se manterão pivôs de força sem as habilidades  mencionadas, o que seria um enorme desperdício, numa geração de jovens altos, ágeis e velozes,  e que merecem atenções do mais alto nível, para transformá-los nos jogadores polivalentes de que tanto precisamos.

Amém.

Em Tempo – O Flamengo venceu a partida arremessando 13/30 bolas de três, 17/34 de dois e 7/9 lances livres, contra 11/26, 18/40 e 9/13, respectivamente por parte de Mogi, e ambas as equipes cometeram a incrível marca de 29 (16/13) erros de fundamentos.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

“NÃO TEM ESSA”…

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(…)Nesta quinta-feira, o Paulistano tentou 30 bolas de três e converteu apenas sete, em um aproveitamento inferior a 25%. O técnico Gustavo de Conti tem a solução para a próxima partida:

– Precisamos acertar mais cestas, não chutar menos. Nosso time é isso mesmo, estamos livres, precisamos chutar. Se a defesa deles deixar a gente chutar, a gente vai arremessar, não tem essa- justifica o treinador.

Na partida, o São José acertou 12 bolas de três pontos em 21 tentativas, em um aproveitamento muito superior ao do Paulistano.(…)

(Trecho da matéria “Eu assumo a culpa” publicada no Globoesporte.com em 16/5/2014).

Bem, esse é um relato surpreendente, ainda mais partindo de um técnico exigente em suas táticas, quase dogmático quanto à movimentação e deslocamentos de seus jogadores, dentro dos rígidos sistemas que emprega e demonstra, sofregadamente, em sua prancheta a cada tempo que usufrui no transcorrer de uma partida, somados à sua intensa e sufocante atitude ao lado da quadra onde se divide em cobrador agitado e impositivo de jogadores, e pressionador contumaz das arbitragens, comentando inclusive que “apitou contra minha equipe, reclamo mesmo”…

Na verdade, e num ponto pode ter razão, ao afirmar- “Se a defesa deles deixar a gente chutar, a gente vai arremessar, não tem essa”…

Mas “essa” o que? Críticas ao desperdício doentio de só arremessarem de três, inclusive em contra ataques, pois na maioria das vezes equipes apostam na baixa produtividade das bolinhas “pagando para ver” jogadores com técnica medíocre arriscarem um brilhareco midiático, em vez da aproximação mais eficiente, porém exigente nas técnicas fundamentais? Ora, ora jovem técnico, arremessos mais próximos, por apresentarem eficiência relevante, permitem que de 2 em 2 otimizem os esforços de todos a cada ataque realizado, já que as perdas são menores, vencendo partidas, e não os números desse jogo em particular, que apresentaram o seguinte resultado quanto aos longos arremessos: 7/30 (ou 21 pontos) para sua equipe, e 12/21 (ou 36 pontos) para São José, 15 a mais no placar, que se trocada a metade das perdas (10,5) por arremessos de 2 pontos, venceria um jogo que perdeu por 5, mesmo que seu adversário usufruísse da mesma condição, pois somariam somente 9 pontos a mais em seu resultado.

No fundo, no fundo, assumir a culpa taticamente não redime uma outra, a de se permitir morder iscas travestidas de “pagar para ver”, inclusive assumidas por seus próprios jogadores em muitas situações, pois as técnicas de empunhadura, precisão, equilíbrio e força, necessárias ao especialista dos três pontos, não são factíveis a qualquer jogador, que mesmo assim têm de ser contestados (o festejado “fator sorte”…), e sim para uns poucos, disputados a peso de ouro pelas maiores ligas do mundo, em cujas equipes seria inadmissível que, como a que dirige, 7 jogadores se julguem capacitados, assim como 6 de seu oponente, na difícil e seletiva arte dos longos arremessos, sem que sejam refreados em suas equivocadas escolhas, direcionando-os a melhores, tática e tecnicamente falando.

