CENAS DE UM CENÁRIO REPETIDO…

 

CENA 1 –  Ligo a TV para o início do NBB9, jogo de graúdos em  Bauru, com o time da casa recebendo o campeão da liga, o temível Flamengo…

Bola ao alto, e de saída os primeiros oito arremessos são de 3, mas a primeira cesta foi de 2. Prevendo mais uma chata avalanche de bolinhas, pois institucionalizada, troquei de programa e fui assistir algo menos previsível…

Retornei mais tarde ao final de uma segunda prorrogação e fui direto para o levantamento estatístico, e não deu outra, estava lá bem grafado, 18/66 bolinhas de 3 ( 12/37 para Bauru, 6/29 para o Flamengo), onde os especialistas detonaram sua arte mais midiática do que técnica, com 2/10 do Marcelo, 1/7 do Marcos, 3/10 do Alex e 1/8 do Meindl, num jogo vencido a duras penas pelos 12/18 do J. Batista nos sempre relegados 2 pontos (num total de 26/56 de sua equipe), e nos 30/35 Lances livres de apenas 1 ponto cada (com Bauru perpetrando 17/28 nos mesmos), numa partida que perdeu por 3 pontos…

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É duro, duríssimo constatar que o cenário continua inalterado, congelado, estratificado, onde 31 erros de fundamentos são cometidos, parecendo nulas as pré temporadas que fazem para acentuar a mesmice em que vivem, com as pranchetas cada vez mais presentes, asfixiantes, exalando as percepções equivocadas de seus postulantes, a cada temporada mais grudados e confidentes com seus inermes e limitados alter egos…

Eis que recebo um telefonema de um amigo de longa data, que me confidencia – Paulo, aconteceu neste jogo aquilo que você denomina como o “sonho dourado” dos estrategistas, outorgando-os com um tempo para cada ataque a ser realizado , pois as quatro e decisivas ações ao final do tempo regulamentar foram antecedidos de pedidos de tempo, como que monitorando genericamente o comportamento presente no campo de jogo, fator que considero o mais nocivo para o desenvolvimento adulto e pensante dos jogadores (e não marionetes descerebrados), cuja ausência de raciocínio, acuidade mental e física nos momentos de decisão, nos tem cobrado amargamente quando em seleções nacionais…

Claro, claríssimo, que para o grande público “sobram emoções”, mas que nada somam às nossas reais e técnicas necessidades nas grandes competições internacionais (acredito mesmo que essa turma não está nem aí para isso, voltados que estão para seus dotes mágicos de estrategistas, e para seus currículos…), onde nosso previsibilíssimo jogo, se choca com a dura realidade da mais ausente e ansiada criatividade, produto de ações espontâneas e treinadas, jamais tuteladas de fora do campo de luta, através aqueles que se consideram os donos do grande jogo, sem jogá-lo…

Mas Paulo, a maioria, ou quase a totalidade deles jogou, muitos, inclusive saindo direto da condição de jogador para a de estrategista, ou não?…

Sim, é verdade, e o mais insólito é que o fizeram no âmago do sistema único, mantendo-o como a suprema verdade (certamente a única que conhecem) que nos tem esmagado irremediavelmente, e até agora, sem previsível reversão, o que é trágico…

CENA 2 – Ao início da nona temporada da LNB, com seu já bem estabelecido NBB, agora supervisionado por uma NBA cada vez mais inclusa no mercado tupiniquim, subvencionando parte dele no aspecto comercial e de marketing, indicando um caminho que  conhece e domina em seu país de origem, bem diferente da realidade que nos toca, sem a estrutura de base escolar e universitária que os tornam estáveis às oscilações estruturais e econômicas que nos afligem desde sempre, e que deixa num segundo plano outra de nossas maiores deficiências, talvez a maior de todas, a técnica do grande jogo aqui praticado. Ao adotarmos fiel e cegamente o sistema único, originado na grande liga, formatando e padronizando-o, trilhamos um caminho até agora sem volta, monocórdio, instalando e fixando a mesmice endêmica, que só nos faz retroceder ano após ano, década após década, lamentavelmente…

Fica bem claro que dificilmente sairemos desse estágio técnico em que nos encontramos, pois torna-se evidente a força cada vez maior do corporativismo que une a todos, dirigentes, agentes, técnicos,  jogadores, e grande parte da mídia, interessados em manter os espaços conseguidos, numa rasgação de seda disseminada e aceita por todos, engalanando e incensando a mediocridade técnica vigente, envolvendo emocionalmente jogos abaixo da crítica mais benevolente, achando que dessa forma promove e desenvolve o grande jogo entre nós, cometendo o equívoco mais letal, o de omitir sua vulnerabilidade técnica, tática, e acima de tudo, estratégica…

CENA 3 – Me preocupa sobremaneira o processo de estagnação que se instalou técnica e taticamente no nosso basquetebol, fator este desestimulante aos que torcem e assistiam os jogos em busca de jogadas e jogadores de qualidade, uma raridade hoje em dia, com o basquete pasteurizado e medíocre que acontece repetidamente em nossas quadras.

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Agora mesmo, no sul americano de clubes, a equipe do Paulistano perpetrou um dantesco 15/40 nos arremessos de três, e somente 11/27 de dois pontos, deixando bastante clara a opção de seu técnico, digo, estrategista, pelos arremessos de fora, e inclusive, num de seus tempos, arguiu fortemente seus jogadores, mencionando estarem os mesmos com “cagaço” (desculpem…) de arremessar, passando a bola para companheiros marcados, que assim mesmo arremessaram, numa oportuna postura de colocar nas mãos dos jogadores a responsabilidade decisória, algo discutível, pelos 40 arremessos de três, somente possíveis com sua particular anuência, deixando esplícita a incapacidade de sua equipe de decidir “lá dentro”, haja vista as 20 conclusões nesta estratégica área, onde seu vencedor adversário concluiu 34…

CENA FINAL – Decididamente, nada deixa prever que acontecerão mudanças técnico táticas neste MBB9, e os primeiros jogos confirmam essa tendência, repetida, aliás, desde sempre, desde a fundação da LNB. O resultado imediato dessa trágica realidade é o da continuidade corporativista existente, onde a forma atual de jogarmos o grande jogo se tornará praticamente definitiva daqui para diante, sem que qualquer corrente contraditória tenha a oportunidade de se antepor a essa catástrofe, onde a “filosofia” dos arremessos de três, das enterradas “monstros”, e do reinado das midiáticas pranchetas, arautos do vazio técnico tático que nos esclui da criatividade, do improviso responsável, do coletivismo decorrente da simbiose entre técnico e jogadores, aspecto estratégico definidor dos grandes objetivos inerentes a modalidade, da base a elite, na qual a exigência de qualificação superior se torna fundamental, e cuja minimização alimenta o arrivismo e a expansão dos provisionamentos ditos “legais”…     .

