PATINANDO NO SISTEMA ÚNICO…

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Primeiramente temos de parabenizar a equipe de São José pela “varrida”em regra dada numa equipe que simplesmente jamais se comprometeu em mudar, ou, mesmo que por um pouco, adequar seu ímpeto aos reclamos de um técnico conceituado, mas que perante a dura realidade ele mesmo se adequou a um estilo de jogo que, nos últimos anos a elevou aos mais altos padrões nacionais, e mesmo internacionais.

 

Mas como em muitos aspectos da vida, o que se mostrava eficiente, perante o baixo índice técnico apresentado pela maioria das equipes nacionais, e mesmo algumas internacionais, transcendeu ao patamar do usual para o extra especial, criando e mantendo o fator convergente em seus arremessos, que de tal ordem foi estabelecido que as bolinhas passaram a ser prioritárias em todos os sentidos dessa forma de atuar, onde jogar com os pivôs e trabalhar ofensivamente visando a proximidade da cesta se tornou dispensável, esquecendo porém, que algumas outras equipes, em engenharia reversa, passassem a atuar em seu âmago defensivo, aumentando a eficiência em seus médios e curtos arremessos, e contestando bastante os longos arremessos da turma candanga, baixando significativamente sua eficiência, um tanto compensada através contra ataques em falhas adversárias, mas insuficientes para transpor as etapas de um playoff não tão surpreendente assim…

 

A conclusão dessa aventura foi mais do que óbvia, quando nesse terceiro jogo arremessou 8/30 bolas de três, contra 21/37 de dois e somente 4/8 lances livres, numa evidência de ausência do jogo interior que ao ser mais utilizado por seu adversário (22/45 de dois, 5/25 de três e 13/17 lances livres) sacramentou sua desclassificação às semi finais do campeonato.

 

Na outra série, Bauru em sua casa repleta e fervente, perdeu um jogo exatamente por se utilizar do estilo perdedor emanado do planalto central, aderindo ao reinado das bolinhas (10/28), não muito diferente da turma carioca (12/29), mas com uma significativa diferença, a de que nos momentos mais importantes da partida estes se meteram no perímetro interno de Bauru, onde seus pivôs fizeram a festa, ao contrário da turma da casa que negligenciou bastante aquele setor estratégico, no qual se vencem partidas e campeonatos…

 

Para o próximo e decisivo jogo, se a equipe de Bauru não se aproximar da cesta com seus bons pivôs, dificilmente levará a disputa adiante, além, é claro, de melhorar em muito seu sistema defensivo, principalmente às longas bolas.

 

Já no jogo dessa manhã em Franca, duas opiniões divulgadas no blog da LNB devem ser analisadas:

 

(…)Hoje tivemos muita frieza. Frieza não no sentido de calma, mas sim de raciocinar bastante durante o jogo e enxergar as situações em que levaríamos vantagem. Isso fez toda a diferença para nós e conseguimos essa importante vitória dentro da série”, explicou Gustavo De Conti, técnico do Paulistano (…).

 

(…)Perdemos o foco e não conseguimos mais reagir. Nossas bolas de três pontos, que fizeram a diferença no último jogo, não caíram e fizeram muita falta para nós. Tentamos reagir, mas não tivemos tranquilidade e o Paulistano soube aproveitar isso”, declarou o ala/pivô francano Lucas Mariano(…).

 

Na primeira afirmação, creio que o técnico do Paulistano se equivocou ao definir frieza no que deveria ser lucidez, naqueles momentos mais importantes, já que de frieza nada pode ser dito perante ao caudal de reclamações e pressões na arbitragem, tanto de parte dele e sua comissão, como do banco contrário, atitudes que em muito prejudicaram o andamento do jogo, pois emanavam para dentro da quadra um estado de espírito bastante negativo, com respostas agressivas de parte a parte dos jogadores, sem contar as reações da imensa torcida presente ao ginásio.

 

Quanto à técnica, a equipe da casa, se apossou de uma característica de seu adversário, os arremessos de três (sempre presentes,,,), abrindo mão de seu bom jogo interno, encontrando igual resposta (8/28 contra 8/22) com menos tentativas, também equilibradas nas conclusões de dois pontos (16/36 contra 16/34), mas perdendo 11 pontos (contra seis) nos lances livres, decisivos na contagem final da partida.

 

Mas o que salta aos olhos foi ter Franca tentado mais bolas longas do que seu tradicional e eficiente jogo de penetrações, emulando um duelo que lhe era contrário, vendo seu adversário com lucidez, controlar sua pequena vantagem, vencendo um jogo importante para sua classificação.

 

Por último, pudemos hoje assistir uma tentativa bastante válida, por parte do Paulistano, de jogo interno com os três homens altos se movimentando bastante dentro do perímetro, alimentados por dois armadores de boa técnica e bons arremessos, pena que utilizado por breves minutos, por força de um sistema onde chifres, polegares, camisas e cabeças se impõem por força de um controle imposto de fora para dentro da quadra, por um técnico absolutista em seu modo de comandar, privando seus bons jogadores de criarem novas situações de jogo, improvisando movimentos e ações decorrentes de uma presente leitura de jogo, que transcende em muito esquemas pré estabelecidos, e que exigem muito treinamento específico, sobre situações reais de jogo, estabelecidas e recriadas na pratica constante e detalhada do mesmo.

 

Quanto a declaração do jogador francano, a compreensão óbvia dispensa maiores comentários, a não ser um único, o de que na NBA é muito pouco para servir de parâmetro para uma improvável e pretensiosa aprovação.

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 



2 comentários

  1. Rodolpho 05.05.2014

    Professor, por que será que todos os técnicos gastam 100% do tempo desenhando jogadas ofensivas e não dizem uma palavra sobre defesa? O máximo que ouço é pedindo pra mudar de zona pra individual ou vice-versa, quando, em via de regra, pedem o tempo justamente quando levam vários pontos seguidos por falhas defensivas.

    Estou, é claro, ignorando o tempo que perdem com palavrões e gritos de “vamos lá”.

    Um abraço!

  2. Basquete Brasil 05.05.2014

    Porque em sua maioria não são técnicos (professores, nem pensar…), e sim “estrategistas”,que não admitem perder tempo com coisas menores, defesa, por exemplo. Mas os merecemos sem dúvida, pois quem têm padrinho não morre pagão, e vamo lá…
    Um abraço Rodolpho. Paulo Murilo.

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