O “hoje elas não caíram” mas no próximo “cairão”, é bem o reflexo do basquetebol que estamos ensinando e divulgando no seio da formação de base, e cujos resultados e reflexos estamos colhendo nos embates internacionais, vide a derrota de nossa seleção masculina sub-18, ontem, para a equipe do clube Joventud Badalona, no International Junior Tournement Euroleague 2014, por 69×43, onde elas por certo, “não cairam”…

Quanto ao jogo em si, mais um festival das midiáticas, confusas e controversas pranchetas, onde a clareza cede espaço ao…Deixa pra lá…

Amém.

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A MEDONHA REALIDADE, MEUS DEUSES…

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Caramba, quis ver e apreciar o jogo, me interessar pelos sistemas, me deleitar com bem estruturadas jogadas, precisos e oportunos arremessos, defesas bem concatenadas e antenadas, mudanças táticas de jogo, enfim, assistir a algo impactante e revelador, porém…

Vi, e todos viram, uma dupla de americanos se constituir em uma equipe à parte, contabilizando 51,1% dos pontos, de fora e de dentro, definindo um jogo desigual perante um aglomerado de jogadores, onde oito deles arremessaram dos três pontos, que somados aos seis do Paulistano que também amassaram o aro de longa distância, perfizeram quatorze em vinte e quatro jogadores “especialistas” nas famigeradas bolinhas.

No jogo de ontem, entre o Flamengo e o Mogi, quinze de vinte e quatro jogadores também perpetraram longos arremessos, onde a somatória dos dois jogos atingiu a incrível marca de 29/48, ou 60,4% da totalidade de jogadores das quatro equipes arremessando dos três pontos, sem dúvida alguma um recorde mundial. Mas o irônico disso tudo foi o absurdo desse monumental desperdício, traduzido em 40/109 arremessos, 36.6% de aproveitamento, ou seja, para cada 10 tentativas somente 3 eram aproveitadas, fazendo com que 69 ataques resultassem em perda de tempo e esforços, bastando que somente a metade das perdas fosse revertida em tentativas de dois, para que o resultado das duas partidas sofresse uma substancial mudança, na contagem e até nos vencedores.

Como vemos, estamos desenvolvendo uma nova maneira de jogar o grande jogo, convergindo, lateralizando e contornando o perímetro externo, procurando espaços para as bolinhas, praticamente ignorando o interno, sendo tal tendência um produto direto da falência do ensino defensivo nas divisões de base, onde cada vez mais se firma a predominância dos longos arremessos, e naquelas poucas projeções internas, as enterradas midiáticas e definidoras qualitativas dos futuros jogadores, numa espiral evolutiva que desagua na divisão de elite, com jogadores defensivamente deficientes, porém pretensamente equipados com habilidades pontuadoras nas bolinhas e nas enterradas que “levantam as torcidas”…

Paralelamente a todo esse horror, vemos técnicos que querem porque querem participar de todos, absolutamente todos os movimentos táticos e técnicos de seus jogadores, através encenações ao lado, e até dentro da quadra,  tutelando a todos, inserindo-se em seus movimentos, sem exceções, como se o espetáculo lhe pertencesse, total e ditatorialmente, mas sem respostas quando alguns deles tomam as rédeas do jogo, e corajosamente o vencem, de uma forma impulsiva e muitas vezes caótica, livrando-se momentaneamente dos grilhões coercitivos e impostos.

E como numa festa, não poderia faltar a última moda da arbitragem pedagógica, que nada mais retrata do que uma exibição gratuita e dispensável  de autoritarismo, transmitida à cores e som estereofônico, em uma atividade que deveria privilegiar tão somente a sensatez e a correta aplicação das leis do jogo, nada mais.

Por tudo isso é que manifesto um sentimento de medo com o nosso futuro nas competições internacionais que se avizinham, principalmente 2016, onde corremos o serio perigo de testemunharmos um fracasso, sem precedentes, ocorrer numa competição do mais elevado nível em nossa própria casa, o que seria um desastre.