Sinceramente, não é a melhor das perspectivas que nos aguardam…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas e nas subsequentes para ampliá-las.

POR QUE NÃO POSSO TRABALHAR, POR QUE?…

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“Como posso contestar os árbitros se vocês não batem pra dentro provocando faltas, como?”

Eis o questionamento de um dos novos técnicos num pedido de tempo em recente jogo de campeonato estadual, a jogadores surpresos com a orientação do mais alto valor técnico e tático implícita na mesma, porém emanada com a “seriedade” de quem, absolutamente, sequer desconfia o que está ali fazendo na direção de uma equipe, da pseuda elite…

Pseuda porque recheada de “nominados” que trocam de camisa a cada ano, patrocinados por agentes e dirigentes “experts” nas entrelinhas do grande jogo, formando “equipes” ensacadas em uma camisa de peso (?), para serem magnanimamente entregues a técnicos, digo, estrategistas, que nada mais farão do que manter um sistema de jogo único, padronizado e formatado, facilitador do entrosamento inter pares, ainda muito mais se consubstanciado com classificações institucionais, como em matérias do site da LNB, nomeando os nove melhores de cada posição no país, divididos em armadores, alas armadores, alas, alas pivôs e pivôs, posicionamentos que embasam e sedimentam o sistema único implantado coercitivamente entre nós, em todas as categorias e divisões, desde a iniciação de base, o qual, com sua pobreza e a mais absoluta ausência de criatividade, a não ser por premiar perolas pinçadas eventualmente, como o questionamento que abriu este artigo, como que referendando a mesmice institucionalizada que se abateu tragicamente sobre nosso infeliz basquetebol…

Em continuidade, o festival de pranchetas, midiáticas, estrelas, mas sujeitas a algumas inovações, como a mais recente, a “introspectiva prancheta”, aquele  momento em que um dos mais notórios estrategistas se posta em silêncio, olhos pregados em sua superfície, vagarosamente rabiscando  linhas, num solene mutismo aos que o cercam, mudos também, até o momento em que o tempo pedido se esgota, e algo é dito aleatoriamente- vamos fazer a 2…

Mudar algo para quê, e porquê, se está tudo bem, dentro do que planejaram para nós, sombreados e tutelados pela matriz, que agora invade nossas TVs com temporada completa, lojas e sites de vendas, programas de entrevistas, e um punhado de especialistas na arte de comentar e divulgar uma irrealidade para nossos padrões sociais, econômicos, educacionais e culturais, enfim, numa entrega abjeta e colonizada. Claro, que alguns mais esclarecidos teimam em se contrapor a tanta interesseira e grotesca bajulação, como um comentário, infelizmente anônimo, que pincei em um dos blogs especializados, quando o assunto era o que deveríamos esperar dos brasileiros nessa temporada que se inicia:

(…)Não devemos esperar nada deles, pois são meros coadjuvantes que a NBA contrata só para divulgar a marca aqui no Brasil. É a maneira mais barata e eficiente que eles encontraram de alavancar a audiência. Alguém acha que os americanos iriam contratar brasileiros?? Seria a mesma coisa que contratar um jogador americano para ser centro-avante de um time da nossa série A. Será que ninguém percebe isso.(…)

E o mais emblemático e constrangedor é ver a transmissão de um jogo decisivo nosso, ao lado de um outro de início de temporada acima do hemisfério, com seu brutal confronto de realidades, públicos, poder e indiscutivelmente, hegemonia, como que dizendo (ou impondo) a nossos jovens qual o caminho a ser trilhado, lamentável e criminosamente falando…

Assisto a tudo isso conjugando um sentimento de pena, com outro de indignação, somados a um derradeiro, a tênue, porém real esperança de que algo ainda poderá ser feito pelo grande jogo entre nós, lamentando, no entanto, não me ser permitido ajudar nessa quase improvável possibilidade, pois afastado sem maiores e convincentes explicações após a curta permanência de onze jogos no NBB2, dirigindo o Saldanha da Gama do Espirito Santo. Por que o fizeram meus deuses, quais explicações, ponderações, avaliações, quais? Idade? Conhecimento? Experiência? Liderança? Comando? Quais? Quem sabe, contestação aberta e direta ao status quo vigente, à mesmice desenfreada que ainda impera, ou o temor infundado frente a mudanças técnico táticas ali sugeridas, será? Creio que sim, pois a utilização à larga da dupla armação e a preferência pelos pivôs ágeis e rápidos se impuseram, e aí estão implantados e aceitos, como resultante da intensa e incansável campanha iniciada por esse humilde blog desde sempre, porém, com uma decisiva e esclarecedora nuance, a de que provei com larga margem de resultados ser possível jogar o grande jogo fora do sistema único, quando naquela competição fiz a equipe atuar com dois armadores e três alas pivôs, tanto contra defesas individuais, como zonais, sem mudanças táticas, tendência que ora se espraia pelo mundo do basquetebol, inclusive na NBA…

Críticas, críticos, imprensa, blogs, entusiastas do grande jogo elogiaram muito aquele trabalho (alguns, inclusive, me colocando como o técnico do ano) de 49 dias em Vitória, que fiz questão de dividir com todos através artigos e vídeos no blog, contando e expondo cronologicamente o corajoso, sacrificado, e inovador trabalho ali realizado. O prêmio? A exclusão sumária, surpreendentemente antevista num congresso de treinadores do NBB após sua segunda temporada num hotel fazenda em Campinas, onde dois fatos foram pontuais e precisos. O primeiro quando um dirigente da LNB me sugeriu sutilmente acabar com o Basquete Brasil, como uma providência necessária de continuidade na direção de equipes da liga. O outro, mais esclarecedor ainda, quando no jantar do último dia o técnico Guerrinha se dirigiu a todos ali presentes dizendo – Tomem muito cuidado, pois se esse cara com uma equipe inferior (opinião dele, não minha…) e no pouco tempo que teve fez o que fez com equipes mais poderosas, imaginem o que fará em uma temporada completa? Proféticas palavras, pois o que se viu dali para diante foi o meu afastamento radical e proposital das quadras, impedindo o exercício profissional a que tenho direito, pela formação acadêmica, estudo, pesquisa e experiência de mais de cinquenta anos, impedindo ganhos salariais fundamentais na complementação de minha aposentadoria universitária,  necessários ao pagamento de dívidas bancárias assumidas oito anos atrás na luta de preservação da minha casa. Aguentei o violento tranco, e o Basquete Brasil ai está no seu décimo segundo ano de luta e perseverança, mantendo sua inquestionável e democrática  independência… 

Porém, muito além da brutal covardia a que fui submetido, maior ainda a perda de uma inusitada e corajosa tentativa de mudar o cenário monocórdio que asfixia progressiva e inexoravelmente o grande jogo em nosso imenso e injusto país, onde os incompetentes continuam no poder desportivo e educacional, onde o objetivo maior é dar continuidade ao progressivo domínio exógeno de insumos tecnológicos, técnicos, táticos, sociais, educacionais, culturais, que não nos dizem respeito, mas que auferem vultosos lucros a seus “cargos de sacrifício”…

No mês que vem farei 77 anos (no NBB2 tinha 70), logo, fora das quadras elitizadas a seis longos anos, porém, mais atual do que nunca, pois desde aquela época, nada, ou muito pouco, evoluiu técnica e taticamente por aqui, muito ao contrário, involuímos para algo impensável a quem ama o grande jogo, ou seja, briga-se num ginásio com torcida única, e briga-se sem torcida nenhuma, numa demonstração tácita de que na ausência de público que possa ser manipulado e jogado contra arbitragens brigam os estrategistas entre eles mesmos, numa atitude que professores e técnicos da minha geração (hoje são poucos, infelizmente, mas aí estão…) não o fariam, pois bem formados e alinhados com o progresso do grande jogo (como sempre estiveram), e não com o exacerbado corporativismo que aí está, atrasado, mafioso, granítico e inamovível…

Gostaria de trabalhar por mais dois anos, com temporadas completas, tendo a possibilidade de dar seguimento ao que iniciei a mais de 50 anos atrás em todas as categorias e divisões no país, e que de certa forma formalizei no Saldanha no NBB2, sendo interrompido num trabalho que, sem dúvida alguma, teria ajudado em muito o nosso basquetebol a evoluir de encontro a um caminho perdido para a mediocridade e pusilanimidade de muitos que aí estão, onde as poucas exceções não encontram apoio e incentivos à luta maior, o soerguimento do grande jogo no país…

E ao final de tudo, uma pergunta se impõe: Paulo, você realmente acredita ser possível na sua idade, num país que tanto maltrata seus idosos encarar tal desafio? Olha, desde que me aposentei na UFRJ, dedico as mesmas oito horas de trabalho diário ao blog, ao estudo, a pesquisa, ao livro, ajudo no que sou solicitado pelos filhos adultos, trabalho nas intermináveis obras da casa, e acima de tudo, tento assistir o máximo de jogos de basquetebol que possa aguentar, e muitas vezes, muitas mesmo, desligo ou troco de canal, pois assistir e escutar (escutar então, é de matar…) a mesma coisa repetidamente cansa, e como…Mas lá no fundo ainda me vejo na quadra, dando treinos, treinos, muitos treinos, ensinando, corrigindo, incentivando, e eventualmente ajudando jogadores nos jogos, que nada mais são do que o mais puro reflexo do treino, do exaustivo e sacrificado treino, onde as dúvidas e os medos são aplainados da melhor forma possível, onde a influência técnica do professor é profundamente exigida, discutida, conversada, pesquisada, e trabalhada a mais não poder, para que no fragor das importantes partidas sejam os jogadores os donos reais das ações, dos sistemas, das jogadas, das improvisações, da criatividade, enfim, do  espetáculo, onde um ou outro pedido de tempo se faça somente necessário no intuito de esclarecer e dirimir uma dúvida, e nada mais do que ficou estabelecido no treino. Contestar arbitragens, jamais, fora ou dentro da quadra, assim como exibicionismos coreográficos movidos pela síndrome da luz vermelha (aquela luzinha que se acende numa câmera em função), na ridícula intenção de mostrar “trabalho e dedicação”, e em tudo por tudo, jamais nomear uma prancheta como biombo obliterador da relação óculo manual entre técnico/jogadores, fator básico e primordial ao sentido coletivista de qualquer equipe que se considere séria e competitiva. Finalmente, me preparar para conter a preocupação dos filhos, a quem, de dedos cruzados atrás do corpo, prometi me dedicar a outros menos traumáticos interesses, promessa que quebraria na maior das satisfações, querendo eles ou não, que não têm exclusividade do meu amor, pois o grande jogo veio algumas décadas antes deles…

Mas engraçado mesmo foi ler um dos parágrafos de um artigo do Fabio Balassiano no seu Bala na Cesta de hoje – (…)Não posso terminar esse texto sem citar Jorge Guerra, o Guerrinha. Técnico de personalidade forte e bastante carismático, ele foi demitido de maneira bizarra antes do NBB passado por Bauru, ficou um ano estudando, tentando montar projetos, vendo a modalidade de longe. Era um desperdício para o basquete brasileiro tê-lo de fora por tanto tempo, mas sempre há um motivo para as coisas acontecerem, né?(…)

Amém.

Foto – Autoral. Última conversa com a equipe do Saldanha, ao término de sua participação no NBB2 em Londrina. Clique nesta e na subsequente imagem para vê-la ampliada.

A RESPONSABILIDADE DO COMANDO…

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(…)”Ser treinador é o meu sonho, vivo isso há apenas dois anos e sei que preciso mudar para continuar evoluindo”.

( trecho final da matéria do Fabio Balassiano no Bala na Cesta)

 Um ditado popular nordestino bem diz –  “quem faz um cesto faz um cento”, e o nosso candidato a treinador não fugiu ao mote popular, coerentemente…

Muito antes de evoluir, precisa aprender, estudar, pesquisar e praticar muito na base da pirâmide, na formação, onde os princípios fundamentais do grande jogo são sedimentados, principalmente para aqueles que afirmam o desejo de ser treinador…

Queimar, saltar essa básica etapa é se condenar a ser exatamente o que sonha, ser treinador, jamais professor, técnico, líder de verdade de uma equipe de alta competição, onde o “eu quero”que façam isso, o “eu quero” que façam aquilo, seja substituído pelo pleno conhecimento dos sistemas através a arte do treino, onde suas etapas são conveniente e profissionalmente treinadas, e ensinadas desde sempre, e não impostas unilateralmente numa midiática prancheta, antítese do que aprenderia junto a longa e laboriosa jornada na formação de base…

E lá chegando, é certo que os adquiridos comportamentos sócio desportivos educacionais não darão oportunidades a rompantes até agora exteriorizados, dando com sobras razão ao mote popular…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

Vídeo – You Tube.