Amém.

Fotos – reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessarem as legendas.

 

É DE DAR MEDO…

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Sim é de dar medo a trilha em que segue aceleradamente o nosso querido grande jogo (mais para ex por aqui…), com uma significativa e apavorante constatação, a de que, em média, mais da metade dos jogadores de qualquer equipe finalista (e por que não, todas as outras?…) se auto credenciam como “especialistas” nos longos, refinados e dificílimos arremessos de três pontos, e de uma forma aventureira e na maioria das vezes, irresponsável, mas que contam com a permissividade explícita de seus técnicos, incapazes que estão demonstrando a cada temporada que passa, em contê-los, ou mesmo direcioná-los ao jogo coletivo, e em última instância, simplesmente (?) treiná-los, ou mesmo ensiná-los a arremessar com técnica e precisão, fatores que talvez os direcionassem aos médios e curtos lançamentos, convencendo-os de que por serem mais precisos em muito otimizariam as custosas e exaustivas tentativas de ataque, apesar de termos de reconhecer que para aproximações às cestas, sistemas de jogo sofisticados e bem pensados, somados a um preparo definitivo nos fundamentos do jogo se fazem necessários, conotando nesse aspecto o fator colimador dessa refinada equação, o de que poucos conhecem, se aplicam, ou mesmo se interessam em conhecer tão dispensáveis detalhes, já que “estrategistas” (categoria agora agregada a supervisores que montam equipes para serem dirigidas(?) por concessivos e omissos técnicos de ocasião) se consideram, estando muito acima de detalhes afeitos e dirigidos à formação, pois somente o interessam o produto pronto e finalizado…

Então, fora a emoção galopante de jogos entre equipes, em sua maioria absoluta, que se equivalem por praticarem os mesmos sistemas de jogo, conotando evidentes e equilibrados confrontos, levando torcidas ao delírio, escamoteia-se uma dura realidade, a de que estamos a desenvolver uma cultura de jogo onde a atividade exterior, pela deficiente formação nos fundamentos de ataque e defesa desde as categorias menores, vem superando em muito o interior, incentivada por aqueles que nada entendem do grande jogo, mas popularizam e endeusam tal realidade, onde as bolinhas reinam absolutas, facilitadas pelo amargo consenso da não existência defensiva, como num acordo mutual entre as partes que se enfrentam, onde aquele que converter a última vence a partida, até o próximo embate, quando, quem sabe, cairão às pencas…

No jogo de ontem, sete jogadores do Flamengo e oito do Mogi arremessaram de três pontos, com algumas pérolas como  Washam (0/5) e Marcos (3/9) num total de 11/33, com 15/38 de dois pontos, contra 9/22 de três e 20/41 de dois de uma equipe paulista que nada conseguirá se não se ocupar em defender o perímetro externo com a mesma gana com que defende e deveria atacar o interno, no que duvido bastante, pois o trocar 3 por 2 se torna uma tarefa penosa para um basquete tão mal fundamentado que praticamos, onde culturas ofensivas e defensivas deveriam se revezar na medida em que forem técnica e taticamente desenvolvidas por professores e técnicos de verdade, e não estrategistas de prancheta…

Honestamente, não posso negar a grande carga emotiva que vem cercando muito dos confrontos do NBB6 e da Liga Ouro, fator que não faz com que me afaste da realidade de suas fraquezas e deficiências, principalmente pela cultura do jogo exterior, que está sendo insidiosamente implantada pelo reinado das bolinhas, que duvido enfaticamente, seja permitido quando de nossos encontros internacionais mais adiante, assim como possa vir a ser a estratégia desenvolvida rumo a 2016, privando nossos jovens de uma realidade, que não é absolutamente aquela que deveria ser ensinada e desenvolvida junto aos mesmos.

Quem sabe acordemos a tempo, no que, infeliz e desde sempre, duvido…

Amém.

Fotos – Reproduções de TV. Clique nas mesmas para ampliá-las acessando as legendas.

OS ESPELHOS (OU BIOMBOS) DE UM GRANDE EQUÍVOCO…

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Chegaram ao fim os playoffs de quartas de final, classificando-se para as semifinais as quatro equipes mais ferrenhas defensoras e praticantes do sistema único, todas compulsoriamente submetidas às jogadas chifres, cabeças, camisas, punhos e congeneres, escravas a pranchetas sofregadamente rabiscadas por estrategistas que não se afastam um milímetro sequer do que conceituam como “basquete moderno”, mas que não conseguem refrear as pequenas (?) e aventureiras vinganças de alguns jogadores inconformados com tantas restrições, que se lançam aos desvairados arremessos de três, imunes que avaliam ficar ao cabresto tático no caso de sucesso, ajudados pelas pífias marcações fora do perímetro, numa volúpia que catequiza até os grandes pivôs a tentá-los de uma forma crescente e irresponsável, numa espiral ascendente rumo a inaceitáveis convergências, mas todos absolvidos e cinicamente aceitos quando as bolinhas caem, e quando não, assistem omissos a queda de suas equipes e técnicos, tidos como referências de qualidade e sucesso…

Flamengo, São José, Paulistano e Mogi, são dignos representantes deste modo de jogar sob a dualidade tutela/aventura, liderados por técnicos que agem de fora da quadra como pretensos manipuladores de marionetes, como parecem ver seus jogadores, como feitor ativo de toda e qualquer jogada de sua equipe, e que para os mesmos seria a gloria absoluta que em vez de dois tempos por quarto (o último tem três…), tivessem direito a um a cada ataque de suas equipes, e como não os têm, agem ao lado da quadra de forma impositiva, grotesca, risível e até agressiva, estendendo esses predicados às arbitragens, em embates ilegais e constrangedores, conseguindo das mesmas um beneplácito consentimento que fere e constrange as regras do grande jogo, mas que para muitos é um fator midiático de atração a mais aos espetáculos, que ignorantemente transmitem e insistem em fixar como um padrão de divulgação, num ledo e perigoso exemplo junto, principalmente, aos jovens que se iniciam na modalidade.

Então, o que temos para a reta final desse NBB6, senão a mesmice monocórdia dos NBBs precedentes, com suas estratificadas jogadas, rígidas posições de jogadores em quadra, errando fundamentos básicos em números preocupantes e crescentes, arremessos generalizados de três, onde a moda são os pivôs “especialistas” dos mesmos, com a concordância, ou cumplicidade dos estrategistas, defesas passivas fora do perímetro e violentas dentro, onde o trabalho de pernas cede espaço aos bloqueios ilegais e ao cada vez maior número de faltas antidesportivas,  culminando com um quadro bastante claro do que poderemos esperar em nossas futuras competições internacionais, quando complementarmos essa dolorosa evidência ao serem agregados os jogadores que atuam na NBA e na Europa, onde essa juvenil irresponsabilidade é pouco tolerada e compreendida, mesmo que inclusos no sistema único.

Infelizmente, pode ficar parecendo para alguns (ou muitos…) que estou sendo intolerante com essa nova safra de técnicos, incensada pela mídia, mais pelos resultados, que pela qualidade técnica e tática, e mesmo pela maestria na preparação fundamental de seus jogadores, mas que professam um sistema de comando centralizado, coercitivo, e acima de tudo ditatorial, restringindo em muito a criatividade e o livre arbítrio de jogadores adultos, muitos deles chefes de família, sérios, inteligentes, e que são tratados como crianças teimosas e rebeldes, cuja penalização às restritas e limitadas ações sistemáticas deve ser o caminho a ser seguido através a visão de uma prancheta empunhada pelo mago e sapiente líder.