 

A FLUIDEZ CONCEITUAL…

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(…)- Ele é um dos técnicos que mais me ajudaram na carreira. Ele me deu liberdade, que era o que eu precisava. Temos uma ótima relação, uma ótima conexão, e fico muito feliz por ter a chance de trabalhar com ele. Ele tem esse sucesso porque é louco. Ele acredita em coisas que ninguém mais vai acreditar. Ele é um motivador incrível. Em seus olhos, você pode ver essa força que o incentiva a cada segundo. Ele dá uma energia incrível. Ele não falou nada (sobre a importância de se chegar a uma final olímpica). Talvez não quisesse colocar muita pressão em nós. Mas você pôde ver em quadra que ele planejou o jogo de forma perfeita. O jeito que jogamos é responsabilidade dele. E ele preparou o time de forma ótima.(…)

( Trecho de uma entrevista dada ao Globoesporte em 20/8/16)

Lendo o depoimento do Teodosic acima, sobre o seu técnico Sacha Djordjevic na seleção da Servia, podemos entender com clareza os porquês da esplêndida fluidez que marca uma equipe que se destaca junto a da Croácia pela ininterrupta movimentação ofensiva, acompanhada de uma forte e combativa defesa, dotando as duas de sistemas de jogo sem similares na competição, exceto pela equipe americana, com seu jogo extremamente atlético e dominadora dos fundamentos básicos do grande jogo…

Os balcânicos também dominam com maestria os fundamentos individuais, e mais ainda os coletivos, dotando-os do instrumental necessário a implantação de sistemas de jogo, onde a movimentação contínua de todos os jogadores se torna fluente, exatamente pela naturalidade e firmeza com que manuseiam a bola, em qualquer situação tática que se apresente no transcorrer de uma partida, seja qual for o adversário, pois sempre terá sob controle uma movimentação consciente e espontânea de todos os jogadores em quadra, numa fluidez técnica admirável, fruto de uma coerente preparação de base…

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Enquanto essas mudanças ocorrem em muitos países, ainda teimamos nos “espaçamentos” ofensivos, estratagema utilizado exatamente por aqueles que falham nos fundamentos, quando precisam de muito espaço para tentarem efetuar dribles e fintas em movimento, incapazes que são de os conseguirem em espaços diminutos, onde a técnica se impõe, e nos quais os arremessos mais seguros, pela proximidade com a cesta, são alcançados, dai a preferência pelas longas tentativas, altamente imprecisas quando efetuadas por não especialistas ,e mais ainda quando contestadas fora do perímetro…

No entanto, a fluidez contínua exige uma alta interação tempo/espaço, onde deslocamentos com e sem a bola atingem limites críticos de coordenação e precisão, que são fatores diretamente proporcionais ao maior ou menor domínio que tenham sobre os fundamentos do jogo, e de como são ensinados e treinados a executá-los, e sem os quais a fluidez inexistirá por conceito implícito, gerando um outro de maior e decisiva amplitude, o da fundamentação básica, introduzida nas divisões formativas, nos mais jovens, como o instrumental de seu trabalho e evolução no grande jogo…

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Agora mesmo a equipe sérvia acaba de ser severamente derrotada pelos americanos na final olímpica, exatamente por ter abdicado de seu jogo controlado, paciente e fluido após um primeiro quarto onde o utilizou, equilibrando a partida. Tentando duelar nos longos arremessos (foram 4/24 contra 10/31 dos americanos), estranhamente deu a seu adversário o acesso direto a duas de suas maiores armas, o domínio dos rebotes ante os falhados longos arremessos, e os contra ataques mortais, convertidos impiedosamente dali para frente. Mesmo assim, não devemos e nem podemos conceituar mal sua forma de atuar, que para o mundo Fiba tem sido exemplar, haja vista sua colocação no âmbito das grandes competições internacionais em que tem participado. Croácia, Espanha e Austrália seguem seu exemplo de uma forma de atuar, onde a permanente dupla armação, e a utilização de três homens altos, atléticos, ágeis e velozes, muito tem feito pela evolução técnico tática do grande jogo, fator que se fez presente em nosso basquete no NBB2, prontamente banido em favor da mesmice endêmica que nos sufoca desde sempre Os americanos, num outro e superior patamar, se beneficiam de uma estrutura exemplar de formação de base em suas escolas, colégios e universidades, alimentando continuamente suas equipes de alto nível no âmbito profissional, de uma maneira única e exclusiva…

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Num outro extremo, nossa  seleção travou exatamente na fluidez, com seu basquete tatibitate, praticado em arranques pontuais, jamais no coletivismo que vem sendo apregoado a cinco anos por uma comissão técnica que, de forma alguma, pode dar continuidade a um projeto falho em todos seus aspectos, do convocatório eivado de equívocos, ao técnico tático, ausente nas correções dos fundamentos (sim,selecionáveis também devem se exercitar profundamente neles, principalmente na elite…), fator básico para a consecução de qualquer sistema de jogo planejado para ela, e que no caso de dissolução, deve atingir a sua totalidade (mesmo!!!), pois em caso de uma passagem de bastão do hermano para um de seus assistentes (ou todos), ficará caracterizada a continuidade do que ai está, escancarada a todos, e mais, se acontecerem “mudanças” no percurso técnico tático por parte do(s) escolhido(s), ficará provada que a comissão não era tão uníssona como se autodefinia, aguardando somente o momento propício para efetuarem o notório tapetebol.*  Num projeto sério e comprometido, iniciam todos, vencem todos ou caem todos, pois irmanados pelo projeto comum, fator indissociável na vitoria e na derrota.

Precisamos realmente mudar esse cenário de uma mesmice aterradora, obtusa, doentiamente repetida, suicida…

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E como tudo tem um começo, que tal voltarmos a envergar a gloriosa e histórica camiseta listrada de verde e amarelo, nossa marca vitoriosa, pois se os argentinos podem numa olimpíada usar a sua listrada azul e branca, por que não podemos, por que? Pelo menos ela jamais foi desrespeitada, abjurada, negada, e sim glorificada pelos verdadeiros campeões, mantendo a mística do mérito e do merecimento para vestí-la, como deveria ocorrer desde sempre…

Mas só a camisa, Paulo?