No entanto, acredito profundamente não ser esse o caminho a ser seguido, principalmente quando grande parte do mundo do basquetebol segue essa premissa centralizadora, e as transmissões da Euroliga, e mesmo de alguns jogos da NBA provam essa visão pragmática e corporativa do jogo. Acredito que deveríamos tentar, ao menos tentar caminhar, também, em um outro sentido, agregando novas formas de jogar o grande jogo, para conseguirmos, pela diversidade técnica e tática, corajosa e inventiva, nos ombrear, pelo inusitado e fuga da mesmice imposta, aos grandes, como o fizemos outrora, e que mais recentemente foi provado pelo Coach K na grande escola americana, e um pouco, também por aqui com a já vencedora dupla armação, o jogo mais intenso no perímetro interno, a ainda tênue implantação da verdadeira defesa linha da bola, e por que não, ter em mente sempre o jogo fluido e contínuo de um Saldanha da Gama, no já tão distante NBB2, que provou, na prática, ser possível trilhar novos rumos.

Por ora, desafio os leitores para interpretar, ou minimamente compreender as pranchetas compiladas nessa rodada final do playoff de quartas, que veiculo acima, como preito e homenagem ao que se faz e aplica atualmente no glorioso sistema único de jogo. Deleitem-se…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

ASSUNTANDO…

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O basquetebol está seriamente enfermo fora das quadras, e a caminho de ficar mais ainda dentro das mesmas, o que seria trágico, pois pela primeira vez em sua história corre perigo de se esfacelar em ambos. Sempre enfrentamos bons e maus administradores, mas mantinhamos a qualidade lá dentro, onde se formavam os jogadores, as equipes, os sistemas, as gerações vencedoras, guiados por bons professores e treinadores, mas que de duas décadas para cá vêm decrescendo tecnicamente, fruto de um modelo imposto, canhestramente copiado de fora e dissociado de nossa tradição de ótimos praticantes do grande jogo, fato reconhecido pela FIBA, quando nos classificou na quarta posição dentre as nações no século 20.

Hoje, uma situação de insolvência ameaça a CBB, como resultante de uma administração caótica e incompetente, conforme atestam os excelentes artigos publicados pelo jornalista Fabio Balassiano em seu blog Bala na Cesta, mas que ao contrario do que muitos pensam, não tem lutado sozinho contra uma realidade que conheço profundamente a mais de 50 anos, e contra a qual me insurgi desde sempre, mais diretamente através artigos aqui publicados nestes quase 10 anos de Basquete Brasil. Uma série deles em particular, contidos no artigo Cronologia do Esquecimento (ou, Recordando), demonstra tacitamente os caminhos que estavam para ser percorridos pela administração vigente, que foi eleita pelos mesmos presidentes de federações que avalizaram as últimas contas da CBB.

O trabalho investigativo do Fabio é brilhante, importante, e acima de tudo determinante, pois entreabre a porta de uma triste realidade, que deve ser combatida com presteza e vigor, para que cesse o dreno por onde se esvaem verbas e mais verbas oficiais nas mãos daqueles que transformaram o grande jogo num meio de vida junto a protegidos e aspones, numa cornucópia de interesses políticos e corporativos, alimentados pelo compadrio e a incompetência patronal.

Bem ou mal o basquetebol continua sua saga, que nos últimos dias apresentou o resultado da descida técnico tática íngreme a cada dia que passa, como a vitoria do Flamengo contra o Bauru, classificando-se para as semifinais, com a incrível convergência de 16/27 nos arremessos de dois pontos e 13/32 nos de três, fator imperdoável para a defesa paulista, que mesmo atuando, corretamente aliás, dentro do perímetro ofensivo, viu seus esforços fracassarem em arremessos despropositados de três pontos, inclusive dois de seu pivô Murilo, que originaram dois contra ataques efetivos dos rubro negros, que venceram o jogo por 3 pontos. A não contestação dos longos arremessos, e as frustradas tentativas nos três pontos (5/24), inclusive as duas acima citadas, e a não insistência do jogo interior, onde vinham dominando através seus dois bons pivôs, os fizeram perder uma partida que poderia ter sido ganha.