Bem, tudo do que é errado no basquetebol brasileiro já comentei à exaustão aqui nesse humilde blog, principalmente nas abordagens na formação de base, quando os formandos das escolas de educação física cursam hoje um semestre de cada modalidade esportiva, quando até os anos setenta cursavam quatro, agora substituídas pelas disciplinas biomédicas, influenciados pela ascendência dos centros de ciências da saúde nesses cursos, em vez dos centros de preparação de professores, que foi uma política naquela década implantada visando a fortíssima e bilionária industria do corpo de hoje…

Com professores e técnicos assim preparados, fica comprometida a formação de base desportiva, inclusive na escola, e que muitas vezes são substituídos por ex atletas e jogadores sem o preparo didático pedagógico mínimo exigido, na tarefa especializada de ensinar jovens desportistas. Sem especialistas bem treinados, nada é possível fazer nas divisões de base, e que no caso do basquetebol, muito se esperava da ENTB, que infelizmente se fundamentou nos conceitos técnicos vigentes, negando o novo, o contraditório, no que seria uma verdadeira escola onde a criatividade e o desafio forjaria técnicos e técnicas realmente inovadoras, corajosas, ousadas, proprietárias…

Comando central da modalidade? Não creio que possa ocorrer com brevidade, a não ser que 14 federações resolvam aderir a algo que possa , realmente, mudar um cenário a que todas (ou quase) se acostumaram, nas benfeitorias e escambos, não arriscando uma posição política corporativamente conquistada, logo…

Com a mesmice cronica estabelecida, e fortemente defendida por um corporativismo retrogrado e imune a “novidades”, pouco, ou quase nada podemos esperar acontecer no âmago de uma modalidade que, para alguns, tem de se manter onde está, não oferecendo perigo de voltar a ser a segunda opção desportiva do brasileiro, cujo amor pelo grande jogo vem sendo orientado, canalizado comercial e economicamente para a liga maior, aquela que joga outro jogo, um tanto parecido com o que se pratica no resto do mundo, ao qual estamos sendo tragados, sugados, tendo como ponto central o ganho financeiro, num universo promissor de mais de 200 milhões de habitantes, com as maiores reservas mundiais de petróleo e água, as duas riquezas que pautarão as disputas sócio políticas deste século, amalgamadas pela força incontrolável da informação, onde o domínio, a influência cultural e desportiva tentarão amaciar seus projetos de conquistas no seio de nossa  juventude, órfã de políticas educacionais absolutamente necessárias a manutenção de sua independência como nação…

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É duro constatar em entrevistas televisivas, que a turma do volei de quadra que comanda o esporte de alto nível no país, teima a não mais poder pela segunda preferência junto a população tupiniquim, mesmo sendo desmentida por matérias na imprensa, como no O Globo de hoje (vide reprodução anexa), onde sequer ocupa uma das cinco primeiras colocações na pesquisa, coerente na liderança do futebol, do handebol, desporto colegial por excelência teimosamente existente, até mesmo na forma da “queimada”, da tradição do lazer praieiro das redes de volei, do histórico basquete, o concorrente a ser afastado a qualquer custo, que foi surrupiado politicamente do patrocínio do Banco do Brasil, sem o qual não teria atingido o nível atual que ostenta, mesmo sem investimentos na formação massiva de base, e da ginástica, o patinho feio e abandonado da escola pública, em benefício da industria do corpo milionariamente inserida nas holdings de academias espalhadas pelo país, para as quais não interessa a perda da clientela jovem, se atendidas pela ed.física escolar, tendo o suporte “regulador” dos confef’s e cref’s da vida…

Enfim, abre-se, por mais um ciclo, os tortuosos caminhos para uma modalidade impar em sua complexidade, profunda e das mais inteligentes, e por isso mesmo criativa e libertadora de mentes e personalidades, quase única na formulação consciente de lideres, que por conta desses atributos sempre sofrerá o combate direto, e nem sempre pautado pela lisura e a ética, para seu controle, e se possível submissão, mas que em pequenas ilhas de excelência sempre se manterá vivo o derradeiro sentimento da indignação, grito primal dos quem tem algo a dizer e somar, e não somente tomar e postergar, e mesmo evitar a constitucional obrigação de educar competentemente a nossa juventude.

Que os piedosos deuses nos ajudem…

Amém

(*) Tapetebol, a arte de puxar o tapete dos pés dos inimigos, e dos amigos também…

Fotos – Autorais e reproduções da TV e da mídia impressa. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

EU (NÃO) ACREDITO…

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(…)- Eu acho que nesta partida foram duas equipes, dois rivais e duas gerações que deram o sangue e deram o seu melhor ali, mas teve só um ganhador. Planejamos o sistema tático, mas não contávamos com a performance e o grande que o Nocioni e o Campazzo tiveram. Conhecendo essa equipe e esses jogadores (da Argentina), nós deveríamos ter nos preparado da forma devida – comentou o veterano de 33 anos, citando o ala, cestinha do jogo, com 37 pontos, e o armador, que assinalou 33.(…)

(Declaração do jogador Nenê ao Globoesporte)

Quer dizer que o mais eficiente jogador da seleção afirma não ter a equipe se preparado de forma devida para esse embate, foi isso mesmo? Se foi, qual deveria ter sido a preparação devida, qual? Seria interessante que ele explicasse, ou não?…

Do meu humilde canto, nada de diferente do que relatei no artigo de ontem, acrescentando algumas minúcias contundentes, começando pelo fato do nosso eterno rival ter arremessado 17/42 de três pontos, e 19/37 de dois, numa inimaginável convergência às avessas histórica, em cima de uma defesa exterior absolutamente ausente e omissa, permitindo vergonhosamente que os hermanos detonassem 42 bolas de três, repito incrédulo, 42!!! sem a mais remota contestação, e claro, sob tal bombardeio 17 caíram, e fim…

Do nosso lado, concluímos 29/57 de dois pontos, ou seja, fomos razoavelmente eficientes dentro da cozinha portenha (de onde não deveríamos ter saído), somados aos 9/26 de três pontos, que deveriam ter sido substituídos, pelo menos na metade pelo jogo interno, mais seguro e impactante, auferindo pontos suficientes para vencer a partida, provavelmente no tempo regulamentar, mesmo com os 12 lances livres perdidos…

Mas como refrear um Marcos (0/6), Raul (0/4), para mencionar dois que perpetraram 0/10 de três num jogo desse calibre, em confronto a um Nocioni e um Campazzo, atuando livres e faturando 38 e 33 pontos respectivamente, como?…

Que tal defendendo com alguma competência, no que teria sido uma obrigatória ação tática, ou não?…

Num jogo com 34 erros de fundamentos (15/19), erramos menos, mas que comparados a ausência de contestação sobre as terríveis 42 bolinhas platinas, soam em um tom menor, apesar do teor negativo dos mesmos…

Enfim, defensivamente erramos quase tudo, demonstrando nossa falência nesse básico fundamento, fator que anulou, e sempre anulará todo e qualquer esforço ofensivo que façamos, ainda se somados aos erros individuais de fundamentos de ataque…

Enfim, precisamos entender de uma vez por todas que, propugnar por sistemas de jogo, coletivismo, fluidez, jogadas milagrosas, pranchetas mágicas, e outros penduricalhos midiáticos, jamais substituirão os fundamentos do grande jogo, que delimitam sua estrutura básica, e cujo conhecimento e domínio exequibilizam sistemas e estratégias que se pretenda empregar, e por não termos solidamente estabelecidos tais conhecimentos, é que perdemos para os que os tem, profundamente desenvolvidos.

No mais, decididamente já não acredito que mudanças possam vir a ocorrer, pois nem mesmo os deuses olímpicos acreditam e compactuam com tanta enganação…

Amém.

Fotos – Reproduções ta TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

SOMOS MERECEDORES?…

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Êita grande jogo, maximizado por uns, minimizado por outros, entre os quais podemos nos incluir sem margem a enganos, erros, estes incidindo decisivamente em nossa indigitada, mal convocada, e equivocadamente treinada e escalada seleção…

Por que afirmo tudo isso, por que? Bem, vencem jogos aqueles que erram menos, é um conceito universal, seja a modalidade esportiva que for. No entanto, nada justifica o erro, os erros anunciados, por conhecidos, enraizados, escancarados à vista de todos, principalmente àqueles que privam na intimidade sutil, ou não, dos fundamentos do jogo…

Fundamentos, principio que rege as estruturas do grande jogo, sejam as individuais como as coletivas, sem os quais nenhum sistema de jogo se torna exequível, mesmo que os mesmos sejam comuns a maioria das equipes, definindo os melhores, os vencedores, exatamente pela similitude dos mesmos…

É onde falhamos, erramos teimosamente, ao instituirmos a falácia de que jogadores adultos, selecionáveis, medalhados, não necessitam se exercitar, ai sim, prezados analistas, “exaustivamente” na prática diária e sistematicamente dos mesmos, mergulhando fundo para o domínio do instrumental “básico e fundamental” para exercer sua profissão, pois antes de serem jogadores, são profissionais, onde o pleno domínio da bola e de seu corpo define os melhores…

Falhamos tática e repetidamente por isso, ano após ano, sem que nada seja feito para dirimir os nefastos defeitos que nos derrotam no alto nível, o que reflete estruturalmente na formação de base, que deveria se espelhar em exemplos mais concretos e educativos da turma de cima, condição exigida para sua evolução, para a evolução do grande jogo entre nós…

Foi o diferencial que influiu, e vem influenciando nessa magna competição, na qual temos visto e testemunhado a definitiva igualdade na habilidade e domínio dos fundamentos entre todos os jogadores, altos, médios e baixos, armadores, alas e pivôs, sendo esses os que mais evoluíram, conquistando sua alforria das amarras impostas por décadas aos “cincões, pivozões”, incluindo-os definitivamente no almejado e duramente perseguido coletivismo, onde a fluidez somente se faz presente com sua efetiva participação e inclusão tática…

Nesse ponto faz-se presente a formidável indagação que tanto nos prejudica – Onde, quando e como perdemos jogos decisivos?…

Convocando politicamente quem não merece, treinando sistemas que dependem do domínio técnico individual de cada jogador da equipe, e não de uns poucos, e o mais enfático, escalando aqueles que, sabidamente, erram repetidamente, ao enfrentarem adversários que independem dessas decisivas limitações…

E sob este cenário é que fracassamos, onde a teimosa autofágia dos arremessos arrivistas de três impõe uma estética suicida, onde pivosões abdicam de seu poder reboteador e intimidador para vir duelar fora do perímetro nas bolinhas que, competentemente contestadas, não podem cair, e até mesmo não o sendo, não caem também, por não serem os especialistas que pensam contritamente ser, e o pior, incentivados por aqueles que deveriam prezar o bom senso em sua orientação técnica…

Nossos adversários, altos, ágeis, rápidos e flexíveis, independendo de seu posicionamento e função dentro da quadra, nos vencem por tudo ai em cima explanado, pois são senhores dos fundamentos do jogo, dotando-os do pleno domínio de seu instrumental básico de trabalho, os fundamentos individuais e coletivos, teimosa e criminosamente esquecidos, omitidos por aqueles que consideram a prancheta e suas midiáticas derivações como o objetivo final de suas intervenções, e por tudo isso é que perdemos, e continuaremos a perder, até o momento que mudem suas colonizadas percepções do grande jogo, pequenino para eles, lastimavelmente…

Mudarão para daqui a alguns minutos (são 13:42hs agora desse sábado decisivo), ou continuarão sua saga de submeterem essa mal treinada, convocada e escalada equipe a mais um vexame? Espero e torço para que não, e que os deuses iluminados pelo glorioso sol desse sábado, nos ofereça uma derradeira chance, imerecida, ou não…

Amém.

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A REALÍSTICA IMPORTÂNCIA DO JOGO INTERNO…

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(…) Todo jogador, quando sonha, pensa se vai decidir uma partida num lance livre ou numa bola de três. Hoje (ontem), foi meu grande momento, e que não faz parte do meu jogo. Eu não sou um cara com muitos pontos de rebote, tanto defensiva quanto ofensivamente, mas aproveitei – disse (…)

Relato do jogador Marquinhos ao jornal O Globo de hoje (10/8/16) sobre sua cesta de tapinha na vitoria sobre a Espanha no torneio olímpico.

Mas deveria fazer obrigatoriamente parte, por sua velocidade, estatura e envergadura, quando jogar próximo a cesta com maior frequência o tornaria um jogador muito mais eficiente do que é, bastando aprimorar seu drible de esquerda e fintas sem a bola, como no jogo em questão, onde ao se colocar em velocidade embaixo da cesta, conseguiu num sutil golpe de direita encestar a bola decisiva, pela qual será sempre lembrado, e não pela torrente de arremessos de três sem a mesma precisa eficiência alcançada, quando próximo ao objetivo final do grande jogo…

Foi o oposto desfecho do jogo anterior, de uma equipe que, sedimentada numa defesa mais agressiva, contestadora e intimidante, se jogou de cabeça no jogo interior com 19/45 conclusões de dois pontos, contra 14/33 de uma Espanha claudicante nas bolas de três (5/19), uma de suas armas, e mais ainda, na falência nos lances livres (22/33), oportunizando um bem vindo equilíbrio a uma equipe que, teimosamente ainda insiste nas imprecisas bolinhas (4/15), vicio que quando superado, acrescentará muita qualidade ao seu jogo, bastando se convencer de um tipo de “continha” que repito seguidamente nesse humilde espaço, quando bastaria substituir a metade das bolas perdidas de três pelas tentativas mais precisas e eficientes de dois, para vencer jogos pegados como esse, com folga considerável. Quem sabe um dia se convencerão desse vencedor expediente, quem sabe…

Corretíssima a limitação ( se é que aconteceu…) imposta aos impulsos peladeiros do Leandro, cedendo espaço a uma válida tentativa de armar seus companheiros enfiados na cozinha espanhola, ação esta muito bem realizada pelos armadores Huertas e Raul, e até mesmo pelo Alex, quando solicitado, porém todos eles comprometidos com uma defesa mais sólida e confiável, nada impossível de ser realizada com competência e empenho, focada como prioritária por todos, em vez do apelo midiático das enterradas e bolinhas de três…