No jogo em Mogi, duas equipe taticamente iguais, parelhas nos números (17/37 nos dois pontos de Mogi, contra 13/37 de Limeira, e 6/15 contra 7/15 nos três respectivamente), mas com vantagem dos donos da casa nos lances livres, 20/27 contra 13/18, vencendo um jogo por 12 pontos, com ambas cometendo a incrível marca de 38 erros de fundamentos. Triste, no entanto, o festival de confrontos árbitros x técnicos, que está se ampliando aritmeticamente desde que microfones foram anexados a uma rotina de arbitragem que deveria ser expressa pela eficiente e reservada aplicação das regras do jogo, e não um espetáculo midiático rotulado de “arbitragem pedagógica”, numa apropriação indébita de exposição pública, que deveria ser unicamente proprietária dos verdadeiros protagonistas, os jogadores.

Em Franca, mais um festival de bolinhas, favorecendo mais os donos da casa, quando desta vez elas “caíram”, ao contrario do jogo anterior, num jogo com mais uma exibição da refrega da moda entre técnicos e árbitros, num espetáculo deplorável e constrangedor, ah, emoldurando tudo com 25 erros de fundamentos.

Como vemos, o “projeto” técnico de nosso basquetebol involui a cada ano que passa, agora alimentado por uma equivocada ENTB, divulgadora e mantenedora de um modelo de formação de técnicos anacrônico e irreal.

Uma questão final sobre a ausência ou não de patriotismo de nossos jogadores atuantes na NBA quando convocados para defender o país, considerado por muitos como alienante e até chocante. Lembro que a base de trabalho que o Manager Jerry Colangelo desenvolve junto a seleção americana composta pelos milionários jogadores da NBA, se fundamenta exatamente pelo… Isso mesmo, patriotismo, divulgado e veiculado aos jovens do país através videos, onde os jogadores assistem palestras motivacionais de militares combatentes e feridos nas batalhas. Logo, enfocar patriotismo numa competição internacional, jamais deveria chocar e ser considerado tosco, chucro e alienante, ainda mais quando a matriz age e pensa exatamente ao contrário, ou não?

Amém.

Fotos – Reproduções legendadas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

PATINANDO NO SISTEMA ÚNICO…

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Primeiramente temos de parabenizar a equipe de São José pela “varrida”em regra dada numa equipe que simplesmente jamais se comprometeu em mudar, ou, mesmo que por um pouco, adequar seu ímpeto aos reclamos de um técnico conceituado, mas que perante a dura realidade ele mesmo se adequou a um estilo de jogo que, nos últimos anos a elevou aos mais altos padrões nacionais, e mesmo internacionais.

 

Mas como em muitos aspectos da vida, o que se mostrava eficiente, perante o baixo índice técnico apresentado pela maioria das equipes nacionais, e mesmo algumas internacionais, transcendeu ao patamar do usual para o extra especial, criando e mantendo o fator convergente em seus arremessos, que de tal ordem foi estabelecido que as bolinhas passaram a ser prioritárias em todos os sentidos dessa forma de atuar, onde jogar com os pivôs e trabalhar ofensivamente visando a proximidade da cesta se tornou dispensável, esquecendo porém, que algumas outras equipes, em engenharia reversa, passassem a atuar em seu âmago defensivo, aumentando a eficiência em seus médios e curtos arremessos, e contestando bastante os longos arremessos da turma candanga, baixando significativamente sua eficiência, um tanto compensada através contra ataques em falhas adversárias, mas insuficientes para transpor as etapas de um playoff não tão surpreendente assim…

 

A conclusão dessa aventura foi mais do que óbvia, quando nesse terceiro jogo arremessou 8/30 bolas de três, contra 21/37 de dois e somente 4/8 lances livres, numa evidência de ausência do jogo interior que ao ser mais utilizado por seu adversário (22/45 de dois, 5/25 de três e 13/17 lances livres) sacramentou sua desclassificação às semi finais do campeonato.

 

Na outra série, Bauru em sua casa repleta e fervente, perdeu um jogo exatamente por se utilizar do estilo perdedor emanado do planalto central, aderindo ao reinado das bolinhas (10/28), não muito diferente da turma carioca (12/29), mas com uma significativa diferença, a de que nos momentos mais importantes da partida estes se meteram no perímetro interno de Bauru, onde seus pivôs fizeram a festa, ao contrário da turma da casa que negligenciou bastante aquele setor estratégico, no qual se vencem partidas e campeonatos…

 

Para o próximo e decisivo jogo, se a equipe de Bauru não se aproximar da cesta com seus bons pivôs, dificilmente levará a disputa adiante, além, é claro, de melhorar em muito seu sistema defensivo, principalmente às longas bolas.

 

Já no jogo dessa manhã em Franca, duas opiniões divulgadas no blog da LNB devem ser analisadas:

 

(…)Hoje tivemos muita frieza. Frieza não no sentido de calma, mas sim de raciocinar bastante durante o jogo e enxergar as situações em que levaríamos vantagem. Isso fez toda a diferença para nós e conseguimos essa importante vitória dentro da série”, explicou Gustavo De Conti, técnico do Paulistano (…).

 

(…)Perdemos o foco e não conseguimos mais reagir. Nossas bolas de três pontos, que fizeram a diferença no último jogo, não caíram e fizeram muita falta para nós. Tentamos reagir, mas não tivemos tranquilidade e o Paulistano soube aproveitar isso”, declarou o ala/pivô francano Lucas Mariano(…).

 

Na primeira afirmação, creio que o técnico do Paulistano se equivocou ao definir frieza no que deveria ser lucidez, naqueles momentos mais importantes, já que de frieza nada pode ser dito perante ao caudal de reclamações e pressões na arbitragem, tanto de parte dele e sua comissão, como do banco contrário, atitudes que em muito prejudicaram o andamento do jogo, pois emanavam para dentro da quadra um estado de espírito bastante negativo, com respostas agressivas de parte a parte dos jogadores, sem contar as reações da imensa torcida presente ao ginásio.

 

Quanto à técnica, a equipe da casa, se apossou de uma característica de seu adversário, os arremessos de três (sempre presentes,,,), abrindo mão de seu bom jogo interno, encontrando igual resposta (8/28 contra 8/22) com menos tentativas, também equilibradas nas conclusões de dois pontos (16/36 contra 16/34), mas perdendo 11 pontos (contra seis) nos lances livres, decisivos na contagem final da partida.

 

Mas o que salta aos olhos foi ter Franca tentado mais bolas longas do que seu tradicional e eficiente jogo de penetrações, emulando um duelo que lhe era contrário, vendo seu adversário com lucidez, controlar sua pequena vantagem, vencendo um jogo importante para sua classificação.

 

Por último, pudemos hoje assistir uma tentativa bastante válida, por parte do Paulistano, de jogo interno com os três homens altos se movimentando bastante dentro do perímetro, alimentados por dois armadores de boa técnica e bons arremessos, pena que utilizado por breves minutos, por força de um sistema onde chifres, polegares, camisas e cabeças se impõem por força de um controle imposto de fora para dentro da quadra, por um técnico absolutista em seu modo de comandar, privando seus bons jogadores de criarem novas situações de jogo, improvisando movimentos e ações decorrentes de uma presente leitura de jogo, que transcende em muito esquemas pré estabelecidos, e que exigem muito treinamento específico, sobre situações reais de jogo, estabelecidas e recriadas na pratica constante e detalhada do mesmo.

 

Quanto a declaração do jogador francano, a compreensão óbvia dispensa maiores comentários, a não ser um único, o de que na NBA é muito pouco para servir de parâmetro para uma improvável e pretensiosa aprovação.

 

Amém.

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