Se tivermos a coragem de enfiar três alas pivôs em constantes deslocamentos, cruzamentos e corta luzes no âmago das defesas que nos aguardam, alimentados sequencialmente por dois armadores que possuímos com boas qualificações (poderiam ser melhores se esse sistema 2-3 fosse desenvolvido prioritariamente), teríamos grandes chances na continuidade deste e dos futuros torneios internacionais que participaremos, e quem sabe, evoluindo tática e tecnicamente a um patamar proprietário e tremendamente eficiente, principalmente pela simplicidade de sua proposta coletivista, ao ser agregadora por princípio…

Temos jogadores para implantá-la? Sim, os temos agora mesmo, e que seriam fundamentais como espelho às novas gerações, saindo dessa mesmice endêmica que nos sufoca, abrindo novos horizontes, novas e confiáveis conquistas, e quem sabe, a nossa recolocação de volta ao primeiro nível internacional. Porém, uma incógnita a ser equacionada, na carente figura de professores e técnicos decididos pelas mudanças, pela busca do novo, do ousado, enfim, pela busca do tempo perdido. Conseguiremos?…

Que a seleção consiga alcançar essas correções,a tempo de disputar o restante dessa magna competição com chances reais de sucesso, e torço ardentemente por isso, se atenderem as correções acima apontadas, mesmo que divergentes do que sugiro, mas diferentes do que ai está escancarado a todos aqueles que amam e desejam o melhor para o grande jogo em nosso imenso e injusto país…

Amém.

Fotos – Autorais e divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

LAMPEJOBOL…

 

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Tenho agora somente uma hora para redigir esse comentário, pois terei de atender minha filha para um exame pré operatório que tem de realizar daqui a um pouco. Cheguei muito tarde e extremamente cansado da odisseia que enfrentei ontem junto a meu outro filho, frente a uma arena cheia de armadilhas para um homem de 77 anos com um joelho comprometido, que me levou ao solo por duas vezes pela escuridão de uma pirambeira pintada de negro, escondendo mínimos degraus invisíveis a olho nu. Mas sobrevivi e aqui estou  para comentar a absurda atuação de uma equipe nacional absolutamente ingovernável por um simples e irrecorrível fato, o de não possuir o mais recôndito indício de sistema de jogo, mesmo tentando atuar no sistema único, que vigora a solta nesse grande torneio, pelo menos através das equipes que vi atuar, sedimentando, ou não, essa observação logo mais, quando assistirei as equipes da outra chave classificatória, já tendo em mente a grande exceção, a equipe americana dirigida pelo coach K…

Então, o que vi nessa tarde de um basquete tão ambíguo e surpreendentemente negativo, para nós?  Vi o produto direto do que não se deve fazer numa seleção nacional, preterindo jovens em função de veteranos decadentes, com poucas honrosas exceções, Nenê, por exemplo, e um inclassificável Leandro, com sua forma peladeira de atuar, quando um sistema, ou arremedo de sistema, teima em barrar sua vocação internacionalmente reconhecida de “tocar fogo” em sistemas de jogo, aqui e lá nas terras do norte, transformando-o em uma alternativa do caos, que de tão abstrata confunde técnicos, jogadores, comentaristas e público, fazendo-o entoar um “eu acredito” por sobre um leite incompetentemente derramado, através uma comissão técnica composta de quatro (!!!!) luminares do basquete tupiniquim, confrontados com uma realidade que não enchergaram ao substituir o Beep Beep, justamente quando fez nove pontos seguidos da mais pura pelada do aterro, por um jovem grandão que ainda terá de aprender muito, antes de envergar com merecimento a pálida camisa nacional, negada um mês atras, e cada vez mais distante da outrora  vencedora listrada de verde e amarelo…

Quando no placar acima dos mais de 12 mil assistentes clamava uma diferença vergonhosa de 32 pontos de diferença para os consistentes lituanos, deu-se a partida de uma das mais incríveis reviravoltas de que fui testemunha, onde o Leandro chutou para o alto o proclamado jogo coletivista que vem (?) sendo implantado a seis anos nas mãos do hermano, teimoso e cegamente tentado, mas que, frente a uma realidade calcada no domínio de certas capitanias hereditárias presentes nas convocações, ano após ano, onde a mesmice é imperativa, tanto por parte dos donos das posições (e nesse ponto destaco a mídia apoiadora desde sempre…), como pela obtusa limitação imposta pelo sistema único, padronizado e formatado para todos os níveis, como um dogma absoluto e imutável, fatores estes que nos tem levado a situações constrangedoras, como a que assistimos ontem entristecidos empoleirados numa arena inimiga de morte dos mais idosos…

Perdemos para uma equipe que joga junta, acertando e errando jogadas, porém dentro de um sistema comum a praticamente todas que aqui atuarão, mais forte e decisivamente lastreadas num domínio quase perfeito dos fundamentos, ao contrário dos nossos consagrados astros, que pecam no domínio básico dos mesmos, principalmente nos passes, dribles, fintas, rebotes arremessos e posicionamento aceitável nos rebotes, ou seja, todos os princípios que regem o grande jogo, o que anula a predisposição nata à luta, e ao ímpeto do “vamo que vamo” visceral daqueles que, propositalmente ou não, tiveram negados os ensinamentos sobre suas ferramentas básicas de trabalho, os tão esquecidos e abjurados fundamentos…

Desculpem, nada mais falarei sobre o atentado que assisti, a ver o confronto entre jogadores que representam seu país pelo mérito e domínio dos elementos do jogo por um lado, e jogadores “embalados e empurrados” por uma frenética torcida, porém órfãos de um sistema ordenado de jogo, por outro, muito, muito pouco para enfrentarem uma competição dessa envergadura, ainda mais em solo pátrio…

Saberemos o desfecho na continuidade da competição, onde, em hipótese alguma mereceremos assistir a entrada de um jogador para efetuar um arremesso de três, e somente aquele, e sair ato contínuo por ter errado, ficando no ar a pergunta- e se tivesse acertado? Lamentável, constrangedor, e pensar que atitudes como essa vieram das cabeças de quatro técnicos (?) regiamente pagos e sentados num banco olímpico…

Já nem torço mais para que os deuses de plantão nos ajudem e protejam, a não ser que o espírito contestador e peladeiro dê as cartas de vez nessa absurda pantomima…

Amém.

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O PRECIOSO TEMPO PERDIDO…

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Desculpem o atraso na publicação desse artigo, mas tive que enfrentar alguns problemas pessoais e de família, já resolvidos e devidamente remetidos ao passado. Então, vamos aos fatos que observei no jogo preparatório da seleção contra a equipe da Lituânia, nossa primeira barreira no torneio olímpico que se inicia domingo agora…

De cara, podemos anotar sem margem a erro, o quanto de omissão técnico tática ficou presente no encontro, onde quintetos eram feitos e desfeitos, como num comum acordo entre equipes que, de forma alguma queriam estabelecer seus limites antes do encontro decisivo, aquele que dará partida a corrida pela classificação às quartas eliminatórias, numa competição de tiro curto e mortal…

O que salta aos olhos em jogos desse calibre, que honestamente não vejo vantagens maiores (nem como técnico, nem como analista) do que treinamentos intramuros duros, metódicos, específicos e exigentes ao máximo possível, contrapondo e confrontando jogadores da mesma equipe, conhecedores dos sistemas ofensivos e defensivos propostos e treinados pelo técnico, tentando todos os anularem pelo pleno conhecimento que possuem dos mesmos, em meia quadra, por um longo tempo, com empenho máximo, e em alguns casos infringindo regras no aspecto defensivo, utilizando todas as armas e condições possíveis para tal, supervisionados nos detalhes, os mais ínfimos possíveis para a consecução do objetivo maior, recriar todas aquelas possibilidades que os adversários se utilizarão para, frente a propostas que não lhes são comuns (claro, quando sistemas inovadores e ousados forem apresentados) adaptarão comportamentos, que quanto mais previsíveis forem, mais bem estabelecidos estarão os sistemas propostos, logo, prontos para serem bem sucedidos. Em outras palavras, quando uma equipe se propõe a apresentar sistemas evoluídos, a melhor proposta de treinamento tático, é aquela que envolve os próprios componentes da mesma, compromissados na tarefa de desmontá-los, item por item, que no fundo será a proposta mater de todas as equipes que os enfrentarão…

Resumindo, bons e eficientes sistemas de jogo, sejam ofensivos ou defensivos, não são aqueles que dão certo, e sim aqueles que deflagram situações, que quanto mais previsíveis forem, mais eficientes se tornarão. É o princípio básico e estrutural que fundamenta a improvisação, pois só a exercem aqueles que dominam e conhecem profundamente os sistemas que usam lastreados pelos fundamentos integrais do jogo, ou seja, só improvisa quem sabe…

Treinar  escondendo situações de jogo, escamoteando detalhes é pura perda de tempo, mesmo que os contendores aceitem a sutil farsa. Quem sabe a força descomunal do marketing e da mídia exijam tanta e inútil exposição, mas a que preço?…

Acredito que tenhamos ainda muito que a evoluir, aprender, e o mais importante, apreender princípios de estratégia técnica, tática, comportamental, e acima de tudo, profissional.

Será que apresentaremos sistemas inovadores e corajosos, ou continuaremos a manter o sistema único padronizado, formatado a imagem do que ai está implantado, numa mesmice endêmica que nos pune a tanto tempo?…

Bem, não é treinando com a China que aprenderemos a inovar, ou não?

Torço para que sim, mas lá no fundo do meu parco conhecimento do grande jogo pátrio, desconfio que, infelizmente , não…

Amém.

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ALTRUÍSMO, ENTREGA, E UMA CAMISA…

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Que bela perda de tempo, ainda mais empacotados numa camisa absolutamente ridícula, “marca texto”, segundo o narrador da TV, bem posto aliás, quebrando de vez a mística perdida de uma camisa gloriosa, fato ausente no vôlei, no futebol, no andebol, todos envergando o amarelo ouro, e não essa aberração patrocinada por quem, absolutamente, odeia o grande jogo…

Mas por que falar em camisa, em mística, tradição e respeito, se na feminina a atual capitã a enchovalhou em plena quadra olímpica, se negando a defendê-la, e agora mesmo um jovem é reconvocado um mês depois de negá-la? Afirmam muitos que camisa não é importante, mas será essa a opinião dos All Blacks, da USA shirt?

Temos como uniforme básico o branco desbotado, o verde como segundo, e esse absurdo como terceiro, e pensar que bem antes do vôlei e do andebol dividíamos a gloriosa amarelo ouro com o futebol, mas tendo como padrão de excelência a listrada verde e amarela. Foram bons tempos, que muitos teimam em esquecer, mas não conseguem, então apelam…

Neste cenário desbotado e inerme, jogamos para o alto, por mais uma vez, a oportunidade de treinarmos nossos homens altos “lá dentro”, quando duelariam com jogadores de 2,14m em diante, numa rara oportunidade de aprimorar nosso claudicante jogo interno, desde sempre preterido pelas bolinhas midiáticas e valorizados pelo mercado dos que nada, ou muito pouco, entendem do grande jogo, do verdadeiro grande jogo…

Exatamente o que fez a Lituânia contra a Austrália na preliminar, quando arremessaram somente 14 bolas de três, e olha que são muito bons nas mesmas. Com homens grandes muito bons dos dois lados, aproveitaram para testar soluções de curta distância, com todas as suas implicações de faltas pessoais, contra ou a favor, passes e deslocamentos curtos e precisos, treinando efetivamente para a competição para valer daqui a uma semana…

E nós, chutando vinte (4/20) contra uma equipe frágil, que para tentar algum equilíbrio se fechava no garrafão, permitindo a enxurrada de nossos especialistas, que pensam que são, mas não são, mesmo, deixando de lado a oportunidade dadivosa de acionar os grandões pelo maior tempo que fosse possível, treinando e habilitando-os em situações reais de jogo…

Vamos ver logo mais contra a Lituânia se conseguiremos dobrá-la “lá de fora”, e vamos ver se retribuímos quando ela se lançar bem “lá dentro” de nossa defesa, num duelo que proclamará vencedora aquela equipe que ganhar as tabelas e concluir com a máxima precisão possível, ou seja, dentro da cozinha adversária, de 2 em 2 e de 1 em 1.

Mas em se tratando de um jogo preparatório, que dali a quatro dias se tornará para valer, desconfio que a nossa turma de especialistas vai se esbaldar, pois afinal de contas as bolinhas põem, segundo os midiáticos, a torcida em êxtase, ainda mais se caírem, o que não vem acontecendo ultimamente. Também desconfio que os bálticos continuarão a treinar seus gigantes, pois para eles, bolinhas, somente em equilíbrio e absoluta estabilidade…

Torço para estar enganado, e que a seleção se encontre no coletivismo e no bom senso de jogar o grande jogo como deve ser jogado, apesar de, bem lá no fundo, duvidar bastante que nossos vícios cedam lugar ao altruísmo e à entrega de todos, única maneira de alcançá-lo de verdade…

Amém.

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